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SISTEMAS ELEITORAIS

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SISTEMAS ELEITORAIS
Sistema eleitoral é o conjunto de regras que define como, em uma eleição, o eleitor faz as suas escolhas, e como os votos são contabilizados e posteriormente transformados em mandados (cadeiras no parlamento ou chefia do Poder Executivo).
Dentre os sistemas eleitorais, destacam-se os sistemas majoritários e os sistemas proporcionais. Também se pode falar em sistemas mistos.
Trata-se de matéria afeita ao direito eleitoral, mas também às ciências políticas, influenciando, inclusive, no comportamento dos partidos e dos candidatos.
Em relação aos sistemas majoritários, costuma-se distinguir, essencialmente, em sistemas majoritários com turno único (maioria simples), ou sistemas majoritários de dois turnos (com maioria absoluta). Há também o sistema majoritário com voto alternativo.
No sistema de um turno, a tendência é que se tenha um menor número de candidaturas, negociando-se as alianças entre os partidos antes da eleição.
Também no sistema de um turno é mais comum a prática do voto útil.
Em sistema de dois turnos, é comum uma proliferação maior de candidatos, em razão da possibilidade de realização de alianças entre os dois turnos de eleição, diminuindo-se, também, em tese, o voto útil.
Em relação ao sistema proporcional, este tende a propiciar uma melhor proporcionalidade na representação parlamentar.
O sistema proporcional traz maior complexidade e dificuldade de o cidadão compreender as suas regras, além de possuir uma grande quantidade de variações de um país para o outro.
Assim, em linhas gerais podem-se dividir os sistemas eleitorais em duas grandes espécies, levando-se em conta como os votos de uma eleição serão transformados em mandatos: os sistemas proporcionais e os sistemas majoritários. 
Os sistemas majoritários buscariam a eleição do(s) candidato(s) mais votado(s).
Os sistemas proporcionais buscam que os mandatos sejam distribuídos de maneira mais proporcional à votação recebida pelos partidos/coligações.
Costuma-se dividir o sistema majoritário em três subespécies: Sistema majoritário de maior simples, Sistema majoritário de dois turnos e Sistema majoritário com voto alternativo.
Já os sistemas proporcionais costumam ser divididos em sistemas proporcionais de voto único transferível e sistema proporcional de voto em lista.
Tem sido cada vez mais comum a opção de países por sistemas mistos, combinando características de sistema proporcional e de sistema majoritário. Os mais comuns são os sistemas mistos de superposição e de correção. 
Em que pese as mais distintas divisões territoriais existentes mundo afora, e as mais distintas eleições em termos de circunscrições, levar-se-ão em conta as eleições presidenciais (como exemplo de eleição de chefia do Poder Executivo) e as eleições para a Câmara dos deputados (como exemplo de eleições para o parlamento).
Essa análise será feita em termos mais globais e genéricos, e, posteriormente, serão analisadas, mais detidamente, as eleições brasileiras, em todas suas esferas.
Por distrito eleitoral se entende a unidade territorial em que os votos são computados para a distribuição dos mandatos em disputa (no Brasil são chamados de seções ou zonas eleitorais).
Em cada distrito é eleito um determinado número de representantes, e esse número tem uma relação direta com a proporcionalidade da votação dos partidos/coligações e das cadeiras por eles preenchidas. Também tem relação com o maior ou menor acesso dos pequenos partidos aos mandatos em disputa.
Os sistemas eleitorais influenciam em temas como a governabilidade, a fragmentação partidária e a proporcionalidade/desproporcionalidade.
SISTEMAS MAJORITÁRIOS
A principal finalidade do sistema majoritário é garantir o acesso ao mandato ao(s) candidato(s) mais votado(s) em uma determinada eleição.
Como regra é utilizado em distritos que realizam a eleição de um único representante (uninominal). Assim, o candidato mais votado teria a totalidade da representação, ficando os demais sem representação.
O sistema majoritário pode ser utilizado tanto para a chefia do Poder Executivo, como para o acesso às cadeiras do Parlamento.
Primeiro serão analisadas as eleições para o Parlamento.
Caso não haja necessidade de um percentual mínimo para a eleição (via de regra 50%, mas não necessariamente), estar-se-á diante de maioria simples.
 Quando houver necessidade de mais da metade dos votos, poder-se-á estar diante do sistema majoritário de dois turnos ou de voto alternativo.
Sistema majoritário com maioria simples
Pela maioria simples, elege-se o candidato que receber mais votos, sem necessidade de um percentual mínimo.
Historicamente utilizado nas eleições para a Câmara dos Comuns no Reino Unidos, e muito utilizado nas ex-colônias britânicas.
Divide-se o território em distritos/circunscrições eleitorais (conhecido no Brasil como voto distrital), cada um elegendo o seu representante.
Cada partido pode apresentar um candidato, os eleitores poderão votar em um único nome, e o candidato mais votado será o eleito (maioria simples em distrito uninominal).
Em eleições para o Parlamento, costuma-se criticar as distorções existentes entre a votação obtida e a representação do partido (não interessa chegar em segundo ou terceiro)
É possível que um partido receba significativa votação nacional, mas proliferada nos mais diversos distritos, o que fará com que obtenha diminuta representação (desproporcional com a sua votação). Pode sub-representar os partidos menores e super-representar os maiores.
Como vantagem, se tem um maior controle da atividade do representante eleito e uma vinculação maior do representante com a circunscrição territorial em que foi eleito.
Outra vantagem é a possibilidade de formar governos com maioria parlamentar, dando maior independência e diminuindo a necessidade de alianças (negociações, barganhas...).
Existem sistemas majoritários com distritos plurinominais. O partido pode apresentar tantos candidatos quantas forem as cadeiras pleiteadas, e o eleitor pode votar em tantos candidatos quantos forem os mandatos em disputa (podendo votar em candidatos de partidos distintos), elegendo-se os candidatos mais votados (ex. eleição para o Senado brasileiro, quando renovam 2/3 do Senado da República).
Sistema de dois turnos
Sistema de dois turnos em eleição para o parlamento é semelhante ao sistema de maioria simples, dividindo-se o país em distritos eleitorais uninominais, com cada partido podendo apresentar um candidato por distrito e com os eleitores votando em um único candidato.
A grande diferença é a exigência de que um dos concorrentes obtenha a maioria absoluta dos votos. Caso isso não ocorra, os dois candidatos mais votados disputarão um segundo turno.
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Via de regra utilizado em eleições para o Poder Executivo, mas também utilizado para o Parlamento na França e em Mali (e como podem concorrer mais de dois candidatos em um segundo turno, existe a possibilidade de um deputado se eleger com menos de 50% dos votos.
Uma das grandes vantagens do sistema de dois turnos é a votação mais expressiva dos eleitos (mais de 50% quando concorrerem 2 candidatos, e votação expressiva caso disputem mais de dois candidatos).
Outra vantagem seria a tendência de favorecimento de candidatos mais moderados em relação aos candidatos de posição ideológica mais extrema, em razão da dificuldade destes para realizar alianças e em razão da maior rejeição.
É comum na França a extrema direita (Frente Nacional) obter uma grande votação, mas ter pouca representação parlamentar.
Sistema majoritário com Voto alternativo
Sistema utilizado na Câmara dos Deputados australiana, garante que os eleitos terão maioria absoluta dos votos, sem necessidade de segundo turno (nova eleição).
Utiliza-se um sistema de preferência de votos dos candidatos menos votados para os demais.
Cada partido pode apresentar um candidato por distrito, mas o eleitor tem que ordenar os candidatos (tem que ordenar todos
os candidatos para o voto ser considerado válido).
O candidato que recebe mais de 50% dos votos está eleito. Se isso não ocorrer, faz-se a transferência dos votos do candidato menos votado, que é eliminado (e transferem-se as suas cédulas para os demais candidatos).
Faz-se tal procedimento em sucessivas rodadas, até um candidato obter a maioria absoluta dos votos.
Sistema de voto alternativo dificulta a eleição de candidato com forte rejeição (reduz a chance de partido extremistas).
Sistema majoritário em eleições presidenciais
Sistema majoritário é utilizado em eleições presidenciais, com o povo elegendo o Chefe do Poder Executivo (nos EUA a escolha se dá pelo colégio eleitoral – delegados. Peso demasiado para os grandes Estados e permite a eleição de candidato que tenha recebido menos votos nas urnas. Ex. Bush e Al Gore em 2000).
Sistema mais utilizado é o de dois turnos, estabelecendo um percentual mínimo (normalmente 50%) para a eleição em primeiro turno. Existem exceções, com sistema de maioria simples ou com percentual inferior a 50% no primeiro turno.
A vantagem do sistema de dois turnos (com a participação de dois candidatos apenas) é a obtenção de maioria absoluta, o que dá maior legitimidade.
No Brasil (1945-1965) o chefe do Poder Executivo (incluindo presidente e governadores) já foi eleito pelo sistema de maioria simples. Hoje, só prefeito de cidades com menos de 200 mil eleitores.
Segundo turno facilita eleição de candidatos mais moderados (facilidade de fazer alianças e menor rejeição).
No sistema de maioria simples os partidos costumam fazer alianças antes das eleições, diminuindo-se o número de candidatos.
No sistema de dois turnos, com a possibilidade de novas alianças entre os turnos, normalmente há um maior número de candidatos.
SISTEMAS PROPORCIONAIS
Fórmula proporcional procura espelhar a diversidade ideológica da sociedade no Parlamento e garantir uma proporcionalidade entre os votos recebidos pelos partidos/coligações e sua representação parlamentar
Busca uma proporcionalidade matemática entre o percentual de votos obtidos por um partido e as cadeiras por ele preenchidas, embora alguns fatores possam influenciar na maior ou menor proporcionalidade.
Alguns exemplos de representação proporcional: Bélgica, Espanha, Suíça, Suécia, Portugal, Brasil, Argentina, Uruguai... Mas com muitas diferenças entre os mais diversos países. 
Podem-se destacar os sistemas proporcionais com voto único transferível (levando em conta opiniões relevantes da sociedade) e com sistema de listas (usando os partidos como unidades fundamentais).
Voto único transferível
Sistema proposto por Thomas Hare (1859) e posteriormente defendido por John Stuart Mill (1861).
Utilizado na eleição para a Câmara da Irlanda. Cada partido pode apresentar o número de candidatos correspondente ao número de cadeiras disputadas no distrito. Eleitor ordena as suas preferências na cédula (1, 2, 3...), independentemente do partido.
Apuração complexa: Primeiro se calcula a quota para eleger um representante em cada distrito. Quem atingir a quota estará eleito, e os votos por ele obtidos porventura em excesso (que superem a quota) serão redistribuídos
Se não forem preenchidas todas as cadeiras, faz-se o processo de transferência. Nome com menor número de votos é eliminado e seus votos são transferidos.
Sistema muito particular, em que os eleitores podem votar em candidatos de partidos diferentes e ordená-los conforme sua preferência.
Ao contrário da lista aberta, o voto único transferível opera a transferência para o candidato indicado pelo eleitor. Eleitor prioriza as transferências.
Sistema proporcional de listas
Após as críticas de Hare e Mill, o belga Victor D’Hondt apresentou uma nova forma de eleição proporcional, valorizando os partidos políticos.
Cada partido apresentaria uma lista e a distribuição das cadeiras se daria de acordo com os votos dados às listas. 
Conferência Internacional sobre Reforma Eleitoral de 1885, na Bélgica, adotou esse sistema.
Bélgica adotou o sistema em 1899, e foi seguido posteriormente por Finlândia, Suécia, Holanda, Suíça, Itália, Alemanha, Noruega...
As razões foram as mais diversas, mas decorriam basicamente de grupos prejudicados pelo sistema majoritário.
A distribuição das cadeiras pelo sistema de listas se dá proporcionalmente aos votos obtidos por cada lista partidária. As cadeiras serão ocupadas por alguns dos nomes que integram as listas, de acordo com essa proporcionalidade.
Na prática, há uma série de fatores que tornam um pouco mais complexo esse sistema, como a fórmula a ser adotada, o número de cadeiras por distrito, a existência de cláusulas de exclusão, a possibilidade ou não de coligações e as regras para escolha dos candidatos da lista.
Em relação à fórmula eleitoral (para distribuir as cadeiras de cada distrito entre os partidos), costuma-se dividir em maiores médias ou em maiores sobras
Três fórmulas são usadas nas maiores médias: D’Hondt, Sainte-Laguë e Sainte Laguë modificada.
Pela fórmula D’Hondt, faz-se a divisão dos votos de cada lista por uma sequência numérica (1, 2, 3, 4...). A fórmula é a seguinte: V (número total de votos obtidos pela lista / S (número de lugares já preenchidos pela lista) + 1 (beneficia o partido mais votado)
Fórmula Sainte-Laguë faz a divisão pela sequência de números ímpares (1, 3, 5...). V/2S + 1. Usado apenas na Nova Zelândia (resultado mais proporcional).
Fórmula Sainte-Laguë modificada segue a divisão pel,os números ímpares, mas começa com 1,4 (e não com 1), seguindo depois com 3, 5... (Noruega e Suécia). Dificulta o acesso dos partidos pequenos, por começar dividindo por 1,4.
Nas fórmulas de maiores sobras, são utilizados dois métodos, o método ou quota Hare e o método ou quota Droop.
Primeiro se faz o cálculo de uma quota, que será o número necessário de votos que o partido terá que atingir para preencher uma cadeira. Depois, faz-se a divisão das cadeiras não preenchidas em razão das maiores sobras. 
O que muda é o cálculo da quota, que no método Hare se dá pela divisão do total de votos pelo número de cadeiras, enquanto que no método Droop a divisão se dá pelo número de cadeiras mais um.
Em relação ao número de cadeiras por distrito (magnitude), quanto maior a magnitude, mais fácil para um partido obter a representação, o que permite maior proporcionalidade.
Quanto maior a magnitude, quanto maior for o número de cadeiras no distrito eleitoral, mais proporcional tende a ser o resultado das eleições (partidos menores têm mais chances de eleger representantes). 
Além dos distritos locais, alguns países usam meios mais complexos para a distribuição das cadeiras, com os chamados distritos superiores, que visam agregar as sobras após a primeira distribuição (Grécia, Romênia), corrigir distorções provocadas pelos distritos locais (Bélgica, Noruega, Suécia) e preencher parte das cadeiras de forma independente dos distritos locais (Polônia, Nicarágua).
A cláusula de exclusão é um mecanismo adotado por algumas democracias para estabelecer um mínimo de votos para um partido se fazer representar no Parlamento.
A cláusula de exclusão dificulta o acesso dos pequenos partidos aos Parlamentos, em razão de que a proporcionalidade extrema poderia fragmentar muito o Legislativo, dificultando a governabilidade.
A maioria dos países que usa o sistema de proporcional de listas possui alguma cláusula de exclusão (no Brasil tem o quociente eleitoral).
Coligações: Em alguns países, como Brasil, Bélgica, Dinamarca, Suécia, entre outros, permite-se a coligação de partidos para disputar a eleição para o Parlamento. Outros países não admitem tais coligações em eleições proporcionais.
Coligações facilitam que pequenos partidos consigam se fazer representar nos parlamentos, beneficiando-se dos votos obtidos por outros partidos coligados.
Via de regra, os países que admitem coligações primeiro fazem a distribuição das cadeiras por coligação, e depois,
dentro da coligação, fazem a distribuição proporcional aos partidos, de acordo com a votação desses partidos (cada partido preencherá o número de cadeiras de forma proporcional à sua contribuição).
Particularidade do Brasil, em que não há essa proporcionalidade entre os partidos que compõem a coligação, não se levando em conta a contribuição de cada partido.
Outra particularidade é a possibilidade de voto na legenda, sendo que, por não haver essa proporcionalidade interna, permite-se que o voto dado a um partido possa representar a eleição de um parlamentar de outro partido.
Escolha dos candidatos da lista: as fórmulas, tipos de distribuição, cláusulas de exclusão e coligações fazem com que se chegue ao número de cadeiras que cada partido receberá.
A questão agora é resolver quem ocupará essas cadeiras, o que se dará por meio dos critérios de distribuição entre os candidatos de cada lista. 
Aqui se leva em conta o grau de influência dos partidos e dos eleitores na escolha dos nomes integrantes das listas.
Assim, tem-se o sistema de lista fechada (partidos definem a ordem), de lista aberta, de lista livre (eleitores definem a ordem) e o sistema de lista flexível (partido apresenta a lista com uma ordem de preferência, mas o eleitor pode alterar). 
LISTA FECHADA: Partidos decidem antes da eleição a ordem dos candidatos na lista (Argentina, Uruguai, Espanha...).
Eleitor vota em uma lista e não expressa preferência por um candidato. As cadeiras que cada partido obtiver serão preenchidas pelos primeiros nomes da lista.
Partido tem um controle maior sobre os seus parlamentares. Ausência de influência dos eleitores.
LISTA ABERTA: Os eleitores é que definem quais os candidatos que ocuparão as cadeiras obtidas pelo partido (menos comum: ex. Brasil, Finlândia, Polônia e Chile).
Cada partido apresenta uma lista de candidatos não ordenada e o eleitor vota nos candidatos, definindo o número de cadeiras e quem as preencherá (os mais votados).
Uma das críticas é que a lista aberta estimula a competição entre os candidatos de um mesmo partido.
No sistema de lista aberta brasileiro, permite-se o voto em uma legenda, e, havendo coligação, não há proporcionalidade na distribuição das cadeiras entre os partidos integrantes da coligação.
LISTA LIVRE: Modelo utilizado na Suíça, permitindo ao eleitor, em uma lista livre, votar em um partido ou em um ou mais candidatos, até o número de cadeiras do distrito. Pode-se votar duas vezes em um candidato, e até votar em candidatos de partidos distintos.
Os nomes com mais votos de cada lista ocupam as cadeiras.
LISTA FLEXÍVEL: Oferece ao eleitor possibilidade de alterar a ordem dos partidos. Se o eleitor concordar com a ordem apresentada, ele vota no partido. Se não concordar, pode, dependendo do país, assinalar o nome da lista (Bélgica, Holanda...) ou reordenar a lista segundo suas preferências (colocando uma ordem numérica – Noruega, Suécia).
Para distribuir as cadeiras entre os candidatos calcula-se uma quota (votos obtidos, dividido pelo número de cadeiras conquistadas mais um). O candidato que preencher a quota estará eleito. Votos dados no partido são transferidos para o primeiro da lista, até preencher a quota. Depois segue a ordem.
Na prática é extremamente rara a alteração da ordem apresentada.
CRÍTICAS AO SISTEMA PROPORCIONAL:
Permite participação de maior número de partidos, fragmenta o parlamento e dificulta a governabilidade (ao menos diante da dificuldade de um partido formar maioria).
Necessidade de fazer alianças após a eleição, formando governos de coalização, muitas vezes menos estáveis.
Sistemas Mistos
Os sistemas mistos são aqueles que utilizam tanto aspectos do sistema proporcional quanto do majoritário, em eleições para o mesmo cargo, muitas vezes combinando votação pelo sistema proporcional de lista e pelo sistema majoritário de maioria simples.
Tradicionalmente utilizado na Alemanha e no México, mas mais modernamente espalhado para outros países.
Os sistemas mais comuns de combinação são o sistema da superposição e o sistema de correção.
No sistema misto de superposição, os representantes são eleitos por duas fórmulas distintas, não havendo influência entre a eleição majoritária e a proporcional. Elege-se um grupo determinado (varia o percentual) pelo sistema majoritário e um grupo pelo proporcional.
Como regra são dados dois votos (mas pode ser só um), votando-se no distrito uninominal e na lista partidária.
No sistema misto de correção há uma associação entre o voto pela fórmula proporcional e o voto pela fórmula majoritária (dependência). O voto no sistema proporcional de lista serve para corrigir distorções no sistema majoritário distrital.
Alemanha é o grande exemplo desse sistema. As cadeiras são distribuídas nacional ou regionalmente com os votos proporcionais dados nas listas e do total de cadeiras obtidas subtraem-se as cadeiras obtidas nos distritos uninominais. A diferença é ocupada pelos primeiros nomes da lista proporcional.
Há uma eleição proporcional em lista, mas se permite que alguns parlamentares sejam eleitos por maioria simples nos distritos uninominais.
SISTEMAS ELEITORAIS NO BRASIL
No Brasil, adota-se o sistema majoritário para as eleições de Presidente e Vice-Presidente, Governador e Vice-Governador, Prefeito e Vice-Prefeito, e Senador.
As eleições para Presidente e Vice, Governador e Vice e Prefeito e Vice de municípios com mais de 200 mil eleitores segue o sistema de dois turnos (maioria absoluta).
As eleições para Senador e Prefeito de municípios com menos de 200 mil eleitores segue o sistema de maioria simples.
As eleições para Deputados Federais, Deputados Estaduais e Vereadores seguem o sistema proporcional, com a chamada lista aberta.
Para a transformação do número de votos em mandatos, necessária a realização de três cálculos: do Quociente Eleitoral, do Quociente Partidário e das Sobras.
QUOCIENTE ELEITORAL:
Art. 106 do Código Eleitoral: Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos válidos apurados pelo de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral, desprezada a fração se igual ou inferior a meio, equivalente a um se superior.
Com o Quociente Eleitoral tem-se o número de votos necessários para que um partido/coligação tenha direito a uma cadeira no parlamento (cláusula de exclusão).
QE = Número de Votos Válidos / número de cadeiras no Parlamento 
QUOCIENTE PARTIDÁRIO:
Art. 107 CE. Determina-se para cada partido ou coligação o quociente partidário, dividindo-se pelo quociente eleitoral o número de votos válidos dados sob a mesma legenda ou coligação de legendas, desprezada a fração. 
Quociente partidário (QP) = número de votos válidos do partido / quociente eleitoral (QE).
Art. 108 CE. Estarão eleitos tantos candidatos registrados por um partido ou coligação quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido.
Resultado indica quantas cadeiras serão preenchidas pelo partido/coligação, que serão preenchidas de acordo com a ordem dos candidatos mais votados (lista aberta) dentro da coligação (sem a proporcionalidade de cada partido). 
Não preenchidas todas as cadeiras pelos cálculos anteriores, faz-se o cálculo das chamadas sobras.
 Art. 109 CE. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários serão distribuídos mediante observância das seguintes regras:
I – dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido ou coligação de partido pelo número de lugares por ele obtido, mais um, cabendo ao partido ou coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher;
 
II – repetir-se-á a operação para a distribuição de cada um dos lugares.
Só poderão concorrer à distribuição dos lugares os partidos e coligações que tiverem obtido quociente eleitoral.
Sobras = número de votos válidos partido ou coligação / número de lugares por ele obtido + 1. O partido que apresentar a
maior média fica com a vaga.
BIBLIOGRAFIA:
NICOLAU, Jairo. Sistemas Eleitorais, 5. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2005.
PORTO, Walter Costa. O voto no Brasil, 2. ed. Rio de Janeiro: Topbooks, 2002.
TAVARES, José Giusti. Sistemas eleitorais nas democracias contemporâneas. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.
ZILIO, Rodrigo López. Direito Eleitoral, 3. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2012.
GUSTAVO BOHRER PAIM
PAIM@DECIOITIBERE.COM.BR

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