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1. RESUMO MATERIAL DE ESTUDOS - DIREITO PENAL I

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DIREITO PENAL I
	ASPECTOS GERAIS DO FATO TÍPICO
CONCEITOS DE CRIME
CONCEITO MATERIAL OU SUBSTANCIAL
De acordo com o critério material ou substancial crime é toda ação ou omissão humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados. Esse critério, leva em conta a relevância do mal produzido aos interesses e valores selecionados pelo legislador como merecedores da tutela penal. Destina-se a orientar a formulação de políticas criminais, incumbindo-lhe a tipificação como infrações penais (crime ou contravenção penal) exclusivamente das condutas que causarem danos ou ao menos colocarem em perigo bens jurídicos penalmente relevantes, assim reconhecidos legitimamente pelo ordenamento jurídico. 
CONCEITO LEGAL
Segundo o critério legal o conceito de crime é o fornecido pelo legislador. 
O Direito Penal brasileiro adotou um sistema que fraciona o gênero infração penal em duas espécies:
Crime – pena de reclusão ou de detenção, isolada, alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.
Contravenção Penal – pena de prisão simples ou multa, isolada, alternativa ou cumulativamente.
Assim, a distinção de crime e contravenção penal é de grau quantitativo (quantidade da pena) e também de grau qualitativo (qualidade da pena), visto que em essência diferenciam-se de acordo com a gravidade da sanção penal, mediante os valores escolhidos pelo legislador. 
Com isso, crime e contravenção penal, pode ser designado como tipo penal.
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME
Em relação ao critério analítico (também chamado de formal ou dogmático) o conceito de crime se funda nos elementos que compõem a estrutura do crime. 
Há no Brasil uma grande polêmica entre os penalistas sobre o conceito analítico de crime. Entretanto, existem, basicamente, duas correntes preferidas onde se adota o conceito das seguintes teorias:
 Teoria bipartida que defende que o crime é um fato típico e ilícito, sendo a culpabilidade apenas um pressuposto de aplicação da pena. 
CRIME = FATO TÍPICO + ILÍCITO
	
Teoria tripartida, que defende que o crime é um fato típico, ilícito e culpável.
CRIME = FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPABILIDADE
Tais conceitos sofrem indiscutivelmente influência de duas teorias no estudo dessas vertentes, que são:
* Teoria causal que defende que conduta é o comportamento humano voluntário que produz modificação no mundo exterior. A vontade é a causa da conduta, e a conduta é a causa do resultado.
* Teoria finalista que defende que se deve observar a intenção e a finalidade objetivada pelo autor para que possa a conduta ser imputada ao mesmo.
Atualmente, é evidente que o Código Penal adota o critério da teoria bipartida.
ELEMENTOS DO CRIME (Tipo Penal)
O tipo penal, qualquer que seja ele, é composto por um núcleo (representado pelo verbo) e elementos ou elementares (que visam proporcionar a perfeita descrição da conduta criminosa).
Os elementos ou elementares se agregam em torno do núcleo e somente nos casos de figuras qualificadas e privilegiadas que são acrescentadas as circunstancias. Portando, a fórmula do tipo incriminador é:
				TIPO PENAL
Núcleo (verbo)
+
Circunstancias
(somente para as figuras qualificadas ou privilegiadas)
Elementos
→ Objetivos
→ Subjetivos
→ Normativos
→ Elementares (modais)
+
= 
OBJETIVIDADE JURÍDICA - é o bem ou objeto contra o qual se dirige a conduta criminosa. Ele pode ser objeto jurídico (interesse ou valor protegido pela norma penal, é o bem jurídico), ou objeto material (pessoa ou a coisa que suporta a conduta criminosa, praticada pelo comportamento do agente). Sendo assim, sem uma objetividade jurídica não a crime.
SUJEITOS DO CRIME – sujeitos do crime são as pessoas ou entes relacionados á pratica e aos efeitos de tarefa criminosa. Dividem-se em sujeito ativo e sujeito passivo.
O sujeito ativo é a pessoa que realiza diretamente ou indiretamente a conduta criminosa, seja isoladamente (sozinho) ou em concurso (mais de uma pessoa). Autor e coator realizam o crime de forma direta, ao passo que o partícipe e o autor mediato o fazem indiretamente. 
Os crimes praticados pelo sujeito ativo se classificam em:
↳ crime comum ou geral – é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa, não exigindo em relação ao sujeito, nenhuma condição especial, como o homicídio ou furto.
↳ crime próprio ou especial – é aquele que o tipo penal exige uma situação fática ou jurídica (especifica) por parte do sujeito ativo, como o crime de peculato que só pode ser praticado por funcionário público.
↳ crime de mão própria – é aquele que só pode ser praticado pela pessoa expressamente indicada no tipo penal (pelo agente em pessoa), como o caso de falso testemunho.
Já o sujeito passivo é o titular do bem jurídico protegido pela lei penal violada, por meio da conduta criminosa. É o prejudicado pelo crime, ou seja, qualquer pessoa a quem o crime traga danos e sofra os efeitos causados por ele.
ELEMENTOS OBJETIVOS – ou descritivos, são aqueles que dizem respeito ao fato em si. São perceptíveis aos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar), podendo ser constatados apenas com a sua presença, ou seja, são facilmente verificados pelo sistema sensorial de cada indivíduo.
ELEMENTOS SUBJETIVOS - são aqueles que procuramos na cabeça do agente, no “psicológico” do autor do crime, ou seja, diz respeito à intenção necessária para caracterizar o crime (como o dolo e a culpa).
ELEMENTOS NORMATIVOS – são aqueles que para serem constatados, exigem a aplicação de uma atividade valorativa, ou seja, um juízo de valor (análise ou interpretação do juiz). Neles, existe a possibilidade de que o juiz apresente duas conclusões, a de que existe elemento normativo (há crime), ou a de que não existe elemento normativo (não há crime).
CONCEITO DE ELEMENTARES DO DIREITO PENAL – são circunstancias prevista no tipo penal que uma vez que retiradas descaracterizam o crime, fazendo com que ele deixe de existir ou passe a ser configurado como outro crime. Excluindo-se uma elementar, o fato se torna atípico, ou então se opera a desclassificação para outra infração penal. Sendo assim, é atípica, (sem correspondência em tipo penal), a conduta de “matar” um objeto, e não alguém.
TIPO FECHADO E TIPO ABERTO
Dentre as diversas classificações doutrinarias do tipo penal, temos o tipo fechado e o tipo aberto.
O Tipo fechado, ou cerrado, é o que possui descrição minuciosa da conduta criminosa, ou seja, uma descrição com todos os detalhes, como no caso do furto (Art. 155).
Já o Tipo aberto é o que não possui descrição minuciosa da conduta criminosa. Cabe ao Poder Judiciário, na análise do caso concreto, complementar a tipicidade mediante um juízo de valor, ou seja, necessita de interpretação, como no caso de homicídio culposo (Art. 121, §3º).
TIPOS INCRIMINADORES E TIPOS PERMISSIVOS ou JUSTIFICADORES
O tipo penal apresenta duas categorias (espécies): incriminadores e permissivos.
Os tipos incriminadores ou legais são os tipos penais propriamente ditos, consistentes na síntese legal da definição da conduta criminosa, ou seja, são aqueles que trazem consequência ao agente.
Já os tipos permissivos ou justificadores são aqueles que contêm a descrição legal da conduta permitida, isto é, as situações em que a lei considera lícito o cometimento de um fato típico. São as causas de exclusão da ilicitude, assim como a legitima defesa, o aborto legal, etc.
Os tipos incriminadores ou legais estão definidos na Parte Especial do Código Penal e na legislação penal especial. Não há tipo incriminador na Parte Geral do Código Penal.
CAPACIDADE PENAL ATIVA
A Capacidade Penal Ativa é a aptidão (possibilidade) de ser processado criminalmente, respondendo pelas consequências do ilícito (infração penal – crime/contravenção penal).
É o conjunto das condições exigidas para que um sujeito possa tornar-se titular de direitos ou obrigações no campo do Direito penal.
IMPUTÁVEIS (Imputabilidade)
São aqueles que possuem capacidade penal ativa, podendo ser processados e receber uma pena.São consideradas imputáveis, em regra, todas as pessoas com idade igual ou superior de 18 anos, que sejam capazes de entender o caráter ilícito do fato cometido.
INIMPUTÁVEIS (Inimputabilidade)
São aqueles que não possuem capacidade penal ativa, não podendo assim ser penalizados, sendo esses sujeitos a normas estabelecidas em legislação especial ou isento de qualquer punição.
São considerados inimputáveis os que possuem doença mental, ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (são isentos de qualquer penalidade) e os menores de 18 anos (sujeitos a legislação especial).
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Em relação os doentes mentais maiores de 18 anos, a inimputabilidade vai depender do caso concreto, sendo ela garantida apenas no caso dos inteiramente incapazes.
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Os menores de 18 anos estão sujeitos ao Estatuto da criança e do Adolescente (ECA) – lei 8069 1317/90
Criança – de 0 a 12 anos incompletos (medida de proteção) Art. 101;
Adolescente – de 12 a 18 anos (medida socioeducativa) Art. 112
No que se refere à Capacidade Ativa da PESSOA JURÍDICA, são adotadas duas terias que abordam para melhor compreensão do assunto a natureza jurídica de tais entes:
Teoria da Ficção Jurídica – idealizada por SAVIGNY
Defende que a pessoa jurídica não possui capacidade penal ativa, pois ela não tem existência real, portanto nem vontade própria, seria apenas uma ficção. Logo é impossível a pratica de crimes por pessoas jurídicas, visto que não há como imaginar uma infração penal cometida por um ente fictício. Segundo ela, apenas o homem possui a aptidão de praticar crimes.
Teoria da realidade, orgânica ou da personalidade real – idealizada por OTTO GIERKE
Sustenta ser a pessoa jurídica um ente autônomo e distinto de seus membros, dotado de vontade própria. É, assim, sujeito de direitos e obrigações, tais como uma pessoa física. É a teoria adotada pelo Direito Brasileiro.
Art. 225 Constituição Federal - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para os presentes e futuras gerações.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Lei nº 9.605 de 12 de Fevereiro de 1998 – Crimes ambientais
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
Sendo assim, fica sujeita a pessoa jurídica a sofrer punições na esfera ambiental. Estabelece-se no art. 176,§ 5º da Constituição Federal, os crimes contra a ordem econômica financeira e os crimes contra economia popular, onde a pessoa física representante da pessoa jurídica é penalizada.
DO FATO TÍPICO
CONCEITO DE FATO TIPICO
Fato típico é todo comportamento humano (fato humano) que se enquadra com perfeição aos elementos descritos pelo tipo penal e provoca lesão ao bem jurídico tutelado.
Em sentido contrário, fato atípico é a conduta que não encontra correspondência em nenhum tipo penal, ou seja, não gera consequências ao individuo, pois não é considerada infração penal.
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO
São elementos do fato típico a conduta 1, a tipicidade 2, o nexo de causalidade 3 e a resultado 4 .
Tais elementos estarão presentes, nos crimes materiais consumados. Com efeito, se o crime material é aquele em que o tipo penal abriga em seu interior uma conduta e um resultado naturalístico (modificação do mundo exterior, provocada pelo comportamento do agente), exigindo a produção do resultado naturalístico para a consumação, os quatro elementos estarão presentes quando consumado o delito.
De fato, a conduta produz o resultado naturalístico, ligados entre si pela relação de causalidade. E, finalmente, para ter relevância penal deve operar-se o juízo de tipicidade.
O fato típico nos demais crimes (tentativa, formais e de mera conduta) eliminam o resultado naturalístico (não produzido por circunstâncias alheias à vontade do agente) e o nexo causal, limitando-se o fato típico aos elementos conduta e tipicidade.
CONDUTA
NOÇÕES GERAIS E TEORIAS
Na delimitação do conceito de conduta, varias discussões se formaram ao longo do tempo, visto que a forma como atualmente se encontra desenvolvida a teoria geral do crime, se deve a evolução do conceito doutrinário de conduta. 
Varias teorias buscam defini-la, dentre elas se observa duas que obtiveram maior destaque.
Teoria Naturalística ou Causal
Essa teoria foi idealizada no século XIX por Liszt (alemão) e durou até o século XX, recepcionada por diversos penalistas de destaque no Brasil.
Definia a conduta penalmente típica como sendo todo comportamento humano que produz modificação no mundo exterior, qualquer seja o comportamento, independente da vontade humana.
Submete o Direito Penal as regras inerentes às ciências naturais, orientadas pelas leis da causalidade, onde a vontade humana é a causa da conduta, e a conduta é a causa do resultado.
A caracterização da conduta criminosa depende somente da circunstancia de o agente produzir fisicamente um resultado previsto em lei, como infração penal, independente de dolo ou culpa.
Na teoria clássica, dolo e culpa se aloja no interior da culpabilidade, momento em que se procede à análise do querer interno do agente. Por esse motivo, para os adeptos da teoria clássica, crime é necessariamente o fato típico e ilícito, praticado por agente culpável, sob pena de restar caracterizada a responsabilidade penal objetiva. 
		Sistema Naturalista ou Casual
	CRIME = FATO TÍPICO + ILICITUDE + CULPABILIDADE
A existência da conduta típica resultava de uma simples comparação entre o que foi objetivamente praticado e o que estava descrito na lei. Não importava se o agente quis ou se teve culpa na causação do crime.
A PRINCIPAL CRITICA a essa teoria é separar a conduta praticada no mundo exterior (movimento corporal objetivo) da relação psíquica do agente (conteúdo volitivo), deixando de analisar a sua vontade. Fica claro que teoria clássica não distingue a conduta dolosa da conduta culposa, pois ambas são analisadas objetivamente, uma vez que não se faz nenhuma indagação sobre a relação psíquica do agente para com o resultado. Apesar de ter sido bastante consagrada em décadas passadas, essa teoria foi cada vez mais abandonada, encontrando atualmente poucos seguidores.
Teoria Finalista da ação ou Final
Criada pelo alemão Hans Welzel, no inicio da década de 30, tem como ponto de partida a concepção do homem como ser livre e responsável pelos seus atos. Consequentemente, as regras do Direito não podem ordenar ou proibir meros processos casuais, mas apenas os atos finalisticamente, ou então a omissão de tais atos.
Para essa teoria, a conduta penalmente típica é a ação ou omissão humana consciente e voluntaria dirigida a uma finalidade. Dai o seu nome finalista, levando em conta o comportamento dirigido a um fim.
	Sistema Finalista
		FATO TÍPICO	
	ILICITUDE
		CULPABILIDADE* Conduta (com dolo ou culpa)
* Resultado Naturalístico
* Relação de causalidade
* Tipicidade
	
	* Imputabilidade
* Potencial Consciência da ilicitude
* Exigibilidade de conduta diversa
Para a conduta ser penalmente típica é necessário que o agente tenha presente em seu comportamento o dolo ou a culpa
Crime Doloso 
Art. 18 - Diz-se o crime
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
Crime Culposo
Art. 18 – Diz-se crime
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligencia ou imperícia.
Sem essa analise, não se pode afirmar que a conduta é típica ou não. 
Dentre as diversas teorias admitidas para se conceituar e definir a conduta, a teoria finalista foi a adota pelo Direito Penal Brasileiro que prevalece até os dias atuais. 
Sendo assim para o ordenamento jurídico brasileiro “Conduta é a ação ou omissão humana consciente e voluntaria, dirigida a uma finalidade”. 
Sendo assim, não a crime sem conduta, pois o Direito Penal brasileiro não aceita os crimes de mera suspeita (aqueles que o agente é punido pela suspeita despertada pelo seu modo de agir).
 A conduta típica caracteriza-se como um comportamento ilícito, enquanto que a conduta penal típica acarretará sanção.
ELEMENTOS DA CONDUTA TÍPICA
A conduta se reveste dos seguintes elementos (caraterísticas):
Exteriorização do pensamento – ocorre através da ação ou omissão. Apenas os atos lançados no mundo exterior ingressam no conceito de conduta. O simples querer interno do agente (cogitação) é desprezado pelo Direito Penal. Enquanto a vontade não for liberada de seu plano psicológico, não produz efeitos jurídicos. 
Comportamento humano – apenas o ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes. Os acontecimentos naturais e os atos dos seres irracionais (sem a interferência do homem), não interessam ao Direito Penal. Ressalta-se a conduta de pessoas jurídicas (fictícias) em relação aos crimes ambientais.
Voluntariedade – somente a conduta voluntaria interessa ao Direito Penal. Só são pertinentes a ele as condutas que poderiam ser evitadas. 
Consciência do Fato – para a conduta ser típica é necessário que o agente tenha conhecimento que o ato que está praticando. Consciência do fato (conhecimento do fato) não é a mesma coisa que consciência da ilicitude do fato (conhecimento de que o fato é ilegal). 
CAUSAS DA EXCLUSÃO DA CONDUTA
São consideradas como exclusão da conduta as seguintes hipóteses:
Caso Fortuito ou Força Maior – são acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis que fogem do controle e da vontade do ser humano. O Caso Fortuito é todo evento acidental imprevisível e inevitável, estranho a vontade do homem, enquanto que a Força Maior é todo evento decorrente da natureza.
Involuntariedade – são atos ou movimentos reflexos, que consistem de movimentos corpóreos praticados sem vontade em decorrência do elemento fisiológico do corpo humano. Entretanto, os atos ou movimentos reflexos não podem ser confundidos com ações em curto circuito (derivadas de atos impulsivos fundamentados de emoções ou paixões violentas) e nem com atos habituais, mecânicos ou automáticos (como conduzir veiculo automotor apenas com uma das mãos ao volante), pois em ambos os casos existe à vontade e ela pode ser dominada.
Coação Física Irresistível – também designada como vis absoluta, ocorre quando o coagido não tem liberdade para agir, não lhe restando nenhuma outra opção a não ser praticar um ato em conformidade com a vontade do coator. O coagido não agiu de forma voluntaria, apenas serviu como instrumento do crime pelo coator. É necessário esclarecer que, coação física irresistível (vis absoluta) exclui a conduta e por consequência o fato típico, considerando que não há vontade permanente, entretanto, a coação moral irresistível (vis compulsiva), exclui apenas a culpabilidade (funciona como causa excludente da culpabilidade), pois ainda que de forma viciada, existe à vontade, ou seja, a opção de se obedecer ou não a ordem do coator.
Sonambulismo e Hipnose – também não há conduta, por falta de vontade nos comportamentos praticados em completo estado de inconsciência. Ressalta-se que embriaguez voluntaria ou culposa, embora completa não exclui a conduta.
FORMAS DA CONDUTA
A conduta pode se exteriorizar por meio da ação (crimes comissivos) ou omissão (crimes omissivos).
Os crimes comissivos são os crimes praticados mediante uma ação, exige uma atividade concreta do agente, isto é, o agente faz o que a norma proíbe. Possuem relação com a norma proibitiva, o “agir positivo”.
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Já os crimes omissivos são a pura abstenção em agir ou o "agir negativo". Esses crimes se classificam de maneira doutrinária em omissivos próprios ou puros, e omissivos impróprios ou impuros (também denominados comissivos por omissão).
Crimes omissivos próprios ou puros – se caracterizam pela simples omissão, o deixar de fazer algo estabelecido em lei. Neles o agente não possui o dever jurídico de agir.
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
É o caso da omissão de socorro, o simples fato de deixar de fazer o que deveria ser feito, já se configura como crime independente de seu resultado naturalístico.
Crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão) – referem-se à determinadas pessoas que se encontram em situações em que a lei estabelece a ela um dever jurídico de agir (possuem obrigação de agir). O poder de agir, se refere à possibilidade real e efetiva de alguém na situação concreta do resultado.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
tenha por lei, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (dever legal)
de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (dever de garantidor)
com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (dever de ingerência ou situação precedente, como empurrar alguém dentro da piscina e a pessoa morrer afogada).
A teoria adotada na omissão pelo Direito Penal é a teoria normativa, que defende que a omissão é um indiferente penal, pois nada não produz efeitos jurídicos. Assim, o omitente não responde pelo resultado, pois não o provocou. Contudo, essa teoria aceita a responsabilização do omitente pela produção do resultado, desde que seja a ele atribuído, por uma norma, o dever jurídico de agir (Normativa=norma). Sendo assim, existindo o dever jurídico de agir, e o sujeito se omite, ele responderá pelo resultado (dolo ou culpa). 
Contudo, a diferença entre crime omissivo próprio e crime omissivo improprio é a ausência ou existência do dever jurídico.
DOLO ¹, CULPA ² E PRETERDOLO 
Segundo a teoria finalista (teoria adotada pelo Direito Penal Brasileiro) a conduta penalmente típica é a ação ou omissão humana consciente e voluntaria dirigida a uma finalidade. 
Sendo assim, observa-se que para uma conduta ser penalmente típica é necessário que o agente tenha em seu comportamento uma conduta voluntaria e intencional (dolo) ou uma conduta voluntaria, porém descuidada (culpa). 
¹ CRIME DOLOSO - ART.18, I do CÓDIGO PENAL.
Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado¹ ou assumiu o risco de produzi-lo².
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
De acordo com aorientação finalista, adotada pelo Código Penal, o dolo consiste na vontade e consciência de realizar os elementos do tipo incriminador.
 O paragrafo único deixa evidente que crime doloso é à regra do código penal, ou seja, os crimes que constam nesse ordenamento jurídico são em princípio dolosos. O agente só pode ser punido caso tenha a vontade e a consciência de agir (crime doloso), ou nos casos expressos em lei (crime culposo, por exemplo). O fato previsto (deduzidos com antecipação) como crime não permite a punição do agente.
1.1 ELEMENTOS DO DOLO
O dolo é composto por dois elementos, à vontade e a consciência, dirigidas a realizar a conduta prevista no tipo penal. Sendo assim, caso não esteja presente (falte) qualquer um dos dois elementos mencionados, o crime não se configura, como doloso.
Vontade – é o elemento volitivo do dolo, também designado de momento volitivo. É a decisão do agente de querer realizar a conduta, ou seja, concretizar o comportamento e realizar o resultado. É importante ressaltar que a vontade não se confunde com o desejo (o agente apenas “torce “para o resultado acontecer”“.). 
Consciência - é o elemento cognitivo ou intelectual do dolo. O agente deve saber exatamente aquilo que faz, para que possa lhe ser atribuído o resultado doloso. Isso não quer dizer que, o ele precisa conhecer o tipo penal, basta que ele reconheça o comportamento realizado. 
1.2 TEORIAS DO DOLO
Segundo disposto no ordenamento jurídico são duas as teorias adotadas pelo Código Penal a Teoria da vontade e a Teoria do assentimento (consentimento).
Teoria da vontade – é a vontade livre e consciente de querer praticar a ação penal, ou seja, é necessário que ele haja de livre arbítrio, sem que seja coagido ou obrigado a realizar o comportamento.
Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado¹. (caso do dolo direto)
Teoria do assentimento – o agente prevê o resultado como possível, e mesmo não o querendo, não se importa com a sua ocorrência, assumindo o risco de produzi-lo.
Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente assumiu o risco de produzi-lo².
Dolo é, sobretudo, vontade de produzir o resultado. Entretanto, também há dolo na conduta de quem, após prever e estar ciente de que pode provocar o resultado, assume o risco de produzi-lo.
ESPECIES DO DOLO
Em geral, são duas as principais espécies de dolo:
Dolo Direto – também denominado dolo determinado, intencional, imediato ou dolo incondicionado, é aquele em que a vontade do agente é voltada a determinado resultado. Sua conduta é dirigida a uma finalidade precisa. O agente quer efetivamente cometer o delito. Diz se “quando o agente quis o resultado” (Art. 18, I parte ¹).
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
↳ Dolo Direto de Primeiro Grau – a conduta é dirigida finalisticamente a causar o resultado, ou seja, há a intenção de atingir um único bem jurídico.
↳ Dolo Direto de Segundo Grau – os efeitos colaterais necessários são causados pelo meio escolhidos. O agente não deseja imediatamente os efeitos colaterais, tem a consciência do que ocorrerá, caso se concretize o resultado pretendido. 
Essa divisão do dolo direto baseia-se em dois pressupostos, o fim proposto (primeiro grau) e o meio escolhido (segundo grau) para atingi lo.
Dolo Indireto – também conhecido como indeterminado é aquele em que o agente não tem a vontade dirigida a um resultado determinado. (Art. 18, I, Parte²). Subdivide-se em:
↳ Dolo Alternativo - é aquele que o agente deseja, sem distinção, um ou outro resultado. Sua intenção se destina, com igual intensidade, a produzir um entre vários resultados previsto como possíveis (tanto faz se matar ou ferir). Nesse caso, o agente sempre responderá pelo resultado mais grave. 
↳ Dolo Eventual – o agente prevê o resultado, e embora não o queira, não se importa com sua eventual produção, assumindo o risco de produzi lo. Ele não está nem ai se o resultado ocorrer, ele é indiferente (dane-se). O sujeito não deseja diretamente a realização do tipo penal, mas a aceita como possível ou provável.
O Supremo Tribunal Federal e o Supremo Tribunal de Justiça entende que o juiz na investigação do dolo eventual, deve analisar (apreciar) as circunstancias do fato concreto e não busca-la na mente do autor, visto que nenhum réu vai confessar a previsão de um crime.
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES
Dependendo do caso concreto, o dolo assume outras características:
Dolo Genérico – refere- se a simples vontade do autor de produzir a lesão ao bem jurídico do tutelado, sem nenhuma finalidade específica, tal como no crime de homicídio, em que é suficiente a intenção de matar alguém, pouco importando o motivo para a configuração da modalidade básica do crime.
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado.
Dolo Específico – a referida vontade é acrescida de uma finalidade especifica (especial).
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.
Dolo de Dano – ocorre quando o agente quer ou assume o risco de lesionar um bem jurídico penalmente tutelado. É exigido para a prática de um crime de dano (como lesão corporal).
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.
Dolo de Perigo - ocorre quando o agente quer ou assume o risco de expor a perigo de lesão um bem jurídico penalmente tutelado. Não é necessário que ocorra o caso concreto (como ser contaminado), basta que seja exposto a perigo (ainda que não tenha sido contaminado, podia ser).
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado.
2 CRIME CUILPOSO - ART. 18, II do CÓDIGO PENAL.
Art. 18 - Diz-se o crime: II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência¹, negligência² ou imperícia³.
Crime culposo é a conduta humana voluntaria que produz um resultado naturalístico (ilícito), não querido pelo agente, porém, previsível que podia ser evitado caso o agente tivesse agido com a devida atenção, ou seja, ele ocorre pela quebra do dever objetivo de cuidado por imprudência, negligencia ou imperícia.
Os crimes culposos, em regra, são previstos por tipos penais abertos, pois a lei não diz expressamente no que consiste o comportamento culposo, ou seja, não existe uma descrição completa e perfeita da figura típica. É previsto apenas a modalidade de culpa (imprudência, negligencia e imperícia), sendo necessário que o tipo seja completado pelo julgador.
EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO – ART 18, PARÁGRAFO ÚNICO.
Art. 18 - Diz-se o crime:
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Geralmente, em regra, o tipo penal descreve a modalidade dolosa, e, quando a ele também atribui variante culposa menciona expressamente a fórmula: “se o crime é culposo”.
A modalidade culposa de um crime deve ser expressamente declarada pela lei. No silêncio desta quanto ao elemento subjetivo, sua punição apenas se verifica a título de dolo.
ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO
O crime culposo é composto, em regra, pelos seguintes elementos:
Conduta humana voluntária – a vontade do agente se limita a realização da conduta, pois ele não quer e nem assume o risco de produzir o resultado;
Violação do dever objetivo de cuidado - é a transgressão do comportamento imposto pelo ordenamento jurídico a todas as pessoas, visando o pacífico convívio social. É a conduta descuidada pela devida falta de atenção, que decorre das seguintes modalidades da culpa:
↳ Imprudência¹ - é a ação intempestiva, a conduta positiva da culpa (o fazer). É a pratica de um ato perigoso, sem observância das cautelas necessárias.(Ex. dirigir veículo automotor em excesso de velocidade)
↳ Negligencia ²- é a inação, a conduta negativa da culpa (o não fazer). Consiste em omitir a ação cuidadosa que as circunstâncias exigem. (Ex. não fazer a revisão ou consertar os freios do carro)
↳ Imperícia³ - é também chamada de culpa profissional, pois pode ser praticada somente no exercício de arte, profissão ou ofício. É a falta de aptidão, de habilidade, que ocorre no âmbito de uma função, na qual o agente, autorizado a desempenhá-la, não possui conhecimentos práticos ou teóricos para fazê-la. (Ex. um médico que causa a morte de uma gestante ao realizar seu parto).
Em muitos casos a imprudência e a negligencia se interligam, e junto, são consideradas como a causa do resultado. (Ex. além de não fazer a revisão do carro, dirigia em alta velocidade).
Resultado naturalístico involuntário –é a modificação do mundo exterior provocada pela conduta do agente – funciona como elementar do tipo penal. O resultado é obrigatoriamente, involuntário e o crime culposo não admite tentativa visto que seu resultado não é desejado, salvo na culpa imprópria.
Nexo de causalidade - é a relação de causa e efeito entre a conduta voluntária perigosa e o resultado involuntário.
Previsibilidade objetiva do resultado – é a possibilidade de uma pessoa comum em geral de prever o resultado nas condições em que se encontrava o agente que produziu o resultado involuntário. 
Tipicidade - elemento do fato típico em todos os crimes. É a previsão legal expressa, a exata correspondência entre a conduta perigosa praticada e a descrição contida na lei para caracterizar o fato culposo.
ESPECIES DE CULPA
São espécies do crime culposo, como se observa a seguir:
Culpa consciente – (ex lacívia), ocorre quando o resultado é previsível, foi previsto, mas o agente acredita sinceramente que ele não ocorrerá, pois ele acredita na sua habilidade (erro de execução).
Culpa inconsciente – (ex ignorantia), ocorre quando o resultado é previsível, mas não foi previsto.
	
	QUER O RESULTADO?
	PREVÊ O RISCO?
	ASSUME O RISCO?
	DOLO DIRETO
	Sim
	Sim
	Sim
	DOLO EVENTUAL
	Não
	Sim
	Sim (dane-se)
	CULPA CONSCIENTE
	Não
	Sim
	Não, acredita que pode evitar.
	CULPA INCONSCIENTE
	Não
	Não, mas era previsível.
	Não 
	FATALIDADE
	Não 
	Não e não era previsível
	Não
Culpa própria - ocorre quando o agente não quer o resultado, nem assume o risco de produzi-lo. É, por assim dizer, a culpa propriamente dita.
Culpa impropria - também denominada culpa por extensão, por equiparação ou por assimilação, ocorre quando o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstancias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um crime culposo. É aquela que o sujeito, após prever o resultado e desejar sua produção (crime doloso), realiza a conduta por erro quanto à ilicitude do fato, supondo uma situação fática que se existisse, tornaria sua ação como legitima defesa. O resultado ocorre por essa suposição. Entretanto, como esse erro poderia ter sido evitado pelo emprego de prudência, inerente ao homem médio, ele responderá a título de culpa.
Diante do caráter misto da culpa imprópria (dolo tratado como culpa), revela-se como a única espécie de crime culposo que comporta a tentativa.
→ Ex. Dois amigos rumam para uma caçada. Em determinado momento, um deles ouve um barulho no mato, vindo em sua direção. Pensa tratar-se de um animal violento. Atira e mata o seu companheiro.
Se a vitima morre, responderá por Homicídio Culposo.
Se a vítima sobrevive, responderá por Tentativa de homicídio Culposo. 
COMPENSAÇÃO E CONCORRENCIA DE CULPAS NO DIREITO PENAL
Compensação
Não se admite a compensação de culpas no Direito Penal, a culpa do agente não é anulada pela culpa da vítima. Cada qual responde pelo resultado a que deu causa, os dois respondem pelo crime culposo
Só se permite compensação de culpas no Direito Privado. No âmbito penal, embora a culpa da vítima não afaste a culpa do agente, funciona como circunstancia judicial favorável ao acusado, ou seja, por ocasião de dosimetria (medida da dose) da pena base.
Art. 59 Código Penal - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.
Concorrência
É o que se verifica quando duas ou mais pessoas concorrem, contribuem, culposamente, para a produção de um resultado naturalístico.
Sendo assim, todos os envolvidos que tiveram atuação culposa respondem pelo resultado produzido.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Se o resultado foi provocado pela pluralidade de condutas culposas, por ele respondem apenas aqueles que as realizaram.
Culpa exclusiva da vítima
A culpa exclusiva da vítima exclui a culpa do agente. Basta à mera interpretação literal da expressão em destaque para concluir que, se a culpa é exclusiva da vítima, certamente o agente atuou de forma correta, ou seja, livre de imprudência, negligência ou imperícia.
EXCLUSÃO DA CULPA
Exclui-se a culpa nos seguintes casos:
Caso Fortuito e Força Maior - são acontecimentos imprevistos, imprevisíveis e inevitáveis, que escapam do controle da vontade do homem.
Erro profissional – quando a culpa pelo resultado naturalístico não é do agente, mas da ciência, que se mostra inapta para enfrentar determinadas situações, ou seja, apesar de se ter efetuado todos os procedimentos e tomado todos os cuidados necessários o resultado aconteceu.
Risco tolerado – é a linha divisória entre o crime culposo e os fatos impuníveis resultantes do risco juridicamente tolerado. O médico que opera um doente em estado grave em condições precárias sabe que poderá causar-lhe a morte. E ainda que o resultado venha a ocorrer, não terá agido com culpa, pois a sua intervenção cirúrgica, na situação em que foi realizada, era indispensável como a única forma para tentar salvar a vida do paciente.
Principio da confiança - Como o dever objetivo de cuidado se dirige a todas as pessoas, espera-se que cada um se comporte de forma prudente para a coexistência pacífica em sociedade. Presume-se que todo indivíduo cumpra as regras jurídicas impostas pelo Direito, confiando que seu semelhante também agirá de forma acertada (boa fé).
2.5 CRIME PRETERDOLOSO - ART. 19 DO CODIGO PENAL
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. 
Preterdolo decorre da expressão em latim praeter dolum, que significa além do dolo. É o que se verifica quando a conduta dolosa acarreta a produção de um resultado mais grave do que o desejado pelo agente.
O propósito do autor era praticar um crime doloso, mas, por culpa, sobreveio resultado mais gravoso.
O crime preterdoloso é uma espécie de crime qualificado pelo resultado.
PRETERDOLO = DOLO NO ANTECEDENTE + CULPA NO CONSEQUENTE
	É a combinação de dois elementos – dolo e culpa – que se apresentam sucessivamente no decurso do fato delituoso, sendo a conduta inicial dolosa, enquanto o resultado final dela advindo é culposo, ou seja, inicialmente o agente tem a intenção de agir, mas, não prevê o resultado final que é ocasionado, ele produz resultado diverso do pretendido (o resultado é mais grave do que ele pretendia).
Temos como exemplo a lesão corporal seguida de morte.
Art. 129 Código Penal - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo.CRIME QUALIFICADO 
Crime qualificado pelo resultado é aquele que possui uma conduta básica, definida e apenada como delito de forma autônoma, nada obstante ainda ostente um resultado que o qualifica,majorando-lhe a pena por força de sua gravidade objetiva, desde que exista entre eles relação causal física e subjetiva.
O crime preterdoloso é qualificado pelo resultado, porém nem todo crime qualificado pelo resultado é preterdoloso. O crime preterdoloso é apenas uma espécie do gênero do crime qualificado.
↳ Além do crime preterdoloso, existem três outras espécies de crimes qualificados pelo resultado:
Dolo no antecedente + dolo no consequente – ocorre dolo tanto na conduta (antecedente), quando no resultado agravador, ou seja, tanto o crime base, quanto o resultado agravador são doloso.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
O dolo em relação ao resultado agravador, direto ou eventual, afasta o caráter preterdoloso do crime.
Culpa no antecedente + culpa no consequente – tanto o crime base quanto o resultado agravador é culposo.
Ex. Art. 258, in fine do Código Penal.
Culpa no antecedente e dolo no consequente – o crime base é culposo e o resultado agravador é doloso.
Ex. art. 303, parágrafo único, da Lei 9.503/1997 – Código de Trânsito Brasileiro.
No tocante a recidiva, deve o reincidente em crime preterdoloso receber tratamento idêntico destinado ao reincidente em crime doloso, pois antes de sobrevir o resultado culposo, mais grave, já havia se aperfeiçoado um delito menos grave, de natureza dolosa. A culpa que agrava especialmente o resultado deve ser provada.
ERRO DE TIPO 1, DESCRIMINANTES PUTATIVAS 2 E ERRO PROVOCADO POR TERCEIROS 3.
ERRO NO DIREITO PENAL
Primeiramente, é necessário que se faça a distinção e o tratamento entre erro e ignorância, pois apesar de parecerem à mesma coisa e receberem o mesmo tratamento, não são.
O erro é a falsa percepção da realidade ou o falso conhecimento de determinado objeto. Enquanto que a ignorância é a total ausência de conhecimento da realidade ou de algum objeto.
Entretanto, o Código Penal trata de forma idêntica o erro e a ignorância. Ambos podem ensejar a aplicação do instituto do erro de tipo. Assim, quando se fala em “erro”, utiliza essa palavra em sentido amplo, compreendendo o erro propriamente dito e a ignorância.
ERRO DE TIPO – ART. 20 DO CÓDIGO PENAL
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Erro de tipo é a falsa percepção da realidade acerca dos elementos constitutivos do tipo penal (objetivos subjetivos ou normativos).
O erro de tipo ocorre quando alguém não conhece, ao cometer o fato, uma circunstância que pertence ao tipo legal. Falta a consciência de que se pratica uma infração, afastando o dolo. 
Nos crimes omissivos impróprios (aqueles que determinadas pessoas possuem o dever jurídico, ou seja, a obrigação de agir), também pode ocorrer o erro de tipo em relação ao dever de agir para evitar o resultado, levando-se em conta a relação de normalidade ou perigo do caso concreto.
São duas as formas do erro de tipo, elas se dividem em dois tipos a essencial e a acidental.
Erro de tipo Essencial 
Erro de tipo essencial é o que recai sobre os elementos constitutivos do tipo penal (objetivos subjetivos e normativos). O agente não tem intenção de praticar o tipo penal, apenas o fez em função da falsa percepção da realidade.
Essa expressão “essencial” se deve ao fato de que o agente por meio de um equivocado sentimento da realidade pratica fato descrito no tipo penal, entretanto se soubesse que estava executando um ato ilícito, jamais realizaria a conduta. No erro de tipo essencial o agente não sabe realmente o que estava, de fato, fazendo.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima 1. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo 2.
Erro de tipo Essencial Escusável (invencível, inevitável, desculpável) - é aquele que mesmo que o agente tivesse agido com a cautela e a prudência de um homem médio, ainda assim não poderia evitar a falsa percepção da realidade sobre os elementos constitutivos do tipo penal.
Nesse caso, não há consequências ao agente, porque exclui o dolo e a culpa, acarretando na impunidade total do fato.
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima 1.
Erro de tipo Essencial Inescusável (vencível, evitável, indesculpável) – é aquele em que se o agente empregasse a cautela e a prudência do homem médio poderia evitá-lo, uma vez que seria capaz de compreender o caráter criminoso do fato. São situações em que o agente age de forma imprudente, negligente ou imperita.
Nesse caso, exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei (excepcionalidade do crime culposo).
§ 1º - Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo 2.
O erro de tipo essencial, seja escusável ou inescusável, sempre exclui o dolo, pois o agente não possui a necessária vontade de praticar integralmente a conduta tipificada em lei como crime ou contravenção penal.
Erro de tipo Acidental 
Erro de tipo acidental é o que recai sobre os dados acessórios (refere-se à vítima – objeto do crime – e a forma de execução) da figura típica. Nesse tipo de erro, o agente age sabendo que comete um delito, apenas erra um elemento não essencial (objeto material do crime) ou erra no movimento de execução.
Erro sobre a pessoa – error in persona
É o que se verifica quando o agente confunde a pessoa visada, contra a qual desejava praticar a conduta criminosa, com pessoa diversa (relação pessoa x pessoa). Nesse caso, levam-se em conta, para a aplicação da pena, as condições da vítima virtual (aquela que o sujeito pretendia atingir, mas que no caso concreto não sofreu perigo algum), e não a vítima real, que foi efetivamente atingida, considerando se o principio da equivalência do bem jurídico atingido.
Art. 20 Código Penal - § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
	
No erro sobre a pessoa o agente confunde a pessoa que queria atingir com pessoa diversa. Há somente duas pessoas envolvidas (agente 1 e vítima real 2). 
Ex. “A”, com a intenção de matar “B”, efetua disparos de arma de fogo contra “C” (que é irmão gêmeo de “B”), confundindo-o com aquele que efetivamente queria matar.
Erro sobre o objeto (a coisa) – error in objeto
Nessa espécie de erro, o agente crê que a sua conduta recai sobre um determinado objeto, mas na verdade incide sobre coisa diversa. Esse erro é irrelevante e não interfere na tipicidade penal, pouco importando o seu efetivo valor, considerando-se o principio da insignificância.
Ex. “A” acredita que subtrai um relógio Rolex, avaliado em R$ 30.000,00, quando realmente furta uma réplica de tal bem, a qual custa R$ 500,00.
Erro na execução – aberratio ictus
O agente não se engana quanto à pessoa que desejava atacar, mas age de modo desastrado, errando o seu alvo e acertando pessoa diversa, ou seja, o erro no ataque da conduta faz com que a pessoa diversa seja atingida (relação pessoa x pessoa).
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art.20 deste Código 1. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código 2.
	
No erro na execução o agente não confunde a pessoa que desejava atingir com outra, mas por aberração no ataque acaba por acertar pessoa diversa. Há três pessoas envolvidas (agente 1, vítima virtual 2 e vítima real 3).
Ex. “A” nota que “B”, seu inimigo, está parado em um ponto de ônibus. Saca sua arma, mira-o e efetua o disparo para matá-lo, mas por falha na pontaria acerta “C”, que também aguardava o coletivo, matando-o. O crime que queria praticar e o crime que praticou são idênticos, mas a pessoa morta é diversa da visada. 
O erro na execução pode ser de duas espécies: com unidade simples ou com unidade complexa.
↳ Com unidade simples ou com resultado único - o agente atinge unicamente a pessoa diversa da desejada. A vítima virtual (pessoa que ele pretendia atingir) não suporta qualquer tipo de lesão.
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código 1.
↳ Com unidade complexa ou com resultado duplo - o sujeito, além de atingir a pessoa inicialmente desejada, ofende também pessoa ou pessoas diversas. Sua conduta enseja dois resultados: o originariamente pretendido e o involuntário.
Art. 73 - No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código 2.
Nessa hipótese, determina o Código Penal a aplicação da regra do concurso formal próprio ou perfeito.
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade 1.
Admite-se o erro na execução com unidade complexa apenas quando as demais pessoas forem atingidas culposamente. Se houver dolo eventual no tocante às demais pessoas ofendidas, não há falar propriamente em erro na execução, e incide a regra do concurso formal impróprio ou imperfeito (sistema do cúmulo material).
Resultado diverso do pretendido - aberratio delicti ou aberratio criminis
Ocorre na situação em que, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido. É quando o agente desejava cometer um crime, mas por erro na execução acaba por cometer crime diverso. (relação crime x crime). O erro deverá ser de coisa para pessoa (coisa x pessoa).
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo 1; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código 2.
O dispositivo legal é categórico ao dizer que essa regra se aplica “fora dos casos do artigo anterior”, isto é, nas situações que não envolvam o erro na execução relativo à pessoa x pessoa.
Ex. agente que atira uma pedra para quebrar uma vidraça (dano), mas, por erro na execução obtém outro resultado diverso do pretendido, atingindo uma pessoa que passava pela rua, lesionando-a (lesões corporais).
O resultado diverso do pretendido pode revelar-se sob duas espécies: com unidade simples ou com unidade complexa.
↳ Com unidade simples ou com resultado único - agente atinge somente bem jurídico diverso do pretendido. 
Art. 74 -, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo 1.
↳ Com unidade complexa ou com resultado duplo – a conduta do agente atinge o bem jurídico desejado e também bem jurídico diverso, culposamente.
Art. 74 - se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código 2.
Nessa hipótese, determina o Código Penal a aplicação da regra do concurso formal próprio ou perfeito.
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade 1.
Toda vez que o resultado produzido for mais grave (coisa x pessoa) que o resultado pretendido aplica-se o artigo 74. Entretanto, se o resultado previsto como crime culposo for menos grave que o produzido (pessoa x coisa) ou se o crime não tiver modalidade culposa, deve-se desprezar a regra delineada no art. 74 do Código Penal e o agente responderá por tentativa de homicídio culposo.
Erro sobre o nexo causal - aberratio causae
É o engano relacionado à causa do crime, o resultado buscado pelo agente ocorreu em razão de um acontecimento diverso daquele que ele inicialmente idealizou, ou seja, o nexo causal visado é diferente do nexo causal real.
Ex. “A”, no alto de uma ponte, empurra “B” – que não sabia nadar – ao mar, para matá-lo afogado. A vítima falece, não por força da asfixia derivada do afogamento, e sim por traumatismo crânio-encefálico, pois se chocou em uma pedra antes de ter contato com a água.
Nesse caso, o agente deve responder pelo delito, em sua modalidade consumada, ou seja, pelo nexo causal real, ou seja, é preciso levar em conta o meio de execução que efetivamente provocou o resultado, e não aquele idealizado pelo agente.
E preciso ressaltar que apesar de parecidos o erro sobre o nexo causal e o dolo geral são diferentes, pois no erro sobre o nexo causal há um único ato (como empurrar a vítima do alto da ponte, por exemplo), já no erro geral, há dois atos distintos (“A” atira em “B”, que cai ao solo. Como ele acredita na morte da vítima, lança o corpo ao mar, para ocultar o cadáver, mas posteriormente se constata que a morte foi produzida pelo afogamento, e não pelo disparo de arma de fogo).
DESCRIMINANTES PUTATIVAS – ART 20, §1º DO CÓDIGO PENAL.
Descriminante é a causa que exclui o crime, retirando o caráter ilícito do fato típico praticado por alguém. Putativa, são situações imaginarias que só existe na cabeça do autor, são situações fáticas.
Logo Descriminante Putativa é a causa de exclusão da ilicitude que não existe concretamente, mas apenas na mente do autor de um fato típico é o também conhecido como erro de tipo permissivo.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Sendo assim, na descriminante putativa, basta que, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, o agente suponha situação de fato que, se existisse, tornaria a sua ação legítima.
São causas de exclusão da ilicitude também conhecidas como causas de justificação (aquelas em que o erro seja plenamente justificado pelas circunstâncias em que o agente se encontra), o estado de necessidade putativo, legítima defesa putativa, estrito cumprimento de dever legal putativo e exercício regular do direito putativo. 
No tocante aos efeitos gerados (consequências), qualquer erro ocorrido em putatividade (situação fática) pode ser escusável(invencível), nesse caso se exclui o dolo e a culpa, e o agente não comete crime nenhum, ou inescusável (vencível) nesse caso o dolo será excluído, entretanto poderá responder por culpa (culpa impropria – responde a título de culpa, embora tivesse agido com dolo).
Agora, quando o erro recai sobre a existência ou mesmo sobre os limites de uma causa de justificação, que também são figuras de erro que se relacionam com a descriminante putativa, ocorrera o erro de proibição.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena;se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Ex.¹ - erro relativo a existência de uma causa de exclusão da ilicitude
 Pai imaginando que podia agir em defesa e honra da filha que foi estuprada, mata o estuprador da sua filha acobertado pela legitima defesa de honra da filha. Logo o pai não erra sobre a situação de fato, ele erra sobre a existência da legitima defesa (no caso a legitima defesa não era sobre a pessoa dele, era da filha).
Ex.² - erro relativo aos limites de uma causa de exclusão da ilicitude
Fazendeiro que reputa adequado matar todo e qualquer posseiro que invada a sua propriedade. Trata-se da figura do excesso, pois a defesa da propriedade não permite esse tipo de reação desproporcional.
Ambos os casos tratam-se de defesa de proibição e não de erro de tipo permissivo. Nesse caso também poderá ser escusável (exclui dolo e culpa) e inescusável (exclui o dolo, mas pode responder por culpa).
Partilha desse entendimento e é a adotada no ordenamento jurídico a Teoria limitada da culpabilidade que distingue o erro incidente sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação do que incide sobre a norma permissiva
TEORIA LIMITADA
↳ Erro sobre a situação fática é erro de tipo permissivo – Descriminante Putativa
↳ Erro sobre existência ou limite – Erro de proibição
ERRO PROVOCADO POR TERCEIROS – ART. 20 §2º DO CÓDIGO PENAL
Nessa espécie de erro, o agente não erra por conta própria, mas por forma provocada por terceiro, ou seja, determinada por outrem. Nesse caso, estabelece o art. 20, § 2.º, do Código Penal que:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
Baseia-se na hipótese de que quem pratica a conduta (agente provocado) tem uma falsa percepção da realidade no que diz respeito aos elementos constitutivos do tipo penal em decorrência da atuação de terceira pessoa (agente provocador).
O erro provocado por terceiros, pode ser doloso ou culposo, dependendo do elemento subjetivo do agente provocador. 
↳se o provocador atua dolosamente - a ele deve ser imputado, o crime doloso praticado pelo provocado.
↳ se o provocador atua culposamente - a ele será imputado o crime culposo praticado pelo provocado, se previsto em lei, são os casos em que ele agir com imprudência, negligencia ou imperícia. Nessa situação, o provocado também poderá responder pelo crime culposo, desde que o seu erro seja inescusável. Ao contrário, tratando-se de erro escusável, permanecerá impune.
O provocado também poderá responder pelo crime culposo, desde que o seu erro seja inescusável (imperdoável). Ao contrário, tratando-se de erro escusável (perdoável), permanecerá impune.
O CONCEITO DE CONDUTA
A CONDUTA E SUA TEORIAS (CONTROVÉRSIAS)
Ao que se refere ao conceito de conduta, são quatro a teorias elaboradas na tentativa de esxplicas-las:
TEORIA NATURALISTA OU CAUSAL DA AÇÃO – acredita que a existência do fato típico resulta de uma simples comparação entre o que foi objetivamente praticado e o que se encontra descrito na lei, sem qualquer indagação quanto ao conteúdo da sua conduta, sua lesividade, ou relevância, sem levar em consideração se o agente quis ou se teve culpa na causação do crime. Essa teoria foi superada e não é admitida nos dias atuais.
TEORIA SOCIAL DA AÇÃO – tem como fundamento a relevância da conduta perante a sociedade. Pra essa teoria, não basta saber se a conduta foi dolosa ou culposa para averiguação do fato típico, mas é preciso também fazer uma análise de tal comportamento e classifica-lo como socialmente permitido ou não. Nesse caso se a conduta do agente for considerada social, ou seja, aceita pela sociedade, será atípica, não prevendo crime sobre ela.
TEORIA FINALISTA – é a teoria atualmente aceita pelo Direito Penal. Essa teoria acredita que não se pode dissociar a ação da vontade do agente, já que a conduta é precedida de um raciocínio que o leva a realizá- la ou não. Em geral, a conduta é o comportamento humano, voluntario e consciente (doloso e culposo) dirigido a uma finalidade. Para ela o dolo e a culpa fazem parte da conduta e quando ausentes, torna o fato atípico.
TEORIA JURIDICO – PENAL – essa teoria preleciona que o estudo da conduta deve ter como principal foco a norma, portanto o Direito Penal só pode tutelar comportamentos que atinjam ou expõem a perigo bens jurídicos protegidos.
SISTEMA ESQUEMATIZADO PRA FIXAÇÃO
	CRIME DOLOSO
	Elementos
	Vontade
Consciência 
	Teorias
	Teoria da vontade
Teoria do assentimento
	Espécies
	
Dolo Direto
	
- Dolo direto de 1º grau
- Dolo direto de 2º grau
	
	
Dolo Indireto
	
- Dolo eventual
- Dolo alternativo
	
	CRIME CULPOSO
	Elementos
	Conduta voluntaria
Violação do dever objetivo de cuidado
Resultado naturalístico
Nexo de causalidade
Previsibilidade objetiva do resultado
Tipicidade
	Modalidades
	- Imprudência	→
- Negligencia 	→
- Imperícia		→
	Refere-se a fazer algo
Refere-se a deixar de fazer algo
Ocorre em atividade profissional
	Espécies 
	Culpa consciente
Culpa inconsciente
Culpa própria
Culpa Impropria
	
	ERRO DE TIPO
	Formas
	
Erro de tipo Essencial 
	Escusável (invencível, inevitável, desculpável)
	Exclui o dolo e a culpa
	
	
	Inescusável (vencível, evitável, indesculpável)
	Exclui o dolo mas não a culpa
	
	
Erro de tipo Acidental
	Erro sobre a pessoa
Erro sobre o objeto (coisa)
Erro na execução
- Com unidade simples ou com resultado único
- Com unidade complexa ou resultado duplo
Resultado diverso do pretendido
- Com unidade simples ou com resultado único
- Com unidade complexa ou com resultado duplo.
Erro sobre o nexo causal
	
Não afasta a responsabilidade penal pelo fato
	AGRAVAÇÃO PELO RESULTADO (Crime Preterdoloso)
	Espécies de crime qualificado pelo resultado
	
	Dolo no antecedente + Dolo no consequente
	
	
	Culpa no antecedente + Culpa no consequente
	
	
	Culpa no antecedente + Dolo no consequente
	
	Crime Preterdoloso
	Dolo no antecedente + Culpa no consequente
	
TIPICIDADE
CONCEITO
Tipicidade é o meio pelo qual se constata se existe ou não correspondência entre a conduta praticada na vida real e o modelo definido pela lei penal. Essa tipicidade também é conhecida como adequação típica. 
Adequação típica é o procedimento pelo qual se enquadra uma conduta individual e concreta na descrição genérica e abstrata da lei penal. A adequação típica (tipicidade) pode ser:
de subordinação imediata ou direta - a conduta humana se enquadra diretamente na lei penal incriminadora, sem necessidade de interposição de qualquer outro dispositivo legal (art. da parte geral). 
Ex. o art. 157, caput, do código penal é uma adequação típica de subordinação imediata (direta).
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
de subordinação mediata, ampliada ou por extensão – a conduta humana não se enquadra diretamente na lei penal incriminadora, necessitando complementar a tipicidade, com a interposição de um dispositivo contido na Parte Geral do Código Penal, ou seja é preciso que haja uma ampliação da tipicidade.
É o que ocorre na tentativa, na participação e nos crimes omissivos impróprios. Na tentativa, opera-se uma ampliação temporal da figura típica, pois o alcance do tipo penal não se limita ao momento da consumação do crime, mas também aos períodos que o antecedem. Na participação há uma ampliação espacial e pessoal do tipo penal, visto que se passa a alcançar não só o sujeito que praticou os atos executórios do crime, como também outras pessoas que de qualquer modo concorreram para a realização do delito, mesmo sem tê-lo executado. Já nos crimes omissivos impróprios (comissivos por omissão), ocorre umaampliação da conduta criminosa, ao qual passa a englobar também a omissão daquele que indevidamente não cumpriu o seu dever jurídico de agir.
Ex. Art. 121 c/c Art. 14, II, todos do Código penal.
Art. 121. Matar alguém
Art. 14 - Diz-se o crime: II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Trata-se da Tentativa de Homicídio culposo, a expressão c/c significa combinado com.
ESPECIES DE TIPICIDADE
A tipicidade, elemento do fato típico divide-se nas seguintes espécies:
Tipicidade formal (doutrina tradicional) – é a operação pela qual se analisa se o fato praticado pelo agente no mundo real encontra correspondência em uma conduta prevista em lei como crime ou contravenção penal (juízo de subsunção), ou seja, a simples adequação do fato ao tipo penal.
Tipicidade material (doutrina mais moderna)- é a verificação da relevância no caso concreto da efetiva lesão ao bem jurídico protegido, pois nem todas as condutas que se encaixam nos modelos abstratos e sintéticos de crimes (tipicidade formal) acarretam dano ou perigo ao bem jurídico, como se verifica no princípio da ofensividade ou lesividade. 
FATO TIPICO = TIPICIDADE FORMAL + TIPICIDADE MATERIAL
A presença simultânea da tipicidade formal e da tipicidade material caracteriza a tipicidade penal.
Na ausência de qualquer uma das tipicidades, seja ela formal ou material o fato torna-se atípico e o agente será absolvido, pois não terá cometido nenhum crime.
Nas hipóteses de incidência do princípio da insignificância ou da bagatela, ou seja, que se verifica presente os requisitos de ordem objetiva ou em alguns casos também de ordem subjetiva (efetiva) o agente será absolvido, pois não se verifica a tipicidade material. 
O principio da insignificância é uma causa de exclusão da tipicidade material. 
São requisitos de ordem objetiva para a aplicação do principio da insignificância:
Mínima ofensividade da conduta do agente;
Ausência periculosidade social da ação;
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
Inexpressividade da lesão jurídica provocada;
Nos casos do reconhecimento da criminalidade da bagatela, para a aplicação do principio deve-se levar em consideração também os requisitos de ordem subjetiva, como o valor sentimental do bem jurídico lesado, por exemplo.
Tipicidade Conglobante
Teoria criada pelo penalista Eugenio Raúl Zaffaroni, sustenta que todo fato típico se reveste de antinormatividade, pois, muito embora o agente atue em consonância com o que está descrito no tipo incriminador, na verdade contraria a norma, entendida como o conteúdo do tipo legal.
Para essa teoria para que o fato seja considerado típico, é necessário que a conduta seja contrária ao ordenamento jurídico em geral (conglobado), e não apenas ao Direito Penal, ou seja, não basta apenas que a lei penal seja violada, é necessário que todo o ordenamento jurídico seja ofendido.
Em linhas gerais, para que exista o fato típico a conduta praticada deve ser ANTINORMATIVA (contraria a todas as normas). Sendo assim:
TIPICIDADE PENAL = TIPICIDADE FORMAL + TIPICIDADE CONGLOBADA 
Onde Tipicidade formal é a adequação a forma legal do tipo e a Tipicidade conglobada é a tipicidade material + a antinormatividade do ato.
Na ausência de qualquer um dos requisitos descritos o fato torna-se atípico.
ITER CRIMINIS
CONCEITO
O iter criminis, também conhecido como “caminho do crime”, corresponde às fases percorridas pelo agente para a prática de um fato previsto em lei como infração penal, ou seja, ele é o conjunto de etapas que se sucedem, cronologicamente, no desenvolvimento de um delito. É preciso ressaltar que, o iter criminis só existe nos crimes dolosos, visto que nos crimes culposos não se tem a intenção de cometer o crime, logo não existe um conjunto de etapas que se sucedem eles ocorrem por uma quebra de dever de cuidado.
O ITER CRIMINIS compreende duas fases, a fase interna que é representada pela etapa da cogitação e a fase externa que compreende outras três etapas, que são a da preparação, execução e consumação.
		
1ª ETAPA – COGITAÇÃO (cogitatio): é a fase que se passa na mente do agente, ou seja, é onde ele define a formação da ideia da infração que deseja praticar, antecipando mentalmente o resultado que busca alcançar. Por encontrar-se apenas no campo interno do agente, sem nenhuma possibilidade de ofensa ao bem jurídico, não pode ser alcançada pelo Direito Penal, tornando inexistente sua punição ainda que na forma tentada, pois não foi exteriorizada.
2ª ETAPA – PREPARAÇÃO: é a fase dos atos preparatórios, ou seja, a forma de atuar que cria as condições iniciais (previas) adequadas para a realização de um delito planejado. Nessa fase ele seleciona os meios aptos e o lugar mais apropriado para iniciar a execução, adquire os instrumentos que serão utilizados, para que assim possa ingressar na fase de execução. Uma vez que o agente escolhe a infração que será cometida, começa a se preparar para atingir o resultado. Em regra, não são puníveis, nem na forma tentada, uma vez que a realização do tipo penal ainda não se iniciou, salvo se forem tipificados como infração penal, ou seja, forem especificados em lei. São os chamados crimes obstáculo (ato preparatório tipificado pelo legislador como infração penal). 
3ª ETAPA – EXECUÇÃO: á a fase dos atos executórios, ou seja, aquela em que se inicia a agressão ao bem jurídico, por meio da realização do núcleo do tipo penal (o verbo). Nessa etapa, há incidência do Direito Penal, configurando no mínimo o crime tentado. O ato de execução deve, obrigatoriamente, ser idôneo (capaz de produzir o resultado pretendido) e inequívoco (não deixa duvida sobre a sua destinação). Ele precisa possuir essas características simultaneamente, não basta apenas uma delas.
Um dos maiores problemas do Direito Penal é estabelecer o momento exato em que se opera a transição do fim da preparação para o inicio da execução, pois a linha que traça essas duas etapas é muito próxima. Sendo assim, nos casos de duvida irredutível o magistrado, na falta de provas, deverá se pronunciar negando a existência de tentativa, favorecendo assim o réu (in dubio pro reo).
São inúmeras as teorias que propõem a definição do fim da preparação e o inicio da execução. Entretanto, as mais importantes são:
Teoria Formal objetiva ou lógico formal, que determina que o início dos atos executórios são aqueles em que o agente inicia a realização do verbo contido na conduta criminosa. Não é adotada.
Teoria objetiva individual, que determina que o início dos atos executórios são aqueles em que o agente inicia a realização do verbo contido na conduta criminosa e pratica atos imediatamente anteriores ao verbo que revelam de modo inequívoco (preciso) o seu proposito criminoso. É a teoria mais adotada.
4ª ETAPA – CONSUMAÇÃO (summatum opus): é a fase em que o crime se completa, quando o gente realizou e alcançou tudo que o legislador considerou proibido.
De acordo com a necessidade para a consumação dos crimes, os crimes classificam-se em:
 Crime Material a consumação se verifica com a ocorrência do resultado. 
Crime Formal de consumação antecipada ou resultado cortado, apenas com a prática da conduta já se configura consumado, sendo desnecessário que o resultado ocorra para a consumação.
Crime de mera conduta ou simples atividade a consumação ocorre com a mera pratica da conduta, ou seja, o tipo penal descreve a conduta sem ocorrência de resultado algum, como no caso da violação de domicilio, por exemplo, (Art. 150 do CP).
A FASE DO EXAURIMENTO também chamado de crime exaurido ou esgotado ocorre quando o agente após realizar a consumação, lesa novamente o bem jurídico, ou seja, a que ocorre posteriormente a consumação do delito. No campo da tipicidade não compõe o iter criminis, pois esse se encerra com a consumação. O exaurimento seria apenas a consequência de alguns crimes. Entretanto, apesar de não ser considerada uma etapa do crime, em alguns casos pode atenuar suapenalidade. O recebimento de resgate no crime de extorsão mediante sequestro, por exemplo, faz parte da fase do exaurimento.
CRIME CONSUMADO – ART. 14, I do CÓDIGO PENAL.
Art. 14 - Diz-se o crime: I - Consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
O crime consumado, também conhecido como completo ou perfeito, se constata, quando o agente concretiza todas as elementares descritas pelo preceito primário de uma lei penal incriminadora. 
Ocorrem, em regra, na quarta fase do iter criminis, entretanto é necessário se observar que cada delito possui sua particularidade e conforme classificação doutrinaria, nem todos os crimes possuem o mesmo momento de consumação. 
A adequação típica (tipificação) de um crime consumado é de subordinação imediata ou direta, visto que ela se enquadra diretamente na lei penal incriminadora, sem necessidade de interposição de qualquer outro dispositivo legal contido na parte geral.
Nos crimes materiais e culposos, considera-se o crime consumado, quando se verifica a produção de seu resultado, no caso do homicídio, por exemplo, consuma-se com o resultado morte. 
Já nos omissivos próprios (aqueles que não se tem o dever jurídico de agir) se dá com a abstenção do comportamento imposto, ou seja, se caracterizam pela simples omissão, o deixar de fazer algo estabelecido em lei, como no caso da omissão de socorro.
Os crimes de mera conduta se consumam com o simples comportamento previsto no tipo penal, ainda que esses não tenham resultado algum, pois a probabilidade de ocorrer algum dano é presumida pelo tipo penal, como se verifica na violação de domicilio, por exemplo.
Logo nos crimes formais a consumação se faz com a pratica da conduta, independente de qual seja o seu resultado. No caso da ameaça, por exemplo, se prevê apenas a conduta de quem ameaça, não importando se o resultado da ameaça aconteça, tão pouco se a pessoa se sinta constrangida, o simples fato de se ameaçar alguém já considera o crime consumado.
Por fim, nos crimes qualificados pelo resultado a consumação se faz com a ocorrência do resultado, enquanto que nos crimes permanentes se dá enquanto durar sua permanência, como nesse último caso o sequestro que se considera consumado enquanto o sequestro durar.
CRIME TENTADO – ART. 14, II do CÓDIGO PENAL
Art. 14 - Diz-se o crime: II - Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
O crime tentado, também conhecido como conatus, crime imperfeito ou até como crime incompleto é, necessariamente, um ato de execução.
O ato de tentativa exige que o sujeito tenha praticado atos executórios, que por circunstancias alheias a sua vontade (forças estranhas ao seu propósito) não seja executado até o final, fazendo com que não se concretize a consumação, não permitindo que a tipicidade seja finalizada, ou seja, concluída.
O crime tentado previsto no art. 14, II, do Código Penal não goza de autonomia, pois não existe a tentativa por si só, isoladamente. Sua aplicação reclama a realização de um tipo incriminador, previsto na Parte Especial do Código Penal ou pela legislação penal especial, assim como o concurso de pessoas.
Sendo assim sua norma definidora é de norma de extensão ou de ampliação da conduta, visto que ela amplia a figura típica do tipo penal abrangendo situações não previstas nele, definindo então o crime em sua forma tentada.
A adequação típica (tipificação) de um crime tentado é de subordinação mediata, ampliada por extensão, já que a conduta humana não se enquadra diretamente na lei penal incriminadora, necessitando, para complementar a tipicidade, a interposição do dispositivo contido no art. 14, II, do Código Penal.
Portanto, a tipificação do homicídio tentado, por exemplo, é art. 121, caput, c/c o art. 14, II, todos do Código Penal.
ELEMENTOS
São três os elementos que compõem a estrutura do crime tentado:
início da execução – o crime permite a tentativa quando puder fracionar o iter criminis, sendo assim para que o crime se configure em sua forma tentada é necessário que o ato de execução tenha sido iniciado, pois atos preparatórios em regra, não se configuram como crime;
ausência de consumação por circunstancias alheias a vontade do agente – se refere a qualquer fato externo que, de qualquer modo, influencie na interrupção da execução.
dolo de consumação – o dolo da tentativa é igual ao dolo da consumação, pois entende-se que o agente tinha a intenção de alcançar a consumação, mas por circunstâncias alheias à sua vontade não conseguiu atingir seu objetivo. Sendo assim, se equivalem apenas na esfera subjetiva do agente, pois a intenção é a mesma, entretanto são diferentes na esfera objetiva, visto que seu resultado é diverso do que seria produzido.
PUNIBILIDADE DA TENTATIVA
Art. 14.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Dentre as diversas teorias que buscam fundamentar a punibilidade da tentativa, duas, foram às adotadas pelo código penal, a teoria subjetiva e a teoria objetiva.
Teoria subjetiva – também denominada de voluntarística ou monista, ocupa-se exclusivamente da vontade criminosa, que pode se revelar tanto na fase dos atos preparatórios como também durante a execução, ou seja, o sujeito é punido pela sua intenção (vontade de produzir) independente do resultado.
PENA DA TENTATIVA = PENA DO CRIME CONSUMADO
Teoria objetiva – também denominada de realística ou dualística a tentativa é punida em face do perigo proporcionado ao bem jurídico tutelado pela lei penal, ou seja, com uma proporção diferente. Considera-se que a tentativa deve receber punição inferior à do crime consumado, pois o bem jurídico não foi atingido integralmente.PENA DA TENTATIVA < PENA DO CRIME CONSUMADO
Logo, o Código Penal acolheu como regra a Teoria objetiva, realística ou dualista, ao determinar que a pena da tentativa deve ser correspondente à pena do crime consumado, diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços), visto que o desvalor do resultado é menor quando comparado ao do crime consumado.
Entretanto, excepcionalmente (salvo disposição em contrario) há casos, restritos, em que o crime consumado e o crime tentado admitem igual punição. Que são os casos de delitos de atentado ou de empreendimento. Nesses casos, a própria norma incriminadora, dispõe em seu texto que a forma tentada de determinado delito também é equiparada ao seu tipo consumado.
Ex. Art. 352 CP - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido à medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.
Sendo assim, a tentativa constitui-se em causa obrigatória de diminuição da pena, onde se subtrai o quórum de no mínimo 1/3 e no máximo 2/3 correspondente com a pena do crime consumado.
O critério decisivo para se determinar qual será o quórum utilizado para a diminuição da pena, é a distância percorrida do iter criminis, ou seja, maior ou menor proximidade da consumação.
Quanto MAIOR a proximidade da consumação do crime praticado MENOR será a diminuição da pena, ou seja, será reduzido 1/3 da pena e o tempo a ser cumprido será maior.
Quanto menor a proximidade da consumação do crime praticado maior será a diminuição da pena, ou seja, será reduzido 2/3 da pena e o tempo a ser cumprido será menor.
Lembrando-se que não interfere na diminuição da pena a maior ou menor gravidade do crime, bem como os meios empregados para sua execução, ou as condições pessoais do agente (como antecedentes criminais e a circunstância de ser primário ou reincidente) o que se analisa é se houve maior ou menor proximidade da consumação do delito praticado.
ESPECIES DA TENTATIVA
A tentativa comporta as seguintes espécies:
Tentativa branca ou incruenta – objeto material não é atingido pela conduta criminosa. Após utilizar os meios que possuía o agente não consegue atingir pessoa/coisa pretendida.

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