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Escolas Penais

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DIREITO PENAL I – ESCOLAS PENAIS OU HISTÓRIA DO PENSAMENTO CRIMINOLÓGICO
Prof. Yuri Serra Teixeira
ESCOLA CLÁSSICA DO DIREITO PENAL
 Também chamada de Escola Idealista, filosófico-jurídica ou crítico forense;
 Denominação (nomenclatura) dada pela Escola Positiva;
 Edificada nas essências abstratas do liberalismo clássico (iluminismo);
 A pena é um mal imposto ao indivíduo merecedor de um castigo por motivo de uma falta considerada crime, cometida voluntária e conscientemente.
 O nascimento da criminologia;
 O momento filosófico-teórico (Beccaria) e o momento jurídico-prático (Carrara);
 O crime é um ente jurídico, ou seja é a infração do direito. Livre arbítrio no qual o homem nasce livre e pode tomar qualquer caminho, escolhendo pelo caminho do crime, responderá pela sua opção. A pena é uma retribuição ao crime (Pena retributiva).
O PANÓPTICO E JEREMY BENTHAM
Bentham, “sempre procurou um sistema de controle social, um método de controle de comportamento criminoso humano de acordo com um princípio ético. Esse princípio é proporcionado pelo utilitarismo, que se traduzia na procura da felicidade para a maioria ou simplesmente da felicidade maior. Um ato possui utilidade se visa a produzir beneficio, vantagem, prazer, bem-estar, e se serve para prevenir a dor”. (Bitencourt)
ESCOLA POSITIVA DO DIREITO PENAL (LOMBROSO)
 Movimento iniciado pelo médico Cesare Lombroso, em sua obra “O Homem Delinqüente” de 1875; 
 Concepção do criminoso nato, sujeito com predisposição física e orgânica para cometimento do delito (determinismo biológico);
 Análise por intermédio de cadáveres; 
 Algumas conclusões lombrosianas:
 Aspectos físicos: Tatuagens, assimetria craniada, orelhas de abano, zigomas, salientes, arcada superior predominante, face ampla e larga, cabelos abundantes, além de aspectos como a estatura, peso, braçada, insensibilidade física;
 Aspectos psicológicos: insensibilidade moral, impulsividade, vaidade, preguiça e epilepsia. 
MUSEO DI ANTROPOLOGIA CRIMINALE CESARE LOMBROSO
ESCOLA POSITIVA DO DIREITO PENAL (ENRICO FERRI)
 Natos: são aqueles indivíduos com atrofia do senso moral;
 Loucos: também se incluíam os matóides, que são aqueles indivíduos que estão na linha entre a sanidade e a insanidade, atualmente a psicologia utiliza  o termo “Border line” para classificar esse tipo de disfunção.
 Habitual: é aquele indivíduo que sofreu a influência de aspectos externos, de meio social inadequado. Ex: ao cometer um pequeno delito, o jovem vai cumprir pena em local inadequado, entrando em contato com delinqüentes que acabam por o corromper. 
 Ocasional: é aquele ser fraco de espírito, sem nenhuma firmeza de caráter.
 Passional ( sob o efeito da paixão): ser de bom caráter mas de temperamento nervoso e com sensibilidade exagerada.  Normalmente o crime acontece na juventude, vindo o indivíduo a confessar e arrepender-se depois. Freqüentemente ocorrem suicídios.
SOCIOLOGIA CRIMINAL: DIVISÃO ENTRE TRÊS GRANDES GRUPOS: FATORES ANTROPOLÓGICOS, FÍSICOS E SOCIAIS.
ESCOLA POSITIVA DO DIREITO PENAL (RAFAEL GAROFALO)
Principais contribuições para a escola positivista:
a) A periculosidade como fundamento da responsabilidade do delinqüente;
b) A prevenção especial como fim da pena, que, aliás, é um característica comum da corrente positivista;
c) Fundamentou o direito de punir sobre a teoria da defesa social, deixando, por isso, em segundo plano os objetivos reabilitadores;
d) Formulou uma definição sociológica do crime natural, uma que pretendia superar a noção jurídica. A importância do conceito natural de delito residia em permitir ao cientista criminólogo a possibilidade de identificar a conduta que lhe interessasse mais. 
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DIFERENÇAS ENTRE ESCOLA CLÁSSICA E POSITIVA
Aescola clássica é corrente do liberal-iluminismo, inspirado na luta da burguesia contra o Estado Absolutista, de modo que prega o controle do Estado pela sociedade.
Aescola positiva é fundamentada no cientificismo e no determinismo das ciências naturais. Seu pensamento sobrepõe o Estado à sociedade, no controle da ordem social imposta pelo capitalismo.
“A Escola Clássica e a Escola positiva foram as duas únicas escolas que possuíam posições extremas e filosoficamente bem definidas”. (Bitencourt)
“As diferenças entre as escolas positivistas e a teoria sobre criminalidade da escola liberal clássica não residem, por isso, tanto no conteúdo da ideologia da defesa social e dos valores fundamentais considerados dignos de tutela, quanto na atitude metodológica geral com relação à explicação da criminalidade”. (Alessandro Baratta).
IDEOLOGIA DA DEFESA SOCIAL
Princípio da legitimidade: O Estado, como expressão da sociedade, está legitimado para reprimir a criminalidade, da qual são responsáveis determinados indivíduos, por meio de instâncias oficiais de controle social (legislação, policia, magistratura, instituições penitenciárias). Estas interpretam a legitima reação da sociedade, ou da grande maioria dela, dirigida à reprovação e condenação do comportamento desviante individual e à reafirmação dos valores e das normas sociais;
 Princípio do bem e do mal: O delito é um dano para a sociedade. O delinquente é um elemento negativo e disfuncional do sistema social. O desvio criminal é, pois, o mal; a sociedade constituída, o bem;
Princípio da culpabilidade: O delito é expressão de uma atitude inferior reprovável, porque contrária aos valores e às normas, presentes na sociedade mesmo antes de serem sancionadas pelo legislador.
Princípio da finalidade ou da prevenção: A pena não tem, ou não tem somente, a função de retribuir, mas a de prevenir o crime. Como sanção abstratamente prevista em lei, tem a função de criar uma justa e adequada contramotivação ao comportamento criminoso. Como sanção concreta, exerce a função de ressocializar o delinqüente. 
Princípio da igualdade: A criminalidade é violação da lei penal e, como tal, é o comportamento de uma minoria desviante. A lei penal é igual para todos. A reação penal se aplica de modo igual aos autores de delitos.
Princípio do interesse social e do delito natural: O núcleo central dos delitos definidos nos códigos penais das nações civilizadas representa ofensa de interesses fundamentais, de condições essenciais à existência de toda sociedade. Os interesses protegidos pelo direito penal são interesses comuns a todos os cidadãos.
TEORIAS PSICANALÍTICAS DA CRIMINALIDADE
Teoria Freudiana do “Delito por sentimento de culpa”. Sociedade Punitiva.
  Negação do Princípio da Culpabilidade
“A função psicossocial que atribuem à reação punitiva permite interpretar como mistificação racionalizante as pretensas funções preventivas, defensivas e éticas sobre as quais se baseia a ideologia da defesa social (princípio da legitimidade) e em geral toda a ideologia penal. Segundo as teorias psicanalíticas da sociedade punitiva, a reação penal ao comportamento delituoso não tem a função de eliminar ou circunscrever a criminalidade, mas corresponde a mecanismos psicológicos em face dos quais o desvio criminalizado aparece como necessário e ineliminável da sociedade”. (Baratta)
TEORIA ESTRUTURAL FUNCIONALISTA DO DESVIO (ANOMIA)
Negação do Principio do bem e do mal
Princípios fundamentais da teoria estrutural-funcionalista:
As causas do desvio não devem ser pesquisadas nem em fatores bioantropológicos e naturais (clima, raça), nem em uma situação patológica da estrutura social.
O desvio é um fenômeno normal de toda estrutura social;
Somente quando são ultrapassados determinados limites, o fenômeno do desvio é negativo para a existência e o desenvolvimento da estrutura social, seguindo-se um estado de desorganização, no qual todo o sistema de regras de conduta perde valor, enquanto um novo sistema ainda não se afirmou. Ao contrário, dentro de seus limites funcionais, o comportamento desviante é um fator necessário e útil para o equilíbrio e o desenvolvimento sociocultural. 
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL
TEORIAS DAS SUBCULTURAS CRIMINAIS 
“A relação
entre a teoria funcionalista e a teoria das subculturas criminais não é uma relação de exclusão recíproca, mas pode ser considerada, melhor, como uma relação de compabitibilidade. De fato, as duas teorias se desenvolvem, em parte, sobre dois planos diferentes: a primeira, pretende estudar o vinculo funcional do comportamento desviante com a estrutura social; a segunda [...] se preocupa principalmente em estudar como a subcultura delinqüência se comunica aos jovens delinqüentes e, portanto, deixa em aberto o problema estrutural da origem dos modelos subculturais de comportamento que são comunicados”. (Baratta)
 Negação do Princípio da Culpabilidade
O NOVO PARADIGMA CRIMINOLÓGICO: LABELING APPROACH
 Negação do Princípio do Fim ou da Prevenção
 O nascimento a partir da crítica:
As teorias anteriores colocam ênfase sobre as características particulares que distinguem a socialização e os defeitos de socialização, às quais estão expostos muitos dos indivíduos que se tornam delinqüentes.
Elas mostram como esta exposição não depende tanto da disponibilidade dos indivíduos, quanto das diferenciações dos contatos sociais e da participação na subcultura. 
Elas dependem, por sua vez, em sua incidência sobre a socialização do individuo segundo o conteúdo específico dos valores (positivo ou negativo), das normas e técnicas que as caracterizam, dos fenômenos de estratificação, desorganização e conflitualidade ligados à estrutura social. 
Pelo menos dentro de certo limites, a adesão a valores, normas, definições e o uso de técnicas que motivam e tornam possível um comportamento “criminoso”, são um fenômeno não diferente do que se encontra no caso do comportamento conforme à lei.
A TEORIA DO LABELING APPROACH
 Criminologia tradicional – “Quem é criminoso?”, “Como se torna desviante?”, “Em quais condições um condenado se torna reincidente?”, “Com que meios se pode exercer controle sobre o criminoso?”
 Labeling Approach – “Quem é definido como desviante?”, “Que efeito decorre desta definição sobre o individuo?”, “Em que condições este individuo pode ser tornar objeto de uma definição?”, “Quem define quem?”
Não se pode compreender a criminalidade se não se estuda a ação do sistema penal, que a define e reage contra ela, começando pelas normas abstratas até a ação das instâncias oficiais , e que, por isso, o status social de delinqüência pressupõe, necessariamente, o efeito da atividade das instâncias oficiais de controle social da delinqüência, enquanto não adquire esse status aquele que, apesar de ter realizado o mesmo comportamento punível, não é alcançado, todavia, pela ação daquelas instâncias. (Baratta)
A ROTULAÇÃO SOCIAL (ETIQUETAMENTO)
A formação da “identidade” desviante, e do que se define como “desvio secundário”, ou seja, o efeito da aplicação da etiqueta de “criminoso” (ou também de “doente mental”) sobre a pessoa em quem se aplica a etiqueta”
Teoria dos 3P ou PPP
Efeitos secundários
Geografia Social
A CRIMINOLOGIA CRÍTICA
Na perspectiva da criminologia crítica a criminalidade não é mais uma qualidade ontológica de determinados comportamentos e de determinados indivíduos, mas se revela, principalmente, como um status atribuído a determinados indivíduos, mediante uma dupla seleção, em primeiro lugar, a seleção dos bens protegidos penalmente, e dos comportamentos ofensivos destes bens, descritos nos tipos penais; em segundo lugar, a seleção dos indivíduos estigmatizados entre todos os indivíduos que realizam infrações a normas penalmente sancionadas. (Baratta)
QUADRO SINÓTICO DAS TEORIAS CRIMINOLÓGICAS
Teorias
Denominações
Principais Expoentes
Definição
Clássica
Humanitária
Beccaria, Carrara e Bentham
Superação das penas de vingança, base liberal-iluminista, ideologia do contrato social
Positiva
Biológica
Lombroso,Ferri e Garofalo
Acepção de definições biológicas, aproximação da medicina na caracterização do criminoso
Sociológica
Psicanalítica
Freud
Negação da ideologia de defesa social, delito por sentimento de culpa.
Anomia
Durkheim
O crime como fenômeno social, sujeito para qualquer situação, a depender do ambiente que pode provocar e influenciar.
Associação Diferencial
Sutherland
O comportamento criminoso se dá pela prática de determinados comportamentos que podem influenciar na prática do delito
Subculturas Criminais
Schaw e Trascher
A criminalidade é alimentada pela subcultura própria do sistema capitalista, então sua economia sobrevivi por intermédio da criminalidadesubterrânea.
Crítica
Labeling Approach
Becker, Lemert e Schur
A rotulação do criminoso mantem o histórico de violência e a criminalidade.
Criminologia Crítica
Baratta, Zaffaroni, Batista
Base foucaultiana e marxista, estuda as relações de poder na criminalidade e o efeito criminoso
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
1) (FCC – 2012 – Defensor Público) Paulo, executivo do mercado financeiro, após um dia estressante de trabalho, foi demitido. O mundo desabara sobre sua cabeça. Pegou seu carro e o que mais queria era chegar em casa. Mas o horário era de rush e o trânsito estava caótico, ainda chovia. No interior de seu carro sentiu o trauma da demissão e só pensava nas dívidas que já estavam para vencer, quando fora acometido de uma sensação terrível: uma mistura de fracasso, com frustração, impotência, medo e etc. Neste instante, sem quê nem porque, apenas querendo chegar em casa, jogou seu carro para o acostamento, onde atropelou um ciclista que por ali trafegava, subiu no passeio onde atropelou um casal que ali se encontrava, andou por mais de 200 metros até bater num poste, desceu do carro meio tonto e não hesitou, agrediu um motoqueiro e subtraiu a motocicleta, evadindo- se em desabalada carreira, rumo à sua casa. Naquele dia, Paulo, um pacato cidadão, pagador de impostos, bom pai de família, representante da classe média- alta daquela metrópole, transformou-se num criminoso perigoso, uma fera que ocupara as notícias dos principais telejornais. Diante do caso narrado, identifique dentre as Teorias abaixo, a que melhor analisa (estuda/explica) o caso.
Escola de Chicago.
Teoria da Associação Diferencial.
Teoria da Anomia.
Teoria do Labeling approach.
Teoria Crítica
2 – (FCC – 2012 – Defensor Público) Assinale a alternativa correta:
A criminologia crítica defende a análise individualizada da periculosidade do agente como direito inerente ao princípio do respeito à dignidade humana.
A Escola positivista pregava a análise puramente objetiva do fato, deixando em segundo plano as características pessoais de seu autor.
A teoria retributiva dos fins da pena foi desenvolvida a partir dos estudos de Lombroso e Garofalo, em meados do século XVIII.
A teoria do labelling approach dispõe-se a estudar, dentre outros aspectos do sistema punitivo, os mecanismos de reação social ao delito e a influência destes na reprodução da criminalidade.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
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