Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
DIREITO CIVIL PROFESSOR GIOVANNI COMODARO SUPEREDITAL ESQUEMATIZADO Elaborado pelos professores, o superedital esquematizado desvenda os pontos de cada uma das disciplinas cobradas nos concursos para analista e técnico de Tribunais e MPU. Em cada item de cada matéria, você encontrará comentários dos professores relativos a: I. Nível de incidência; II. Predileção das bancas; III. Texto normativo; IV. Como normalmente é cobrado (se texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência) V. Tópicos que merecem atenção especial VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” PONTOS DE DIREITO CIVIL 1. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/1942). 1.1. Lei. 1.1.1. Vigência no tempo e no espaço. 1.1.2. Interpretação e integração. 2. Código Civil (Lei nº 10.406/2002). 2.1. Personalidade e capacidade jurídica. 2.2. Direitos da personalidade. 2.3. Ausência. 2.4. Nome. Estado. Domicílio. 3. Pessoas jurídicas. 3.1. Conceito. Elementos. 3.2. Constituição. Domicílio. 3.3. Sociedades de fato. Grupos despersonalizados. 3.4. Associações. Sociedades. Fundações. 3.5. Responsabilidade. 3.6. Desconsideração da personalidade jurídica. Extinção. 4. Bens. 4.1. Coisa e bem. 4.2. Classificação. 4.3. Coisas fora do comércio. 5. Fatos Jurídicos. 5.1. Negócios jurídicos. 5.1.1. Requisitos de validade. 5.1.2. Representação. Interpretação. 5.1.3. Modalidades. Forma. 5.1.4. Defeitos. Simulação. 5.1.5. Invalidade. 5.2. Atos jurídicos lícitos. 5.3. Atos ilícitos. Abuso de direito. 6. Prescrição e decadência. 7. Prova. 8. Obrigações. 8.1. Princípios. Boa-fé. 8.2. Modalidades: 8.2.1 Obrigações puras e simples, condicionais e modais. Líquidas e ilíquidas. De dar, fazer e não-fazer. 8.2.2. Alternativas e facultativas. Divisíveis e indivisíveis. Solidárias. Civis e naturais. Principais e acessórias. 8.2.3. De meio, de resultado e de garantia. De execução instantânea, diferida e continuada. 8.3. Transmissão. 8.4. Adimplemento. Extinção. 8.5. Inadimplemento. 9. Contratos. 9.1. Princípios. Classificação. 9.2. Formação. Evicção. 9.3. Vícios redibitórios. Extinção. 10. Contratos em espécie. 10.1. Compra e venda. Doação. 10.2. Mandato. Transação. Fiança. 10.3. Locação de coisas. Depósito. 10.4. Empréstimo. Mútuo. Comodato. 10.5. Prestação de serviço. Empreitada. 10.6. Seguro. Seguro de dano. 11. Atos unilaterais. 12. Responsabilidade civil. 12.1. Indenização. Caso fortuito e força maior. 12.2.. Responsabilidade civil por danos causados ao ambiente, ao consumidor e a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e paisagístico. 13. Direito de empresa. 13.1. Empresário. 13.2. Estabelecimento. 14. Títulos de crédito. 14.1 Títulos ao portador, à ordem e nominativos. 14.2. Preferências e privilégios creditórios. 15. Direitos reais. 15.1. Posse e propriedade. 15.2. Aquisição e perda da propriedade imóvel. 15.3. Superfície. Servidões. Usufruto. 15.4. Uso. Habitação. Direito do promitente comprador. 15.5. Direitos reais de garantia. Penhor. Hipoteca. Anticrese. 16. Direito de família. 16.1. Relações de parentesco. 16.2. Casamento. Regime de bens. 16.3. Usufruto e administração dos bens de filhos menores. 16.4. Bem de família. 16.5. União estável. Concubinato. 16.6. Tutela. Curatela. 17. Direito das sucessões. 17.1. Sucessão em geral. 17.2. Sucessão legítima. 17.3. Sucessão testamentária. 17.4. Inventário e partilha. 18. Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei no 8.078/1990). 18.1. Consumidor. Fornecedor. Produto e serviço. 18.2. Direitos básicos do consumidor. Qualidade de produtos e serviços. 18.3. Prevenção e reparação dos danos. Práticas comerciais. Proteção contratual. 19. Guarda compartilhada de filhos (Leis no 11.698/2008 e 13.058/2014). 20. Registros Públicos. 21. Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003). 22. Locação de imóveis urbanos (Lei nº 8.245/1991). 22.1. Locação em geral. Aluguel. Deveres do locador e do locatário. 22.2. Sublocações. Direito de preferência. Benfeitorias. 22.3. Garantias locatícias. Penalidades civis. Nulidades. 22.4. Locação residencial. Locação para temporada. Locação não residencial. 23. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990). 23.1. Direitos fundamentais. Prevenção. Medidas de proteção. 23.2. Perda e suspensão do poder familiar. 23.3. Colocação em família substituta. Destituição da tutela. 1. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/1942). 1.1. Lei. 1.1.1. Vigência no tempo e no espaço. 1.1.2. Interpretação e integração I. Nível de incidência: Alto. II. Predileção das bancas: Cespe, FCC e Consulplan. III. Texto normativo: Artigos 1º a 19 da LINDB. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo e doutrina. V. Tópicos que merecem atenção especial Vacatio legis, retroatividade legal e regras de incidência da lei brasileira ou estrangeira são os tópicos mais cobrados. Atenção especial para o artigo 1º e seus parágrafos, cuja regulação é avaliada com frequência. Também o tema da revogação (expressa ou tácita/total ou parcial), bem como o da repristinação, tratados no artigo 2º e seus parágrafos, têm incidência significativa. VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” As bancas têm a prática de afirmar a impossibilidade de alteração do período de 45 dias para a vacatio legis em território nacional, quando a lei expressamente admite ressalvas a esse prazo. Também costumam elaborar alternativas associando as hipóteses de irretroatividade legal (direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada) a conceitos errados, “trocando-os” entre as referidas hipóteses. 2. 2. Código Civil (Lei nº 10.406/2002). 2.1. Personalidade e capacidade jurídica. 2.2. Direitos da personalidade. 2.3. Ausência. 2.4. Nome. Estado. Domicílio. I. Nível de incidência: Alto. II. Predileção das bancas: Cespe, FCC e Consulplan. III. Texto normativo: Artigos 1º a 39 e 70 a 78 do CC; Lei nº 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos); Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência). IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo e doutrina. V. Tópicos que merecem atenção especial As alterações trazidas à teoria das incapacidades jurídicas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência têm grande chance de serem cobradas. O novo estatuto reduziu os absolutamente incapazes, p. ex., à categoria dos menores impúberes (idade inferior a 16 anos), eliminando dessa qualificação os que apresentam insanidade mental permanente e duradoura e o que não possam manifestar seu consentimento por causa transitória. VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” As “pegadinhas” mais encontradas nessas temáticas referem-se à morte presumida com e sem a decretação prévia de ausência. As questões costumam definir prazos que não se aplicam às hipóteses de indícios veementes de morte real (desaparecimento em circunstância de risco de morte e envolvimento em campanha militar), por serem extraídos das regras relativas à ausência. Atenção também aos direitos da personalidade, sempre presentes com ao menos uma pergunta. 3. Pessoas jurídicas. 3.1. Conceito. Elementos. 3.2. Constituição. Domicílio. 3.3. Sociedades de fato. Grupos despersonalizados. 3.4. Associações. Sociedades. Fundações. 3.5. Responsabilidade. 3.6. Desconsideração da personalidade jurídica. Extinção. I. Nível de incidência: Médio. II. Predileção das bancas: FCC e Consulplan. III. Texto normativo: Artigos 40 a 69 do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo, doutrina e jurisprudência. V. Tópicos que merecem atenção especial A classificação das pessoas jurídicas quanto ao regime jurídico (direito público e direito privado) é o assunto mais questionado, particularmente nas provas da FCC. O grau de detalhamento das questões exige memorização das espécies elencadas nos artigos 41 (pessoas jurídicas de direito público interno) e 44 (pessoas jurídicas de direito privado). Atenção também à desconsideração da personalidade jurídica (art. 50), por ser instituto jurídico inexistente no Código Civil anterior e que frequentemente desperta o interesse das bancas por sua relevância na preservação das entidades. VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” Costuma-se apresentar uma relação de pessoas jurídicas de certa natureza com espécies de outra – p. ex., um conjunto de entidades de direito público contemplando uma modalidade de direito privado, ou vice-versa. Daí o cuidado de se ter o registro preciso de todas as espécies e suas respectivas categorias. Deve-se recordar sempre que o mecanismo da desconsideração da pessoa jurídica não acarreta a dissolução da entidade (ou a despersonalização), como algumas provas trouxeram mais de uma vez. 4. 4. Bens. 4.1. Coisa e bem. 4.2. Classificação. 4.3. Coisas fora do comércio I. Nível de incidência: Baixo. II. Predileção das bancas: FCC, Cespe e Consulplan. III. Texto normativo: Artigos 79 a 103 do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo. V. Tópicos que merecem atenção especial Dedique mais tempo aos bens públicos e sua classificação (uso comum, uso especial e dominicais). Atenção para as três características que os singularizam: inalienabilidade, impenhorabilidade e imprescritibilidade. Em virtude de sua incidência prática, a classificação dos bens em móveis e imóveis também é questionada com relativa frequência, principalmente no que se refere às categorias de imóveis (natureza, acessão física artificial, acessão intelectual e determinação legal). Raramente se avaliam as coisas fora do comércio, que são reportadas ao se tratar dos direitos da personalidade e sua ausência de valor econômico. VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” Dois pontos reclamam certo cuidado: a possibilidade de uso remunerado dos bens públicos de uso comum (haja vista a cobrança de pedágio em estradas públicas) e qualificação do direito à sucessão aberta como bem imóvel ainda que a herança reúna apenas bens móveis. Bom lembrar que os bens singulares não perdem sua individualidade ao se agregarem para a formação do bem coletivo, embora assertivas de provas, mais de uma vez, tenham declarado o contrário. 5. 5. Fatos Jurídicos. 5.1. Negócios jurídicos. 5.1.1. Requisitos de validade. 5.1.2. Representação. Interpretação. 5.1.3. Modalidades. Forma. 5.1.4. Defeitos. Simulação. 5.1.5. Invalidade. 5.2. Atos jurídicos lícitos. 5.3. Atos ilícitos. Abuso de direito. I. Nível de incidência: Alto. II. Predileção das bancas: FCC, Cespe e Consulplan. III. Texto normativo: Artigos 104 a 188 do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo, doutrina e jurisprudência. V. Tópicos que merecem atenção especial Trata-se de um dos conteúdos mais avaliados no âmbito da Parte Geral do Código Civil. As questões mais incidentes versam desde os requisitos de validade do negócio jurídico até os seus defeitos, passando pelos elementos acidentais que pode apresentar (condição, termo e encargo ou modo). Mas o assunto de destaque são os defeitos do negócio jurídico, exigindo do candidato domínio do exato conceito de cada figura (erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores). Cuidado com a fácil confusão sobre os efeitos do erro acidental e do dolo acidental, pois só este último, entre os dois, possibilita pernas e danos. Atenção para a jurisprudência referente ao estado de perigo, que, a despeito do que prevê o Código Civil, sustenta que o ato não deve ser anulado, mas ajustado ao interesse dos envolvidos e à solução adequada. VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” Atenção para as exigências de validade do negócio jurídico, que abrangem três requisitos expressamente citados em lei (agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei) e um identificado pela doutrina (consentimento válido), a partir de análise sistemática do Código Civil. No tema da condição, cuidado para as “pegadinhas” envolvendo as modalidades suspensiva e resolutiva, quase sempre apresentadas com os conceitos invertidos. Tal inversão também aparece bastante na definição dos defeitos do negócio jurídico. Lembrar que somente a coação relativa (de ordem moral ou psicológica) é causa de anulação do negócio, enquanto a coação absoluta (de ordem física) torna-o inexistente – houve questão ignorando essa distinção. Por fim, a simulação não é defeito do negócio jurídico, mas causa de sua nulidade – mantendo-se o negócio dissimulado, se for válido na sua forma e substância. 6. Prescrição e decadência. I. Nível de incidência: Alto. II. Predileção das bancas: Cespe, FCC e Consulplan. III. Texto normativo: Artigos 189 a 211 do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo, doutrina e jurisprudência. V. Tópicos que merecem atenção especial Recomenda-se a máxima dedicação aos temas. E um esforço para a retenção do texto legal puro, pois assim a prescrição e a decadência são quase sempre avaliadas. As causas de suspensão e interrupção parecem ser obrigatórias nesses concursos; portanto, é essencial a memorização das suas hipóteses. Também é fundamental registrar os prazos prescricionais, que se encontram todos nos artigos 205 (regra geral) e 206 do Código Civil; os demais prazos citados ao longo do Código serão decadenciais – ou seja, a princípio, não se interrompem, nem se suspendem. VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” As bancas examinadoras primam pelo detalhamento das questões sobre prescrição e decadência. É muito comum haver longas assertivas trazendo como único erro o prazo indicado. Também se notam ressalvas mais frequentes – como as que dispõem sobre a não fluência do prazo prescricional durante a sociedade conjugal e o prosseguimento da prescrição em desfavor do sucessor daquele contra quem se iniciou. Mas o cuidado maior fica por conta das causas de suspensão e interrupção e sua incorreta associação às hipóteses normalmente selecionadas. 7. Prova. I. Nível de incidência: Baixo. II. Predileção das bancas: FCC e Consulplan. III. Texto normativo: Artigos 212 a 232 do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo. V. Tópicos que merecem atenção especial É um dos pontos menos cobrados em todo o conteúdo de Direito Civil, talvez por ter o seu estudo tratado também no âmbito do Direito Processual. Merecem mais atenção o rol das modalidades previstas em lei (art. 212, I a V, CC) e a regra do artigo 232 (“A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame”), esta última cobrada mais de uma vez. Cuidado também com a importante alteração do artigo 228 do CC, que passou a admitir como testemunhas as pessoas que apresentem deficiência, por força da Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência). VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” A prova do negócio jurídico a que se impõe forma especial se faz pela apresentação desse modo obrigatório pelo qual ele foi realizado (art. 212, caput, CC). Os concursos podem sugerir que também para esse caso seria necessário recorrer aos meios de prova elencados no mesmo dispositivo, quando a forma adequadamente respeitada já cumpre esse papel. 8. Obrigações. 8.1. Princípios. Boa-fé. 8.2. Modalidades: 8.2.1 Obrigações puras e simples, condicionais e modais. Líquidas e ilíquidas. De dar, fazer e não-fazer. 8.2.2. Alternativas e facultativas. Divisíveis e indivisíveis. Solidárias. Civis e naturais. Principais e acessórias. 8.2.3. De meio, de resultado e de garantia. De execução instantânea, diferida e continuada. 8.3. Transmissão. 8.4. Adimplemento. Extinção. 8.5. Inadimplemento. I. Nível de incidência: Alto. II. Predileção das bancas: FCC, Cespe e Consulplan. III. Texto normativo: Artigos 233 a 420 do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo, doutrina e jurisprudência. V. Tópicos que merecem atenção especial As obrigações de dar, fazer e não-fazer estão presentes em grande parte das provas, com destaque para as obrigações de dar e sua classificação (obrigação de dar coisa certa e incerta, obrigação de entregar e de restituir). Mais de uma vez indagou-se sobre a regra de que o acessório segue o principal aplicada à obrigação de dar coisa certa, de modo que pertencem ao devedor, até a tradição, os melhoramentos do bem negociado, permitindo-se a extinção do vínculo obrigacional se o credor não concordar em pagar pelo acréscimo (art. 237, caput, CC). As obrigações solidárias, por sua vez, são ainda mais cobradas, sendo prudente um estudo cuidadoso (de memorização mesmo) das normas que regem a solidariedade passiva (arts. 275 a 285, CC). No âmbito da transmissão das obrigações, ressalte-se a importância dada à cessão de crédito, particularmente à abrangência da responsabilidade do cedente (arts. 295 a 297, CC). No que pertine ao pagamento e extinção das obrigações, exige-se dedicação especialíssima aos meios indiretos de pagamento (arts. 334 a 388, CC)! São muito explorados os mecanismos do pagamento em consignação, pagamento por sub-rogação, imputação do pagamento etc. O pagamento direto (arts. 305 a 333, CC) tem a sua importância, mas em menor grau. Entre os institutos relacionados ao inadimplemento das obrigações (arts. 389 a 420, CC), atenção para os institutos da mora, cláusula penal e arras. VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” Atente-se para questões de responsabilidade civil na hipótese de perecimento do bem objeto de obrigação de restituir. Inexistindo a culpa do devedor e pela regra segundo a qual res perit domino (a coisa perece para o seu dono), a perda total do bem antes de sua devolução acarreta prejuízo ao credor, na qualidade de proprietário, não ao devedor, por ser simples possuidor (art. 238, CC). Importa frisar que a renúncia à solidariedade passiva não implica renúncia à dívida, somente a liberação do devedor contemplado de responder pela totalidade da obrigação, ficando agora vinculado exclusivamente pela sua parte (art. 282, CC). Houve questão informando sobre variados meios indiretos de pagamento, mas atribuindo conceitos “trocados” a cada um deles (quando se define, p. ex., o pagamento por consignação pelo conceito da imputação do pagamento). Requer cuidado a grande proximidade conceitual entre a dação em pagamento (arts. 356 a 359, CC) e a novação objetiva (art. 360, I, CC), pois em ambos os institutos ocorre a substituição da prestação original, porém com satisfação imediata do crédito apenas na dação. Falando em novação, vale a pena registrar a regra do artigo 367 do CC, objeto de mais de uma questão: “salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas.” Inspira atenção a diferença entre mora e inadimplemento absoluto, sendo que, neste último caso, a prestação tornou-se inútil ao credor, que então pode enjeitá-la e pleitear perdas e danos (art. 395, parágrafo único, CC). 9. Contratos. 9.1. Princípios. Classificação. 9.2. Formação. Evicção. 9.3. Vícios redibitórios. Extinção. I. Nível de incidência: Médio. II. Predileção das bancas: Cespe e FCC. III. Texto normativo: Artigos 421 a 480 do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo e doutrina. V. Tópicos que merecem atenção especial Reflexo do exercício da autonomia privada da vontade, o contrato atípico costuma ser cobrado, com a observação de somente ter validade se respeitar a ordem pública (art. 425, CC). Atenção para as hipóteses que excepcionam o pacta sunt servanda (princípio da obrigatoriedade contratual): caso fortuito, força maior e onerosidade excessiva. A respeito desta, lembrar que a revisão contratual, ao contrário do que se dá nas duas primeiras hipóteses, não acarreta necessariamente a extinção do acordo, mas também sua adequação à nova realidade material das partes, desencadeada pelo fato extraordinário e imprevisível (arts. 478 e 479, CC). Demanda-se a máxima dedicação ao estudo da proposta, elemento de formação contratual, bem como dos casos em que deixa de obrigar, sendo o contrato celebrado entre presentes ou entre ausentes (arts. 427 e 428, CC). Encontrou-se mais de uma questão acerca da evicção e das cláusulas que possibilitam reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade do alienante (art. 448, CC). É sempre prudente recordar as diferenças conceituais entre resolução, resilição e rescisão, hipóteses de extinção dos contratos. VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” As “pegadinhas” mais encontradas nessas temáticas envolvem a exoneração do proponente quando o contrato é celebrado entre presentes ou entre ausentes. As questões misturam essas hipóteses e não raramente associam uma regra ao contexto de aplicação de outra. Cuidado também com a possibilidade de se responsabilizar o alienante pelo prejuízo da evicção quando o bem foi transferido em doação onerosa – a tendência do candidato é aceitar essa responsabilidade apenas para o caso de bem vendido, quando na referida doação o beneficiário pode assumir despesas por conta do cumprimento do encargo, sendo merecedor de indenização ou se ver evicto (art. 447, CC). 10. Contratos em espécie. 10.1. Compra e venda. Doação. 10.2. Mandato. Transação. Fiança. 10.3. Locação de coisas. Depósito. 10.4. Empréstimo. Mútuo. Comodato. 10.5. Prestação de serviço. Empreitada. 10.6. Seguro. Seguro de dano. 11. Atos unilaterais. I. Nível de incidência: Médio. II. Predileção das bancas: Cespe, FCC, Consulplan e IESES. III. Texto normativo: Artigos 481 a 853 do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo e doutrina. V. Tópicos que merecem atenção especial Os campeões de incidência são os contratos de compra e venda (arts. 481 e s., CC) e mandato (arts. 653 e s., CC). Na compra e venda, sempre se vê assertiva cuidando do preço e suas regras – com destaque para a nulidade do contrato cujo preço deve ser fixado por somente uma das partes (art. 489, CC). Também é grande a presença das cláusulas especiais ou pactos adjetos à compra e venda (arts. 505 e s., CC) e a natureza da condição, suspensiva ou resolutiva, imposta por elas ao contrato. Requer dedicação o estudo das modalidades especiais de venda – por amostra, ad mensuram e ad corpus. No âmbito do mandato, fixar as regras sobre a capacidade jurídica de mandante e mandatário e as obrigações que lhes cabem. A fiança (arts. 818 e s., CC), embora em menor medida, é tipo contratual igualmente encontrado nos concursos considerados, assim como o comodato (arts. 579 e s., CC). VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” Atenção para as regras de fixação do preço no contrato de compra e venda. É ele que confere onerosidade ao acordo, sem o qual se configura a doação (arts. 538, CC) – também caracterizada quando o preço é irrisório ou simbólico, hipóteses em que se afirmará ainda a simulação relativa. Da mesma forma, a entrega ao vendedor de outro bem, e não de dinheiro, define o contrato de permuta (art. 533, CC). Recordar que o prazo para o exercício da retrovenda (três anos) tem natureza decadencial, assim como todo prazo não arrolado nos artigos 205 e 206 do CC. Na venda por amostra (art. 484, CC), o protótipo não é o objeto contratado, mas o parâmetro a partir do qual o comprador poderá exigir exemplar idêntico, sob pena de resolução contratual. Por causa de sua natureza acessória, a fiança normalmente é indagada junto ao contrato de locação de coisas (arts. 565 e s., CC, e Lei nº 8245/91) ou da própria compra e venda. Na esfera do comodato, já se afirmou que basta ao comodante a qualidade de administrador do bem infungível – como se prevê para a locação de imóvel urbano - quando a lei exige para ele a condição de proprietário; tanto que o simples administrador só pode oferecer o bem em comodato mediante autorização especial (art. 580, CC). 12. Responsabilidade civil. 12.1. Indenização. Caso fortuito e força maior. 12.2.. Responsabilidade civil por danos causados ao ambiente, ao consumidor e a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e paisagístico. I. Nível de incidência: Alto. II. Predileção das bancas: Cespe, FCC, Consulplan e IESES. III. Texto normativo: Artigos 927 a 954 do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo, doutrina e jurisprudência. V. Tópicos que merecem atenção especial Cobram-se muito as regras gerais da responsabilidade civil (arts. 927 a 943, CC), com destaque para as hipóteses de responsabilidade objetiva do artigo 932, CC. Particularmente, a responsabilidade por danos provocados por animais e objetos (arts. 936 a 938, CC) têm incidência expressiva. Mas nada se compara à predileção das bancas pela regra do artigo 935, segundo a qual “a responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.” Sugere-se a memorização desse dispositivo. No que pertine à indenização, atenção para o artigo 944, caput, e seu parágrafo único, do CC, que definem a extensão do dano como critério fundamental para se fixar o quantum indenizatório e a gravidade da culpa, desproporcional ao prejuízo, para se ajustá-lo a um montante adequado. VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” De um modo geral, as questões mais capciosas tendem a manipular as responsabilidades subjetiva e objetiva a partir de casos bem específicos, fazendo a inversão do tratamento legal. Embora a regra ainda seja a subjetiva, quando se exige a demonstração de culpa para se impor a indenização, as bancas costumam focar suas questões nas ocorrências de responsabilidade objetiva. Também é sensato recordar sempre da responsabilidade subsidiária do incapaz (art. 928, caput e parágrafo único, CC), inovação do estatuto civil vigente que possibilita à vítima voltar-se contra o próprio autor do dano, ainda que incapaz, para obter ressarcimento, quando os responsáveis não puderem fazê-lo e desde que o procedimento não reduza o incapaz à miséria. 13. Direito de empresa. 13.1. Empresário. 13.2. Estabelecimento. 14. Títulos de crédito. 14.1 Títulos ao portador, à ordem e nominativos. 14.2. Preferências e privilégios creditórios. I. Nível de incidência: Baixo. II. Predileção das bancas: Cespe e FCC. III. Texto normativo: Artigos 966 a 1195 do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo e doutrina. V. Tópicos que merecem atenção especial Avalia-se com mais frequência os temas da empresa e do empresário (arts. 966 a 980, CC), com ênfase na capacidade empresarial, e os diversos tipos societários (arts. 981 a 1141, CC). A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI (art. 980-A) também desperta a atenção dos examinadores, por suas peculiaridades e atualidade. VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” As “pegadinhas” comuns ficam por conta das regras de funcionamento e responsabilidade das espécies de sociedade previstas em lei. Atente-se para a disciplina do artigo 988 do Código Civil e sua exceção, em se tratando de sociedade simples de advogados. Manda o Código que a sociedade simples (ou civil) seja registrada no Cartório do Registro Civil das Pessoas Jurídicas de sua sede; entretanto, a sociedade de advogados só poderá ser registrada junto ao Conselho Seccional da OAB do território em que se instalará (art. 15, § 1º, Lei nº 8906/94, Estatuto da Advocacia). 15. Direitos reais. 15.1. Posse e propriedade. 15.2. Aquisição e perda da propriedade imóvel. 15.3. Superfície. Servidões. Usufruto. 15.4. Uso. Habitação. Direito do promitente comprador. 15.5. Direitos reais de garantia. Penhor. Hipoteca. Anticrese. I. Nível de incidência: Médio. II. Predileção das bancas: Cespe, FCC e Consulplan. III. Texto normativo: Artigos 1196 a 1510 do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo e doutrina. V. Tópicos que merecem atenção especial Os temas mais explorados são os seguintes: posse e sua classificação (direta e indireta, justa e injusta etc.), qualificação do possuidor (art. 1196, CC), modalidades de ofensa à posse (ameaça de agressão iminente, turbação e esbulho) e respectivas ações judiciais (interdito proibitório, manutenção de posse e reintegração de posse); propriedade e poderes inerentes (uso, gozo, disposição e reivindicação), usucapião (requisitos gerais e modalidades); direitos reais sobre coisa alheia, notadamente usufruto, servidão, penhor, hipoteca e anticrese. VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” A respeito da posse, atentar para a equivalência jurídica entre as posses direta e indireta – que conferem a seus titulares a mesma capacidade de defesa do bem. No âmbito da propriedade, destaque para a usucapião de bem imóvel (arts. 1238 a 1244, CC) e suas espécies, priorizando-se o registro da usucapião familiar (art. 1240-A) – que exige o abandono do lar por mais de dois anos (quando a regra prevê o tempo mínimo de cinco anos para as espécies em geral). Lembrar que o usufruto, mesmo sendo o direito real sobre coisa alheia mais comprometedor da propriedade, não atribui ao titular o poder de disposição do bem – como indicaram certas questões de prova. Exploram-se também as semelhanças e diferenças entre os direitos de penhor, hipoteca e anticrese. 16. Direito de família. 16.1. Relações de parentesco. 16.2. Casamento. Regime de bens. 16.3. Usufruto e administração dos bens de filhos menores. 16.4. Bem de família. 16.5. União estável. Concubinato. 16.6. Tutela. Curatela. I. Nível de incidência: Alto. II. Predileção das bancas: Cespe, FCC e Consulplan. III. Texto normativo: Artigos 1511 a 1783-A do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo, doutrina e jurisprudência. V. Tópicos que merecem atenção especial Os temas mais cobrados são relações de parentesco (arts. 1591 a 1595, CC), casamento (arts. 1511 a 1590, CC) e regime de bens (arts. 1639 a 1688, CC). Com menos destaque, já se avaliou sobre a adoção (arts. 1618 e 1619, CC; arts. 39 a 52-D, ECA; Lei nº 12010/2009). Nas relações de parentesco, enfatiza-se o parentesco por afinidade e a regra da sua permanência na linha reta com a dissolução do casamento ou união estável que lhe deu origem (art. 1595, § 2º, CC). No que se refere ao casamento, cumpre ressaltar que se proíbe o casamento entre tios e sobrinhos (art. 1521, IV, CC), a menos que se apresente laudo médico atestando que a pretendida união não representará ameaça à saúde da eventual prole (Decreto-lei nº 3200/41, art. 2º, caput e parágrafos). O tema do regime de bens é abordado com foco na regra geral (comunhão parcial) e nos bens alcançados e nos excluídos por ela (arts. 1658 e s., CC). VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” Embora a ordem de vocação hereditária alcance os colaterais de 4º grau (primos, sobrinhos-netos e tios-avós – art. 1839, CC), os impedimentos matrimoniais limitam-se ao 3º grau (sobrinhos e tios – art. 1521, IV, CC) e, mesmo assim, poderão ser afastados nesta última hipótese, se os noivos apresentarem laudo médico favorável à união, como já referenciado. Cuidado para não confundir os dois tratamentos! Bom destacar que as obrigações derivadas de ato ilícito não comprometem o patrimônio comum do casal, salvo se reverterem em proveito do casal (art. 1659, IV, CC). O regime da separação total de bens é um gênero, do qual se depreendem duas modalidades: a separação legal (art. 1641, CC) e a separação convencional (art. 1687, CC). Elas apresentam entre si as seguintes diferenças essenciais: a separação legal é obrigatória (imposta por lei), enquanto a separação convencional é facultativa (escolhida pelos noivos, mediante pacto antenupcial); a separação legal exige a outorga conjugal para a alienação dos imóveis e sua sujeição a ônus real, sendo a separação convencional o único regime que dispensa esse consentimento (arts. 1647, I, e 1687, CC). 17. Direito das sucessões. 17.1. Sucessão em geral. 17.2. Sucessão legítima. 17.3. Sucessão testamentária. 17.4. Inventário e partilha. I. Nível de incidência: Baixo. II. Predileção das bancas: Cespe e Consulplan. III. Texto normativo: Artigos 1784 a 2027 do CC. IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo e doutrina. V. Tópicos que merecem atenção especial A ordem de vocação hereditária (art. 1829, CC) deve ser memorizada, lembrando que os colaterais nela citados são contemplados até o quarto grau (art. 1839, CC). Geralmente as provas trazem problemas práticos, exigindo do candidato a associação de duas ou mais regras sucessórias. Quase sempre o problema envolve a sucessão em graus diferentes (por cabeça e por estirpe), quando se aplica o direito de representação (art. 1851, CC), pelo qual “a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.” VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” As questões mais capciosas podem versar sobre os direitos do cônjuge e do convivente (integrante da união estável), uma vez que alguns lecionam que houve equiparação entre as duas condições jurídicas – o que não se confirma pela literalidade da lei civil! Atenção para os seguintes pontos: o cônjuge é expressamente considerado herdeiro necessário (art. 1845, CC), mas o convivente da união estável, não; ao cônjuge que seja ascendente dos herdeiros do de cujus reserva-se a quarta parte da herança, direito não atribuído ao convivente (art. 1832, CC); enquanto o cônjuge é classe sucessória privilegiada, excluindo totalmente da herança os colaterais (arts. 1829, III, e 1839, CC), o convivente só recebe a integralidade do espólio depois de todos os outros sucessores (art. 1790, IV, CC) e, mesmo assim, participando apenas dos bens adquiridos onerosamente ao longo da união estável (art. 1790, caput, CC). 18. Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei no 8.078/1990). 18.1. Consumidor. Fornecedor. Produto e serviço. 18.2. Direitos básicos do consumidor. Qualidade de produtos e serviços. 18.3. Prevenção e reparação dos danos. Práticas comerciais. Proteção contratual. I. Nível de incidência: Baixo II. Predileção das bancas: Cespe III. Texto normativo: Lei nº 8078/90 (Código de Proteção e Defesa do Consumidor - CDC) IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo e doutrina. V. Tópicos que merecem atenção especial Merecem atenção as qualificações de consumidor e fornecedor (arts. 2º e 3º, CDC), ressalvando-se que nossa legislação consagra a teoria maximalista e assim emprega o conceito de consumidor com amplo alcance – o que abrange também os profissionais que adquirem produtos ou serviços para o desempenho de suas atividades, não propriamente para si. O tema da responsabilidade civil costuma ser cobrado com frequência nessa disciplina (arts. 12 a 25, CDC), com atenção para a modalidade objetiva (arts. 12 e 14, CDC), que dispensa a comprovação de culpa e representa importante avanço da legislação brasileira na proteção de categorias vulneráveis. VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” Cuidado para não confundir as regras da responsabilidade pelo fato do produto e do serviço (arts. 12 a 17), aplicadas quando a imperfeição ameaça a própria segurança do consumidor (art. 12, § 1º, CDC), com as normas da responsabilidade pelo vício do produto e do serviço (arts. 18 a 25, CDC), presentes quando a imperfeição compromete o funcionamento adequado do objeto negocial, mas não oferecem risco ao consumidor. Atenção: o artigo 14, caput, do CDC dispõe que “o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”, contemplando assim a responsabilidade objetiva, mas essa regra não se aplica aos profissionais liberais, cuja responsabilidade será apurada mediante verificação de culpa (art. 14, § 4º, CDC) – sendo, portanto, de natureza subjetiva. 19. Guarda compartilhada de filhos (Leis no 11.698/2008 e 13.058/2014) I. Nível de incidência: Baixo. II. Predileção das bancas: Cespe. III. Texto normativo: Leis nº 11.698/2008 (Lei da Guarda Compartilhada) e 13.058/2014 (tornou regra a guarda compartilhada) IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo e doutrina. V. Tópicos que merecem atenção especial Convém registrar as diferenças conceituais entre a guarda unilateral e a compartilhada, nos termos do artigo 1583, § 1º, do Código Civil, conforme redação da Lei nº 11.698/2008: “compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5º) e por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.” Editada a lei nº 13.058/2014, a guarda compartilhada tornou-se regra no direito civil brasileiro (art. 1584, § 2º, CC). VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” A guarda compartilhada não se confunde com a guarda alternada. Ela se destina a possibilitar a divisão de responsabilidades, incumbências e prerrogativas entre os genitores relativas ao bem-estar e ao desenvolvimento do filho menor, mas este tem residência regular e estável; já na guarda alternada, a convivência com os genitores é feita com residências diferentes, passando o filho a apresentar “duas casas”, o que, segundo analistas, compromete a definição da sua identidade pessoal. 20. Registros Públicos. I. Nível de incidência: Baixo. II. Predileção das bancas: Cespe. III. Texto normativo: Lei nº 6015/73 (Lei de Registros Públicos – LRP) IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo e doutrina. V. Tópicos que merecem atenção especial Os concursos em geral dão importância aos serviços concernentes aos registros públicos, ou seja, aos atos e documentos que serão submetidos a registro no âmbito da Lei nº 6015/73. Encontram-se nessa competência os registros das pessoas naturais, das pessoas jurídicas, de títulos e documentos e de imóveis (art. 1º, § 1º, LRP), sendo regidos por leis próprias os demais registros (art. 1º, § 2º, LRP). VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” Atente-se para importante alteração no registro do apelido público notório ou prenome de uso, designação pela qual o indivíduo torna-se socialmente conhecido, mais até que pelo prenome de nascimento (como Pelé, Xuxa etc.), conforme o artigo 58, caput, da LRP. Com a redação definida pela Lei nº 9708/98, o prenome torna-se definitivo, mas pode ser substituído por apelido público notório. Antes dessa alteração, tal apelido só poderia ser “acrescido” ao prenome de nascimento. 21. Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) I. Nível de incidência: Baixo. II. Predileção das bancas: Cespe. III. Texto normativo: Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo. V. Tópicos que merecem atenção especial Merece atenção a regra do artigo 3º, parágrafo único, do referido Estatuto, que assinala a efetivação dos direitos do idoso em grau de absoluta prioridade. Conforme o dispositivo, “a garantia de prioridade compreende: I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas; III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso; IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais gerações; V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência; VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços aos idosos; VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento; VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais; IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda. “ VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” Embora o artigo 1698 do CC determine que, “sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide”, o artigo 12 do Estatuto do Idoso, em atenção à categoria por ele protegida, proclama que “a obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.” Logo, nessa hipótese o necessitado por exigir a totalidade da pensão alimentícia de apenas um dos devedores solidários. 22. Locação de imóveis urbanos (Lei nº 8.245/1991). 22.1. Locação em geral. Aluguel. Deveres do locador e do locatário. 22.2. Sublocações. Direito de preferência. Benfeitorias. 22.3. Garantias locatícias. Penalidades civis. Nulidades. 22.4. Locação residencial. Locação para temporada. Locação não residencial. I. Nível de incidência: Alto. II. Predileção das bancas: FCC, Consulplan e Cespe. III. Texto normativo: Lei nº 8.245/91 (Lei do Inquilinato – LI) IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo e doutrina. V. Tópicos que merecem atenção especial Reflexo do dirigismo contratual, que leva o Estado a intervir nos acordos, por meio de normas de ordem pública, para socorrer a parte mais frágil, a Lei do Inquilinato prevê as seguintes normas essenciais – e de maior incidência nos concursos: a) solidariedade entre os locadores e/ou locatários, se o contrário não foi estipulado (art. 2º); b) outorga conjugal para contrato com prazo igual ou superior a dez anos (art. 3º), sem a qual o cônjuge não estará obrigado a observar o prazo excedente (art. 3º, parágrafo único); c) a possibilidade de extinção do acordo em caso de alienação do imóvel, salvo se ele apresentar prazo determinado, estiver averbado junto à matrícula do imóvel e contiver cláusula de vigência em caso de alienação (art. 8º); d) a denúncia “vazia”, cabível para contratos celebrados por escrito com prazo igual ou superior a trinta meses, dispensando o locador de apontar algum fundamento para solicitar a desocupação do imóvel ao final do contrato, que se considera automaticamente extinto (art. 46), e a denúncia “cheia”, para contratos celebrados verbalmente ou por escrito com prazo inferior a trinta meses, exigindo-se uma causa legalmente prevista para se requerer a desocupação do imóvel (art. 47); e) a proibição de se estipular mais de uma garantia locatícia no mesmo contrato, sob pena de nulidade (art. 37, parágrafo único); f) responsabilidade do fiador pela garantia do acordo durante os 120 dias que se seguirem à notificação ao locador de sua exoneração, tendo o contrato sido prorrogado por prazo indeterminado (art. 40, X, LI). VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” As “pegadinhas” mais frequentes referem-se ao tema das garantias locatícias, cuja estipulação limita-se a uma modalidade por contrato (art. 37, parágrafo único, LI). Atenção à regra do artigo 43, II, LI: configura contravenção penal “exigir, por motivo de locação ou sublocação, mais de uma modalidade de garantia num mesmo contrato de locação”, prática que é “punível com prisão simples de cinco dias a seis meses ou multa de três a doze meses do valor do último aluguel atualizado, revertida em favor do locatário” (art. 43, caput, LI). Havendo pluralidade de partes (locadores e/ou locatários), a lei declara a solidariedade entre eles (art. 2º, LI) – portanto, aqui a solidariedade não decorrerá do próprio acordo, como é mais comum, mas diretamente da lei. Por fim, ressalte-se que a competência da Lei do Inquilinato para a locação de imóveis urbanos é residual em face do Código Civil, embora muito mais importante na prática, em termos quantitativos: ao Código Civil atribuem-se as locações previstas no artigo 1º, parágrafo único, da Lei do Inquilinato (imóveis de propriedade da União, Estados, Municípios, autarquias e fundações públicas; vagas autônomas de garagem e espaços para estacionamento de veículos; espaços destinados à publicidade; hotéis, apart-hotéis e equiparados; e o arrendamento mercantil), sendo todas as demais regidas pela Lei do Inquilinato. 23. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990). 23.1. Direitos fundamentais. Prevenção. Medidas de proteção. 23.2. Perda e suspensão do poder familiar. 23.3. Colocação em família substituta. Destituição da tutela. I. Nível de incidência: Baixo. II. Predileção das bancas: Cespe. III. Texto normativo: Lei nº 8.069/90 (ECA) IV. Como normalmente é cobrado (texto normativo e/ou doutrina e/ou jurisprudência): Texto normativo e doutrina. V. Tópicos que merecem atenção especial Atente-se para os temas do poder familiar (arts. 21 a 24, ECA) e da adoção (arts. 39 a 52-D, ECA). O poder familiar ou autoridade parental - foi abolida a expressão “pátrio poder” pela Lei nº 12.010/2009 – é exercido por ambos os genitores em igualdade de condições, podendo qualquer deles recorrer ao Poder Judiciário para solucionar eventual divergência (art. 21, ECA). As hipóteses de suspensão e perda desse poder estão contempladas nos artigos 1635 a 1638 do Código Civil. Importante destacar que a falta de recursos financeiros não constitui, por si só, causa de perda ou suspensão da autoridade parental (art. 23, caput, ECA), devendo- se inscrever a família carente em programas oficiais de auxílio (art. 23, § 1º, ECA). Quando o assunto é adoção, recordar os requisitos da idade mínima de 18 anos para o adotante e da diferença mínima de 16 anos entre adotante e adotado (art. 41, caput e § 3º, ECA), bem como do impedimento da adoção por ascendentes e irmãos (art. 42, § 1º, ECA). Atenção para a figura da família extensa ou ampliada, pela qual se busca esgotar todas as possibilidades de adoção por parentes próximos do adotando para depois concedê-la a outros interessados (art. 25, parágrafo único, ECA). O estágio de convivência entre adotante e adotando, pelo tempo que o juiz entender adequado, também é requisito essencial (art. 46, caput, ECA), embora possa ser afastado quando já houve tutela ou guarda por período que indique a conveniência da adoção (art. 46, § 1º, ECA). Ressalve-se que “a simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência.” (art. 46, § 2º, ECA). VI. Tópicos em que as bancas costumam fazer “pegadinhas” A partir de uma leitura sistemática do ECA, pode-se estabelecer o seguinte comparativo entre a perda e a suspensão do poder familiar: a perda é obrigatória (devendo ser aplicada pelo juiz), permanente (de caráter duradouro, embora não seja definitiva) e alcança todos os filhos do genitor condenado, ao passo que a suspensão é facultativa (fica a critério do juiz aplicá-la ou não), temporária (geralmente vale até que o genitor corrija sua conduta) e alcança apenas o filho que foi vítima do genitor. Em virtude do seu caráter personalíssimo, a adoção não pode ser feita por procuração (art. 39, § 2º, ECA) – embora o casamento, também ato jurídico essencialmente pessoal, admita sua realização por mandato (art. 1542, CC), devendo a respectiva procuração conter poderes especiais. Atenção, portanto, para essa diferença de tratamento para atos jurídicos de mesma natureza! Admite-se a adoção póstuma (post mortem), desde que o adotante que veio a falecer tenha manifestado de forma inequívoca o desejo de adotar (art. 42, § 6º, ECA).
Compartilhar