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DIREITO	PENAL	para	o	XXIII	EXAME	DA	OAB	
Teoria	e	exercícios	comentados	
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1.9. Crimes patrimoniais e crimes hediondos ................................................ 51
2. RESUMO .................................................................................................... 51
3. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................... 60
4. GABARITO................................................................................................. 65
	
Ol‡, meus amigos!
Hoje vamos estudar os crimes contra o Patrim™nio.
Trata-se de um tema de extrema import‰ncia, pois s‹o pontos da
matŽria com algum grau de complexidade e com posicionamentos
jurisprudenciais importantes, alguns deles BEM recentes. Tem,
inclusive, sœmula relativamente recente do STJ.
Trata-se de um tema que costuma ser lembrado na prova da
OAB!!
Nossa aula j‡ est‡ atualizada de acordo com a Lei 13.228/15,
que incluiu o par‡grafo 4¼ ao art. 171 do CP, e com a Lei
13.330/16, que incluiu o ¤6¼ ao art. 155 do CP, bem como criou o
art. 180-A.
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
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1. DOS CRIMES CONTRA O PATRIMïNIO
1.1. Do furto
1.1.1. Furto
O bem jur’dico tutelado no crime de furto Ž APENAS o
patrim™nio, ou seja, o furto Ž um crime que lesa apenas um bem
jur’dico. Entretanto, a Doutrina Ž PACêFICA ao entender que n‹o se
tutela apenas a propriedade, mas qualquer forma de domina‹o sobre a
coisa (propriedade, posse e deten‹o leg’timas)1. Est‡ previsto no art.
155 do CP:
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia m—vel:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa.
¤ 1¼ - A pena aumenta-se de um tero, se o crime Ž praticado durante o
repouso noturno.
¤ 2¼ - Se o criminoso Ž prim‡rio, e Ž de pequeno valor a coisa furtada, o juiz
pode substituir a pena de reclus‹o pela de deten‹o, diminu’-la de um a dois
teros, ou aplicar somente a pena de multa.
¤ 3¼ - Equipara-se ˆ coisa m—vel a energia elŽtrica ou qualquer outra que
tenha valor econ™mico.
¤ 4¼ - A pena Ž de reclus‹o de dois a oito anos, e multa, se o crime Ž
cometido:
I - com destrui‹o ou rompimento de obst‡culo ˆ subtra‹o da coisa;
II - com abuso de confiana, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
¤ 5¼ - A pena Ž de reclus‹o de 3 (trs) a 8 (oito) anos, se a subtra‹o for de
ve’culo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o
exterior. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.426, de 1996)
¤ 6o A pena Ž de reclus‹o de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtra‹o for de
semovente domestic‡vel de produ‹o, ainda que abatido ou dividido em
partes no local da subtra‹o (Inclu’do pela Lei n¼ 13.330, de 2016)
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por
qualquer pessoa.
SUJEITO
PASSIVO
Aquele que teve a coisa subtra’da.
TIPO OBJETIVO
(conduta)
A conduta prevista Ž a de subtrair, PARA SI OU
PARA OUTREM, coisa alheia m—vel. O conceito de
																																																													
1 PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Volume 2. 5¼ edi‹o. Ed. Revista dos
Tribunais. S‹o Paulo, 2006, p. 393. CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte
Especial. 7¼ edi‹o. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 233
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Òm—velÓ aqui Ž Òtudo aquilo que pode ser movido de
um lugar para outro2 sem perda de suas
caracter’sticas ou funcionalidadesÓ. A coisa subtra’da
n‹o pode ser de propriedade do infrator, caso
contr‡rio, n‹o h‡ furto, podendo haver, se for o caso,
EXERCêCIO ARBITRçRIO DAS PRîPRIAS
RAZÍES (art. 345 do CP). Este Ž um crime comum e
genŽrico. Nada impede que, em determinadas
circunst‰ncias, a subtra‹o de coisa m—vel alheia
configure outro crime, como ocorre, por exemplo,
quando um funcion‡rio pœblico, no exerc’cio de suas
fun›es, subtrai bem da administra‹o pœblico,
hip—tese na qual teremos um PECULATO-FURTO
(art. 312, ¤1¡ do CP). A maioria da Doutrina entende
que a coisa n‹o precisa ter valor econ™mico
significativo (embora a ausncia de valor significativo
possa gerar a atipicidade da conduta por ausncia de
lesividade). CUIDADO! O cad‡ver pode ser objeto do
furto, desde que pertena a alguŽm (ex.: Cad‡ver
pertencente a uma faculdade de medicina).
TIPO
SUBJETIVO
Dolo. N‹o se admite na forma culposa. O agente
dever‡ possuir o ‰nimo, a inten‹o de SE
APODERAR DA COISA furtada. Essa inten‹o Ž
chamada de animus rem sibi habendi.3 N‹o
havendo essa inten‹o, sendo a inten‹o somente a
de usar a coisa e logo ap—s devolv-la, teremos o que
se chama de FURTO DE USO, que NÌO ƒ CRIME4.
Se o agente pratica o crime para saciar a fome (furto
famŽlico), a Jurisprudncia reconhece a excludente de
ilicitude do estado de necessidade (art. 24 do CP),
podendo, a depender das circunst‰ncias, caracterizar
atipicidade por reconhecimento do princ’pio da
insignific‰ncia.
CONSUMA‚ÌO
E TENTATIVA
O momento da consuma‹o do delito Ž muito
discutido na Doutrina, havendo quatro correntes. O
que vocs devem saber Ž que o STF e o STJ
adotam a teoria segundo a qual o crime se
consuma quando o agente passa a ter o poder
sobre a coisa, ainda que por um curto espao de
tempo, ainda que n‹o tenha tido a posse mansa
e pac’fica sobre a coisa furtada (teoria da
																																																													
2 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 396
3 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 236/237
4 Requisitos do furto de uso: a) inten‹o, desde o in’cio, de devolver a coisa; b) a coisa n‹o pode
ser consum’vel (destrui‹o com o uso); c) restitui‹o ˆ v’tima logo ap—s o uso.
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amotio). A tentativa Ž plenamente poss’vel.
O ¤1¡ prev a majorante no caso de o crime ser praticado
durante o repouso noturno (aumenta-se de 1/3). H‡ divergncia
doutrin‡ria a respeito da aplica‹o desta majorante. Uns entendem que
se aplica em qualquer caso, desde que seja durante o per’odo de repouso
noturno. Outros entendem que s— se aplica se estivermos diante de furto
em residncia habitada.
O STJ entende que se aplica ainda que se trate de residncia
desabitada ou estabelecimento comercial!5
O STJ sempre entendeu, ainda, que a majorante (repouso noturno)
s— se aplicaria ao furto SIMPLES. Entretanto, o entendimento mais
recente Ž no sentido de que tal majorante pode ser aplicada
tambŽm ao furto qualificado.6
O ¤2¡ prev o chamado FURTO PRIVILEGIADO, que Ž aquele no
qual o rŽu possui bons antecedentes e a coisa Ž de pequeno valor,
hip—tese na qual o Juiz pode substituir a pena de reclus‹o pela de
deten‹o, diminu’-la de 1/3 a 2/3 ou aplicar somente a pena de multa.
A Jurisprudncia vem entendendo como Òcoisa de pequeno valorÓ
aquela que n‹o ultrapassa um sal‡rio m’nimo vigente (cabendo ao
Juiz, porŽm, analisar cada caso).7
ƒ poss’vel, ainda, a aplica‹o do privilŽgio ao furto qualificado, desde
que:
¥ Estejam presentes os requisitos que autorizam o
reconhecimento do privilŽgio
¥ A qualificadora seja de ordem objetiva5 (...) 2. A causa especial de aumento de pena do furto cometido durante o repouso
noturno pode se configurar mesmo quando o crime Ž cometido em estabelecimento
comercial ou residncia desabitada, sendo indiferente o fato de a v’tima estar, ou n‹o,
efetivamente repousando.
3. Precedentes do Superior Tribunal de Justia.
4. Habeas corpus denegado.
(HC 191.300/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 12/06/2012, DJe
26/06/2012)
6 HC 306.450/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
04/12/2014, DJe 17/12/2014)
7 (...)"Para a caracteriza‹o do furto privilegiado um dos requisitos necess‡rios Ž o pequeno valor
do bem subtra’do, podendo o valor do sal‡rio m’nimo ser adotado, em princ’pio, como
referncia. Todavia, esse critŽrio n‹o Ž de absoluto rigor aritmŽtico, cabendo ao juiz da
causa sopesar as circunst‰ncias pr—prias ao caso" (AgRg no HC 246.338/RS, Rel. Min. Marco
AurŽlio Belizze, Quinta Turma, DJe 15/02/2013; AgRg no REsp 1.227.073/RS, Rel. Min. Sebasti‹o
Reis Jœnior, Sexta Turma, DJe 21/03/2012) 03. Habeas corpus n‹o conhecido. Concess‹o da
ordem, de of’cio, para reconhecer a ocorrncia de furto privilegiado (CP, Art. 155, ¤ 2¼), e, em
consequncia, aplicar t‹o somente a pena de multa, reconhecendo-se, em seguida, a extin‹o da
punibilidade pela ocorrncia da prescri‹o da pretens‹o punitiva do Estado.Ó
(HC 282.268/RS, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SC),
QUINTA TURMA, julgado em 04/12/2014, DJe 02/02/2015)
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Mais recentemente, o STJ pacificou a quest‹o e editou o verbete de
sœmula n¼ 511. Vejamos:
Sœmula 511 - ƒ poss’vel o reconhecimento do privilŽgio previsto no
¤ 2¼ do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes
a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem
objetiva.
J‡ o ¤3¡ traz uma CLçUSULA DE EQUIPARA‚ÌO, estabelecendo
que se equipara a coisa m—vel a ENERGIA ELƒTRICA ou qualquer outra
energia que possua valor econ™mico.8
CUIDADO! O crime de furto de energia elŽtrica s— ocorrer‡ se o
agente se apodera daquilo que n‹o est‡ em sua posse, daquilo que
n‹o Ž seu. Se o agente altera o medidor de Luz (fraude), haver‡ o
crime de estelionato.9
O ¤4¡ e seus incisos, bem como o ¤5¡ do art. 155 estabelecem as
hip—teses em que o furto ser‡ considerado QUALIFICADO, ou seja, mais
grave, sendo previstas penas m’nimas e m‡ximas mais elevadas.
Vejamos as hip—teses:
																																																													
8 Sobre o furto de sinal de TV a cabo existe controvŽrsia na Doutrina e na Jurisprudncia.
Na Doutrina, existem os que defendem a tipicidade e os que defendem a atipicidade. N‹o vou me
alongar aqui, mas os que defendem a TIPICIDADE ora alegam que se trata de furto (art. 155, ¤3¼)
ora alegam que se trata do crime previsto no art. 35 da Lei 8.977/95, que tem um grande defeito:
N‹o possui preceito secund‡rio (previs‹o de pena).
De toda sorte, na jurisprudncia o STF decidiu que seria fato at’pico, pois n‹o poderia ser
equiparado a energia elŽtrica e o art. 35 da Lei 8.977/95 n‹o poderia ser utilizado.
O STJ, porŽm, julgava e continua julgando no sentido de que Ž fato t’pico, equiparado ao furto de
energia elŽtrica:
"(...) o sinal de TV a cabo pode ser equiparado ˆ energia elŽtrica para fins de incidncia do artigo
155, ¤ 3¼, do C—digo Penal. Doutrina. Precedentes.
4. Recurso improvido.
(RHC 30.847/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 20/08/2013, DJe
04/09/2013)\"
H‡, contudo, decis›es no mesmo STJ entendendo que o fato n‹o se enquadraria no art. 155, ¤3¼
do CP:
(...) 2. A capta‹o clandestina de sinal de televis‹o fechada ou a cabo n‹o configura o crime
previsto no art. 155, ¤ 3¼, do C—digo Penal.
(...)
(AgRg no REsp 1185601/RS, Rel. Ministro SEBASTIÌO REIS JòNIOR, SEXTA TURMA, julgado em
05/09/2013, DJe 23/09/2013)
Podemos definir, ent‹o, que a quest‹o est‡ relativamente pacificada no STF e controvertida
no STJ (pela atipicidade).
9 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 155
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Destrui‹o ou rompimento de obst‡culo ˆ subtra‹o da
coisa10 Ð Aquela conduta do agente que destr—i ou rompe um
obst‡culo colocado de forma a impedir o furto11: Ex.: Quebra
de cadeado. Se a violncia for exercida contra o pr—prio
bem furtado, n‹o h‡ a qualificadora (ex.: Quebrar o vidro
do carro para furtar o pr—prio carro12). 13
Abuso de confiana, fraude, escalada ou destreza Ð No
abuso de confiana o agente se aproveita da confiana nele
depositada, de forma que o propriet‡rio n‹o exerce vigil‰ncia
sobre o bem, por confiar no infrator. Na fraude o infrator
emprega algum artif’cio para enganar o agente e furt‡-lo. N‹o
se deve confundir com o estelionato. No estelionato o agente
emprega algum ardil, artif’cio para fazer com que a v’tima lhe
entregue a vantagem. Aqui o agente emprega o artif’cio para
criar a situa‹o que lhe permita subtrair a coisa (ex.:
Camarada se veste de instalador da TV a Cabo para, mediante
a engana‹o realizada, adentrar na casa e furtar alguns
pertences). Na escalada o agente realiza um esforo fora do
comum para superar uma barreira f’sica (ex.: Saltar um muro
ALTO). Vale ressaltar, contudo, que a Doutrina entende que a
supera‹o da barreira pode se dar de qualquer forma, n‹o
apenas pelo alto (ex.: Escava‹o de um tœnel subterr‰neo)14,
desde que n‹o ocorra a destrui‹o da barreira (Neste caso,
ter’amos a qualificadora do rompimento de obst‡culo). Na
destreza o agente se vale de alguma habilidade peculiar (ex.:
Batedor de carteira, que furta com extrema destreza, sem ser
percebido). Vale ressaltar que se a v’tima percebe a a‹o, o
agente responde por tentativa de furto simples, e n‹o por
tentativa de furto qualificado, pois o agente n‹o agiu com
destreza alguma, j‡ que sua a‹o foi notada.15
Chave falsa Ð Aqui o agente pratica o delito mediante o uso
de alguma chave falsificada. O conceito de Òchave falsaÓ
																																																													
10 N‹o se aplica, neste caso, o princ’pio da insignific‰ncia (STJ: AgRg no REsp 1428174/RS,
Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/09/2015, DJe 24/09/2015)
11 H‡ parcela da Doutrina que inclui, no conceito de obst‡culo, os c‹es de guarda.
12 Este Ž o entendimento doutrin‡rio e jurisprudencial MAJORITçRIO, embora existam decis›es do
STF e do STJ em sentido contr‡rio.
13 A jurisprudncia possui alguns julgados no sentido de que a quebra do vidro do carro para furtar
objetos deixados em seu interior n‹o qualificaria o furto. Contudo, o STJ pacificou a quest‹o em
sentido contr‡rio, ou seja, entendendo que tal conduta qualifica o furto (ÒA subtra‹o de
objetos localizados no interior de ve’culo automotor, mediante o rompimento ou destrui‹o do
vidro do autom—vel, qualifica o furto. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. Ó
(EREsp 1079847/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SE‚ÌO, julgado em 22/05/2013, DJe
05/09/2013)
14 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 248
15 Parcela da Doutrina entende que se a v’tima somente percebeu a a‹o depois de alertada por
terceira pessoa, o agente responderia por tentativa de furto qualificado pela destreza, pois o
agente teria agido com destreza, j‡ que a pr—pria v’tima, sozinha, n‹o percebeu.
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abrange: a) A c—pia da chave verdadeira, mas obtida sem
autoriza‹o do dono16; b) uma chave diversa da verdadeira,
mas alterada com a finalidade de abrir a fechadura; c)
Qualquer objeto capaz de abrir uma fechadura sem
provocar sua destrui‹o (pode ser um grampo de cabelo, por
exemplo). A LIGA‚ÌO DIRETA EM VEêCULO NÌO ƒ
CONSIDERADA CHAVE FALSA!
Concurso de pessoas Ð Nessa hip—tese o crime ser‡
qualificado se praticado por duas ou mais pessoas em concurso
de agentes. SE O CRIME ƒ PRATICADO POR ASSOCIA‚ÌO
CRIMINOSA (ANTIGA QUADRILHA OU BANDO), o STJ
entende que todos respondem pelo furto qualificado pelo
concurso de pessoas + associa‹o criminosa em
concurso MATERIAL (Entende que n‹o h‡ bis in idem).17
Furto de ve’culo automotor (¤ 5¡) que venha A SER
TRANSPORTADO PARA OUTRO ESTADO OU PARA O
EXTERIOR Ð Aqui se pune, com a qualificadora, aquele que
furta ve’culo automotor que Ž levado para longe (outro estado
ou pa’s). Visa a punir mais drasticamente aquelas pessoas
ligadas ˆ m‡fia do desmanche de ve’culos. CUIDADO! Se o
ve’culo n‹o chegar a ser levado para outro estado ou pa’s,
embora essa tenha sido a inten‹o, NÌO Hç FURTO
QUALIFICADO TENTADO, mas furto comum
CONSUMADO, pois a subtra‹o se consumou.
Nos quatro primeiros casos a pena Ž de DOIS A OITO ANOS, e no
œltimo caso a pena Ž de TRæS A OITO ANOS.
CUIDADO! Muito se discutiu a respeito da
possibilidade de aplica‹o, ao furto, da majorante prevista para o roubo,
no que tange ao concurso de pessoas. Isso porque o concurso de
pessoas, no roubo, apenas Ž causa de aumento de pena. J‡ no furto Ž
causa que qualifica o delito (mais grave, portanto). Assim, boa parte da
doutrina entendia que ao invŽs de aplicar a qualificadora o Juiz deveria
apenas aumentar a pena, valendo-se, por analogia, da causa de aumento
de pena do roubo. Isso, contudo, foi rechaado pelo STJ, que editou o
verbete sumular de n¼ 442. Vejamos:
Sœmula 442 do STJ
ƒ inadmiss’vel aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a
majorante do roubo.
																																																													
16 O uso da pr—pria chave verdadeira (n‹o uma c—pia) n‹o qualifica o delito. PRADO, Luiz Regis.
Op. Cit., p. 403
17 Ver AgRg no REsp 1404832/MS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
25/03/2014, DJe 31/03/2014
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Por fim, a Lei 13.330/16 acrescentou o ¤6¼ ao art. 155 do CP, com a
seguinte reda‹o:
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia m—vel:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa.
(...)
¤ 6o A pena Ž de reclus‹o de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtra‹o for de
semovente domestic‡vel de produ‹o, ainda que abatido ou dividido em
partes no local da subtra‹o. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.330, de 2016)
O que a nova Lei fez foi estabelecer uma pena mais dura para o
furto desses animais. As raz›es para tanto? Certamente os elevados
’ndices de ocorrncia destes furtos.
Importante ressaltar que n‹o Ž qualquer furto de semovente
(animal) que ir‡ se adequar ˆ nova previs‹o legislativa, mas apenas o
furto de semovente domestic‡vel de produ‹o (ainda que abatido ou
dividido em partes no local da subtra‹o), ou seja, apenas o furto de
animais especificamente destinados ˆ produ‹o pecu‡ria.
Assim, se alguŽm subtrair um cachorro de estima‹o n‹o estar‡
incorrendo na previs‹o do aludido par‡grafo. Por outro lado, se subtrair
uma vaca leiteira de uma Fazenda, estar‡ caracterizada a figura delitiva
do art. 155, ¤6¼, desde que a vaca seja destinada ˆ produ‹o,
naturalmente. Se a vaca for mero animal de estima‹o n‹o ser‡ aplic‡vel
o ¤6¼. :)
Vale destacar, ainda, que a conduta passou a constituir forma
qualificada do delito de furto, ou seja, a Lei estabeleceu novos
patamares de pena (m’nimo e m‡ximo). Desta forma, n‹o se trata de
mera causa de aumento de pena, mas verdadeira qualificadora.
Abaixo, trago algumas disposi›es importantes sobre o crime de
furto:
¥ A existncia de sistema de vigil‰ncia ou monitoramento
eletr™nico caracteriza crime imposs’vel? N‹o. O STF e o STJ
possuem entendimento pac’fico no sentido de que, neste caso, h‡
possibilidade de consuma‹o do furto, logo, n‹o h‡ que se falar em
crime imposs’vel. O STJ, inclusive, editou o enunciado de sœmula
n¼ 567 nesse sentido.
¥ Furto de folha de cheque em branco Ð H‡ divergncia
doutrin‡ria e jurisprudencial a respeito. Entretanto, prevalece no
STJ o entendimento de que a mera subtra‹o da folha de
cheque, em branco, n‹o caracteriza furto, por possuir valor
insignificante1819. Se o agente, entretanto, preenche a folha
																																																													
18 (...) 3. De acordo com a jurisprudncia desta Corte Superior de Justia, folhas de cheque e
cart›es banc‡rios n‹o podem ser objeto material do crime de recepta‹o, uma vez que
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fraudulentamente e, posteriormente, obtŽm vantagem indevida,
praticar‡ o delito de estelionato. Neste caso, existem duas
correntes (somente para aqueles que entendem que h‡
caracteriza‹o do furto na subtra‹o): a) O estelionato absorve o
furto; b) H‡ concurso material entre o furto e o estelionato.
Embora haja divergncia, prevalece a tese de que o estelionato
absorve o furto, neste caso.
¥ Furto de coisas perdidas, abandonadas e que nunca tiveram
dono Ð a) Furto de coisas perdidas (res desperdicta) Ð Incab’vel,
pois o agente, neste caso, pratica o crime de apropria‹o de coisa
achada, prevista no art. 169, ¤ œnico do CP; b) Furto de coisas
abandonadas e que nunca tiveram dono (res derelicta e res nullius,
respectivamente) Ð Incab’vel, pois o agente, ao se apossar da
coisa, torna-se seu dono, j‡ que a coisa n‹o pertence a ninguŽm.
(FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO)
Jaime, conhecido pelos colegas como ÒJaiminho m‹o de sedaÓ,
utilizando!se de sua destreza, consegue retirar a carteira do bolso
traseiro da cala de Ricardo que, ao perceber a subtra‹o, sai ao
encalo do delinquente. Ocorre que, durante a persegui‹o,
Ricardo acaba sendo atropelado, vindo a falecer em decorrncia
dos ferimentos.
Nesse sentido, com base nas informa›es apresentadas na
hip—tese, e a jurisprudncia predominante dos tribunais
superiores, assinale a afirmativa correta.
A) Jaime praticou delito de furto em sua modalidade tentada.
B) Jaime consumou a pr‡tica do delito de furto simples.
C) Jaime consumou a pr‡tica do delito de furto qualificado.
D) Jaime consumou a pr‡tica de latroc’nio.
COMENTçRIOS: No caso concreto, Jaime praticou o crime de furto
simples CONSUMADO, eis que obteve a posse do bem furtado, ainda que
por um curto per’odo. Nesse sentido Ž a jurisprudncia do STJ.
Por fim, n‹o h‡ que se falar em latroc’nio, pois a morte da v’tima se deu
por atropelamento, em raz‹o da sua inten‹o em recuperar o bem
furtado, ou seja, uma conduta que n‹o pode ser imputada a Jaime.
																																																																																																																																																																																														
desprovidos de valor econ™mico, indispens‡vel ˆ caracteriza‹o do delito contra o patrim™nio,
entendimento tambŽm aplic‡vel ao crime de furto, destinado ˆ tutela do mesmo bem
jur’dico (...) (HC 118.873/SC, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em
17/03/2011, DJe 25/04/2011)
19 Existe posi‹o doutrin‡ria e jurisprudencial pela TIPICIDADE da conduta, j‡ que a folha de
cheque, a despeito de n‹o possui valorecon™mico enquanto ÒpapelÓ, possui utilidade.
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TambŽm n‹o se trata de delito qualificado pela destreza, eis que n‹o
houve destreza alguma, j‡ que a v’tima percebeu a a‹o.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
(FGV Ð 2014 Ð OAB Ð XV EXAME DE ORDEM)
No dia 14 de setembro de 2014, por volta das 20h, JosŽ, prim‡rio
e de bons antecedentes, tentou subtrair para si, mediante
escalada de um muro de 1,70 metros de altura, v‡rios pedaos de
fios duplos de cobre da rede elŽtrica avaliados em,
aproximadamente, R$ 100,00 (cem reais) ‡ Žpoca dos fatos.
Sobre o caso apresentado, segundo entendimento sumulado do
STJ, assinale a afirmativa correta.
a) ƒ poss’vel o reconhecimento do furto qualificado privilegiado
independentemente do preenchimento cumulativo dos requisitos
previstos no Art. 155, ¤ 2¼, do CP.
b) ƒ poss’vel o reconhecimento do privilŽgio previsto no Art. 155,
¤ 2¼, do CP nos casos de crime de furto qualificado se estiverem
presentes a primariedade do agente e o pequeno valor da coisa, e
se a qualificadora for de ordem objetiva.
c) N‹o Ž poss’vel o reconhecimento do privilŽgio previsto no Art.
155, ¤ 2¼, do CP nos casos de crime de furto qualificado, mesmo
que estejam presentes a primariedade do agente e o pequeno
valor da coisa, e se a qualificadora for de ordem objetiva.
d) ƒ poss’vel o reconhecimento do privilŽgio previsto no Art. 155,
¤ 2¼, do CP nos casos de crime de furto qualificado se estiverem
presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa, e
se a qualificadora for de ordem subjetiva.
COMENTçRIOS: Segundo o entendimento sumulado do STJ, Ž poss’vel o
reconhecimento do privilŽgio previsto no Art. 155, ¤ 2¼, do CP nos casos
de crime de furto qualificado se estiverem presentes a primariedade do
agente e o pequeno valor da coisa, e se a qualificadora for de ordem
objetiva (sœmula 511 do STJ).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
1.1.2. Furto de coisa comum
O art. 156 trata do FURTO DE COISA COMUM, vejamos:
Art. 156 - Subtrair o cond™mino, co-herdeiro ou s—cio, para si ou para
outrem, a quem legitimamente a detŽm, a coisa comum:
Pena - deten‹o, de seis meses a dois anos, ou multa.
¤ 1¼ - Somente se procede mediante representa‹o.
¤ 2¼ - N‹o Ž pun’vel a subtra‹o de coisa comum fung’vel, cujo valor n‹o
excede a quota a que tem direito o agente.
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O crime aqui Ž, tambŽm, de furto, motivo pelo qual se aplicam as
mesmas considera›es relativas ao crime de furto comum.
No entanto, o crime aqui Ž PRîPRIO (exige qualidade especial
do infrator), ou seja, somente pode ser cometido pela pessoa que
possua uma daquelas caracter’sticas (seja s—cio, cond™mino, etc.). O
sujeito passivo tambŽm s— poder‡ ser alguma daquelas pessoas.
Vejam que a pena Ž menor que a do furto comum, exatamente
porque a coisa n‹o Ž de outrem (alheia), mas Ž comum, ou seja, tambŽm
Ž do infrator.
Vejam, ainda, que se a coisa Ž FUNGêVEL, e a subtra‹o n‹o
excede a quota-parte do infrator, n‹o h‡ crime.
Coisa fung’vel Ž aquela que pode ser substitu’da por outra da mesma
espŽcie, qualidade e quantidade, sem preju’zo algum (exemplo: dinheiro).
EXEMPLO: Imagine que trs pessoas s‹o cond™minas de uma parcela em
dinheiro no valor de R$ 90.000,00, possuindo cotas iguais (trinta mil para
cada). Se um dos cond™minos furtar R$ 30.000,00 n‹o comete crime,
pois a coisa Ž fung’vel (dinheiro) e o montante n‹o excede ˆ sua cota-
parte.
A a‹o penal Ž pœblica, MAS DEPENDE DE REPRESENTA‚ÌO
DA VêTIMA.
1.2. Do roubo e da extors‹o
Aqui se tutelam, alŽm do patrim™nio, a integridade f’sica, mental e a
vida da v’tima, pois as condutas n‹o violam somente o patrim™nio destas,
mas colocam em risco, tambŽm, estes bens jur’dicos.
Vejamos cada um deles.
1.2.1. Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa m—vel alheia, para si ou para outrem, mediante
grave ameaa ou violncia a pessoa, ou depois de hav-la, por qualquer
meio, reduzido ˆ impossibilidade de resistncia:
Pena - reclus‹o, de quatro a dez anos, e multa.
¤ 1¼ - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtra’da a coisa,
emprega violncia contra pessoa ou grave ameaa, a fim de assegurar a
impunidade do crime ou a deten‹o da coisa para si ou para terceiro.
¤ 2¼ - A pena aumenta-se de um tero atŽ metade:
I - se a violncia ou ameaa Ž exercida com emprego de arma;
II - se h‡ o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a v’tima est‡ em servio de transporte de valores e o agente conhece
tal circunst‰ncia.
IV - se a subtra‹o for de ve’culo automotor que venha a ser transportado
para outro Estado ou para o exterior; (Incluído	pela	Lei	nº	9.426,	de	1996)
V - se o agente mantŽm a v’tima em seu poder, restringindo sua liberdade.
(Incluído	pela	Lei	nº	9.426,	de	1996)
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¤ 3¼ Se da violncia resulta les‹o corporal grave, a pena Ž de reclus‹o, de
sete a quinze anos, alŽm da multa; se resulta morte, a reclus‹o Ž de vinte a
trinta anos, sem preju’zo da multa. (Redação	dada	pela	Lei	nº	9.426,	de	1996) Vide	Lei	
nº	8.072,	de	25.7.90
BEM JURêDICO
TUTELADO
O patrim™nio e a integridade f’sica e ps’quica da
v’tima.
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por
qualquer pessoa.
SUJEITO
PASSIVO
Aquele que teve a coisa subtra’da mediante violncia
ou grave ameaa, ou ainda, depois de ter sido
reduzida ˆ impossibilidade de defesa.
TIPO OBJETIVO
(conduta)
A conduta prevista Ž a de subtrair, PARA SI OU
PARA OUTREM, coisa alheia m—vel, MEDIANTE
VIOLæNCIA, GRAVE AMEA‚A, OU APîS REDUZIR
A VêTIMA A UMA SITUA‚ÌO DE
IMPOSSIBILIDADE DE DEFESA. Com rela‹o ˆ
les‹o ao patrim™nio, aplicam-se as mesmas regras
ditas em rela‹o ao furto. Mas, por se tratar de crime
complexo, devemos analisar, ainda, sob o aspecto da
violncia ou grave ameaa ˆ pessoa. A violncia pode
ser pr—pria, quando o agente aplica fora f’sica sobre
a v’tima, ou impr—pria, quando aplica alguma medida
que torna a v’tima indefesa (Boa-noite-cinderela, por
exemplo). Aqui entende-se que n‹o se aplica o
privilŽgio previsto para o furto e nem o princ’pio da
insignific‰ncia.20
TIPO
SUBJETIVO
Dolo. N‹o se admite na forma culposa. O agente
dever‡ possuir o ‰nimo, a inten‹o de SE
APODERAR DA COISA furtada, MEDIANTE
VIOLæNCIA, GRAVE AMEA‚A OU REDU‚ÌO DA
VêTIMA Ë SITUA‚ÌO DE IMPOSSIBILIDADE DE
DEFESA. N‹o se admite na forma culposa. O roubo
de uso Ž crime! Ou seja, o agente que rouba alguma
coisa para somente us‡-la e devolver, comete crime
de roubo. Parte da Doutrina entende, entretanto, que
nesse, caso, haveria apenas constrangimento ilegal
ou les›es corporais, n‹o havendo roubo
(minorit‡rio).21
CONSUMA‚ÌO O STF e o STJ adotam a teoria segundo a qual o
																																																													
20 STJ, RHC 56.431/SC, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado
em 18/06/2015, DJe 30/06/2015
21 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 156/157
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E TENTATIVA crime se consuma quando o agente passa a ter o
poder sobre a coisa22, ap—s ter praticado a violnciaou grave ameaa. Se o agente pratica a violncia ou
grave ameaa, mas n‹o subtrai a coisa, o crime Ž
TENTADO.
CUIDADO! A inexistncia de valores em poder da v’tima configura
crime imposs’vel? N‹o, pois se trata de mera impropriedade RELATIVA
do objeto, caracterizando TENTATIVA.
O ¤1¡ traz a figura do roubo IMPRîPRIO. O roubo impr—prio
ocorre quando a violncia ou ameaa Ž praticada APîS A
SUBTRA‚ÌO DA COISA, como meio de garantir a impunidade do crime
ou assegurar o proveito do crime.
EXEMPLO: Imagine que o agente subtraia uma TV de uma loja de
eletroeletr™nicos. AtŽ a’, nada de roubo, apenas furto. No entanto, ao ser
abordado pelos seguranas, j‡ do lado de fora da loja, tenta fugir e
acaba agredindo os seguranas, fugindo com a coisa. Nesse caso, diz-se
que o roubo Ž IMPRîPRIO, pois a grave ameaa ou violncia Ž
posterior, e n‹o tem como finalidade efetivar a subtra‹o (que j‡
ocorreu), mas garantir a impunidade ou a posse tranquila sobre o bem.23
O ¤ 2¡ prev majorantes (causas de aumento de pena), que se
aplicam tanto ao roubo PRîPRIO (caput) quanto ao roubo IMPRîPRIO.
Algumas observa›es quanto ˆs majorantes do ¤2¡:
O termo ÒarmaÓ, no inciso I, Ž considerado, pela Doutrina e
Jurisprudncia dominantes, QUALQUER INSTRUMENTO QUE POSSA
SER USADO COMO ARMA, independentemente de ter sido fabricado
para esse fim (faca, por exemplo).24
Ainda com rela‹o ˆ arma, a Doutrina e Jurisprudncia entendem
que deve haver o USO EFETIVO DA ARMA ou, ao menos, o PORTE
OSTENSIVO da arma. Se o agente est‡ portando a arma, mas a v’tima
n‹o chega a ter conhecimento deste fato, n‹o incide a causa de aumento
de pena.25
																																																													
22
	O STJ sumulou entendimento no sentido de que a consuma‹o do roubo ocorre com a mera
invers‹o da posse sobre o bem, mediante emprego de violncia ou grave ameaa, sendo
desnecess‡ria a posse mansa e pac’fica ou desvigiada sobre a coisa:
Sœmula 582 do STJ - Consuma-se o crime de roubo com a invers‹o da posse do bem mediante
emprego de violncia ou grave ameaa, ainda que por breve tempo e em seguida ˆ persegui‹o
imediata ao agente e recupera‹o da coisa roubada, sendo prescind’vel a posse mansa e pac’fica
ou desvigiada.	
23 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 419
24 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 421
25 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 421. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 259
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O USO DE ARMA DE BRINQUEDO26 NÌO GERA APLICA‚ÌO DA
CAUSA DE AUMENTO DE PENA.
ƒ necess‡rio que haja per’cia para apurar a potencialidade
lesiva da arma? Em regra, sim. Contudo, se n‹o for poss’vel, as demais
provas podem ser utilizadas para comprovar o fato (Posi‹o do STJ).27
Com rela‹o ˆ majorante do roubo praticado em concurso de
pessoas, e se estivermos diante de uma associa‹o criminosa? O
STJ entende que os agentes respondem tanto pelo roubo com a
causa de aumento de pena do concurso de pessoas quanto pela
associa‹o criminosa, em concurso MATERIAL.
O inciso V traz a hip—tese na qual a v’tima Ž privada de sua
liberdade, sendo mantida em poder do criminoso. Temos aqui, na
verdade, a quest‹o do ÒrefŽmÓ. Havendo utiliza‹o de refŽm para garantir
sucesso na fuga, por exemplo, haver‡ a causa de aumento de pena.
O ¤3¡, por sua vez, traz o que se chama de ROUBO QUALIFICADO
PELO RESULTADO (Les‹o corporal grave ou morte). N‹o se exige que o
resultado tenha sido querido pelo agente, bastando que ele tenha agido
pelo menos de maneira culposa em rela‹o a eles (pois a reda‹o do ¤
diz: Òse da violncia resulta...Ó). AlŽm disso, n‹o incide essa
QUALIFICADORA quando o roubo Ž realizado mediante GRAVE
AMEA‚A.28
Ao crime de ROUBO QUALIFICADO PELO RESULTADO NÌO SE
APLICAM AS MAJORANTES DO ¤2¡.
A segunda parte do roubo qualificado pelo resultado trata do
LATROCêNIO, que Ž o roubo qualificado pelo resultado MORTE. Ele
ocorrer‡ sempre que o agente, VISANDO A SUBTRA‚ÌO DA COISA,
praticar a conduta (empregando violncia) e ocorrer (dolosa ou
culposamente) a morte de alguŽm. Caso o agente deseje a morte da
pessoa, e, somente ap—s realizar a conduta homicida, resolva furtar seus
bens, estaremos diante de um HOMICêDIO em concurso com
FURTO.
E se o agente mata o pr—prio comparsa (para ficar com todo
o dinheiro, por exemplo)? Neste caso, temos roubo em concurso
material com homic’dio, e n‹o latroc’nio.
E se o agente atira para acertar a v’tima, mas acaba
atingindo o comparsa? Temos erro na execu‹o (aberratio ictus),
e o agente responde como se tivesse atingido a v’tima. Logo, temos
latroc’nio.
																																																													
26 O mesmo racioc’nio se aplica a qualquer arma INIDïNEA, ou seja, que n‹o tenha potencialidade
lesiva (arma desmuniciada, por exemplo). No que tange ˆ arma com defeito, ela somente n‹o ir‡
caracterizar a majorante se o feito for ÒabsolutoÓ, ou seja, tornar a arma absolutamente ineficaz.
27 (HC 284.332/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em
22/04/2014, DJe 30/04/2014)
28 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 425. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 263
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Quanto ˆ consuma‹o do latroc’nio, muitas correntes tambŽm
surgiram, mas atualmente prevalece no STF o entendimento de que o
crime de latroc’nio se consuma com a ocorrncia do resultado
morte, ainda que a subtra‹o da coisa n‹o tenha se consumado. Isso
est‡ na sœmula n¡ 610 do STF:
Sœmula 610 do STF
Hç CRIME DE LATROCêNIO, QUANDO O HOMICêDIO SE CONSUMA, AINDA
QUE NÌO REALIZE O AGENTE A SUBTRA‚ÌO DE BENS DA VêTIMA.
Em resumo, o entendimento acerca da consuma‹o do latroc’nio Ž o
seguinte:
SUBTRA‚ÌO CONSUMADA + MORTE CONSUMADA =
Latroc’nio consumado
SUBTRA‚ÌO TENTADA + MORTE TENTADA = Latroc’nio
tentado
SUBTRA‚ÌO TENTADA + MORTE CONSUAMDA = Latroc’nio
consumado (sœmula 610 do STF)
SUBTRA‚ÌO CONSUMADA + MORTE TENTADA = Latroc’nio
tentado29
A a‹o penal, neste crime, ƒ PòBLICA INCONDICIONADA.
(FGV - 2016 - OAB - XX EXAME DE ORDEM)
Aproveitando-se da ausncia do morador, Francisco subtraiu de
um s’tio diversas ferramentas de valor consider‡vel, conduta n‹o
assistida por quem quer que seja. No dia seguinte, o propriet‡rio
Ant™nio verifica a falta das coisas subtra’das, resolvendo se dirigir
ˆ delegacia da cidade. Ap—s efetuar o devido registro, quando
retornava para o s’tio, Ant™nio avistou Francisco caminhando com
diversas ferramentas em um carrinho, constatando que se
tratavam dos bens dele subtra’dos no dia anterior. Resolve fazer a
abordagem, logo dizendo ser o propriet‡rio dos objetos, vindo
Francisco, para garantir a impunidade do crime anterior, a desferir
um golpe de p‡ na cabea de Ant™nio, causando-lhe as les›es que
foram a causa de sua morte. Apesar de tentar fugir em seguida,
Francisco foi preso por policiais que passavam pelo local, sendo as
coisas recuperadas, ficando constatado o falecimento do lesado.
																																																													
29 H‡ decis‹o do STF considerando haver, aqui, roubo consumado em concurso com homic’dio
tentado. O STJ, contudo, j‡ consolidou entendimento no sentido de haver, aqui, latroc’nio tentado
(HC 314.203/PR, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 30/06/2015, DJe
04/08/2015).
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Revoltada, a fam’lia de Ant™nioo procura, demonstrando
interesse em sua atua‹o como assistente de acusa‹o e
afirmando a existncia de dœvidas sobre a capitula‹o da conduta
do agente.
Considerando o caso narrado, o advogado esclarece que a conduta
de Francisco configura o(s) crime(s) de
A) latroc’nio consumado.
B) latroc’nio tentado.
C) furto tentado e homic’dio qualificado.
D) furto consumado e homic’dio qualificado.
COMENTçRIOS: No caso em tela n‹o podemos falar em latroc’nio. Isto
porque o homic’dio, a despeito de ter sido praticado para assegurar a
posse sobre a coisa furtada, foi praticado em contexto distinto (no dia
seguinte), de forma que Ž incab’vel falar em latroc’nio, j‡ que a morte se
configurou como um crime aut™nomo, uma nova empreitada criminosa,
ainda que guarde rela‹o com o furto anteriormente realizado. Assim,
temos furto consumado e homic’dio qualificado, nos termos dos arts. 155
c/c art. 121, ¤2, V do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
(FGV Ð 2015 Ð OAB Ð XVI EXAME DE ORDEM)
Moura, maior de 70 anos, prim‡rio e de bons antecedentes,
mediante grave ameaa, subtraiu o rel—gio da v’tima Lœcia,
avaliado em R$ 550,00 (quinhentos e cinquenta reais). Cerca de
45 minutos ap—s a subtra‹o, Moura foi procurado e localizado
pelos policiais que foram avisados do ocorrido, sendo a coisa
subtra’da recuperada, n‹o sofrendo a v’tima qualquer preju’zo
patrimonial. O fato foi confessado e Moura foi condenado pela
pr‡tica do crime de roubo simples, ficando a pena acomodada em
04 anos de reclus‹o em regime aberto e multa de 10 dias.
Procurado pela fam’lia do acusado, voc, poder‡ apelar, buscando
a) o reconhecimento da forma tentada do roubo
b) a aplica‹o do sursis da pena
c) o reconhecimento da atipicidade comportamental por fora da
insignific‰ncia.
d) a redu‹o da pena abaixo do m’nimo legal, em raz‹o das
atenuantes da confiss‹o espont‰nea e da senilidade.
COMENTçRIOS: No caso em tela, n‹o h‡ que se falar em forma tentada
do roubo, pois o agente teve a posse da coisa, ainda que por breve
per’odo, o que consuma o delito.
TambŽm n‹o h‡ que se falar em insignific‰ncia, dada a existncia de
violncia ou grave ameaa. Por fim, as atenuantes n‹o podem reduzir a
pena abaixo do m’nimo legal.
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Assim, somente caberia pleitear a aplica‹o do ÒsursisÓ et‡rio, nos termos
do art. 77, ¤2¼ do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)
JosŽ subtrai o carro de um jovem que lhe era totalmente
desconhecido, chamado Jo‹o. Tal subtra‹o deu-se mediante o
emprego de grave ameaa exercida pela utiliza‹o de arma de
fogo. Jo‹o, entretanto, rapaz jovem e de boa saœde, sem qualquer
hist—rico de doena cardiovascular, assusta-se de tal forma com a
arma, que vem a —bito em virtude de ataque card’aco.
Com base no cen‡rio acima, assinale a afirmativa correta.
a) JosŽ responde por latroc’nio.
b) JosŽ n‹o responde pela morte de Jo‹o.
c) JosŽ responde em concurso material pelos crimes de roubo e de
homic’dio culposo.
d) JosŽ praticou crime preterdoloso.
COMENTçRIOS: Embora a quest‹o seja polmica, entendo que o
gabarito est‡ correto. JosŽ n‹o responde pela morte de Jo‹o.
Isso ocorre porque Jo‹o, como narrado pela quest‹o, era pessoa JOVEM e
de BOA SAòDE, sem qualquer hist—rico de doena cardiovascular. Assim,
a eventual morte da v’tima sequer entrou na esfera de previsibilidade do
agente, ou melhor, sequer poderia ter sido previs’vel (previsibilidade
objetiva, indispens‡vel para o reconhecimento da culpa).
Assim, o resultado morte n‹o pode ser imputado a JosŽ, nem mesmo a
t’tulo culposo, dada a total ausncia de previsibilidade da ocorrncia do
resultado.
ƒ de se frisar que a quest‹o deixa bastante claro que se tratava de
pessoa jovem e de boa saœde, exatamente para n‹o dar margem a
interpreta›es diversas.
AlŽm disso, jamais poder’amos falar em latroc’nio aqui, pois n‹o houve
emprego de violncia (apenas grave ameaa)
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)
Ares, objetivando passear com a bicicleta de çrtemis, desfere
contra esta um soco. çrtemis cai, Ares pega a bicicleta e a utiliza
durante todo o resto do dia, devolvendo-a ao anoitecer.
Considerando os dados acima descritos, assinale a alternativa
correta.
a) Ares praticou crime de roubo com a causa de diminui‹o de
pena do arrependimento posterior.
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b)Ares praticou at’pico penal.
c) Ares praticou constrangimento ilegal.
d) Ares praticou constrangimento legal com a causa de diminui‹o
de pena do arrependimento posterior.
COMENTçRIOS: A quest‹o Ž muito polmica. Em minha vis‹o, deveria
ter sido anulada.
Ter’amos, aqui, o que se chama de Òroubo de usoÓ. A quest‹o Ž, isso Ž
admiss’vel? H‡ divergncia, havendo quem entenda poss’vel o
reconhecimento do roubo de uso (e, portanto, n‹o seria pun’vel pelo
roubo). Outros, porŽm, entendem que n‹o existe a figura do roubo de
uso, de forma que a conduta configura, apenas, roubo (e o agente
responde pelo delito de roubo).
A Banca adotou a primeira corrente.
Nesse caso, n‹o sendo roubo, qual delito seria?
Considerando-se as circunst‰ncias, somente seria cab’vel falar em
constrangimento ilegal, nos termos do art. 146 do CP.
N‹o h‡, porŽm, que se falar em arrependimento posterior, pois este Ž
inaplic‡vel aos crimes cometidos com violncia ou grave ameaa ˆ
pessoa, nos termos do art. 16 do CP.
Esta foi, portanto, a resposta da Banca, embora a quest‹o devesse ser
anulada.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ LETRA C.
(FGV Ð 2011 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM)
Marcus, visando roubar Maria, a agride, causando-lhe les›es
corporais de natureza leve. Antes, contudo, de subtrair qualquer
pertence, Marcus decide abandonar a empreitada criminosa,
pedindo desculpas ˆ v’tima e se evadindo do local. Maria, ent‹o,
comparece ˆ delegacia mais pr—xima e narra os fatos ˆ autoridade
policial.
No caso acima, o delegado de pol’cia
a) dever‡ instaurar inquŽrito policial para apurar o crime de roubo
tentado, uma vez que o resultado pretendido por Marcus n‹o se
concretizou.
b) nada poder‡ fazer, uma vez que houve a desistncia volunt‡ria
por parte de Marcus.
c) dever‡ lavrar termo circunstanciado pelo crime de les›es
corporais de natureza leve.
d) nada poder‡ fazer, uma vez que houve arrependimento
posterior por parte de Marcus.
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COMENTçRIOS: No caso em tela Marcus iniciou a execu‹o de um delito
de roubo, mas desistiu de prosseguir na execu‹o, o que caracteriza
desistncia volunt‡ria, nos termos do art. 15 do CP.
Isso faz com que Marcus responda, apenas, pelos atos j‡ praticados que,
no caso em tela, configuram apenas les›es corporais leves.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.
1.2.2. Extors‹o
Art. 158 - Constranger alguŽm, mediante violncia ou grave ameaa, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econ™mica, a
fazer, tolerar que se faa ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclus‹o, de quatro a dez anos, e multa.
¤ 1¼ - Se o crime Ž cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de
arma, aumenta-se a pena de um tero atŽ metade.
¤ 2¼ - Aplica-se ˆ extors‹o praticada mediante violncia o disposto no ¤ 3¼
do artigo anterior.Vide	Lei	nº	8.072,	de	25.7.90
¤ 3o Se o crime Ž cometido mediante a restri‹o da liberdade da v’tima, e
essa condi‹o Ž necess‡ria para a obten‹o da vantagem econ™mica, a pena
Ž de reclus‹o, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, alŽm da multa; se resulta les‹o
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, ¤¤ 2o e
3o, respectivamente. (Incluído	pela	Lei	nº	11.923,	de	2009)
BEM JURêDICO
TUTELADO
O patrim™nio e a liberdade individual da v’tima
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por
qualquer pessoa.
SUJEITO
PASSIVO
Aquele que teve a sua liberdade individual ou
patrim™nio lesados pela conduta do agente. Pode ser
qualquer pessoa.
TIPO OBJETIVO
(conduta)
Aqui o constrangimento Ž mero ÒmeioÓ para a
obten‹o da vantagem indevida. O verbo Ž
ÒconstrangerÓ, que Ž sin™nimo de forar, obrigar
alguŽm a fazer o que n‹o deseja. N‹o se confunde
com o delito de roubo, pois naquele o agente se vale
da violncia ou grave ameaa para subtrair o bem da
v’tima. Neste o agente se vale destes meios para
fazer com que a v’tima LHE ENTREGUE A COISA,
ESPONTANEAMENTE, ou seja, deve haver a
colabora‹o da v’tima.
TIPO
SUBJETIVO
Dolo. N‹o se admite na forma culposa. Se a
vantagem for:
Devida Ð Teremos crime de exerc’cio arbitr‡rio
das pr—prias raz›es (art. 345 do CP).
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Sexual Ð Teremos estupro.
Meramente moral, sem valor econ™mico Ð
Constrangimento ilegal (art. 146 do CP);
CONSUMA‚ÌO
E TENTATIVA
O STJ entende que se trata de CRIME FORMAL, que
se consuma com o mero emprego da violncia ou
grave ameaa, INDEPENDENTEMENTE DA
OBTEN‚ÌO DA VANTAGEM VISADA PELO
AGENTE (sœmula n¡ 96 do STJ).
O ¤1¡ traz uma causa de aumento de pena (1/3 atŽ a metade), caso
o crime seja cometido por duas ou mais pessoas ou mediante o uso de
arma. Aplicam-se as mesmas observa›es feitas no crime de roubo.
TambŽm se aplica o disposto no ¤3¡ do art. 157 (roubo qualificado
pelo resultado), ou seja, ocorrendo les‹o grave ou morte, teremos o
crime de EXTORSÌO QUALIFICADA PELO RESULTADO, com as
mesmas penas previstas no ¤3¡ do art. 157 do CP.
O ¤3¡ do art. 158 representa uma inova‹o legislativa (realizada
em 2009) que criou a figura do SEQUESTRO RELåMPAGO.
Na verdade, esse nome Ž dado pela Doutrina. O que ocorreu foi a
mera inclus‹o do ¤3¼ no art. 158 do CP, criando uma outra forma de
extors‹o qualificada. Segundo este dispositivo, Ž necess‡rio:
§ Que o crime seja cometido mediante a restri‹o da
liberdade da v’tima
§ Que essa circunst‰ncia seja necess‡ria para a obten‹o
da vantagem econ™mica Ð Se for desnecess‡ria, o agente
responde por extors‹o simples em concurso material com
sequestro ou c‡rcere privado.
A pena Ž mais elevada (seis a doze anos). O crime tambŽm ser‡
considerado qualificado (com penas mais severas30) no caso de
ocorrncia de les›es graves ou morte.
A a‹o penal no crime de extors‹o, em qualquer hip—tese, Ž
PòBLICA INCONDICIONADA.
O art. 160, por sua vez, cria a figura da EXTORSÌO INDIRETA, que
ocorre quando um credor EXIGE ou RECEBE, do devedor,
DOCUMENTO QUE POSSA DAR CAUSA Ë INSTAURA‚ÌO DE
PROCESSO CRIMINAL CONTRA ELE. Vejamos:
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de d’vida, abusando da situa‹o
de alguŽm, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a
v’tima ou contra terceiro:
Pena - reclus‹o, de um a trs anos, e multa.
																																																													
30 As penas, neste caso, ser‹o as mesmas previstas para o crime de extors‹o mediante sequestro
qualificado pela morte ou les›es graves (art. 159, ¤¤2¼ e 3¼ do CP).
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Exige-se, nesse caso, o dolo espec’fico, consistente na inten‹o de
exigir ou receber o documento COMO GARANTIA DE DêVIDA.
Necess‡rio, ainda, que o agente SE VALHA DA CONDI‚ÌO DA VêTIMA,
que se encontra em situa‹o de fragilidade (desesperada, aflita), de
forma a exigir dela esta garantia abusiva. Assim, deve haver:
§ O abuso de situa‹o de necessidade (fragilidade) da v’tima
§ Inten‹o de garantir, futuramente, o pagamento da d’vida
(por meio da ameaa)
O crime se consuma com a mera realiza‹o da exigncia (nesse caso,
crime formal) ou com o efetivo recebimento (nesse caso, material) do
documento. A tentativa Ž poss’vel.
A a‹o penal Ž pœblica incondicionada.
1.2.3. Extors‹o mediante sequestro
Art. 159 - SeqŸestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem, como condi‹o ou preo do resgate: Vide	 Lei	 nº	 8.072,	 de	
25.7.90
Pena - reclus‹o, de oito a quinze anos. (Redação	dada	pela	Lei	nº	8.072,	de	25.7.1990)
¤ 1o Se o seqŸestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqŸestrado
Ž menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime Ž
cometido por bando ou quadrilha. Vide	Lei	nº	8.072,	de	25.7.90 (Redação	dada	pela	Lei	
nº	10.741,	de	2003)
Pena - reclus‹o, de doze a vinte anos. (Redação	dada	pela	Lei	nº	8.072,	de	25.7.1990)
¤ 2¼ - Se do fato resulta les‹o corporal de natureza grave: Vide	Lei	nº	8.072,	de	
25.7.90
Pena - reclus‹o, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação	 dada	 pela	 Lei	 nº	
8.072,	de	25.7.1990)
¤ 3¼ - Se resulta a morte: Vide	Lei	nº	8.072,	de	25.7.90
¤ 4¼ - Se o crime Ž cometido em concurso, o concorrente que o denunciar ˆ
autoridade, facilitando a liberta‹o do seqŸestrado, ter‡ sua pena reduzida de
um a dois teros. (Redação	dada	pela	Lei	nº	9.269,	de	1996)
BEM JURêDICO
TUTELADO
O patrim™nio e a liberdade individual da v’tima
SUJEITO ATIVO Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por
qualquer pessoa.
SUJEITO
PASSIVO
Aquele que teve a sua liberdade individual ou
patrim™nio lesados pela conduta do agente. Pode ser
qualquer pessoa.
OBS.: Pessoa jur’dica pode ser sujeito passivo, na
qualidade de v’tima da les‹o patrimonial (Ex.:
Sequestra-se o s—cio, para exigir da PJ o pagamento
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do resgate).
TIPO OBJETIVO
(conduta)
O verbo (nœcleo do tipo) Ž sequestrar, ou seja,
impedir, por qualquer meio, que a pessoa exera seu
direito de ir e vir. O CRIME OCORRERç AINDA QUE
A VêTIMA NÌO SEJA TRANSFERIDA PARA
OUTRO LOCAL. Aqui a priva‹o da liberdade se d‡
como meio para se obter um RESGATE, que Ž um
pagamento pela liberdade de alguŽm. Embora a lei
diga Òqualquer vantagemÓ, a Doutrina entende que a
vantagem deve ser PATRIMONIAL e INDEVIDA,
pois se for DEVIDA, teremos o crime de exerc’cio
arbitr‡rio das pr—prias raz›es.
TIPO
SUBJETIVO
Dolo. Exige-se a FINALIDADE ESPECIAL DE AGIR,
consistente na inten‹o de obter uma vantagem
patrimonial como resgate.
CONSUMA‚ÌO
E TENTATIVA
O STF entende que se trata de CRIME FORMAL, que
se consuma com a mera priva‹o da liberdade da
v’tima, INDEPENDENTEMENTE DA OBTEN‚ÌO DA
VANTAGEM VISADA PELO AGENTE (informativo
n¡ 27 do STF). A tentativa Ž plenamente
poss’vel. Trata-se de crime permanente, que se
prolonga no tempo, podendo haver pris‹o em
flagrante a qualquer momento, enquanto durar a
atividade criminosa.
Segundo o ¤1¡, a pena ser‡ de DOZE A VINTE ANOS SE:
O sequestro dura mais de 24 horas
Se o sequestrado Ž menor de 18 anos ou maior de 60 anos
Se o crime for cometido por quadrilha ou bando Ð Os agentes
respondem tanto pela extors‹o mediante sequestro
qualificada quanto pelaassocia‹o criminosa (art. 288 do
CP)
Se do crime resultar les‹o corporal GRAVE ou morte, tambŽm
h‡ formas QUALIFICADAS, cujas penas, nos termos dos ¤¤ 2¡ e 3¡ do art.
159, ser‹o de 16 a 24 anos e de 24 a 30 anos, RESPECTIVAMENTE.
A Doutrina n‹o Ž un‰nime quanto a quem possa ser a v’tima da les‹o
grave ou morte. No entanto, a maioria da Doutrina entende que o
resultado (les‹o grave ou morte) qualifica o crime, QUALQUER QUE
SEJA A PESSOA QUE SOFRA A LESÌO31, ainda que n‹o seja o pr—prio
																																																													
31 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 279
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sequestrado, mas desde que ocorra no contexto f‡tico do delito de
extors‹o mediante sequestro.
O ¤4¡ prev a chamada DELA‚ÌO PREMIADA, ou seja, um
abatimento na pena daquele que delata os demais cœmplices (redu‹o de
1/3 a 2/3). ƒ indispens‡vel que dessa dela‹o decorra uma facilita‹o na
libera‹o do sequestrado (Doutrina majorit‡ria).32
A a‹o pena ser‡ pœblica incondicionada.
1.3. Da usurpa‹o
Os crimes previstos neste cap’tulo s‹o pouco exigidos, motivo
pelo qual abordaremos o tema de forma menos aprofundada que
os crimes anteriores, para que vocs n‹o tenham que estudar aquilo que
n‹o ser‡ objeto de cobrana na prova.
1.3.1. Altera‹o de limites
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal
indicativo de linha divis—ria, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa
im—vel alheia:
Pena - deten‹o, de um a seis meses, e multa.
¤ 1¼ - Na mesma pena incorre quem:
Usurpa‹o de ‡guas
I - desvia ou represa, em proveito pr—prio ou de outrem, ‡guas alheias;
Esbulho possess—rio
II - invade, com violncia a pessoa ou grave ameaa, ou mediante concurso
de mais de duas pessoas, terreno ou edif’cio alheio, para o fim de esbulho
possess—rio.
¤ 2¼ - Se o agente usa de violncia, incorre tambŽm na pena a esta
cominada.
¤ 3¼ - Se a propriedade Ž particular, e n‹o h‡ emprego de violncia, somente
se procede mediante queixa.
No crime previsto no caput do artigo Ž aquele no qual o agente,
valendo-se do deslocamento ou supress‹o de alguma marca divis—ria,
BUSCA SE APODERAR de bem im—vel que n‹o lhe pertence (mas que Ž
divis—rio com o seu).
ƒ necess‡rio o dolo espec’fico, CONSISTENTE NA VONTADE DE
SE APODERAR DA COISA ALHEIA ATRAVƒS DA CONDUTA.
O ¤1¡ traz formas equiparadas, relativas ˆ conduta daqueles que
realizam a usurpa‹o de ‡guas alheias, mediante o desvio ou
represamento (inciso I) e a conduta daqueles que promovem a invas‹o,
mediante violncia ˆ pessoa, grave ameaa, ou concurso de MAIS DE
																																																													
32 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 444
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DUAS PESSOAS (m’nimo de trs, ent‹o), DE TERRENO OU
EDIFêCIO ALHEIO, COM O FIM DE ESBULHO POSSESSîRIO.
Esbulhar a posse significa TOMAR A POSSE, retirar a posse de
quem a exera sobre o bem. Se o agente se valer de violncia, responde,
ainda, pelo crime relativo ˆ violncia.
A a‹o penal, em regra, Ž PòBLICA INCONDICIONADA. No
entanto, se a propriedade lesada for particular e n‹o tiver havido
emprego de violncia, A A‚ÌO PENAL SERç PRIVADA (¤3¡ do art.
161).
1.3.2. Supress‹o ou altera‹o de marca em animais
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio,
marca ou sinal indicativo de propriedade:
Pena - deten‹o, de seis meses a trs anos, e multa.
Aqui se pune a conduta do agente que retira (suprime) ou altera
marca ou sinal referente ˆ propriedade de gado ou rebanho alheio.
A Doutrina exige o dolo, mas n‹o Ž pac’fica quanto ˆ necessidade de
dolo espec’fico (especial fim de agir).
O crime se consuma com a mera realiza‹o da supress‹o ou
altera‹o da marca ou sinal, n‹o havendo necessidade de que o agente se
apodere dos animais cujas marcas foram adulteradas.
No entanto, se o agente se apoderar dos animais, teremos o crime
de furto mediante fraude (art. 155, ¤4¡, II do CP), que absorve este
crime de usurpa‹o. A tentativa Ž plenamente poss’vel.
A a‹o penal ser‡ sempre pœblica incondicionada.
1.4. Do dano
Os crimes de dano s‹o crimes nos quais n‹o h‡ necessidade de um
aumento patrimonial do agente, ou seja, n‹o h‡ necessidade que ele se
apodere de algo pertencente a outrem, bastando que ele provoque um
preju’zo ˆ v’tima. Vejamos:
(a) Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - deten‹o, de um a seis meses, ou multa.
Dano qualificado
Par‡grafo œnico - Se o crime Ž cometido:
I - com violncia ˆ pessoa ou grave ameaa;
II - com emprego de subst‰ncia inflam‡vel ou explosiva, se o fato n‹o
constitui crime mais grave
III - contra o patrim™nio da Uni‹o, Estado, Munic’pio, empresa concession‡ria
de servios pœblicos ou sociedade de economia mista; (Redação	dada	pela	 Lei	nº	
5.346,	de	3.11.1967)
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IV - por motivo ego’stico ou com preju’zo consider‡vel para a v’tima:
Pena - deten‹o, de seis meses a trs anos, e multa, alŽm da pena
correspondente ˆ violncia.
O crime Ž comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, tendo
como sujeito passivo o propriet‡rio ou possuidor do bem danificado. O
cond™mino pode ser sujeito ativo, mas se a coisa Ž fung’vel
(substitu’vel, como o dinheiro, por exemplo) e o agente deteriora
apenas a sua cota-parte, n‹o h‡ crime, por analogia ao furto de
coisa comum (Posi‹o do STF).
O tipo objetivo (conduta) pode ser tanto a destrui‹o (danifica‹o
total), a inutiliza‹o (danifica‹o, ainda que parcial, mas que torna o bem
inœtil) ou deteriora‹o (danifica‹o parcial do bem) da coisa.
O crime deve ser praticado na forma comissiva (a‹o). Nada
impede, contudo, que alguŽm responda pelo delito em raz‹o de uma
omiss‹o, desde que seja o respons‡vel por evitar o resultado (ex.: Um
vigia que v alguŽm destruir o patrim™nio que ele deve zelar e nada faz,
responder‡ pelo crime de dano, na forma do art. 13, ¤2¼ do CP).
Exige-se o dolo. NÌO Hç CRIME DE DANO CULPOSO (n‹o
havendo necessidade de qualquer especial fim de agir).33
CUIDADO! O crime de Òpicha‹oÓ Ž definido como CRIME CONTRA O
MEIO AMBIENTE (ambiente urbano), nos termos do art. 65 da Lei
9.605/98.
Ali‡s, este crime de dano Ž bastante genŽrico, ocorrendo apenas
quando n‹o houver uma hip—tese espec’fica.
EXEMPLO: Danificar objeto destinado a culto religioso. Esta conduta
configura o crime do art. 208 do CP, e n‹o o crime de dano.
O crime se consuma com a ocorrncia do dano. N‹o havendo a
ocorrncia do dano, o crime ser‡ tentado.
O ¤1¡ do art. 163 traz algumas formas qualificadas do delito, que
elevam a pena para seis meses a trs anos, patamares bem mais altos
que os do caput do artigo.
Se o dano Ž praticado contra OBJETO TOMBADO pela autoridade
competente, em raz‹o de seu valor hist—rico, art’stico ou arqueol—gico, o
crime SERIA o do art. 165 do CP:
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade
competente em virtude de valor art’stico, arqueol—gico ou hist—rico:
Pena - deten‹o, deseis meses a dois anos, e multa.
																																																													
33 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 477
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No entanto, CUIDADO! Este artigo foi TACITAMENTE REVOGADO
pelo art. 62, I da Lei de Crimes Ambientais.34
(FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - PRIMEIRA
FASE)
Pedro, n‹o observando seu dever objetivo de cuidado na
condu‹o de uma bicicleta, choca-se com um telefone pœblico e o
destr—i totalmente.
Nesse caso, Ž correto afirmar que Pedro
A) dever‡ ser responsabilizado pelo crime de dano simples,
somente.
B) dever‡ ser responsabilizado pelo crime de dano qualificado,
somente.
C) dever‡ ser responsabilizado pelo crime de dano qualificado,
sem preju’zo da obriga‹o de reparar o dano causado.
D) n‹o ser‡ responsabilizado penalmente.
COMENTçRIOS: O crime de dano s— Ž pun’vel quando a conduta
praticada pelo agente Ž dolosa, n‹o havendo previs‹o de forma culposa
do delito.
Assim, a quest‹o deve ser definida meramente na esfera civil, n‹o
havendo responsabiliza‹o na esfera criminal.
PORTANTO, A ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
1.4.1. Introdu‹o ou abandono de animais em propriedade
alheia
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem
consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte preju’zo:
Pena - deten‹o, de quinze dias a seis meses, ou multa.
Percebam que o final da reda‹o do artigo menciona que Ž
INDISPENSçVEL A OCORRæNCIA DE PREJUêZO. Sim, pois a mera
conduta do agente, por si s—, n‹o causa dano. Aqui podemos ter o que se
chama de Òpastagem indevidaÓ, que Ž aquela na qual se levam os animais
para outro terreno, de propriedade alheia, para pastar.
O crime Ž comum e pode ser praticado na modalidade ÒintroduzirÓ ou
ÒdeixarÓ (manter) animais na propriedade alheia. O termo Òsem o
consentimento de quem de direitoÓ Ž ELEMENTO NORMATIVO DO
TIPO PENAL. Se houver o consentimento, n‹o h‡ fato t’pico.
																																																													
34 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 489. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 300
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O crime se consuma, como vimos, com a ocorrncia do efetivo
preju’zo. A Doutrina n‹o Ž pac’fica quanto ˆ tentativa, mas a maioria
entende ser imposs’vel, ao argumento de que o tipo exige o dano, de
forma que, ou ele ocorre, ou o crime sequer Ž tentado (ƒ o que
prevalece).
1.4.2. Altera‹o de local especialmente protegido
Art. 166 - Alterar, sem licena da autoridade competente, o aspecto de local
especialmente protegido por lei:
Pena - deten‹o, de um ms a um ano, ou multa.
Aqui temos a conduta daquele que altera os aspectos (internos ou
externos) de algum local que esteja protegido por lei (um bem tombado,
por exemplo). N‹o h‡ necessidade de deteriora‹o ou dano, mas Ž
necess‡rio que o agente altere o aspecto (aparncia) do local.
No entanto, este artigo tambŽm foi revogado pela Lei de Crimes
Ambientais, que trouxe, em seu art. 63, normatiza‹o acerca da conduta.
1.4.3. A‹o Penal
A a‹o penal ser‡, em todos os crimes de dano, PòBLICA
INCONDICIONADA. No entanto, se o crime Ž o de dano simples (art.
163), ou se Ž praticado por motivo ego’stico ou com preju’zo consider‡vel
ˆ v’tima (163, ¤ œnico, IV), ou no caso de introdu‹o ou abandono de
animais em propriedade alheia, o crime ser‡ de A‚ÌO PENAL PRIVADA:
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu par‡grafo e do art. 164,
somente se procede mediante queixa.
1.5. Da apropria‹o indŽbita
Os crimes de apropria‹o indŽbita diferem dos crimes de furto e
roubo, pois aqui o agente POSSUI A POSSE SOBRE O BEM, mas se
RECUSA A DEVOLVæ-LO ou REPASSç-LO a quem de direito. Ou seja,
aqui o crime se d‡ pela INVERSÌO DO ANIMUS DO AGENTE, QUE
ANTES ESTAVE DE BOA-Fƒ, e passa a estar de m‡-fŽ.
1.5.1. Apropria‹o indŽbita
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia m—vel, de que tem a posse ou a
deten‹o:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
¤ 1¼ - A pena Ž aumentada de um tero, quando o agente recebeu a coisa:
I - em dep—sito necess‡rio;
II - na qualidade de tutor, curador, s’ndico, liquidat‡rio, inventariante,
testamenteiro ou deposit‡rio judicial;
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III - em raz‹o de of’cio, emprego ou profiss‹o.
Vejam que a coisa lhe foi entregue espontaneamente, e o
agente deveria devolv-la, mas n‹o o faz. H‡, portanto, viola‹o ˆ
confiana eu lhe fora depositada. O crime Ž comum, podendo ser
praticado por qualquer pessoa.
Trata-se, ainda, de crime genŽrico, podendo ser afastada sua
aplica‹o no caso de haver norma espec’fica, como ocorre no caso de
funcion‡rio pœblico que se apropria de bens que lhe foram confiados em
raz‹o da fun‹o (crime de peculato, art. 312 do CP).
A posse que o infrator tem sobre a coisa deve ser ÒDESVIGIADAÓ,
ou seja, sem vigil‰ncia, decorrendo de confiana entre o dono da
coisa e o infrator. Caso haja mera deten‹o (sem rela‹o de
confiana entre dono e infrator)35, estaremos diante do crime de
furto.
EXEMPLO: Caixa da loja que aproveita a distra‹o do dono para
surrupiar alguns reais do caixa. Temos aqui, crime de furto. N‹o h‡
apropria‹o indŽbita.
A Òdeten‹oÓ apontada no tipo penal Ž aquela cl‡ssica do C—digo
Civil, ou seja, aquela decorrente de uma rela‹o de confiana entre
o dono e o detentor.
O elemento exigido Ž o dolo, n‹o se punindo a forma culposa.
O crime se consuma com a invers‹o da inten‹o do agente.36
A inten‹o, que antes era boa (a de apenas guardar a coisa), agora n‹o Ž
t‹o boa assim, pois se torna em inten‹o de ter a coisa como sua, se
apoderar de algo que lhe fora confiado. Trata-se, portanto, de crime
unissubsistente, sendo invi‡vel a tentativa (embora Doutrina minorit‡ria
entenda o contr‡rio).
O ¤1¡ traz causas de aumento de pena (1/3), quando o agente tiver
recebido a coisa em determinadas situa›es espec’ficas.
1.5.2. Apropria‹o indŽbita previdenci‡ria
Art. 168-A. Deixar de repassar ˆ previdncia social as contribui›es
recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
Pena - reclus‹o, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼
9.983, de 2000)
¤ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Inclu’do pela Lei n¼
9.983, de 2000)
																																																													
35 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 303.
36 PRADO, Luiz Regis. Op. Cit., p. 503
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I - recolher, no prazo legal, contribui‹o ou outra import‰ncia destinada ˆ
previdncia social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a
segurados, a terceiros ou arrecadada do pœblico; (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983,
de 2000)
II - recolher contribui›es devidas ˆ previdncia social que tenham integrado
despesas cont‡beis ou custos relativos ˆ venda de produtos ou ˆ presta‹o
de servios; (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
III - pagar benef’cio devido a segurado, quando as respectivas cotas ou
valores j‡ tiverem sido reembolsados ˆ empresa pela previdncia social.
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
¤ 2o ƒ extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara,
confessa e efetua o pagamento das contribui›es, import‰ncias ou valores e
presta as informa›es devidas ˆ previdncia social, na forma definida em lei
ou regulamento, antes do in’cioda a‹o fiscal. (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de
2000)
¤ 3o ƒ facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de
multa se o agente for prim‡rio e de bons antecedentes, desde que: (Inclu’do
pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
I - tenha promovido, ap—s o in’cio da a‹o fiscal e antes de oferecida a
denœncia, o pagamento da contribui‹o social previdenci‡ria, inclusive
acess—rios; ou (Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
II - o valor das contribui›es devidas, inclusive acess—rios, seja igual ou
inferior ˆquele estabelecido pela previdncia social, administrativamente,
como sendo o m’nimo para o ajuizamento de suas execu›es fiscais.
(Inclu’do pela Lei n¼ 9.983, de 2000)
O sujeito ativo aqui Ž o RESPONSçVEL TRIBUTçRIO, aquele que
por lei est‡ obrigado a reter na fonte a contribui‹o previdenci‡ria ao
INSS e repass‡-la, mas n‹o o faz. O sujeito passivo Ž a UNIÌO.
A conduta Ž apenas uma: Òdeixar de repassarÓ, ou seja, reter, mas
n‹o repassar ao —rg‹o respons‡vel, os valores referentes ˆs contribui›es
previdenci‡rias.
Trata-se de norma penal em branco, pois deve haver a
complementa‹o com as normas previdenci‡rias, que estabelecem o
prazo para repasse das contribui›es retidas pelo respons‡vel tribut‡rio.
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, n‹o se punindo a conduta
culposa, daquele que apenas se esqueceu de repassar as contribui›es
recolhidas. N‹o se exige o dolo espec’fico (Posi‹o do STF e do
STJ).37
A Doutrina majorit‡ria sustenta que o crime Ž formal, e se consuma
no momento em que se exaure o prazo para o repasse dos valores. O
STF, contudo, possui julgados no sentido de que se trata de crime
material, ou seja, no sentido de que seria necess‡ria a constitui‹o
definitiva do tributo (contribui‹o previdenci‡ria) para que pudesse ser
																																																													
37 AgRg no REsp 1265636/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 04/02/2014, DJe 18/02/2014
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iniciada a persecu‹o penal.38 O STJ seguiu o mesmo entendimento
(crime material).39
Percebe-se, assim, a aplica‹o da Sœmula Vinculante n¼ 24 a este
delito, apesar de n‹o constar expressamente no enunciado da sœmula:
Sœmula Vinculante n¼ 24
ÒN‹o se tipifica crime material contra a ordem tribut‡ria, previsto no art. 1¼,
incisos I a IV, da Lei n¼ 8.137/90, antes do lanamento definitivo do tributo.Ó
Tratando-se de CRIME OMISSIVO PURO, n‹o Ž poss’vel o
fracionamento da conduta, de forma que ƒ INCABêVEL A TENTATIVA.
O ¤1¡ traz formas equiparadas (assemelhadas), nas quais o agente
estar‡ sujeito ˆs mesmas penas previstas no caput do artigo. Ou seja,
responde pelas mesmas penas do caput do artigo quem deixar de:
§ Recolher, no prazo legal, contribui‹o ou outra import‰ncia
destinada ˆ previdncia social que tenha sido descontada de
pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do
pœblico
§ Recolher contribui›es devidas ˆ previdncia social que tenham
integrado despesas cont‡beis ou custos relativos ˆ venda de
produtos ou ˆ presta‹o de servios
§ Pagar benef’cio devido a segurado, quando as respectivas cotas
ou valores j‡ tiverem sido reembolsados ˆ empresa pela
previdncia social
1.5.2.1. Extin‹o da punibilidade
A extin‹o da punibilidade em rela‹o a tal delito pode ocorrer em
diversas situa›es espec’ficas (alŽm daquelas previstas para todos os
delitos).
Se o agente se arrepende e resolve a situa‹o, declarando o dŽbito e
pagando o que for necess‡rio, ANTES DO INêCIO DA A‚ÌO FISCAL (a
atividade desenvolvida pelo Fisco), estar‡ EXTINTA A PUNIBILIDADE,
nos termos do ¤2¡ do art. 168-A.
Entretanto, o STF e o STJ entendem que o pagamento, a qualquer
tempo (antes do tr‰nsito em julgado) extingue a punibilidade.40
																																																													
38 Inq 2537 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURƒLIO, Tribunal Pleno, julgado em 10/03/2008, DJe-
107 DIVULG 12-06-2008 PUBLIC 13-06-2008 EMENT VOL-02323-01 PP-00113 RET v. 11, n. 64,
2008, p. 113-122 LEXSTF v. 30, n. 357, 2008, p. 430-441
39 HC 324.131/SP, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO
DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 17/09/2015, DJe 23/09/2015
40 (...) A quita‹o do dŽbito decorrente de apropria‹o indŽbita previdenci‡ria enseja a
extin‹o da punibilidade (art. 9¼, ¤ 2¼, da Lei n¼ 10.684/03), desde que realizada antes
do tr‰nsito em julgado da sentena condenat—ria. (...)
(HC 90.308/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 02/06/2015, DJe
12/06/2015)
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Ø E se o rŽu adere ao parcelamento do dŽbito? Neste caso, fica
SUSPENSA a punibilidade (e tambŽm o curso do prazo prescricional).
Uma vez quitado o parcelamento, extingue-se a punibilidade.41
1.5.2.2. Perd‹o judicial e princ’pio da insignific‰ncia
O ¤3¡ traz o chamado Òperd‹o judicialÓ, ao afirmar que o Juiz poder‡
deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa (nesse œltimo caso
teremos um crime privilegiado) quando o rŽu seja prim‡rio e de bons
antecedentes, desde que:
Tenha promovido, ap—s o in’cio da execu‹o fiscal e antes do
oferecimento da denœncia, o pagamento da contribui‹o social
devida (inciso I do ¤3¼ do art. 168-A do CP); ou
O valor do dŽbito seja igual ou inferior ao estabelecido pela
previdncia como sendo o m’nimo para ajuizamento das a›es
fiscais (inciso II do ¤3¼ do art. 168-A do CP).
Contudo, esse dispositivo (¤3¼ do art. 168-A) perdeu aplica‹o
pr‡tica. Explico:
Com a promulga‹o de Leis relativas ˆ extin‹o da punibilidade pelo
pagamento (Lei 10.684/03 e outras), cujo alcance foi absurdamente
ampliado pelo STJ e pelo STF (para alcanar o pagamento realizado a
qualquer tempo, desde que antes do tr‰nsito em julgado), o inciso I do
art. 168-A, ¤3¼ perdeu completamente o sentido, j‡ que, atualmente, o
mero pagamento do tributo, antes do tr‰nsito em julgado, gera
extin‹o da punibilidade (n‹o havendo necessidade de se tratar de rŽu
prim‡rio, etc.).
AlŽm disso, o inciso II do referido ¤3¼ do art. 168-A tambŽm perdeu
o sentido. Isto porque, nestes casos (o valor do dŽbito seja igual ou
inferior ao estabelecido pela previdncia como sendo o m’nimo para
ajuizamento das a›es fiscais), atualmente se entende que deve ser
																																																													
41 (...) A jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia Ž firme no sentido de que o
parcelamento do dŽbito tribut‡rio, por meio da ades‹o ao Refis, quando efetivado na
vigncia da Lei n. 9.964/2000, apenas suspende a fluncia da prescri‹o, n‹o
extinguindo a punibilidade, mesmo que os dŽbitos tribut‡rios sejam anteriores ao referido
diploma legal (...)
(AgRg no REsp 1245008/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
15/03/2016, DJe 28/03/2016)
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aplicado o princ’pio da insignific‰ncia42. Nesse sentido, o
posicionamento do STJ.43
1.5.3. Apropria‹o de coisa havida por erro, caso fortuito ou
fora maior
Art. 169 - Apropriar-se alguŽm de coisa alheia vinda ao seu poder por erro,
caso fortuito ou fora da natureza:
Pena - deten‹o, de um ms a um ano, ou multa.
Par‡grafo œnico - Na mesma pena incorre:
Apropria‹o de tesouro
I - quem acha tesouro em prŽdio alheio e se apropria, no todo ou em parte,