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BOLETIM DE VIGILÂNCIA EM EM SAÚDE V.02

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BOLETIM DE 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Volume 02 - Nº 01
18 de dezembro de 2017 
NOTIFICAÇÕES DE ATENDIMENTO ANTIRRÁBICO HUMANO NA POPULAÇÃO DE FRONTEIRA-MG, EM 2017.
PREFEITURA MUNICIPAL DE FRONTEIRA
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE - “MAIS SAÚDE PARA MAIS FRONTEIRENSES”
DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Email: epidemiologia@fronteira.mg.gov.br
 A raiva é uma infecção aguda, causada por um vírus constituído de ácido ribonucleico (família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus) que acomete o Sistema Nervoso Central (SNC), gerando um quadro de encefalite. A doença apresenta caráter zoonótico, sendo os mamíferos, incluindo o homem, os únicos animais que adoecem e são suscetíveis à infecção viral. Configura-se como um grande problema de saúde pública, por apresentar letalidade de praticamente 100% e ser responsável, a cada ano, por milhares de mortes de animais no mundo todo. 
A transmissão ocorre quando o vírus contido na saliva e secreções do animal infectado penetra no tecido, principalmente através de mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas e/ou pele lesionada. Em seguida, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico e migra para o SNC.
A partir do SNC, dissemina-se para vários órgãos e glândulas salivares, onde também se replica e é eliminado na saliva das pessoas ou outros animais infectados.
O vírus da raiva humana pode se desenvolver em quatro ciclos epidemiológicos (Figura 1): urbano (representado pelos cães e gatos), silvestre (formado por saguis, cachorros do mato, raposas, guaxinins, além de outros animais silvestres), rural (relacionado aos animais de produção) e aéreo (que envolve morcegos). 
Figura 1. Ciclos epidemiológicos de transmissão da raiva no Brasil. Fonte: INSTITUTO PASTEUR – SES/SP
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 O ciclo urbano continua sendo o mais importante para a raiva humana, onde a espécie de maior relevância epidemiológica para a transmissão do vírus é o cão, principal reservatório e fonte de infecção (Figura 1). Atualmente, a grande dificuldade de erradicação da doença reside na intensa circulação do vírus no “ciclo aéreo”, no qual os morcegos, hematófagos ou não, mantêm a circulação do vírus entre animais domésticos de estimação, como cães e gatos e, animais domésticos de interesse econômico, como bovinos e equinos.  Por essa razão, realiza-se vigilância passiva de morcegos como uma importante atividade de monitoramento desse agravo.
 A raiva é uma doença passível de eliminação em seu ciclo urbano, pois existem medidas eficientes de prevenção em relação ao ser humano e à fonte de infecção; como por exemplo, a vacinação humana e animal, a disponibilização de soro antirrábico de qualidade para o homem, bloqueios de foco e recolhimento de animais de rua. Os esquemas de profilaxia da raiva humana no Brasil seguem as normas técnicas preconizadas pelo Ministério da Saúde. Desde 2003, o Sistema Único de Saúde (SUS) utiliza a vacina de cultivo celular, que confere uma resposta imunológica mais precoce e mais duradoura e com menos eventos adversos neurológicos, quando comparada com a vacina Fuenzalida & Palácios anteriormente utilizada. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que, anualmente, mais de 15 milhões de pessoas recebam profilaxia pós-exposição para prevenir a doença.
 Em Minas Gerais, os casos de raiva humana têm ocorrido de forma ocasional, não indicando um risco iminente da instalação de forma endêmica. 
Figura 2. Frequência de atendimentos antirrábicos humanos, notificados no município de Fronteira (MG), em 2017, por espécie de animal agressor. Fonte: SINAN em 28 de dezembro de 2017.
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 Os dois últimos casos de raiva humana foram registrados no ano de 2006; no município de Prados-MG, transmitido por herbívoro e, no ano de 2012, em Rio Casca-MG, transmitido por morcego. A situação da doença no estado mineiro é diretamente proporcional à conjuntura de desenvolvimento regional, onde áreas de alto risco coincidem com as maiores áreas de pobreza e analfabetismo. 
 No Brasil, todo caso suspeito de raiva humana é de notificação compulsória, imediata e individual. Portanto, todo e qualquer acidente provocado por animal potencialmente transmissor da raiva, independentemente de o indivíduo ter indicação de receber vacina ou soro antirrábico, também necessita ser notificado; conforme preconiza a Portaria de número 204, do Ministério da Saúde, de 17 de fevereiro de 2016. O atendimento antirrábico está entre os três agravos de maior número de notificações do país, com mais de 500 mil notificações no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) por ano.
A situação epidemiológica da raiva no Brasil, nos últimos 20 anos, revelou que a incidência da doença sofreu importante redução. 
O sucesso no controle da doença pode ser atribuído à criação do Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR), cuja finalidade é conscientizar a população sobre a importância da campanha da vacinação antirrábica, fornecer às prefeituras as vacinas e as condições para a vacinação maciça e gratuita da população canina e felina uma vez ao ano e, divulgar as outras medidas de prevenção da raiva.
Figura 3. Panfleto de divulgação da Campanha de Vacinação Antirrábica Animal 2017, Ministério da Saúde.
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 A Secretaria Municipal de Saúde de Fronteira (MG) realizou em agosto último, a Campanha de Vacinação Antirrábica 2017. A meta prevista era de vacinar 2.739 animais, entre cães e gatos, com mais de três meses, conforme estipulado pelo Ministério da Saúde. Ao final da campanha foram vacinados 2.623 animais, sendo, 2.342 cães e 281 gatos; dados que correspondem a aproximadamente 95% da meta prevista.
 As Estratégias Saúde da Família (ESFs), o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e a Unidade Mista de Saúde (UMS) são serviços de referência da rede municipal de Fronteira (MG) para o atendimento e aplicação da vacina. O soro antirrábico é administrado no Hospital Frei Gabriel, localizado no município de Frutal-MG.Todo atendimento antirrábico deve ser notificado, independente do paciente agredido ter indicação de receber vacina ou soro antirrábico. Existe uma ficha específica padronizada pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), que se constitui em um instrumento fundamental para decisão da conduta de profilaxia a ser adotada pelo profissional de saúde, devendo ser devidamente preenchida e notificada
Em casos de suspeita ou exposição ao vírus rábico é importante seguir as seguintes recomendações:
 Higienizar o ferimento com água e sabão à base de hidróxido de sódio (“soda caustica”). A higienização precoce reduz os riscos de se adquirir a raiva;
 Procurar com urgência uma das Unidades de Saúde mais próxima; 
 Não sacrificar o animal. É importante observá-lo durante 10 dias, para que se possa identificar qualquer sinal indicativo da raiva;
 Manter o animal hidratado e alimentado, em local seguro;
 Em caso de morte ou fuga do animal, é necessário informar prontamente o Serviço de Saúde; 
 Cumprir fielmente o tratamento preventivo pós-exposição.
Figura 4. Foto da Campanha de Vacinação Antirrábica Animal, realizada em Fronteira-MG, em 2017.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Dos Santos CVB, de Melo RB, Brandespim DF. Perfil dos atendimentos antirrábicos humanos no agreste pernambucano, 2010-2012. Epidemiol. Serv. Saúde 26(1): 161-168.
Instituto Pasteur. Profilaxia da raiva humana. 2 ed. São Paulo: Instituto Pasteur; 2000. (Manual Técnico do Instituto Pasteur, 4).
Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 8 ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. (Série B. Textos
básicos de saúde). 
Mota RSS, Schuch, LFD, Schuch DGM, Prestes OC, Guimarães TG.Perfil da profilaxia antirrábica humana pré-exposição no estado do Rio Grande do Sul, 2007-2014. Epidemiologia e Serviços de Saúde 25(3): 511 – 518.
Rodrigues RCA, Von Zuben APB, de Lucca T, Reichmann MLAB. Campanhas de vacinação antirrábica em cães e gatos e positividade para raiva em morcegos, no período de 2004 a 2014, em Campinas, São Paulo. Epidemiol. Serv. Saúde 26(3): 621-628.
Wada MY, Rocha SM, Maia-Elkhoury ANS. Situação da raiva no Brasil, 2000 a 2009. Epidemiol Serv Saude. 20(4): 509-518.
COLABORADORES
Wanessa Christina de Souza Neiras
Coordenadora Municipal de Vigilância em Saúde
Meiriele Costa Caires
Chefe de Vigilância em Saúde
Márcia Rosana Toledo Guerra
Gestora Municipal de Saúde
Marcelo Mendes Passuelo
Prefeito Municipal
Secretaria Municipal de Saúde
“Mais Saúde para Mais Fronteirenses”
Avenida Brasil, nº 660, Anexo 6
Vila de Furnas
Fronteira-MG
CEP 38.230-000
Tel.: (34) 3428-3329
(34) 3428-2815

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