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Introdução: O Simbolismo, movimento literário que antecedeu a Primeira Guerra Mundial (1913-1918), surge como reação às correntes materialistas e cientificistas da sociedade industrial do início do século XX. A palavra simbolismo é originária do grego, e significa colocar junto. Os simbolistas, negando os parnasianos, aboliram o culto à forma de suas composições. Resgatando um ideal romântico, os poetas desse período mergulharam no inconsciente, na introspecção do eu; entretanto o fizeram de maneira bem mais profunda que Garret, Camilo Castelo Branco e outros românticos. Simbolismo no Brasil O simbolismo no Brasil surge em 1893 com a publicação de "Missal" e "Broquéis", de Cruz e Souza. Esse é considerado o maior representante do movimento no país, ao lado de Alphonsus de Guimarães. Características do Simbolismo Não-racionalidade Subjetivismo, individualismo e imaginação Espiritualidade e transcendentalidade Subconsciente e inconsciente Musicalidade e misticismo Figuras de linguagem: sinestesia, aliteração, assonância Os principais autores desse movimento Cruz e Sousa e Alphonsus Guimaraens | Foto: Reproduçã Cruz e Sousa O autor João da Cruz e Sousa nasceu no ano de 1861 e era filho de ex-escravos. Foi criado por um Marechal e sua esposa, estudou na melhor escola da região e aprendeu latim, grego e francês. O autor dirigiu o jornal com visão abolicionista chamado Tribuna Popular, mas sofreu muito preconceito durante toda a vida devido à sua cor de pele e, inclusive, foi impedido de assumir o cargo de juiz por causa de sua cor. Casou-se em 1893, ano em que publicou “Missal” e “Broquéis” – obras responsáveis pela introdução do Simbolismo no Brasil -, teve quatro filhos, mas faleceu jovem em 1898, aos 36 anos, vítima da tuberculose, pobre e sem reconhecimento. O autor tinha obsessão pela cor branca, como alguns de seus poemas demonstram. Por exemplo, podemos tomar a passagem a seguir: “Ó Formas alvas, brancas, formas claras De luares, de neves, de neblinas!… Ó formas vagas, fluidas, cristalinas…” Usava palavras com ideias vagas e imprecisas, e abordou muito a temática da loucura. Suas principais obras são “Broquéis”, “Faróis”, “Últimos Sonetos”, “Evocações” e “Missal”. Alphonsus Guimaraens Nascido em 1870, Afonso Henrique da Costa Guimarães abandonou a juventude boêmia para estudar Engenharia, e em seguida, abandonando o curso anterior, Direito. O autor morou grande parte de sua vida em Mariana. O autor usava muita musicalidade e sutileza, e procurava inspirar a atmosfera religiosa, como demonstra a passagem a seguir: “O céu é todo trevas: o vento uiva. Do relâmpago a cabeleira vem ruiva Vem açoitar o rosto meu. E a catedral ebúrnea do meu sonho Afunda-se no caos do céu medonho Como um astro que já morreu.” Conhecido como O Solitário de Mariana, o autor sofreu com a morte de uma mulher amada, e com isso marcou suas obras com o pessimismo, a religiosidade e o questionamento da vida. Suas principais obras são “Kyriale”, “Câmara Ardente”, “Centenário das Dores de Nossa Senhora”, “Dona Mística”, “Pauvre Lyre”, “Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte” e “Mendigos”. Eugênio de Castro Por volta de 1889 formou-se no Curso Superior de Letras (em Lisboa), vindo mais tarde a ensinar na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Funda a revista "Os Insubmissos" com João Menezes e Francisco Bastos ainda nos últimos anos da sua licenciatura, mais propriamente em 1889. Colaborou com a revista que fundou e com a revista "Boémia nova", ambas seguidoras do Simbolismo Francês. Teve também colaboração em várias publicações periódicas do século XIX, nomeadamente: A imprensa (1885-1891), Ave azul (1899-1900), A semana de Lisboa (1893-1895), A leitura (1894-1896), Branco e Negro (1896-1898); nas duas séries da Ilustração Portuguesa: Ilustração Portuguesa (1884-1890) e Illustração portugueza (iniciada em 1903), e ainda, em diversas revistas do Século XX, entre as quais a revista Serões (1901-1911), Atlantida (1915-1920), Contemporânea (1915-1926), Revista de turismo iniciada em 1916, no periódico O Azeitonense (1919-1920) e na revista Ilustração (iniciada em 1926). Em 1890 entrou para a história da literatura portuguesa com o lançamento do livro de poemas "Oaristos", marco inicial do Simbolismo em Portugal. A obra de Eugénio de Castro pode ser dividida em duas fases: na primeira, a fase simbolista, que corresponde a sua produção poética até o fim do século XIX, Eugénio de Castro apresenta algumas características da Escola Simbolista, como o uso de rimas novas e raras, novas métricas, sinestesias, aliterações e vocabulário mais rico e musical. Na segunda fase ou neoclássica, que corresponde aos poemas escritos já no século XX, vemos um poeta voltado à Antiguidade Clássica e ao passado português, revelando um certo saudosismo, característico das primeiras décadas do século XX em Portugal. Casou-se em 22 de Maio de 1898 com Brígida Augusta Correia Portal, e desse casamento houve seis filhos. Foi homenageado em Coimbra através da atribuição do seu nome a uma escola da cidade - o Agrupamento de Escolas Eugénio de Castro. Em 1949 a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o escritor dando o seu nome a uma rua junto à Avenida da Igreja, em Alvalade. Bibliografia: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo, Cultrix, 2012. CASTELLO, Jose Aderaldo. Presença da Literatura brasileira: Do Romantismo ao simbolismo. Rio de Janeiro, Difel, 1978, pp 99-23. CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro, Ouro sobre azul, 2007. RAMOS, Silva. Poesia simbolista. São Paulo, Editora Melhoramentos, 1967.
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