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1 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 2 – Empresário (arts. 966 a 980, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini EMPRESÁRIO Código Civil – Lei n. 10.406/02 LIVRO II – Do Direito de Empresa TÍTULO I – Do Empresário (Arts. 966 a 980) CAPÍTULO I Da Caracterização e da Inscrição Arts. 966 a 971 Artigo 966 Art. 966, caput: Considera-se empresário quem exerce profissional- mente atividade econômica organizada para a produ- ção ou a circulação de bens ou de serviços. “Quem” = pessoa natural, que deve ser civilmente capaz de pleno gozo e não impedida por lei (arts. 1.° a 5.° e 972). Atividade econômica organizada = atos para uma finalidade, organizan- do-se o trabalho e o capital, qual seja, criar riquezas ou utilidades. A atividade deve ser sempre exercida em nome próprio, nunca em nome de outrem. Produção de bens = INDÚSTRIA. Circulação de bens e serviços = COMÉRCIO. Elemento EMPRESA = exercício de atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços. Se a empresa for exercida por pessoa natural, capaz e não impedi- da, teremos um empresário individual. Caso do art. 966, caput. 2 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 2 – Empresário (arts. 966 a 980, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini Se a empresa for exercida a partir de um contrato de pessoas que se obrigam a contribuir, com bens, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados, teremos uma sociedade empresária (art. 981). ---- Art. 966, parágrafo único: Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Um pintor não é empresário, ainda que tenha ajudantes em seu ateliê, em que produz vários quadros para comercializar. O mesmo vale para um es- critor, um médico, etc. Exceção: Por exemplo: um médico que tem sua clínica. Ele está exercendo profis- são intelectual de cunho científico, portanto, em regra, não é empresário. No entanto, se começa a expandir seu consultório, ampliando os serviços (serviços psicológicos, terapêuticos, etc.), organizando-os, será considerado empresário. Artigo 967 É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, an- tes do início de sua atividade. Registro Público de Empresas Mercantis: Departamento Nacional de Registro de Comércio Juntas Comerciais (estaduais – cada estado tem uma, na capital) Algumas cidades têm “convênios” com a JC, para executar os trabalhos mais simples e, assim, descentralizá-los. Ex.: ACIF – Associação do Comércio e Indústria de Franca 3 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 2 – Empresário (arts. 966 a 980, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini A Junta Comercial é um órgão executivo do RPEM. Se eu for empresário em São Paulo, deverei me registra na Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP), localizada na cidade São Paulo, antes de iniciar minha atividade. O RPEM está regulado na Lei n. 8.934/94. Artigo 968 Art. 968, caput e §§ 1.° a 3.°: A inscrição do empresário far-se-á mediante requeri- mento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; Se o empresário for estrangeiro: estando no Brasil legalmente e não im- pedido. Se o empresário for casado: qual o regime de bens (pois esses respon- derão pelas dívidas adquiridas)? II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; Firma = nome + assinatura própria. A firma do empresário denomina-se “firma individual”, que deverá ser o nome civil, completo ou abreviado (preservando-se o nome de família – o últi- mo). Pode-se acrescentar alguma designação caso queira ou seja necessário (que tenha a ver com sua atividade). Empresária: Maria Silva Andrade*. Exemplos de firma: Maria Silva Andrade; Maria S. Andrade; M. S. Andrade; M. Silva Andrade; Maria S. Andrade – Calçados; M. Silva Andra- de – Franca; etc. * “Maria” é prenome. “Silva Andrade” é nome (“Andrade” é nome de fa- mília). A firma de um empresário NÃO pode coincidir com a de outro registrado NA MESMA JUNTA – princípio da novidade. Se quiser a proteção do uso ex- clusivo da firma em outros estados, deverá registrá-la em cada um deles. Não é possível realizar a atividade empresarial em nome de outrem – princípio da veracidade/autenticidade. Se o empresário morre e a atividade 4 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 2 – Empresário (arts. 966 a 980, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini é passada ao sucessor, deve-se mudar o nome empresarial (no caso, a firma individual). O empresário só poderá usar firma. A denominação é exclusiva das so- ciedades. No entanto, ele poderá dar um nome a seu ponto comercial. Ex.: A empresária Maria Silva Andrade (registrada como M. S. Andrade – Franca) tem uma loja chamada “Casa das Bicicletas” (em Franca). Atenção! Firma NÃO é estabelecimento, como popularmente as pesso- as falam (“fui à festa da ‘firma’...”). III - o capital; IV - o objeto e a sede da empresa. § 1 o Com as indicações estabelecidas neste artigo, a inscrição será tomada por termo no livro próprio do Registro Público de Empresas Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os empresá- rios inscritos. § 2 o À margem da inscrição, e com as mesmas formali- dades, serão averbadas quaisquer modificações nela ocorrentes. § 3º Caso venha a admitir sócios, o empresário indivi- dual poderá solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresá- rio para registro de sociedade empresária, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código. Tudo o que foi requerido (incisos I a IV do caput) será registrado no RPEM. O novo empresário receberá um Número de Identificação no Registro de Empresas (NIRE), dando continuidade à numeração registrada, e o CNPJ (apenas para fins tributários, pois é pessoa natural e não jurídica). Qualquer modificação, de o estado civil até a admissão de sócios, será averbada no seu registro. 5 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 2 – Empresário (arts. 966 a 980, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini ---- Art. 968, §§ 4.° e 5.°: § 4 o O processo de abertura, registro, alteração e baixa do microempreendedor individual de que trata o art. 18- A da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, bem como qualquer exigência para o início de seu funcionamento deverão ter trâmite especial e sim- plificado, preferentemente eletrônico, opcional para o empreendedor, na forma a ser disciplinada pelo Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios - CGSIM, de que trata o inciso III do art. 2º da mesma Lei. § 5 o Para fins do disposto no § 4 o , poderão ser dispen- sados o uso da firma, com a respectiva assinatura au- tógrafa, o capital, requerimentos, demais assinaturas, informações relativas à nacionalidade, estado civil e regime de bens, bem como remessa de documentos, na forma estabelecida pelo CGSIM. Ver MÓDULO 3 – Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP): Lei Complementar n. 123/06. Artigo 969 O empresário que instituirsucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscre- vê-la, com a prova da inscrição originária. 6 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 2 – Empresário (arts. 966 a 980, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. Se em SP for registrado como M. S. Andrade e, ao constituir filial em MG, descobrir que lá existe uma firma igual, deverá, para poder registrar-se nesse novo estado, mudar a originária, respeitando os princípios da autentici- dade e da novidade nos dois estados. Artigo 970 A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empre- sário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. Pequeno empresário: LC n. 123/06. Empresário rural: Lei n. 8.171/91. Simplificação de regimes tributário, previdenciário e trabalhista, e apoio creditício. Ver arts. 170, IX, e 185, da CF/88. Artigo 971 O empresário, cuja atividade rural constitua sua princi- pal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer ins- crição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujei- to a registro. O empresário/empreendedor rural explora atividade econômica, em re- gra, fora da cidade: agricultura, extrativismo, pecuária – coisas que sempre fo- ram excluídas do âmbito do Direito Comercial. 7 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 2 – Empresário (arts. 966 a 980, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini CAPÍTULO II – Da Capacidade Arts. 972 a 980 Artigo 972 Podem exercer a atividade de empresário os que esti- verem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Capacidade civil: arts. 1.° a 5.°, CC. A lei pode impedir algumas pessoas, plenamente capazes, de realizar atividade empresarial. Ex.: juízes. No entanto, é importante salientar que essas podem ser sócias em alguns tipos de sociedade, como a S/A. Artigo 973 A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas. O impedido, atuando como “empresário”, estará irregular, no entanto seus atos são válidos. Já o incapaz, se atuar como “empresário”, não estará irregular, mas seus atos serão nulos, se menor de 16 anos, ou anuláveis, se tiver entre 16 e 18 anos. Artigo 974 Poderá o incapaz, por meio de representante ou devi- damente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. 8 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 2 – Empresário (arts. 966 a 980, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini § 1 o Nos casos deste artigo, precederá autorização ju- dicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2 o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo da- quela, devendo tais fatos constar do alvará que conce- der a autorização. § 3 o O Registro Público de Empresas Mercantis a car- go das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser totalmente integralizado; III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. O § 3.°, acrescentado pela Lei n. 12.399/11, está mal inserido, pois trata de sociedade no livro referente a empresário individual. Artigo 975 Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade 9 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 2 – Empresário (arts. 966 a 980, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. § 1 o Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser conveniente. § 2 o A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da responsabilida- de pelos atos dos gerentes nomeados. Artigo 976 A prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a de eventual revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. O uso da nova firma caberá, conforme o caso, ao ge- rente; ou ao representante do incapaz; ou a este, quan- do puder ser autorizado. Artigo 977 Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no re- gime da comunhão universal de bens, ou no da sepa- ração obrigatória. Outro artigo mal inserido, pois trata de sociedade no livro referente ao empresário. 10 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 2 – Empresário (arts. 966 a 980, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini Artigo 978 O empresário casado pode, sem necessidade de outor- ga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alie- nar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. Concede mais liberdade e entra em conflito com o art. 1.647 do CC (c/c art. 1.642, I e VI), que veda essa alienação sem outorga. Ainda há polêmica nessa questão. Artigo 979 Além de no Registro Civil, serão arquivados e averba- dos, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o tí- tulo de doação, herança, ou legado, de bens clausula- dos de incomunicabilidade ou inalienabilidade. Declaração antenupcial – necessária, exceto para o regime parcial de bens. Bens incomunicáveis – doados/herdados pelo cônjuge. Bens inalienáveis – fora de comércio. Artigo 980 A sentença que decretar ou homologar a separação ju- dicial do empresário e o ato de reconciliação não po- dem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis. A separação judicial deve ser averbada no Registro Civil e na Junta Co- mercial e só depois poderá ser oposto a terceiros. Decretar – separação litigiosa. 11 DIREITO EMPRESARIAL I MÓDULO 2 – Empresário (arts. 966 a 980, CC) Prof. Dr. Flávio Fernandes Teixeira Monitora: Maria Theresa Camillo De Martini Homologar – separação convencional. Reconciliação – é judicial: separaram e reataram. Ver art. 968, § 2.°. RESUMO EMPRESÁRIO É: Pessoa natural (art. 966, caput) Nome empresarial: Firma individual (art. 968, II)
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