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Apontamentos Fruticultura 2013 14N

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FRUTICULTURA I 
 
ESCOLA PROFISSIONAL 
AGRÍCOLA CONDE DE S. BENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA TÉCNICA 
Apontamentos para a disciplina de “Produção Agrícola – Módulo 7 – Fruticultura I” do curso de 
Técnico de Produção Agrária. 
Professores: 
Anabela Correia Quadrado 
Madalena Barroso 
Francisco Rodrigues 
Escola Profissional Agrícola Conde de S. Bento 
Largo Abade Pedrosa nº 1 
4780 Santo Tirso 
Telefone: 252 808690 
Fax: 252 808699 
2013/2014 
 
 
Índice 
 
1.Importância e distribuição geográfica da Fruticultura 02 
2.Generalidades 05 
2.1. As fruteiras como plantas perenes 09 
2.2. Período de actividade vegetativa anual 09 
2.3. Órgãos de vegetação e frutificação 11 
3.Poda 17 
3.1. Fundamentação 18 
3.2. Principais funções 19 
3.3. Ferramentas de corte 19 
3.4. Tipos de corte ou supressões e efeitos nas plantas: atarraque; 
desramação e atarraque sobre ramo lateral 20 
3.5. Técnica de execução dos cortes 22 
3.6. Cicatrização de feridas da poda 23 
3.7. Tipos de poda e efeitos nas plantas 24 
4.Operações complementares da poda 39 
4.1. Empa 39 
4.2. Anelamento 40 
4.3. Incisões 40 
4.4. Torção de ramos 40 
4.5. Lenha da poda 40 
5. Propagação vegetativa 41 
5.1. Importância 41 
5.2. Métodos de propagação 41 
6. Factores determinantes na instalação de um pomar 55 
6.1. Sistemas culturais 57 
6.2. Seleção das espécies a serem plantadas 57 
6.3. Escolha do terreno 58 
6.4. Mobilizações e correcções 63 
6.5. Plantação 66 
Bibliografia e Webgrafia 79 
 
 
 
1.Importância e distribuição geográfica da Fruticultura 
A fruticultura pode ser entendida como sendo o conjunto de técnicas e práticas aplicadas 
adequadamente com o objetivo de explorar comercialmente plantas que produzam frutos 
comestíveis. 
Segundo Tamaro (1936), fruticultura é a arte de cultivar racionalmente as plantas frutíferas. 
Além do conceito de fruticultura, o conceito de fruta e fruto também é variável conforme o autor. 
Segundo Ferreira (1993), fruta é a designação comum às frutas, pseudofrutos e infrutescências 
comestíveis, com sabor adocicado. Já o fruto é o órgão que resulta do desenvolvimento do ovário 
depois da fecundação e onde se encontram as sementes. 
Para facilitar a leitura, será adotado o termo fruta. 
O cultivo de plantas frutíferas, ou fruteiras, caracteriza-se por apresentar aspetos importantes no 
contexto socioeconómico de um país, tais como: 
a) Utilização intensiva de mão-de-obra; 
b) Possibilitar um grande rendimento por área, sendo por isso uma ótima alternativa para pequenas 
explorações agrícolas; 
c) Possibilitar o desenvolvimento de agro-indústrias, tanto de pequeno quanto de grande porte; 
d) Contribuir para a diminuição das importações; 
e) Possibilitar o aumento nas divisas com as exportações; 
f) As frutas são de importância fundamental como complemento alimentar, sendo fontes de vitaminas, 
sais minerais, proteínas e fibras indispensáveis ao bom funcionamento do organismo humano. 
 
A fruticultura é uma actividade agrícola que está a renascer no nosso país. 
Actualmente verifica-se uma enorme revitalização do sector, que se desenvolve por fileiras, dando um 
grande contributo para o equilíbrio da balança comercial portuguesa. O artigo que se segue mostra 
bem o dinamismo e êxito do sector: 
 
“Surpresa na crise: a fruta está a vender como pãezinhos quentes. Legumes e fruta nacionais são 
preferidos 
20/07/2013 | Dinheiro Vivo 
Os portugueses são grandes compradores de fruta: por semana, compram entre 2 e 5 kg, aos quais se 
somam cerca de 2 kg de vegetais e legumes e 2 a 5 kg de batata. A grande novidade é que os 
portugueses são exigentes na hora de escolher aqueles produtos e não há promoção que os convença a 
comprar fruta espanhola ou legumes franceses. “O consumidor escolhe primeiro o que é português, 
não por ser patriótico, mas porque tem consciência de que os produtos portugueses são bons e até 
mais seguros do que os importados”, adianta Domingos dos Santos, presidente da Federação Nacional 
das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP). 
Não é uma questão de patriotismo e as exportações do sector comprovam a competitividade dos 
produtos hortofrutícolas portugueses. Este ano poderão duplicar em relação a 2010. “Exportámos 600 
milhões de euros em 2010, 800 milhões em 2011 e em 2012 ficámos pelos 920 milhões. Este ano, 
vamos bem encaminhados e vamos ultrapassar os mil milhões”, congratula-se Domingos dos Santos. 
A fruta portuguesa não pode ser imitada. O Atlântico arrefece o clima e dá mais tempo à fruta na 
árvore e, por isso, tem mais paladar do que a fruta espanhola”, explica o produtor. O Brasil está 
2 
completamente rendido à pera rocha, que representa, sozinha, entre 10 e 15% das exportações do 
sector.” 
 
Graças à qualidade e especificidade dos nossos frutos, 14 deles já foram distinguidos com Designação 
de Origem Protegida (DOP) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP). São eles os seguintes: 
 
 
 
 
 
 
O gráfico seguinte mostra as produções totais das principais espécies de fruteiras em Portugal, obtidas 
em 2008 (valores estatísticos oficiais mais recentes). Os valores são expressos em toneladas. 
No que se refere à uva de mesa, embora não constando das estatísticas oficiais, sabe-se que em 2012 
só a empresa Vale da Rosa (Alentejo) vendeu em Portugal 4500 toneladas de uva de mesa e exportou 
1200 toneladas, das quais quase metade sem grainha. 
Mais informação em: 
http://www.frutaviva.net/portal/ 
3 
 
 Fonte: Anuário Agrícola 2011 
 
 
As principais zonas de produção são as seguintes: 
 
• Em Trás os Montes predominam os frutos 
secos e a oliveira. 
• No Entre Douro e Minho predomina a 
policultura onde, para além das uvas para 
vinho, há uma enorme produção de Kiwis 
e recentemente de pequenos frutos. 
• A Região do Ribatejo e Oeste é o solar da 
pêra Rocha, de várias variedades de maçãs 
e de pêssegos e nectarinas. Na zona de 
Santarém há uma forte tradição na 
produção de melancia e melão. 
• Na Beira Interior predomina a maçã (solar 
da variedade Bravo de Esmolfe), os frutos 
secos (especialmente a avelã) a cereja e os 
pêssegos. 
• No Alentejo tem havido um forte 
investimento em fruticultura desde as 
uvas, quer para vinho, quer de mesa, aos 
pêssegos e damasco e pequenos frutos. 
• No Algarve a principal produção é de 
laranja, amêndoa e alfarroba. A 
diversificação passa por frutos tropicais 
como abacate e manga. 
• A Madeira é a única região portuguesa 
onde se cultiva banana. 
• Os Açores têm uma forte produção de 
ananás em estufa e de maracujá, que se 
consome em fresco mas que é 
maioritariamente destinado à indústria 
(sumos e licores). 
4 
• A vinha para produção de vinho é 
cultivada em todas as regiões, dando 
origem a vinhos de características muito 
variadas mas todos eles de alta qualidade. 
 
5 
 
Área ocupada pelas principais espécies e respetivas produções (2011- 2012) 
 
 
2.Generalidades 
A maioria dos frutos é o resultado do desenvolvimento do ovário da flor após a fecundação, 
originando assim as sementes. Algumas frutas, porém, resultam do amadurecimento do ovário mesmo 
sem fecundação, produzindo frutos partenocárpicos, como é o caso da banana, do abacaxi e de 
algumas cultivares de uvas e citrinos. 
Quedas fisiológicas das frutas 
Ao longo de todo o processo de desenvolvimento dos frutos, ocorrem uma série de fenómenos 
fisiológicos, que provocam a queda dos mesmos. Também podem ocorrer, em qualquer momento, as 
quedas acidentaisque são provocadas por ventos, chuvas de granizo, doenças, pragas, entre outras. 
a) Queda das frutas no vingamento – nesta fase ocorre a queda de flores e frutos mal fecundados. 
Pode acontecer uma queda de até 95% da floração total. Esta situação pode ser agravada quando 
ocorrerem, simultaneamente, geadas, chuvas em excesso ou falta de polinização; 
b) Queda no crescimento dos frutos - neste período ocorre uma competição entre os frutos, 
normalmente no final do período de multiplicação celular e início do engrossamento da fruta. 
Neste período podem cair de 10 a 30% dos frutos presentes na planta. Esta situação pode ser 
agravada por problemas nutricionais e climáticos; 
c) Queda pré-colheita - forma-se uma camada de abscisão entre o fruto e o pedúnculo, o que facilita 
a queda dos frutos. Este processo é mais comum em algumas espécies frutíferas, como a macieira 
e a pereira. Alguns fenómenos climáticos podem agravar ainda mais a situação, tais como 
períodos de seca, ventos, pragas e doenças. Os frutos caem antes do tempo e, quase sempre, 
estão ainda inadequados para o consumo. 
6 
O uso de fito hormonas, tais como o ácido naftaleno acético (ANA), em baixas concentrações na forma 
de pulverizações, pode diminuir os efeitos da queda pré-colheita. 
 
Na Tabela são apresentadas as principais espécies frutíferas cultivadas com o respetivo nome 
científico, nome da família e subfamília. 
 
NOME COMUM NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SUB-FAMÍLIA 
FRUTAS COM SEMENTES 
Macieira 
Pereira 
Marmeleiro 
Nêspera-japonesa 
Nêspera-comum 
Malus domestica 
Pyrus communis 
Cydonia oblonga 
Eryibotria japonesa 
Mespilus germanica 
Rosácea 
Rosácea 
Rosácea 
Rosácea 
Rosácea 
Pomoidea 
Pomoidea 
Pomoidea 
Pomoidea 
Pomoidea 
FRUTAS COM CAROÇO 
Pessegueiro 
Nectarineira 
 
Ameixeira japonesa 
Ameixeira europeia 
Damasqueiro 
Amendoeira 
Prunus persica 
Prunus persica var. 
Nucipersica 
Prunus salicina 
Prunus domestica 
Prunus armeniaca 
Prunus amygdalus 
Rosácea 
Rosácea 
Rosácea 
Rosácea 
Rosácea 
Rosácea 
Prunoidea 
Prunoidea 
Prunoidea 
Prunoidea 
Prunoidea 
Prunoidea 
FRUTAS COM SEMENTES CARNOSAS 
Romãzeira Punica granatum Punicácea 
FRUTAS EM BAGAS 
Videira europeia 
Videira americana 
Groselheira 
Quivizeiro 
Vitis vinifera 
Vitis labrusca 
Ribes grossularia 
Actinidia deliciosa 
Vitácea 
Vitácea 
Saxifragácea 
Actinidácea 
 
 
Ribesoidea 
FRUTAS EM HESPIRÍDIO 
Laranja doce 
Limoeiro 
Tangerineira 
Cidreira 
Laranja azeda 
Toranja 
Citrus sinensis 
Citrus limon 
Citrus reticulata 
Citrus medica 
Citrus aurantium 
Citrus grandis 
Rutácea 
Rutácea 
Rutácea 
Rutácea 
Rutácea 
Rutácea 
Auranteoidea 
Auranteoidea 
Auranteoidea 
Auranteoidea 
Auranteoidea 
Auranteoidea 
MULTIFRUTOS 
7 
Framboesa Rubus spp. Rosácea Rosoidea 
8 
 
NOME COMUM NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SUB-FAMÍLIA 
INFRUTESCÊNCIAS 
Figueira 
Amoreira branca 
Amoreira-preta 
Ficus carica 
Morus alba 
Morus nigra 
Morácea 
Morácea 
Morácea 
Artocarpoidea 
Moroidea 
Moroidea 
FRUTAS SECAS 
Nogueira europeia 
Nogueira americana 
Castanheiro 
Amendoeira 
Aveleira 
Juglans regia 
Carya illinoensis 
Castanea sativa 
Prunus amygdalus 
Corylus avellana 
Jungladácea 
Jungladácea 
Fagácea 
Rosácea 
Betulácea 
- 
- 
- 
Prunoidea 
FRUTAS TROPICAIS E SUBTROPICAIS 
Bananeira 
Abacaxizeiro 
Mangueira 
Mamoeiro/papaeira 
Maracujazeiro 
Goiabeira 
Abacateiro americano 
Musa spp. 
Ananas comosus 
Mangifera indica 
Carica papaya 
Passiflora edulis 
Psidium guajava 
Persea americana 
Musácea 
Bromeliácea 
Anacardiácea 
Caricácea 
Passiflorácea 
Mirtácea 
Laurácea 
- 
- 
- 
- 
- 
- 
- 
 
Com o conhecimento trazido pela globalização, as novas técnicas aplicadas à produção e a nossa 
diversidade climática é possível produzir em Portugal fruteiras de climas temperados mas também as 
de clima sub tropical e tropical. É pois importante conhecê-las. 
a) Fruteiras de clima temperado - as principais características apresentadas por essas plantas são: 
• Hábito caducifólio (plantas de folha caduca); 
• Só dão fruto uma vez por ano; 
• Necessidade de frio para haver indução floral; 
• Maior resistência às baixas temperaturas; 
• Necessidade de temperatura média anual entre 5 e 15°C para crescimento e desenvolvimento. 
As principais plantas frutíferas de clima temperado são pessegueiro, macieira, pereira, videira, 
ameixeira, marmeleiro, quivi, cerejeira, nogueira, entre outras. 
 
b) Fruteiras de clima subtropical - as principais características apresentadas por essas plantas são: 
• Nem sempre apresentam hábito caducifólio; 
• Têm mais de uma produção por ano; 
• Menor resistência a baixas temperaturas; 
• Pouca necessidade de frio no período de inverno; 
• Necessidade de temperatura média anual de 15 a 22°C. 
As principais frutíferas de clima subtropical são os citrinos (laranja, limão, tangerina), abacateiro, 
diospireiro, nespereira, entre outras. 
 
9 
 
c) Fruteiras de clima tropical - as principais características apresentadas por essas plantas são: 
• Podem ter mais que uma produção por ano; 
• Apresentam folhas persistentes; 
• Não toleram temperaturas baixas necessitando de temperatura média anual entre 22 e 30°C. 
As principais frutíferas de clima tropical são bananeira, cajueiro, abacaxizeiro, mamoeiro/papaeira, 
mangueira, maracujazeiro, coqueiro, entre outras. 
 
Quadro resumo – exigências climáticas das principais espécies. 
Exigências climáticas das principais espécies 
(Adaptado de Saraiva 1992) 
ESPÉCIES ÍNDICES OTIMIZADOS 
Alfarrobeira Espécie de comportamento bastante bizarro típico do clima mediterrânico de duas estações 
bem marcadas e estilo cálido, mas onde possa dispor de suficientes reservas de água no 
solo e ar. 
Ameixeira No semestre seco (Abril a Setembro) para as variedades europeias com destino à secagem, 
a soma das temperaturas médias mensais devem ser de 120 a 130ºC; precipitações 
esporádicas inferiores a 180mm e nitidamente escassas no vingamento; insolação acima 
das 1700 horas. 
Amendoeira/ Oliveira Temperatura média superior a 22ºC durante todo o Verão, com a evaporação a ultrapassar 
os 600mm; insolação de Abril a Setembro superior a 1750 horas; neste período a 
precipitação deverá estar abaixo dos 170mm e ser dispersa; no Verão, humidade relativa 
média menor que 45%. 
Aveleira Gradiente térmico entre as médias de Janeiro e Julho superior a 14ºC; precipitação anual 
acima de 800mm (maior que 230mm no semestre seco); fotoperíodo específico em que a 
insolação média deverá oscilar entre as 14,6 e as 15 horas no mês de Julho e 9 a 9,4 horas 
durante Dezembro; evaporação menor que 750mm no semestre seco. 
Castanheiro Pluviosidade anual superior a 800mm. A média das temperaturas de Dezembro, Janeiro e 
Fevereiro inferior a 7ºC. Altitude máxima de 1100m. Temperaturas muito elevadas nos 
meses de Julho e Agosto, associadas a uma escassez de água no solo, dão origem a um 
menor vingamento do fruto. 
Cerejeira Temperaturas médias em Janeiro inferiores a 8ºC; gradiente entre Janeiro e Julho superior 
a 13ºC; a partir do início de Maio e durante o Verão, temperatura média mensal acima dos 
15ªC. Precipitação anual maior que 800mm, mas com épocas de vingamento do fruto 
relativamente secas ou com movimento do ar. 
Figueira Temperaturas elevadas durante o dia, acompanhadas de alguma precipitação a partir da 
segunda quinzena de agosto, prejudicam o bom desenvolvimento do fruto, já que forçam a 
sua maturação. 
Ginjeira A partir do início de Maio e durante o Verão, temperatura média mensal acima dos 15ªC; 
requer protecção dos ventos gelados no Inverno. A poda deve ser realizada no Verão para 
evitar o aparecimento de doenças. 
Macieira Dormênciaobrigatória entre Novembro e Fevereiro; humidade relativa do ar superior a 
60%, mesmo no período de intensa actividade vegetativa. Temperaturas médias anuais 
entre os 10 e 16ºC, embora com variações. 
Medronheiro A produção de medronho está bastante dependente das geadas em virtude da floração 
ocorrer entre Outubro e Dezembro. Por esse facto a frutificação é bastante irregular. 
Nogueira Somatório térmico médio do semestre seco entre 105 e 120ºC. Curtas quedas 
pluviométricas (de horas) nesse período. Luminosidade entre 1500 a 2050horas. É 
importante não haver geada entre a formação dos frutos e até que estes atinjam os 20mm 
de diâmetro, seguidas de altas temperaturas para manter a sua epiderme. 
Pereira Somatório das temperaturas médias mensais entre Outubro e Janeiro de 40 e 60ºC. As 
10 
exigências em humidade relativa são idênticas às ad macieira: Temperaturas médias anuais 
entre 13 e 17ªC 
As espécies fruteiras podem apresentar tamanho e formas muito diferentes. Assim elas podem ser: 
a) Arbóreas - apresentam grande porte e tronco lenhoso. Exemplos: macieira, pessegueiro, cerejeira, 
mangueira, abacateiro, nespereira e nogueira. 
b) Arbustivas - apresentam porte médio e caule menos resistentes. Exemplos: figueira, amoreira e 
romãzeira. 
c) Trepadeiras - apresentam caule sarmentoso e/ou provido de gavinhas. Exemplos: videira, 
maracujazeiro e quivi. 
d) Herbáceas - apresentam porte baixo, rasteiras ou com pseudo caules. Exemplos: bananeira, 
morangueiro e abacaxizeiro. 
 
 
2.1. As fruteiras como plantas perenes 
As fruteiras são na sua esmagadora maioria árvores ou arbustos perenes. 
Como é bom de ver, para que o pomar se desenvolva como desejado é necessário garantir não só um 
bom arranque, preparando o terreno para tal, como todos os anos se devem fazer as manutenções 
necessárias para que a árvore cresça equilibradamente e, após o início da frutificação, as produções 
sejam regulares e de qualidade. 
A árvore é sensível a todas as alterações que possam afectar o seu sistema radicular, a sua copa ou 
ainda o meio em que vive (ecossistema agrário). Uma boa condução do pomar é indispensável para 
esse equilíbrio. As intervenções são em geral as seguintes: 
- Manutenção do pomar, onde se incluem as mondas, as regas e a protecção das plantas contra 
pragas e doenças; 
- As adubações de manutenção; 
- As podas, que consistem na supressão ou corte de ramos, folhas e/ou frutos, com vista a obter 
uma árvore com a maior quantidade possível de frutos comerciáveis, isto é, frutos com 
características e tamanho, aceites na comercialização dessa espécie/variedade. 
 
2.2. Período de actividade vegetativa anual 
Para caracterizar o período de actividade vegetativa anual há que ter em conta que as árvores se 
agrupam em dois grandes grupos – as caducifólias, ou árvores de folha caduca e as perenifólias, ou 
árvores de folhas persistentes. 
2.2.1 Caducifólias ou árvores de folha caduca 
Estas árvores têm um período de dormência que corresponde de um modo geral ao inverno e vai 
desde a queda das folhas até ao principiar da rebentação na primavera seguinte, quando o calor 
provoca o recomeço da actividade dos meristemas. 
Neste período as necessidades das plantas são mínimas, a absorção radicular é nula ou insignificante e 
pequeníssimo o consumo de substâncias necessárias à vida. As reservas (hidratos de carbono 
produzidos na fotossíntese) deixam de se formar embora se continuem a deslocar e a depositar no 
caule e nas raízes. 
É esta a melhor altura para se efectuarem podas, transplantações e tratamento químicos mais 
agressivos (tratamentos de inverno com calda bordalesa, por exemplo) porque a vida vegetativa está 
particamente paralisada e a árvore ressente-se muito pouco. 
11 
Enquanto as folhas não estiverem desenvolvidas, a planta recorre às suas reservas para se alimentar. 
Estas reservas, que foram produzidas pelas folhas no período vegetativo anterior, actuam em todas as 
zonas da planta, até que as novas folhas atinjam tamanho suficiente para elaborarem mais seiva 
elaborada. 
Os acidentes atmosféricos (geadas, granizos, ventos, frios, etc..) podem provocar prejuízos 
importantes nesta altura. 
É durante a maior parte da primavera e do verão que se verifica a maior actividade vegetativa da 
planta. 
Enquanto os ramos e os frutos crescem, vão-se reduzindo as reservas em nutrientes e água do solo. A 
falta de qualquer destes elementos no terreno pode paralisar os crescimentos dos ramos e dos frutos 
e até provocar a queda destes. 
O enfraquecimento da actividade vegetativa ocorre normalmente durante o outono e é influenciado 
pela redução da humidade do solo, pelo abaixamento da temperatura e pela menor duração dos dias. 
A seiva elaborada passa a ser superior às necessidades de consumo da planta e, como ainda é 
produzida com abundância, dá-se a sua acumulação sob a forma de reservas, tanto no caule como nas 
raízes. Os ramos endurecem com a lenhificação dos seus tecidos. A planta prepara-se assim para 
entrar num novo período de dormência. 
 
LENHIFICAÇÃO DOS RAMOS POR ACUMULAÇÃO DE RESERVAS 
 
Ramo herbáceo na primavera Ramo lenhificado no outono 
 
2.2.2 Perenifólias ou árvores de folha persistente 
As principais fruteiras de folhas persistentes são: laranjeira, limoeiro, tangerineira (citrinos) e oliveira. 
O período de menor actividade vegetativa corresponde ao de dormências das caducifólias, mas nas 
perenifólias não existe verdadeiramente um período de dormência, porque as suas folhas não cessam 
completamente de elaborar, apesar dos crescimentos nos ramos poderem não ser evidentes. Como 
praticamente não se efectuam crescimentos, a seiva elaborada neste período de inverno tem pouco 
consumo e continua a depositar-se sob a forma de reservas que mais tarde poderão ser utilizadas. 
Nestas plantas as folhas são sempre úteis, até mesmo no inverno, facto a que devemos atender ao 
escolhermos a época de poda. 
No fim do inverno, início da primavera a árvore utiliza as reservas armazenadas para auxiliar a 
alimentação dos tecidos em desenvolvimento. 
A maior actividade vegetativa ocorre no final da primavera, princípio de verão. Neste período são 
enormes as exigências em água e substâncias minerais. Durante o resto do verão o crescimento dos 
frutos pode ainda continuar mas o dos ramos cessa, a não ser nos citrinos regularmente regados e 
adubados. 
 
12 
Apesar do papel que a acumulação de reservas tem na futura rebentação das árvores de ambos os 
grupos, a sua importância é maior nas caducifólias que completam o seu armazenamento mais cedo. 
2.3. Órgãos de vegetação e frutificação 
A grande maioria das plantas fruteiras passa por duas fases distintas: 
- A primeira é a juvenil ou de crescimento ativo. Nesta fase só produzem gomos foliares e/ou 
mistos, aqueles que irão dar origem a folhas e a ramos. 
- A segunda é a fase adulta ou reprodutiva. Nesta fase além dos gomos foliares produz também 
gomos florais. 
 
2.3.1 Estudo resumido dos gomos (ou olhos) 
Classificação quanto á sua: 
-Natureza 
Com respeito à sua natureza podem dividir-se em florais, foliares, mistos ou compostos. 
 
 
Os gomos florais, também 
chamados “botões”, são no 
geral mais curtos, 
arredondados e dão origem 
às flores. 
Os gomos foliares, também 
chamados “folheares” ou 
“olhos”, são mais 
compridos e dão origem às 
folhas. 
Os gomos mistos, dão 
origem a folhas, a ramos e a 
flores. 
 
 
-Posição 
• Os terminais ou apicais, situam-se no topo dos ramos. 
• Os axilares ou laterais, situam-se aos lados das varas ou ramos. É por eles que estas se 
ramificam. 
• Os adventícios, nascem ao acaso em qualquer parte do tronco ou dos ramos e dão origem aos 
“ladrões”. 
 
-Número 
• Se apenas existir um em cada axila, chamam-se solitários.• Grupados, quando existem vários em cada axila. 
 
-Posição em relação à copa 
• Internos, quando nascem virados para a parte interior da copa. 
• Externos, quando nascem virados para a parte exterior da copa. 
• Laterais, se estão virados para os ramos próximos que constituem a armação da copa. 
Gomo 
fl l 
Gomo 
fl l 
Gomo 
f li 
13 
 
14 
 
-Evolução 
• Quando se formam e evoluem no mesmo período vegetativo, chamam-se de formação 
pronta. 
• Se forem formados num ano e evoluírem no ano seguinte, são hibernantes. 
• Dormentes, se só evolucionam passados vários anos — por vezes muitos —, depois de se 
terem formado. Podem mesmo nunca evolucionar. Tornam-se úteis se se pretendem renovar 
a copa envelhecida ou mutilada. 
 
2.3.2 Ramos das fruteiras 
As ramificações mais grossas da copa que partem do tronco, denominam-se pernadas. Nestas 
inserem-se os braços que se subdividem em ramos sucessivamente mais delgados, até chegar aos 
ramos do ano. 
-Ramos guias 
Lançamentos das extremidades das principais ramificações que têm por função assegurarem o seu 
crescimento. 
-Ramos de madeira 
São lisos, compridos, com entrenós afastados e gomos regularmente distribuídos. 
-Polas 
São os rebentos de touça ou de raiz. A sua supressão denomina-se despolamento. 
-Ramos ladrões 
Provenientes de gomos dormentes (ou adventícios), nascem frequentemente nos ramos mais velhos. 
São vigorosos, direitos e crescem na vertical, tornando-se dominantes e competitivos em relação aos 
outros. Devem ser eliminados ou dobrados para perderem força. 
 
Certas fruteiras frutificam em ramos frutíferos, que são ramos especializados de duração mais ou 
menos longa. Estes, no geral, devem poupar-se na poda. 
As fruteiras de clima temperado como a pereira, macieira, ameixoeira, ginjeira, cerejeira, 
damasqueiro, amendoeira, alfarrobeira, frutificam nestes ramos. Classificam-se em: 
-Dardos 
São ramos curtos, com entrenós muito próximos, de casca engelhada e cheia de cicatrizes. O seu 
crescimento é lento e apresenta um gomo foliar (pontiagudo) na extremidade. Podem dar origem a 
novos dardos, ramos de madeira, esporões ou a verdascas. 
Se não se transformam, é sinal de fraqueza da árvore e, devem fazer-se podas mais curtas e adubações 
equilibradas. O seu comprimento, em geral, não vai além de oito centímetros. 
-Esporões 
Os dardos, em geral, no terceiro ano transformam-se em esporões. Estes têm, na sua extremidade, um 
gomo floral (arredondado) que desabrocha na Primavera seguinte e dá origem a flores. Os esporões da 
pereira, macieira e cerejeira podem produzir durante muitos anos, chegando a ultrapassar os 20 anos. 
Muitas vezes, os esporões no quarto ano dão fruto e um dardo e, no quinto, esse dardo transforma-se 
de novo em esporão. Podem em casos especiais, formar-se no segundo ano, quando provenientes de 
gomos de formação pronta. Os esporões podem ser retos, tortuosos ou em ramalhete. Por vezes 
15 
formam-se “bolsas” que não são mais que engrossamentos devidos à acumulação de reservas. Nestas 
podem aparecer “verdascas”. 
Os esporões prolongam-se sempre por gomos laterais pois, como se disse, o último é floral. 
-Verdascas 
São ramos delgados, flexíveis, compridos e terminados por um gomo floral. São ramos frutíferos. No 
primeiro ano não dão fruto mas podem transformar-se em ramos frutíferos. 
-Ramos mistos 
Trata-se de ramos mais ou menos compridos e providos de gomos florais, foliares ou mistos. Estes 
ramos têm uma função dupla, porque não só asseguram a frutificação com os seus gomos florais como 
os gomos foliares garantem a expansão da copa. 
 
2.3.3 Ramos de fruto em caducifólias 
2.3.3.1 Pomóideas - Macieiras (Malus domestica) e Pereiras (Pyrus communis) 
 
Os ramos que se destinam essencialmente à 
frutificação são os dardos, os esporões e as 
verdascas. 
Cada gomo floral dá origem a um número 
variável de flores (corimbo), podendo resultar 
vários frutos presos no mesmo sítio e oriundos de 
um só gomo 
Em relação ao seu tamanho, os dardos podem 
apresentar elevado número de folhas que, 
elaborando grandes quantidades de seiva, 
permitem a transformação do gomo terminal 
num gomo floral. 
 
Evolução normal de um esporão de pereira até 
ao 5º ano. 
Geralmente são precisos dois anos para se 
obterem esporões a partir de gomos foliares 
16 
 
A figura mostra um esporão tortuoso com 8 anos 
e as bolsas resultantes da acumulação de 
reservas no sítio onde se criaram os frutos. 
 
A – Gomos florais 
B – Gomos foliares 
C – Cicatrizes deixadas pelos pedúnculos dos 
frutos 
 
 
 
2.3.3.2 Prunóideas 
Ameixeiras (Prunus domestica e Prunus salicina) 
 
A B C 
A – Ameixeira do tipo europeu 
B – Ameixeira do tipo japonês 
C – Esporões de uma ameixeira americana com 9 anos 
As ameixeiras pertencem a grupos diferentes: ameixeiras do tipo europeu (Rainha 
Cláudia), do tipo japonês e do tipo americano. 
As ameixeiras do tipo europeu frutificam sobre esporões e ramos mistos. 
As outras frutificam apenas sobre esporões e só raramente apresentam gomos florais 
nos ramos do ano. 
Os ramos de madeira abundam nas variedades europeias sendo muito raros nas 
outras, onde os lançamentos anuais são em regra ramos mistos. 
17 
Na ameixeira abundam os gomos dormentes e adventícios pelo que emite ramos 
ladrões com muita facilidade. 
Os esporões apresentam muitas vezes o aspecto de ramalhete, sendo o gomo terminal 
e alguns laterais foliares e os restantes florais. 
Os esporões novos dão frutos melhores do que os muito velhos. 
O mais frequente é cada gomo floral da ameixeira dar origem a 2 flores. 
 
18 
 
Cerejeira (Prunus avium) 
 
Os ramos de fruto da cerejeira são 
essencialmente esporões em ramalhete com 
crescimento recto, que apresentam gomos com 
configurações e tamanho semelhante, sendo 
todos florais, excepto o central que é foliar e 
orienta o crescimento na mesma direcção (por 
vezes chegam a atingir o comprimento de um 
metro). 
Os ramos do ano são ramos de madeira que, 
quando vigorosos, apresentam frequentemente 
na extremidade gomos foliares muito juntos que 
dão origem à característica ramificação em 
ramalhete (fig. C). 
A fig. A mostra um pedaço de um ramo de dois 
anos com um dardo, 2 esporões e um ramo de 
madeira. 
A fig. B representa um esporão de 4 anos, em 
boas condições de frutificação. 
 
 
Pessegueiro (Prunus pérsica) 
 
O pessegueiro possui como órgãos de 
frutificação, ramos mistos, verdascas e esporões 
em ramalhete. Os ramalhetes são muito 
pequenos e geralmente só duram um ano e 
portanto não garantem a frutificação no futuro. 
Se bem que todos os ramos do ano do 
pessegueiro sejam em rigor mistos, convém 
distingui-los para efeito da poda: 
- Os ramos relativamente vigorosos com 2 ou 3 
gomos em cada nó, que tanto asseguram a 
frutificação como o desenvolvimento lenhoso, 
são na prática considerados ramos mistos. 
- Os ramos mais ou menos compridos mas com 
pouca tendência para a frutificação e com menor 
vigor, são considerados ramos de madeira 
- Os ramos mais curtos com 5 a 15cm e com 
grande tendência para a frutificação podem ser 
considerados como verdascas. 
Os ramos mistos são os que oferecem maior 
garantia de frutificação e a sua renovação anual é 
o processo mais eficaz para assegura a produção. 
Os ramos ladrões podem ser úteis para a 
19 
renovação da copa mas também a podem 
desequilibrar 
 
2.3.3.3 Outras Fruteiras 
 
Nogueira (Juglans regia) 
 
A nogueira não tem esporões e apresenta os 
gomos florais masculinos separados e diferentes 
dos mistos, que originam os gomos florais 
femininos. Os ramos nitidamente de madeira (ao 
centro na imagem) são pouco frequentes na 
árvore adulta. 
As flores femininasabrem primeiro que as 
masculinas e, nalgumas variedades, o pólen 
destas não vem a tempo de as fecundar. 
Geralmente é indispensável haver árvores de 
uma outra variedade que produza pólen com 
abundância. São as chamadas “polinizadoras”. 
Nas árvores de copa muito densa a frutificação 
predomina na zona periférica, melhor iluminada. 
A nogueira suporta mal a poda e as feridas 
cicatrizam com dificuldade 
Legenda da imagem: 
A – Gomo misto 
B – Gomo foliar 
C – Gomo floral masculino 
D – Cicatrizes deixadas pelas nozes 
 
2.2.4 Ramos de fruto em perenifólias 
Laranjeira (Citrus x sinensis) e outros citrinos Oliveira (Olea europaea) 
 
Estas espécies frutificam a partir de gomos mistos 
e de exclusivamente florais que se encontram na 
axila das folhas situadas nos ramos com menos 
de um ano. A laranjeira e tangerineira frutificam 
principalmente na zona exterior da copa. Nestas 
espécies é frequente aparecerem ramos verticais 
e vigorosos de folhas largas que se comportam 
como ramos ladrões 
A oliveira frutifica sobre os gomos hibernantes 
existentes nas axilas das folhas dos ramos de um 
ano, que no fim do inverno se transformam em 
florais. Os ramos de dois ou mais anos não 
produzem ramos florais. Convém estimular o 
aparecimento de ramos do ano, através dos 
cuidados culturais. É importante evitar parti-los 
durante a colheita. Suporta grandes podes mas 
20 
reage produzindo muitos ramos ladrões na base 
da árvore. 
 
3.Poda 
A PODA é o conjunto de cortes executados numa árvore, com o objetivo de regularizar a produção, 
aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a vegetação 
normal. 
A poda é uma das práticas culturais realizadas em fruticultura que, juntamente com outras atividades, 
como a fertilização, irrigação e drenagem, controlo fitossanitário, afinidade entre enxerto e porta-
enxerto e condições edafoclimáticas, torna o pomar produtivo. 
Para que a poda produza resultados satisfatórios é importante que seja executada levando-se em 
consideração a fisiologia e a biologia da planta e seja aplicada com moderação e oportunidade. 
Épocas de poda 
Árvores de folha caduca 
A poda faz-se quando se encontram despidas de folhas. Nas regiões frias e onde são frequentes os 
gelos e geadas, deve fazer-se mais tardiamente para que a cicatrização não fique prejudicada. As 
podas tardias provocam muitas vezes a “chora” (“sangrar” de seiva). 
Árvores de folha persistente 
Faz-se depois da colheita dos frutos e antes do abrolhamento dos gomos. Devem ser feitas durante o 
período de repouso vegetativo. Não se deve podar com tempo de vento forte e frio, nem de geada. 
Podas de Verão 
Os citrinos podem ser podados nesta altura, quando não tiver sido possível podar no curto intervalo de 
tempo que vai da colheita à nova floração. 
As podas de Verão são podas em verde e servem para suprimir ramos ladrões (em Maio e Junho), 
despontar alguns ramos e fazer poda de formação. 
 
 
21 
 
Efeitos da poda 
1 - Sem poda 
A árvore fica maior e entra mais cedo em 
frutificação. No entanto fica mal formada, com 
má disposição de pernadas e ramos e copa mal 
iluminada. Dá muitos frutos mas pequenos. 
2 – Poda severa 
Boa distribuição das pernadas, ramos, folhas e 
frutos. No entanto só inicia a frutificação muito 
tarde, quando estiver enfraquecida pelos cortes 
severos. Os ramos ficam com curvaturas e feridas 
e a árvore dura menos. Este tipo de poda só se 
admite no início da formação da árvore pois é a 
situação mais desfavorável. 
3 – Poda mediana 
Pernadas, braços e ramos bem localizados. Copa 
bem iluminada. Frutos maiores com mais cor. 
Com uma arborescência semelhante à natural, a 
árvore viverá mais anos. 
3.1. Fundamentação 
A poda não é uma ação unilateral. 
A planta vai ensinando a quem a está a executar. Mas, para isso, é preciso respeitar o seu ritmo, 
entender e conhecer a sua fisiologia, saber qual é o momento certo da intervenção. 
A poda baseia-se em princípios de fisiologia vegetal, princípios fundamentais que regem a vida das 
fruteiras. Um desses princípios mais importantes é a relação inversa que existe entre o vigor e a 
produtividade. 
O excesso de vegetação reduz a quantidade de frutos, e o excesso de frutos é prejudicial à qualidade 
da colheita. Assim, conseguimos entender que a poda, visa justamente estabelecer um equilíbrio entre 
esses extremos. 
Mas deve ser efetuada com extremo cuidado. Se efetuada no momento impróprio, ou de forma 
incorreta, a poda pode gerar uma explosão vegetativa muito grande, causando um problema ainda 
maior para o produtor. 
Não esquecer que: 
a) A seiva dirige-se com maior intensidade para as partes altas e iluminadas da planta; 
b) A circulação da seiva é mais intensa em ramos direitos e verticais; 
c) Quanto mais intensa for a circulação de seiva, maior será o vigor nos ramos, maior será a vegetação 
e, ao contrário, quanto maior a dificuldade na circulação de seiva mais gomos florais serão formados; 
d) Cortada uma parte da planta, a seiva fluirá para as partes que ficam, aumentando-lhe o vigor 
vegetativo; 
e) Podas curtas (severas) têm a tendência de provocar desenvolvimento vegetativo, retardando a 
frutificação; 
f) Diminuindo a intensidade de circulação de seiva, o que ocorre no período após a maturação dos 
frutos, verifica-se uma correspondente maturação de ramos e de folhas. Nesse período, acumulam-se 
22 
grandes quantidades de reservas nutritivas, que são utilizadas para transformar os gomos foliares em 
gomos florais; 
g) O vigor dos gomos depende da sua posição e do seu número nos ramos, geralmente os gomos 
terminais são mais vigorosos; 
h) O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande parte, das condições climáticas e 
edáficas; 
i) Deve haver um equilíbrio na relação entre copa e sistema radicular. Este equilíbrio afeta o vigor e a 
longevidade das plantas. 
A redução do sistema aéreo pela poda, qualquer que seja o método utilizado, leva consigo uma perda 
mais ou menos importante das reservas contidas na madeira suprimida e na diminuição do número de 
folhas, ou seja, de órgãos que realizam a fotossíntese. 
Nos primeiros anos de vida, toda a energia produzida é gasta para o próprio crescimento da planta 
(mais azoto que carbono). Depois de formadas as estrutura da planta, então começa a sobrar seiva 
elaborada, que se transforma em reserva e é armazenada na planta (mais carbono que azoto). 
Então, a planta, através destas reservas, pode transformar os gomos foliares em botões florais. 
Esta acumulação é maior nos ramos novos e finos, do que nos ramos velhos e grossos. 
O equilíbrio entre a fase vegetativa e a fase reprodutiva é esquematizado na Tabela seguinte, onde se 
considera a relação entre o carbono e o azoto nas diferentes fases da vida da planta. 
 
23 
 
Relação esquemática entre carbono (C) e azoto (N) em diferentes fases da vida da planta 
 
PERÍODO MANIFESTAÇÃO DA 
PLANTA 
CAUSAS PRÁTICAS A APLICAR 
 
I (C < N) 
Crescimento vigoroso e 
pouca produção 
Planta jovem; planta 
adulta em terreno fértil 
e adubado 
Pouco adubo azotado; 
pouca poda 
 
II (C = N) 
Bom desenvolvimento Planta equilibrada com 
ótimas condições de 
vegetação e produção 
Boa adubação; poda 
média; monda dos frutos 
 
III (C > N) 
Crescimento estacionado; 
produção escassa e 
inconstante 
Planta velha; planta 
pouco podada; planta 
que produziu muito 
Fortes adubações; podas 
severas; monda dos frutos 
 
3.2. Principais funções 
Resumindo, a poda tem como principais funções: 
- Controlar o vigor da planta; 
- Equilibrar a produção de ramos vegetativos com os ramos frutíferos; 
- Facilitar a entrada de luz e ar no interior da copa; 
- Suprimir ramos ladrões, doentes e improdutivos;- Facilitar os cuidados culturais e a colheita; 
- Evitar a alternância de safras (safra e contra safra), garantindo produções regulares. 
 
3.3. Ferramentas de corte 
Para realização de uma boa poda, é necessário que se disponha de : 
 
1 – Tesoura de poda para ramos finos 
2 – Tesoura de sebe 
3 – Serrote de poda 
4 e 5 – Tesouras de poda para ramos grossos 
E ainda são necessários: 
• Canivete 
24 
• Escada 
Os instrumentos utilizados na poda devem ser leves, para maior facilidade de manuseamento e para 
menor esforço do operador. Devem estar afiados, limpos, lubrificados e desinfectados. 
A desinfeção é cada vez mais importante para evitar a transmissão de vírus, fungos e bactérias. Num 
dia de poda é aconselhável que os utensílios sejam desinfetados a meio e ao fim do dia. 
As árvores de um pomar com desenvolvimento anormal devem ser podadas só no final. Em geral, 
utiliza-se o álcool como desinfetante. 
Convém recordar que nas tesouras só se afia a lâmina e que esta também só é afiada do lado de fora. 
A lubrificação da tesoura reduz o esforço do operador na execução dos cortes e aumenta a 
durabilidade do equipamento. 
É necessário que, juntamente com os instrumentos, se disponha de uma pasta cicatrizante (pasta 
bordalesa, por exemplo), que deve ser pincelada sobre os cortes acima de 3,0cm de diâmetro para 
evitar a penetração de micro organismos patogénicos (que provocam doenças). 
Hoje em dias em muitas explorações a poda é mecânica, o que representa um grande rendimento. No 
entanto, o uso de máquinas não permite que se tenha uma poda seletiva de ramos. 
 
3.4. Tipos de corte ou supressões e efeitos nas plantas: atarraque; 
desramação e atarraque sobre ramo lateral 
Em geral, inicia-se o processo de poda pela eliminação dos ramos secos, doentes, quebrados ou mal 
posicionados. Como última operação, faz-se o atarraque dos ramos que permaneceram. 
 
 
Ramos a eliminar: 
1 – Ramos que se dirigem para o interior e 
fecham muito a copa 
2 – Ramos que se tocam ou se cruzam 
3 – Ramos que se emaranham uns nos outros 
4 – Ramos que crescem paralelos 
5 – Ramos ladrões e os que pelo 
alongamento desequilibram a copa 
6 – Muitos ramos inseridos no mesmo ponto 
A intensidade da poda depende da idade da planta, número de pernadas, vigor e hábito de vegetação, 
da distância entre os gomos e do estado nutricional da planta. Quanto à intensidade a poda pode ser 
classificada em: 
a) Curta - supressão quase total do ramo, deixando-se apenas de 1 a 2 gomos; 
b) Longa - supressão de parte do ramo, deixando-o com 40 a 60cm de comprimento; 
c) Média - supressão de 50% do comprimento do ramo, em média. 
25 
 
Operações e métodos de poda 
O conhecimento das diferentes operações da poda é da maior importância, porque a sua oportuna 
aplicação permite encaminhar determinado ramo para s frutificação ou para o desenvolvimento 
lenhoso, segundo as conveniências. 
As operações da poda tanto incidem sobre os ramos atempados (poda de inverno) como sobre os 
ramos herbáceos (poda de verão ou poda em verde). 
As operações executadas na poda de inverno são: 
- Desramações, atarraques, atarraques sobre ramo lateral 
As operações mais importantes da poda em verde são: 
- Desladroamentos, desramações e despontas. 
Quera poda de inverno, quer a poda em verde, podem ser complementadas por: 
- Empas e inclinações 
 
 
Atarraque – suprime unicamente uma parte do ramo, 
cortando-o em qualquer ponto do seu comprimento. 
Estimula a formação de crescimentos vigorosos o que é 
muito importante para as árvores que frutificam em ramos 
mistos. Permite encurtar os ramos. Facilita a correcção da 
tendência para frutificação nas extremidades. Favorece a 
formação de esporões vigorosos. Obriga as árvores a 
ramificarem-se onde for mais conveniente. 
Desramação – Consiste em suprimir determinado ramo, 
cortando-o pela base, ou seja, junto ao ramo mais idoso 
onde se insere. 
Estimula crescimentos lenhosos regulares. Aumenta a 
frutificação. Não evita o excessivo alongamento dos ramos 
nem a frutificação nas extremidades. 
Atarraque sobre ramo lateral – consiste em suprimir a parte 
de um ramo situada além do ponto de inserção dum outro 
mais novo ou mais pequeno que nele esteja inserido. 
Apresenta vantagens intermédias entre o atarraque e a 
desramação. 
 
Desponta – consiste em suprimir a extremidade dos lançamentos ainda herbáceos, às vezes sem 
necessidade de uma tesoura. Usa-se muito na vinha. 
 
26 
 
Desladroamento 
Consiste na supressão dos 
rebentos provenientes de gomos 
adventícios, gomos dormentes ou 
do porta enxerto, como na figura à 
esquerda (ramo 1) 
Na vinha é habitual fazer o 
desladroamento mecânico (figura 
à direita) 
 
 
Empa – consiste na curvatura dos ramos. Altera a 
evolução natural dos gomos ao longo do ramo. 
Origina a emissão de maiores lançamentos no 
ponto mais alto da curvatura. Antecipa a 
formação de dardos e esporões na zona 
descendente e terminal do ramo. 
Inclinação – consiste na modificação da 
inclinação do ramo em relação à vertical. Diminui 
a tendência para a vegetação e aumenta a 
tendência para a frutificação 
 
 
3.5. Técnica de execução dos cortes 
 
Os cortes devem ser feitos de uma só vez, ficando 
com uma superfície lisa e inclinada, a fim de 
facilitar a cicatrização e contrariar infecções. É 
por isso preferível cortar tudo o que se possa 
com uma tesoura evitando o uso do serrote. 
 
Resultado de um corte mal feito 
 
27 
 
Nos atarraques os cortes devem fazer-se com 
uma inclinação regular (figura A) começando do 
lado oposto ao gomo, mas ao seu nível, e 
terminando 0,5 a 1cm acima dele, conforme a 
grossura do ramo. 
Na afigura B vemos um mau corte por ter sido 
feito abaixo do nível do gomo, ocasionando o 
enfraquecimento da inserção do novo ramo e a 
interrupção dos vasos condutores da seiva. Diz-se 
popularmente que o gomo fica “descalço”. 
A figura C mostra outro corte errado, porque 
deixa um coto muito alto que seca e apodrece, 
impedindo a cicatrização. 
Atarraques em ramo do ano representando-se a 
negro o ramo atarracado e a ponteado o 
resultado ano seguinte 
A – Boa inserção e cicatrização 
B – Cicatrização dificultada e inserção 
enfraquecida 
C – Impossibilidade de cicatrização e provável 
apodrecimento do galho. 
 
 
 
Corte de ramos grossos e pesados 
As desramações devem-se fazer bem 
rentes, sem exagerar a extensão da 
ferida, para facilitar a cicatrização e 
evitar o posterior aparecimento de 
ladrões. 
Na figura acima só o corte representado 
pela letra F está correto 
Iniciar como na figura B, fazendo dois cortes. 
Assim, ao partir, fica como em C, evitando 
esgaçar como em A. 
Para finalizar a supressão do ramo continua-se a 
serrar por 2, procurando deixar o corte o mais 
liso possível. 
O corte de ramos de grandes dimensões sem esta 
técnica danifica o tronco, pois provoca o 
descascamento ou remoção do lenho. 
 
3.6. A cicatrização de feridas da poda 
As feridas resultam da poda anual, da remoção de partes da estrutura da planta com vista à 
restauração da mesma, de gelo, ou surgem naturalmente na madeira mais velha da planta. 
A protecção de feridas de poda tem um papel importante na protecção de pomares com forte 
incidência de doenças do lenho, como forma de impedir a contaminação de novas plantas que estejam 
próximas. 
A protecção e/ou desinfecção das feridas também facilita a sua cicatrização o que melhora a saúde da 
árvore. 
28 
Esta protecção é defendida por um grande número de autores, havendo a considerar dois tipos de 
desinfecção: 
• Protecção mecânica, em que apenas se recobre a ferida com um selante. Esta protecção 
deverá ser feita imediatamente após a poda e funciona como umabarreira física impedindo a entrada 
dos esporos dos fungos. Não desinfecta e não cura. 
• Protecção química, que poderá ter uma acção apenas de contacto, ou algum efeito sistémico. 
No nosso país encontra-se homologado, para protecção e desinfecção (contacto) de feridas de poda 
(em geral) o fungicida cúprico “Gafex” (Pó molhável (WP) com 26,6% de cobre sob a forma de 
oxicloreto de cobre, aplicado como pasta (1kg de produto para um litro de água). 
A Sapec também comercializa um produto para este fim que se chama ESCUDO®. O ESCUDO®, é 
actualmente a única especialidade fitossanitária homologada para a protecção das feridas de poda 
contra a Esca e Eutipiose da vinha, autorizado em Protecção Integrada. 
 
Ferida de poda na vinha protegida com 
ESCUDO® 
3.7. Tipos de poda e efeitos nas plantas: 
A poda acompanha a planta desde o início da vida até a sua decrepitude. As necessidades de poda vão 
sofrendo alterações à medida que a idade da planta vai avançando. 
3.7.1 Poda de educação 
É executada normalmente no viveiro tendo como objectivo obter plantas com a altura desejada e/ou 
ramificações bem distribuídas. O ideal é que o transplante se faça com a planta muito jovem (um ano). 
As plantas poderão ser formadas em haste única, comum em macieira e pereira. Nesse caso todos os 
ramos laterais são eliminados no viveiro. 
Outra opção é a formação da planta com um tronco já com três ou quatro rebentos, espaçados entre 
si de 3 a 5 cm, como no caso dos citrinos. 
3.7.2 Poda de transplantação 
É feita na altura da plantação. 
Eliminam-se os lançamentos que estejam a mais deixando, quando for o caso, três a quatro ramos 
bem distribuídos. Faz-se a desponta dos ramos longos, com o cuidado de executar o corte acima de 
um gomo voltado para fora da copa. 
Quando a planta vem só com uma haste, faz-se a desponta à altura desejada, normalmente 
dependendo da maneira como a planta irá ser conduzida no pomar. Geralmente é feita a cerca de 80-
100cm. 
Cortam-se também as raízes muito longas, quebradas e tortas, procurando que haja um equilíbrio 
entre a copa e o sistema radicular. 
3.7.3 Poda de formação 
A poda de formação é realizada nos primeiros anos de vida da planta, o que para a maioria das plantas 
frutíferas se prolonga até o 3º ou 4º ano e serve para dar forma à copa das árvores. 
Durante esta etapa o importante é criar um bom esqueleto que aguente o peso dos frutos sem se 
quebrar e que garanta uma boa exposição à luz e um bom arejamento. Nesta fase a produção não é 
importante, nem desejada. 
 
29 
 
Poda de formação durante os três primeiros anos 
 
30 
 
3.7.3.1 Formas livres 
No caso das árvores de folha caduca, as duas principais formas usadas hoje em dia nos pomares 
industriais, são o VASO e a PIRÂMIDE (também conhecida como EIXO CENTRAL), cada um com 
vantagens e inconvenientes e continuando a dar muita polémica. Como em muitos outros casos na 
agricultura, não há verdades absolutas. 
Seguem-se breves considerações sobre ambos os sistemas de condução. 
Preferencialmente a árvore deve ser transplantada com um ano de idade, não só para garantir um 
bom pegamento e um bom arranque da vegetação, como também para evitar a poda de formação no 
viveiro que nem sempre satisfaz. 
VASO - Para obter a forma em VASO, começa-se por atarracar a vareta à altura conveniente. Também 
aqui não há consenso e essa altura pode ir de 50cm a 150cm. 
Este sistema de condução é utilizado para pessegueiro e ameixeira, podendo também ser utilizado em 
macieiras, pereiras e marmeleiros. 
Nos casos mais felizes desenvolvem-se ramos bem localizados que permitem estabelecer o vaso com 3 
a 4 pernadas, logo ao segundo ano. 
Quando isso não acontece, ou quando queremos mais pernadas, é necessário que um lançamento seja 
levado à vertical a fim de prolongar o eixo da planta e obter as restantes pernadas. 
 
 
Árvore com 2 anos, 
formada em vaso com 3 
pernadas 
À esquerda árvore com 2 anos formada 
em vaso, já com 3 pernadas e um 
lançamento na vertical para obtenção 
de mais pernadas no 3º ano (imagem da 
direita) 
 
 
1º ANO 
Atarraque da vareta e 
2º ANO 
Atarraque das 3 pernadas 
3º ANO 
Vaso formado 
2º ANO 3º ANO 
31 
eliminação dos gomos da 
base 
obtidas 
 
 
 
Pormenor da inserção das pernadas num 
pessegueiro conduzido em vaso 
Pomar de pessegueiros 
conduzidos em vaso 
 
PIRÂMIDE ou EIXO CENTRAL REVESTIDO 
Para este sistema de formação das árvores podemos fazer só a poda de inverno ou podemos 
complementar a poda de inverno com a poda em verde. 
O Eixo Central Revestido, como o nome indica, resulta numa árvore que cresce em altura e onde há 
vários andares com pernadas distribuídas equilibradamente por esse Eixo. Nas árvores cuja forma 
natural se aproxima da pirâmide, como as macieiras, é muito fácil obter esta forma. Em Produção 
Integrada é este o sistema de condução aconselhado por ser o mais adequado à forma das árvores, 
exigir pouca mão de obra nos primeiros anos e entrar em frutificação o mais cedo possível o que 
geralmente se consegue ao fim de 3 anos. As produções obtidas tão cedo são absolutamente 
necessárias não só para amortizar investimentos, mas também para proporcionar a auto regulação da 
árvore. 
Com este sistema de condução em pomoídeas é possível não efetuar as podas clássicas de formação 
durante os cinco primeiros anos. A poda em verde é fundamental neste período inicial. As ligeiras 
intervenções em verde, para corrigir a árvore, devem efetuar-se apenas quando absolutamente 
necessárias e sempre antes da diferenciação floral que, normalmente, tem lugar cinco semanas após a 
plena floração. 
Para o obter começa-se por atarracar após a plantação a vareta a cerca de 80cm. Todos os gomos 
abaixo de 50cm são esmagados para garantir que não haja lançamentos muito baixos. Com este 
procedimento geralmente é possível obter 3 ou 4 bons ramos logo no primeiro ano para formar o 1º 
andar de pernadas. 
Na altura da poda em verde, além dos lançamentos para o 1º andar de pernadas, deve ser deixado um 
lançamento, que se leva à vertical e que vai garantir a continuação do eixo e a formação do 2º andar 
de pernadas. Para obter bons resultados este lançamento deve ser atarracado a 50-70cm. Para que o 
eixo central fique na vertical é geralmente necessário um tutor. 
Todos os rebentos a mais devem ser eliminados ou empados. A empa dos ramos em excesso tem a 
vantagem de diminuir o crescimento vegetativo normal nas plantas jovens e antecipar a sua 
frutificação. Estes ramos, que devem ser sempre empados para o exterior da copa, serão suprimidos 
mais tarde se adensarem demasiado essa zona, mas só quando a planta já estiver a frutificar nos 
andares definitivos. 
32 
 
Formação da pirâmide Pirâmide - Resultado final 
 
Na poda de formação é indispensável interpretar as principais aptidões dos ramos para conseguirmos 
favorecer o desenvolvimento de uns ramos e diminuir o desenvolvimento de outros. 
Assim, é importante não esquecer que: 
• Os últimos gomos do ramo são os que dão origem a lançamentos maiores; Quando se cortam 
os gomos terminais favorece-se o desenvolvimento dos ramos laterais; 
• Os ramos que crescem na vertical geralmente não frutificam; 
• Os ramos próximos da horizontal, ou caídos, são os que têm maior tendência para frutificar; 
• As curvas e cicatrizes numerosas nos ramos prejudicam o seu desenvolvimento; 
• A rebentação dos ramos podados é tanto mais vigorosa quanto mais intensos forem os 
atarraques; 
• A rebentação dos ramos (podados ou não) diminui se houver ramos perto com frutos; 
Quando se atarracam os ramos das árvores em formação, deve-se ter cuidado com o sítio por onde se 
corta. O último gomo, ou os dois últimos, deixados devem ficar dirigidos para o lado que se deseja 
preencher. Por isso:• Se um ramo estiver demasiado na vertical atarraca-se por um gomo que esteja virado para 
fora para que o faça abrir; 
• Se estiver muito na horizontal, o último gomo deixado deverá estar virado para dentro para o 
fechar mais; 
• Quando o ramo está perto de um vazio na copa que se pretende preencher, atarraca-se sobre 
um gomo dirigido nessa direcção. 
 
33 
 
Muitas vezes é vantajoso usar tutores e canas 
para obrigar alguns dos ramos principais a 
ficarem numa posição mais conveniente (nem 
demasiado fechada, nem demasiado aberta). 
 
ANÁLISE DE VÁRIAS SITUAÇÕES 
 
 
O corte correto é o B, em que o ramo guia fica 
nitidamente maior que o outro. 
O corte C está mal porque o ramo guia ficou mais 
curto que o lateral. Qualquer uma das outras 
opções está correta. 
 
 
Na situação de dois ramos a crescerem quase 
paralelos (G, H e I) só deve ficar um deles. 
Portanto o corte G está mal. 
A situação J é admissível pois o ângulo de 
inserção é maior e nesse caso os dois ramos 
podem crescer equilibrados sem fazerem 
concorrência um ao outro. 
Quando dois ramos se cruzam um deve ser 
eliminado. Deve-se deixar aquele que mantém a 
copa mais equilibrada. 
A situação L está errada. 
 
34 
 
 
Quando há dois ramos que crescem do 
mesmo lado e estão inseridos muito 
próximos um do outro, um deve ser 
sempre eliminado. 
A situação P está errada. 
Neste caso é possível 
deixar os dois ramos 
porque a sua inserção é 
suficientemente afastada 
para não fazerem 
concorrência um ao 
outro. Não esquecer que 
o inserido mais abaixo 
deve sempre ficar mais 
curto. 
Quando dois ramos formam 
um ângulo muito aberto, o 
que está mais na horizontal 
deve ser podado curto e por 
um gomo que favoreça o 
fecho desse ângulo. 
A situação R está errada. 
 
 
 
A situação mostrada em T é admissível quando 
houver necessidade de aproveitar duas 
ramificações laterais para encher a copa, mas a 
situação ideal é a U, com ramos laterais mais 
afastados que proporcionam uma inserção mais 
sólida. 
A situação V não é correta por se terem deixado 
para o mesmo lado, e relativamente próximos, 
dois ramos laterais. A poda correta está indicada 
em X onde se suprimiu um daqueles ramos. 
 
 
35 
 
3.7.3.2 Formas presas – casos particulares das VIDEIRAS e KIWIS 
Das espécies mais cultivadas, as duas que têm formas presas são as videiras e os Kiwis. O 
maracujazeiro também tem. 
Quer as videiras, quer os Kiwis têm sistemas de condução semelhantes e que são variações da 
RAMADA ou do BARDO ou CORDÃO. 
A ramada é geralmente mais alta e desenvolve-se na vertical e na horizontal. Ainda é muito usada na 
cultura do kiwi, mas hoje em dia já não se fazem vinhas novas com este sistema de condução pois 
dificulta os amanhos, e os frutos ganham menos açúcar. 
O bardo ou cordão é mais baixo e desenvolve-se somente na vertical, formando linhas bem definidas. 
Este sistema de condução permite uma mecanização de muitos trabalhos na vinha, uvas mais ricas em 
açúcar e tratamentos fitossanitários mais eficazes. Além disso a poda e colheita podem ser feitas do 
solo o que aumenta a rapidez e diminui a quantidade de mão de obra necessária. 
 
 
Vinha em Ramada Vinha em Bardo ou Cordão 
 
 
 
Pomar de Kiwis – uma das possíveis formas de condução 
36 
 
Para que as plantas cheguem aos suportes procura-se numa primeira fase de vida promover o 
aparecimento de lançamentos vigorosos que possam adquirir a estrutura desejada, privilegiando a 
função vegetativa em relação à produtiva. 
No ano seguinte à enxertia ou no ano seguinte à plantação caso se trate de enxertos-prontos, as 
plantas possuem normalmente dois bons lançamentos. Na poda selecciona-se o lançamento mais 
forte, vertical e de inserção mais próxima da zona de enxertia. 
Quando este lançamento atinge a altura desejada, arqueia-se suavemente e estende-se sobre o 
suporte, amarrando-o nos locais considerados mais adequados tendo em atenção que na poda de 
formação não se devem poupar atilhos. 
A partir desta fase e já no ano seguinte, elege-se para guia um lançamento bem constituído, situado o 
mais à frente possível. 
 
3.7.3.3 Normas gerais sobre a poda de formação nas árvores de folha persistente 
Neste grupo incluem-se os citrinos, a oliveira e a nespereira. 
As normas para a poda destas árvores são diferentes das de folha caduca, não só porque têm um ciclo 
vegetativo diferente, mas também porque o seu desenvolvimento inicial é muito lento. Assim sendo 
podá-las nos primeiros anos de vida é muito prejudicial quer no desenvolvimento da parte aérea, quer 
no desenvolvimento das raízes. 
Como estas espécies se ramificam facilmente e as inserções dos seus ramos principais são geralmente 
boas e sólidas, não há uma grande necessidade de poda de formação. 
A poda de transplantação é nestes casos mais severa e pode ser usada desde logo para se dar uma 
forma à árvore. 
Durante os 4 ou 5 anos após a plantação deve permitir-se a maior expansão possível à copa. As podas 
de inverno deverão ser evitadas e as podas de verão serão usadas para suprimir ramos ladrões, 
despontar alguns ramos de crescimento desequilibrado ou que se pretende que se ramifiquem. 
 
3.7.4 Poda de frutificação 
É iniciada depois da copa estar formada. Para a fazer correctamente temos a necessidade de conhecer 
a constituição dos órgãos da planta para saber o que se elimina e porque se elimina. Assim, assegura-
se uma regularidade e melhoria da frutificação através de um controle rigoroso do equilíbrio entre as 
funções vegetativa e reprodutiva. A importância da poda de frutificação está intimamente relacionada 
com o hábito de frutificação da planta. Assim sendo, a poda de frutificação é mais importante para 
aquelas espécies que produzem em ramos novos, ou seja, ramos do ano, como é o caso do 
pessegueiro, da figueira, da videira e do quivizeiro. 
A poda de frutificação é bastante variável com a espécie, cultivar, espaçamento, vigor da planta, 
estado nutricional e fitossanitário, condições climáticas, épocas, entre outras. É essencial para as 
fruteiras das zonas temperadas, que vegetam abundantemente, precisam de um período de 
dormência para frutificar e possuem ramos que produzem uma única vez pelo que o seu corte é 
recomendado logo de seguida. As fruteiras das zonas tropicais e subtropicais, ao contrário, crescem, 
florescem e frutificam de forma contínua na parte terminal dos ramos. O cuidado aqui é manter o 
arejamento no interior da copa para evitar doenças ou a frutificação exclusivamente periférica. 
Não esquecer que podas intensas aceleram a circulação da seiva e provocam excesso do crescimento 
vegetativo, com redução de flores e frutos. Mas uma poda mais leve pode gerar excesso de frutos, 
com uma colheita de má qualidade. 
37 
Esta poda deve ser acompanhada de uma adubação equilibrada e manutenção de água disponível no 
solo. 
38 
 
Poda de frutificação das principais fruteiras 
 
Árvores de folha caduca 
Pomóideas - Macieira e pereira 
 
 
 
Principal sistema de condução: eixo central revestido 
Neste sistema de condução é natural o aparecimento de 
lançamentos vigorosos na zona superior. Por isso não se devem 
fazer atarraques mas sim supressões ou atarraques sobre 
ramos laterais para favorecer a emissão de lançamentos com 
capacidade de frutificação e a iluminação de toda a copa. Os 
andares devem manter entre si o afastamento necessário para 
que os inferiores não envolvam e ensombrem os que estão por 
cima. 
Com o envelhecer das árvores começa a ser necessário fazer 
uma poda mais intensa, especialmente na pereira que tem 
tendência para a diminuição dos lançamentos anuais ficando a 
árvore repleta de órgãos de frutificação. Como são necessárias 
folhas para alimentar os frutos, esta situaçãonão é desejável. 
Devem-se então fazer atarraques e poda de esporões. 
Por vezes é necessário fazer 
incisões acima dos gomos 
dormentes situados no eixo 
para preencher por completo 
o eixo e assim evitar zonas 
improdutivas. Na figura à 
direita vê-se uma incisão e o 
resultado no ano seguinte. 
Prunóideas 
Ameixeira 
 
 
Principal sistema de condução: vaso 
Após a poda de formação devem-se evitar os atarraques dos 
ramos guias para não provocar a rebentação de fortes 
lançamentos lenhosos. Nas ameixeiras em vaso são frequentes 
lançamentos maiores que 50cm. Por isso, a cada 2 ou 3 anos, há 
necessidade de rebaixar esses ramos, não porque a frutificação 
seja excessiva, mas sim para evitar que esses ramos muito 
alongados e cheios de esporões deformem ou partam com o 
peso. 
Como a ameixeira reage com vigor aos cortes, só se devem 
deixar próximo da extremidade do ramo encurtado, os ramos, 
verdascas ou esporões convenientes à sua ramificação, 
suprimindo os outros bem rentes, para que surja um 
amontoado de ramos inseridos no mesmo ponto. 
Para manter o equilíbrio numa árvore adulta e vigorosa uma 
boa prática é fazer uma poda pouco intensa na parte superior 
da copa (onde normalmente reage mais, roubando energia ao 
resto da planta) e uma poda mais intensa na zona inferior. 
 
39 
 
Prunóideas 
Cerejeira 
 
Quando a árvore já em plena produção mas ainda jovem, é 
conduzida sob a forma de vaso e apresenta tendência para se 
desenvolver muito em altura e pouco em diâmetro, devem 
efectuar-se rebaixamentos, de preferência sobre ramos de 2 
ou 3 anos, desde que não haja perigo de ataques de gomose. 
Nas formas em eixo revestido (a que é utilizada nos pomares 
modernos), procura-se aproximar os andares laterais tanto 
quanto possível da horizontal, com atarraques sobre ramos 
laterais, de modo a afastá-los convenientemente uns dos 
outros. 
A publicação, cuja imagem da Capa se encontra à esquerda, 
pode ser encontrada na página da Cerfundão 
(www.cerfundao.com) e nela se encontra da mais recente e 
importante informação sobre pomares de cerejeira. 
 
Pessegueiro 
 
 
 
 
Principal sistema de condução: vaso com 3 pernadas (em 
pomares intensivos também se usa o eixo central revestido). 
O pessegueiro é uma espécie com crescimento muito 
acelerado cujo tronco envelhece mais rapidamente que a raiz. 
É uma planta muito exigente em luz. Produz nos ramos do ano 
e, por isso, é preciso preservá-los para garantir a regularidade 
e qualidade da produção. A pequena duração dos esporões e a 
grande importância dos ramos mistos na frutificação exigem 
uma poda durante toda a vida. 
Nos pessegueiros em plena frutificação os ramos guias 
cimeiros devem ser atarracados a pelo menos 20cm. Os 
laterais podem ficar mais curtos. 
Como os ramos mistos se alongam muito anualmente, a 
frutificação desloca-se para a periferia da copa, pelo que há 
necessidade de contrariar constantemente essa tendência. 
Deste modo os encurtamentos são frequentes nas árvores 
adultas. 
As estruturas vigorosas situadas no cimo da árvore devem ser 
suprimidas e as bifurcações aí localizadas devem ser evitadas. 
A rectificação dos excessos de vigor no cimo das pernadas só é 
possível com podas no Verão. 
Videira Principal sistema de condução: bardo (cordão unilateral ou 
cordão bilateral) 
Nas varas, os gomos do terço médio são os mais 
produtivos (embora se verifique uma variação consoante a 
casta) por isso, torna-se essencial conhecer os hábitos de 
frutificação para determinarmos a intensidade da poda a 
praticar. Assim, o sistema de poda mais utilizado é a poda 
mista uma vez que existe o talão a dois gomos e a vara de 
vinho (com quatro a seis gomos para poda livre e com seis a 
40 
 
 
Videira (cont.) 
 
Capa de um excelente livro sobre 
este tema, da autoria do Professor 
Urbano Moreira, 2011-Publindústria. 
Pode ser consultado na Biblioteca da 
EPA Conde de S. Bento – Santo Tirso 
oito gomos para a amarrada). 
Desta forma, garante-se a estabilidade anual da produção e 
facilita-se a alimentação da videira, uma vez que as varas de 
vinho não se afastam do eixo da videira permitindo que a sua 
renovação se faça através do talão, não recorrendo assim à 
realização da empa. 
Cuidados a ter com a escolha das varas de vinho: 
- Devem-se eliminar as varas mais vigorosas dado que o seu 
excesso de vigor provoca o desavinho; 
- Devem-se escolher as varas que se encontram inseridas na 
madeira do ano anterior e que possuam um nível médio de 
vigor. 
Determinação da carga (nº de gomos) a deixar na poda: 
- Se na videira o número de varas desenvolvidas for inferior ao 
número de gomos deixados, a poda deverá efectuar-se de 
forma mais intensa e com carga inferior; 
- Se todos os gomos rebentaram com varas de elevado vigor e 
deram origem ao aparecimento de netas e ladrões, a poda, 
pelo contrário, deverá ser feita com menos intensidade e com 
uma carga mais elevada. 
Hoje em dia a necessidade de simplificar os trabalhos têm 
conduzido a podas só a talão, mesmo na região dos vinhos 
verdes, e com bons resultados. 
Actinídea (Kiwi) 
 
 
 
Principal sistema de condução: variantes de ramada baixa ou 
parral 
A actinídea produz frutos sobre ramos de um ano. Os ramos 
ideais para produzir são os de crescimento determinado e 
entrenós curtos, gomos bem desenvolvidos e bem expostos. 
A poda de produção inclui uma poda no Inverno e outra no 
Verão. 
Poda de Inverno: realiza-se de meados de Dezembro a meados 
de Fevereiro. Consiste na eliminação dos ramos que 
apresentam as seguintes características: i) frutificação no ciclo 
vegetativo anterior; ii) inserção demasiado na vertical; iii) 
excedentes, em relação aos que se pretendem para 
produzirem. 
A poda das plantas machos só é realizada após a floração. 
Poda de Verão: embora, não haja consenso entre os 
41 
investigadores sobre o efeito positivo desta poda, ela continua 
a ser praticada, consistindo fundamentalmente no seguinte: i) 
corte a partir das 2 ou 3 folhas dos ramos demasiado 
vigorosos, de modo a evitar que partam pela acção do vento, e 
a permitir a rebentação de varas menos vigorosas, ii) corte 
após a 3ª- 4ª folha, contada a partir do último fruto, dos ramos 
frutíferos de modo a privilegiar o crescimento dos frutos 
relativamente ao crescimento dos ramos. 
Entre varas deve existir pelo menos uma distância aproximada 
de 20 cm. Cada vara deve conter no máximo 15 a 20 gomos. 
 
Actinídea (Kiwi) - continuação 
 
 
Porção de um ramo principal de Kiwi (as folhas 
não estão desenhadas para simplificar o 
esquema). Os traços a vermelho marcam o local 
da poda de inverno. 
A – Vara de renovação que não frutificou:-poda-
se a 15-20 gomos 
B – Ramo que frutificou e tem uma vara de 
renovo na base (é o normal):-mantém-se a vara 
de renovo podando-a 10-20 gomos e 
eliminando o resto. 
C – Spur (verdasca) não ramificado:-não se poda 
pois produz fruto 
D – Não existe vara de renovo:-despontam-se 
todas as varas 
 
 
 
Árvores de folha persistente 
Laranjeira, Tangerineira e Limoeiro 
 
 
Principal sistema de condução: esfera oca 
Requerem apenas poda extensiva. Procura-se estimular a 
emissão anual de lançamentos com gomos florais e 
manter uma copa equilibrada. 
Com o recurso às desramações e atarraques sobre ramos 
laterais suprimem-se os ramos novos em excesso que 
adensam a periferia da copa, de modo a que os restantes 
componham toda a superfície externa tocando-se 
levemente sem ficarem apertados e a roubarem luz uns 
aos outros. 
Suprimem-se todos os ramos secos e envelhecidos que se 
encontram no interior da copa, assim como os ramos 
débeis sem condições de frutificação. Os ladrões também 
se cortam rentes a não ser que sejam úteis parapreencher algum vazio. Neste caso atarracam-se à altura 
42 
 
Pomar de laranjeiras 
conveniente. As zonas dos ramos mortas pelas geadas são 
também suprimidas. Os ramos desgarrados que 
desequilibram a copa, encurtam-se sobre lateralmente. 
Nas árvores novas é particularmente importante suprimir 
os ramos ladrões e encurtar os que ameaçam crescer 
demasiadamente sem se ramificarem, a fim de favorecer 
o desenvolvimento dos ramos de crescimento mais lento 
e com direcção aproximada da horizontal. 
A melhor época de poda é a que se segue à colheita dos 
frutos, sem coincidir com a floração. 
Oliveira 
 
 
 
Principal sistema de condução: 
• Cultura extensiva e intensiva – vaso 
• Cultura super intensiva – eixo central revestido 
Árvore de desenvolvimento muito lento nas primeiras 
idades, tem no entanto vida muito longa e resistente. 
Na oliveira é muito frequente a alternância de colheitas. 
As fertilizações do terreno e a regularidade de cultivo e da 
poda concorrem para atenuar as contra-safras. Além disto 
as podas ligeiras realizadas anualmente mantêm a árvore 
com vegetação regular e tornam-se menos demoradas do 
que uma poda bienal cuidadosa, repartindo-se o trabalho 
sem agravar o seu custo. 
Como a frutificação só aparece nos ramos com 1 ano, 
torna-se indispensável a sua renovação anual. 
Quando a oliveira com a forma de vaso anda submetida a 
podas anuais convenientes e a cultivos do terreno 
regulares e adequados, apresenta-se com uma copa 
completamente revestida de ramos frutíferos que se 
distribuem uniformemente, dando uma sensação de 
leveza e de certa transparência que contrasta tanto com 
as copas excessivamente despidas pelas podas violentas, 
como com a ramagem densa e apertada das árvores 
submetidas à severidade das podas bienais ou trienais. 
As ramificações (borlas) que se suprimem, são as que se 
apresentam mais tortuosas, com maior quantidade de 
raminhos secos e pendentes. 
Quando na ramagem lateral e principalmente na parte 
superior da copa aparecem lançamentos verticais com 
mais de 50 cm, em contraste com os ramos menos 
vigorosos e mais horizontais da restante copa, há ne-
cessidade de os encurtar sobre lateralmente ou mesmo 
de os atarracar, para impedir o seu alongamento e 
moderar o respectivo vigor, obrigando-os a ramificarem-
43 
Ramos de oliveira (borlas) antes e depois 
da poda. 
se. 
A época da poda estende-se do final da colheita ao 
princípio da Primavera, antes de se intensificar a 
circulação da seiva. 
Atendendo a que devido aos custos, a colheita mecânica 
será imprescindível, deveremos ter em atenção a altura 
do tronco (0,8/1 m), local onde se fará a cruz com 2, 3 ou 
4 pernadas principais. 
Na formação e frutificação devemo-nos preocupar, com a 
localização do fruto, por forma a facilitar a colheita. 
Também deverá merecer atenção o arejamento e a 
iluminação de toda a copa, para facilitar a polinização, o 
desenvolvimento dos frutos e dificultar o ataque e a 
disseminação de pragas e doenças. 
 
Pequenos frutos 
Mirtilo 
 
Poda do arbusto durante os 2-5 
primeiros anos no campo 
 
 
 
Locais onde se deve cortar para remover 
os ramos fracos de um arbusto adulto 
Principal sistema de condução: vaso 
Como no mirtilo a poda de formação funciona já como 
uma poda de frutificação, no texto aparecem as duas em 
conjunto. 
1. Formação 
Eliminar as ramificações finas e débeis que situadas até 30 
cm de altura do solo. Assegurar a formação de ramos 
vigorosos 
Eliminar as flores e os frutos durante os dois primeiros 
anos 
Na poda do primeiro ano, seleccionar três/quatro ramos 
mais vigorosos. No segundo ano, podar os ramos a 40/50 
cm de altura, para formação das pernadas (ramos 
primários), que assegurarão a produção durante os anos 
seguintes 
2. Manutenção 
Remover os ramos fracos, bem como os que estejam 
inseridos muito abaixo, nas hastes principais. Despontar 
os ramos mais fracos, podando-os sobre um bom 
lançamento lateral jovem 
Podar os ramos secos e os que se desenvolveram no 
interior da copa 
44 
Framboesa 
Principal sistema de condução: bardo 
A poda é uma operação cultural muito importante para a manutenção da produtividade das plantas e 
para a eliminação de varas doentes e/ou com pragas e de varas em excesso ou com pouco vigor. 
No caso das variedades não remontantes, a poda principal deve ser realizada logo após o fim da 
colheita ou no fim do inverno e devem ser eliminadas todas as varas que deram fruto, cortando-as 
mesmo junto ao solo. De janeiro a princípios de março, todas as varas novas (varas do ano) com pouco 
vigor, partidas, doentes ou com sinais da presença de insetos devem ser eliminadas. Além disso, todas 
as varas novas que se encontram fora de uma faixa de 25 a 30 cm de largura ao longo da linha devem 
também ser eliminadas. Por fim, as 
varas novas selecionadas para 
produção devem ser cortadas de 
modo a ficarem com cerca de 1,8 m 
de comprimento, e devem ser 
atadas ao sistema de suporte (Strik, 
2008). 
As variedades remontantes devem 
ser podadas logo a seguir ao fim da 
colheita, cortando-se todas as varas 
junto ao solo. Depois, na primavera 
seguinte, surgirão novos 
lançamentos que frutificarão nesse 
mesmo ano (Strik, 2008). 
 
3.7.5 Poda de rejuvenescimento 
Tem por finalidade livrar as plantas frutíferas de ramos doentes, atacados por pragas ou renovar a 
copa através do corte total da mesma, deixando-se apenas as ramificações principais 
Este tipo de poda é frequente em pomares abandonados, mas de vigor ainda razoável, como, por 
exemplo, laranjeiras, macieiras e pereiras. Normalmente, cortam-se as pernadas principais, deixando-
as com 40 a 50cm. Posteriormente, selecionam-se os ramos que irão permanecer, através da poda 
verde. Os cortes maiores são realizados no inverno, ocasião em que são aplicadas pastas fungicidas no 
local que foi cortado. 
3.7.6 Poda de limpeza 
É uma poda leve que consiste na eliminação de ramos secos, atacados por doenças, pragas ou mal 
localizados. É realizada em frutíferas que requerem pouca poda, como é o caso de laranjeiras e 
mangueiras, entre outras. Esta prática normalmente é realizada em períodos de baixa atividade 
fisiológica da planta, ou seja, durante o inverno ou, como no caso dos citrinos, logo após a colheita das 
frutas. 
3.7.7 Poda das netas 
É a retirada dos lançamentos secundários que surgem nas axilas das folhas da figueira e videira e que 
devem ser arrancados manualmente durante o desenvolvimento da planta 
3.7.8 Desponta 
Consiste em diminuir o tamanho dos ramos mais promissores de modo a reduzir assim a quantidade 
de frutos a serem produzidos. Esse encurtamento reduz de 1/3 a 2/3 o tamanho normal do ramo. 
3.7.9 Desfolha 
45 
Muito comum na videira consiste na eliminação das folhas que se situam mais próximas dos cachos. É 
uma operação que deve ser realizada com precaução, uma vez que pode alterar a actividade 
fotossintética da planta. Além disso, as folhas eliminadas devem ser as mais desenvolvidas e menos 
jovens para que o fornecimento de nutrientes ao cacho não fique comprometido. Os principais 
objectivos da desfolha são o arejamento, a redução da probabilidade de podridões nos cachos e o 
aumento da sua exposição solar, essencial para melhorar a coloração e permitir a maturação dos 
bagos. 
3.7.10 Monda dos frutos 
Para garantir uma boa produção sem alternância devemos realizar a monda dos frutos, que também é 
uma poda, e vale praticamente para todas as frutíferas. Esta monda deve ser realizada de cima para 
baixo, deixando-se os frutos mais bem formados e mais sadios, eliminando-se preferencialmente os 
frutos do interior da copa. 
Para os pessegueiros deve-se deixar os frutos voltados para baixo e mais próximos de ramos maiores. 
Para a monda, em qualquer

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