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FRUTICULTURA I ESCOLA PROFISSIONAL AGRÍCOLA CONDE DE S. BENTO FICHA TÉCNICA Apontamentos para a disciplina de “Produção Agrícola – Módulo 7 – Fruticultura I” do curso de Técnico de Produção Agrária. Professores: Anabela Correia Quadrado Madalena Barroso Francisco Rodrigues Escola Profissional Agrícola Conde de S. Bento Largo Abade Pedrosa nº 1 4780 Santo Tirso Telefone: 252 808690 Fax: 252 808699 2013/2014 Índice 1.Importância e distribuição geográfica da Fruticultura 02 2.Generalidades 05 2.1. As fruteiras como plantas perenes 09 2.2. Período de actividade vegetativa anual 09 2.3. Órgãos de vegetação e frutificação 11 3.Poda 17 3.1. Fundamentação 18 3.2. Principais funções 19 3.3. Ferramentas de corte 19 3.4. Tipos de corte ou supressões e efeitos nas plantas: atarraque; desramação e atarraque sobre ramo lateral 20 3.5. Técnica de execução dos cortes 22 3.6. Cicatrização de feridas da poda 23 3.7. Tipos de poda e efeitos nas plantas 24 4.Operações complementares da poda 39 4.1. Empa 39 4.2. Anelamento 40 4.3. Incisões 40 4.4. Torção de ramos 40 4.5. Lenha da poda 40 5. Propagação vegetativa 41 5.1. Importância 41 5.2. Métodos de propagação 41 6. Factores determinantes na instalação de um pomar 55 6.1. Sistemas culturais 57 6.2. Seleção das espécies a serem plantadas 57 6.3. Escolha do terreno 58 6.4. Mobilizações e correcções 63 6.5. Plantação 66 Bibliografia e Webgrafia 79 1.Importância e distribuição geográfica da Fruticultura A fruticultura pode ser entendida como sendo o conjunto de técnicas e práticas aplicadas adequadamente com o objetivo de explorar comercialmente plantas que produzam frutos comestíveis. Segundo Tamaro (1936), fruticultura é a arte de cultivar racionalmente as plantas frutíferas. Além do conceito de fruticultura, o conceito de fruta e fruto também é variável conforme o autor. Segundo Ferreira (1993), fruta é a designação comum às frutas, pseudofrutos e infrutescências comestíveis, com sabor adocicado. Já o fruto é o órgão que resulta do desenvolvimento do ovário depois da fecundação e onde se encontram as sementes. Para facilitar a leitura, será adotado o termo fruta. O cultivo de plantas frutíferas, ou fruteiras, caracteriza-se por apresentar aspetos importantes no contexto socioeconómico de um país, tais como: a) Utilização intensiva de mão-de-obra; b) Possibilitar um grande rendimento por área, sendo por isso uma ótima alternativa para pequenas explorações agrícolas; c) Possibilitar o desenvolvimento de agro-indústrias, tanto de pequeno quanto de grande porte; d) Contribuir para a diminuição das importações; e) Possibilitar o aumento nas divisas com as exportações; f) As frutas são de importância fundamental como complemento alimentar, sendo fontes de vitaminas, sais minerais, proteínas e fibras indispensáveis ao bom funcionamento do organismo humano. A fruticultura é uma actividade agrícola que está a renascer no nosso país. Actualmente verifica-se uma enorme revitalização do sector, que se desenvolve por fileiras, dando um grande contributo para o equilíbrio da balança comercial portuguesa. O artigo que se segue mostra bem o dinamismo e êxito do sector: “Surpresa na crise: a fruta está a vender como pãezinhos quentes. Legumes e fruta nacionais são preferidos 20/07/2013 | Dinheiro Vivo Os portugueses são grandes compradores de fruta: por semana, compram entre 2 e 5 kg, aos quais se somam cerca de 2 kg de vegetais e legumes e 2 a 5 kg de batata. A grande novidade é que os portugueses são exigentes na hora de escolher aqueles produtos e não há promoção que os convença a comprar fruta espanhola ou legumes franceses. “O consumidor escolhe primeiro o que é português, não por ser patriótico, mas porque tem consciência de que os produtos portugueses são bons e até mais seguros do que os importados”, adianta Domingos dos Santos, presidente da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP). Não é uma questão de patriotismo e as exportações do sector comprovam a competitividade dos produtos hortofrutícolas portugueses. Este ano poderão duplicar em relação a 2010. “Exportámos 600 milhões de euros em 2010, 800 milhões em 2011 e em 2012 ficámos pelos 920 milhões. Este ano, vamos bem encaminhados e vamos ultrapassar os mil milhões”, congratula-se Domingos dos Santos. A fruta portuguesa não pode ser imitada. O Atlântico arrefece o clima e dá mais tempo à fruta na árvore e, por isso, tem mais paladar do que a fruta espanhola”, explica o produtor. O Brasil está 2 completamente rendido à pera rocha, que representa, sozinha, entre 10 e 15% das exportações do sector.” Graças à qualidade e especificidade dos nossos frutos, 14 deles já foram distinguidos com Designação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP). São eles os seguintes: O gráfico seguinte mostra as produções totais das principais espécies de fruteiras em Portugal, obtidas em 2008 (valores estatísticos oficiais mais recentes). Os valores são expressos em toneladas. No que se refere à uva de mesa, embora não constando das estatísticas oficiais, sabe-se que em 2012 só a empresa Vale da Rosa (Alentejo) vendeu em Portugal 4500 toneladas de uva de mesa e exportou 1200 toneladas, das quais quase metade sem grainha. Mais informação em: http://www.frutaviva.net/portal/ 3 Fonte: Anuário Agrícola 2011 As principais zonas de produção são as seguintes: • Em Trás os Montes predominam os frutos secos e a oliveira. • No Entre Douro e Minho predomina a policultura onde, para além das uvas para vinho, há uma enorme produção de Kiwis e recentemente de pequenos frutos. • A Região do Ribatejo e Oeste é o solar da pêra Rocha, de várias variedades de maçãs e de pêssegos e nectarinas. Na zona de Santarém há uma forte tradição na produção de melancia e melão. • Na Beira Interior predomina a maçã (solar da variedade Bravo de Esmolfe), os frutos secos (especialmente a avelã) a cereja e os pêssegos. • No Alentejo tem havido um forte investimento em fruticultura desde as uvas, quer para vinho, quer de mesa, aos pêssegos e damasco e pequenos frutos. • No Algarve a principal produção é de laranja, amêndoa e alfarroba. A diversificação passa por frutos tropicais como abacate e manga. • A Madeira é a única região portuguesa onde se cultiva banana. • Os Açores têm uma forte produção de ananás em estufa e de maracujá, que se consome em fresco mas que é maioritariamente destinado à indústria (sumos e licores). 4 • A vinha para produção de vinho é cultivada em todas as regiões, dando origem a vinhos de características muito variadas mas todos eles de alta qualidade. 5 Área ocupada pelas principais espécies e respetivas produções (2011- 2012) 2.Generalidades A maioria dos frutos é o resultado do desenvolvimento do ovário da flor após a fecundação, originando assim as sementes. Algumas frutas, porém, resultam do amadurecimento do ovário mesmo sem fecundação, produzindo frutos partenocárpicos, como é o caso da banana, do abacaxi e de algumas cultivares de uvas e citrinos. Quedas fisiológicas das frutas Ao longo de todo o processo de desenvolvimento dos frutos, ocorrem uma série de fenómenos fisiológicos, que provocam a queda dos mesmos. Também podem ocorrer, em qualquer momento, as quedas acidentaisque são provocadas por ventos, chuvas de granizo, doenças, pragas, entre outras. a) Queda das frutas no vingamento – nesta fase ocorre a queda de flores e frutos mal fecundados. Pode acontecer uma queda de até 95% da floração total. Esta situação pode ser agravada quando ocorrerem, simultaneamente, geadas, chuvas em excesso ou falta de polinização; b) Queda no crescimento dos frutos - neste período ocorre uma competição entre os frutos, normalmente no final do período de multiplicação celular e início do engrossamento da fruta. Neste período podem cair de 10 a 30% dos frutos presentes na planta. Esta situação pode ser agravada por problemas nutricionais e climáticos; c) Queda pré-colheita - forma-se uma camada de abscisão entre o fruto e o pedúnculo, o que facilita a queda dos frutos. Este processo é mais comum em algumas espécies frutíferas, como a macieira e a pereira. Alguns fenómenos climáticos podem agravar ainda mais a situação, tais como períodos de seca, ventos, pragas e doenças. Os frutos caem antes do tempo e, quase sempre, estão ainda inadequados para o consumo. 6 O uso de fito hormonas, tais como o ácido naftaleno acético (ANA), em baixas concentrações na forma de pulverizações, pode diminuir os efeitos da queda pré-colheita. Na Tabela são apresentadas as principais espécies frutíferas cultivadas com o respetivo nome científico, nome da família e subfamília. NOME COMUM NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SUB-FAMÍLIA FRUTAS COM SEMENTES Macieira Pereira Marmeleiro Nêspera-japonesa Nêspera-comum Malus domestica Pyrus communis Cydonia oblonga Eryibotria japonesa Mespilus germanica Rosácea Rosácea Rosácea Rosácea Rosácea Pomoidea Pomoidea Pomoidea Pomoidea Pomoidea FRUTAS COM CAROÇO Pessegueiro Nectarineira Ameixeira japonesa Ameixeira europeia Damasqueiro Amendoeira Prunus persica Prunus persica var. Nucipersica Prunus salicina Prunus domestica Prunus armeniaca Prunus amygdalus Rosácea Rosácea Rosácea Rosácea Rosácea Rosácea Prunoidea Prunoidea Prunoidea Prunoidea Prunoidea Prunoidea FRUTAS COM SEMENTES CARNOSAS Romãzeira Punica granatum Punicácea FRUTAS EM BAGAS Videira europeia Videira americana Groselheira Quivizeiro Vitis vinifera Vitis labrusca Ribes grossularia Actinidia deliciosa Vitácea Vitácea Saxifragácea Actinidácea Ribesoidea FRUTAS EM HESPIRÍDIO Laranja doce Limoeiro Tangerineira Cidreira Laranja azeda Toranja Citrus sinensis Citrus limon Citrus reticulata Citrus medica Citrus aurantium Citrus grandis Rutácea Rutácea Rutácea Rutácea Rutácea Rutácea Auranteoidea Auranteoidea Auranteoidea Auranteoidea Auranteoidea Auranteoidea MULTIFRUTOS 7 Framboesa Rubus spp. Rosácea Rosoidea 8 NOME COMUM NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SUB-FAMÍLIA INFRUTESCÊNCIAS Figueira Amoreira branca Amoreira-preta Ficus carica Morus alba Morus nigra Morácea Morácea Morácea Artocarpoidea Moroidea Moroidea FRUTAS SECAS Nogueira europeia Nogueira americana Castanheiro Amendoeira Aveleira Juglans regia Carya illinoensis Castanea sativa Prunus amygdalus Corylus avellana Jungladácea Jungladácea Fagácea Rosácea Betulácea - - - Prunoidea FRUTAS TROPICAIS E SUBTROPICAIS Bananeira Abacaxizeiro Mangueira Mamoeiro/papaeira Maracujazeiro Goiabeira Abacateiro americano Musa spp. Ananas comosus Mangifera indica Carica papaya Passiflora edulis Psidium guajava Persea americana Musácea Bromeliácea Anacardiácea Caricácea Passiflorácea Mirtácea Laurácea - - - - - - - Com o conhecimento trazido pela globalização, as novas técnicas aplicadas à produção e a nossa diversidade climática é possível produzir em Portugal fruteiras de climas temperados mas também as de clima sub tropical e tropical. É pois importante conhecê-las. a) Fruteiras de clima temperado - as principais características apresentadas por essas plantas são: • Hábito caducifólio (plantas de folha caduca); • Só dão fruto uma vez por ano; • Necessidade de frio para haver indução floral; • Maior resistência às baixas temperaturas; • Necessidade de temperatura média anual entre 5 e 15°C para crescimento e desenvolvimento. As principais plantas frutíferas de clima temperado são pessegueiro, macieira, pereira, videira, ameixeira, marmeleiro, quivi, cerejeira, nogueira, entre outras. b) Fruteiras de clima subtropical - as principais características apresentadas por essas plantas são: • Nem sempre apresentam hábito caducifólio; • Têm mais de uma produção por ano; • Menor resistência a baixas temperaturas; • Pouca necessidade de frio no período de inverno; • Necessidade de temperatura média anual de 15 a 22°C. As principais frutíferas de clima subtropical são os citrinos (laranja, limão, tangerina), abacateiro, diospireiro, nespereira, entre outras. 9 c) Fruteiras de clima tropical - as principais características apresentadas por essas plantas são: • Podem ter mais que uma produção por ano; • Apresentam folhas persistentes; • Não toleram temperaturas baixas necessitando de temperatura média anual entre 22 e 30°C. As principais frutíferas de clima tropical são bananeira, cajueiro, abacaxizeiro, mamoeiro/papaeira, mangueira, maracujazeiro, coqueiro, entre outras. Quadro resumo – exigências climáticas das principais espécies. Exigências climáticas das principais espécies (Adaptado de Saraiva 1992) ESPÉCIES ÍNDICES OTIMIZADOS Alfarrobeira Espécie de comportamento bastante bizarro típico do clima mediterrânico de duas estações bem marcadas e estilo cálido, mas onde possa dispor de suficientes reservas de água no solo e ar. Ameixeira No semestre seco (Abril a Setembro) para as variedades europeias com destino à secagem, a soma das temperaturas médias mensais devem ser de 120 a 130ºC; precipitações esporádicas inferiores a 180mm e nitidamente escassas no vingamento; insolação acima das 1700 horas. Amendoeira/ Oliveira Temperatura média superior a 22ºC durante todo o Verão, com a evaporação a ultrapassar os 600mm; insolação de Abril a Setembro superior a 1750 horas; neste período a precipitação deverá estar abaixo dos 170mm e ser dispersa; no Verão, humidade relativa média menor que 45%. Aveleira Gradiente térmico entre as médias de Janeiro e Julho superior a 14ºC; precipitação anual acima de 800mm (maior que 230mm no semestre seco); fotoperíodo específico em que a insolação média deverá oscilar entre as 14,6 e as 15 horas no mês de Julho e 9 a 9,4 horas durante Dezembro; evaporação menor que 750mm no semestre seco. Castanheiro Pluviosidade anual superior a 800mm. A média das temperaturas de Dezembro, Janeiro e Fevereiro inferior a 7ºC. Altitude máxima de 1100m. Temperaturas muito elevadas nos meses de Julho e Agosto, associadas a uma escassez de água no solo, dão origem a um menor vingamento do fruto. Cerejeira Temperaturas médias em Janeiro inferiores a 8ºC; gradiente entre Janeiro e Julho superior a 13ºC; a partir do início de Maio e durante o Verão, temperatura média mensal acima dos 15ªC. Precipitação anual maior que 800mm, mas com épocas de vingamento do fruto relativamente secas ou com movimento do ar. Figueira Temperaturas elevadas durante o dia, acompanhadas de alguma precipitação a partir da segunda quinzena de agosto, prejudicam o bom desenvolvimento do fruto, já que forçam a sua maturação. Ginjeira A partir do início de Maio e durante o Verão, temperatura média mensal acima dos 15ªC; requer protecção dos ventos gelados no Inverno. A poda deve ser realizada no Verão para evitar o aparecimento de doenças. Macieira Dormênciaobrigatória entre Novembro e Fevereiro; humidade relativa do ar superior a 60%, mesmo no período de intensa actividade vegetativa. Temperaturas médias anuais entre os 10 e 16ºC, embora com variações. Medronheiro A produção de medronho está bastante dependente das geadas em virtude da floração ocorrer entre Outubro e Dezembro. Por esse facto a frutificação é bastante irregular. Nogueira Somatório térmico médio do semestre seco entre 105 e 120ºC. Curtas quedas pluviométricas (de horas) nesse período. Luminosidade entre 1500 a 2050horas. É importante não haver geada entre a formação dos frutos e até que estes atinjam os 20mm de diâmetro, seguidas de altas temperaturas para manter a sua epiderme. Pereira Somatório das temperaturas médias mensais entre Outubro e Janeiro de 40 e 60ºC. As 10 exigências em humidade relativa são idênticas às ad macieira: Temperaturas médias anuais entre 13 e 17ªC As espécies fruteiras podem apresentar tamanho e formas muito diferentes. Assim elas podem ser: a) Arbóreas - apresentam grande porte e tronco lenhoso. Exemplos: macieira, pessegueiro, cerejeira, mangueira, abacateiro, nespereira e nogueira. b) Arbustivas - apresentam porte médio e caule menos resistentes. Exemplos: figueira, amoreira e romãzeira. c) Trepadeiras - apresentam caule sarmentoso e/ou provido de gavinhas. Exemplos: videira, maracujazeiro e quivi. d) Herbáceas - apresentam porte baixo, rasteiras ou com pseudo caules. Exemplos: bananeira, morangueiro e abacaxizeiro. 2.1. As fruteiras como plantas perenes As fruteiras são na sua esmagadora maioria árvores ou arbustos perenes. Como é bom de ver, para que o pomar se desenvolva como desejado é necessário garantir não só um bom arranque, preparando o terreno para tal, como todos os anos se devem fazer as manutenções necessárias para que a árvore cresça equilibradamente e, após o início da frutificação, as produções sejam regulares e de qualidade. A árvore é sensível a todas as alterações que possam afectar o seu sistema radicular, a sua copa ou ainda o meio em que vive (ecossistema agrário). Uma boa condução do pomar é indispensável para esse equilíbrio. As intervenções são em geral as seguintes: - Manutenção do pomar, onde se incluem as mondas, as regas e a protecção das plantas contra pragas e doenças; - As adubações de manutenção; - As podas, que consistem na supressão ou corte de ramos, folhas e/ou frutos, com vista a obter uma árvore com a maior quantidade possível de frutos comerciáveis, isto é, frutos com características e tamanho, aceites na comercialização dessa espécie/variedade. 2.2. Período de actividade vegetativa anual Para caracterizar o período de actividade vegetativa anual há que ter em conta que as árvores se agrupam em dois grandes grupos – as caducifólias, ou árvores de folha caduca e as perenifólias, ou árvores de folhas persistentes. 2.2.1 Caducifólias ou árvores de folha caduca Estas árvores têm um período de dormência que corresponde de um modo geral ao inverno e vai desde a queda das folhas até ao principiar da rebentação na primavera seguinte, quando o calor provoca o recomeço da actividade dos meristemas. Neste período as necessidades das plantas são mínimas, a absorção radicular é nula ou insignificante e pequeníssimo o consumo de substâncias necessárias à vida. As reservas (hidratos de carbono produzidos na fotossíntese) deixam de se formar embora se continuem a deslocar e a depositar no caule e nas raízes. É esta a melhor altura para se efectuarem podas, transplantações e tratamento químicos mais agressivos (tratamentos de inverno com calda bordalesa, por exemplo) porque a vida vegetativa está particamente paralisada e a árvore ressente-se muito pouco. 11 Enquanto as folhas não estiverem desenvolvidas, a planta recorre às suas reservas para se alimentar. Estas reservas, que foram produzidas pelas folhas no período vegetativo anterior, actuam em todas as zonas da planta, até que as novas folhas atinjam tamanho suficiente para elaborarem mais seiva elaborada. Os acidentes atmosféricos (geadas, granizos, ventos, frios, etc..) podem provocar prejuízos importantes nesta altura. É durante a maior parte da primavera e do verão que se verifica a maior actividade vegetativa da planta. Enquanto os ramos e os frutos crescem, vão-se reduzindo as reservas em nutrientes e água do solo. A falta de qualquer destes elementos no terreno pode paralisar os crescimentos dos ramos e dos frutos e até provocar a queda destes. O enfraquecimento da actividade vegetativa ocorre normalmente durante o outono e é influenciado pela redução da humidade do solo, pelo abaixamento da temperatura e pela menor duração dos dias. A seiva elaborada passa a ser superior às necessidades de consumo da planta e, como ainda é produzida com abundância, dá-se a sua acumulação sob a forma de reservas, tanto no caule como nas raízes. Os ramos endurecem com a lenhificação dos seus tecidos. A planta prepara-se assim para entrar num novo período de dormência. LENHIFICAÇÃO DOS RAMOS POR ACUMULAÇÃO DE RESERVAS Ramo herbáceo na primavera Ramo lenhificado no outono 2.2.2 Perenifólias ou árvores de folha persistente As principais fruteiras de folhas persistentes são: laranjeira, limoeiro, tangerineira (citrinos) e oliveira. O período de menor actividade vegetativa corresponde ao de dormências das caducifólias, mas nas perenifólias não existe verdadeiramente um período de dormência, porque as suas folhas não cessam completamente de elaborar, apesar dos crescimentos nos ramos poderem não ser evidentes. Como praticamente não se efectuam crescimentos, a seiva elaborada neste período de inverno tem pouco consumo e continua a depositar-se sob a forma de reservas que mais tarde poderão ser utilizadas. Nestas plantas as folhas são sempre úteis, até mesmo no inverno, facto a que devemos atender ao escolhermos a época de poda. No fim do inverno, início da primavera a árvore utiliza as reservas armazenadas para auxiliar a alimentação dos tecidos em desenvolvimento. A maior actividade vegetativa ocorre no final da primavera, princípio de verão. Neste período são enormes as exigências em água e substâncias minerais. Durante o resto do verão o crescimento dos frutos pode ainda continuar mas o dos ramos cessa, a não ser nos citrinos regularmente regados e adubados. 12 Apesar do papel que a acumulação de reservas tem na futura rebentação das árvores de ambos os grupos, a sua importância é maior nas caducifólias que completam o seu armazenamento mais cedo. 2.3. Órgãos de vegetação e frutificação A grande maioria das plantas fruteiras passa por duas fases distintas: - A primeira é a juvenil ou de crescimento ativo. Nesta fase só produzem gomos foliares e/ou mistos, aqueles que irão dar origem a folhas e a ramos. - A segunda é a fase adulta ou reprodutiva. Nesta fase além dos gomos foliares produz também gomos florais. 2.3.1 Estudo resumido dos gomos (ou olhos) Classificação quanto á sua: -Natureza Com respeito à sua natureza podem dividir-se em florais, foliares, mistos ou compostos. Os gomos florais, também chamados “botões”, são no geral mais curtos, arredondados e dão origem às flores. Os gomos foliares, também chamados “folheares” ou “olhos”, são mais compridos e dão origem às folhas. Os gomos mistos, dão origem a folhas, a ramos e a flores. -Posição • Os terminais ou apicais, situam-se no topo dos ramos. • Os axilares ou laterais, situam-se aos lados das varas ou ramos. É por eles que estas se ramificam. • Os adventícios, nascem ao acaso em qualquer parte do tronco ou dos ramos e dão origem aos “ladrões”. -Número • Se apenas existir um em cada axila, chamam-se solitários.• Grupados, quando existem vários em cada axila. -Posição em relação à copa • Internos, quando nascem virados para a parte interior da copa. • Externos, quando nascem virados para a parte exterior da copa. • Laterais, se estão virados para os ramos próximos que constituem a armação da copa. Gomo fl l Gomo fl l Gomo f li 13 14 -Evolução • Quando se formam e evoluem no mesmo período vegetativo, chamam-se de formação pronta. • Se forem formados num ano e evoluírem no ano seguinte, são hibernantes. • Dormentes, se só evolucionam passados vários anos — por vezes muitos —, depois de se terem formado. Podem mesmo nunca evolucionar. Tornam-se úteis se se pretendem renovar a copa envelhecida ou mutilada. 2.3.2 Ramos das fruteiras As ramificações mais grossas da copa que partem do tronco, denominam-se pernadas. Nestas inserem-se os braços que se subdividem em ramos sucessivamente mais delgados, até chegar aos ramos do ano. -Ramos guias Lançamentos das extremidades das principais ramificações que têm por função assegurarem o seu crescimento. -Ramos de madeira São lisos, compridos, com entrenós afastados e gomos regularmente distribuídos. -Polas São os rebentos de touça ou de raiz. A sua supressão denomina-se despolamento. -Ramos ladrões Provenientes de gomos dormentes (ou adventícios), nascem frequentemente nos ramos mais velhos. São vigorosos, direitos e crescem na vertical, tornando-se dominantes e competitivos em relação aos outros. Devem ser eliminados ou dobrados para perderem força. Certas fruteiras frutificam em ramos frutíferos, que são ramos especializados de duração mais ou menos longa. Estes, no geral, devem poupar-se na poda. As fruteiras de clima temperado como a pereira, macieira, ameixoeira, ginjeira, cerejeira, damasqueiro, amendoeira, alfarrobeira, frutificam nestes ramos. Classificam-se em: -Dardos São ramos curtos, com entrenós muito próximos, de casca engelhada e cheia de cicatrizes. O seu crescimento é lento e apresenta um gomo foliar (pontiagudo) na extremidade. Podem dar origem a novos dardos, ramos de madeira, esporões ou a verdascas. Se não se transformam, é sinal de fraqueza da árvore e, devem fazer-se podas mais curtas e adubações equilibradas. O seu comprimento, em geral, não vai além de oito centímetros. -Esporões Os dardos, em geral, no terceiro ano transformam-se em esporões. Estes têm, na sua extremidade, um gomo floral (arredondado) que desabrocha na Primavera seguinte e dá origem a flores. Os esporões da pereira, macieira e cerejeira podem produzir durante muitos anos, chegando a ultrapassar os 20 anos. Muitas vezes, os esporões no quarto ano dão fruto e um dardo e, no quinto, esse dardo transforma-se de novo em esporão. Podem em casos especiais, formar-se no segundo ano, quando provenientes de gomos de formação pronta. Os esporões podem ser retos, tortuosos ou em ramalhete. Por vezes 15 formam-se “bolsas” que não são mais que engrossamentos devidos à acumulação de reservas. Nestas podem aparecer “verdascas”. Os esporões prolongam-se sempre por gomos laterais pois, como se disse, o último é floral. -Verdascas São ramos delgados, flexíveis, compridos e terminados por um gomo floral. São ramos frutíferos. No primeiro ano não dão fruto mas podem transformar-se em ramos frutíferos. -Ramos mistos Trata-se de ramos mais ou menos compridos e providos de gomos florais, foliares ou mistos. Estes ramos têm uma função dupla, porque não só asseguram a frutificação com os seus gomos florais como os gomos foliares garantem a expansão da copa. 2.3.3 Ramos de fruto em caducifólias 2.3.3.1 Pomóideas - Macieiras (Malus domestica) e Pereiras (Pyrus communis) Os ramos que se destinam essencialmente à frutificação são os dardos, os esporões e as verdascas. Cada gomo floral dá origem a um número variável de flores (corimbo), podendo resultar vários frutos presos no mesmo sítio e oriundos de um só gomo Em relação ao seu tamanho, os dardos podem apresentar elevado número de folhas que, elaborando grandes quantidades de seiva, permitem a transformação do gomo terminal num gomo floral. Evolução normal de um esporão de pereira até ao 5º ano. Geralmente são precisos dois anos para se obterem esporões a partir de gomos foliares 16 A figura mostra um esporão tortuoso com 8 anos e as bolsas resultantes da acumulação de reservas no sítio onde se criaram os frutos. A – Gomos florais B – Gomos foliares C – Cicatrizes deixadas pelos pedúnculos dos frutos 2.3.3.2 Prunóideas Ameixeiras (Prunus domestica e Prunus salicina) A B C A – Ameixeira do tipo europeu B – Ameixeira do tipo japonês C – Esporões de uma ameixeira americana com 9 anos As ameixeiras pertencem a grupos diferentes: ameixeiras do tipo europeu (Rainha Cláudia), do tipo japonês e do tipo americano. As ameixeiras do tipo europeu frutificam sobre esporões e ramos mistos. As outras frutificam apenas sobre esporões e só raramente apresentam gomos florais nos ramos do ano. Os ramos de madeira abundam nas variedades europeias sendo muito raros nas outras, onde os lançamentos anuais são em regra ramos mistos. 17 Na ameixeira abundam os gomos dormentes e adventícios pelo que emite ramos ladrões com muita facilidade. Os esporões apresentam muitas vezes o aspecto de ramalhete, sendo o gomo terminal e alguns laterais foliares e os restantes florais. Os esporões novos dão frutos melhores do que os muito velhos. O mais frequente é cada gomo floral da ameixeira dar origem a 2 flores. 18 Cerejeira (Prunus avium) Os ramos de fruto da cerejeira são essencialmente esporões em ramalhete com crescimento recto, que apresentam gomos com configurações e tamanho semelhante, sendo todos florais, excepto o central que é foliar e orienta o crescimento na mesma direcção (por vezes chegam a atingir o comprimento de um metro). Os ramos do ano são ramos de madeira que, quando vigorosos, apresentam frequentemente na extremidade gomos foliares muito juntos que dão origem à característica ramificação em ramalhete (fig. C). A fig. A mostra um pedaço de um ramo de dois anos com um dardo, 2 esporões e um ramo de madeira. A fig. B representa um esporão de 4 anos, em boas condições de frutificação. Pessegueiro (Prunus pérsica) O pessegueiro possui como órgãos de frutificação, ramos mistos, verdascas e esporões em ramalhete. Os ramalhetes são muito pequenos e geralmente só duram um ano e portanto não garantem a frutificação no futuro. Se bem que todos os ramos do ano do pessegueiro sejam em rigor mistos, convém distingui-los para efeito da poda: - Os ramos relativamente vigorosos com 2 ou 3 gomos em cada nó, que tanto asseguram a frutificação como o desenvolvimento lenhoso, são na prática considerados ramos mistos. - Os ramos mais ou menos compridos mas com pouca tendência para a frutificação e com menor vigor, são considerados ramos de madeira - Os ramos mais curtos com 5 a 15cm e com grande tendência para a frutificação podem ser considerados como verdascas. Os ramos mistos são os que oferecem maior garantia de frutificação e a sua renovação anual é o processo mais eficaz para assegura a produção. Os ramos ladrões podem ser úteis para a 19 renovação da copa mas também a podem desequilibrar 2.3.3.3 Outras Fruteiras Nogueira (Juglans regia) A nogueira não tem esporões e apresenta os gomos florais masculinos separados e diferentes dos mistos, que originam os gomos florais femininos. Os ramos nitidamente de madeira (ao centro na imagem) são pouco frequentes na árvore adulta. As flores femininasabrem primeiro que as masculinas e, nalgumas variedades, o pólen destas não vem a tempo de as fecundar. Geralmente é indispensável haver árvores de uma outra variedade que produza pólen com abundância. São as chamadas “polinizadoras”. Nas árvores de copa muito densa a frutificação predomina na zona periférica, melhor iluminada. A nogueira suporta mal a poda e as feridas cicatrizam com dificuldade Legenda da imagem: A – Gomo misto B – Gomo foliar C – Gomo floral masculino D – Cicatrizes deixadas pelas nozes 2.2.4 Ramos de fruto em perenifólias Laranjeira (Citrus x sinensis) e outros citrinos Oliveira (Olea europaea) Estas espécies frutificam a partir de gomos mistos e de exclusivamente florais que se encontram na axila das folhas situadas nos ramos com menos de um ano. A laranjeira e tangerineira frutificam principalmente na zona exterior da copa. Nestas espécies é frequente aparecerem ramos verticais e vigorosos de folhas largas que se comportam como ramos ladrões A oliveira frutifica sobre os gomos hibernantes existentes nas axilas das folhas dos ramos de um ano, que no fim do inverno se transformam em florais. Os ramos de dois ou mais anos não produzem ramos florais. Convém estimular o aparecimento de ramos do ano, através dos cuidados culturais. É importante evitar parti-los durante a colheita. Suporta grandes podes mas 20 reage produzindo muitos ramos ladrões na base da árvore. 3.Poda A PODA é o conjunto de cortes executados numa árvore, com o objetivo de regularizar a produção, aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a vegetação normal. A poda é uma das práticas culturais realizadas em fruticultura que, juntamente com outras atividades, como a fertilização, irrigação e drenagem, controlo fitossanitário, afinidade entre enxerto e porta- enxerto e condições edafoclimáticas, torna o pomar produtivo. Para que a poda produza resultados satisfatórios é importante que seja executada levando-se em consideração a fisiologia e a biologia da planta e seja aplicada com moderação e oportunidade. Épocas de poda Árvores de folha caduca A poda faz-se quando se encontram despidas de folhas. Nas regiões frias e onde são frequentes os gelos e geadas, deve fazer-se mais tardiamente para que a cicatrização não fique prejudicada. As podas tardias provocam muitas vezes a “chora” (“sangrar” de seiva). Árvores de folha persistente Faz-se depois da colheita dos frutos e antes do abrolhamento dos gomos. Devem ser feitas durante o período de repouso vegetativo. Não se deve podar com tempo de vento forte e frio, nem de geada. Podas de Verão Os citrinos podem ser podados nesta altura, quando não tiver sido possível podar no curto intervalo de tempo que vai da colheita à nova floração. As podas de Verão são podas em verde e servem para suprimir ramos ladrões (em Maio e Junho), despontar alguns ramos e fazer poda de formação. 21 Efeitos da poda 1 - Sem poda A árvore fica maior e entra mais cedo em frutificação. No entanto fica mal formada, com má disposição de pernadas e ramos e copa mal iluminada. Dá muitos frutos mas pequenos. 2 – Poda severa Boa distribuição das pernadas, ramos, folhas e frutos. No entanto só inicia a frutificação muito tarde, quando estiver enfraquecida pelos cortes severos. Os ramos ficam com curvaturas e feridas e a árvore dura menos. Este tipo de poda só se admite no início da formação da árvore pois é a situação mais desfavorável. 3 – Poda mediana Pernadas, braços e ramos bem localizados. Copa bem iluminada. Frutos maiores com mais cor. Com uma arborescência semelhante à natural, a árvore viverá mais anos. 3.1. Fundamentação A poda não é uma ação unilateral. A planta vai ensinando a quem a está a executar. Mas, para isso, é preciso respeitar o seu ritmo, entender e conhecer a sua fisiologia, saber qual é o momento certo da intervenção. A poda baseia-se em princípios de fisiologia vegetal, princípios fundamentais que regem a vida das fruteiras. Um desses princípios mais importantes é a relação inversa que existe entre o vigor e a produtividade. O excesso de vegetação reduz a quantidade de frutos, e o excesso de frutos é prejudicial à qualidade da colheita. Assim, conseguimos entender que a poda, visa justamente estabelecer um equilíbrio entre esses extremos. Mas deve ser efetuada com extremo cuidado. Se efetuada no momento impróprio, ou de forma incorreta, a poda pode gerar uma explosão vegetativa muito grande, causando um problema ainda maior para o produtor. Não esquecer que: a) A seiva dirige-se com maior intensidade para as partes altas e iluminadas da planta; b) A circulação da seiva é mais intensa em ramos direitos e verticais; c) Quanto mais intensa for a circulação de seiva, maior será o vigor nos ramos, maior será a vegetação e, ao contrário, quanto maior a dificuldade na circulação de seiva mais gomos florais serão formados; d) Cortada uma parte da planta, a seiva fluirá para as partes que ficam, aumentando-lhe o vigor vegetativo; e) Podas curtas (severas) têm a tendência de provocar desenvolvimento vegetativo, retardando a frutificação; f) Diminuindo a intensidade de circulação de seiva, o que ocorre no período após a maturação dos frutos, verifica-se uma correspondente maturação de ramos e de folhas. Nesse período, acumulam-se 22 grandes quantidades de reservas nutritivas, que são utilizadas para transformar os gomos foliares em gomos florais; g) O vigor dos gomos depende da sua posição e do seu número nos ramos, geralmente os gomos terminais são mais vigorosos; h) O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande parte, das condições climáticas e edáficas; i) Deve haver um equilíbrio na relação entre copa e sistema radicular. Este equilíbrio afeta o vigor e a longevidade das plantas. A redução do sistema aéreo pela poda, qualquer que seja o método utilizado, leva consigo uma perda mais ou menos importante das reservas contidas na madeira suprimida e na diminuição do número de folhas, ou seja, de órgãos que realizam a fotossíntese. Nos primeiros anos de vida, toda a energia produzida é gasta para o próprio crescimento da planta (mais azoto que carbono). Depois de formadas as estrutura da planta, então começa a sobrar seiva elaborada, que se transforma em reserva e é armazenada na planta (mais carbono que azoto). Então, a planta, através destas reservas, pode transformar os gomos foliares em botões florais. Esta acumulação é maior nos ramos novos e finos, do que nos ramos velhos e grossos. O equilíbrio entre a fase vegetativa e a fase reprodutiva é esquematizado na Tabela seguinte, onde se considera a relação entre o carbono e o azoto nas diferentes fases da vida da planta. 23 Relação esquemática entre carbono (C) e azoto (N) em diferentes fases da vida da planta PERÍODO MANIFESTAÇÃO DA PLANTA CAUSAS PRÁTICAS A APLICAR I (C < N) Crescimento vigoroso e pouca produção Planta jovem; planta adulta em terreno fértil e adubado Pouco adubo azotado; pouca poda II (C = N) Bom desenvolvimento Planta equilibrada com ótimas condições de vegetação e produção Boa adubação; poda média; monda dos frutos III (C > N) Crescimento estacionado; produção escassa e inconstante Planta velha; planta pouco podada; planta que produziu muito Fortes adubações; podas severas; monda dos frutos 3.2. Principais funções Resumindo, a poda tem como principais funções: - Controlar o vigor da planta; - Equilibrar a produção de ramos vegetativos com os ramos frutíferos; - Facilitar a entrada de luz e ar no interior da copa; - Suprimir ramos ladrões, doentes e improdutivos;- Facilitar os cuidados culturais e a colheita; - Evitar a alternância de safras (safra e contra safra), garantindo produções regulares. 3.3. Ferramentas de corte Para realização de uma boa poda, é necessário que se disponha de : 1 – Tesoura de poda para ramos finos 2 – Tesoura de sebe 3 – Serrote de poda 4 e 5 – Tesouras de poda para ramos grossos E ainda são necessários: • Canivete 24 • Escada Os instrumentos utilizados na poda devem ser leves, para maior facilidade de manuseamento e para menor esforço do operador. Devem estar afiados, limpos, lubrificados e desinfectados. A desinfeção é cada vez mais importante para evitar a transmissão de vírus, fungos e bactérias. Num dia de poda é aconselhável que os utensílios sejam desinfetados a meio e ao fim do dia. As árvores de um pomar com desenvolvimento anormal devem ser podadas só no final. Em geral, utiliza-se o álcool como desinfetante. Convém recordar que nas tesouras só se afia a lâmina e que esta também só é afiada do lado de fora. A lubrificação da tesoura reduz o esforço do operador na execução dos cortes e aumenta a durabilidade do equipamento. É necessário que, juntamente com os instrumentos, se disponha de uma pasta cicatrizante (pasta bordalesa, por exemplo), que deve ser pincelada sobre os cortes acima de 3,0cm de diâmetro para evitar a penetração de micro organismos patogénicos (que provocam doenças). Hoje em dias em muitas explorações a poda é mecânica, o que representa um grande rendimento. No entanto, o uso de máquinas não permite que se tenha uma poda seletiva de ramos. 3.4. Tipos de corte ou supressões e efeitos nas plantas: atarraque; desramação e atarraque sobre ramo lateral Em geral, inicia-se o processo de poda pela eliminação dos ramos secos, doentes, quebrados ou mal posicionados. Como última operação, faz-se o atarraque dos ramos que permaneceram. Ramos a eliminar: 1 – Ramos que se dirigem para o interior e fecham muito a copa 2 – Ramos que se tocam ou se cruzam 3 – Ramos que se emaranham uns nos outros 4 – Ramos que crescem paralelos 5 – Ramos ladrões e os que pelo alongamento desequilibram a copa 6 – Muitos ramos inseridos no mesmo ponto A intensidade da poda depende da idade da planta, número de pernadas, vigor e hábito de vegetação, da distância entre os gomos e do estado nutricional da planta. Quanto à intensidade a poda pode ser classificada em: a) Curta - supressão quase total do ramo, deixando-se apenas de 1 a 2 gomos; b) Longa - supressão de parte do ramo, deixando-o com 40 a 60cm de comprimento; c) Média - supressão de 50% do comprimento do ramo, em média. 25 Operações e métodos de poda O conhecimento das diferentes operações da poda é da maior importância, porque a sua oportuna aplicação permite encaminhar determinado ramo para s frutificação ou para o desenvolvimento lenhoso, segundo as conveniências. As operações da poda tanto incidem sobre os ramos atempados (poda de inverno) como sobre os ramos herbáceos (poda de verão ou poda em verde). As operações executadas na poda de inverno são: - Desramações, atarraques, atarraques sobre ramo lateral As operações mais importantes da poda em verde são: - Desladroamentos, desramações e despontas. Quera poda de inverno, quer a poda em verde, podem ser complementadas por: - Empas e inclinações Atarraque – suprime unicamente uma parte do ramo, cortando-o em qualquer ponto do seu comprimento. Estimula a formação de crescimentos vigorosos o que é muito importante para as árvores que frutificam em ramos mistos. Permite encurtar os ramos. Facilita a correcção da tendência para frutificação nas extremidades. Favorece a formação de esporões vigorosos. Obriga as árvores a ramificarem-se onde for mais conveniente. Desramação – Consiste em suprimir determinado ramo, cortando-o pela base, ou seja, junto ao ramo mais idoso onde se insere. Estimula crescimentos lenhosos regulares. Aumenta a frutificação. Não evita o excessivo alongamento dos ramos nem a frutificação nas extremidades. Atarraque sobre ramo lateral – consiste em suprimir a parte de um ramo situada além do ponto de inserção dum outro mais novo ou mais pequeno que nele esteja inserido. Apresenta vantagens intermédias entre o atarraque e a desramação. Desponta – consiste em suprimir a extremidade dos lançamentos ainda herbáceos, às vezes sem necessidade de uma tesoura. Usa-se muito na vinha. 26 Desladroamento Consiste na supressão dos rebentos provenientes de gomos adventícios, gomos dormentes ou do porta enxerto, como na figura à esquerda (ramo 1) Na vinha é habitual fazer o desladroamento mecânico (figura à direita) Empa – consiste na curvatura dos ramos. Altera a evolução natural dos gomos ao longo do ramo. Origina a emissão de maiores lançamentos no ponto mais alto da curvatura. Antecipa a formação de dardos e esporões na zona descendente e terminal do ramo. Inclinação – consiste na modificação da inclinação do ramo em relação à vertical. Diminui a tendência para a vegetação e aumenta a tendência para a frutificação 3.5. Técnica de execução dos cortes Os cortes devem ser feitos de uma só vez, ficando com uma superfície lisa e inclinada, a fim de facilitar a cicatrização e contrariar infecções. É por isso preferível cortar tudo o que se possa com uma tesoura evitando o uso do serrote. Resultado de um corte mal feito 27 Nos atarraques os cortes devem fazer-se com uma inclinação regular (figura A) começando do lado oposto ao gomo, mas ao seu nível, e terminando 0,5 a 1cm acima dele, conforme a grossura do ramo. Na afigura B vemos um mau corte por ter sido feito abaixo do nível do gomo, ocasionando o enfraquecimento da inserção do novo ramo e a interrupção dos vasos condutores da seiva. Diz-se popularmente que o gomo fica “descalço”. A figura C mostra outro corte errado, porque deixa um coto muito alto que seca e apodrece, impedindo a cicatrização. Atarraques em ramo do ano representando-se a negro o ramo atarracado e a ponteado o resultado ano seguinte A – Boa inserção e cicatrização B – Cicatrização dificultada e inserção enfraquecida C – Impossibilidade de cicatrização e provável apodrecimento do galho. Corte de ramos grossos e pesados As desramações devem-se fazer bem rentes, sem exagerar a extensão da ferida, para facilitar a cicatrização e evitar o posterior aparecimento de ladrões. Na figura acima só o corte representado pela letra F está correto Iniciar como na figura B, fazendo dois cortes. Assim, ao partir, fica como em C, evitando esgaçar como em A. Para finalizar a supressão do ramo continua-se a serrar por 2, procurando deixar o corte o mais liso possível. O corte de ramos de grandes dimensões sem esta técnica danifica o tronco, pois provoca o descascamento ou remoção do lenho. 3.6. A cicatrização de feridas da poda As feridas resultam da poda anual, da remoção de partes da estrutura da planta com vista à restauração da mesma, de gelo, ou surgem naturalmente na madeira mais velha da planta. A protecção de feridas de poda tem um papel importante na protecção de pomares com forte incidência de doenças do lenho, como forma de impedir a contaminação de novas plantas que estejam próximas. A protecção e/ou desinfecção das feridas também facilita a sua cicatrização o que melhora a saúde da árvore. 28 Esta protecção é defendida por um grande número de autores, havendo a considerar dois tipos de desinfecção: • Protecção mecânica, em que apenas se recobre a ferida com um selante. Esta protecção deverá ser feita imediatamente após a poda e funciona como umabarreira física impedindo a entrada dos esporos dos fungos. Não desinfecta e não cura. • Protecção química, que poderá ter uma acção apenas de contacto, ou algum efeito sistémico. No nosso país encontra-se homologado, para protecção e desinfecção (contacto) de feridas de poda (em geral) o fungicida cúprico “Gafex” (Pó molhável (WP) com 26,6% de cobre sob a forma de oxicloreto de cobre, aplicado como pasta (1kg de produto para um litro de água). A Sapec também comercializa um produto para este fim que se chama ESCUDO®. O ESCUDO®, é actualmente a única especialidade fitossanitária homologada para a protecção das feridas de poda contra a Esca e Eutipiose da vinha, autorizado em Protecção Integrada. Ferida de poda na vinha protegida com ESCUDO® 3.7. Tipos de poda e efeitos nas plantas: A poda acompanha a planta desde o início da vida até a sua decrepitude. As necessidades de poda vão sofrendo alterações à medida que a idade da planta vai avançando. 3.7.1 Poda de educação É executada normalmente no viveiro tendo como objectivo obter plantas com a altura desejada e/ou ramificações bem distribuídas. O ideal é que o transplante se faça com a planta muito jovem (um ano). As plantas poderão ser formadas em haste única, comum em macieira e pereira. Nesse caso todos os ramos laterais são eliminados no viveiro. Outra opção é a formação da planta com um tronco já com três ou quatro rebentos, espaçados entre si de 3 a 5 cm, como no caso dos citrinos. 3.7.2 Poda de transplantação É feita na altura da plantação. Eliminam-se os lançamentos que estejam a mais deixando, quando for o caso, três a quatro ramos bem distribuídos. Faz-se a desponta dos ramos longos, com o cuidado de executar o corte acima de um gomo voltado para fora da copa. Quando a planta vem só com uma haste, faz-se a desponta à altura desejada, normalmente dependendo da maneira como a planta irá ser conduzida no pomar. Geralmente é feita a cerca de 80- 100cm. Cortam-se também as raízes muito longas, quebradas e tortas, procurando que haja um equilíbrio entre a copa e o sistema radicular. 3.7.3 Poda de formação A poda de formação é realizada nos primeiros anos de vida da planta, o que para a maioria das plantas frutíferas se prolonga até o 3º ou 4º ano e serve para dar forma à copa das árvores. Durante esta etapa o importante é criar um bom esqueleto que aguente o peso dos frutos sem se quebrar e que garanta uma boa exposição à luz e um bom arejamento. Nesta fase a produção não é importante, nem desejada. 29 Poda de formação durante os três primeiros anos 30 3.7.3.1 Formas livres No caso das árvores de folha caduca, as duas principais formas usadas hoje em dia nos pomares industriais, são o VASO e a PIRÂMIDE (também conhecida como EIXO CENTRAL), cada um com vantagens e inconvenientes e continuando a dar muita polémica. Como em muitos outros casos na agricultura, não há verdades absolutas. Seguem-se breves considerações sobre ambos os sistemas de condução. Preferencialmente a árvore deve ser transplantada com um ano de idade, não só para garantir um bom pegamento e um bom arranque da vegetação, como também para evitar a poda de formação no viveiro que nem sempre satisfaz. VASO - Para obter a forma em VASO, começa-se por atarracar a vareta à altura conveniente. Também aqui não há consenso e essa altura pode ir de 50cm a 150cm. Este sistema de condução é utilizado para pessegueiro e ameixeira, podendo também ser utilizado em macieiras, pereiras e marmeleiros. Nos casos mais felizes desenvolvem-se ramos bem localizados que permitem estabelecer o vaso com 3 a 4 pernadas, logo ao segundo ano. Quando isso não acontece, ou quando queremos mais pernadas, é necessário que um lançamento seja levado à vertical a fim de prolongar o eixo da planta e obter as restantes pernadas. Árvore com 2 anos, formada em vaso com 3 pernadas À esquerda árvore com 2 anos formada em vaso, já com 3 pernadas e um lançamento na vertical para obtenção de mais pernadas no 3º ano (imagem da direita) 1º ANO Atarraque da vareta e 2º ANO Atarraque das 3 pernadas 3º ANO Vaso formado 2º ANO 3º ANO 31 eliminação dos gomos da base obtidas Pormenor da inserção das pernadas num pessegueiro conduzido em vaso Pomar de pessegueiros conduzidos em vaso PIRÂMIDE ou EIXO CENTRAL REVESTIDO Para este sistema de formação das árvores podemos fazer só a poda de inverno ou podemos complementar a poda de inverno com a poda em verde. O Eixo Central Revestido, como o nome indica, resulta numa árvore que cresce em altura e onde há vários andares com pernadas distribuídas equilibradamente por esse Eixo. Nas árvores cuja forma natural se aproxima da pirâmide, como as macieiras, é muito fácil obter esta forma. Em Produção Integrada é este o sistema de condução aconselhado por ser o mais adequado à forma das árvores, exigir pouca mão de obra nos primeiros anos e entrar em frutificação o mais cedo possível o que geralmente se consegue ao fim de 3 anos. As produções obtidas tão cedo são absolutamente necessárias não só para amortizar investimentos, mas também para proporcionar a auto regulação da árvore. Com este sistema de condução em pomoídeas é possível não efetuar as podas clássicas de formação durante os cinco primeiros anos. A poda em verde é fundamental neste período inicial. As ligeiras intervenções em verde, para corrigir a árvore, devem efetuar-se apenas quando absolutamente necessárias e sempre antes da diferenciação floral que, normalmente, tem lugar cinco semanas após a plena floração. Para o obter começa-se por atarracar após a plantação a vareta a cerca de 80cm. Todos os gomos abaixo de 50cm são esmagados para garantir que não haja lançamentos muito baixos. Com este procedimento geralmente é possível obter 3 ou 4 bons ramos logo no primeiro ano para formar o 1º andar de pernadas. Na altura da poda em verde, além dos lançamentos para o 1º andar de pernadas, deve ser deixado um lançamento, que se leva à vertical e que vai garantir a continuação do eixo e a formação do 2º andar de pernadas. Para obter bons resultados este lançamento deve ser atarracado a 50-70cm. Para que o eixo central fique na vertical é geralmente necessário um tutor. Todos os rebentos a mais devem ser eliminados ou empados. A empa dos ramos em excesso tem a vantagem de diminuir o crescimento vegetativo normal nas plantas jovens e antecipar a sua frutificação. Estes ramos, que devem ser sempre empados para o exterior da copa, serão suprimidos mais tarde se adensarem demasiado essa zona, mas só quando a planta já estiver a frutificar nos andares definitivos. 32 Formação da pirâmide Pirâmide - Resultado final Na poda de formação é indispensável interpretar as principais aptidões dos ramos para conseguirmos favorecer o desenvolvimento de uns ramos e diminuir o desenvolvimento de outros. Assim, é importante não esquecer que: • Os últimos gomos do ramo são os que dão origem a lançamentos maiores; Quando se cortam os gomos terminais favorece-se o desenvolvimento dos ramos laterais; • Os ramos que crescem na vertical geralmente não frutificam; • Os ramos próximos da horizontal, ou caídos, são os que têm maior tendência para frutificar; • As curvas e cicatrizes numerosas nos ramos prejudicam o seu desenvolvimento; • A rebentação dos ramos podados é tanto mais vigorosa quanto mais intensos forem os atarraques; • A rebentação dos ramos (podados ou não) diminui se houver ramos perto com frutos; Quando se atarracam os ramos das árvores em formação, deve-se ter cuidado com o sítio por onde se corta. O último gomo, ou os dois últimos, deixados devem ficar dirigidos para o lado que se deseja preencher. Por isso:• Se um ramo estiver demasiado na vertical atarraca-se por um gomo que esteja virado para fora para que o faça abrir; • Se estiver muito na horizontal, o último gomo deixado deverá estar virado para dentro para o fechar mais; • Quando o ramo está perto de um vazio na copa que se pretende preencher, atarraca-se sobre um gomo dirigido nessa direcção. 33 Muitas vezes é vantajoso usar tutores e canas para obrigar alguns dos ramos principais a ficarem numa posição mais conveniente (nem demasiado fechada, nem demasiado aberta). ANÁLISE DE VÁRIAS SITUAÇÕES O corte correto é o B, em que o ramo guia fica nitidamente maior que o outro. O corte C está mal porque o ramo guia ficou mais curto que o lateral. Qualquer uma das outras opções está correta. Na situação de dois ramos a crescerem quase paralelos (G, H e I) só deve ficar um deles. Portanto o corte G está mal. A situação J é admissível pois o ângulo de inserção é maior e nesse caso os dois ramos podem crescer equilibrados sem fazerem concorrência um ao outro. Quando dois ramos se cruzam um deve ser eliminado. Deve-se deixar aquele que mantém a copa mais equilibrada. A situação L está errada. 34 Quando há dois ramos que crescem do mesmo lado e estão inseridos muito próximos um do outro, um deve ser sempre eliminado. A situação P está errada. Neste caso é possível deixar os dois ramos porque a sua inserção é suficientemente afastada para não fazerem concorrência um ao outro. Não esquecer que o inserido mais abaixo deve sempre ficar mais curto. Quando dois ramos formam um ângulo muito aberto, o que está mais na horizontal deve ser podado curto e por um gomo que favoreça o fecho desse ângulo. A situação R está errada. A situação mostrada em T é admissível quando houver necessidade de aproveitar duas ramificações laterais para encher a copa, mas a situação ideal é a U, com ramos laterais mais afastados que proporcionam uma inserção mais sólida. A situação V não é correta por se terem deixado para o mesmo lado, e relativamente próximos, dois ramos laterais. A poda correta está indicada em X onde se suprimiu um daqueles ramos. 35 3.7.3.2 Formas presas – casos particulares das VIDEIRAS e KIWIS Das espécies mais cultivadas, as duas que têm formas presas são as videiras e os Kiwis. O maracujazeiro também tem. Quer as videiras, quer os Kiwis têm sistemas de condução semelhantes e que são variações da RAMADA ou do BARDO ou CORDÃO. A ramada é geralmente mais alta e desenvolve-se na vertical e na horizontal. Ainda é muito usada na cultura do kiwi, mas hoje em dia já não se fazem vinhas novas com este sistema de condução pois dificulta os amanhos, e os frutos ganham menos açúcar. O bardo ou cordão é mais baixo e desenvolve-se somente na vertical, formando linhas bem definidas. Este sistema de condução permite uma mecanização de muitos trabalhos na vinha, uvas mais ricas em açúcar e tratamentos fitossanitários mais eficazes. Além disso a poda e colheita podem ser feitas do solo o que aumenta a rapidez e diminui a quantidade de mão de obra necessária. Vinha em Ramada Vinha em Bardo ou Cordão Pomar de Kiwis – uma das possíveis formas de condução 36 Para que as plantas cheguem aos suportes procura-se numa primeira fase de vida promover o aparecimento de lançamentos vigorosos que possam adquirir a estrutura desejada, privilegiando a função vegetativa em relação à produtiva. No ano seguinte à enxertia ou no ano seguinte à plantação caso se trate de enxertos-prontos, as plantas possuem normalmente dois bons lançamentos. Na poda selecciona-se o lançamento mais forte, vertical e de inserção mais próxima da zona de enxertia. Quando este lançamento atinge a altura desejada, arqueia-se suavemente e estende-se sobre o suporte, amarrando-o nos locais considerados mais adequados tendo em atenção que na poda de formação não se devem poupar atilhos. A partir desta fase e já no ano seguinte, elege-se para guia um lançamento bem constituído, situado o mais à frente possível. 3.7.3.3 Normas gerais sobre a poda de formação nas árvores de folha persistente Neste grupo incluem-se os citrinos, a oliveira e a nespereira. As normas para a poda destas árvores são diferentes das de folha caduca, não só porque têm um ciclo vegetativo diferente, mas também porque o seu desenvolvimento inicial é muito lento. Assim sendo podá-las nos primeiros anos de vida é muito prejudicial quer no desenvolvimento da parte aérea, quer no desenvolvimento das raízes. Como estas espécies se ramificam facilmente e as inserções dos seus ramos principais são geralmente boas e sólidas, não há uma grande necessidade de poda de formação. A poda de transplantação é nestes casos mais severa e pode ser usada desde logo para se dar uma forma à árvore. Durante os 4 ou 5 anos após a plantação deve permitir-se a maior expansão possível à copa. As podas de inverno deverão ser evitadas e as podas de verão serão usadas para suprimir ramos ladrões, despontar alguns ramos de crescimento desequilibrado ou que se pretende que se ramifiquem. 3.7.4 Poda de frutificação É iniciada depois da copa estar formada. Para a fazer correctamente temos a necessidade de conhecer a constituição dos órgãos da planta para saber o que se elimina e porque se elimina. Assim, assegura- se uma regularidade e melhoria da frutificação através de um controle rigoroso do equilíbrio entre as funções vegetativa e reprodutiva. A importância da poda de frutificação está intimamente relacionada com o hábito de frutificação da planta. Assim sendo, a poda de frutificação é mais importante para aquelas espécies que produzem em ramos novos, ou seja, ramos do ano, como é o caso do pessegueiro, da figueira, da videira e do quivizeiro. A poda de frutificação é bastante variável com a espécie, cultivar, espaçamento, vigor da planta, estado nutricional e fitossanitário, condições climáticas, épocas, entre outras. É essencial para as fruteiras das zonas temperadas, que vegetam abundantemente, precisam de um período de dormência para frutificar e possuem ramos que produzem uma única vez pelo que o seu corte é recomendado logo de seguida. As fruteiras das zonas tropicais e subtropicais, ao contrário, crescem, florescem e frutificam de forma contínua na parte terminal dos ramos. O cuidado aqui é manter o arejamento no interior da copa para evitar doenças ou a frutificação exclusivamente periférica. Não esquecer que podas intensas aceleram a circulação da seiva e provocam excesso do crescimento vegetativo, com redução de flores e frutos. Mas uma poda mais leve pode gerar excesso de frutos, com uma colheita de má qualidade. 37 Esta poda deve ser acompanhada de uma adubação equilibrada e manutenção de água disponível no solo. 38 Poda de frutificação das principais fruteiras Árvores de folha caduca Pomóideas - Macieira e pereira Principal sistema de condução: eixo central revestido Neste sistema de condução é natural o aparecimento de lançamentos vigorosos na zona superior. Por isso não se devem fazer atarraques mas sim supressões ou atarraques sobre ramos laterais para favorecer a emissão de lançamentos com capacidade de frutificação e a iluminação de toda a copa. Os andares devem manter entre si o afastamento necessário para que os inferiores não envolvam e ensombrem os que estão por cima. Com o envelhecer das árvores começa a ser necessário fazer uma poda mais intensa, especialmente na pereira que tem tendência para a diminuição dos lançamentos anuais ficando a árvore repleta de órgãos de frutificação. Como são necessárias folhas para alimentar os frutos, esta situaçãonão é desejável. Devem-se então fazer atarraques e poda de esporões. Por vezes é necessário fazer incisões acima dos gomos dormentes situados no eixo para preencher por completo o eixo e assim evitar zonas improdutivas. Na figura à direita vê-se uma incisão e o resultado no ano seguinte. Prunóideas Ameixeira Principal sistema de condução: vaso Após a poda de formação devem-se evitar os atarraques dos ramos guias para não provocar a rebentação de fortes lançamentos lenhosos. Nas ameixeiras em vaso são frequentes lançamentos maiores que 50cm. Por isso, a cada 2 ou 3 anos, há necessidade de rebaixar esses ramos, não porque a frutificação seja excessiva, mas sim para evitar que esses ramos muito alongados e cheios de esporões deformem ou partam com o peso. Como a ameixeira reage com vigor aos cortes, só se devem deixar próximo da extremidade do ramo encurtado, os ramos, verdascas ou esporões convenientes à sua ramificação, suprimindo os outros bem rentes, para que surja um amontoado de ramos inseridos no mesmo ponto. Para manter o equilíbrio numa árvore adulta e vigorosa uma boa prática é fazer uma poda pouco intensa na parte superior da copa (onde normalmente reage mais, roubando energia ao resto da planta) e uma poda mais intensa na zona inferior. 39 Prunóideas Cerejeira Quando a árvore já em plena produção mas ainda jovem, é conduzida sob a forma de vaso e apresenta tendência para se desenvolver muito em altura e pouco em diâmetro, devem efectuar-se rebaixamentos, de preferência sobre ramos de 2 ou 3 anos, desde que não haja perigo de ataques de gomose. Nas formas em eixo revestido (a que é utilizada nos pomares modernos), procura-se aproximar os andares laterais tanto quanto possível da horizontal, com atarraques sobre ramos laterais, de modo a afastá-los convenientemente uns dos outros. A publicação, cuja imagem da Capa se encontra à esquerda, pode ser encontrada na página da Cerfundão (www.cerfundao.com) e nela se encontra da mais recente e importante informação sobre pomares de cerejeira. Pessegueiro Principal sistema de condução: vaso com 3 pernadas (em pomares intensivos também se usa o eixo central revestido). O pessegueiro é uma espécie com crescimento muito acelerado cujo tronco envelhece mais rapidamente que a raiz. É uma planta muito exigente em luz. Produz nos ramos do ano e, por isso, é preciso preservá-los para garantir a regularidade e qualidade da produção. A pequena duração dos esporões e a grande importância dos ramos mistos na frutificação exigem uma poda durante toda a vida. Nos pessegueiros em plena frutificação os ramos guias cimeiros devem ser atarracados a pelo menos 20cm. Os laterais podem ficar mais curtos. Como os ramos mistos se alongam muito anualmente, a frutificação desloca-se para a periferia da copa, pelo que há necessidade de contrariar constantemente essa tendência. Deste modo os encurtamentos são frequentes nas árvores adultas. As estruturas vigorosas situadas no cimo da árvore devem ser suprimidas e as bifurcações aí localizadas devem ser evitadas. A rectificação dos excessos de vigor no cimo das pernadas só é possível com podas no Verão. Videira Principal sistema de condução: bardo (cordão unilateral ou cordão bilateral) Nas varas, os gomos do terço médio são os mais produtivos (embora se verifique uma variação consoante a casta) por isso, torna-se essencial conhecer os hábitos de frutificação para determinarmos a intensidade da poda a praticar. Assim, o sistema de poda mais utilizado é a poda mista uma vez que existe o talão a dois gomos e a vara de vinho (com quatro a seis gomos para poda livre e com seis a 40 Videira (cont.) Capa de um excelente livro sobre este tema, da autoria do Professor Urbano Moreira, 2011-Publindústria. Pode ser consultado na Biblioteca da EPA Conde de S. Bento – Santo Tirso oito gomos para a amarrada). Desta forma, garante-se a estabilidade anual da produção e facilita-se a alimentação da videira, uma vez que as varas de vinho não se afastam do eixo da videira permitindo que a sua renovação se faça através do talão, não recorrendo assim à realização da empa. Cuidados a ter com a escolha das varas de vinho: - Devem-se eliminar as varas mais vigorosas dado que o seu excesso de vigor provoca o desavinho; - Devem-se escolher as varas que se encontram inseridas na madeira do ano anterior e que possuam um nível médio de vigor. Determinação da carga (nº de gomos) a deixar na poda: - Se na videira o número de varas desenvolvidas for inferior ao número de gomos deixados, a poda deverá efectuar-se de forma mais intensa e com carga inferior; - Se todos os gomos rebentaram com varas de elevado vigor e deram origem ao aparecimento de netas e ladrões, a poda, pelo contrário, deverá ser feita com menos intensidade e com uma carga mais elevada. Hoje em dia a necessidade de simplificar os trabalhos têm conduzido a podas só a talão, mesmo na região dos vinhos verdes, e com bons resultados. Actinídea (Kiwi) Principal sistema de condução: variantes de ramada baixa ou parral A actinídea produz frutos sobre ramos de um ano. Os ramos ideais para produzir são os de crescimento determinado e entrenós curtos, gomos bem desenvolvidos e bem expostos. A poda de produção inclui uma poda no Inverno e outra no Verão. Poda de Inverno: realiza-se de meados de Dezembro a meados de Fevereiro. Consiste na eliminação dos ramos que apresentam as seguintes características: i) frutificação no ciclo vegetativo anterior; ii) inserção demasiado na vertical; iii) excedentes, em relação aos que se pretendem para produzirem. A poda das plantas machos só é realizada após a floração. Poda de Verão: embora, não haja consenso entre os 41 investigadores sobre o efeito positivo desta poda, ela continua a ser praticada, consistindo fundamentalmente no seguinte: i) corte a partir das 2 ou 3 folhas dos ramos demasiado vigorosos, de modo a evitar que partam pela acção do vento, e a permitir a rebentação de varas menos vigorosas, ii) corte após a 3ª- 4ª folha, contada a partir do último fruto, dos ramos frutíferos de modo a privilegiar o crescimento dos frutos relativamente ao crescimento dos ramos. Entre varas deve existir pelo menos uma distância aproximada de 20 cm. Cada vara deve conter no máximo 15 a 20 gomos. Actinídea (Kiwi) - continuação Porção de um ramo principal de Kiwi (as folhas não estão desenhadas para simplificar o esquema). Os traços a vermelho marcam o local da poda de inverno. A – Vara de renovação que não frutificou:-poda- se a 15-20 gomos B – Ramo que frutificou e tem uma vara de renovo na base (é o normal):-mantém-se a vara de renovo podando-a 10-20 gomos e eliminando o resto. C – Spur (verdasca) não ramificado:-não se poda pois produz fruto D – Não existe vara de renovo:-despontam-se todas as varas Árvores de folha persistente Laranjeira, Tangerineira e Limoeiro Principal sistema de condução: esfera oca Requerem apenas poda extensiva. Procura-se estimular a emissão anual de lançamentos com gomos florais e manter uma copa equilibrada. Com o recurso às desramações e atarraques sobre ramos laterais suprimem-se os ramos novos em excesso que adensam a periferia da copa, de modo a que os restantes componham toda a superfície externa tocando-se levemente sem ficarem apertados e a roubarem luz uns aos outros. Suprimem-se todos os ramos secos e envelhecidos que se encontram no interior da copa, assim como os ramos débeis sem condições de frutificação. Os ladrões também se cortam rentes a não ser que sejam úteis parapreencher algum vazio. Neste caso atarracam-se à altura 42 Pomar de laranjeiras conveniente. As zonas dos ramos mortas pelas geadas são também suprimidas. Os ramos desgarrados que desequilibram a copa, encurtam-se sobre lateralmente. Nas árvores novas é particularmente importante suprimir os ramos ladrões e encurtar os que ameaçam crescer demasiadamente sem se ramificarem, a fim de favorecer o desenvolvimento dos ramos de crescimento mais lento e com direcção aproximada da horizontal. A melhor época de poda é a que se segue à colheita dos frutos, sem coincidir com a floração. Oliveira Principal sistema de condução: • Cultura extensiva e intensiva – vaso • Cultura super intensiva – eixo central revestido Árvore de desenvolvimento muito lento nas primeiras idades, tem no entanto vida muito longa e resistente. Na oliveira é muito frequente a alternância de colheitas. As fertilizações do terreno e a regularidade de cultivo e da poda concorrem para atenuar as contra-safras. Além disto as podas ligeiras realizadas anualmente mantêm a árvore com vegetação regular e tornam-se menos demoradas do que uma poda bienal cuidadosa, repartindo-se o trabalho sem agravar o seu custo. Como a frutificação só aparece nos ramos com 1 ano, torna-se indispensável a sua renovação anual. Quando a oliveira com a forma de vaso anda submetida a podas anuais convenientes e a cultivos do terreno regulares e adequados, apresenta-se com uma copa completamente revestida de ramos frutíferos que se distribuem uniformemente, dando uma sensação de leveza e de certa transparência que contrasta tanto com as copas excessivamente despidas pelas podas violentas, como com a ramagem densa e apertada das árvores submetidas à severidade das podas bienais ou trienais. As ramificações (borlas) que se suprimem, são as que se apresentam mais tortuosas, com maior quantidade de raminhos secos e pendentes. Quando na ramagem lateral e principalmente na parte superior da copa aparecem lançamentos verticais com mais de 50 cm, em contraste com os ramos menos vigorosos e mais horizontais da restante copa, há ne- cessidade de os encurtar sobre lateralmente ou mesmo de os atarracar, para impedir o seu alongamento e moderar o respectivo vigor, obrigando-os a ramificarem- 43 Ramos de oliveira (borlas) antes e depois da poda. se. A época da poda estende-se do final da colheita ao princípio da Primavera, antes de se intensificar a circulação da seiva. Atendendo a que devido aos custos, a colheita mecânica será imprescindível, deveremos ter em atenção a altura do tronco (0,8/1 m), local onde se fará a cruz com 2, 3 ou 4 pernadas principais. Na formação e frutificação devemo-nos preocupar, com a localização do fruto, por forma a facilitar a colheita. Também deverá merecer atenção o arejamento e a iluminação de toda a copa, para facilitar a polinização, o desenvolvimento dos frutos e dificultar o ataque e a disseminação de pragas e doenças. Pequenos frutos Mirtilo Poda do arbusto durante os 2-5 primeiros anos no campo Locais onde se deve cortar para remover os ramos fracos de um arbusto adulto Principal sistema de condução: vaso Como no mirtilo a poda de formação funciona já como uma poda de frutificação, no texto aparecem as duas em conjunto. 1. Formação Eliminar as ramificações finas e débeis que situadas até 30 cm de altura do solo. Assegurar a formação de ramos vigorosos Eliminar as flores e os frutos durante os dois primeiros anos Na poda do primeiro ano, seleccionar três/quatro ramos mais vigorosos. No segundo ano, podar os ramos a 40/50 cm de altura, para formação das pernadas (ramos primários), que assegurarão a produção durante os anos seguintes 2. Manutenção Remover os ramos fracos, bem como os que estejam inseridos muito abaixo, nas hastes principais. Despontar os ramos mais fracos, podando-os sobre um bom lançamento lateral jovem Podar os ramos secos e os que se desenvolveram no interior da copa 44 Framboesa Principal sistema de condução: bardo A poda é uma operação cultural muito importante para a manutenção da produtividade das plantas e para a eliminação de varas doentes e/ou com pragas e de varas em excesso ou com pouco vigor. No caso das variedades não remontantes, a poda principal deve ser realizada logo após o fim da colheita ou no fim do inverno e devem ser eliminadas todas as varas que deram fruto, cortando-as mesmo junto ao solo. De janeiro a princípios de março, todas as varas novas (varas do ano) com pouco vigor, partidas, doentes ou com sinais da presença de insetos devem ser eliminadas. Além disso, todas as varas novas que se encontram fora de uma faixa de 25 a 30 cm de largura ao longo da linha devem também ser eliminadas. Por fim, as varas novas selecionadas para produção devem ser cortadas de modo a ficarem com cerca de 1,8 m de comprimento, e devem ser atadas ao sistema de suporte (Strik, 2008). As variedades remontantes devem ser podadas logo a seguir ao fim da colheita, cortando-se todas as varas junto ao solo. Depois, na primavera seguinte, surgirão novos lançamentos que frutificarão nesse mesmo ano (Strik, 2008). 3.7.5 Poda de rejuvenescimento Tem por finalidade livrar as plantas frutíferas de ramos doentes, atacados por pragas ou renovar a copa através do corte total da mesma, deixando-se apenas as ramificações principais Este tipo de poda é frequente em pomares abandonados, mas de vigor ainda razoável, como, por exemplo, laranjeiras, macieiras e pereiras. Normalmente, cortam-se as pernadas principais, deixando- as com 40 a 50cm. Posteriormente, selecionam-se os ramos que irão permanecer, através da poda verde. Os cortes maiores são realizados no inverno, ocasião em que são aplicadas pastas fungicidas no local que foi cortado. 3.7.6 Poda de limpeza É uma poda leve que consiste na eliminação de ramos secos, atacados por doenças, pragas ou mal localizados. É realizada em frutíferas que requerem pouca poda, como é o caso de laranjeiras e mangueiras, entre outras. Esta prática normalmente é realizada em períodos de baixa atividade fisiológica da planta, ou seja, durante o inverno ou, como no caso dos citrinos, logo após a colheita das frutas. 3.7.7 Poda das netas É a retirada dos lançamentos secundários que surgem nas axilas das folhas da figueira e videira e que devem ser arrancados manualmente durante o desenvolvimento da planta 3.7.8 Desponta Consiste em diminuir o tamanho dos ramos mais promissores de modo a reduzir assim a quantidade de frutos a serem produzidos. Esse encurtamento reduz de 1/3 a 2/3 o tamanho normal do ramo. 3.7.9 Desfolha 45 Muito comum na videira consiste na eliminação das folhas que se situam mais próximas dos cachos. É uma operação que deve ser realizada com precaução, uma vez que pode alterar a actividade fotossintética da planta. Além disso, as folhas eliminadas devem ser as mais desenvolvidas e menos jovens para que o fornecimento de nutrientes ao cacho não fique comprometido. Os principais objectivos da desfolha são o arejamento, a redução da probabilidade de podridões nos cachos e o aumento da sua exposição solar, essencial para melhorar a coloração e permitir a maturação dos bagos. 3.7.10 Monda dos frutos Para garantir uma boa produção sem alternância devemos realizar a monda dos frutos, que também é uma poda, e vale praticamente para todas as frutíferas. Esta monda deve ser realizada de cima para baixo, deixando-se os frutos mais bem formados e mais sadios, eliminando-se preferencialmente os frutos do interior da copa. Para os pessegueiros deve-se deixar os frutos voltados para baixo e mais próximos de ramos maiores. Para a monda, em qualquer
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