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Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional de Santa Catarina SISTEMAS DE POTÊNCIA Tubarão - 2003 Sumário 1.Introdução........................................................................................................................... 1 2.Modelagem das redes elétricas ........................................................................................... 6 3.Sistema de unidade P.U. (Por unidade) ............................................................................ 12 4.Transformadores............................................................................................................... 17 5.Fluxo de potência ............................................................................................................. 25 5.1.Fluxo de potência cc .................................................................................................. 28 5.2.Fluxo de potência C.A. .............................................................................................. 30 6.Compensação de potência reativa .................................................................................... 39 7.Curto – circuito................................................................................................................. 45 8.Estabilidade em sistemas de potência............................................................................... 63 1 1. INTRODUÇÃO Até o início do século XX, a geração de energia era baseada na utilização do combustível exatamente no ponto de consumo de energia. Entretanto, graças a Thomas Edison, um novo tipo de industria surgiu quando a primeira estação de energia elétrica, chamada Pearl Street Electric Station, em NY, entrou em operação em 1882. À partir desse instante, o consumo de energia elétrica aumentou rapidamente e as estações geradoras se espalharam pelo mundo inteiro. Dentre as varias razões para o crescimento rápido da demanda de energia elétrica, as seguintes são citadas como as mais importantes: 1. A Energia Elétrica é, sob vários aspéctos, a forma mais conveniente de energia. 2. A Energia Elétrica pode ser transportada até o ponto de consumo e então transformada em outro tipo de energia (calor, energia mecânica, etc,...). 3. A Energia Elétrica não pode ser efetivamente armazenada, o que tem contribuído para o seu uso crescente. O objetivo básico de um sistema de potência é gerar energia em quantidades suficientes e nos locais apropriados, transmiti-la em grandes quantidades aos centros de consumo e então distribui-la aos consumidores individuais, em forma e quantidade apropriadas e com os mais baixos custos econômico e ecológico e a maior segurança possível. A estrutura de um sistema de potência é muito grande e complexa, contudo, ela pode ser dividida nos seguintes estágios principais: 1. Fonte de energia 2. Conversor de energia 3. Sistema de transmissão 4. Sistema de distribuição 5. Carga Representação de um sistema elétrico por um diagrama unifilar. Além disso durante as etapas de planejamento e operação do sistema elétrico certos requisitos devem ser observados, os quais basicamente dizem respeito aos pontos citados a seguir. 2 1. Suprimento das demandas de potência ativa e reativa, quantidades variáveis ao longo do tempo e que devem ser integralmente satisfeitas ao longo da área de atuação; 2. Qualidade de serviço, a qual implica em ∗ Pequenas variações na magnitude da tensão (± 5% em torno do valor nominal) e freqüência (± 0,05Hz em torno do valor nominal de 60Hz) ∗ Alta confiabilidade (continuidade de serviço) Em geral, os sistemas elétricos são representados por diagramas unifilares. Diagramas desse tipo mostram a topologia de rede elétrica e fornecem concisamente os dados significativos do sistema de potência. Os níveis de tensão podem ser distinguidos nos diagramas unifilares: 1. Nível de transmissão. 2. Nível de subtransmissão. 3. Nível de distribuição - primária - secundária Esses níveis, os quais são baseados na magnitude das tensões, são padronizados no Brasil da seguinte maneira: ∗ Transmissão: 750,500; 230; 138; 69 Kv ∗ Subtransmissão: 138; 69; 34,5 Kv ∗ Distribuição primária: 34,5; 13,8 Kv ∗ Distribuição secundária: 380/220V ,220/127V, 230/115V Dependendo da topologia da rede elétrica, a estrutura de um sistema de potência pode ser ainda classificada como; ∗ Radial ∗ Em anel (malha) Simbologia Diagrama Unifilar Máquina rotativa Barra Transformador de dois enrolamentos 3 Transformador de três enrolamentos Conexão delta trifásica Conexão Y trifásica (Neutro não aterrado) Conexão Y trifásica (Neutro aterrado) Linha de transmissão Carga estática Disjuntor Desconexão Fusível Fusível desconectado Transformador de Corrente Transformador de Potêncial 4 Capacitor O planejamento é um processo analítico que consiste numa avaliação das condições para o futuro, determinando o curso das ações alternativas em função dos objetivos desejados. Os tipos de planejamento principais são: ∗ Planejamento a curto prazo: o qual diz respeito à seleção do curso se ação recomendado para o período de tempo em questão requer comissionamento imediato. ∗ Planejamento a longo prazo: idem, para além do período de tempo que requer imediato comissionamento. O objetivo do planejamento do sistema elétrico é otimizar as facilidades necessárias para fornecer um suprimento de energia elétrica adequado, a um preço relativamente baixo. Em geral isto está relacionado às seguintes atividades: ∗ Síntese: desenvolvimento de planos iniciais para o estudo do sistema. ∗ Análise: avaliação técnica da operação do sistema em termos de requisito de reserva, fluxo de potência e estabilidade sob condição simuladas. ∗ Otimização: avaliação econômica das alternativas para determinar aquela de mínimo custo. Maximização da segurança do sistema. Em termos específicos, as principais atividades do planejamento são: ∗ Previsão de carga. ∗ Planejamento da geração ∗ Planejamento dos sistemas de transmissão, subtransmissão e distribuição. ∗ Planejamento do suprimento de combustível. ∗ Planejamento ambiental. ∗ Planejamento financeiro. Tanto no planejamento como na operação dos sistemas de potência, os seguintes estudos são envolvidos: ∗ Fluxo de potência: consiste em determinar as tensões complexas nas barras do sistema elétrico, de forma a permitir que os fluxos de potência ativa e reativa sejam calculados; ∗ Compensação de potência reativa: diz respeito ao estudo da localização e da quantidade ótima de potência 5 reativa (capacitores, indutores, etc.) que devem ser alocados ao longo do sistema, de maneira a garantir uma quantidade de serviço satisfatória em termos da magnitude das tensões nas barras. ∗ Despacho econômico: consiste em determinar a distribuição ótima da geração de potência ativa visando a minimização dos custos de produçãode energia. ∗ Cálculo de faltas: Consiste na determinação das correntes que circulam nas redes elétricas durante a ocorrência de distúrbios, de forma a projetar satisfatoriamente o sistema de proteção dos elementos constituintes da rede elétrica. ∗ Estudos de proteção: envolvem a determinação da seleção, da localização e do dimensionamento dos dispositivos de proteção dos componentes do sistema elétrico. ∗ Projeto do sistema de controle: diz respeito a determinação quantitativa e qualitativa dos dispositivos de controle de excitação e de velocidade dos geradores do sistema de potência em malha fechada, de maneira que o sistema mantenha durante a sua operação um desempenho satisfatório em termos de freqüência e magnitude da tensão. ∗ Estudo de estabilidade: relacionados à determinação do ponto de operação das unidades geradoras da rede elétrica visando manter o sincronismo entre as mesmas. ∗ Estudos de expansão: relacionados a análise da expansão de ambos os sistemas, geração e transmissão, com base nos estudos de previsão de aumento de demanda. 6 2. MODELAGEM DAS REDES ELÉTRICAS Os sistemas trifásicos equilibrados são representados, para estudos em regime permanente, pelo diagrama de impedâncias de uma fase do circuito em Y equivalente. Cada elemento constituinte do diagrama unifilar é representado pelo correspondente circuito monofásico equivalente. Os modelos dos principais elementos do sistema de potência são mostrados a seguir. Máquinas Síncronas E – Tensão de fase no terminal da máquina síncrona à vazio. Xd – Reatância síncrona de eixo direto, por fase. R – Resistência por fase do enrolamento do estator. Transformadores Referir as grandezas para o mesmo lado 7 R1 – Resistência do enrolamento primário. R2 – Resistência do enrolamento secundário. XL1 – Reatância indutiva representando os fluxos de dispersão enrolamento primário. XL2 – Reatância indutiva representando os fluxos de dispersão enrolamento secundário. Rf.Xm – Parâmetros de magnetização. N1/N2 – Relação de transformação. Em geral, para os transformadores utilizados em sistemas de potência, as perdas no ferro, a corrente de magnetização e as perdas no cobre são muito pequenas. Por este motivo, o circuito equivalente reduz-se à: Linhas de transmissão Neste caso, é necessário distinguir três tipos de linhas, classificados com base no seu comprimento, isto é: ∗ Linhas de transmissão longas: l > 249 Km ∗ Linhas de transmissão médias: 80 < l > 249 Km ∗ Linhas de transmissão curtas: l < 80 Km Uma linha de transmissão é caracterizada pelos seguintes parâmetros: ∗ Resistência ∗ Indutância ∗ Condutância ∗ Capacitância série paralelo 8 Dependendo do comprimento uma LT ela é representada de uma maneira diferente: - Linhas curtas: Apenas os parâmetros série de linha são considerados, com a impedância série da linha de transmissão sendo expressa por. ZL = R+j XL - Linhas médias: A LT é representada por um circuito denominado pi - nominal. - Linhas longas: A LT é representada por um circuito denominado pi - equivalente. Os parâmetro Z’ e Y’ são calculados com auxílio das coeficientes de atenuação α e propagação γ da LT ( )�βαγ j+= Cargas As cargas admitem diversos tipos de representações, entre eles: Injeção de corrente (injeção de potência constante). Carga polinominal, expressa em função da magnitude da tensão. 9 Diagrama de Impedâncias de um Sistema Elétrico Diagrama Unifilar Diagrama de Impedâncias Sistemas Trifásicos Conexão Y Balanceadas 10 V EE anan º0= � V EE bnbn º120−= � V EE cncn º120= � V EE anab º30 3 = � V EE bnbc º90 3 − = � V EE cnca º150 3/=� Y an a Z EI � � = Y bn b Z EI � � = Y cn c Z EI � � = Conexão Delta Balanceada ∆ = Z EI abAB � � ∆ = Z EI bcBC � � ∆ = Z EI caCA � � º30 3 − = ABII 11 º150 3 − = BC b II º90 3 CA c II = Potência Complexa em Sistemas Trifásicos Balanceados φφφ 333 QjPS += LfLL IVIVS 333 ==φ 12 3. SISTEMA DE UNIDADE P.U. (POR UNIDADE) Uma quantidade no sistema P.U. é definida pela razão entre o valor real de uma grandeza e o valor base da mesma grandeza, selecionado como referencia, isto é: Valor P.U. = Valor real da grandeza (V, A, Ω, W...) Valor base da grandeza (V, A, Ω, W...) Observe que: � A quantidade em P.U. é admensional � Valor base é sempre um numero real � O ângulo do valor em P.U. é sempre o mesmo do valor verdadeiro. Exemplo: Referir as tensões abaixo em P.U., usando arbitrariamente como Base o valor de 120 KV. KVV 1261 = KVV 1092 = KVV 1203 = Valores base das grandezas elétricas do sistema Cada ponto do sistema elétrico fica caracterizado por quatro grandezas: − Tensão elétrica (V) − Corrente elétrica (I) − Potência aparente (S) − Impedância (Z) Observe-se que, conhecendo apenas duas destas grandezas, as outras duas ficam também definida através das equações abaixo. IZV �� = *IVS ��� = 2XIP = 2XIQ = jQPS +=� Basta, então, escolher como base, apenas duas dessas grandezas. É comum, em sistema de potência, escolher como bases a tensão (Vbase) e a potência 13 aparente (Sbase), ficando, conseqüentemente, fixadas as bases de corrente e de impedância para o nível de tensão correspondente. Sistema Monofásico É o caso de redes monofásicas ou transformadores monofásicos. Calculo da corrente base (Ibase) base base basebasebasebase V SIIVS =→= . Onde: Vbase = tensão base da fase no nível de tensão considerado Sbase = potência aparente base Ibase = corrente base no nível de tensão da Vbase Calculo de impedância base (Zbase) base base base base base base base base S V V S V I VZ 2 === Sistema Trifásico Um sistema trifásico (3∅) de potência envolve cargas e transformadores ligados em � e Y. Os cálculos de curto - circuitos, para proteção, são feitos usando componentes simétricas, que são equilibradas. Deste modo, pode-se analisar apenas uma única fase. Portanto, toda a representação de um sistema trifásico em PU é feito numa única fase do sistema em Y equivalente. Sbase → Potência aparente base do sistema trifásico, ou seja, é a soma das potências aparentes base de cada fase. 14 ( ) ( )φφ 133 bb SS = Vbase → Tensão base de linha à linha, ou 3 vezes a tensão base de fase da Y equivalente. bfbase VV 3= Vbf → Tensão base de fase. Cálculo da corrente de base (Ibase) A corrente base é a mesma da linha do sistema trifásico original e da fase do Y equivalente. basebasebase IVS 3= base base base V SI 3 = Calculo da impedância base (Zbase) A impedância base de um sistema trifásico, é sempre a impedância da fase do sistema trifásico em Y equivalente bf bf baseI V Z = basebf II = bfbase VV 3= base base base I VZ 3 = base base base S VZ 2 = Exemplo: Um sistema de potencia trifásico, tem como 100 MVA e 230 KV. Determinar: a) Corrente base b) Impedância base c) Admitância base d) Corrente I = 502,04 A em P.U. e) Impedância Z = 264,5 +j 1058 Ω em P.U. f) Em P.U., a impedância de uma linha de transmissão de 230 Kv com 52,9 Km de comprimento, tendo 0,5 Ω /Km por fase. 15 Mudança de base de uma grandeza (Impedância) Geralmente os dados dede placa dos transformadores não coincidem com a base na qual o sistema esta sendo calculado. A mudança de base da impedância do transformador deverá ser efetuada como segue. �� � � � velhabase velhabase velhopu S V Z �� � � � novabase novabase novopu S V Z velhobasevelhopureal ZZZ .= NovobaseNovopureal ZZZ .= NovobaseNovopuVelhobaseVelhopu ZZZZ .. = velhabase novabase novabase velhabase velhopunovopu S S V V ZZ 2 � � � � � � = Exemplo: A placa de um gerador síncrono apresenta os seguintes dados 50 MVA, 13,8 KV e X=20%. Calcular a reatância da máquina em PU referida a uma nova base de 100 MVA e 13,2 KV �� � � � = = = MVAS KVV X velhabase velhabase pu 50 8,13 2,0 �� � � � = = = MVAS KVV X novobase novobase novo 100 2,13 ? Vantagens do sistema “por unidade” 1. Especificando propriamente as quantidades – base, o circuito equivalente do transformador pode ser simplificado. O transformador ideal pode ser eliminado, de forma que as tensões, correntes, impedâncias e admitâncias externas expressas em P.U. não se modificam quando referidas aos lados AT ou BT do transformados. 2. Evita-se erros de cálculos provenientes de se referir as grandezas a um lado ou ao outro. 3. Fabricantes em geral especificam as impedâncias das máquinas e transformadores nos sistemas P.U. ou percentual. (%) 16 Exemplo: Considerando o diagrama unificar abaixo calcule a corrente na carga e a corrente fornecida pelo gerador. Determinação das bases KVASbase 30= para todo o circuito Região 1 - VVbase 2401 = Região 2 - VVbase 4802 = Região 3 - VVbase 1203 = Exemplo: Fazer o diagrama de impedância do sistema da figura abaixo usando como base as características nominais do gerador síncrono G 1. MVASbase 30= para todo o circuito KVVbase 8,131 = KVVbase 1382 = KVVbase 8,133 = KVVbase 184 = 17 4. TRANSFORMADORES Transformador ideal 2 1 2 1 N N E E = 1 2 2 1 N N I I = 2 * 22 * 111 SIEIES === Transformador defasador Este transformador pode ser utilizado para o controle dos fluxos de potência ativa nas LT’s. A relação de transformação é um numero complexo expresso por φjea = . A tensão e a corrente no lado primário são respectivamente 221 EeEaE jφ == 21 IeI jφ = onde se pode observar que − A tensão E1 está adiantada da tensão E2 por um ângulo 0. − A corrente I1 está adiantada da corrente I2 por um ângulo 0. 18 − As magnitudes das correntes e tensões não são modificadas. A potência complexa no transformador defasador e expressa como * 22 * 111 IEIES ���� == Transformadores trifásicos de dois enrolamentos Os transformadores trifásicos podem ser conectados da seguinte forma YY, Y�, �Y, �� Nas conexões YY e �� não há deslocamento angular entre as grandezas dos lados de AT e BT. Nas conexões Y� e �Y um deslocamento angular de 30º deve ser considerado nos circuitos de seqüência positiva. As impedância PU não dependem das conexões dos enrolamentos, isto é, Zpu de um transformador independe da conexão. Entretanto os valores base dependem da conexão do enrolamento. Na conexão Y�, as tensão e as correntes no lado AT estão adiantadas de 30º de suas correspondentes grandezas no lado de BT, no diagrama de seqüência positiva. No caso da seqüência negativa as correntes e tensões do lado de BT estão adiantadas em relação as correspondentes grandezas do lado de AT por 30º. Exemplo: Um transformador de Energia Elétrica com valores nominais de 20 MVA, 345 KV� / 34,5 KVY, possui uma impedância de dispersão de 8%. O transformador atua como um elo conectando um sistema de transmissão de 345 KV e um sistema de distribuição de 34,5 KV. A resistência dos enrolamentos e a corrente de magnetização são desprezadas. A barra AT conectada ao transformador é suposta ser uma fonte ideal de 345 KV, seqüência positiva, com impedância desprezível. Utilizando os valores nominais do transformador como base, determinar: a) Os valores da queda de tensão no transformador e da queda de tensão nos terminais BT, quando a corrente nominal (1 pu) do transformador a um fator de potência 0,8 atrasado entra nos terminais de AT. b) O valor PU da corrente de falta quando um curto-circuito trifásico para a terra ocorre nos terminais de BT. a) 19 ?TV ?bTV puIZV TT º13,53 08,0 º87,36 0,1 . º90 08,0 = − == puVVV TATBT º85,3 954,0 º13,53 08,0 º0 0,1 − = − =−= b) Conclusão → Reatância de dispersão de alto valor → limita Icc → Causa maior queda de tensão. Transformador de três enrolamentos Num transformador nós temos AT, MT e BT, ou seja, três tensões diferentes. No sistema pu BTpuMTpuATpu III += BTpuMTpuATpu EEE == Para a seleção das quantidades base, adota-se o seguinte procedimento: − Uma base comum de potência aparente Sbase é selecionada para os terminais AT, BT e MT. − As tensões VAT base, VMT base e VBT base são selecionadas de acordo com as relações de tensão. − Deslocamento de fase devem ser incluídos para bancos Y�. 20 Autotransformadores No autotransformador as duas bobinas estão acopladas eletricamente e magneticamente. Há, portanto menor impedância de dispersão pu, e menor queda de tensão, o que constitui uma vantagem na utilização deste tipo de equipamento. Entretanto, há também uma maior corrente de curto-circuito e isto pode ser considerado uma desvantagem dos autotransformadores. Ainda neste caso, as perdas são mais baixas, há uma maior eficiência, a corrente de excitação é mais baixa e o custo também é mais baixo (se a relação de transformação não é grande demais). Uma desvantagem adicional dos autotransformadores é que as sobretensões transitórias passam através do autotransformador mais facilmente por causa da conexão elétrica dos enrolamentos. Transformadores com TAP variável Os transformadores com TAP variável necessitam ser modelados de uma forma particular, por ser impossível selecionar as quantidades base. 2min1min alnoalno VatV = Onde 1min alnoV e 2min alnoV são as tensões nominais dos lados primário e secundário do transformador, respectivamente, e at é suposto um numero real ou complexo. Supondo ainda que as tensões base selecionadas satisfazem a relação. 21 21 basebase bV = definido seobtembatC −= ,/ 2min2min1min alnoalnoalno VbcVb atbV =� � � � = Esta equação pode ser interpretada como representando dois transformadores conectados em série com as seguintes características: − O primeiro transformadorpossui a mesma relação entre as tensões nominais que as tensões base selecionadas (parâmetro b); este transformador é modelado no sistema pu portanto como um transformador convencional. − O segundo transformador é suposto ideal, sendo modelado da forma mostrada na figura abaixo. Exemplo: Um transformador trifásico possui valores nominais 1000MVA; KVYKV 345/8,13 ∆ , com Zeq=j10%. As bobinas de alta tensão do transformador possuem TAPS com variação ± 10%. As quantidades base são: Sbase 30 = 500 MVA; Vbase BTFF = 13,8 KV; Vbase ATFF = 345 KV Determine os circuitos equivalentes de seqüência positiva deste transformador quando: a) O TAP é selecionado no valor nominal. b) O TAP é selecionado no valor –10% (isto é, resultando num decréscimo de 10% no valor da tensão no lado de AT). a) TAP no valor nominal 16 =�= Cat saitrafosegundoO c batSe 1= = 22 b KV KV V V at alno nomiinal ==== 04,0 345 8,13 2min 1 puj MVA MVAjZ novoeq 05,01000 50010,0 =� � � � = b) 21 basebase VbV ⋅= 04,0 345 8,13 2 1 === K K V V b base base 0444,0 9,0345 8,13 2min 1min === K K V V at alno alno 111,1 04,0 0444,0 === b at c pujjYc eq 22,2205,0 1111,1 −=�� � � �� = ( ) ( ) pujjYc eq 222,205,0 1111,111 =�� � � �� −=− ( ) ( ) pujjYcc eq 469,205,01111,1111,1 22 −=��� � �� −=− Transformadores Reguladores A figura abaixo mostra o diagrama do transformador trifásico com TAP variável para regulação da magnitude da tensão. 23 As tensões ajustáveis VbnVan ∆∆ , e Vcn∆ possuem magnitudes iguais (denotadas como V∆ ) e estão em fase com as tensões bnan VV , e cnV . O parâmetro correspondente a variação do TAP é: ( )VC ∆+= 1 no caso de um aumento de tensão no lado abc. ( ) 11 −∆+= VC se a elevação da magnitude da tensão é no lado a’b’c’. O trafos reguladores de tensão influenciam o fluxo de potência reativa. A figura abaixo mostra o diagrama do transformador trifásico com TAP variável para a regulação da fase da tensão. No caso do transformador com TAP variável para deslocamento de fase, as tensões incrementais bnan VV ∆∆ , e cnV∆ . Estão deslocadas de 90+− em relação as correntes tensões Vam, Vbm e Vcm. 24 α 1≈C se o aumento de fase é no lado abc. α−≈ 1C se o aumento de fase é no lado a’b’c’. Os trafos reguladores de fase da tensão influenciam o fluxo de potencia ativa. 25 5.FLUXO DE POTÊNCIA O calculo do fluxo de potência é uma das mais importantes soluções requeridas na análise de sistemas de transmissão. Os resultados deste tipo de calculo são extensivamente utilizados durante os estágios de projeto, planejamento e operação dos sistemas de potência.. Fluxo de potência em LT’s e trafos Considere uma LT conectando duas barras i e j, cujo circuito pi - equivalente é mostrado acima. Suponha ainda que − Os fatores que representam as tensões nodais complexas, expressos como i I i VV δ= e i j j VV δ= são conhecidos. − A impedância série da LT é conhecida. − A condutância em paralelo da LT é desprezível, e portanto a admitância shunt se reduz a suceptância capacitiva shsh BjY = . − As potências aparentes ijS e jiS , são consideradas positivas quando se afastam das barras i e j, respectivamente. O fator corrente que flui da barra i para a barra j é dado por ijij ji ij XjR VV I + − = e a correspondente potência aparente é � � � � � � − − ==+= ijij ji iijiijijij XjR VV VIVQjPS ** *''' ( )�� � � − − − = ji ji i ijij ij VVV XjRS δδ 2' 1 26 Denotando a defasagem entre os fasores tensão nas barras i e j como ( )jiij δδδ −= , a qual é chamada ângulo de potência, ou abertura da LT, e expandindo a última equação obtém-se: ( )[ ]ijijjii ijij ijij ij jVVVXR XjR S δδ sencos222' +−+ + = Separando a parte real e a imaginária ( )ijjiijijjiijiij ijij ij VVXVVRVRXR P δδ sencos1 222' +−+= ( )ijjiijijjiijiij ijij ij VVRVVXVXXR Q δδ sencos1 222' −−+= Nenhuma potência ativa flui pelo ramo paralelo da linha, portanto. ' ijij PP = Isto não acontece no caso do fluxo de potência retiva shiijij QQQ += ' A potência aparente que flui no ramo shunt relativo a barra i é dada por 22 2* * cishi ishiishi BVjYVVIVS −=� � � � == 2 2 ci shi BVQ −= Portanto, os fluxos de potência ativa e reativa numa linha de transmissão são expressos como: ( )ijjiijijjiijijjiijiij ijij ij VVRVVXVVRVRXR P δδδ sensencos1 222 −+−+= ( )ijjiijijjiijiij ijij ci ij VVRVVXVXXR BVQ δδ sencos1 2 2 22 2 −− + +−= De maneira análoga, os fluxos de potência ativa e reativa da barra j para i são: ( )jijiijjijiijjij ijij ji VVXVVRVRXR P δδ sencos1 222 +−+= 27 ( )jijiijjijiijjij ijij cj ji VVRVVXVXXR BVQ δδ sencos1 2 2 22 2 −− + +−= No caso de LT’s contendo transformadores, em geral a resistência e a capacitância da linha são desprezíveis, isto é 0=ijR e 0=cB , então ij ij ji ij X VV P δsen= ijji PP = ( )ijjii ij ij VVVX Q δcos1 2 −= ( )ijjij ij ji VVVX Q δcos1 2 −= As perdas de potência ativa e reativa são jiijL PPP += jiijL QQQ += Potência ativa: fluxo positivo depende de que tensão está adiantada. iV adiantada em relação a 0>→ iji PV jV adiantada em relação a 0<→ iji PV Potência reativa: fluxo depende mais fortemente do módulo das tensões 0>�> ijji QVV 0<�> ijij QVV 28 5.1.FLUXO DE POTÊNCIA CC Uma versão do fluxo de potência A.C. utilizada freqüentemente em estudos onde não se requer demasiada precisão da solução é aquela onde são feitas aproximações no modelo de forma que as equações resultantes constituem um conjunto de equações lineares. Sendo a potência aparente do sistema de duas barras anterior ( )( ) shjijijijjiijjiiijijij bjVjbgVjVVVVQjPS 2*2 sencos −+−−=+= δδ ijjiijjiijiijij VVbVVgVgP δδ sencos2 −+= Supondo que: 0≅ijδ puVV ji 0,1== ijij RX >> 0≈ijR então 0=ijg ijijij ij ij XXR X b 122 −=+ − = 0,1cos =ijδ ijij δδ =sen Portanto: ij ji ij X P δδ − = em geral iji PP �= ou em forma matricial δBP = � � � � � � � � � � � � � � � � = � � � � � � � � NNNN N N BB B BBB P P P δ δ δ � � � � � 2 1 1 21 11211 2 1 29 Seqüência p/ o cálculo 1. Selecionar um nó como referência 2. Determinar a matriz B’ resultante ( ) ( )11 −− nxn 3. Determinar a matriz P 4. Resolver o sistema linear ( )[ ]ângulosnBP 1' −= δ 5. Calcular os fluxos de potência ativa ( ) ij ji ij X P δδ − = Exemplo: Para o sistema mostrado na figura abaixo, calcule os fluxos de potência ativa nas linhas de transmissão utilizando o método de solução fluxo de potência c.c. construção da matriz B’ �ijB Quando ( ) � − ≠ = == 1 0 1n ij j ijX ji �Quando ijXji 1−=≠ 30 5.2.FLUXO DE POTÊNCIA C.A. O problema de fluxo de potência geral C.A. pode ser formulado considerando o i – ésimo nó de um sistema de potência genérico, conforme figura abaixo. De acordo com as leis de Kirchoff � = = n k kik i i VY V S 1 * * ou � = = n k kikii VYVS 1 ** ou � = � � � � � � � � = n k k k ik i i i VYVS 1 * δδ � � � � = � = ki k n k ikii VYVS δ 1 * onde ikki δδδ −= Separando as partes real e imaginária da ultima expressão, obtem-se: ( ) ( )� − += n k kikikikikiii VBGVVP 1 sencos δδδ ( ) ( ) k n k ikikikiki VBGVVQ � = −= 1 1 cossen δδδ onde ikG e ikB são elementos da matriz admitância de barra. Para a solução numérica destas equação, em geral assume-se que o sistema trifásico é balanceado, com a rede de transmissão representada pelas correspondentes impedância de seqüência positiva. Em forma matricial, a equação da tensão modal complexa pode ser escrita como YV = I 31 onde I representa o equivalente modal das correntes injetadas e é calculado de: * * i i i V SI = onde *iS é a geração líquida de potência na barra i, isto é ( ) ( ) iidigidigii QjPQQjPPS −=−−−=* Denotando por riV a tensão complexa na i – esima geração e por ii r i r i esp ii QjPIVSS ∆+∆=−=∆ * A potência aparente incremental, é possível escrever ( )� = −−=∆ n k kikikikiki esp ii VBGVPP 1 coscos δδ ( )� = −−=∆ n k kikikikiki esp ii VBGVQQ 1 cossen δδ Os cálculos dos fluxos de potência são em geral estabelecidas de uma forma tal que as tensões complexas (magnitude e ângulo ou partes real e imaginária) são determinados para que as potências ativas espP e reativa espQ das cargas e de determinados geradores sejam mantidas em valores especificados. Além disso, é desejado que a magnitude da tensão espV e a potência ativa espP em certas barras de geração também sejam mantidas em valores especificados. O objetivo do fluxo de potência é calcular a tensão complexa (módulo e ângulo) nas barras do sistema e, à partir desses valores junto com a topologia e os parâmetros da rede elétrica, determinar os fluxos de potência ativa e reativa nas LT’s. Classificação das Barras Observe-se que quatro variáveis ( iiii eVQP δ,, ) estão associadas a cada barra. Duas dessas variáveis devem ser especificadas de forma que as outras duas possam ser calculadas. Dependendo a especificação das variáveis, as barras podem ser divididas em três tipos: − Barra PQ ou de carga: neste tipo de barra, há predominância de demanda sobre as outras variáveis, não existindo na grande maioria dos bases geração de potência na barra. Neste caso, as injeções de potência ativa (Pesp) e reativa (Qesp) são especificadas e a magnitude (Vi) e o ângulo ( )iδ 32 da tensão modal são calculados através da solução das equações da rede elétrica; portanto para uma barra de carga. ( ) ( ) ( )espiidiespgidiespgiespi IVQQjPPS *=−+−= − Barra PU ou de tensão controlada: Neste tipo de barra, a injeção de potência ativa (Pesp) e a magnitude (Vi) da tensão são especificados e o ângulo ( )iδ da tensão modal e a injeção de potência reativa (Qesp) são calculados; observe que para viabilizar estas especificações é preciso que pelo menos um dispositivo de controle de magnitude da tensão esteja disponível, para uma barra de tensão controlada. − Barra de folga, ou swing, ou slack ou referência: Neste caso, a magnitude (Vi) e o ângulo ( )iδ da tensão são especificados e as injeções de potência ativa (Pesp) e reativa (Qesp) são calculados. Note que, o objetivo do fluxo de potência é calcular as tensões modais e a partir daí determinar os fluxos de potência nas LT’s, a partir dos quais as perdas de potência ativa na rede elétrica podem ser determinadas. Desde que a priori as perdas não são conhecidas sem a solução do fluxo de potência, é conveniente para os cálculos numéricos, selecionar como nó de referência, uma barra onde as injeções de potência não tenham sido especificadas. Resíduos ou desbalanços de potência Desde que a solução do fluxo de potência é de natureza iterativa, é necessário estabelecer um critério de convergência. Em geral utiliza-se para esta finalidade um teste efetuado nos chamados resíduos ou desbalanços de potência. O desbalanço de potência complexa no nó i é a diferença entre a potência especifica espiS e a potência calculada riri IV * , onde riV é a tensão ccomplexa calculada na iteração r portanto �−+=−=∆ 1 ** rek r kik r i esp i esp i r i r i esp ii VYVQjPIVSS Esta equação pode ser separada em partes real e imaginária e expressa na forma polar como ( )� +−=∆ 1 sencos rek kikikkiiki esp ii VBGVPP δδ ( )� −−=∆ 1 cossen rek kikikikiki esp ii VBGVQQ δδ 33 Nessas equações é suposto que Vi é a tensão calculada na iteração r. o critério de convergência mais comumente utilizado na pratica é: ≤∈∆∗ iP para todas as barras PV e PQ ≤∈∆∗ iQ para todas as barras PQ Onde ∈ é uma tolerância pré-especificada (tipicamente na faixa de 0,01 a 10 MW). Em PU 10-3 e 10-4 P.U. Solução do fluxo de potência via método de Gauss-Seidel Uma das técnicas mais simples para resolver equações não lineares é o método de Gauss-seidel. Para estabelecer o algoritmo iterativo correspondente a esta técnica considere que o sistema de equações a ser resolvido é expresso como ( ) ( ) ( ) ( ) ( )�� � � �� � � � = = = = 0,...,,, 0,...,,, 0,...,,, 0,...,,, 321 3213 3212 3211 nn n n n xxxxf xxxxf xxxxf xxxxf xf � onde f é o vetor das funções não lineares, e o objetivo é a determinação do conjunto de variáveis ( )nT xxxxX ,...,,, 321= . O método iterativo de Gauss consiste em executar os seguintes passos: • Expresse cada variável do vetor x em função outras variáveis (e da própria variável se for necessário); isto é ( ) ( ) ( ) ( )nnn n n n xxxxFx xxxxFx xxxxFx xxxxFx ,...,,, ,...,,, ,...,,, ,...,,, 321 32133 32122 32111 = = = = � • Faça uma estimativa inicial do vetor x • Atualize o vetor x através do seguinte algoritmo ( )1−= VV XFX 34 onde V é o número da iteração corrente; • Efetive o teste de convergência nas variáveis ix . Isto é, o processo é encerrado a diferença entre os valores de cada variável em duas iterações consecutivas for menor do que uma especificada tolerância ∈, ou, em termos analíticos, ≤∈− −1VV XX O método de Gauss-seidel, com o qual é possível se obter maior velocidade de convergência, consiste em utilizar na equação o valor mais atualizado de cada variável. Por exemplo, o cálculo da variável 3x desta equação, na iteração V, é efetuado com auxílio da seguinte expressão ( )1132133 ,...,,, −−= VnVVVV xxxxFx A convergência do método de Gauss-seidel pode se tornar ainda mais rápida se forem utilizados fatores de aceleração adequados. Apesar de existirem muitas estratégias de solução alternativas, na prática a seguinte extrapolação linear é a mais freqüentemente utilizada: definindo o incremento na variável ix entre duas iterações como: 1− −=∆ Vi V i V i xxx A atualização da variável com a aplicação do fator de aceleração α édada por V i V i V iac xxx ∆+= − α1 Observe que 0,1=α implica no processo de convergência natural. Para que a aceleração da convergência do processo iterativo seja acelerada α deve ser portanto maior do que 1,0. Exemplo: Resolva o sistema de equação não lineares � � � =+− =−+ 012 012 212 211 xxx xxx Pelo método de Gauss-seidel a partir de 01 =x , 02 =x ( )111 ,..., −−= VnViVi xxFx 35 Aplicação no problema de fluxo de potência O método de Gauss-seidel é aplicado na solução de fluxo de potência, tomando as equações estáticas do fluxo de potência na forma mostrada nas seções anteriores, isto é ( ) niVYVjQPS n k kikiiii ,...,2,1 1 ** ==−= � = ou ninii i ii VYVYVY V jQP +++= − ...2211* Expressando para cada barra a equação de uma variável complexa Vi obtem- se. niVY V jQP Y V n ik k kik i ii ii ,...2,11 1 *1 = � � � � � � � � − − = � ≠ = Um conjunto de equações da forma da expressão acima é aquele a ser resolvido através do método de Gauss-seidel. Cada uma dessas equações é estabelecida de acordo com o tipo de barra em questão. − Barras PQ: Desde que para este tipo de barra a injeção de potência complexa espiS é especificada e a tensão complexa iV é desconhecida, as equações que caracterizam as barras de carga são � � � � � � � � − − = � ≠ = n ik k atual kikantigo i esp i esp i ii novo i VYV jQP Y V 1 * 1 onde atualkV representa o ultimo valor disponível da tensão complexa Vk − Barras PV: Para uma barra PV, a injeção de potência ativa espiP e a magnitude da tensão ESPiV são especificadas, o ângulo da tensão δinovo a injeção de potência reativa novoiQ são desconhecidos. Estes podem ser calculados considerando inicialmente a equação. 36 niVY V jQP Y V n ik k atual kikantigo i calc i esp i ii novo i ,...2,1 1 1 * = � � � � � � � � − − = � ≠ = A utilização desta equação exige que o valor da injeção de potência reativa na barra PV seja calculado. Isto pode ser feito com o auxílio da equação. � � � � � � −= � = n k kiki calc i VYVQ 1 *Im Utilizando os valores mais atualizados das tensões complexas A substituição dos valores das variáveis requeridos pela equação da tensão acima, fornecera a tensão complexa valv i valv icalc i VV δ= e, desde que o valor de Vi é especificado a priori, apenas o valor do ângulo calciδ é utilizado. A partir deste ponto o valor da tensão complexa na barra PV passa a ser calc i esp iV δ/ durante a iteração corrente. Uso do fator de aceleração No caso da aplicação do método de Gauss-seidel ao problema de fluxo de potência, o fator de aceleração também consegue reduzir o número de iterações e é utilizado no seguinte contexto. ( ) ( ) ( )( ) ( )11 −− +−= kvelhoikvelhoiknovoikacei VVVV α Onde α é o fator de aceleração, o qual é empiricamente determinado em geral na faixa 1,4≤α ≥1,8. Limites de potência reativa Para representar a capacidade física dos geradores, limites de potência reativa são estabelecidos para cada nível de potência especificada. Esses limites, os quais são obtidos com auxílio da curva de capabilidade dos geradores síncronos, podem ser representados através da inequação. maxmin gigigi QQQ ≤≤ Onde mingiQ e maxgiQ são os limites mínimo e máximo de geração de potência reativa. Uma especificação errada da magnitude da tensão (valores 37 demasiadamente altos ou baixos) pode levar à violações desta restrição de desigualdade no processo iterativo. O procedimento adotado para o tratamento deste tipo de restrição de potência consiste no seguinte: Caso durante o processo iterativo o limite de potência reativa gerada for violado, a barra correspondente é convertida em barra de carga. Isto é, a injeção de potência reativa é fixada no limite e a magnitude da tensão passa a ser uma variável adicional calculada ao longo das iterações. Teste de convergência A convergência do processo iterativo na solução do fluxo de potência via método de Gauss-seidel é realizada em duas etapas. A primeira consiste em verificar a cada iteração se as variações na magnitude e no ângulo da tensão complexa são significativos. Ou seja, se V V i V i VV ≤∈− −1 Onde V∈ é uma tolerância pré-especificada para a tensão complexa, para todas as barras de carga (PQ) e de tensão controlada (PV) envolvidas no processo. Caso este teste seja satisfeito, um teste semelhante é efetuado para os resíduos de potência ativa e reativa, isto é p calc i esp i PP ≤∈− (barras PV e PQ) ( )PQbarrasQQ Qcalciespi <∈− Onde ∈P e ∈Q são as tolerâncias pré-especificadas para os resíduos de potência ativa e reativa. Exemplo: Seja o seguinte sistema Barra Tensão (pu) Inj potência Nº Tipo Mod Ang Ativa Reativa 1 Vδ 1,0 0 2 PQ -0,2 -0,01 38 � � � � � − − = jj jj Ybarra Determinar a solução das equações da rede elétrica, via método de Gauss- seidel, utilizando fatores de aceleração 1,0 e 1,5, com tolerância para o módulo das tensões igual a 10-3pu(V). 39 6.COMPENSAÇÃO DE POTÊNCIA REATIVA Durante a operação dos sistemas de potência, é necessário manter o balanço de potência ativa a fim de que a freqüência do sistema permaneça constante. Por outro lado, é também imprescindível manter o balanço de potência reativa para que se tenha um perfil de tensão estável e que satisfaça os limites pré- específicos. No caso do balanço de potencia reativa observa-se que: ∗ Sob condições de carga elevada devem existir fontes de reativo suficientes para suprir as demandas de potência reativa do sistema; ∗ Sob condições de carga leve o sistema deve ter capacidade suficiente de absorver o excesso de reativo nele gerado. A manutenção do balanço de potência reativa pode ser efetuada através de duas formas básicas: ∗ Transmissão dos MVAr dos pontos de geração para os pontos de consumo através das LT’s. ∗ Instalação de fontes de reativos próximos dos pontos de deficiência ou de excesso de consumo. Evidentemente esta última alternativa é a mais vantajosa do ponto de vista do desempenho do sistema. Por convenção, a potência reativa é positiva (indutiva) quando é absorvida por uma carga indutiva (φ positivo, corrente atrasada, cos φ atrasado). De acordo com esta convenção, um capacitor absorve potência reativa negativa (capacitiva) ou gera (ou fornece) potência reativa positiva (ou indutiva) ao sistema. Para analisar como flui a potência reativa num sistema, considere as fórmulas do fluxo de potência numa LT sem perdas, isto é, com resistência desprezível. ij ij ji ij X VV P δsen= ( )ijji ij i ij VVX VQ δcos−= Sempre que entre dois pontos de uma LT existir uma diferença escalar de tensões, haverá um fluxo de potência reativa do ponto de maior tensão para o de menor tensão. Em outras palavras, sempre que em uma barra houver deficiência de potência reativa, esta deverá ser fornecida através das linhas que nela incidem e assim a tensão na barra deverá se reduzir. Reciprocamente, quando em uma barra houver excesso de reativo (por exemplo, devido ao chaveamento de um banco de capacitores) a tensão na barra deverá se elevar. 40Concluir-se então, que a tensão em uma barra pode ser controlada injetando- se nela uma potência reativa de sinal conveniente (usando-se banco de capacitores ou reatores eventualmente disponíveis). Fontes e sumidouros de potência reativa A geração de potência reativa pode ser feita basicamente através dos seguintes dispositivos: − Máquinas síncronas superexcitadas − Capacitores − Linhas com baixo carregamento − Cabos Por outro lado, a absorção de potência reativa é efetuada via: − Máquinas síncronas subexcitadas − Motores de indução − Transformadores − Reatores − LT’s sobrecarregadas Máquinas síncronas Estes equipamentos podem funcionar como geradores (Pg>0) ou como motores (Pg<0), superexcitados (Qg>0) ou subexcitados (Qg<0). O circuito representativo da máquina síncrona funcionando como um gerador é mostrado abaixo A máquina síncrona pode ainda funcionar como um compensador síncrono, caso no qual a potência ativa gerada é nula, sendo fornecida apenas potência reativa (capacitiva ou indutiva). A principal vantagem do compensador síncrono é que a geração de potência reativa pode ser variada continuamente de uma maneira simples (porém mais vagarosamente do que os compensadores estáticos). Uma desvantagem deste tipo de funcionamento é que em geral este equipamento está situado longe dos pontos de consumo e necessita de elementos de transporte para atingir a demanda, ocasionando perdas de potência. 41 Bancos de capacitores e indutores Indutores e capacitores podem ser utilizados em LT’s médias e longas para aumentar a capacidade de carregamento da LT, assim como para manter a tensão próxima da nominal. Eles podem ser instalados nos barramentos, em ambos os níveis de transmissão e distribuição, ao longo das LT’s, ou nas leis e cargas. Essencialmente, esses dispositivos constituem um meio de fornecer Var localmente. Eles podem ser conectados permanentemente ou chaveados para atuar de acordo com as variações de carga do sistema. Algumas características do uso desses equipamentos no problema de compensação de potência reativa são sumarizadas a seguir. ∗ Reatores shunt: são projetados para consumir potência reativa gerada por linhas descarregadas. Estes equipamentos são comumento instalados em pontos selecionados ao longo das LT’s de extra alta tensão, de cada fase ao neutro. Os indutores absorvem potência reativa e reduzem as sobretensões durante os períodos de carga leve. Eles também reduzem as sobretensões transitórias resultantes de surtos de chaveamentos. Entretanto, sob condições de plena carga é necessário remover seu efeito da LT a fim de que a capacidade de carregamento da mesma não seja reduzido. ∗ Capacitores shunt: estes dispositivos são projetados para gerar potência reativa em sistemas de alto consumo de reativo e/ou muito carregados. Eles são utilizados para aumentar a tensão na LT durante os períodos de carga pesada. No caso de uma carga com fator de potência atrasado, por exemplo, os capacitores fornecem uma parte ou a totalidade da potência reativa quando conectados em paralelo. Nesta condição, eles reduzem a corrente da LT necessária para suprir a carga, assim como a queda de tensão na LT, Melhorando o fator de potência da carga. Desta feita, uma maior quantidade de potência ativa pode ser transmitida pela LT. ∗ Capacitores série: estes equipamentos também são utilizados em LT’s longas para elevar a capacidade de carregamento da mesmas. Os bancos de capacitores são instalados em série com cada fase (condutor) do sistema de transmissão, em pontos selecionados. O seu efeito é reduzir a impedância série da LT, e portanto a queda de tensão ao longo da LT, aumentando assim o limite de estabilidade em regime permanente. A desvantagem deste tipo de equipamento é que dispositivos automáticos de proteção tem que ser instalados para desviar as altas correntes durante a ocorrência de faltas e reinserir o banco de capacitores após a falta. O uso de banco de capacitores série pode também provocar o aparecimento de oscilações de baixa freqüência, originando o fenômeno chamado ressonância subsincrona. Estas oscilações podem danificar o eixo da turbina do gerador. 42 O esquema de compensação de uma LT e seu correspondente circuito equivalente são abaixo. Onde: − NC é a quantidade de compensação reativa série expressa em percentagem (%) da impedância de seqüência positiva da LT. - NL é a quantidade de compensação reativa shunt expressa em percentagem (%) da admitância de seqüência positiva da LT. É suposto que a metade da compensação é instalada em cada extremo da LT. Outros Equipamentos Além da máquina síncrona, outros equipamentos influenciam o balanço de potência reativa do sistema elétrico. Os principais são listados a seguir: - Motores de indução: Estes equipamentos absorvem potência reativa (indutiva ou positiva), isto é, consomem potencia ativa e reativa. Eles constituem boa parte da carga industrial e influenciam de forma bastante acentuada o balanço de potência reativa. - Transformadores: os transformadores também absorvem potencia reativa indutiva, na reatância de magnetização e nas reatância de dispersão. A função usual desses equipamentos é o controle do nível de tensão do sistema elétrico. - Compensadores estáticos: a combinação dos dois tipos anteriores, para funcionar com cargos variáveis ao longo do dia. Estes tipo de equipamento consiste na conexão em paralelo de reatores chaveados por tiristores e capacitores. Tais dispositivos são capazes de absorver potencia reativa durante os períodos de carga leve, e produzir potência reativa nos períodos 43 de carga pesada. Através do controle automático dos tiristores as flutuações de tensão minimizadas e a capacidade de carregamento é aumentada. -Linhas: consomem potencia reativa na indutância série e geram potência reativa nas capacitâncias shunt. A analise do fluxo de potência reativa nas Lt’s pode ser feita a partir dos seguintes parâmetros: Impedância característica (ou impedância de surto) wcG wlJRZ + + =0 Em LT’s sem perdas C LZ =0 - Surge impedância loading (SIL) de uma LT é: A potência entregue pela linha a uma carga puramente resistiva de impedância igual a impedância característica da linha. Nestas circunstancias a corrente fornecida pela linha é dada por: sistivaaCW Z V Z VVIVSIL Z V I LL LLL L L Rearg][ 3 33 )3/( 0 2 0 0 =� � � � � � == = A SIL pode ser interpretada como a carga de fator de potência unitário que faz com que os MVAr gerados na caracitância Shunt da LT compensem extremamente as perdas de MVar na reatância indutiva série. Para valores abaixo do SIL (linhas de descargas) haverá um saldo de geração de MVAr acima do SIL (linhas carregadas) haverá excesso de perdas MVAr na linha. - Cabos: Devido a sua alta capacitância e pelo fato de que o limite térmico de condução de corrente é muito menor que a SIL, estes equipamentos atuam como geradores de potência reativa. 44 Exemplo: O circuito da figura abaixo representa uma carga sendo alimentada através de LT de 525KV compensada com reatores sem taps. Determine como se deve compensar a linha utilizando um compensador shunt no lado da carga, sob condições de cargas mínimas (3,0 -j1,0 pu) e máxima (6,0 +j 1,0 pu) para operar a linha plana em 0,95 pu. Exemplo: Em relação a LT do problema anterior, qual deve ser a tensão e a potênciareativa da fonte para que na extremidade da carga se tenha uma tensão com magnitude igual a 0,95 pu, tanto na condição de carga máxima como na condição de carga mínima? Observe que neste caso o compensador shunt não é utilizado. 45 7.CURTO – CIRCUITO Componentes simétricos Os curto - circuitos em sistemas elétricos de potência geram desbalanceamentos, dificultando os cálculos e as simulações da ocorrência. Em 1915 o Dr.C.L. Fortescue, conseguiu formular uma ferramenta analítica muito poderosa, propondo, de maneira genérica, a decomposição de qualquer sistema de “N” fases desequilibradas nas suas respectivas componentes simétricas equilibradas. A formulação proposta por Fortescue, foi mais tarde, adaptada e aplicada aos elementos que compõe o sistema elétrico de potência. Isto possibilitou a aplicação de todas as técnicas já conhecidas e dominadas de circuitos trifásicos equilibrados aos sistemas desbalanceados pelos curto – circuitos, através das componentes simétricas. Teorema de Fortescue Fortescue, através do teorema intitulado de “método de componentes simétricos aplicado a solução de circuitos polifasícos”, estabeleceu que um sistema de “n” fasores desequilibrados pode ser decomposto em “n” sistema de fasores equilibrados, denominadas componentes simétricos dos fasores originais. A expressão analítica obra para um sistema desequilibrado com n fases é dado por: )1(210 )1(210 )1(210 ... ... ... − − − ++++= ++++= ++++= n n n VcVcVcVcVc VbVbVbVbVb VaVaVaVaVa . . )1(210 ... −++++= nVnVnVnVnVn Cada seqüência é composta de n fasores equilibrados, isto é, de mesmo módulo e igualmente defasados. A defasagem kσ de dois fatores consecutivos do sistema de seqüência K- ésima, é dada por: � � � � = n kk piσ 2 Assim, tem-se os sistemas de 46 Seqüência zero: É o conjunto de n fatores Vao Vbo Vco,..., Vno de mesmo modulo e em fase, girando no mesmo sentido e velocidade síncrona do sistema original de n fases. Seqüência 1: É o conjunto de n fatores Va1, Vb1, Vc1,...,Vn1, de mesmo módulo, com defasagem de n pi2 , girando no mesmo sentido e velocidade do sistema polifásico original. Seqüência 2: É o conjunto de n fatores, Va2, Vb2, Vc2,..., Vn2, de mesmo módulo, com defasamento entre si de � � � � n pi22 , girando no mesmo sentido e velocidade síncrona do sistema original. Seqüência K-ésima: É o conjunto de n fatores Vak, Vbk, Vck,...,Vnk de mesmo módulo, com defasamento entre si de � � � � n k pi2 girando. Sistema trifásico de seqüência positiva É o conjunto de 3 fatores balanceados, ou seja, de mesmo módulo, defasados de 120º, com seqüência de fase idêntica a do sistema trifásico original desbalanceado. Notação: índice 1 representa seqüência positiva. 1 1 1 1 1 º240 1 º120 1 º0 1 aVcV aVbV aV � � � � � ⋅− = ⋅− = = Em módulos, elas são iguais 47 111 cVbVaV ��� == As outras tensões foram expressas em função de Va1, porque o sistema é equilibrado, então basta analisar uma única fase. Em vez de usar o termo º120 1 , é praxe, substituir este numero complexo por uma representação literal, batizada de a� , conhecida como operador rotacional. Assim, 11 1 2 1 1 º0 1 , º120 1 aVacV aVabV aVEntão a ��� ��� � ⋅= ⋅= = = Sistema trifásico de sequecia negativa É o conjunto de 3 fatores equilibrados, girando numa seqüência de fase contrária a do sistema original desbalanceado, na velocidade síncrona, contraria ao da seqüência positiva. Notação: Índice 2 representa seqüência negativa Colocando-se os fatores tensão em função da tensão da fase a, tem-se 2 2 2 22 2 º0 1 aVacV aVabV aV �� �� � ⋅= ⋅= = 48 Sistema trifásico de seqüência zero É o conjunto de 3 fatores iguais, em fase, girando no mesmo sentido da seqüência do sistema original desbalanceado, isto é, da seqüência positiva. Notação: Índice zero representa seqüência zero. Em termos de tensão, os fatores de seqüência zero ficam 000 cVbVaV ��� == Expressão analítica do teorema de Fotescue Como já foi dito, um sistema trifásico desequilibrado é composto por três sistemas trifásicos equilibrados de seqüência zero, positiva e negativa. A expressão analítica do teorema de Fotescue é ��� ��� ���� ���� ���� DCBA cVcVcVcV bVbVbVbV aVaVaVaV 210 210 210 ++= ++= ++= A = sistema trifasico desequilibrado B = sistema trifasico equilibrado de sequencia zero C = sistema trifasico equilibrado de sequencia positiva D = sistema trifasico equiibrado de sequencia negativa Colocando todas as tensões em função da fase “a” 2 2 10 21 2 0 210 aVaaVaaVcV aVaaVaaVbV aVaVaVaV ���� ���� ���� ++= ++= ++= Na forma matricial, � � � � � � � � � � � � � � = � � � � � � � 2 1 0 2 2 1 1 111 aV aV aV aa aa cV bV aV � � � �� �� � � � 49 Representado a matriz T, tem-se � � � � � � � = 2 2 1 1 111 aa aaT �� �� T é uma matriz quadrada 3x3, conhecida como matriz transformação das componentes de seqüência nos fasores originais do sistema desbalanceado. Para se obter as componentes de seqüência, em função do sistema desbalanceado, deve-se determinar o inverso do indicado na expressão acima )(31 )(31 )(31 2 2 2 1 0 cVabVaaVaV cVabVaaVaV cVbVaVaV ���� ���� ���� ++= ++= ++= Na forma matricial � � � � � � � � � � � � � � = � � � � � � � cV bV aV aa aa cV bV aV � � � �� �� � � � 2 2 2 1 0 1 1 111 3 1 � � � � � � � = − aa aaT �� �� 2 21 1 1 111 3 1 Sendo T-1 a matriz inversa de T Aplicando o teorema de Fortescue aos três fatores de corrente do sistema trifásico desbalanceado, temos � � � � � � � � � � � � � � = � � � � � � � 2 1 0 2 2 1 1 111 aI aI aI aa aa cI bI aI � � � �� �� � � � � � � � � � � � � � � � � � = � � � � � � � cI bI aI aa aa aI aI aI � � � �� �� � � � 2 2 2 1 0 1 1 111 3 1 50 Obs: A seqüência zero tem uma característica muito peculiar, de extrema singularidade, em que os fatores estão em fase, mesmo assim recebe a denominação particular de sistema trifásico balanceado. As conclusões obtidas produzem interpretações físicas, com aplicações direta a proteção do sistema elétrico. )(310 cIbIaIaI ���� ++= Da expressão acima conclui-se que só pode existir corrente de seqüência zero em um sistema com neutro ou aterrado. Impedância de seqüência dosequipamentos do sistema Como já foi visto, um sistema elétrico trifásico será decomposto, segundo Fortercue, em três sistemas elétricos trifásicos de seqüência positiva, negativa e zero. Isto leva a necessidade de se obter o modelo do sistema para cada componente de seqüência, ou seja, haverá a necessidade de modelar o sistema para as seqüências positivas, negativas e zero. Os três modelos obtidos são sistemas trifásicos equilibrados, sendo portanto, necessário efetuar o estudo apenas do uma única fase, sendo a fase “a” adotada como referência. Portanto, através de ensaios em laboratório, ou pela característica do material do material e forma de ligação, deve-se calcular ou medir a impedância apresentada pelo equipamento quando submetido a cada seqüência individualmente. Z1 é a impedância apresentada pelo equipamento a seqüência Positiva. Z2 é a impedância apresentada pelo equipamento a seqüência Negativa. Z0 é a impedância apresentada pelo equipamento a seqüência zero. Para os estudos de curto – circuito, os elementos importantes a considerar no sistema elétrico são os geradores, transformadores, linhas de transmissão e a configuração da rede. Gerador síncrono Modelo de seqüência positiva Usa-se a reatância sub – transitória na modelagem do gerador síncrono, esta produz uma corrente de curto – circuito maior, e o disjuntor, apesar de estar um pouco mais dimensionado, melhora a segurança do sistema. 51 111 " aIdjxaEaV ��� ⋅−= Ea1 -> Tensão de fase no terminal do gerador síncrono gerando a vazio. Va1 -> Tensão da fase em relação ao neutro da seqüência positiva para qualquer situação. Ia1 -> Corrente de seqüência positiva da fase “a”, que sai dos enrolamentos da máquina para o sistema. Modelo de seqüência negativa X2 -> Reatância de seqüência negativa por fase. Va2 ->Tensão de seqüência negativa no terminal da fase “a” em relação ao neutro do gerador. Ia2 -> Corrente de seqüência negativa que sai pela fase “a” do gerador. Modelo de seqüência zero 52 X0 -> Reatância de seqüência zero. Va0 -> Tensão de seqüência zero da fase “a” em relação ao neutro do gerador síncrono. Ia0 -> Corrente de seqüência zero que sai pela fase “a” do gerador síncrono. Modelo de seqüência zero com uma impedância zn (aterrado) Motor síncrono Modelo de seqüência positiva Modelo de seqüência negativa Modelo de seqüência zero 53 Motor assíncrono O motor assíncrono também é denominado motor de indução. O modelo de seqüência positiva é mostrado na figura abaixo E o modelo de seqüência negativa é mostrado na figura abaixo. Onde, Em -> tensão por fase nos terminais do motor de indução antes do defeito. Xs -> Reatância de dispersão da bobina do estator. Xr -> Reatância de dispersão da bobina do rotor referida ao estator. O motor de indução trifásico não tem seqüência zero. Transformador O transformador é um elemento importante do sistema elétrico. Ele interliga, isto é, possibilita a conexão de vários equipamentos elétricos com tensões elétricas distintas. Como as correntes de curto – circuito do sistema passam através dos transformadores, há necessidade de analisar o comportamento do transformador em relação a estas correntes. 54 Impedância de seqüência positiva A impedância de seqüência positiva z1 é a mesma impedância de curto – circuito obtida no ensaio de curto – circuito do transformador. Impedância de seqüência negativa Como o transformador é um elemento do sistema puramente passivo e estático, qualquer seqüência de fase será encarada como seqüência positiva. O valor da impedância de seqüência negativa será o mesmo da seqüência positiva. 12 ZZ = Impedância de seqüência zero Como, por definição, a corrente de seqüência zero nas três fases são iguais, as mesmas só poderão existir se houver possibilidade de retorno através de um circuito fechado. A impedância de seqüência zero (Z0) vai depender do tipo de transformador, da forma do seu núcleo magnético e do tipo de conexão das bobinas primaria e secundaria. Abaixo temos os circuitos equivalentes por fase de seqüência zero de transformadores trifásicos de núcleo envolvente e de banco de transformadores monofásico. Transformador trifásicos Circuito equivalente por De 2 enrolamentos fase da seqüência zero. 55 Abaixo temos os circuitos equivalentes, por fase, de transformadores trifásicos de núcleo envolvente com três enrolamentos Transformadores trifásicos Circuito equivalente por De 3 enrolamentos fase da seqüência zero. 56 Abaixo temos os circuitos equivalentes, por fase, de transformadores trifásicos de núcleo envolvente com três enrolamentos Transformadores trifásicos Circuito equivalente por De 3 enrolamentos fase da seqüência zero 57 Linha de transmissão A linha de transmissão é o elemento mais vulnerável do sistema elétrico. Os curto – circuito ocorrem principalmente devido aos defeitos na LT. Outra característica da LT é o fato de ter uma impedância alta, sendo portanto, a grande limitadora da corrente de curto –circuito. A impedância da LT fica, predominante, indutiva com o aumento do nível de tensão. Deste modo, o ângulo de defasagem da corrente de curto – circuito varia com o nível de tensão. Impedância de seqüência positiva Circuito equivalente por fase da seqüência positiva da LT. Impedância de seqüência negativa Como a LT é um elemento estático do sistema de energia elétrica, a sua performance não se altera com a seqüência de fase energização e o seu funcionamento é idêntico para qualquer seqüência de fase balanceada. Deste modo, a impedância, por fase, de seqüência negativa, é a mesma de seqüência positiva. Z2 = Z1 58 Impedância de seqüência zero Como as correntes de seqüência zero de cada condutor da linha de transmissão são iguais e estão em fase, elas são obrigadas a retornar por qualquer caminho que não seja o formado pelos próprios condutores da linha. Assim, elas retornam pelo cabo de cobertura (cabo guarda ou cabo para – raio), pelo solo sob o percurso da linha e pelo solo seguido a menor distancia entre o ponto de defeito e a subestação. LiberadaTerraLTsobTerraCoberturadeCaboLinhaa IIII ���� ++=3 De modo geral, a impedância total de seqüência zero da LT com cabo de cobertura, com retorno pelaterra, tem seu valor indicado na expressão abaixo. LTZaZ LT 10 62= Curto Circuito no Sistema Elétrico Este capitulo destina-se ao estudo do curto – circuito no sistema elétrico. A analise aqui desenvolvida é geral, sendo aplicada a sistema elétrico em anel e radial. Apesar do defeito ser indesejável, o curto – circuito sempre ocorre em pontos aleatórios da rede elétrica. Se os curto – circuitos não forem rapidamente eliminados, os danos nos equipamentos que integram a rede elétrica poderão ser elevados. O conhecimento da corrente de curto – circuito atende a diversos objetivos importantes, relacionados a seguir: • Conhecer a dimensão do seu valor • Dimensiona a LT em relação a seu limite suportável de elevação da temperatura devido ao curto – circuito. • Dimensionar o disjuntor quanto a secção dos seus contatos e a capacidade disruptiva da sua câmara de extinção do arco-elétrico. • Dimensionar o transformador de corrente (TC) quanto ao nível de saturação da sua curva de magnetização definido pela sua classe de exatidão. • Efetuar a coordenação de relés • Analise das sobretensões na freqüência industrial devido ao curto – circuito. • Conhecer o tempo de atuação do rele, conseqüentemente o tempo da eliminação do defeito para analisar as perturbações devido as harmônicas e da estabilidade dinâmica do sistema elétrico. 59 Curto – circuito trifásico É o curto onde todas as correntes são equilibradas, portanto não há diferença no curto – circuito trifásico e trifásico - terra. As condições do defeito são: 0=== cVbVaV ��� Então � � � � � � � � � � � � � � = � � � � � � � 0 0 0 1 1 111 3 1 2 2 2 1 0 aa aa aV aV aV �� �� � � � Portanto: 0210 === aVaVaV ��� 1aI� 2aI� 0aI� Seqüência -> Seqüência -> Seqüência -> 1aV� = 0 2aV� =0 0aV� = 0 Positiva Negativa Zero Como os circuitos equivalente de seqüência negativa e zero são passivos, só há necessidade de apresentar o circuito de seqüência positiva. Exemplo: um gerador síncrono de pólos salientes, com as bobinas da armadura ligada em y com característica de placa de 30MVA, 13,8KV, 60Hz, está funcionando a vazio com tensões nominais em seus terminais. A reatância sub – transitória do eixo direito é igual a 0,2 pu e a reatância de seqüência negativa vale 0,25 pu. A reatância de seqüência zero vale 0,08 pu. O gerador síncrono está aterrado através de uma reatância de 0,09 pu. Para um curto – circuito trifásico nos seus terminais, calcular: a) As correntes de seqüência b) As correntes verdadeiras Curto – circuito monofásico – terra 60 Pela figura acima conclui-se que 0 0 == = IcIb Va Para o curto – circuito monofásico – terra os modelos são ligados em série. Seqüência + Seqüência + Seqüência + 1aV� 2aV� 0aV� Positiva - Negativa - zero - Exemplo: O gerador síncrono é o mesmo do exemplo da pagina 59. O gerador síncrono está a vazio com tensão nominal nos seus terminais e ocorre um curto-circuito monofásico – terra na fase “a” determine: a) As correntes de seqüência positiva, negativa e zero. b) A corrente que passa no neutro do gerador. Curto – circuito bifásico na linha B e C As condições de defeito são: 0 0 =+ = = cIbI cVbV aI �� �� � 61 Os modelos de seqüência positiva e negativa deverão ser ligados em paralelo para o curto – circuito bifásico. Exemplo: O gerador síncrono tem as mesmas características do exemplo da pagina 59. O gerador está girando a vazio com tensão nominal nos seus terminais e ocorre um cc bifásico na fase B e C. determine: a) As correntes de seqüência b) A corrente que passa pelo neutro do gerador c) As tensões de seqüência no ponto do CC. Curto – circuito bifásico – Terra As condições de defeito são: 03 0 0 IaIcIb VcVb Ia =+ == = Os modelos de seqüência positiva, negativa e zero deverão ser ligados em paralelo. 62 Exemplo: O gerador síncrono é o mesmo do exemplo da pagina 59. O gerador está girando a vazio com tensão nominal nos seus terminais e ocorre um CC bifásico-Terra nas fases B e C. Determinar: a) As correntes de seqüência b) A corrente que passa pela terra Exemplo: O sistema elétrico da figura abaixo opera sem carga. Para um CC monofásico– Terra na fase “a” da barra “c”, calcular as correntes de CC considerando o transformador do núcleo envolvido. 63 8. ESTABILIDADE EM SISTEMAS DE POTÊNCIA A estabilidade de sistema de potência pode ser definida como a propriedade do sistema que permite as máquinas síncronas desse sistema responder a um distúrbio, a partir de uma condição de operação de tal maneira a retomarem uma condição de operação novamente normal. Estudos de estabilidade são usualmente classificados em três tipos, dependendo da natureza e ordem de grandeza do distúrbio. Estes estudos são chamados estudo de estabilidade transitória, dinâmica e em regime permanente. Hoje os estudos de estabilidade transitória constituem a principal metodologia analítica para o estudo do comportamento dinâmico eletromecânico. Estudos de estabilidade transitória são esperados quando se determina que o sistema permanecerá em sincronismo após distúrbios significativos tais como faltas no sistema de transmissão, variações rápidas de carga, perdas de unidades geradoras ou chaveamento de linhas. Atualmente os sistemas de potencia são vastos, sistemas fortemente interconectados com varias centenas de máquinas que podem interagir através do meio composto das redes com extra alta tensão e ultra alta tensão. Estas maquinas tem, associados a elas, sistemas de excitação e sistemas de controle turbina – governador que, em alguns casos, devem ser modelados em ordem de refletir apropriadamente a resposta dinâmica correta ao sistema de potência para certos distúrbios do sistema. Os estudos da estabilidade dinâmica e em regime permanente são menos extensivos em escopo e envolvem uma ou algumas poucas máquinas que sofrem mudanças lentas ou graduais nas condições de operação. Portanto, os estudos de estabilidade dinâmica e de regime permanente referem-se a estabilidade do “lócus” dos pontos de operação essenciais em regime permanente do sistema. Estudos de estabilidade transitória são mais comumente efetuados por refletirem sua grandiosa importância na pratica. Tais problemas envolvem grandes distúrbios que não permitem procedimento de linearização a ser usado e as equações algébricas e diferenciais não lineares devem ser resolvidas por métodos diretos ou por procedimentos interativos passo a passo. Os problemas de estabilidade transitória podem ser subdivididos em problemas de estabilidade considerando a primeira oscilação ou multioscilações. A estabilidade da primeira oscilação é baseada num modelo razoavelmente simples de gerador sem a representação dos sistemas de controle. Usualmente, o período de tempo para estudo
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