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25/02/2014 1 Genética Melissa Vieira Leite Parte II A diversidade da vida • O genoma é um conjunto completo de instruções para qualquer organismo; • Todos os genomas são codificados em ácidos nucléicos, seja DNA ou RNA; • O sistema codificante para informação genética também é comum para toda a vida; • As instruções genéticas estão no mesmo formato e, com raras exceções, as palavras código são idênticas; • Similarmente, o processo pelo qual a informação genética é copiada e decodificada é marcadamente similar para todas as formas de vida; • Este sistema genético universal é uma consequência da origem comum dos seres vivos; • Vida no planeta Terra evoluiu de um mesmo ancestral que surgiu entre 3,5 a 4 bilhões de anos atrás. Tipos celulares básicos • Procariontes: – Eubacterias: bactérias verdadeiras; – Archaea: bactérias antigas. Arqueobactéria Halobacterium salinarum Eubactéria Bacillus anthracis Tipos celulares básicos • Eucariontes; 25/02/2014 2 Células procarióticas Células eucarióticas Núcleo Ausente Presente Diâmetro celular Relativamente pequeno (1 a 10 µm) Relativamente grande (10 a 100 µm) Genoma Geralmente uma molécula circulas de DNA Múltiplas moléculas lineares de DNA DNA Não associado a histonas nas eubactérias, algumas histonas em Archaea Associado a histonas Quantidade de DNA Relativamente pequena Relativamente grande Organelas delimitadas por membranas Ausentes Presentes Citoesqueleto Ausente Presente Ponto de vista evolutivo • Três grandes grupos de organismos: – Eubacterias; – Archaea; – Eucariontes. Vírus • São estruturas relativamente simples compostas de uma capa externa circundando um ácido nucleico (DNA ou RNA); • Reproduzem-se apenas dentro de células hospedeiras; Cromossomos • Genoma: conjunto único e completo de informações genéticas (DNA) de um organismo; • Nos eucariontes, a maior parte do DNA do genoma é encontrado no núcleo de cada célula; • Esse DNA nuclear é dividido em unidades chamadas cromossomos; • Cada espécie tem um número característico de cromossomos por célula e o mesmo aspecto; – Drosophila: 8 cromossomos; – Baratas: 48 cromossomos; – Camundongo: 40 cromossomos; – Gorila: 48 cromossomos; – Humanos: 46 cromossomos; • Parece não haver nenhuma correlação entre a complexidade de um organismo e seu número de cromossomos por célula; Muntiacus muntjak 2n= 6 cromossomos Muntiacus reevesi 2n= 46 cromossomos 25/02/2014 3 • Exemplo 1: cromossomos de uma célula do cervo indiano muntjac, corados com sondas moleculares fluorescentes, chamadas corantes cromossômicos; • Exemplo: cromossomos humanos, corados com sondas moleculares fluorescentes; • Uma característica do material genético nuclear da maioria dos animais e plantas é que são diplóides, ou seja, esses organismos contêm dois conjuntos de cromossomos idênticos; • O número de cromossomos no conjunto genômico básico é chamado de número haplóide (chamado de n); • Em um núcleo diplóide, os dois membros de um par de cromossomos são chamados de cromossomos homólogos; • As sequências de DNA de membros de um par de homólogos geralmente são iguais, muito embora pequenas variações de sequência em geral estejam presentes, o que é a base da variação genética dentro de uma espécie; • Assim, nos diplóides, cada gene está presente como um par de genes; • O núcleo das células do corpo contém pares de cromossomos, eles não estão fisicamente pareados no sentido de estarem próximos um do outro; • O pareamento físico dos homólogos ocorre na meiose; • Muitas espécies, formando a maior parte da biomassa eucariótica no planeta, normalmente não são diplóides; • Em outras palavras, o núcleo contém apenas um conjunto de cromossomos; • Exemplos de organismos haplóides: fungos (incluindo o mofo, leveduras e cogumelos) e algas; • Cada cromossomo contém uma molécula de DNA; 25/02/2014 4 • A quantidade de DNA por célula é muito maior que o tamanho do cromossomo; • O DNA está compactado eficientemente em um cromossomo; • Isso é obtido envolvendo o DNA ao redor de estruturas moleculares chamadas de nucleossomos; • Cada nucleossomo é composto por um octâmero de proteínas chamadas histonas; • A cadeia de DNA-nucleossomo é ainda mais helicoidizada e super-helicoidizada; “Embalagem” do DNA • Complexo DNA + proteínas = cromatina • As proteínas histonas limitam o acesso de enzimas e outras proteínas que copiam e fazem a leitura do DNA, mas permitem que o DNA se ajuste ao núcleo; • O DNA eucariótico deve se separar das histonas antes que a informação genética possa ser acessada; • Archea também tem algumas proteínas histonas que fazem um complexo com o DNA, mas a estrutura da sua cromatina é diferente da encontrada nos eucariontes; • Como não possuem histonas, a cópia e a leitura do DNA são processos mais simples nas eubactérias; • O DNA e os nucleossomos associados constituem a cromatina, o arcabouço dos cromossomos; • A cromatina varia em compactação ao longo de um cromossomo; • A cromatina densa geralmente é encontrada ao redor do centrômero, uma parte de um cromossomo em geral visível como uma constrição; • A cromatina densa é chamada de heterocromatina, e a menos densa é chamada de eucromatina; 25/02/2014 5 Estrutura de um cromossomo eucariótico Telômero Telômero Centrômero Um cromossomo Um cromossomo Cromátides (irmãs) Tipos de cromossomos eucarióticos Genes • Os genes são segmentos transcritos dispostos ao longo do DNA de um cromossomo; • Existe uma considerável variação entre espécies no número de genes e no “panorama” cromossômico geral; • O número de genes: – Levedura Saccharomyces cerevisiae 6.000; – Homo sapiens 25.000; • Éxons: seguimentos codificantes de um gene • Íntrons: regiões não-codificantes que interrompem os seguimentos codificantes de um gene; • O tamanho da região codificante de um gene (mais ou menos sinônima do tamanho do seu mRNA) é marcantemente constante entre as espécies; • As regiões não-transcritas entre os genes são variáveis entre espécies em tamanho e conteúdo de DNA; • A presença de grandes números de íntrons pode tornar enorme o tamanho aparente do gene; Células eucarióticas diplóides tem dois conjuntos de cromossomos Alelo A Alelo a Estas duas versões de um gene codificam uma característica. Cromossomos homólogos 25/02/2014 6 Reprodução celular • Três eventos fundamentais: – A informação genética deve ser copiada; – As cópias da informação genética devem ser separadas umas das outras; – A célula deve se dividir; Reprodução da Célula Procariótica Reprodução celular eucariótica • O ciclo celular: – É um processo crítico pois as instruções genéticas para todas as características são transmitidas da genitora para as células filhas; – Consiste em duas fases principais: • Interfase; • Mitose; Intérfase • É o período ampliado de crescimento e desenvolvimento entre as divisões celulares; • Dividida em três fases: – G1; – S; – G2; Fase G1 • Intervalo 1; • A célula cresce e as proteínas necessárias para a divisão celular são produzidas; • Tipicamente dura várias horas; • Há um ponto crítico chamado de ponto de verificação G1/S; • Após este ponto ter passado, a célula estará destinada a se dividir; Fase G0 • Fase de não-divisão: ocorre quando as células saem do ciclo celular ativo, em resposta a sinais regulatórios, antes de atingirem o ponto de verificação G1/S; • É um estado estável durante o qual as células geralmente mantêm um tamanho constante; • Elas podem permanecer em G0 por um longo período de tempo, até mesmo indefinidamente, ou podem reentrar em G1 e ativar seu ciclo celular; • Muitas células nunca entram em G0, e o seu cicloé contínuo; 25/02/2014 7 Fase S • Fase de síntese; • Cada cromossomo se duplica; • A partir deste momento os cromossomas passam a possuir duas cromátides ligadas por um centrômero; Fase G2 • Nesta fase ocorrem vários eventos bioquímicos adicionais necessários para a divisão celular; • O importante ponto de verificação G2/M é atingido em G2; • Após este ponto ter sido ultrapassado, a célula está pronta para se dividir; Mitose • É a fase da divisão celular; • A separação das cromátides irmãs, para dar um conjunto completo de informações genéticas para cada uma das células resultantes, é um processo crítico na mitose; • Geralmente dividida em cinco estágios (Prófase, prometáfase, metáfase, anáfase e telófase) e a citocinese; Prófase • Os cromossomo replicados, cada um consistindo de duas cromátides irmãs intimamente associadas, condensam-se; • Do lado de fora do núcleo, é formado o fuso mitótico, uma disposição organizada de microtúbulos que movimenta os cromossomos na mitose; Prófase • Nas células animais, o fuso cresce a partir de um par de centrossomos, que migram para os polos opostos da célula; • Dentro de cada centrossomo há uma organela especial, o centríolo, que é composto de microtúbulos; • As células de vegetais superiores não tem centrossomos ou centríolos, mas têm fusos mitóticos; Prometáfase • Inicia com a desintegração da membrana nuclear; • Os microtúbulos do fuso entram na região nuclear; • As pontas de alguns microtúbulos fazem contato com o cromossomo e se ancoram no cinetócoro de uma das cromátides irmãs; • Alguns microtúbulos do centrossomo oposto liga-se à outra cromátide irmã, e assim cada cromossomo é ancorado a ambos os centrossomos; 25/02/2014 8 Metáfase • Os cromossomos se dispõem em um único plano, a placa metafásica, entre os dois centrossomos; • Os centrossomos, agora em extremos opostos da célula, apresentam os microtúbulos irradiando-se e atingindo a metade da célula; Anáfase • As cromátides irmãs separam-se e movem-se para os polos opostos; • Os microtúbulos do cinetócoro encurtam-se e os fusos polares também se distanciam, ambos os processos contribuem para a separação dos cromossomos; • Após as cromátides terem separado-se, cada uma é considerada um cromossomo; Telófase • Os conjuntos de cromossomos chegam aos pólos do fuso; • A membrana nuclear se reconstitui ao redor de cada conjunto de cromossomos, produzindo dois núcleos separados dentro da célula; • Os cromossomos se distendem e novamente não são visíveis; • Em muitas células a Citocinese (divisão do citoplasma) é simultânea a telófase; Meiose • Meiose I – Prófase I – Metáfase I – Anáfase I – Telófase I • Meiose II – Prófase II – Metáfase II – Anáfase II – Telófase II • A meiose é precedida de um estágio de intérfase que inclui G1, S e G2; • Consiste em duas fases distintas: 25/02/2014 9 Meiose I • Prófase I: apesar de continua, é normalmente dividida em cinco estados consecutivos de acordo com as principais atividades dos cromossomos: – Leptóteno; – Zigóteno; – Paquíteno; – Diplóteno; – Diacinese; • Leptóteno: os cromossomos se contraem e se tornam visíveis; • Zigóteno: os cromossomos continuam a se condensar. Os cromossomos homólogos começam a parear (sinapse). Cada par de cromossomos homólogos em sinapse consiste de quatro cromátides chamadas um bivalente ou tétrade; • Paquíteno: os cromossomos tornam-se mais curtos e grossos. Ocorre a recombinação genética (crossing over) entre os cromossomas homólogos completamente emparelhados; • Diplóteno: os dois homólogos permanecem ligados em cada quiasma, que é o resultado do crossing over; • Diacinese: continua a condensação cromossômica; Meiose Mitose x Meiose Meiose Observações importantes sobre a meiose • O pareamento dos cromossomos homólogos duplicados permite que ocorra a recombinação genética, por meio da qual um fragmento de uma cromátide materna pode ser trocado por um fragmento correspondente de uma cromátide homóloga paterna; • A divisão I da meiose não produz células como uma quantidade haplóide de DNA. 25/02/2014 10 • Como as cromátides irmãs comportam-se como uma unidade, cada célula-filha desta divisão herda, duas cópias de apenas um dos dois homólogos. As duas cópias são idênticas, exceto onde ocorreu a recombinação genética. Portanto as duas células- filhas contém um número haplóide de cromossomos, mas uma quantidade diplóide de DNA. Elas diferem das células diplóides normais em dois aspectos: – Primeiro, as duas cópias de DNA de cada cromossomo provém de apenas um dos cromossomos homólogos na célula original (exceto pelas partes trocadas por recombinação genética); – Segundo, estas duas cópias de DNA são herdadas na forma de cromátides-irmãs unidas. • A formação do núcleo real do gameta pode prosseguir, agora, simplesmente por meio de uma segunda divisão celular, a divisão II da meiose, sem haver replicação do DNA. Os cromossomos duplicados se alinham em um segundo fuso, e as cromátides irmãs separam-se para produzir células com um conteúdo haplóide de DNA; • Dessa maneira, a meiose consiste de uma fase simples de replicação de DNA seguida de duas divisões celulares. Portanto, quatro células haplóides são produzidas a partir de cada célula que entra em meiose; • Ocasionalmente, durante a meiose, os cromossomos não se separam em quatro células haplóides, um fenômeno conhecido como não-disjunção; • Assim, algumas células haplóides que são produzidas carecem de um cromossomo, enquanto outras têm mais de uma cópia; • Os gametas resultantes formam embriões anormais, a maior parte dos quais morre. No entanto, alguns sobrevivem: por exemplo em humanos, a síndrome de Down é causada por uma cópia extra do cromossomo 21, resultante da não-disjunção durante a divisão I ou a divisão II da meiose. • A maioria de tais erros de segregação ocorre durante a meiose em fêmeas, e a taxa de erro aumenta à medida que a idade materna avança; • A frequência de falha de segregação em oócitos humanos é alta (cerca de 10% das meioses); • Acredita-se que esta seja a razão para a alta taxa de perdas por abortos espontâneos na fase inicial de gestação; O rearranjo genético é reforçado pela recombinação entre cromátides- homólogas não-irmãs • A menos que sejam gêmeos idênticos, que se desenvolvem a partir de um único zigoto, dois filhos dos mesmos pais jamais serão geneticamente iguais. Isto porque, muito antes dos dois gametas fundirem- se durante a fecundação, dois tipos de rearranjo genético ao acaso ocorreram durante a meiose; • Um tipo de rearranjo é consequência da distribuição aleatória dos homólogos maternos e paternos entre as células-filhas na divisão meiótica I, resultando que cada gameta receba uma mistura diferente de cromossomos maternos e paternos; • Porém, o número real de variantes é muito maior que este, porque um segundo tipo de rearranjo, chamado recombinação cromossômica (chromossomal crossing over), ocorre durante a meiose; • A recombinação cromossômica ocorre durante a longa prófase da divisão meiótica I (prófase I), na qual são trocadas partes dos cromossomos homólogos; 25/02/2014 11 • Em média, entre dois e três eventos de recombinação ocorrem em cada par de cromossomos humanos durante a divisão meiótica I; • Esse processo mistura a constituição genética de cada um dos cromossomos nos gametas; • Durante a recombinação cromossômica, a dupla hélice de DNA é quebrada tanto em uma cromátide materna como em uma cromátide paterna homóloga, de modo a trocar fragmentos entre as duas cromátides não- irmãs de forma recíproca; Cromátides irmãs Cromátides irmãs Cromátides não-irmãs Cromátides não-irmãs • As consequências de cada evento de recombinação podemser observadas ao microscópio nos últimos estágios de prófase I, quando os cromossomos nos bivalentes estão altamente condensados; • Neste estágio, as cromátides-irmãs estão fortemente justapostas ao longo de todo o seu comprimento, e os dois homólogos duplicados (materno e paterno) que formam cada bivalente são vistos conectados fisicamente em pontos específicos; • Cada conexão, chamada quiasma (plural quiasmata), corresponde a um local de recombinação entre cromátides não-irmãs; • Cada uma das duas cromátides de um cromossomo duplicado pode realizar recombinação com uma das cromátides do outro cromossomo no bivalente; • Neste estágio da meiose, cada par de homólogos duplicados é mantido unido pelo menos por um quiasma; • Muitos bivalentes contêm mais de um quiasma, indicando que múltiplas recombinações podem ocorrer entre homólogos; Os quiasmata têm um papel importante na segregação dos cromossomos durante a meiose • Além do rearranjo de genes, a recombinação cromossômica é essencial na maioria dos organismos para a segregação correta dos dois homólogos duplicados para diferentes núcleos-filho; • Isto porque os quiasmata criados pelos eventos de recombinação têm um papel crucial em manter os homólogos materno e paterno unidos até o fuso separá-los na anáfase I; • Antes da anáfase I, os dois polos do fuso arrastam os homólogos duplicados para direções opostas, e os quiasmata resistem a esta distensão; • Em organismos mutantes que têm uma frequência reduzida de recombinação cromossômica meiótica, alguns dos pares de cromossomos não têm quiasmata; • Esses pares deixam de segregar normalmente, e muitos dos gametas produzidos contém um número de cromossomos muito maior ou muito menor que o normal. 25/02/2014 12 Divisão celular • Mitose: multiplicação celular; • Meiose: formação de gametas; 2n n n n n 2n 2n 2n Mitose Meiose “O tempo passa, os acontecimentos mudam, os fatos se renovam, mas os momentos felizes que passamos em nossas vidas ficam em nossos corações como forma de saudade.” (autor desconhecido)
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