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Aula 12 Jurisprudências STF e STJ: Leis Penais, Direito Penal e Processo Penal p/ Carreiras Policiais Professores: Alexandre Herculano, Vinicius Silva Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 79 Aula 12 ± Crimes Contra a Dignidade Sexual. Lei nº 7.210/84 (Execução Penal) SUMÁRIO PÁGINA 1. Crimes Contra a Dignidade Sexual 1 2. Lei nº 7.210/84 (Execução Penal) 13 3. Questões propostas 48 4. Questões comentadas 58 5. Gabarito 79 Olá, meus caros amigos! Vamos encaminhando nosso curso para a conclusão, ou seja, hoje estamos chegando na aula de n°. 12, cumprindo nosso papel de passar para vocês os principais aspectos jurisprudenciais acerca do Direito Penal, Processual Penal e da Legislação Penal Extravagante para carreiras policiais. O tema da aula de hoje são os crimes contra a dignidade sexual, que sofreram uma importante reforma em 2009, onde o crime de estupro teve sua conduta típica ampliada para englobar agora o que antes era chamado de atentado violento ao pudor. Vamos estudar 6 julgados importantes para as provas de concursos, principalmente para carreiras policiais. 1. Crimes Contra a Dignidade Sexual Primeiramente, para vamos mais uma vez ambientar vocês aos crimes cuja jurisprudência será comentada aqui vamos verificar qual a lei seca correspondente. Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 79 ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 79 vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) Pena ± detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001) § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 79 anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Sedução Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 79 § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Corrupção de menores Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 79 libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexualde criança ou adolescente ou de vulnerável. (Redação dada pela Lei nº 12.978, de 2014) Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 79 I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Veja, pelo teor dos dispositivos que foram colacionados acima, que os chamados crimes sexuais sofreram uma enorme mudança em 2009, com a entrada em vigor da Lei n°. 12.015/09, que veio a modificar praticamente todos os dispositivos relativos aos aludidos crimes. Essa mudança deve ser levada sempre muito em consideração, haja vista a possibilidade de ser cobrada em concurso. As bancas examinadoras adoram questões relacionadas a novidades legislativas e mudanças de dispositivos legais. Vamos agora trabalhar alguns julgados relativos aos crimes acima. O primeiro tem o escopo de versar sobre a possiblidade de concurso do crime de estupro e do crime de atentado violento ao pudor, conduta incorporada ao tipo penal do estupro, a partir de 2009. O estupro (art. 213 do CP), de acordo com a nova lei 12.015/2009, é o chamado tipo penal misto alternativo. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 79 Portanto, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção carnal e outro ato libidinoso contra uma só vítima, pratica um só crime do art. 213 do CP. O atentado violento ao pudor agora é figura típica, no entanto trata- se de estupro, o que ocorreu foi a chamada continuidade normativo- típica, e não a abolitio criminis. Houve, então, apenas uma mudança no local onde o delito era previsto, mantendo-se, contudo, a previsão de que essa conduta se trata de crime. É possível aplicar retroativamente a lei 12.015/2009 para o agente que praticou estupro e atentado violento ao pudor, no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima, e que havia sido condenado pelos dois crimes (arts. 213 e 214) em concurso. De acordo com a jurisprudência do STJ, como a lei 12.015/2009 unificou os crimes de estupro e atentado violento ao pudor em um mesmo tipo penal, deve ser reconhecida a existência de crime único na conduta do agente, caso as condutas tenham sido praticadas contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático, devendo - se aplicar essa orientação aos delitos cometidos antes da vigência da lei n° 12.015/2009, em face do princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1262E5o/RS, Rei. Min. Regina Helena Costa, julgado em 05/08/2014. STJ. 6ª Turma. HC 212.305/DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Des.Conv. TJ/SE}, julgado em 24/04/2014 (lnfo 543). O segundo julgado é explorado em provas de forma muito frequente. Versa sobre o crime de estupro de vulnerável, que teve uma alteração substancial, pois deixaram de existir os crimes de (estupro com violência presumida por ser menor de 14 anos) e também o de (atentado violento ao pudor com violência presumida por ser menor de 14 anos). Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 79 A ideia aqui é saber o que seria essa violência presumida, ou seja, será se podemos afirmar que o ato sexual ou qualquer ato libidinoso praticado com menor de 14 anos pode ser interpretado como ato decorrente de violência, independentemente do consentimento da vítima para a prática do ato e da experiência que ela obteve de relações sexuais pretéritas. Se o agente pratica conjunção carnal ou atentado violento ao pudor com um adolescente de 13 anos, existe crime mesmo que a vítima consinta com o ato sexual? Mesmo que a vítima e o adulto estejam vivenciando um relacionamento amoroso? Mesmo que a vítima já tenha tido outras experiências sexuais? A resposta para as perguntas é afirmativa, vamos ver a tese que foi fixada pelo STJ em sede de recurso repetitivo. "Para a caracterização do crime de estupro de vulnerável previsto no art. 217-A, caput, do Código Penal, basta que o agente tenha conjunção carnal ou pratique qualquer ato libidinoso com pessoa menor de 14 anos. O consentimento da vítima, sua eventual experiência sexual anterior ou a existência de relacionamento amoroso entre o agente e a vítima não afastam a ocorrência do crime." STJ. 3ª Seção. REsp 1.480.881-PI, Rei. Min. Rogerio Schietti, julgado em 26/8/2015 (recurso repetitivo) (lnfo 568). De acordo com o STJ, analisando o julgado acima, podemos afirmar que a violência é presumida, ou seja, a conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso praticado com menor de 14 anos já configura violência presumida, por conta da idade reduzida da vítima e a sua incapacidade de decidir acerca da sua vida sexual. Presume-se que a vítima não tenha maturidade suficiente para consentir com o ato sexual, ainda que advenha de experiência anteriores. O nosso terceiro julgado é relativo à consumação do crime de atentado violento ao pudor ou de estupro, a depender da época em que foi cometido. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 79 ,PDJLQH�D�VLWXDomR�HP�TXH�³$´�OHYD�D�PHQRU�³%´��GH����DQRV��SDUD� o quarto e despiu-se e passou a mão no corpo da vítima, após deitou na cama, oportunidade em que a menor conseguiu fugir. O crime de estupro de vulnerável estaria consumado? A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que o crime se consumou. Para que o crime seja considerado consumado, não é indispensável que o ato libidinoso praticado seja invasivo (introdução do membro viril nas cavidades da vítima). Logo,toques íntimos podem servir para consumar o delito. STJ. 6ª Turma. REsp 1.309.394-RS, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, Julgado em 3/2/2015 (lnfo 555). Da mesma fora, o STJ entende que o crime se consuma apenas com o fato de o agente delituoso deitar-se na cama com o membro viril por cima da vítima. Se for o caso de a vítima ser menor de 14 anos, estaria consumado o crime de estupro de vulnerável. A consumação do delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal) dá-se não apenas quando há conjunção carnal, mas sim todas as vezes em que houver a prática de qualquer ato libidinoso com menor de 14 anos. No caso, o agente deitou-se por cima da vítima com o membro viril à mostra, após retirar-lhe as calças, o que, de per si, configura ato libidinoso para a consumação do delito de estupro de vulnerável. O STJ entende que é inadmissível que o Julgador, de forma manifestamente contrária à lei e utilizando-se dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, reconheça a forma tentada do delito, em razão da alegada menor gravidade da conduta. STJ. 6ª Turma. REsp 1.353.575- PR, Rei. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/12/2013 (lnfo 533). Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 79 Ou seja, ainda que se alegue a menor gravidade do delito, não é admissível levar esse fato em conta para reconhecer a forma tentada do delito. Vamos agora verificar um julgado que tem relação com o fato de termos a vítima menor de 14 anos, no entanto, sem a comprovação formal por meio da certidão de nascimento. Seria possível comprovar a menoridade e até mesmo para fins de vulnerabilidade (menor de 14 anos) através de outros meios? O STJ responde ao questionamento de forma afirmativa, ou seja, é possível a comprovação por outros meios. Vejamos. Nos crimes sexuais contra vulnerável, quando inexiste certidão de nascimento atestando ser a vítima menor de 14 anos na data do fato criminoso, o STJ tem admitido a verificação etária a partir de outros elementos de prova presentes nos autos. Em suma, a certidão de nascimento não é o único meio idôneo para se comprovar a idade da vítima, podendo o juiz valer-se de outros elementos. No caso concreto, mesmo não havendo certidão de nascimento da vítima, o STJ considerou que esta poderia ser provada por meio das informações presentes no laudo pericial, das declarações das testemunhas, da compleição física da vítima e das declarações do próprio acusado. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 12.700-AC, voto vencedor Rei. Min. Walter de Almeida Guilherme (Desembargador convocado do TJ/SP), Rei. para acórdão Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/3/2015 (lnfo 563). Aqui se trtata de um exemplo em que não vigora a regra da prova tarifada, em que uma prova tem mais valor que outra. Não é absoluta a forma de comprovação da menoridade da vítima. Nosso penúltimo julgado versa sobre um dispositivo legal previsto na Lei de Crimes Hediondos. Vejamos. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 79 Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal. A pergunta que se faz é se o dispositivo acima aplicar-se-ia ao novo tratamento que se deu aos crimes sexuais. A resposta foi dada pelo STJ em 2012. Na oportunidade o Tribunal da Cidadania proferiu decisão emq eu ficou firmardo o entendimento de que houve revogação tácita em relação à referida causa de aumento de pena. Vejamos. Com o advento da Lei n° 12.015/og, que deu novo tratamento aos denominados "Crimes contra a Dignidade Sexual", houve revogação tácita da causa de aumento prevista no art. 9°, da Lei n° 8.072/go (Lei de Crimes Hediondos). Assim, essa causa especial de aumento de pena prevista na lei de crimes hediondos, referente ao acréscimo de metade da pena, respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, foi revogada em relação ao crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). STJ. 6ª Turma. HC 107.949-SP, Rei. Min. Og Fernandes, julgado em 18/9/2012. Por fim, vamos a um crime cuja tipificação fica demonstrada de forma muito comum no cotidiano. Trata-se do crime de favorecimento da prostituição, tipificado no art. 318-B, do CP. Vejamos. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 79 O cliente que conscientemente se serve da prostituição de adolescente, com ele praticando conjunção carnal ou outro ato libidinoso, incorre no tipo previsto no inciso I do § 2° do art. 218-B do CP (favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável), ainda que a vítima seja atuante na prostituição e que a relação sexual tenha sido eventual, sem habitualidade. STJ. 6ª Turma. HC 288.374-AM, Rei. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 5/6/2014 (lnfo 543). Portanto, favorece a prostituição aquele que conscientemente pratica ato sexual com adolescente, ainda que de forma não habitual. 2. Lei nº 7.210/84 (Execução Penal) Da Execução das Penas em Espécie Dos Regimes Pessoal, quem estabelecerá o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade, será o Juiz, na sentença. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime. Vejamos duas questões de prova sobre o assunto: (CESPE ± SEJUS - ES) O regime inicial da execução da pena privativa Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 79 de liberdade é estabelecido na sentença de condenação, observadas a natureza e a quantidade da pena, bem como a reincidência e as circunstâncias judiciais da fixação da pena-base. (CESPE ± Juiz - SE) A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento previsto no Código Penal é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional. Gabarito: C, E. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressivacom a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor. Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas. Vocês precisam saber que o pagamento da multa não está previsto como um dos requisitos necessários para a progressão de regime. Apesar disso, o STF entendeu que esse pagamento poderá ser exigido porque a análise dos requisitos necessários para a progressão de regime não se restringe ao referido art. 112 da LEP. Em outras palavras, outros elementos podem, e devem, ser considerados pelo julgador na decisão quanto à progressão. Dessa forma, para o STF, o julgador, atento às finalidades da pena e de modo fundamentado, está autorizado a lançar mão de outros requisitos, não necessariamente enunciados no art. 112 da LEP, mas Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 79 extraídos do ordenamento jurídico, para avaliar a possibilidade de progressão no regime prisional, tendo como objetivo, sobretudo, o exame do merecimento do sentenciado. Vejamos uma questão de prova sobre o assunto: (CESPE ± Juiz - SE) Não se admite a progressão de regime de cumprimento de pena antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Gabarito: E. O ingresso do condenado em regime aberto supõe a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo Juiz. Entretanto, só poderá ingressar no regime aberto o condenado que: 9 estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente (condenado maior de 70 anos; condenado acometido de doença grave; condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental e condenada gestante. Essas pessoas poderão ser dispensadas do trabalho) 9 apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime. Vejamos duas questões de prova sobre o assunto: (CESPE ± SEJUS - ES) Para o ingresso do condenado no regime aberto, bastam a comprovação de aptidão física para o trabalho e a de oferta idônea de emprego ou a de condições para o trabalho autônomo. Beneficiários de regime aberto em residência particular. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 79 (CESPE_2008_SGA_ADV) A condenada gestante, desde que beneficiária do regime aberto, poderá se recolher em residência particular. Gabarito: C, E. O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes condições gerais e obrigatórias: 9 permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de folga; 9 sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados; 9 não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial; 9 comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas atividades, quando for determinado. O Juiz poderá modificar as condições estabelecidas, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da autoridade administrativa ou do condenado, desde que as circunstâncias assim o recomendem. Seguindo, a execução (art. 118) da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: 9 praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; 9 sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime de soma e unificação das penas. Para a regressão de regime, diante da prática de novo crime, nos termos do art. 118 da LEP, é dispensável a existência de sentença condenatória ou do trânsito em julgado, desde que essa regressão Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 79 seja em caráter cautelar. Para a regressão definitiva, é necessária a inequívoca comprovação de que o sentenciado praticou o delito. Das Autorizações de Saída Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi- aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento (concedida pelo diretor), mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos: 9 falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão; 9 necessidade de tratamento médico. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da saída. Vejamos uma questão de prova sobre o assunto: (CESPE ± SGA - ADV) Em caso de falecimento ou de doença grave de cônjuge do preso, deverá ser permitida a visita do preso a seu cônjuge, sob custódia. Gabarito: C. Saída temporária Saída temporária é uma autorização concedida pelo juiz da execução penal, aos condenados que cumprem pena em regime semiaberto por meio da qual ganham o direito de saírem temporariamente do estabelecimento prisional. Isso, sem vigilância direta, com o intuito de: 9 visitarem a família; Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 79 9 frequentarem curso supletivo profissionalizante, de ensino médio ou superior; ou 9 participarem de outras atividades que ajudem para o seu retorno ao convívio social. O juiz pode determinar que, durante a saída temporária, o condenado fique utilizando um equipamento de monitoração eletrônica (tornozeleira eletrônica). Os presos provisórios que já foram condenados (ainda sem trânsito em julgado) e estão cumprindo a pena no regime semiaberto podem ter direito ao benefício da saída temporária, desde que preencham os requisitos legais que veremos abaixo. O STJ já decidiu que o benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional. A autorização para saída temporária será concedida por ato motivado do Juiz da execução, devendo este ouvir antes o Ministério Público e a administração penitenciária que irão dizer se concordam ou não como o benefício. A concessão da saída temporária dependerá da satisfação dos seguintes requisitos (art. 123 da LEP): 9 comportamento adequado do reeducando; 9 cumprimentomínimo de 1/6 da pena (se for primário) e 1/4 (se reincidente). Deve-se lembrar que o apenado só terá direito à saída temporária se estiver no regime semiaberto. No entanto, a jurisprudência permite que, se ele começou a cumprir a pena no regime fechado e depois progrediu para o semiaberto, aproveite o tempo que esteve no regime Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 79 fechado para preencher esse requisito de 1/6 ou 1/4. Ou seja, ele não precisa ter 1/6 ou 1/4 da pena no regime semiaberto. Poderá se valer do tempo que cumpriu no regime fechado para preencher o requisito objetivo. Foi isso o que o STJ quis dizer ao editar a 6~PXOD�����³3DUD�REWHQomR�GRV�EHQHItFLRV�GH saída temporária e trabalho externo, considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime IHFKDGR�´ 9 compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. Cabe ressalta que o simples fato de o condenado que cumpria pena no regime fechado ter ido para o regime semiaberto não significa que, automaticamente, ele terá direito ao benefício da saída temporária. Isso porque o juiz deverá analisar se ele preenche os demais requisitos do art. 123 da LEP (STJ. 6ª Turma. RHC 49.812/BA, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 06/11/2014). Quantidade de saídas por ano e tempo de duração: 9 Cada preso terá o máximo de 5 saídas temporárias por ano (1 mais 4 renovações); 9 Cada saída temporária tem duração máxima de 7 dias. Em outras palavras, o preso receberá a autorização para ficar 7 dias fora do estabelecimento prisional; 9 Entre uma saída temporária e outra deve haver um intervalo mínimo de 45 dias. No caso da saída temporária para estudo, o prazo da saída temporária será igual ao necessário para as atividades discentes. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 79 Pessoal, o prazo máximo seria de 35 dias. Pois, o apenado tem direito a cinco saídas temporárias, cada uma de, no máximo, sete dias. Isso significa que, somando todas as cinco, ele terá direito a, no máximo, trinta e cinco dias de saída temporária por ano. É possível que o condenado tenha mais de sete saídas por ano, se fosse respeitado o prazo máximo de trinta e cinco dias por ano? O STJ entendeu que sim. Para o tribunal, podem ser concedidas mais que cinco saídas temporárias ao longo do ano, desde que seja respeitado o prazo máximo de 35 dias por ano. Por exemplo, o juiz pode autorizar que o condenado saia sete vezes por ano, desde que em cada uma dessas saídas ele só fique até cinco dias fora, com o objetivo de não extrapolar o limite anual de 35 dias por ano. Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições: 9 o condenado deverá fornecer o endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; 9 o condenado deverá se comprometer à ficar recolhido na residência visitada, no período noturno; 9 o condenado não poderá frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres. Além dessas, o juiz pode fixar outras condições que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado. Nesse caso, chamamos de condições judiciais (ou facultativas). Outro detalhe é o seguinte, o benefício da saída temporária será automaticamente revogado quando o condenado: 9 praticar fato definido como crime doloso (não se exige condenação; basta a notícia); Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 79 9 for punido por falta grave (aqui se exige que o condenado tenha recebido punição disciplinar); 9 desatender as condições impostas na autorização; ou 9 revelar baixo grau de aproveitamento do curso. A recuperação do direito à saída temporária dependerá da absolvição no processo penal, do cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do condenado. Da Remição O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir (possível nas hipóteses de prisão cautelar), por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. Sendo que a contagem do tempo será feita à razão de: 9 1 dia de pena a cada 12 horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 dias; 9 1 dia de pena a cada 3 dias de trabalho. As atividades de estudo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados. Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem. Cabe ressaltar que o preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 79 A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos. Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias remidos. Vejamos uma questão de prova sobre o assunto: (CESPE ± SEJUS - ES) É assegurado ao preso, em regime fechado ou semi-aberto, o desconto do tempo da pena privativa de liberdade pelo trabalho, na proporção de três dias trabalhados por um dia de pena, sendo tal benefício chamado remição. (CESPE ± SGA ± Agente Penitenciário) O preso impossibilitado de prosseguir no trabalho, por acidente, continuará a beneficiar-se com a remição. (CESPE - Defensor Público - CE) Bernardo, condenado definitivamente pela prática de crimes de furto simples em continuidade delitiva a uma pena de quatro anos e oito meses de reclusão em regime semi-aberto, além da pena de multa, vinha desenvolvendo trabalho interno na penitenciária, o que possibilitaria a remição de parte do tempo de execução da pena. No entanto, sofreu acidente de trabalho, ficando impossibilitado de prosseguir exercendo a atividade laborativa. Nessa situação, Bernardo continuará a se beneficiar com a remição. (CERTO) Gabarito: C, C, C. O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - AlexandreHerculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 79 durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação. O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. Segundo o STJ, reconhecida falta grave, a perda de até 1/3 do tempo remido (art. 127 da LEP) pode alcançar dias de trabalho (ou de estudo) anteriores à infração disciplinar e que ainda não tenham sido declarados pelo juízo da execução no cômputo da remição. Por outro lado, a perda dos dias remidos não pode alcançar os dias trabalhados (ou de estudo) após o cometimento da falta grave. A autoridade administrativa encaminhará mensalmente (muito cuidado com este prazo) ao juízo da execução cópia do registro de todos os condenados que estejam trabalhando ou estudando, com informação dos dias de trabalho ou das horas de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um deles. O condenado autorizado a estudar fora do estabelecimento penal deverá comprovar mensalmente, por meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento escolar. Constitui o crime de falsidade ideológica declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim de instruir pedido de remição. Do Livramento Condicional O livramento condicional poderá ser concedido pelo Juiz da execução, presentes os requisitos no Código Penal, ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 79 Requisitos do livramento condicional Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) Mas o que seria o livramento condicional? Livramento condicional é um benefício da execução penal concedido ao condenado preso, consistindo no direito de ele ficar em liberdade, cumprindo algumas condições, isso, desde que preencha os requisitos previstos na lei. Concedido o benefício, será expedida a carta de livramento com a cópia integral da sentença em duas vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da execução e outra ao Conselho Penitenciário. Para que o condenado tenha direito ao livramento condicional, deverá atender aos seguintes requisitos (objetivos subjetivos): Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 79 Objetivos O condenado deve ter: 9 sido sentenciado a uma pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos; 9 reparado o dano causado com o crime, salvo se for impossível fazê-lo; 9 cumprido parte da pena, quantidade que irá variar conforme ele seja reincidente ou não: x Condenado não reincidente em crime doloso e com bons antecedentes: basta cumprir mais de 1/3 (um terço) da pena. É chamado de livramento condicional simples; x Condenado reincidente em crime doloso: deve cumprir mais de 1/2 (metade) da pena para ter direito ao benefício. É o livramento condicional qualificado; x Condenado por crime hediondo ou equiparado, se não for reincidente específico em crimes dessa natureza: deve cumprir mais de 2/3 (dois terços) da pena. É o livramento condicional específico; x Condenado por crime hediondo ou equiparado, se for reincidente específico em crimes dessa natureza: não terá direito a livramento condicional. Subjetivos O condenado deve ter: 9 Bom comportamento carcerário, a ser comprovado pelo diretor da unidade prisional; 9 Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 79 9 Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; 9 Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. A prática de crime no curso do livramento condicional não pode ser considerada como falta grave e não gera, por isso, a perda de 1/3 dos dias remidos (art. 127 da LEP). O cometimento de novo delito durante a vigência do livramento condicional já traz graves consequências que são previstas no art. 88 do Código Penal. Esse dispositivo não menciona a perda dos dias remidos. Desse modo, não há a possibilidade de imposição de faltas disciplinares ao beneficiado com o livramento condicional. STJ. 6a Turma. HC 271.907-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/3/2014. Seguindo, caso seja permitido ao liberado residir fora da comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da sentença do livramento ao Juízo (onde liberado será advertido da obrigação de apresentar-se imediatamente) do lugar para onde ele se houver transferido e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção. Reformada a sentença denegatória do livramento, os autos baixarão ao Juízo da execução, para as providências cabíveis. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente no dia marcado pelo Presidente do Conselho Penitenciário, no Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano eVinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 79 estabelecimento onde está sendo cumprida a pena, observando-se o seguinte: 9 a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais condenados, pelo Presidente do Conselho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz; 9 a autoridade administrativa chamará a atenção do liberando para as condições impostas na sentença de livramento; 9 o liberando declarará se aceita as condições. Tudo será lavrado em livro próprio e remetido cópia desse termo ao Juiz da execução. Revogação Se o condenado que recebeu o livramento condicional envolver-se em determinadas situações, ele terá o seu benefício revogado. O art. 86, o CP traz duas hipóteses que geram a revogação obrigatória do benefício. Já o art. 87, por sua vez, são previstos casos em que essa revogação é facultativa, uma vez que, mesmo ocorrendo, o juiz pode decidir manter o livramento. Revogação obrigatória (art. 86) Revoga-se obrigatoriamente o livramento se o indivíduo liberado for novamente condenado definitivamente a uma pena privativa de liberdade: 1. por crime cometido durante a vigência do benefício Consequências da revogação (art. 88 do CP). Consequências da revogação: Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 79 x O tempo em que ele esteve solto não será computado como pena cumprida; x Não poderá ser concedido novo livramento condicional em relação à mesma pena pela qual ele já havia recebido o benefício; x Não se pode somar o restante da pena do primeiro delito com a do segundo para fins de concessão de novo livramento condicional. 2. por crime cometido antes da vigência do benefício e desde que, somando as duas penas, não seja possível manter o benefício. Consequências da revogação: x O tempo em que ele esteve solto será computado para abater sua pena; x Poderá ser concedido novo livramento condicional, desde que o condenado cumpra os requisitos objetivos e subjetivos; x É possível somar o restante da pena do primeiro delito com a do segundo para fins de concessão de novo livramento condicional. Revogação facultativa (art. 87) Existem também duas hipóteses de revogação facultativa: 1. Se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença; 2. Se o liberado for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 79 Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento, computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento. A revogação será decretada a requerimento do Ministério Público, mediante representação do Conselho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final. O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público ou mediante representação do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação. Da Monitoração Eletrônica Primeira coisa que o aluno deve saber é que o juiz poderá definir, durante a execução da pena, a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando: 9 autorizar a saída temporária no regime semiaberto; 9 determinar a prisão domiciliar. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 79 O condenado que estiver sendo monitorado, será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o equipamento eletrônico e dos seguintes deveres: 9 receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações; 9 abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça. A violação comprovada dos deveres acima poderá acarretar, a critério do juiz da execução (e não do diretor) ouvidos o Ministério Público e a defesa: 9 a regressão do regime; 9 a revogação da autorização de saída temporária; 9 a revogação da prisão domiciliar. A monitoração eletrônica poderá ser revogada: 9 quando se tornar desnecessária ou inadequada; 9 se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta grave. Vejamos uma possível questão de prova sobre o assunto: (Inédita - 2016 - Agente Penitenciário) Julgue os itens abaixo, com base na Lei de Execução Penal. O juiz poderá definir, durante a execução da pena, a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando autorizar a saída temporária. Poderá ser aplicada advertência por escrito caso o juiz da execução na aplique uma das medidas. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 79 Gabarito: C. Das Penas Restritivas de Direitos Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares. Segundo a norma, em qualquer fase da execução, poderá o Juiz, motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das penas de prestação de serviços à comunidade e de limitação de fim de semana, ajustando-as às condições pessoais do condenado e às características do estabelecimento, da entidade ou do programa comunitário ou estatal. Da Prestação de Serviços à Comunidade Caberá ao Juiz da execução: 9 designar a entidade ou programa comunitário ou estatal, devidamente credenciado ou convencionado, junto ao qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente, deacordo com as suas aptidões; 9 determinar a intimação do condenado, cientificando-o da entidade, dias e horário em que deverá cumprir a pena; 9 alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às modificações ocorridas na jornada de trabalho. O trabalho terá a duração de 8 horas semanais e será realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em dias úteis, de modo a não Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 79 prejudicar a jornada normal de trabalho, nos horários estabelecidos pelo Juiz. A execução terá início a partir da data do primeiro comparecimento. O Código Penal, em seu art. 46 § 3º , diz que será uma hora de trabalho por um dia de condenação, sendo que como a semana só tem 7 dias, a LEP está em contradição. Prevalece o Código Penal, visto que é mais coerente, além de ser alteração por lei mais nova (9.714/98): "§ 3º As tarefas a que se refere o § 1o serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho". Seguindo,a entidade beneficiada com a prestação de serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução, relatório circunstanciado das atividades do condenado, bem como, a qualquer tempo, comunicação sobre ausência ou falta disciplinar. Da Limitação de Fim de Semana Caberá ao Juiz da execução determinar a intimação do condenado, cientificando-o: 9 do local; 9 dias e horário em que deverá cumprir a pena. A execução terá início a partir da data do primeiro comparecimento. Segundo a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 2006), nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 79 O estabelecimento designado encaminhará, mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem assim comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar do condenado. Da Interdição Temporária de Direitos Caberá ao Juiz da execução comunicar à autoridade competente a pena aplicada, determinada a intimação do condenado. Caso seja pena de interdição de proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo, a autoridade deverá, em 24 horas, contadas do recebimento do ofício, baixar ato, a partir do qual a execução terá seu início. E no caso de proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; e suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo, o Juízo da execução determinará a apreensão dos documentos, que autorizam o exercício do direito interditado. Pessoal, cabe lembra que as penas de interdição estão elencadas no art. 47 do CP. Vejamos todas: "Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) IV ± proibição de frequentar determinados lugares. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 79 V - proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos. (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)" A autoridade deverá comunicar imediatamente ao Juiz da execução o descumprimento da pena. Essa comunicação poderá ser feita por qualquer prejudicado. Da Suspensão Condicional Pessoal aqui, trata-se um instituto despenalizador oferecido pelo Ministério Público ou querelante ao acusado que tenha sido denunciado por crime cuja pena mínima seja igual ou inferior a 1 ano e que não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, desde que presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena. A suspensão condicional do processo está prevista no art. 89 da Lei nº 9.099/95. No entanto, cabe ressaltar que não se aplica apenas aos processos do juizado especial (infrações de menor potencial ofensivo), mas sim em todos aqueles cuja pena mínima seja igual ou inferior a 1 ano, podendo, portanto, a pena máxima ser superior a 2 anos. Caso o acusado aceite a proposta, o processo ficará suspenso pelo prazo de 2 a 4 anos (período de prova), desde que ele aceite cumprir determinadas condições impostas pela lei e outras que podem ser fixadas pelo juízo. Falando de período de prova, é importante saber que este é o prazo no qual o processo ficará suspenso, devendo o acusado cumprir as condições impostas neste lapso temporal. O período de prova é estabelecido na proposta de suspensão e varia de 2 até 4 anos. O acusado que aceitar a proposta de suspensão condicional do processo deverá se submeter às condições impostas pela lei e a outras que podem ser fixadas pelo juízo. São elas: 9 reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 79 9 proibição de frequentar determinados lugares; 9 proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; 9 comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades; 9 não ser processado por outro crime ou contravenção. Se descumpridas as condições impostas durante o período de prova da suspensão condicional do processo, o benefício poderá ser revogado, mesmo se já ultrapassado o prazo legal, desde que referente a fato ocorrido durante sua vigência. STJ. 3ª Seção. REsp 1.498.034-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 25/11/2015 (recurso repetitivo) (Info 574). O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena privativa de liberdade, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue. Mas se concedida a suspensão, o Juiz especificará as condições a que fica sujeito o condenado, pelo prazo fixado. O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício,a requerimento do Ministério Público ou mediante proposta do Conselho Penitenciário, modificar as condições e regras estabelecidas na sentença, ouvido o condenado. A fiscalização do cumprimento das condições, reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal por normas supletivas, será atribuída a serviço social penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de serviços, inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério Público, ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por ato, a falta das normas supletivas. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 79 O beneficiário, ao comparecer periodicamente à entidade fiscalizadora, para comprovar a observância das condições a que está sujeito, comunicará, também, a sua ocupação e os salários ou proventos de que vive. A entidade fiscalizadora deverá comunicar imediatamente ao órgão de inspeção, para os fins legais, qualquer fato capaz de acarretar a revogação do benefício, a prorrogação do prazo ou a modificação das condições. Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora do local da nova residência, aos quais o primeiro deverá apresentar-se imediatamente. O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da execução a incumbência de estabelecer as condições do benefício, e, em qualquer caso, a de realizar a audiência admonitória. Pessoal, transitada em julgado a sentença condenatória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, advertindo-o das consequências de nova infração penal e do descumprimento das condições impostas. Caso seja intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 dias, o réu não comparecer injustificadamente à *audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será executada imediatamente a pena. *Audiência admonitória é aquela em que os magistrados estabelecem condições para o cumprimento do regime aberto, as quais, se desobedecidas, podem provocar a regressão de regime. Estarão presentes o magistrado, o representante do ministério público, o condenado e seu advogado. As condições são dadas ou anunciadas ao condenado e ao advogado (a esta audiência ambos deverão estar presentes). Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 79 O juiz poderá determinar que o acusado cumpra prestação pecuniária ou prestação de serviços à comunidade? Sim! Segundo o STJ, é cabível a imposição de prestação de serviços à comunidade ou de prestação pecuniária como condição especial para a concessão do benefício da suspensão condicional do processo, desde que estas se mostrem adequadas ao caso concreto, observando-se os princípios da adequação e da proporcionalidade. Da Pena de Multa Uma vez extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do condenado para, no prazo de 10 dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora. Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou o depósito da respectiva importância, proceder-se-á à penhora de tantos bens quantos bastem para garantir a execução. A nomeação de bens à penhora e a posterior execução seguirão o que dispuser a lei processual civil. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos apartados serão remetidos ao Juízo Cível para prosseguimento. A execução da pena de multa será suspensa quando sobrevier ao condenado doença mental. O Juiz poderá determinar que a cobrança da multa seja efetuada mediante desconto no vencimento ou salário do condenado (desde Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 79 de que aplicada isoladamente; ou aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos) observando-se o seguinte: 9 o limite máximo do desconto mensal será o da quarta parte da remuneração e o mínimo o de um décimo; 9 o desconto será feito mediante ordem do Juiz a quem de direito; 9 o responsável pelo desconto será intimado a recolher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a importância determinada. Nos casos em que haja condenação a pena privativa de liberdade e multa, cumprida a primeira (ou a restritiva de direitos que eventualmente a tenha substituído), o inadimplemento da sanção pecuniária não obsta o reconhecimento da extinção da punibilidade. Em outras palavras, o que importa para a extinção da punibilidade é o cumprimento da pena privativa de liberdade ou da restritiva de direitos. Cumpridas tais sanções, o fato de o apenado ainda não ter pago a multa não interfere na extinção da punibilidade. Isso porque a pena de multa é considerada dívida de valor e, portanto, possui caráter extrapenal, de modo que sua execução é de competência exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. Assim, cumprida a pena privativa de liberdade (ou restritiva de direitos), extingue-se a execução penal e se restar ainda pendente o pagamento da multa, esta deverá ser cobrada pela Fazenda Pública, no juízo competente, tendo se esgotado, no entanto, a jurisdição criminal. STJ. 3ª Seção. REsp 1.519.777-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/8/2015 (recurso repetitivo) (Info 568). Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 79 Da Execução das Medidas de Segurança Antes de qualquer coisa, é preciso saber que a Súmula 527 do STJ, menciona que o tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado. Pessoal, transitada em julgado a sentença que aplicar medida de segurança, será ordenada a expedição de guia para a execução. Ninguém será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamento ambulatorial, para cumprimento de medida de segurança, sem essa guia, ok? A guia de internamento ou de tratamento ambulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a subscreverá com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida da execução e conterá: 9 a qualificação do agente e o número do registro geral do órgão oficial de identificação; 9 o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do trânsito em julgado; 9 a data em que terminará o prazo mínimo de internação, ou do tratamento ambulatorial; 9 outras peças do processo reputadas indispensáveisao adequado tratamento ou internamento. Ao Ministério Público será dada ciência da guia de recolhimento e de sujeição a tratamento. A guia será retificada sempre que sobrevier modificações quanto ao prazo de execução. Da Cessação da Periculosidade Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 79 A cessação da periculosidade será averiguada no fim do prazo mínimo de duração da medida de segurança, pelo exame das condições pessoais do agente, observando-se o seguinte: 9 a autoridade administrativa, até 1 mês antes de expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá ao Juiz minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a revogação ou permanência da medida; 9 o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico; 9 juntado aos autos o relatório ou realizadas as diligências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério Público e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) dias para cada um; 9 o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente que não o tiver; 9 o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, poderá determinar novas diligências, ainda que expirado o prazo de duração mínima da medida de segurança; 9 ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo mínimo de duração da medida de segurança, poderá o Juiz da execução, diante de requerimento fundamentado do Ministério Público ou do interessado, seu procurador ou defensor, ordenar o exame para que se verifique a cessação da periculosidade, procedendo-se nos termos do artigo anterior. Nos exames sucessivos para verificar-se a cessação da periculosidade, observar-se-á, no que lhes for aplicável, o disposto no artigo anterior. Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 79 Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá ordem para a desinternação ou a liberação. Dos Incidentes de Execução A pena privativa de liberdade, não superior a 2 anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos, desde que: 9 o condenado a esteja cumprindo em regime aberto; 9 tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto) da pena; 9 os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão recomendável. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses do Código Penal (interdição temporária de direitos, prestação de serviço a comunidade e limitação de fim de semana). Sendo que a pena de prestação de serviços à comunidade será convertida quando o condenado: 9 não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por edital; 9 não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar serviço; 9 recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto; 9 praticar falta grave; 9 sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa. A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não comparecer ao estabelecimento designado para o Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 79 cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz ou se ocorrer de estar em lugar incerto, falta grave e sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa. Já a pena de interdição temporária de direitos será convertida quando o condenado exercer, injustificadamente, o direito interditado ou se ocorrer de estar em lugar incerto e sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em internação se o agente revelar incompatibilidade com a medida. Nesta hipótese, o prazo mínimo de internação será de 1 (um) ano. Do Excesso ou Desvio Haverá excesso ou desvio de execução sempre que algum ato for praticado além dos limites fixados na sentença, em normas legais ou regulamentares. Podem suscitar o incidente de excesso ou desvio de execução: 9 o Ministério Público; 9 o Conselho Penitenciário; 9 o sentenciado; 9 qualquer dos demais órgãos da execução penal. Da Anistia e do Indulto Pessoal, qual é a natureza jurídica da anistia e do indulto? Jurisprudências (STF e STJ) ʹ L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais. Teoria e Exercícios Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva ʹ Aula 12 Profs. Herculano e Vinícius www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 79 São formas de renúncia do Estado ao seu direito de punir. Classificam-se como causas de extinção da punibilidade. A anistia é concedida pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional). O indulto são concedidos pelo Presidente da República, podendo essa atribuição ser delegada ao Procurador Geral da República, ao Advogado Geral da União ou a Ministros de Estado. Vale ressaltar, no entanto, que a anistia ou indulto, mesmo após serem concedidos, precisam ainda de uma decisão judicial que declare, formalmente, que houve a extinção da punibilidade. O Poder Judiciário irá analisar se aquele condenado preenche os requisitos exigidos para receber o indulto. Vejamos, segundo a doutrina, um quadro comparativo estes dois institutos: Anistia Indulto É um benefício concedido pelo Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República (art. 48, VIII, &)����� SRU�PHLR� GR�TXDO� VH� ³SHUGRD´� a prática de um fato criminoso. Normalmente incide sobre crimes políticos, mas também pode abranger outras espécies de delito. Concedidos por Decreto do Presidente da República. Apagam o efeito executório da condenação. A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s): �3URFXUDGRU�*HUDO�GD�5Hpública �$GYRJDGR�*HUDO�GD�8QLmR �0LQLVWURV�GH�(VWDGR É concedida por meio de uma lei federal ordinária. Concedidos por meio de um Decreto. Pode ser concedida: � DQWHV� GR� WUkQVLWR� HP� MXOJDGR� (anistia própria) � GHSRLV� GR� WUkQVLWR� HP� MXOJDGR� (anistia imprópria) Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só podem ser concedidos após o trânsito em julgado da condenação. Esse entendimento, no entanto,
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