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A prática profissional

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A prática profissional (PSI) na saúde pública
O tempo longo da história é o espaço de construção social dos conteúdos que formam os discursos de uma dada conjuntura, mas continuam como possibilidades de sentido em outra época histórica. Como sugerem Spink e Medrado, ao conjunto dos conhecimentos produzidos ao longo da história e reinterpretados por diferentes domínios do saber: religião, ciência, conhecimentos e tradições do senso comum. Essas produções cumulativas vão sempre resignificar no tempo vivido.
No caso da psicologia, esse tempo vivido nos leva a pensar a formação e a prática tanto na perspectiva das tradições teóricas, como naquela das pressões conjunturais por novas formas de atuação, se o que nos mobiliza é a introdução compatíveis com os princípios do SUS, torna-se necessário romper com aquilo que foi historicamente constituído.
A hibricação entre psicologia e saúde pública tem por base as formas especificas que essas instituições, procedimentos, cálculos e tática em seu movimento histórico assumirem no âmbito da sociedade disciplinar quando o que se estava em pauta era a gestão da vida diante das ameaças da progressiva urbanização e das precárias condições sanitárias e laborais.
Segundo reflexões delineadas, as estratégias disciplinares assumiram dupla face. A primeira desenvolvida a partir do século XVII centrou no corpo máquina constituindo os dispositivos disciplinares. A outra desenvolvida por volta do Século XVIII, centrou-se no corpo espécies englobou técnicas de governo das populações.
O poder disciplinar tinha por objetivo o controle dos corpos, tornando-os dóceis e fortalecidos para o trabalho produtivo.
O principal mecanismo nesse tipo de gestão por meio de sistemas classificatórias era a norma. É neste contexto que se desenvolve uma das mais poderosas ferramentas da psicologia; o teste psicológico.
Já os biopoderes voltam-se ao governo do corpo/ espécie e tem por objetivo a segurança, estratégia de governo que implica o aperfeiçoamento da coleta e o uso da informação. É importante, nesta perspectiva os riscos a saúde e seus correlatos.
No final do século XIX passam a ser adotadas outras estratégias que igualmente tem um cálculo do risco por base e que serão aperfeiçoadas no decorrer do século XX. A definição de perfis de risco, desenvolvidas com base na definição de grupos de risco para fins de intervenção preventiva.
Mais recentemente, a era da genética trouxe novas mudanças de foco nas estratégias regulatória que irão levar a substituição do discurso sobre grupos de risco pelo desuscetibilidade genética.
Como a psicologia é uma arena de diversidade, em cada um desses contextos há inserções singulares de prática PSI. Consequentemente haverá heterogeneidade, também no que diz respeito aos repertórios historicamente instituídos a respeito do que vem a ser a prática PSI diretamente voltada a saúde pública.
A atenção a saúde pública leva tempo para se organizar. A organização estatal de serviços de saúde no Brasil trata da seguridade social para trabalhadores de setores organizados.
Em termos de organização dos serviços de saúde, especialmente na década de 70, observamos também uma recuperação da saúde pública, incorporando em seu campo de práticas medidas de atenção individualizada.
No final da década de 1970, esse modelo já mostrava sua inadequação em relação á realidade sanitária do país. Em 1975, buscando dar maior racionalidade aos serviços de saúde, foi promulgada a lei de 6.229, que criou o sistema nacional de saúde; em 1983/1984 foi formulado o projeto da AÇÕES INTEGRADAS DE SAÚDE que adotou os princípios de universalização, descentralização e integração dos serviços de saúde. Em 1986 foi realizada a oitava conferência nacional de saúde envolvendo profissionais da saúde, intelectuais, centrais de trabalhadores, movimentos populares e partidos políticos.
A constituição de 1988, reconhece a saúde como direito de todas as pessoas e dever do Estado. Promove a perspectiva de organização descentralizada. O texto constitucional referenda os princípios básicos do SUS: universalidade, gratuidade, integralidade e organização descentralizada.
Essa longa trajetória coincide com as transformações ocorridas na economia mundiais que levaram do capitalismo clássico ao neoliberal.
Na década de 1990 o debate sobre saúde volta mais especificamente a promoção, com a expansão progressiva dos componentes da saúde que para além dos aspectos biológicos do adoecimento e das ações voltadas a prevenção, cura e recuperação.
Nesse enquadre abrem-se novas perspectivas para a pesquisa e intervenção de caráter psicossocial que tem por fundamento conceitos como risco, vulnerabilidade, construção de sentidos; por foco á violência e a exclusão social e como prática o uso de estratégias diversificadas definidas em diálogo com a população atendida e com os demais profissionais da saúde.
O primeiro desafio que se impõe, não só para os psicólogos, mas para todos os trabalhadores da saúde e a sociedade brasileira, é a consolidação do SUS, que após mais de quinze anos de sua implantação o SUS ainda sofre com problemas como acesso, financiamento, descentralização, participação popular etc.
Para pensar a possibilidade de formação e atuação profissional a partir do SUS é fundamental reafirmar seus princípios.
O segundo desfio identificado para a psicologia no SUS: é a noção do indivíduo. A prática privada dos psicólogos e sua identificação histórica com o modelo médico/normativo, formaram a identidade cultural do psicólogo. 
Muitos psicólogos têm construído uma inserção nas unidades de saúde, muitas vezes sem realizar articulações com os princípios e diretrizes do SUS. Humanizar, no sentido proposto pelo ministério da saúde, é mais que reorganizar os espaços sanitários; é reorganizar os processos de trabalho, formar e qualificar trabalhadores, garantir os direitos e a cidadania dos usuários por meio do controlo e da participação popular, é instituir práticas fundadas na integralidade.

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