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1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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DIREITO ADMINISTRATIVO
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ATUALIZADO EM 14/05/2017[1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ]
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
	Antes de iniciarmos e aprofundarmos os estudos acerca do direito administrativo, é imperioso rememorar alguns conceitos básicos.
a) Direito – é conjunto de normas impostas coativamente pelo Estado e que disciplinam a vida em sociedade, determinam as regras de conduta social e busca a coexistência pacífica dos indivíduos em sociedade. 
Direito posto – é o direito vigente em dado momento social. Aplicado em determinado contexto, momento histórico;
Direito interno – relações dentro do território nacional (Direito Administrativo);
Direito internacional- se preocupa com as relações externas;
Direito Público – se preocupa com a atuação do Estado na satisfação do interesse público (Direito Administrativo);
Direito Privado – relações particulares e interesses também particulares. 
#PERGUNTADEPROVA: Norma de direito público é sinônimo de norma de ordem pública? NÃO! Norma de ordem pública é aquela norma inafastável, imodificável pelas partes. Ex.: dever de pagar imposto de renda, normas de capacidade civil, impedimento para casamento. Há regras de ordem pública no Direito Público e no Direito Privado. O conceito de ordem pública é mais amplo que direito público. Já o Direito Público se preocupa com a atuação do Estado na satisfação do interesse público.
b) Direito Administrativo – há uma variação imensa de teorias nos manuais. Os autores não se resolvem quanto ao objeto e a área de atuação da disciplina. Não se pode utilizar a doutrina estrangeira de forma acrítica, pelas peculiaridades do Direito Administrativo no Brasil. A concepção no Brasil é diferente da maioria dos países. Vejamos as escolas:
Escola legalista ou exegética: o D.A. só se preocupa com o estudo de leis. Não há a preocupação com princípios, jurisprudências, etc. Essa ideia não prosperou. Se for olhar para a disciplina hoje se estuda mais princípios que leis. O correto é o estudo dos princípios e das leis.
Escola do serviço público: o D.A. estuda o serviço público. Naquela época o serviço público abrangia toda a ação do Estado. Tudo estava dentro do conceito de serviço público. Se tudo que o Estado faz é DA, nós eliminamos os demais ramos. Direito Tributário, Financeiro, por exemplo. Daí a crítica à referida escola, pois é um conceito amplo demais, que invade outras áreas, por isso ele não prosperou. Não foi acolhida pelo ordenamento
Critério do Poder Executivo – O D.A. estuda a atuação do Poder Executivo. A crítica está na restrição do objeto, pois os demais poderes também praticam atos administrativos, que são objeto do estudo do D.A. O que se estuda é a atividade administrativa, seja ela de qualquer poder. Também não prevaleceu no Brasil.
Critério Teleológico – é um conjunto harmônico de princípios. Um sistema de princípios jurídico que estuda a atuação administrativa do Estado. É aceita pelo doutrinador Oswaldo Aranha Bandeira de Mello. Apesar de aceito foi dito insuficiente, necessitando de complementação.
Critério negativo ou residual – o D.A. é definido como aquilo que não é julgar ou legislar. O conceito é formado por exclusão. Exclui-se a atividade legislativa e jurisdicional. Não é suficiente. O critério residual foi aceito pelo Brasil, mas também foi dito como insuficiente. 
Critério de distinção da atividade jurídica e social do Estado. O D.A. não se preocupa com o Estado Social: bolsa família, a política pública/social. Depois de implementado sim, as repercussões jurídicas. Insuficiente.
Critério da Administração Pública: somam-se todas as ideias. Hely Lopes Meirelles. D.A. é um conjunto harmônico de princípios e regras, isto é, o próprio Regime Jurídico Administrativo, que irá reger órgãos, entidades, agentes públicos no exercício da atividade administrativa, tendentes a realizar de forma direta, concreta e imediata os fins desejados pelo Estado. Esses fins do Estado são determinados pelo Direito Constitucional. O DA apenas busca realizar esses objetivos. De forma direta – aquela atividade do Estado que independe de provocação, excluindo assim a função jurisdicional do Estado, que depende de provocação, em razão da sua inércia. De forma concreta – produz efeitos concretos. Destinatário determinado com efeitos concretos. Desapropriar imóvel do José, nomear Maria, excluindo assim a atividade legislativa, por ser abstrata. De forma imediata – se preocupa com a atividade jurídica do Estado, excluindo a mediata que se preocupa com a atividade social. 
2. FONTES
A doutrina costuma apontar a existência de cinco fontes principais deste ramo do Direito, quais sejam, a lei, a jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais e os costumes.
a) Lei: qualquer espécie normativa. Sentido amplo;
b) Doutrina; 
c) Jurisprudência – julgamentos reiterados no mesmo sentido. Súmula é a consolidação da Jurisprudência. Súmula não vinculante – sinalizar o posicionamento;
d) Costumes – prática habitual, acreditando ser ela obrigatória. O costume não cria nem exime obrigação;
	Costume Social
	Costume Administrativo
	De acordo com Matheus Carvalho, “os costumes sociais se apresentam como um conjunto de regras não escritas, que são, todavia, observadas de modo uniforme por determinada sociedade, que as considera obrigatórias. Ainda considera-se fonte relevante do Direito Administrativo, tendo em vista a deficiência legislativa na matéria”.
	Na dicção de Matheus Carvalho: “o costume administrativo é caracterizado como prática reiteradamente observada pelos agentes administrativos diante de determinada situação concreta. A prática comum na Administração Pública é admitida em casos de lacuna normativa e funciona como fonte secundária de Direito Administrativo, podendo gerar direitos para os administrados, em razão dos princípios da lealdade, boa-fé, moralidade administrativa, entre outros”.
e) Princípios Gerais do Direito – estão na base da disciplina/ alicerce. Exs.: Ninguém pode causar dano a outrem. É vedado o enriquecimento ilícito. Ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.
3 - SISTEMAS DE CONTROLE
	Podemos identificar a existência de dois sistemas: o francês e o inglês.
a) Sistema contencioso administrativo (francês) - Sistema de dualidade de jurisdição.
A Administração tem o controle pela Administração. Excepcionalmente, o Judiciário poderá interferir: poder geral de cautela/ repressão penal/ propriedade privada (rol exemplificativo). É formado por tribunais de natureza administrativa.
b) Sistema de jurisdição única (inglês)
Aqui há possibilidade de controle pelo Poder Judiciário. De acordo com Matheus Carvalho, “a adoção do sistema de jurisdição única não implica a vedação à existência de solução de litígios na esfera administrativa. Ao contrário, a Administração Pública tem poder para efetivar a revisão acerca dos seus atos, independentemente de provocação de qualquer interessado. Ocorre que a decisão administrativa não impede que a matéria seja levada à apreciação do Poder Judiciário”. 
#PERGUNTADEPROVA: O Brasil adere qual sistema? O Brasil acolheu o sistema de jurisdição única. Nós tivemos um momento em que se tentou introduzir o sistema do contencioso administrativo com a EC 7/77, mas não saiu do papel. Desde a origem, o Brasil adota a jurisdição única. Nós não devemos pensarna criação de um sistema misto, já que os dois sistemas, em verdade, são mistos, incluindo o controle pela Administração e pelo Judiciário, o que os diferencia é a predominância de controle. 
4 - ADMINISTRAÇÃO/ESTADO/GOVERNO
4.1. Estado: Vem de status, que significa estar firme. É a pessoa jurídica de direito público. Tem personalidade jurídica. Pode ser sujeito de Direito.
Teoria da Dupla Personalidade: dizia que o Estado ora aparecia como pessoa pública, ora aparecia como pessoa privada. Se o Estado estivesse atuando nas atividades públicas, ele seria pessoa pública. Se estivesse atuando nas atividades privadas, seria pessoa privada. Essa Teoria não existe mais. Não importa em que atividade ele está, ele sempre será pessoa pública. 
O que significa Estado de Direito? É o Estado politicamente e juridicamente organizado que obedece às suas próprias leis. O Brasil é um Estado de Direito, em que pesem algumas desobediências. O Estado cria as leis e se submete a elas. 
O Estado tem os seus elementos: povo (componente humano do Estado), território (base física), governo soberano (comando, direção do povo).
#CUIDADO #PEGADINHA: A responsabilidade civil da Administração está no art. 37 §6º da CF: FALSO. A responsabilidade é do Estado. 
4.1.2 Funções do Estado: típicas e atípicas
a) Poder Legislativo: 
Típica: (legislar, fiscalizar): Legislar é inovar o ordenamento jurídico, de forma abstrata e geral.
Atípica: outras atividades, como, por exemplo, julgar o Presidente por crime de responsabilidade, realizar licitação (atividade administrativa).
b) Poder Judiciário: 
Típica: solução de lides, aplicando coativamente a lei aos litigantes. Aplicar lei não produz inovação à ordem jurídica. É uma atuação concreta, em regra, e indireta, dependente de provocação. Outra característica é a intangibilidade jurídica, isto é, imutabilidade.
Atípica: Natureza Legislativa quando elabora regimento interno de seus tribunais (art. 96, I, "a") e natureza executiva quando administra, v.g., ao conceder licenças e férias aos magistrados e serventuários (art. 96, I, "f")
c) Poder Executivo: 
Típica (executar o ordenamento jurídico vigente): não inova, concreta, direta e revisível pelo Poder Judiciário. Não produz intangibilidade jurídica para o Judiciário. Faz coisa julgada administrativa, isto é, a impossibilidade de mudança na via administrativa.
Atípica: legislativa (editar medidas provisórias).
Obs.: Há algumas funções que não se encaixam em nenhuma das três funções citadas. Celso Antônio fala em uma quarta função: Função de Governo ou Função Política, que surge de certos atos que não se alocavam satisfatoriamente nas três funções clássicas do Estado. Não se confundem com o simples administrar, que se restringe à gestão rotineira, habitual. 
Exemplos de função política é a sanção e o veto, a declaração de guerra e paz, decretação de Estado de Defesa e Sítio e calamidade pública. São questões de gestão superior no Estado de Direito. Atuação de ampla discricionariedade e responsabilidade.
4.2. Governo: Comando; direção. Para que o nosso Estado seja independente, o Governo tem de ser soberano. Governo soberano é aquele que possui independência na ordem internacional e supremacia na ordem interna. 
4.3. Administração Pública: Todo o aparelhamento do Estado. A máquina estatal. Ela pode ser analisada sob dois enfoques diferentes:
Sentido formal/orgânico/subjetivo: A máquina administrativa, órgãos, agentes e bens. A própria estrutura estatal, independentemente do Poder. 
Sentido material/objetivo: As atividades administrativas executadas pelo Estado. Em minúsculo.
	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
Não se aplica.
	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: Juspovidm, 2015.
FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2014.

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