Resenha livro Cas Mudde Populismo: Uma brevíssima introdução

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RESENHA
Populismo: definições, consequências, e exemplos na política atual
MUDDE, C.; KALTWASSER, C. R. Populismo: Uma Brevíssima Introdução. Tradução de Maria de Fátima Carmo. 1. ed. Lisboa: Gradiva, 2017. 
Regiane Matos Alves Ribeiro[1: Acadêmica do curso de História pela Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí ]
Raimundo Agnelo Soares Pessoa**[2: ** Professor orientador da disciplina de História da América IV da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí]
Quem procurar à respeito do Populismo, pode se envolver com o livro escrito por ninguém menos que os dois maiores especialistas mundiais no assunto. Cas Mudde é um politólogo Holandês, atualmente é professor associado na University Of Georgia, suas áreas de interesse estão ligadas a extremismo e democracia, política europeia, eurocepticismo, partidos políticos, democracia liberal entre outras. Cristobal Rovira Kaltwasser é professor associado na Escola de Ciências Políticas da Universidade Diego Portales no Chile, suas principais áreas de interesse estão voltadas para a política comparativa e na relação ambivalente entre populismo e democracia. 
O livro Populismo: uma brevíssima introdução, com 160 páginas, está disposto em 6 capítulos. No decorrer desses capítulos, os autores propõem desvendar o fenômeno do populismo e destacar a sua importância na política atual, buscam criar uma melhor definição de populismo trazendo uma definição de agentes populistas e não populistas. Apesar de muito se falar sobre populismo, poucos falam com precisão o que ele realmente é. 
No primeiro capítulo, o livro apresenta diversas definições de populismo, principalmente na Europa e América Latina, e destaca que apesar da discordância entre os estudiosos sobre a essência do populismo, todos concordam que todas as formas de populismo são de alguma forma um apelo ao “povo” e uma denúncia à “elite”. Ainda nesse capítulo, os autores dão uma definição de populismo, descrita por eles como “uma ideologia de baixa densidade que considera que a sociedade está, em última instância, dividida em dois campos homogêneos e antagônicos – “o povo puro” versus “a elite corrupta” – e que defende que a política deveria ser uma expressão da volonté générale do provo”. Dessa forma, o populismo está ligado a três conceitos nucleares: o povo, a elite e a vontade geral. 
O segundo capítulo apresenta como é o populismo no mundo, apesar de ser mais vigente na Europa e nas Américas, ele se apresenta como um fenômeno político bastante heterogêneo. É importante destacar que como uma ideologia de baixa densidade, o populismo está sempre ligado a outras ideologias, chamadas de “ideologias hospedeiras”. A partir da América do Norte, América Latina e Europa, nesse capítulo os autores passam pelos principais agentes populistas dos últimos 150 anos. O capítulo se finda apresentando vários agentes populistas recentes e que não são dessas áreas tradicionais. 
No terceiro capítulo, os autores retratam os diferentes tipos de mobilizações populistas, procurando entender o porquê de algumas darem mais certo que outras. Destacam que o populismo está sempre ligado a um líder masculino, onde seu carisma é imprescindível para a construção da sua base de apoio. O populismo está ligado a diferentes tipos de mobilizações, destacando três tipos principais: liderança personalista, movimento social e partido político. 
O líder populista é sublinhado no quarto capítulo dessa obra, e uma das características determinantes do populismo é a figura de um líder forte e carismático, capaz de mobilizar massas, representar o povo comum, e ser a voz desse povo. Normalmente o líder populista é tido como revolucionário, que aparece em um momento de crise, onde o povo busca por refúgio e propõe soluções milagrosas. Frequentemente usam linguagem simples, que combinam com seu modo de se vestir e agir, um exemplo de homem comum. Nesse capítulo os autores também expõem outros tipos de líderes populistas, como mulheres, empresários e líderes étnicos. 
O capítulo cinco abre a discussão acerca do populismo e democracia, apesar de diversos autores falarem sobre o tema de forma diversa, os autores expõem que o populismo pode ser uma ameaça ou um corretivo à democracia. Para fazer o leitor entender essa complexa relação, os autores começam pela definição de democracia, e como a mesma é afetada pelo populismo. Posteriormente apresentam o impacto que o populismo tem em diferentes regimes políticos, o que consente fazer uma distinção dos principais efeitos do populismo nos processos de democratização e “des”democratização. 
O último capítulo da obra aponta os sucessos e fracassos das forças populistas, considerando a procura e a oferta da política populista. Os autores concordam que para entender o surgimento desse fenômeno, é imprescindível levar em conta o contexto socioeconômico e sociopolítico que podem facilitar ou dificultar a procura e a oferta do populismo. Outra questão proposta nesse mesmo capítulo é em relação a reação ao aparecimento do populismo. O livro termina com propostas de como consolidar os efeitos positivos e como debilitar os efeitos negativos do populismo em uma democracia (liberal). 
Populismo é um termo demasiadamente utilizado, em razão disso, o livro expõe uma interpretação específica de populismo, além de apresentar diversas definições de outros autores. Sua estrutura objetiva fornecer para o leitor uma definição clara de populismo e apresentar as figuras políticas referidas como populistas em diversas regiões do mundo. O populismo é colocado nesse livro no contexto da democracia liberal, onde os autores consideram estar mais ligado. Os autores visam analisar as causas e consequências do populismo, que ressurge no século XXI, com força total, sendo considerado um perigo às democracias. 
Por se tratar de uma brevíssima introdução, como está explícito em sua capa, o livro cumpre bem o papel de realmente introduzir o assunto de forma clara e simples, se tornando um livro acessível para os interessados pelo assunto e não só para os acadêmicos.