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343 UNIDADE 11 - METODOLOGIA DE INTERVENÇÃO ERGONOMIZADORA1 Introdução 1A expressão “intervenção ergonomizadora” deriva do verbo “ergonomizar”, um neologismo cujo sentido é “aplicar conhecimentos da ergonomia a alguma coisa ou situação”. Segundo a professora Anamaria de Moraes (co-autora deste volume), na maior parte dos casos a intervenção ergonomizadora é exercida em circunstâncias que não podem ser consideradas como ergonômicas para o pesquisador. Na unidade anterior aprendemos a utilizar técnicas e ferramentas para uma intervenção ergonomizadora. Nesta unidade estudaremos uma metodologia de análise ergonomizadora de um posto de trabalho. A metodologia em estudo será a Metodologia Ergonômica de Abordagem do Sistema-Humano-Tarefa-Máquina (SHTM), estudada na Unidade 4, composta de cinco grandes etapas: 1. Apreciação ergonômica; 2. Diagnose ergonômica; 3. Projetação ergonômica; 4. Avaliação, validação e / ou testes ergonômicos; 5. Detalhamento ergonômico e otimização. 344 Metodologia é o ramo da ciência que estuda os métodos, técnicas e ferramentas. Métodos, por sua vez, são procedimentos lógicos para se alcançar um objetivo determinado. São procedimentos suficientemente gerais para possibilitar o desenvolvimento de uma investigação científica. Técnicas são conjuntos de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou arte, além de ser a habilidade para usar, na prática, os preceitos ou normas (baseado em MARCONI, 1999). 11.1 Etapas da Abordagem Sistêmica do SHTM Apreciação ergonômicaApreciação ergonômicaApreciação ergonômicaApreciação ergonômicaApreciação ergonômica A apreciação ergonômica é uma fase exploratória que compreende o mapeamento dos problemas ergonômicos da empresa. Consiste na sistematização do sistema humano-tarefa-máquina e na delimitação dos problemas ergonômicos-posturais, informacionais, acionais, cognitivos, comunicacionais, interacionais, deslocacionais, movimentacionais, operacionais, espaciais, físico-ambientais. São efetuadas, no local de trabalho, observações e entrevistas com supervisores e trabalhadores. Realizam-se registros fotográficos e em vídeo. Esta etapa termina com o parecer ergonômico, que compreende a apresentação ilustrada dos problemas, a modelagem e as disfunções do sistema humano-tarefa-máquina. Esta etapa é concluída com: • A hierarquização dos problemas, a partir dos custos humanos do trabalho, segundo a gravidade e a urgência; • A priorização dos postos a serem diagnosticados e modificados; • Sugestões preliminares de melhoria; • Predições relativas a prováveis causas do problema a ser enfocado na diagnose. 345 Diagnose ergonômicaDiagnose ergonômicaDiagnose ergonômicaDiagnose ergonômicaDiagnose ergonômica A diagnose ergonômica permite aprofundar os problemas priorizados e testar predições. De acordo com o recorte da pesquisa ou conforme a explicitação da demanda pelo decisor, faz-se a análise macroergonômica e/ou a análise da tarefa dos sistemas humano-tarefa-máquina. Consideram-se a ambiência tecnológica, o ambiente físico e o ambiente organizacional da tarefa. Esta fase é o momento das observações sistemáticas das atividades da tarefa, dos registros de comportamento, em situação real de trabalho. Realizam-se gravações em vídeo, entrevistas estruturadas, verbalizações e aplicam-se questionários e escalas de avaliação. Registram-se fre-qüências, seqüências e/ou duração de posturas assumidas, tomada de informações, acionamentos, comunicações e/ou deslocamentos. Os níveis, amplitude e profundidade dos levantamentos de dados e das análises dependem das prioridades definidas, dos prazos disponíveis e dos recursos orçamentários. Esta etapa se encerra com o diagnóstico ergonômico que compreende a confirmação ou a refutação de predições e/ou hipóteses. Esta etapa é concluída com: • um quadro da revisão da literatura; • recomendações ergonômicas em termos de ambiente, arranjo e conformação de postos de trabalho seus subsistemas e componentes, programação da tarefa - enriquecimento, pausas, etc. PPPPProjetação ergonômicarojetação ergonômicarojetação ergonômicarojetação ergonômicarojetação ergonômica A projetação ergonômica trata de adaptar as estações de trabalho, equipamentos e ferramentas às características físicas, psíquicas e cognitivas do usuário (ou operador, consumidor, manutenidor, instrutor, trabalhador). Compreende o detalhamento do arranjo e da conformação das interfaces, dos subsistemas e componentes instrumentais, informacionais, acionais, comunicacionais, interacionais, instrucionais, movimentacionais, espaciais e físico-ambientais. 346 Esta etapa finaliza com: • o projeto ergonômico: conceito do projeto, sua configuração, conformação, perfil e dimensionamento, considerando espaços, estações de trabalho, subsistemas de transporte e de manipulação, telas e ambientes. • propostas para mudanças na organização do trabalho e operacionalização da tarefa. Avaliação, validação eAvaliação, validação eAvaliação, validação eAvaliação, validação eAvaliação, validação e/ou testes ergonômicosou testes ergonômicosou testes ergonômicosou testes ergonômicosou testes ergonômicos A avaliação, validação e/ou testes ergonômicos tratam de retornar aos usuários/ trabalhadores (operadores, consumidores, manutenidores, instrutores) os argumentos, propostas e alternativas projetuais. Compreende simulações e avaliações através de modelos de testes. As técnicas de conclave objetivam conseguir participação dos usuários/trabalhadores nas decisões relativas as soluções a serem implementadas, detalhadas e implantadas. Para fundamentar as escolhas, realizam-se, também, testes e experimentos com variáveis controladas. Detalhamento ergonômico e otimizaçãoDetalhamento ergonômico e otimizaçãoDetalhamento ergonômico e otimizaçãoDetalhamento ergonômico e otimizaçãoDetalhamento ergonômico e otimização O detalhamento e a otimização ergonômica compreendem a revisão do projeto, após a sua avaliação pelo contratante e validação pelos operadores, conforme as opções do decisor, segundo as restrições de custo, as prioridades tecnológicas da empresa solicitante, a capacidade instalada do implementador e as soluções técnicas disponíveis. Termina com as especificações ergonômicas para os subsistemas e componentes interfaciais, instrumentais, informacionais, acionais, comunicacionais, interacionais, instrucionais, movimentacionais, espaciais e físico-ambientais. A proposta de uma intervenção ergonomizadora pode compreender: · apreciação ergonômica · apreciação + diagnose ergonômica · apreciação + diagnose + projetação ergonômica · apreciação + diagnose + projetação ergonômica + a avaliação. 347 Em geral, a demanda de uma intervenção ergonomizadora implica, simultaneamente, conhecer o modo de atuação do ergonomista. Conseqüentemente, a maioria das empresas prefere começar pela apreciação. O conhecimento do conteúdo do trabalho da apreciação ergonômica determina uma nova demanda. Esta pode compreender o diagnóstico ou o diagnóstico , acrescido da projetação ergonômica. As etapas e fases da intervenção ergonomizadora são: I Etapa de apreciação ergonômica das disfunções do SHTM. II Etapa de diagnose ergonômica das disfunções do SHTM. III Fase de avaliação ergonômica das disfunções do SHTM. IV Etapa de projetação ergonômica do SHTM. V Etapa de avaliação ergonômica. VI Etapa de detalhamento ergonômico dos subsistemas do SHTM. A Figura 11.1, a seguir, apresenta as etapas e fases da intervenção ergonomizadora. 348 Figura 11.1 - Fluxograma da interação e sub-fases de cada uma das etapas da Metodologia de Abordagem Sistêmica do SHTM. 349 A seguir examinaremos, em forma de roteiro, as fases da Metodologia de Abordagem Sistêmica do SHTM. Para tornar mais didática a apresentação da metodologia, utilizaremos como exemplo uma situaçãoreal: um posto de trabalho de costureira, numa indústria têxtil. A demanda do trabalho que servirá como exemplo surgiu a partir da inspeção, autuação e solicitação da Delegacia Regional do Trabalho numa indústria de confecções no Estado de Pernambuco. A empresa possuía 1050 costureiras, com idade de 20 a 50 anos, jornada diária de oito horas com intervalo de 30 minutos para refeição. O motivo da intervenção foi a alta incidência de LER/DORT, que afastou um grande número de trabalhadoras. Com este exemplo priorizamos um trabalho predominantemente sentado, bastante comum em diversas situações. O trabalho sentado é parte da Norma Regulamentadora 17 (NR-7), que se refere a Ergonomia. A tarefa de costura é, por si só, de natureza bastante monótona e composta de diversas atividades repetitivas. Por razões éticas, omitimos o nome da empresa objeto da intervenção. Cabe ressaltar que esta empresa que demandou a intervenção ergonomizadora estava sob fiscalização da Delegacia Regional do Trabalho, órgão do Ministério do Trabalho e Emprego. Observe que em toda a fase de modelagem do sistema, utilizamos os conceitos apresentados na Unidade 4 (Sistema Humano-Tarefa-Máquina). O exemplo apresentado se inicia com o reconhecimento do problema e a apresentação do sistema alvo. Parte-se para a Apreciação Ergonômica do Sistema Humano-Tarefa-Máquina (SHTM), com a Sistematização do SHTM e a Problematização do SHTM. Encerra-se a Apreciação Ergonômica com o Parecer Ergonômico sobre o SHTM. Segue-se com o Referencial Teórico sobre trabalho em posição sentada, posição de pé e de pé/sentada. Continua-se com a explicitação dos Métodos e Técnicas, enfatizando-se a análise de posturas. 350 Chega-se à Diagnose Ergonômica com a Organização do Trabalho e a Análise da Tarefa e, também, com as Recomendações Ergonômicas. Termina-se com a Projetação Ergonômica que compreende a conceituação do projeto e o Pré-Projeto Ergonômico. 11.2 Apreciação Ergonômica Nesta fase inicial, exploratória, obtêm-se todas as informações necessárias para a análise, diagnóstico e projeto ergonômico. Neste momento serão realizadas modelagens do sistema no qual estará incluído o posto de trabalho objeto da intervenção. Serão feitas observações assistemáticas no local de trabalho, registros fotográficos e em vídeo. Descreveremos, nos itens subseqüentes, as etapas de uma apreciação ergonômica. Incluiremos o exemplo do posto de trabalho da costureira quando houver necessidade de melhor ilustrar o que se apresenta. 11.2.1 Identificação da Unidade Produtiva (UP) Nesta fase deve-se construir: a) Um Quadro de IdentificaçãoQuadro de IdentificaçãoQuadro de IdentificaçãoQuadro de IdentificaçãoQuadro de Identificação da Unidade Produtiva, com o nome da empresa, ano de fundação, objeto social da empresa, linha de produto, tipo de produção, público alvo, relações institucionais.etc. b) Um Organograma funcionalOrganograma funcionalOrganograma funcionalOrganograma funcionalOrganograma funcional, especificando a hierarquia dos departamentos da Unidade Produtiva, a fim de se identificar onde se encontra o sistema-alvo, objeto da intervenção ergonomizadora. 351 11.2.2 Descrição da Região e da Unidade Produtiva a) Localização da Unidade Ilustração através de mapas e fotos da localização da UP: • Posição geográfica • Ruas e vias de acesso • Meios de transporte disponíveis • Área de fábrica • Terrenos vizinhos. Edificação da Unidade Produtiva: • Ocupação do terreno • Número e utilização de prédios • Aspectos da edificação quanto aos materiais utilizados para as instalações e a conservação • Fluxo de entrada e saída de pessoas, materiais e veículos. b) Quadro de Avaliação do Ambiente Físico-Químico Descrição dos aspectos físico-químico nos diversos setores da Unidade Produtiva (tais dados devem ser analisados a partir do PPRA e outros documentos da empresa). • Aeração, ventilação, umidade, temperatura, iluminação natural e artificial, ruído e vibração, higiene e limpeza. • Proteção Coletiva e individual • Radiação, ruído, vibração, temperatura, ecologia. 352 A Tabela 11.1 apresenta exemplos de riscos no posto de trabalho de costureiras. 353 11.2.3 Evidenciação do Processo Produtivo a) Organografia das seções da fábrica (Figura 11.1 – Exemplo para o setor de costura). • Organografia das diversas seções da fábrica de acordo com as suas inter- relações. Fiigura 11.1 - Organografia das seções da fábrica. b) Quadro de Arrolamento das Matérias Primas. • Descrição das matérias-primas utilizadas, sua identificação e quantidade. c) Quadro de Arrolamento das Máquinas, Equipamentos e Processos (Tabela 11.2 - Exemplo para o setor de costura). Máquinas e equipamentos • Descrição das máquinas, equipamentos e processos. Origem, idade, distribuição por setores, dispositivos de proteção, conservação. 354 Tabela 11.2 - Quadro de Arrolamento das Máquinas, Equipamentos e Processos Processos e Métodos • Origem, riscos, características, etapas. • Procedimentos operacionais, estruturação das equipes. d) Mapofluxograma • Mapofluxograma de movimentação dos materiais (armazenamento e movimentação de materiais a partir do arranjo físico da planta instalada). Sugere- se o uso de cores para ilustrar a movimentação dos diferentes materiais. Para os casos nos quais existem uma grande quantidade de materiais, sugere-se o seu agrupamento por família ou afinidades. • Planta instalada. • Máquinas e materiais existentes. • Segurança das vias e da operação. 355 A Figura 11.2 apresenta o exemplo de um mapofluxograma para os postos de trabalho de costureiras. Observe o uso de códigos de cores para evidenciar o movimento da matéria prima até se transformar em produto manufaturado. Figura 11.2 – Mapofluxograma evidenciando o processo produtivo do setor de costura. 356 e) Quadro de Planejamento, Programação e Controle da Produção. • Atribuições, capacidade de decisão, caracterização da equipe. • Controle de estoques, tempos, prazos, produtos acabados, etc. • Identificação de métodos, dimensionamento de equipes, definição de estratégias de produção. • Controles de qualidade (inspeção, classificação, testes de conformidade). f) Quadros de Produtos, refugos e resíduos. • Produtos acabados (quantidades, armazenagem e distribuição, distribuição e transporte). g) Refugos e resíduos. • Quantidades. • Armazenagem e expedição. • Reciclagem, tratamento. • Despejo, eliminação. 11.2.4 Descrição e Caracterização da Mão-de-obra a) Caracterização da mão-de-obra. • Nível de instrução (na administração e na produção). • Sindicalização. • Qualidade e condições de vida (família, habitação, transporte, alimentação, lazer) • Controles (entrada e saída: livro, ponto, vigia, revista, movimentação interna, emissão e transmissão de ordens). • Vínculo empregatício (com a empresa, com empreiteiras, autonomia, prestação de serviços). • Seleção e treinamento (políticas e critérios, tipos de treinamentos, rotinas de admissão, rotinas de desligamento). • Rotatividade e absenteísmo (estatísticas, penalização e premiação). • Assistência social e serviço médico (benefícios: oferta de transporte, moradia, alojamento, alimentação; instalações sanitárias, vestiários, copa, refeitório; creche). • Atendimento (serviço médico-odontológico). 357 b) Higiene e segurança do trabalho. • Acidentes de trabalho (número, freqüência, gravidade, tempo de afastamento). • Doenças profissionais (número, freqüência, gravidade, tempo de afastamento). • CIPAS, campanhas (composição, instalações, equipamentos, atuação / intervenção / decisão). • Setor de Segurança do Trabalho (composição, instalações, equipamentos, atuação / intervenção / decisão). • Setor de Segurança Patrimonial (composição, instalações, equipamentos, atuação / intervenção/ decisão). Até agora, na Primeira Etapa da fase de “Apreciação ergonômica”, responsável por situar a empresa na qual a análise ergonômica será realizada, você: (i) identificou a unidade produtiva que está analisando; (ii) descreveu a sua localização; (iii) analisou o processo produtivo através de um organograma das diversas seções da fábrica; da descrição das matérias primas utilizadas, às máquinas, equipamentos e processo de produção; (iv) apresentou o fluxograma da movimentação dos materiais a partir do layout do setor de produção (mapofluxograma); (v) elaborou dois quadros: um com o planejamento, programação e controle de produção; outro com os produtos acabados, refugos e resíduos. Agora partiremos para as etapas de sistematização e problematização da “Apreciação ergonômica”. 358 11.2.5 Sistematização do Sistema Humano-Tarefa-Máquina Trata-se de apresentar o sistema humano-tarefa-máquina a partir de modelos que caracterizem a posição serial do sistema, a sua ordenação hierárquica, expansão e modelagem comunicacional. a) Identificação do sistema-alvo. Identifica-se o sistema-alvo que será objeto da intervenção ergonomizadora. No estudo de caso, o sistema-alvo da intervenção - posto de trabalho da costureira – estava distribuído em 49 células, cada qual com nove a onze funcionárias, funcionando em três turnos de trabalho: o primeiro e o segundo com quinhentas costureiras e o terceiro com cinqüenta. b) Caracterização e posição serial do sistema. O objetivo da caracterização e posição serial do sistema é apresentar uma modelagem visando uma melhor compreensão das relações do sistema-alvo com os elementos que o caracteriza. Para isto é definido: • a sua meta/missãometa/missãometa/missãometa/missãometa/missão (para que serve?); • os requisitos/atributosrequisitos/atributosrequisitos/atributosrequisitos/atributosrequisitos/atributos limitadores e dos atributos associados (o que deve ter e/ou dever ser o sistema?) que propiciam atingir a meta; • o ambiente ambiente ambiente ambiente ambiente do sistema, que está “fora” do sistema-alvo e que explicita fronteiras, influencia e impõe limites do sistema-alvo; • as restrições restrições restrições restrições restrições (coações fixas) que estão no ambiente do sistema e obstaculizam a implementação dos requisitos; • as entradasentradasentradasentradasentradas que determinam as ações do sistema e que serão processadas para gerar as saídassaídassaídassaídassaídas; • os resultados despropositadosresultados despropositadosresultados despropositadosresultados despropositadosresultados despropositados que explicitam falhas ou desvios do sistema: acidentes, produtos defeituosos, refugos, poluição. A Figura 11.3 apresenta a caracterização e a posição serial de um sistema qualquer. A Figura 11.4 representa o posto de trabalha da costureira. Neste caso, o modelo apresenta a posição serial do sistema, no qual o sistema-alvo (posto de trabalho 359 da costureira) recebe entradas de um sistema que lhe é anterior (o Precon) e, por sua vez, produz saídas para um sistema que lhe é posterior (engradados, caixas de papelão, estoque). As entradas são processadas pelo processo característico do sistema-alvo (no caso, a costura). Figura 11.3 – Caracterização e a posição serial de um sistema qualquer. 360 Figura 11.4 – Caracterização e posição serial do posto de trabalho da costureira. 361 c) Ordenação hierárquica do sistema. Objetiva posicionar o sistema-alvo de acordo com a sua continência ou inclusão dentro de sistemas hierarquicamente superiores. Também explicita os sistemas contidos no sistema-alvo. Tem-se, portanto, a partir do sistema alvo, níveis hierárquicos superiores que são o supra sistema e o supra-supra-sistema, até o ecossistema, e níveis hierárquicos inferiores constituídos de subsistemas e sub- subsistemas e sub-sub-subsistemas (Figuras 11.5 e 11.6). Figura 11.5 – Ordenação hierárquica do sistema para o posto de trabalho de um sistema qualquer. 362 Figura 11.6 – Ordenação hierárquica do sistema para o posto de trabalho da costureira. 363 d) Expansão do sistema. Uma das principais noções que a abordagem sistêmica propõe é a de expansionismo dos sistemas. Todo sistema apresenta outros sistemas paralelos a ele próprio e recebe como entrada produtos provenientes de sistema serial que o antecede e produz saídas que o sucede. Existem ainda os sistemas redundantes que replicam o sistema alvo. Tem-se, portanto, uma ordem hierárquica e uma posição em série. A Figura 11.7 representa a expansão do sistema para um posto de trabalho qualquer; a Figura 11.8 representa o mesmo conceito para o posto de trabalho da costureira. Figura 11.7 – Expansão do sistema para um posto de trabalho qualquer. 364 Figura 11.8 – Expansão do sistema para um posto de trabalho das costureiras. e) Modelagem comunicacional do sistema. O modelo apresentado abaixo lida basicamente com a transmissão da informação. Compreende os subsistemas humanos de tomada de informação/percepção (sentidos humanos envolvidos); os subsistemas humanos de resposta/regulação (ações realizadas, deslocamentos, posturas); os subsistemas da máquina que fornecem informações para serem processadas pelo ser humano; os subsistemas da máquina que recebem ações do operador. 365 A Figura 11.9 representa a modelagem comunicacional para um posto de trabalho qualquer, esta figura representa o posto de trabalho da costureira. 366 Figura 11.10 – Modelagem comunicacional do sistema para o posto de trabalho da costureira. f) Fluxograma funcional-ação-decisão. O fluxograma ação-funcional decisão apresenta as seqüências das funções/operações - em série, simultâneas, alternativas – e as decisões implicadas. Na Figura 11.11 vê- se o fluxograma funcional ação-decisão para um posto de trabalho qualquer no qual se encontram representadas diversas situações que envolvem a ação-decisão. O posto de trabalho da costureira está representado na Figura 11.12. 367 Figura 11.11- Fluxograma funcional ação-decisão para um posto de trabalho qualquer. 368 Figura 11.12 – Fluxograma funcional ação-decisão para o posto de trabalho da costureira. 369 g) Tabela de função informação-ação. Esta técnica aperfeiçoa cada função ou ação do diagrama de fluxo funcional pela identificação da informação que é requerida para que cada ação ou decisão ocorra. Esta análise é geralmente complementada com fontes de dados, problemas potenciais, incidência de fatores associados à indução ao erro ou acidente em cada função ou ação (CHAPANIS, 1996). O procedimento para a construção da tabela de função-informação-ação é o seguinte: cada função ou ação identificada no diagrama funcional é estudada pelo pesquisador, que se utiliza de seus conhecimentos e de todas as informações disponíveis para identificar e descrever os requisitos de informação, as fontes de informação, problemas potenciais, fatores de indução ao erro e qualquer outro comentário relevante, assim como as ações e os objetos das ações. Como resultado, tem-se uma lista detalhada de requisitos de informação e de ação para interfaces operador-sistema, que pode prever a necessidade de requisitos de suporte, problemas potenciais, e prováveis soluções. A análise pode produzir sugestões para a melhoria do design de hardware, software e procedimentos. Para melhor compreensão, observe a Tabela 9.1, na Unidade anterior, como exemplo de uma tabela de função-informação-ação, com uma função muito familiar a todos, a preparação para encher um tanque de combustível. Você está na segunda etapa da fase de “Apreciação ergonômica”, - Sistematizaçãodo Sistema Humano-Tarefa-Máquina – cujo objetivo é realizar uma modelagem do sistema objeto de sua investigação. Em função disto você: (i) identificou o sistema-alvo que será analisado; (ii) apresentou as relações do sistema-alvo com os elementos que o caracteriza (meta, requisitos, atributos, ambiente, restrições, entradas, saídas e resultados despropositados); 370 (iii) posicionou o sistema-alvo dentro de sistemas hierarquicamente superiores; (iv) apresentou a expansão do sistema-alvo com os sistemas seriais, paralelos e redundantes que o compõem; (v) representou a modelagem comunicacional do seu sistema-alvo identificando fontes de informação, canais de transmissão, sistemas humanos e respostas humanas envolvidas, canais de acionamento e comandos ativados da máquina; (vi) apresentou um fluxograma funcional ação-decisão com as seqüências de funções/operações e as decisões implicadas; (vii) montou uma tabela de função informação-ação na qual são detalhados os requisitos de informação e ação para a interface operador-sistema. 11.2.6 Problematização do Sistema Humano-Tarefa-Máquina Da definição do problema depende toda a seqüência de passos que deverão ser seguidos na Apreciação Ergonômica. A maneira pela qual se concebe o problema é que possibilita decidir o que se deve considerar ou desprezar, quais os elementos a selecionar ou rejeitar. Nesta fase procura-se levantar a maior quantidade possível de informação, de forma a permitir: • uma definição clara e objetiva do problema (reconhecimento); • uma análise do meio ambiente e delimitação da área de atuação. a) Reconhecimento do problema.a) Reconhecimento do problema.a) Reconhecimento do problema.a) Reconhecimento do problema.a) Reconhecimento do problema. Esta fase corresponde à identificação dos aspectos mais graves e flagrantes da situação problemática que, numa primeira observação ou ao primeiro contato com a realidade “saltam aos olhos”. 371 No nosso estudo de caso, nos postos de trabalho das costureiras apresentam-se à primeira vista problemas nos níveis de: • PPPPPostura ostura ostura ostura ostura (p. ex. localização de componentes fora da área de acionamento, ângulo do tronco que caracterizam esforço muscular). • DimensionamentoDimensionamentoDimensionamentoDimensionamentoDimensionamento (p. ex. mobiliários e equipamentos que desconsideram os usuários extremos da população). • AcionamentoAcionamentoAcionamentoAcionamentoAcionamento (p. ex. falta de segurança no acionamento de comandos que podem provocar cortes ou perfurações). • OperacionalizaçãoOperacionalizaçãoOperacionalizaçãoOperacionalizaçãoOperacionalização (p. ex. ritmo intenso e repetitividade, pausas reduzidas, pressão extrema de prazos e controles). b) Delimitação do Pb) Delimitação do Pb) Delimitação do Pb) Delimitação do Pb) Delimitação do Problema.roblema.roblema.roblema.roblema. Compreende a seleção e classificação de diferentes aspectos da situação problemática a partir de observações assistemáticas de todos os diferentes elementos problemáticos relevantes. Deve identificar o que está errado, é ruim, prejudicial, não funciona, falta, degrada. Para melhor apreender os problemas quando das primeiras visitas ao local de trabalho, durante a Apreciação Ergonômica cumpre ter como orientação categorias de problemas que compreendem deficiências, faltas e falhas específicas. Com as categorias de problemas em mente, torna-se mais fácil e eficiente para o ergonomista realizar observações assistemáticas em campo e propor questões durante a entrevista focalizada. Os problemas que determinam constrangimentos para o usuário (operador, trabalhador, consumidor, manutenidor) também impedem a implementação dos requisitos do sistema e implicam em obstáculos para que a meta do sistema alvo seja atingida. O ergonomista, no entanto, não deve negligenciar as questões da operação, do processo produtivo e da tecnologia. Deste modo, as questões de resultados despropositados do sistema, incidentes e paradas, baixo rendimento do trabalho, 372 baixa produtividade da empresa e comprometimento da qualidade dos produtos, são indicadores que o ergonomista deve considerar, durante a apreciação e o diagnóstico do sistema humano-tarefa-máquina. Mais ainda, cabe observar: • as entradas,entradas,entradas,entradas,entradas, que devido à não conformidade, gerarão problemas para o processamento e conseqüentemente para o operador; • as saídassaídassaídassaídassaídas, onde resultados despropositados explicitam disfunções dos sistemas. Não se pode esquecer: • questões ecológicas relacionadas à ação do sistema sobre o ambiente; • restrições do ambiente externo que influenciam o desempenho do sistema alvo. A Tabela 11.4, a seguir, apresenta exemplos de categorias de problemas passíveis de serem encontrados na análise dos postos de trabalho. 373 374 Tabela 11.4 - Exemplos de categorias de problemas passíveis de serem encontrados na análise dos postos de trabalho Exemplos de disfunções sistêmicas do sistema humano-tarefa-máquina são apresentadas na Tabela 11.5, a seguir. 375 Tabela 11.5 - Exemplos de disfunções sistêmicas do sistema humano-tarefa-máquina. 376 Sempre que possível a problematização deve ser ilustrada com fotografias das situações de trabalho que representem os problemas identificados. Veja, a seguir, exemplos da problematização ilustrada para o posto de trabalho das costureiras, a partir de diversas categorias de problemas. PPPPProblemas Problemas Problemas Problemas Problemas Posturais.osturais.osturais.osturais.osturais. Figura 11.14a e 11.14b – Exemplos de problemas posturais. Na Figura 11.14a observa-se uma flexão acentuada do tronco para frente em função do campo de ação fora da área otimizada de acionamento da operadora. 377 Na Figura 11.14b, além de problemas posturais, também observam-se problemas dimensionais. Pode-se constatar que a localização dos componentes encontra-se fora da área de visão. A movimentação da cabeça está fora dos limites de conforto em função do campo acional que está fora da área de visão exigindo assim uma postura inadequada. A iluminação encontra-se insuficiente para manutenção periódica da máquina, aliado a um mau dimensionamento do posto, pode provocar a assunção de posturas inadequadas. Figura 11.15a e 11.15b – Exemplos de problemas dimensionais. Na Figura 11.15a observa-se a elevação do membro superior esquerdo provocando contração da musculatura na região do trapézio e adjacências. A inclinação acentuada para a frente representa uma cifose da região dorsal da coluna. O não uso do encosto caracteriza uma inadequação do assento à tarefa que está sendo executada. Isto impede que a operadora possa obter o apoio necessário ao relaxamento da região dorsal. 378 A Figura 11.15b apresenta uma compressão na região inferior das coxas pela falta de espaço para acomodação das pernas. Isto pode acarretar estrangulamento dos vasos sangüíneos tendo como conseqüência a fadiga, dormência, formigamento, câimbras ou outros comprometimentos dos membros inferiores. Problemas químico-ambientais. Alguns problemas não são facilmente ilustrados com fotografias. No entanto, o problema deve ser registrado de alguma forma, como no texto a seguir: Foram constatados problemas químico-ambientais pela presença de resíduos aerodispersóides – resultantes do manuseio dos tecidos - e acúmulo nos subsistemas das máquinas e componentes do posto de trabalho. PPPPProblemas perceptuaisroblemas perceptuaisroblemas perceptuaisroblemas perceptuaisroblemas perceptuais Figura 11.16a e 11.16b – Exemplos de problemas perceptuais. 379 Na Figura 11.16a pode-se constatar a existência de iluminação insuficiente para a manutenção periódica da máquina, reparos, troca de agulhas e linha de costura,aliado a um mau dimensionamento do posto. Isto pode provocar a assunção de posturas inadequadas. Na Figura 11.16b observa-se a superfície de trabalho revestida em laminado plástico brilhante de cor branca, o que contribui para o ofuscamento devido a luminosidade emanada da superfície. Problemas acionais. Figuras 11.17a e 11.17b – Exemplos de problemas acionais. Nas Figuras 11.17a e 11.17b vêm-se movimentos repetitivos dos braços, pulso, mãos e dedos em função das demandas da tarefa e exigências dos componentes acionais dos equipamentos. Também pode-se constatar o espaço reduzido da bancada para acomodar a quantidade de material a ser manipulado. 380 PPPPProblemas acidentários.roblemas acidentários.roblemas acidentários.roblemas acidentários.roblemas acidentários. Figura 11.180a e 11.18b – Exemplos de problemas acidentários. Na Figura 11.18a observa-se a existência de pontas que podem provocar cortes e/ou perfurações. A Figura 11.18b apresenta a existência de arestas que reduzem o espaço para acomodação das pernas e podem causar traumatismos. PPPPProblemas operacionais.roblemas operacionais.roblemas operacionais.roblemas operacionais.roblemas operacionais. Ritmo intenso, repetitividade, pausas reduzidas, excessiva exigência de precisão e tolerância reduzida no programa de controle de qualidade. São fatores que podem ocasionar sobrecarga mental e psicopatologias do trabalho (depressão, agressividade, obsessividade). Pressão de prazos e controles podem acarretar tensões e comportamentos ansiosos. 381 PPPPProblemas organizacionaisroblemas organizacionaisroblemas organizacionaisroblemas organizacionaisroblemas organizacionais Parcelamento taylorizado do trabalho (super-especialização em determinadas tarefas), o que propicia a falta de objetivação da tarefa do operador. Tende a resultar em desinteresse e desmotivação para o trabalho. A implantação regular de jornada extra (o “turnão”), implica numa jornada semanal e um horário diário que desconsidera o biorritmo e excede a capacidade de recuperação física e psíquica das costureiras. PPPPProblemas naturaisroblemas naturaisroblemas naturaisroblemas naturaisroblemas naturais Exposição a ruído intenso em função da chuva sobre o telhado metálico. Existência de pombos que se alojam nas estruturas do telhado e defecam sobre as operadoras que trabalham na unidade produtiva. c) Pc) Pc) Pc) Pc) Parecer ergonômico sobre o sistema humanoarecer ergonômico sobre o sistema humanoarecer ergonômico sobre o sistema humanoarecer ergonômico sobre o sistema humanoarecer ergonômico sobre o sistema humano-tarefa-máquina-tarefa-máquina-tarefa-máquina-tarefa-máquina-tarefa-máquina O Parecer ergonômico apresenta uma análise final da problematização do SHTM através do Quadro de Formulação do problema e sugestões preliminares. Nestas sugestões preliminares, aos principais problemas identificados, são associados: • os requisitos para melhoria; • os constrangimentos da tarefa; • os custos humanos do trabalho; • as disfunções do sistema conseqüente em função deste problema; • as sugestões preliminares de melhoria; • as restrições do sistema que possam vir a impedir que tais melhorias sejam implementadas. 382 A Tabela 11.5 apresenta um exemplo de parte do Quadro de Formulação do problema e sugestões preliminares de melhoria para o posto de trabalho das costureiras. Tabela 11.5 – Parte do Quadro de Formulação do problema e sugestões preliminares de melhoria para o posto de trabalho das costureiras. costureiras 383 Esta é a terceira e última etapa da “Apreciação ergonômica” – Problematização do Sistema Humano-Tarefa-Máquina. Até aqui você identificou os problemas de natureza ergonômica que afligem o posto de trabalho objeto da sua análise ergonômica. Os problemas foram devidamente categorizados e apresentados, sempre que possível a partir de fotografias que melhor ilustram a situação de trabalho. Com o final da “Apreciação ergonômica” você terá conhecido a empresa na qual está intervindo, particularmente o posto de trabalho objeto da investigação. Você será capaz de gerar hipóteses iniciais sobre as causas dos problemas identificados. Na próxima fase você poderá confirmar ou refutar suas hipóteses iniciais, através de uma análise mais aprofundada e do uso de ferramentas disponibilizadas pela ergonomia. Realize a problematização do seu posto de trabalho. Utilize como referência as categorias de problemas descritos na tabela 10.4 e veja quais se aplicam ao seu caso. Tente registrar os problemas, de preferência com uma câmera digital. Analise e comente cada problema, chamando a atenção para aqueles que você considera como sendo mais graves. Na sua opinião, quais as causas dos problemas identificados? Comente com os seus colegas o resultado da sua investigação. 11.3 Diagnose Ergonômica Conforme apresentado no início desta Unidade, nesta fase de diagnose ergonômica é possível aprofundar os problemas priorizados e testar predições. Agora que o ergonomista já conhece a situação de trabalho e os problemas decorrentes, é o momento de conduzir observações sistemáticas com a escolha das ferramentas e protocolos adequados para aprofundar a análise ergonomizadora da situação de trabalho. 384 Apresentaremos, a seguir, algumas técnicas utilizadas na investigação do posto de trabalho das costureiras para exemplificar a condução desta etapa da Metodologia Ergonômica de Abordagem do Sistema Humano-Tarefa-Máquina. Serão apresentados, de maneira sucinta, parte do referencial teórico, entrevistas, avaliação dos custos humanos do trabalho e análise dimensional. Desta análise resultará o diagnóstico ergonômico, em forma de recomendações, que irá prover dados para a fase seguinte de projetação ergonômica. Parte dos dados referentes a diagnose ergonômica foram extraídos do artigo publicado por SOARES et al (2004). 11.3.1 Referencial Teórico Nesta etapa é incluída uma revisão da literatura sobre temas que dizem respeito ao posto de trabalho analisado, como por exemplo, estresse, monotonia, ritmo de trabalho, jornada de trabalho, movimentação manual de cargas, LER/DORT, etc. O objetivo é gerar subsídios para uma análise mais acurada da situação de trabalho e criar recomendações que possam ser incorporadas na solução dos problemas identificados. Como exemplo, apresentaremos o parte do referencial teórico utilizado na análise do posto de trabalho das costureiras. Um dos maiores problemas dos trabalhadores modernos é o estresse, causado principalmente pelas competições, exigências e conflitos. Estes, até certo ponto, podem ser reduzidos pela correta definição e atribuição de tarefas, seleção e treinamento, estabelecimento de planos salariais e de carreira e, principalmente, por um relacionamento franco e saudável entre os trabalhadores e a administração da empresa. 385 Para promover uma transformação em busca da melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho é necessário analisar as principais fontes de insatisfação dos trabalhadores e atuar sobre as mesmas. Tais fontes de insatisfação podem estar relacionadas as seguintes categorias. • Jornada de trabalho – as pessoas que têm jornada de trabalho diária superior a oito ou nove horas costumam reduzir o seu ritmo durante a jornada normal, acumulando reservas de energia para suportar as horas-extras. Assim, o volume total produzido com as horas-extras não será muito diferente daquele que seria produzido em regime normal. Além disso, há uma correlação direta do volume de horas-extras com problemas como doença e absenteísmos. • Ambiente físico – abrangendo o posto de trabalho e as condições físicas como iluminação, temperatura, ruídos e vibrações. • Ambiente psicossocial – abrange aspectos como sentimento de segurança e estima, oportunidades de progresso funcional, percepçãoda imagem da empresa, aspectos intrínsecos ao trabalho, relacionamento social com os colegas e benefícios sociais que o trabalhador recebe da empresa. • Remuneração – embora importante, não é necessariamente a única nem a maior motivação para o trabalho. Quatro elementos diretamente relacionados com a insatisfação dos trabalhadores correspondem aos aspectos organizacionais do trabalho: • monotonia; • ritmo de trabalho; • jornada de trabalho; • estresse. Estes elementos estão hoje presentes em boa parte das indústrias. A situação de trabalho das costureiras, na indústria de confecções analisada, exemplifica tais características. Investigamos o que a literatura apresenta sobre cada uma delas. Por limitação de espaço, descreveremos apenas a revisão de literatura referente à organização do trabalho. 386 (i) Monotonia(i) Monotonia(i) Monotonia(i) Monotonia(i) Monotonia A monotonia é uma reação do organismo a uma situação pobre em estímulos ou em condições com pequenas variações dos estímulos. A monotonia também se configura a partir da repetição uniforme dos estímulos com pequena exigência dos trabalhadores quanto à execução das tarefas. Os sintomas mais importantes da monotonia são a fadiga, sonolência, falta de disposição e uma diminuição da atenção. De acordo com GRANDJEAN (1998), o grau de satisfação com o trabalho em atividades repetitivas monótonas é mais baixo que em tarefas com amplo espaço de atividades. Além disso, levantamentos mostraram que uma parte importante dos trabalhadores pesquisados acha a sua tarefa repetitiva interessante e que freqüentemente só uma metade acha seu trabalho monótono. Métodos de trabalho extremamente simples e altamente repetitivos têm a desvantagem de exigir sempre a contração dos mesmos músculos, acumulando a fadiga. Aumentando-se a variedade de tarefas, a fadiga poderá ser melhor distribuída. Recomendações para a redução da incidência da monotonia: • Freqüentes pausas curtas. • Movimentação do corpo nas pausas. • Realização de um estudo cromático no ambiente e uso da música apenas em alguns períodos do dia, principalmente aqueles de pico de produção aonde os trabalhadores necessitem de mais estímulo. (ii) Ritmo de trabalho(ii) Ritmo de trabalho(ii) Ritmo de trabalho(ii) Ritmo de trabalho(ii) Ritmo de trabalho Para atender a demanda crescente, os novos sistemas de produção têm imposto um ritmo muito acelerado de trabalho repetitivo sobre os trabalhadores. Quanto mais aumenta a demanda, mais rápido é o ritmo imposto. Ao invés de aumentar o número de postos de trabalho para atender a demanda, incrementa-se o ciclo de produção, que passa a ser cada vez menor à custa de maior rapidez na produção 387 de cada posto. Esta é a causa mais importante da elevação do número de casos de distúrbios ósteomusculares relacionados ao trabalho (DORTs). Isto também ocorre porque o ciclo é normalmente definido por aquele trabalhador considerado o mais “eficiente”. Em certos casos, alguns operadores “querem trabalhar muito rápido para garantir a produtividade” para se destacar ou garantir o seu lugar no emprego. Estas pessoas, algumas vezes, trabalham muito além da sua capacidade e da necessidade de produção da empresa. Como conseqüência, tais empregados estão mais suscetíveis a doenças do trabalho e acabam gerando estoque em processo, pois a produção não está dimensionada para um ritmo mais acelerado que o previsto. O ritmo de trabalho é um dos principais responsáveis pelo surgimento de doenças ósteomusculares, em especial as DORTs. O diagnóstico das LER/DORTs como se conhece hoje possui menos de 20 anos. De acordo com COUTO (1996), as LER/DORTs estão relacionadas fundamentalmente à utilização biomecanicamente incorreta dos membros superiores, através de: • força excessiva; • posturas incorretas; • alta repetitividade de um mesmo padrão de movimento; • compressão mecânica das estruturas delicadas dos membros superiores; • tensão excessiva do trabalhador. Cumpre salientar que as mulheres são duas a três vezes mais predispostas a estas lesões por três motivos básicos: • menor resistência das estruturas musculares; • inter relação com hormônios, especialmente estrógenos, que acumulam líquido nos tecidos e dificultam a reparação da inflamação; 388 • carga extra de trabalho proveniente das atividades domésticas, muitas delas envolvendo os membros superiores. A postura sentada com a coluna ereta, posição adotada na jornada de trabalho de mais de quarenta por cento das costureiras da indústria analisada (ver subcapítulo 2.3) apresenta-se como um dos fatores contributivos para o surgimento de lesões nos membros superiores. Um dos fatores contributivos para o surgimento das DORTs é o trabalho altamente repetitivo. Isto se caracteriza: • quando o ciclo de trabalho é menor que 30 segundos; • quando, mesmo sendo maior que 30 segundos, mais de 50% do ciclo é ocupado com apenas um tipo de movimento. A situação observada na indústria analisada apresenta um conjunto de situações propícias ao acometimento de tais lesões pelas operadoras: trabalho repetitivo, ciclos curtos das atividades, população feminina, postura ereta, pausas de descanso reduzida, adoção de jornada excessiva de trabalho. A eliminação/redução de tais elementos contribui para a redução da incidência das DORTs. (iii) Jornada de trabalho(iii) Jornada de trabalho(iii) Jornada de trabalho(iii) Jornada de trabalho(iii) Jornada de trabalho Uma jornada diária de oito horas não pode ser ultrapassada sem que surjam danos pessoais, principalmente com trabalho intensivo (GRANDJEAN, 1998). Segundo o autor, numerosas observações trouxeram a prova de que o trabalho extra não só prejudica a produção/hora, como ainda traz um aumento de absenteísmo, acompanhado de doenças e acidentes. Aumentos na jornada de trabalho para mais de oito horas diárias tem como conseqüência uma sensível redução da intensidade de trabalho, ou um significativo 389 aumento das manifestações nervosas de fadiga, com todos os seus sintomas. Por este motivo, o trabalho extra aumenta a suscetibilidade a doenças e acidentes. A pausa é a responsável pela troca rítmica entre gastos de energia e reposição de força. Assim, a pausa do trabalhador é uma condição fisiológica essencial para a manutenção da capacidade de produção. Pode-se distinguir quatro tipos de pausas: • Pausas voluntárias – aquelas declaradas, visíveis, que o trabalhador faz para descansar. São comuns em trabalhos penosos. • Pausas mascaradas (trabalhos colaterais) – são compostas de atividades colaterais, que no momento de sua execução não são necessárias para o trabalho. Ou seja, o trabalhador procura mascarar uma atividade, p.ex. limpando uma peça, para poder descansar. • Pausas necessárias ao trabalho – são causadas por todos os tipos de espera, definidos pela organização do trabalho ou pelo andamento da máquina. • Pausas obrigatórias do trabalho – são as determinadas pela empresa como a pausa do meio dia, pausa para alimentação ou outras pausas curtas. Em trabalhos cansativos pode-se, geralmente no final da manhã e especialmente à noite, constatar uma queda de produtividade e uma desaceleração do tempo de trabalho. Diferentes pesquisas têm mostrado que nestes casos a introdução de pausas adia o surgimento de manifestações de fadiga; a queda da produção como conseqüência da fadiga é reduzida. Recomendação de pausas para a redução de fadiga, segundo GRANDJEAN (1998): • Pausa de 10 a 15 minutos pela manhã e outra à tarde. • Pausa de 60 minutos para o almoço. 390 (iv) O estresse no trabalho(iv) O estresse no trabalho(iv) O estresse no trabalho(iv) O estresse no trabalho(iv) O estresse no trabalho As pessoas estressadas apresentam algumas mudanças visíveis de comportamento. Há uma perda da auto-estima e da auto-confiança, com propensões a sofrerem de insônia e tornarem-seagressivas. Contribui para a redução da capacidade do organismo em responder a estímulos, diminuindo a vigilância e provocando distúrbios emocionais. Também são freqüentes os sintomas de ansiedade e depressão. Segundo IIDA (1990), as causas do estresse são: • O conteúdo do trabalho – uma das maiores causas do estresse no trabalho é a pressão para manter um ritmo de produção. Contribuem também as responsabilidades, conflitos e outras fontes de insatisfação no trabalho. • Sentimentos de incapacidade – o estresse decore de uma percepção pessoal de incapacidade em atender a demanda do trabalho ou terminá-lo dentro de um prazo estabelecido. Isso resulta de uma avaliação pessoal de que não se conseguirá atender a essa demanda ou de que não se conseguirá obter recursos ou apoios necessários para completar o trabalho. • Condições de trabalho – As condições físicas desfavoráveis, como o excesso de calor, ruídos exagerados, ventilação deficiente, luzes inadequadas, uso de cores irritantes, música num volume muito alto, etc. Aqui se inclui também o projeto inadequado do posto de trabalho, obrigando a manter-se uma postura inadequada ou com dificuldades de visualizarem-se os instrumentos e alcançar os controles e demais instrumentos. • Fatores organizacionais – Entre os fatores organizacionais, incluem-se os comportamentos dos superiores que podem ser demasiadamente exigentes e críticos e, portanto, pouco encorajadores. Há também as questões de salários, horários de trabalho, horas-extras e turnos. • Pressões econômico-sociais e conflitos com os colegas. 391 Recomendações para o posto de trabalho das costureiras: • Enriquecimento da tarefa – reduzir a excessiva divisão do trabalho propiciando a costureira fazer, sempre que possível, várias tarefas ou, quando do uso de máquinas específicas, fazer rodízios com outro tipos de atividades. • Redesenho do posto de trabalho – O redesenho do posto de trabalho deve visar uma melhor postura do trabalhador, adaptando-o às suas dimensões antropométricas e facilitando a realização dos movimentos corporais. Adicionalmente deve-se proceder a estudos visando reduzir o nível de ruído, a melhoria da iluminação e o nível de temperatura ambiente. • Pausa de 15 minutos em cada turno de trabalho – Além de estimular as mudanças posturais e promover uma recuperação da fadiga, contribui para aumentar o contato social que é um dos elementos redutores do estresse. • Programa de ginástica laborativa – a ser definido em função de exercitar as cadeiras musculares envolvidas nas atividades durante a jornada de trabalho. A duração e horário deve ser definido por um profissional especializado em ginástica laboral. Você considera o seu trabalho como estressante? Como você avalia o seu trabalho, considerando monotonia, ritmo de trabalho e jornada de trabalho? Existem custos humanos associados a estas condições? Você está na primeira etapa da “Diagnose ergonômica”. Uma vez que você já conhece o objeto da sua intervenção (pois finalizou a “Apreciação Ergonômica”), você pôde conduzir uma revisão de literatura sobre os temas que interferem na sua situação de trabalho, por exemplo, monotonia, fadiga, stress, movimentação manual de cargas, LER/DORT, etc. A seguir, você estará utilizando técnicas e ferramentas da ergonomia para analisar o posto de trabalho. 394 (ii) Aplicação de questionários.(ii) Aplicação de questionários.(ii) Aplicação de questionários.(ii) Aplicação de questionários.(ii) Aplicação de questionários. Foram aplicados questionários (através de entrevistas dirigidas) a uma amostra de 61 costureiras distribuídas nos dois turnos de trabalho, de forma a contemplar as diferentes faixas etárias e tempo de trabalho na empresa. Dentre as respondentes, 59% afirmaram serem casadas e 72% têm filhos. Este dado é importante uma vez que além das atividades no trabalho, a maior parte delas dedica-se as atividades da família no retorno da jornada de trabalho. O Gráfico 11.1, abaixo, apresenta uma análise dos incômodos, dores e desconfortos relatados, sentidos em regiões do corpo nos últimos 30 dias e 12 meses anteriores à pesquisa. A cabeça foi região do corpo aonde os respondentes (n=61) afirmaram mais sentir dor nos últimos 30 dias (56%). A mesma região também foi apontada como a que mais causou dores/desconforto nos últimos 12 meses. Pernas e pés foram a segunda região que mais causou dores/desconforto tanto nos últimos 30 dias (57%) como nos últimos 12 meses (41%). Outras regiões apontadas como fontes de dores e desconforto nos últimos 30 dias foram: pescoço (38%), costas superior, média e inferior (todas com 38%), punhos e mãos com 34%, olhos (31%) e ombros e quadril/nádegas (30%). As outras regiões indicadas para o período referente aos últimos 12 meses foram: pescoço (33%), costas superior e inferior (31 e 30%), olhos (28%) e ombros (25%). Gráfico 11.1 - Incômodos sentidos por costureiras nos últimos 30 dias e 12 meses de trabalho. 395 Foi perguntado às costureiras se, nos últimos 12 meses, elas deixaram de realizar atividades normais (no trabalho, em casa, lazer) por causa de incômodos em alguma região do corpo. O resultado encontra-se no Gráfico 11.2. Pode-se notar que os ombros (19,1%) foi a região mais apontada como responsável por terem deixado de realizar atividades nos últimos 12 meses. Em seguida foram apontados: os olhos (13,3%), a região média das costas (13,9%), os cotovelos (12,7%), a cabeça (11,0%) e a região superior das costas (10,4%). As regiões citadas correspondem a 80,0% das respostas dadas. Gráfico 11.2 - Nos 12 meses precedentes, costureiras deixaram de realizar atividades no trabalho, em casa ou no lazer, por incômodos em alguma região do corpo. 396 Também foi solicitado que as respondentes (n=61) numerassem as cinco regiões do corpo nas quais mais sentissem incômodos durante o seu horário de trabalho. Foi entregue uma relação de regiões do corpo e pedido que numerasse as que consideravam em primeiro, segundo e terceiro lugar. A região das costas (inferior, 15%; superior, 13% e média, 10%) e pernas/pés (11%) foram apontadas em primeiro lugar. Em segundo foram apontadas regiões da cabeça (11%) e pescoço (10%). Os ombros (13%) ficaram na terceira colocação. Solicitou-se que as respondentes (n=61) avaliassem seus mobiliários de trabalho. O Gráfico 11.3 apresenta o resultado. Através do gráfico pode-se constatar que a grande maioria classificou as características referentes às máquinas como muito boas ou boas, por exemplo: facilidade de operar (90%), facilidade de fazer ajustes (86%), posicionamento da máquina (86%) e facilidade de fazer manutenção (69%). No que se refere ao assento/bancada de trabalho, apenas a largura do assento foi considerada como boa ou muito boa (89%). Um número significativo de outras características foi considerado como sendo regular, ruim ou muito ruim: maciez do encosto (90%) e maciez do assento (67%), apoio do encosto (77%), espaço para o trabalho (51%) e espaço para as pernas (43%). Gráfico 11.3 - Opinião das entrevistadas sobre os mobiliários usados no local de trabalho. 397 Em termos do ambiente de trabalho, a maioria das respondentes classificou como boa ou muito boa a iluminação (83%), as cores do ambiente (77%) e o espaço de circulação (74%). Por outro lado, foram classificadas como regular, ruim ou muito ruim o ruído (90%) e a temperatura (78%). Tais respostas estão representadas no Gráfico 11.4. Gráfico 11.4 - Opinião das entrevistadas sobre características do ambiente de trabalho. (iii) Registro da freqüência de batimentos cardíacos. (iii) Registro da freqüência de batimentos cardíacos. (iii) Registro da freqüência de batimentos cardíacos. (iii) Registro da freqüência de batimentos cardíacos. (iii) Registro da freqüência de batimentos cardíacos. Nos últimos anos têm-se usado, cada vez mais, a freqüência cardíaca como medidapara avaliação da carga de trabalho (GRANDJEAN, 1998). Uma das principais razões para a difusão desta técnica é a sua facilidade de registro e o resgate dos dados. 398 A análise da freqüência cardíaca é feita comparando-se os batimentos em repouso (antes do trabalho) e durante a execução da tarefa. De acordo com o autor citado, os parâmetros para caracterizar os diversos tipos de carga de trabalho se dão por: 1. Freqüência do pulso em repouso – freqüência média do pulso antes do trabalho. 2. Freqüência do pulso durante o trabalho – freqüência média do pulso durante as diversas atividades na jornada de trabalho. 3. Pulso de trabalho: diferença entre a freqüência do pulso de repouso e a freqüência do pulso durante o trabalho. GRANDJEAN (op.cit.) recomenda que o limite para o trabalho humano contínuo, quando se mensura o pulso de trabalho, seja considerado até o limite de 30 batimentos por minuto para mulheres e 35 batimentos por minuto para os homens. Foi conduzido um experimento para investigar o custo fisiológico das costureiras na indústria de confecção objeto deste estudo, a partir da comparação entre o nível da freqüência cardíaca em repouso e durante o trabalho. A amostra constou de 30 costureiras distribuídas nos dois turnos de trabalho (14 no turno da manhã e 16 no turno da tarde). Foi utilizado o monitor de freqüência cardíaca Polar Beat constituído de três componentes: (a) uma unidade transmissora contendo eletrodos em seu interior, (b) uma tira elástica e (c) uma unidade receptora (relógio para aferição do registro do batimento cardíaco). O procedimento de medição foi o seguinte: • A unidade transmissora era ajustada a tira elástica. • As regiões da unidade transmissora contendo os eletrodos eram umedecidas. • A tira elástica, contendo a unidade transmissora, era ajustada ao tórax da pessoa cuja freqüência cardíaca seria registrada. • A unidade receptora era colocada no pulso como se fosse um relógio comum. 399 Dois membros da equipe fizeram o registro em dez costureiras. Os outros vinte registros foram realizados pelas encarregadas de produção que foram devidamente treinadas pelos membros da equipe. Foi feito o registro da freqüência cardíaca de cada um dos sujeitos da amostra em quatro momentos: 1. Antes do início da jornada de trabalho, respeitando-se quinze minutos de repouso após o momento de chegada ao trabalho. O tempo de espera justifica- se para que o organismo pudesse “desacelerar” após o deslocamento para o local de trabalho. 2. Antes de sair para o intervalo da refeição. 3. Na volta do intervalo da refeição. 4. Ao fim da jornada de trabalho. Sumarizando os resultados temos que: • Não existe diferença significativa nos registros das freqüências cardíacas entre as amostras obtidas no primeiro turno e as do segundo turno. • A média do registro da freqüência do pulso em repouso é de 86,64 batimentos por minuto. • A média do registro da freqüência do pulso ao final da jornada de trabalho é de 94,06 batimentos por minuto. • O pulso de trabalho é de 7,43. • A freqüência de batimentos cardíacos no retorno da pausa é maior que a medida no início do expediente. • A freqüência de batimentos cardíacos no final do expediente é maior que a medida no início do expediente. • A freqüência de batimentos cardíacos no retorno da pausa é maior que a medida no final do expediente. • A diferença encontrada entre a freqüência do batimento cardíaco no retorno da pausa (valor de pico encontrado) e no início do expediente (em repouso) é de 10,78. Como recomendação a partir dos resultados dos registros da freqüência do batimento cardíaco aponta-se: 400 • A ampliação do horário da pausa de meia para uma hora; • Dar continuidade ao estudo de registro da freqüência de batimentos cardíacos com uma amostra mais ampliada de funcionárias e procedimentos de avaliação cardíaca regular das funcionárias. 11.3.3 Análise da Tarefa De acordo com MORAES (1992), a compreensão das demandas da tarefa são investigadas a partir de quatro elementos: • o conteúdo; • as suas implicações em termos de tomada de informações e exigências visuais; • o que elas determinam em termos de respostas acionais; • a manipulação de comandos como alavancas, acionadores, etc. A partir de tais elementos, apresentaremos os constrangimentos sobre as costureiras, sistematizados nestes três instrumentos: • O fluxograma das atividades da tarefa, que compreende a apresentação hierárquica e seqüencial das atividades desempenhadas no posto de trabalho. • Definições de comportamento e registros comportamentais das atividades da tarefa. O fluxograma das atividades da tarefa apresenta as ações das costureiras em termos de tomada de informações, de acionamentos, de movimentação e de comunicação. Compreendem as seguintes atividades: • de inicializaçãode inicializaçãode inicializaçãode inicializaçãode inicialização, que incluem todas as atividades antes do início da costura (p.ex. abastecer e ligar a máquina, buscar material, etc.); • ordináriasordináriasordináriasordináriasordinárias, que compreendem as atividades de costura propriamente ditas; • de finalizaçãode finalizaçãode finalizaçãode finalizaçãode finalização, que correspondem ao final encerramento das atividades (p.ex. transferir peças para outro posto, desligar a máquina, etc.). • de manutençãode manutençãode manutençãode manutençãode manutenção, que significa uma pausa nas atividades ordinárias de trabalho para abastecimento de novas peças ou troca de linha. 401 Este instrumento de pesquisa permite discriminar a tarefa e explicitar as funções que cabem as costureiras nos seus postos de trabalho. Devido a grande variedade de tarefas disponíveis, foram selecionadas as que julgamos mais representativas nas diversas atividades que compõem a tarefa de costurar na indústria analisada. As tarefas não analisadas são variações das que estão aqui apresentadas e são normalmente executadas em máquinas que sofreram algum tipo de adaptação para atividades específicas. Foram analisadas as seguintes tarefas: • Costurar punho. • Pespontar barra aberta. • Costura de elástico em anel. • Reforço ombro a ombro. • Abastecimento ou troca de Linha (AL). • Abastecimento do Friso (AF). Um exemplo do fluxograma da análise da tarefa do trabalho de costurar o punho de uma camisa foi apresentado na Figura 8.2, página 244, da Unidade 8. 11.3.4 Registro Comportamental das Atividades da Tarefa Após o conhecimento das atividades, meios envolvidos, troca de informação posturas assumidas na realização da tarefa, procede-se com os registros comportamentais. Neste estudo foi escolhido o registro das posturas assumidas no transcurso das atividades da tarefa. Foi registrada a freqüência das posturas assumidas numa amostra de costureiras consideras tipificadas. São considerados tipificados os indivíduos extremos: os mais magros, mais obesos, mais altos, mais magros, mais jovens, mais idosas. A partir da análise da tarefa, foram definidas as posturas características das atividades que compõem a tarefa no posto de trabalho das costureiras. Foram consideradas apenas as posturas relacionadas ao tronco na medida em que as demais posições 402 exigiriam que o universo pesquisado fosse ampliado consideravelmente. Além do mais, a posição do tronco determina a assunção da posição da cabeça. braço e pernas, o que resulta em conseqüente custos humanos posturais envolvidos na posição sentada. As posturas assumidas a partir da posição do tronco foram definidas de forma a poder ser prontamente identificadas no curso da observação. Para isto, elas tiveram que ser corretamente definidas a partir de SOARES (1990) e MORAES (1992): • Ereto (pode apresentar ligeira cifose cervical; não apresenta cifose dorsal; etc.) • Inclinada com flexão ventral (ocorre uma flagrante cifose cervical; tronco com flexão frontal,com menos de 90 graus, tórax e abdômen se projetam para frente; etc.). • Curvada para frente (flagrante cifose cervical; apresenta alguma projeção frontal do ombro; pronunciada cifose dorsal, etc.). • Com rotação (o tronco gira sobre o seu eixo, para o lado direito ou esquerdo sem que haja alteração na posição das pernas, que geralmente estão retas). A equipe foi composta por cinco pessoas, cada qual encarregada de observar seis costureiras. O tempo total de observação para cada costureira foi de 40 minutos, divididos em dois períodos de 20 minutos cada. Foi dado um intervalo de aproximadamente três horas entre o primeiro e o segundo registro. Durante o registro, o observador fazia observação direta das costureiras e assinalava, a cada cinco segundos, a postura assumida num formulário próprio. Cada observador possuía um “walkman” com fone de ouvido. Era ouvida uma fita pré-gravada com um sinal sonoro para alertar o intervalo de tempo entre o registro de cada postura. O Gráfico 11.5 apresenta o resultado do tempo gasto nos dois momentos da observação. Quando se considera a percentagem do tempo em permanência em cada uma das posturas categorizadas, tem-se que a postura ereta ocupa 44% do tempo. Em seguida, tem-se a postura inclinada com 29% do tempo, a curvada com 18% e postura com rotação do tronco com 8%. 403 Gráfico 11.5 – Tempo de permanência em posturas assumidas pelo tronco. A postura ereta associa-se a dois fatores importantes para a realização da tarefa: • A concentração necessária para a tomada de informações e a resposta acional rápida, o que implica tensão e rigidez postural. • O tempo de duração do turno de trabalho que acarreta freqüentes acomodações entre a necessidade de manter a espinha reta para aliviar a pressão sobre os ligamentos nervosos e, por oposição, a necessidade de descansar a musculatura que mantém a espinha ereta. O fato de quase metade do tempo gasto pelas costureiras no posto de trabalho ser assumido na postura ereta apresenta-se como testemunho do esforço que elas fazem para manter a coluna reta. O esforço muscular necessário para a manutenção desta posição é muito grande. Este dado corrobora as queixas de dores nas costas e pescoço, apresentadas por uma parcela considerável das entrevistadas. 404 As dores no pescoço advêem da postura ereta da coluna, aliada a uma cifose da região cervical com o objetivo de manter a área de trabalho dentro do limite de visualização. A postura curvada para frente apresenta-se como um indicador de dificuldade da tomada de informação para a realização da tarefa. Cumpre registrar que a rigidez postural é um dos elementos que contribui para a existência de doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT). Recomendações: • Reprojeto do posto de trabalho considerando as diferenças dimensionais entre os usuários menores e maiores. • Enriquecimento da tarefa de forma a minimizar os efeitos da rigidez postural. 11.3.5 Avaliação Dimensional do Posto de Trabalho O objetivo desta avaliação antropométrica foi registrar graficamente e analisar as incompatibilidades existentes (a) entre os postos de trabalho de dimensões menores e maiores e (b) entre os postos de trabalho de dimensões menores e maiores e as costureiras de dimensões extremas (percentil 2,5% e 97,5%). A partir daí foi possível propor recomendações dimensionais obedecendo às exigências das atividades da tarefa e às restrições fisiológicas. Nesta avaliação foi utilizada a técnica de aplicação dos manequins antropométricos bidimensionais. Estes manequins, que representam o homem e a mulher dos percentis extremos – máximo e mínimo – são ferramentas de projeto que funcionam como se fossem gabaritos utilizados para definir as relações dimensionais homem X máquina, analisando situações existentes, definindo propostas, avaliando soluções de compromisso ou procedendo as revisões necessárias. Os manequins antropométricos são ferramentas imprescindíveis para a definição dos requisitos de visibilidade e os ângulos biomecânicos de conforto, além de 405 compatibilizar estes parâmetros com a posição no espaço dos olhos, braços e pernas dos usuários extremos. A partir do posicionamento dos manequins antropométricos, define-se o campo de visão do maior e menor usuário, estabelecido em função das atividades da tarefa. O campo de visão é definido como uma seção de um cone, com base elíptica, cujo ângulo se define pelo ângulo de visão e a altura do raio de localização. Após o delineamento do campo de visão, são estabelecidos os ângulos de visão, tendo como referência as características de visão central (responsável pela percepção dos detalhes) e a visão periférica (na qual se perde a nitidez dos contornos). O ângulo de visão de até 30 graus baseia-se nas recomendações de GRANDEJEAN (1998), que define a linha normal de visão situada 5 graus acima e 30 graus abaixo de uma linha imaginária horizontal. A movimentação dos segmentos corporais em torno dos centros de articulação – ombro, cotovelo, pulso, quadril, joelho e tornozelo – definem limites de conforto em torno dos centros de articulação nos planos lateral/sagital, superior/cranial e frontal/coronal. Os valores situados próximos ao ponto médio dos limites de movimentação são considerados recomendáveis; os mais distantes podem acarretar custos humanos. Foram identificadas 14 tipos de máquinas com inúmeras variações provenientes de diversos acessórios. Para efeito de análise, foram selecionadas duas máquinas de dimensões extremas. Para a análise dimensional de cada máquina utilizou-se o modelo de uma mulher com o percentil de tamanho oposto, ou seja, para a máquina maior, a mulher menor e vice-versa. A análise foi conduzida a partir de três aspectos: • Dimensões extremas do posto de trabalho das costureiras (contendo as vistas laterais, frontais e superiores da menor e maior máquina). • Crítica a zona interfacial (considera-se as usuárias extremas - mulher do menor percentil, 2,5% e do maior percentil, 97,5% - em função do menor e do maior posto de trabalho encontrado). 406 • Recomendações para a zona interfacial apresentando a situação dimensionalmente ideal. As Figuras 11.19 e 11.20 apresentam a crítica à zona interfacial a partir da análise das usuárias menor e maior, utilizando a menor e maior máquina. Figura 11.19 - Análise antropométrica da máquina “persponto”. Na análise da máquina persponto observa-se que: • O campo de visão está fora da área de alcance para menor e maior usuária; • A superfície de trabalho encontra-se no nível inferior a altura do cotovelo para menor e maior usuária; • Existe insuficiência de espaço para introdução das pernas abaixo da bancada de trabalho. 407 Figura 11.20 - Análise antropométrica da máquina “friso reforço ombro a ombro”. Nesta análise antropométrica da máquina “friso reforço ombro a ombro” observa-se que: • A área acional da máquina encontra-se fora da área de conforto. • O Campo de visão fora da área acional. Como conclusão tem-se que a análise da interseção das zonas visuais e acionais, obtida com o auxílio dos manequins antropométricos bidimensionais, evidencia os custos humanos decorrentes da utilização de um mobiliário mal dimensionado. 408 A inadequação da superfície da bancada de trabalho às exigências visuais dos usuários extremos, constatada a partir da verificação do ângulo de visão, evidenciou a necessidade da adoção de uma postura cifótica na região da coluna cervical. Atente-se que esta mesma postura já havia sido registrada anteriormente na etapa de Problematização do Sistema Humano-Tarefa-Máquina, contida no primeiro relatório técnico. Diversos fatores que influenciam as lombalgias também foram observados, tais como a ausência de um apoio adequado lombar e a distância entre os comandos de acionamento e a área de alcance das costureiras. A partir dascotas fornecidas nas diversas pranchas de análise dimensional, foram geradas variáveis dimensionais da proposta dos subsistemas do Posto de trabalho das costureiras (incluindo a cadeira, bancada, coletor de resíduos, sistema de transição de material). Estas variáveis dimensionais serviram como requisitos para o projeto do posto de trabalho. 11.4 Recomendações Ergonômicas Encontra-se, a seguir, uma síntese das recomendações ergonômicas apresentadas no estudo realizado no posto de trabalho das costureiras. As recomendações foram apresentadas por categorias e foram sinalizadas aquelas passíveis de serem implementadas a curto, médio e longo prazo. As recomendações apresentadas são apenas um resumo daquelas existentes no trabalho original. (i) Recomendações referentes a monotonia no trabalho. • Freqüentes pausas curtas. • Movimentação do corpo nas pausas. (ii) Recomendações referentes ao ritmo e jornada de trabalho. • Pausa de 10 a 15 minutos pela manhã e outra a tarde. 409 • Pausa de 60 minutos para o almoço. • Evitar jornadas de trabalho extras. (iii) Recomendações referentes ao estresse no trabalho. • Enriquecimento da tarefa. • Redesenho do posto de trabalho. • Programa de ginástica laborativa. (iv) Recomendações referentes ao ruído no local de trabalho. • Diminuição do ruído na fonte através da manutenção regular das máquinas, verificação de elementos vibrantes e fixações soltas, substituição de correias de couro ou sintética por correias emborrachadas. • Proteção individual da audição através de protetores auriculares para situações acima de 85 dB. • Isolamento acústico entre os setores de beneficiamento e de costura. (v) Recomendações referentes a temperatura no local de trabalho. • Proceder um estudo arquitetônico para a minimização do calor. (vi) Recomendações referentes a iluminação no local de trabalho. • Proceder nova medição dos níveis de iluminação. • Redirecionar as luminárias de teto. • Substituir as superfícies refletoras no tampo das bancada e nos anteparos de proteção. • Identificar e eliminar pontos de insolação. (vi) Recomendações referentes a cor do local de trabalho. • Substituir a cor de concreto existente atualmente nas paredes por cores foscas e claras como o cinza claro, bege creme ou ocre-amarelo fosco. • Observar o uso da norma NB-76/59 que fixa as cores dos locais de trabalho para a prevenção de acidente. 410 (vii) Recomendações referentes aos custos fisiológicos no local de trabalho. • Ampliação do horário da pausa de meia para uma hora. • Dar uma continuidade do estudo de registro da freqüência de batimentos cardíacos com uma amostra mais ampliada de funcionárias. (viii) Recomendações referentes aos aspectos posturais e dimensionais do posto de trabalho. • Enriquecimento da tarefa de forma a minimizar os efeitos da rigidez postural. • Re-projeto do posto de trabalho considerando as diferenças dimensionais entre os usuários menores e maiores. Nesta etapa da Diagnose ergonômica, você utilizou algumas técnicas e ferramentas para analisar mais profundamente o posto de trabalho objeto da sua investigação. Para isto realizou, através do estudo-de-caso apresentado: (i) Análise dos dados relativos aos custos humanos do trabalho a partir de três técnicas: RULA, aplicação de questionários e avaliação da freqüência de batimento cardíaco: (ii) Análise da tarefa. (iii) Registro comportamental das atividades da tarefa. (iv) Avaliação dimensional do posto de trabalho. Com a conclusão desta fase, você percebeu que é possível apresentar recomendações ergonômicas que servirão como suporte para o projeto de novos equipamentos, mobiliários e também a própria organização do trabalho. 411 11.5 Projetação ergonômica Para a condução desta fase da Metodologia Ergonômica, é necessário ter na equipe de ergonomia um profissional com competência projetual (p.ex. designers ou arquitetos) para que dê prosseguimento a estudos que requerem tal habilidade. No estudo realizado, foram definidos partidos de projetos para os seguintes subsistemas: • Bancada de trabalho (composta de superfície de trabalho, sistema de regulagem da altura da bancada: para trabalho sentado e de pé, área de localização do motor da máquina, etc.). • Coletor de refugos (composta de calha coletora e caixa coletora com rodízios) • Apoio para os pés e pedais (composta de pedais, apoio para os pés para trabalho sentado e de pé, apoio para o coletor de refugos). • Suporte para transporte lateral de material em trânsito (composta de estrutura giratória e apoio para peças). • Suporte para transporte frontal de material em trânsito (composta de Superfície de transferência, base estrutural da superfície de transferência e sistema de regulagens). Foram definidas soluções projetuais para cada subsubsistema. Como exemplo, temos as seguintes recomendações para a bancada de trabalho: 1. O uso do subsistema “suporte para transporte lateral de material em trânsito” – estrutura que possui um giro lateral para o transporte do material confeccionado para o posto de trabalho ao lado – pressupões uma manutenção mínima dos estoques em trânsito de forma a não acumular material no sistema proposto. 2. Em função da compatibilidade dimensional entre a menor usuária com a máquina de maior dimensão “friso reforço ombro a ombro”, a solução apresentada do layout pressupõe o trabalho de pé para a máquina X. 412 Esta solução possui três elementos como requisitos indispensáveis para o funcionamento sem provocar custos humanos para a operadora: (i) o ajuste adequado na regulagem de altura da bancada definido a partir de marcações a ser indicada na implantação do projeto; (ii) o fornecimento de banco selim para a possibilitar a alternativa da postura de pé- sentada; (iii) o enriquecimento da tarefa com rodízio de funções e trocas de postos de trabalho. As Figuras 11.21 e 11.22 apresentam a solução proposta para a bancada e layout, ambas obedecendo prerrogativas projetuais previamente definidas. Figuras 11.21 e 11.22 – Redesign da bancada de trabalho e do posto de trabalho. 413 Esta foi a última fase da intervenção ergonomizadora. Com isto você conseguiu aplicar uma metodologia apropriada à solução do seu problema. Observe que a principal virtude de uma metodologia é servir como guia para as diversas fases de análise e desenvolvimento de soluções de um problema. Embora seja sempre recomendável seguir as etapas da metodologia, não a encare com uma “camisa-de-força”. Quando aprofundar seus estudos de ergonomia, você entrará em contato com outras metodologias e aprenderá novas formas de conduzir a solução de um problema. As fases da Metodologia de Abordagem Sistêmica do Sistema-Humano-Tarefa- Máquina são bastante didáticas e propiciam o entendimento do problema ergonômico, inserido dentre do contexto de sistemas. É didática por que você tem a oportunidade de seguir a análise passo a passo. Também observe que mesmo que o seu problema esteja a princípio restrito a um único posto de trabalho numa unidade produtiva, você irá constatar que ele depende de outros para funcionar, como um elo de uma corrente. A análise sistêmica irá lhe possibilitar formar uma idéia de conjunto, analisar o geral e o específico, e identificar todos os fatores que interferem no desempenho do seu sistema-alvo. Você verá que algumas vezes aquilo que se imaginava ser o problema original, na verdade é apenas parte de um problema maior no qual ele está inserido. Isto é uma síntese do método ergonômico. Com os ensinamentos que adquiriu até agora, certamente você ainda não é um ergonomista, mas despertou seu “olhar ergonômico” e está pronto para aprofundar os conhecimentos em prol da saúde, qualidade de vida e satisfação do trabalhador. Por fim, chamamos a atenção que o domínio de um método e de técnicas de pesquisa exige prática, que só se
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