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Aula 9 – Freios e Embreagens Curso: Engenharia Mecânica Série: 9º/ 10º Semestre PROJETOS MECÂNICOS Aula 9 – Freios e Embreagens Segunda 19:00 às 20:40 23/10/2017 Aula 9 – Freios e Embreagens 23/10/2017 2 Freios e embreagens são essecialmente o mesmo dispositivo de conexão entre dois elementos. Quando os dois elementos podem rodar, então define-se como embreagem. Quando um dos elementos é fixo, define-se então como freio. Embreagem Freio Definição 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 3 Classificação 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 4 Exemplos Sobremarcha (Catraca de bicicleta) Fluido (Conversor de torque) Sobremarcha (Mola enrolada) Contato positivo (Mandíbula quadrado) 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 5 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 6 Localização Quando a máquina possui eixos com velocidades alta e baixa, surge a questão a respeito da melhor localização para a embreagem. Nas aplicações automotivas, a embreagem precisa estar entre o motor e a caixa de transmissão de modo a permitir as trocas de marchas. Quando redutores de velocidades são utilizados, a montagem da embreagem no eixo de baixa velocidade requer que esta seja maior e mais cara devido ao torque maior. A montagem da embreagem no eixo de maior velocidade é mais barata, mas exige maior capacidade de troca de calor. Portanto, nestas aplicações estes fatores precisam ser considerados, além dos custos de manutenção, para melhor tomada de decisão do projeto. 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 7 Fatores de Serviço Cada fabricante possui recomendações quanto aos fatores de serviço para cada aplicação, porém não existe um padrão entre eles. Alguns podem considerar os coeficientes de segurança na recomendação do fator de serviço, enquanto outros possuem fatores de serviço diferentes pois existem coeficientes de segurança embutidos no projeto da embreagem. Ambos os fabricantes estarão corretos, cada um relativamente ao seu produto, e neste caso cabe ao projetista seguir cuidadosamente as recomendações dos fatores de serviço. Uma embreagem ligeiramente pequena pode escorregar e superaquecer, enquanto que uma embreagem maior que o necessário pode adicionar inércia ao sistema e sobrecarregar o motor no momento da aceleração. 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 8 Esquema de funcionamento de uma embreagem automotiva 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 9 Embreagem com 4 discos, 6 superfícies de contato 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 10 Esquema de funcionamento de um freio a disco 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 11 Materiais Nas partes estruturais dos freios como discos e tambores, são utilizados tanto aços quanto ferro fundido cinzento. As superfícies de atrito são geralmente forradas com material que possua bom coeficiente de atrito, boa resistência à compressão e resistência à altas temperaturas. Na tabela 17-1, são indicadas propriedades de materiais comuns empregados na forração de superfícies de atrito para embreagens e freios. 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 12 Embreagens de disco A embreagem de disco mais simples consiste em dois discos, sendo um com material de forração de alto atrito, pressionado axialmente com uma força normal que gera a força de atrito necessária para transmitir torque. Na hipótese de que os discos sejam rígidos o bastante, considera-se a pressão uniforme no contato por toda a área. Neste caso, o desgaste é maior nas regiões que aproximam-se do raio externo, uma vez que o desgaste é proporcional à pressão multiplicada pela velocidade (pV) e a velocidade aumenta com o raio. Com o desgaste do material nas regiões próximas à borda externa, a distribuição de pressões gradualmente deixa de ser uniforme e desenvolve-se a condição de desgaste uniforme com pV = constante. 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 13 Pressão uniforme 1) A força diferencial que atua no anel de largura dr no disco de embreagem ao lado é numericamente igual a dr ro ri 2) Sendo p a pressão uniforme e q o ângulo do anel. Ao integrar entre os limites ri e ro 3) O torque de atrito no anel diferencial é 4) Onde m é o coeficiente de atrito. O torque total para o disco de embreagem é 5) Para uma embreagem de discos múltiplos com N faces de atrito: 6) As equações em 2 e em 5 podem ser combinadas para produzir uma expressão do torque como função da força axial 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 14 Desgaste uniforme 1) A razão de desgaste, W, constante, é suposta proporcional ao produto da pressão p e velocidade V 2) E a velocidade em qualquer ponto da face da embreagem é 3) Combinando essas equações e assumindo uma velocidade angular constante, w 4) A máxima pressão, pmax, deve, então ocorrer no raio mínimo, ri 5) A combinação das equações em 3 e em 4 produz uma expressão para a pressão como função do raio r onde o valor permitido de pressão, pmax, variará com o material de forração utilizado. A tabela 17-1 também mostra os valores recomendados de pmax e o coeficiente de atrito para vários materiais de forração de embreagens/freios. dr ro ri 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 15 Desgaste uniforme 6) A força axial F, é encontrada por meio da integração abaixo substituindo-se a pressão p pela equação em 2 (pressão uniforme) 7) O torque é calculado pela integração da equação abaixo com a mesma substituição 8) A combinação das equações em 6 e em 7 produz uma expressão relacionando torque à força axial no caso de desgaste uniforme 9) A partir da equação 7, pode ser demonstrado que o máximo torque para qualquer valor de raio externo ro será obtido quando o raio interno for Onde N é o número de superfícies de atrito na embreagem 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 16 Exercício 1) Determine o tamanho adequado e a força requerida para uma embreagem de disco axial. Dados: a embreagem deve transferir 7,5 hp a 1725 rpm com um fator de serviço igual a 2. Hipóteses: use um modelo de atrito uniforme. Pressuponha um disco único com forração moldada. 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 17 Exercício 2) Dimensione uma embreagem de múltiplos discos molhados para transmitir um torque de 85 Nm. Restrições de espaço limitam o diâmetro externo em 100 mm. Valores de atrito e de máxima pressão no projeto considerando-se o material moldado e discos de aço são m = 0,06 (molhado) e pmax = 1400 kPa. Determine os valores adequados do diâmetro interno, o número total de discos e a força axial. Decisões e considerações: 1) Use o maior diâmetro externo possível, do = 100 mm (ro = 50 mm); 2) Selecione ri = 29 mm (o valor de ri geralmente situa-se entre 0,45 ro < ri < 0,80 ro) 3) Com uma embreagem superdimensionada, escolha reduzir pmax e F para obter a capacidade de torque especificada no projeto; 4) O coeficiente de atrito m é constante; 5) A taxa de desgaste é uniforme na interface; 6) A carga de torque é distribuída igualmente entre os discos. 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_EmbreagensAula 9 – Freios e Embreagens 18 Embreagens cônicas Na figura abaixo, é apresentada uma embreagem cônica. Ela é similar à embreagem de disco e pode ser tratada como o caso geral na qual as embeagens de discos planos já estudadas são um caso especial com o ângulo a = 90o. 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 19 Embreagens cônicas A área de superfície do anel elementar A força normal sobre o elemento é A força axial correspondente é Sendo exatamente a mesma para a embreagem de discos. O torque que é trasmitido pelo anel elementar 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 20 Embreagens cônicas A partir deste ponto, as equações para força axial e capacidade de torque são deduzidas da mesma forma que para embreagens de discos, porém divididas por sen a. Sendo assim, na abordagem de pressão uniforme: E para a abordagem de desgaste uniforme: Quanto menor o ângulo a, menor a força axial necessária. Este ângulo não pode ser inferior a 8o , pois a embreagem tende à travar quando acionada. Além disso, para a < 8o, enbreagens cônicas são difíceis de desacoplar. Um ângulo de 12o é considerado geralmente uma ótima escolha, sendo que valores entre 8o e 12o são comumente usados. 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 21 Freios a disco As equações para embreagens de disco também se aplicam a freios de disco. Contudo, estes são raramente fabricados com forração cobrindo a circunferência completa de face, porque eles iriam superaquecer. Use o valor adequado de q para o ângulo incluído de pastilhas de freio para calcular a força e o torque do freio. Observe que N será pelo menos 2 para um disco de freio, pois este tem pastilhas em posições opostas. Enquanto as embreagens são utilizadas com ciclos leves de carga, os freios frequentemente têm que absorver grandes quantidades de energia em aplicações repetidas. Freios de disco com pinça, como aqueles utilizados em automóveis, usam pastilhas de atrito aplicadas contra uma pequena parte da circunferência de disco, deixando o restante exposto ao resfriamento. Algumas vezes, o disco é ventilado com passagens internas de ar que proporcionam resfriamento. A pinça normalmente envolve o disco e contém duas pastilhas, cada uma das quais atritando um lado do disco. Isso cancela a força axial e reduz as cargas axiais nos mancais. 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens Freios a tambor forçam o material de atrito sobre a circunferência de um cilindro, seja externamente, internamente ou em ambas as faces. Esses dispositivos são mais utilizados como freios do que como embreagens. A sapata é forçada contra o tambor para criar o torque de atrito. A configuração mais simples de um freio a tambor é o freio de banda, no qual uma sapata flexível é enrolada ao redor da maior parte da circunferência do tambor e apertada contra ele. Alternativamente, uma sapata (ou sapatas) relativamente rígida, com guarnição, pode ser pivotada contra a circunferência externa ou interna (ou ambas) do tambor. Se a sapata contata apenas uma porção angular do tambor, o arranjo é conhecido como freio de sapata curta, caso contrário é um freio de sapata longa. A geometria de contato no caso curto versus longo requer que um tratamento analítico diferente seja aplicado a cada caso. Iremos examinar os casos dos freios de tambor com sapata externa curta e longa para ilustrar suas diferenças e características, especialmente no que tange a freios de disco. Os princípios são os mesmos para freios de sapatas internas. 22 Freios a tambor 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 23 Freio a tambor 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 24 Freio de tambor com sapatas externas curtas Quando o ângulo q é menor que 45o, então podemos considerar a força distribuída entre a sapata e o tambor como uniforme, podendo ser substituída por uma força concentrada Fn, no centro da área de contato. Para qualquer valor de máxima pressão na forração, pmax, a força Fn pode ser estimada como: Onde w é a largura da sapata de freio na direção z e q o ângulo de abertura de contato em radianos. A força de atrito Ff é: Sendo m o coeficiente de atrito do material de forração utilizado no freio. O torque no disco de tambor é então 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 25 Somando os momentos com relação ao ponto 0 no diagrama de corpo livre da figura e substituindo a equação Ff = mFn, resulta: Freio de tambor com sapatas externas curtas As forças de reação no pivô são determinadas a partir da soma de forças Autoenergização. Com o sentido de rotação do tambor indicado na figura, o momento de atrito cFf é aditivo ao movimento atuante aFa. Isso é conhecido como autoenergização. Quando o sentido de rotação do tambor é invertido em relação ao da figura, o sinal do momento de atrito cFf torna-se negativo e o freio é autodesenergizante. 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 26 Autotravamento. Observando a equação abaixo, verifica-se que se o freio é autoenergizante e o produto mc >= b, a força Fa requerida para ativar o freio se torna nula ou negativa. Neste caso, o freio é autotravante. Freio de tambor com sapatas externas curtas Assim, se a sapata tocar o tambor, esta irá agarrá-lo e travá-lo. Esta é uma condição não desejada. Com exceção das chamadas aplicações de travamento de retorno. 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 27 Exercício 3) Para o arranjo de freio de tambor mostrado na figura ao lado, determine a razão c/r que irá produzir uma relação de autoenergização Fn/Fa de 2. Encontre também a razão c/r que irá causar o autotravamento. Dados: As dimensões são a = b = 6, r = 5. Hipótese: Coeficiente de atrito m = 0,35. 23/10/2017 2017-PM_Aula09_Freios_Embreagens Aula 9 – Freios e Embreagens 28 Bibliografia [1] JUVINALL, Robert & MARSHEK, Kurt M., Projeto de Componentes de Máquinas, Rio de Janeiro: Editora LTC, 2008. [2] NORTON, Robert L., Projeto de Máquinas – Uma abordagem integrada, Porto Alegre: Bookmann, 2013. 16/10/2017 2017-PM_Aula08_Freios_Embreagens
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