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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Igno Gustavo de Paula Dimensionamento da estrutura de um Guindaste para Movimentação de Pequenas Cargas NITERÓI, RJ 2021 IGNO GUSTAVO DE PAULA DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA DE UM GUINDASTE PARA MOVIMENTAÇÃO DE PEQUENAS CARGAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico. Orientadora: Stella Maris Pires Domingues Niterói, RJ 2021 IGNO GUSTAVO DE PAULA DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA DE UM GUINDASTE PARA MOVIMENTAÇÃO DE PEQUENAS CARGAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico. Grau: Aprovado em 28 de Abril de 2021. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________ Profa. DSc Stella Maris Pires Domingues – UFF Orientador ___________________________________________ Profa. DSc Fabiana Rodrigues Leta – UFF ___________________________________________ Prof. DSc Raul Bernardo Vidal Pessolani – UFF Niterói, RJ, 2021. i ii AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço a Deus todo poderoso pelo dom da minha vida e por todas as graças derramadas durante toda a graduação. Não foram poucos os momentos de tribulação, porém sempre senti Sua mão a me sustentar e acolher. Agradeço a Nossa Senhora, Maria Santíssima, que sempre me cobriu com o seu manto protetor. Principalmente em várias avaliações que eu estava completamente desesperançoso. “Totus Tuus Ego Sum Mariae Et Omnia Mea Tua Sunt”. Agradeço a minha amada esposa, Andressa, que foi uma peça primordial para eu concluir essa graduação. Em todos os momentos de incertezas, você estava lá para me dar todo o suporte para seguir em frente, sendo sempre a minha maior incentivadora. Agradeço aos meus pais, que foram sempre as principais pessoas a quem eu queria orgulhar. Vocês foram a base de toda a minha história e dos meus objetivos. Em especial, agradeço ao meu pai, que tinha dificuldade de acreditar que o filho do operário se tornaria engenheiro e, infelizmente, faleceu em 2016 deixando um enorme vazio em nossas vidas. Sinto- me triste do senhor não ver esse sonho se concretizar. Agradeço a minhas filhas, Manuela e Alice, que foram as maiores bençãos de Deus em minha vida. Sem sombra de dúvidas, vocês são os maiores combustíveis para eu superar todas as dificuldades e lutar para ser uma pessoa melhor a cada dia. Agradeço a todo corpo docente da UFF. Não foram poucos professores importantes nessa caminhada, porém não posso deixar de destacar, de maneira muito especial a professora Stella, que aceitou ser minha orientadora, em um momento que eu estava totalmente sem horizonte. E que com toda certeza, levarei em meu coração por toda a minha vida. Por fim, agradeço aos meus sogros, Solange e Rafael, que sempre me apoiaram e me trataram, verdadeiramente, como um filho. Ressalto em particular a importância da minha sogra, que sonhava com o meu baile de formatura, mas infelizmente nos deixou em 2018. A senhora foi uma das peças-chave para essa conclusão de curso. iii iv “Jesus respondeu: ‘As coisas impossíveis aos homens são possíveis a Deus’” Lucas 18, 27 v vi RESUMO Equipamentos de movimentação de carga são essenciais para a logística da maioria das empresas, sendo um diferencial competitivo. Eles são utilizados para movimentar cargas intermitentes de forma automatizada ou manual, com distância variada, e sua principal função é transportar e/ou manejar. Existem diferentes tipos de equipamentos para movimentação de cargas e a escolha do mais adequado deve levar em conta as necessidades das empresas e suas limitações. Esta tomada de decisão pode trazer benefícios como redução de custos, aumento da produtividade e consequentemente aumento dos lucros. Dentre estes equipamentos, destaca-se o guindaste de coluna giratório, pelo seu fácil manuseio, não necessitando de mão de obra especializada, máxima precisão, possibilidade de uso em locais com obstáculos, segurança, elevada capacidade de carga, fácil instalação, uso em ambientes internos e externos, além de ampla aplicabilidade em diversos ramos industriais. Ademais, é um equipamento com excelente custo-benefício, tendo em vista a redução tanto do número de operadores para movimentação das cargas quanto do risco de acidente inerentes ao processo. O presente trabalho tem como objetivo principal desenvolver um modelo de guindaste de coluna para içamento de cargas de até uma tonelada. Para isso, os seguintes passos foram realizados: revisão da literatura a fim de verificar o estado da arte e a fundamentação teórica, dimensionamento da estrutura do guindaste, análise dos elementos do equipamento, análise de tensões, seleção dos materiais utilizados para a fabricação e análise pelo Método de Elementos Finitos através do software SolidWorks, análise de custo e logística de montagem e transporte. O guindaste desenvolvido pode ser considerado adequado, com bom custo-benefício, além de ter o transporte, montagem e operação facilitados. Palavras-chave: Guindaste, Estrutura de Aço, Resistência dos Materiais. vii viii ABSTRACT Cargo handling equipment is essential for the logistics of most companies, being a specific differential. They are used to move intermittent loads automatically or manually, with varying distances, and their main function is to transport and / or handle. There are different types of equipment for handling loads and the choice of the most appropriate should take into account the needs of companies and their limitations. This decision-making can bring benefits such as reduced costs, increased productivity and, consequently, increased profits. Among these equipments, the rotating column crane stands out, for its easy handling, requiring no specialized labor, maximum precision, possibility of use in qualified locations, safety, high load capacity, easy installation, use in indoor environments. and external, besides wide applicability in several industrial branches. Furthermore, it is an equipment with excellent cost-benefit, with a view to reducing both the number of operators for handling loads and the risk of accidents inherent to the process. The present work has as main objective to develop a model of column crane for lifting loads of up to one ton. For this, the following steps were carried out: literature review in order to verify the state of the art and the theoretical foundation, dimensioning of the crane structure, analysis of the equipment elements, stress analysis, selection of materials used for manufacturing and analysis by the Finite Element Method through the SolidWorks software, cost analysis and logistics of assembly and transportation. The developed crane can be considered adequate, with good cost-benefit, besides having transportation, assembly and operation facilitated. Keywords: Crane, Steel Structure, Strength of materials ix x LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Tipos de máquinas de elevação e transporte, Rudenko (1976) .................... 6 Figura 2. Classificação por tipo de projeto, Brasil (1985) ........................................... 8 Figura 3. Guindaste de Coluna Giratório, o autor (2021) .......................................... 18 Figura 4. Dimensões do guindaste giratório de coluna, o autor (2021) ..................... 19 Figura 5. Alturas máxima e mínima da articulaçãodo guindaste (mm), o autor (2021) .................................................................................................................................................. 20 Figura 6. Base do guindaste, o autor (2021) .............................................................. 21 Figura 7. Conexão da base à coluna vertical, o autor (2021) ..................................... 21 Figura 8. Coluna vertical, o autor (2021) ................................................................... 22 Figura 9. Bomba hidráulica tipo garrafa 6 toneladas Bonevau, Loja do Mecânico (2021) ....................................................................................................................................... 23 Figura 10. Lança, o autor (2021) ............................................................................... 23 Figura 11. Guincho de coluna elétrico monofásico Motomil, Loja do Mecânico (2021) .................................................................................................................................................. 24 Figura 12. Rolamento agulha SKF, Loja Brafer (2021) ............................................ 24 Figura 13. Análise de tensões na posição média (mm), o autor (2021) ..................... 25 Figura 14. Análise de tensões na posição da altura máxima (mm), o autor (2021) ... 27 Figura 15. Análise de tensões sobre a lança na posição da altura mínima (mm), o autor (2021) ....................................................................................................................................... 28 Figura 16. Seção transversal da Coluna Vertical em milímetros (mm), o autor (2021) .................................................................................................................................................. 30 Figura 17. Momento de inércia de um tubo retangular .............................................. 31 Figura 18. Seção transversal da Lança horizontal em milímetros (mm), o autor (2021) .................................................................................................................................................. 33 Figura 19.Diagrama Esforço Cortante e Momento Fletor, o autor (2021) ................ 34 Figura 20. Vista lateral do guindaste de coluna giratório, o autor (2021) ................. 40 Figura 21. Vista em perspectiva do guindaste de coluna giratório, o autor ............... 41 Figura 22. Mapa de Calor da análise de tensões de von Mises sobre o conjunto do guindaste, o autor (2021) ......................................................................................................... 42 Figura 23. Mapa de calor de deslocamento resultante do conjunto guindaste, o autor (2021) ....................................................................................................................................... 43 xi Figura 24. Mapa de calor da deformação equivalente do conjunto guindaste, o autor (2021)........................................................................................................................................ 44 xii LISTA DE TABELAS Tabela 1. Classes de utilização da estrutura de equipamentos .................................. 12 Tabela 2. Estados de carga ......................................................................................... 12 Tabela 3. Estados de tensões de um elemento ........................................................... 13 Tabela 4. Classificação da estrutura dos equipamentos (ou dos elementos da estrutura) em grupos ................................................................................................................................. 14 Tabela 5. Valores do coeficiente dinâmico para Guindaste com lanças .................... 16 Tabela 6. Propriedades mecânicas do aço SAE 4340 normalizado ........................... 36 Tabela 7. Propriedades mecânicas do aço SAE 1040 laminado ................................ 37 Tabela 8. Orçamento dos principais componentes do guindaste ............................... 45 Tabela 9. Massa dos elementos do guindaste ............................................................ 46 xiii xiv LISTA DE SÍMBOLOS 𝐴 Área da seção transversal, m² 𝐵 Base externa da seção transversal, m b Base interna da seção transversal, m 𝐶 Distância da borda a linha neutra, m 𝐹 Carga, N 𝐹𝑚á𝑥 Carga máxima, N �⃗� Aceleração da gravidade, m/s² H Altura externa da seção transversal, m h Altura interna da seção transversal, m ℎ Distância da base até a força aplicada pelo cilindro hidráulico, m 𝐼 Momento de inércia da seção transversal, 𝑚4 𝐼𝑥𝑥 Momento de inércia em relação ao eixo x, 𝑚 4 𝐼𝑦𝑦 Momento de inércia em relação ao eixo y, 𝑚 4 𝑚 Massa, kg 𝑀𝑜 Momento em relação ao ponto O, Nm Mx Coeficiente de Majoração, adimensional 𝑛 Número de ciclos da máquina, h 𝑃 Peso, N 𝑃𝑐 Força peso, N 𝑄 Peso da carga viva, tf 𝑄ℎ Capacidade horária, tf/h 𝑅𝐴 Reação no ponto A, N 𝑅𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 Reação no cilindro, N 𝑅𝑜 Reação sobre a coluna vertical, N SG Solicitações dos elementos do equipamento, N SL Solicitações relativas às cargas de serviço, kg VL Velocidade de elevação da carga, m/s Coeficiente dinâmico, adimensional 𝜎𝑎 Tensão admissível, Pa 𝜎𝑐 Tensão de compressão, Pa 𝜎𝑒 Tensão de escoamento, Pa 𝜎𝑚á𝑥 Tensão máxima, Pa 𝜎𝑟 Tensão de resistência à tração, Pa 𝜎 Tensão, Pa xv SUMÁRIO Agradecimentos ............................................................................................................. i Resumo ........................................................................................................................ vi Abstract .....................................................................................................................viii Lista de ilustrações ....................................................................................................... x Lista de tabelas ........................................................................................................... xii Lista de símbolos ....................................................................................................... xiv Sumário ...................................................................................................................... xv 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 1.1 Objetivos ....................................................................................................... 3 1.2 Organização do texto ..................................................................................... 3 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 4 2.1 Critérios para a seleção de equipamentos ..................................................... 4 2.1.1 Fatores técnicos ........................................................................................ 4 2.1.2 Fatores econômicos .................................................................................. 5 2.2 Máquinas de elevação e transporte................................................................ 5 2.3 Máquinas de elevação ................................................................................... 7 2.4 Guindastes de coluna ou giratório ................................................................. 8 2.4.1 Vantagens e limitações do uso de guindaste de coluna ............................ 9 2.4.2 Fornecedores de Guindastes de Coluna: Nacionais e internacionais ........ 9 3 DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA DO GUINDASTE DE COLUNA GIRATÓRIO10 3.1 Serviço a ser executado ............................................................................... 10 3.2 Dimensionamento estrutural .......................................................................11 3.2.1 Classe de utilização da estrutura de equipamentos ................................. 11 3.2.2 Estado de Carga ...................................................................................... 12 xvi 3.2.3 Classificação dos elementos da estrutura do equipamento .................... 13 3.2.4 Classificação em grupos da estrutura dos equipamentos e seus elementos 14 3.2.5 Cálculo da estrutura do equipamento ..................................................... 15 3.2.6 Casos de solicitação ............................................................................... 17 4 ANÁLISE DO PROJETO DAS PEÇAS DO GUINDASTE............................. 18 5 ANÁLISE DE TENSÕES .................................................................................. 25 5.1 Diagrama de corpo livre para a determinação das tensões máximas .......... 25 5.1.1 Na Posição Média .................................................................................. 25 5.1.2 Na Posição da Altura Máxima ............................................................... 27 5.1.3 Na Posição da Altura Mínima ................................................................ 28 5.2 Coluna vertical ............................................................................................ 29 5.3 Lança........................................................................................................... 32 6 MATERIAIS UTILIZADOS PARA A FABRICAÇÃO ................................... 36 7 MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS: SolidWorks ...................................... 39 7.1 Vistas do guindaste de coluna giratório ...................................................... 39 7.2 Análise de tensões sobre o conjunto do guindaste ...................................... 42 8 INFORMAÇÕES ADICIONAIS ....................................................................... 45 8.1 Análise de custo .......................................................................................... 45 8.2 Dimensões do local de operação ................................................................. 45 8.3 Logística de transporte e montagem ........................................................... 46 8.4 Vida útil média ........................................................................................... 47 9 Conclusões ......................................................................................................... 48 10 Referências bibliográficas .................................................................................. 49 1 1 INTRODUÇÃO Desde os primórdios o homem busca alternativas para a movimentar cargas com o menor esforço. Isto tornou-se possível a partir do uso de alavancas, rodas, polias e do plano inclinado, transformando o transporte e carregamento de materiais mais fácil, rápido e seguro (MOURA, 2005). Os primeiros registros do uso dessas técnicas são datados no Egito Antigo em diversas aplicabilidades, abrangendo a construção de edifícios, mineração, transporte de água para as obras, construção de navios e movimentação de pedras para as estátuas (MOURA, 2005). Inicialmente, a movimentação vertical das cargas pesadas era realizada por meio de rampas, mas este processo foi logo substituído após o desenvolvimento das alavancas e polias. Ainda na Idade Média, começaram a ser utilizados guindastes portuários para manobras de carga e na construção de embarcações. Já no fim da Idade Média, Leonardo Da Vinci projetou Guindastes de Torre, um dos primeiros guindastes móveis (DOS SANTOS, 2014). A priori os guindastes eram confeccionados em madeira e, mais tarde, com o advento da Revolução Industrial, passaram a ser produzidos em aço e ferro fundido. Cabe ressaltar que esses equipamentos necessitavam de mão-de-obra humana ou animal, e este cenário só foi modificado após o desenvolvimento das máquinas a vapor (DOS SANTOS, 2014). Atualmente, com a crescente competitividade no mercado, o investimento em logística ganha destaque como forma de maximização dos lucros. A logística corresponde ao gerenciamento estratégico da aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos (CHRISTOPHER, 1997). Neste contexto, o uso de equipamentos de movimentação de cargas é essencial para a redução no desperdício do tempo na cadeia produtiva (MOURA, 2005). Equipamentos de movimentação de carga são máquinas utilizadas para movimentar cargas intermitentes de forma automatizada ou manual, com distância variada, e sua principal função é transportar e/ou manejar. Existem diferentes tipos de equipamentos: empilhadeiras, transpaletes, guindastes, transelevador, pontes rolantes, comboios e esteiras transportadoras. No momento da escolha, as empresas devem levar em conta diversos fatores, dentre os principais: demanda, layout do local, modo de armazenagem e espaço disponível. Esta tomada de decisão pode trazer benefícios tanto na redução de custos como no aumento da produtividade. 2 Dentre os equipamentos citados, destaca-se o guindaste de coluna ou giratório, pelo seu fácil manuseio, máxima precisão no transporte de cargas, possibilidade de uso em locais com diversos obstáculos, segurança, elevada capacidade de carregamento, fácil instalação, uso em ambientes internos e externos, além de ampla aplicabilidade no ramo industrial. Ademais, é um equipamento com excelente custo-benefício, tendo em vista a redução tanto do número de operadores para movimentação das cargas quanto do risco de acidente inerentes ao processo. Cabe ressaltar que a construção deste tipo de equipamento necessita ser cuidadosamente calculada e analisada a fim de minimizar os riscos durante as operações (GOMES, 2014). Uma das formas de análise utilizada é o método dos elementos finitos por meio de softwares de cálculo e modelagem como o SolidWorks, utilizado no presente trabalho. 3 1.1 OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivo principal desenvolver um modelo de guindaste de coluna para levantamento de cargas até 1000 kg. Como objetivos específicos pode-se listar: • Análise do estado da arte relativos ao projeto de guindastes de coluna; • Desenvolvimento de um modelo de guindaste de coluna para levantamento de motores automotivos e pequenas cargas; • Análise do modelo de guindaste por meio do software SolidWorks. 1.2 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO O presente trabalho foi organizado em capítulos com as seguintes temáticas: O Capítulo 1 apresenta um texto introdutório sobre as máquinas de levantamento, seu breve histórico, motivação do estudo, justificativa e seus objetivos. No Capítulo 2 apresenta-se a Fundamentação teórica abordando os critérios de seleção de equipamentos, conceito e classificações de Máquinas de Elevação e Transporte, enfatizando os guindastes giratórios de coluna No Capítulo 3 é realizado o dimensionamento da estrutura do guindaste de coluna, com base na NBR 8400. O Capítulo 4 apresenta uma análise detalhada do projeto de cada uma das peças do guindaste giratório de coluno proposto no presente trabalho. Já no Capítulo 5 são apresentados os cálculos de análise de tensões nos componentes principais do guindaste projetado. O Capítulo 6 apresenta os materiais selecionados para fabricação do guindaste. No Capítulo 7 apresenta-se a análise do guindaste projetado por meio do Método de Elementos Finitos (SolidWorks). No Capítulo 8 são apresentadas informações adicionais, como análise de custo, vida útil média, logística de transporte e montagem, além das dimensões mínimas do local de operação. Por fim, as Conclusões apresentam os principais resultados deste estudo e propostas para trabalhos futuros. 4 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE EQUIPAMENTOS Diante da ampla diversidade de equipamentos para a movimentação de cargas, as empresas devem se atentar para muitos critérios de seleção, que incluem fatores técnicose econômicos. Esta tomada de decisão é essencial, pois pode trazer benefícios tanto na redução de custos quanto no aumento da produtividade. 2.1.1 Fatores técnicos As Máquinas de Elevação e Transporte (METs) apresentam uma grande variedade de modelos e, com frequência, as mesmas operações podem ser desempenhadas por diferentes aparelhos (RUDENKO, 1976). Dessa maneira, torna-se essencial considerar os fatores técnicos a seguir a fim de selecionar o equipamento mais adequado a demanda da operação desejada pela empresa. Espécie e propriedades de cargas a serem manuseadas. Primeiramente, as cargas pode ser classificadas como: unitária ou a granel. Para a carga unitária, devem ser observadas as suas características quanto a forma, peso, fragilidade, temperatura etc. Por outro lado, para as cargas a granel, que são compostos de um grande número de partículas homogêneas, é interessante atentar para outras características, dentre elas: peso específico, propriedades químicas e tendência a amassar (RUDENKO, 1976). Capacidade horária requerida por unidade. Este tópico está relacionado a eficiência do equipamento transportar carga durante o processo. Podendo ser dividido em capacidade horária ilimitada ou limitada. No primeiro caso, o equipamento transporta cargas continuamente, como pode ser observado em transportadores de ação contínua. Enquanto no segundo caso, as máquinas possuem um ciclo com equipamento vazio, por exemplo: os carrinhos motorizados ou pontes rolantes (RUDENKO, 1976). Direção e distância do percurso. Nesse quesito há de se considerar os movimentos necessários para a operação e os equipamentos que irão atender a estas demandas. A direção pode ser: vertical, horizontal ou em ângulo com o horizonte. Quanto ao percurso, deve-se 5 atentar quanto a sua forma (retilíneos ou necessitar a realização de curvas), comprimento, posição dos pontos de abastecimento de cargas, ramificação dos postos de descargas (RUDENKO, 1976). Métodos de empilhar cargas nos pontos iniciais, intermediários e finais. Estes estão diretamente relacionados com o tipo de carga (unitária ou a granel), devendo-se pensar de forma serão removidas para outros locais. Por exemplo: as cargas podem ser descarregadas diretamente sobre veículos ou em tablados, pelos quais serão removidas por outros aparelhos de elevação e transporte (RUDENKO, 1976). Características dos processos de produção relacionados com a movimentação de cargas. Os movimentos dos equipamentos são diretamentes dependentes do processos de fabricação e ainda podem estar relacionados com o desempenho de certas operações no processo (RUDENKO, 1976). Condições específicas do local. Este tema apresenta pontos bastante variados, que incluem desde a dimensão e forma da área, projeto e solo do edifício, condições de poeira e umidade, presença de vapor ou gases, até mesmo a possível expansão da empresa, espécie de energia disponível e segurança. 2.1.2 Fatores econômicos A avaliação econômica abrange o capital total dispendido e os custos operacionais. O capital total dispendido inclui os custos com o equipamento, montagem, transporte, construção para instalação e operação. Enquanto os custos operacionais são relativos a: contratação de pessoal e custos com energia elétrica, lubrificação, limpezas, reparos e manutenções. Outro fator a ser considerado são as perdas relacionadas a depreciação da carga durante o transporte. 2.2 MÁQUINAS DE ELEVAÇÃO E TRANSPORTE As máquinas de elevação e transporte são equipamentos cuja a finalidade é a movimentação de cargas em estabelecimentos ou áreas, geralmente em distâncias limitadas, permitindo uma constante transferência de carga entre dois ou mais pontos (RUDENKO, 1976). De forma mais simplificada, pode-se dizer que elas têm a finalidade de movimentação horizontal e vertical de equipamentos e materiais das mais diversas áreas da indústria. 6 A transferência de cargas podem ser onshore ou offshore. No primeiro caso, o processo ocorre em terra, sendo um procedimento mais simples, com menos riscos e custo mais baixo (DOS SANTOS, 2014). Por outro lado, o offshore é a transferência realizada em mar aberto, possuindo alta complexidade e elevado risco de acidentes (DOS SANTOS, 2014). Os principais tipos de equipamentos de elevação e transporte, agrupadas de acordos com as suas características, são apresentados na Figura 1. Figura 1. Tipos de máquinas de elevação e transporte, Rudenko (1976) 7 2.3 MÁQUINAS DE ELEVAÇÃO Existem diversas nomenclaturas para as máquinas de elevação. Sendo assim, é necessário evidenciar que, no presente trabalho, são utilizados como sinônimos: máquinas de elevação, meios de elevação e máquinas de levantamento. “Equipamento de elevação é o grupo de máquinas com mecanismo de elevação, destinado a movimentar cargas, principalmente em lotes” (RUDENKO, 1976, p. 5). Da mesma forma como existe uma ampla gama de equipamentos de elevação, encontra-se na literatura uma variedade muito grande de classificações. No presente trabalho, são apresentadas as classificações propostas por Rudenko (1976). As máquinas de levantamento podem ser classificadas de acordo com a sua finalidade, os tipos de movimentos realizados ou a característica do projeto de fabricação, como pode ser observado a seguir. A classificação pela Finalidade considera a aplicação do equipamento, ou seja, as condições específicas de sua operação. Por exemplo: os guindastes podem ser subdivididos em metalúrgicos, de construção, portuários, entre outros. (RUDENKO, 1976). A classificação pelo Tipo de movimento considera as características cinemáticas dos equipamentos. “A carga é considerada como concentrada em seu centro de gravidade e o grupo de máquina é determinado pelo caminho feito pela carga, movimentando-se num plano horizontal” (RUDENKO, 1976, p.9). Enquanto a organização pelo Tipo de projeto tem base no processo de fabricação, considerando, se o equipamento é fabricado de forma seriada ou especial e específica para a aplicação industrial (BRASIL, 1988). Esta organização pode ser observada na Figura 2 apresentada a seguir. Uma outra classificação proposta por Rudenko (1976), bem mais generalizada, leva em conta a aplicação dos equipamentos dividindo-os em: Maquinário de Elevação, Elevadores e Guindastes. No presente trabalho, serão enfatizados apenas os guindastes de coluna, devido ao projeto de equipamento proposto. A descrição desta classificação será apresentada no próximo tópico. 8 Figura 2. Classificação por tipo de projeto, Brasil (1985) 2.4 GUINDASTES DE COLUNA OU GIRATÓRIO Guindastes são um tipo de máquinas de elevação que “combinam mecanismos de elevação, separados por uma estrutura para, apenas, levantar ou elevar e mover cargas, que podem estar livremente suspensas ou presas por eles” (RUDENKO, 1976, p. 9). De forma mais simplificada, pode-se definir como qualquer máquina de levantamento que possui lança, cuja peça básica é um guincho (BRASIL, 1985). 9 Mais especificamente, os Guindastes giratórios de coluna são aqueles que possuem uma coluna que possui dois mancais: um inferior e outro de escora superior. O mancal inferior absorve impactos verticais e horizontais. Por outro lado, o mancal de escora superior é projetado para receber somente esforços horizontais (BRASIL, 1985). Este tipo de guindaste, além de realizar o levantamento de cargas, realiza um movimento de varredura horizontal. Os projetos de guindastes giratório de coluna devem seguir as normas técnicas, que muitas vezes padronizam tanto as cargas úteis quanto o tamanho dos vãos (BRASIL, 1985). Por exemplo, o Instituto Alemão para Normatização (Deutsches Institut für Normung, DIN) padroniza as cargas úteis de 0,25-0,50-1,00-2,00-3,20-5,00-8,00-12,5 e 20,00 t e vãos de 4,5- 6,3-8,0-10,0 e 12,5 m (BRASIL, 1985). 2.4.1 Vantagense limitações do uso de guindaste de coluna Os guindastes giratórios de coluna possuem muitas vantagens, que incluem desde a versatilidade até a facilidade de montagem e instalação. Além disso, são equipamentos resistentes, com alta durabilidade e não necessitam de mão-de-obra especializada para manuseá-los. Estes equipamentos permitem uma máxima precisão no transporte de cargas, com segurança, elevada capacidade de carregamento e alta aplicabilidade no ramo industrial. Ainda podem ser utilizados em locais com diversos obstáculos, ambientes internos e externos, além e não ocuparem área de piso. Ademais, é um equipamento com excelente custo-benefício, tendo em vista a redução tanto do número de operadores para movimentação das cargas quanto do risco de acidente inerentes ao processo. São poucas as limitações dos guindastes giratórios de coluna, sendo a mais evidente o fato se ser fixo, com raio de ação limitado pelo comprimento de sua lança. 2.4.2 Fornecedores de Guindastes de Coluna: Nacionais e internacionais Tanto no mercado nacional quanto no internacional existe uma infinita gama de empresas na indústria que fornecem guindastes de coluna. Dentre os fornecedores nacionais e internacionais destacam-se: ESAB, Movomech, Demag, Ingersoll Rand, Abus Kransysteme, Conductix Wampfler, Haancon e Tawi. 10 3 DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA DO GUINDASTE DE COLUNA GIRATÓRIO No capítulo 3 será realizado o dimensionamento da estrutura do guindaste de coluna do atual projeto com base na NBR8400. Para isso, inicialmente, apresenta-se o serviço executado pelo equipamento a fim de nortear os cálculos realizados. De acordo com esta norma técnica, primeiramente é necessário determinar o grupo ao qual pertence o equipamento, dessa forma, é necessário atentar para dois fatores: classe de utilização e estado de carga. Após a determinação do grupo do equipamento, encontra-se o coeficiente de majoração Mx, que caracteriza o dimensionamento da estrutura (NBR8400). É importante destacar que os elementos da estrutura do equipamento devem ser avaliados individualmente e agrupados em conjuntos, de acordo com os estados de tensões. Pois as demandas de cada elemento da estrutura podem ser diferentes durante a execução do serviço. Sendo assim, este capítulo apresenta os conceitos de cada item necessário para o dimensionamento da estrutura a saber: • Classe de utilização da estrutura de equipamentos • Estados de carga • Classificação dos elementos da estrutura do equipamento • Classificação da estrutura dos equipamentos (ou dos elementos da estrutura) em grupos Posteriormente, apresenta-se as solicitações necessárias para o cálculo da estrutura do equipamento (solicitações principais, efeitos climáticos, movimentos verticais e horizontais) aplicadas ao projeto atual de guindaste de coluna giratório. Finaliza-se este capítulo com a apresentação dos conceitos do caso de solicitação do Tipo I, no qual o atual projeto se enquadra. 3.1 SERVIÇO A SER EXECUTADO O guindaste giratório de coluna, desenvolvido no presente trabalho, tem como principal propósito o levantamento de objetos de até 1000 kg, podendo ser utilizado no içamento de motores automotivos, além de carga e descarga de caminhões. Cabe ressaltar que este serviço será executado em ambientes internos, como oficinas mecânicas e galpões. Dessa forma, não sofre influência das ações climáticas, como o vento e a temperatura. 11 Um ciclo de levantamento pode ser definido como o tempo decorrente entre o instante em que a carga é içada até o momento no qual o equipamento está pronto para o próximo içamento (NBR 8400). O presente guindaste possui um ciclo de levantamento de aproximadamente 5 min, entretanto, dificilmente executará diversos ciclos seguidos. Isto ocorre devido às peculiaridades do serviço a ser executado, como a demanda intermitente e turno de serviço menor que 24h. Considerando que os guindastes de coluna giratórios são classificados como máquinas de elevação periódica, a sua capacidade horária pode ser calculada por Eq. 1: 𝑄ℎ = 𝑛𝑄 (tf/h) (1) Onde: 𝑛 = número de ciclos da máquina (por hora) 𝑄 = peso da carga viva (em tf) Portanto, o presente guindaste possui capacidade horária de: 𝑄ℎ = 12 ∗ 1 = 12 tf/h 3.2 DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL As máquinas de elevação apresentam demandas repetidas e, por isso, suas peças precisam ser dimensionadas considerando a fadiga (BRASIL, 1988). Um mesmo equipamento pode ter exigências de repetições diversas de acordo com a sua finalidade e frequência de utilização. 3.2.1 Classe de utilização da estrutura de equipamentos Esta classificação leva em conta a frequência de uso do movimento de levantamento dos equipamentos e pode ser definida em quatro classes, conforme apresentado na Tabela 1. Cada uma destas classes apresenta uma quantidade total de ciclos de levantamento que o equipamento deverá efetuar durante a sua vida (NBR 8400). 12 Tabela 1. Classes de utilização da estrutura de equipamentos Classe de utilização Frequência de utilização do movimento de levantamento Número convencional de ciclos de levantamento A Utilização ocasional não regular, seguida de longos períodos de repouso 6,3 × 104 B Utilização regular em serviço intermitente 2,0 × 105 C Utilização regular em serviço intensivo 6,3 × 105 D Utilização em serviço intensivo severo, efetuado, por exemplo, em mais de um turno 2,0 × 106 Fonte: NBR 8400 No atual projeto, espera-se que o uso seja ocasional, seguido por longos períodos de repouso. Isto porque a proposta é que o equipamento execute o içamento de motores em oficinas mecânicas ou a carga e descargas de objetos com até 1000 kg. Neste cenário, o equipamento não é utilizado de maneira contínua e depende da demanda de serviços da empresa. Nesse sentido, o atual projeto de guindaste se enquadra na classe de utilização A, conforme apresentado na Tabela 1. 3.2.2 Estado de Carga Tabela 2. Estados de carga Fonte: NBR 8400 Estado de carga Definição Fração mínima da carga máxima 0 (muito leve) Equipamentos levantando excepcionalmente a carga nominal e comumente cargas muito reduzidas P=0 1 (leve) Equipamentos que raramente levantam a carga nominal e comumente cargas de ordem de 1/3 da carga nominal P=1/3 2 (médio) Equipamento que frequentemente levantam a carga nominal e comumente cargas compreendidas entre 1/3 e 2/3 da carga nominal P=2/3 3 (pesado) Equipamentos regularmente carregados com a carga nominal P=1 13 O Estado de Carga (Tabela 2) está relacionado a severidade do serviço, por meio da representação da proporção que o equipamento levanta a carga máxima ao longo de sua vida útil (NBR8400). As informações são dadas através do número de ciclos para os quais uma fração p da carga máxima será igual ou excedida ao longo da vida útil do equipamento (Eq 2). 𝑃 = 𝐹 𝐹𝑚á𝑥 (2) Tendo em vista o serviço a ser executado pelo atual projeto de guindaste, o Estado de carga seria classificado como 2 (médio), pois o equipamento frequentemente realizaria o içamento de objetos com cargas entre 1/3 e 2/3 da carga nominal. 3.2.3 Classificação dos elementos da estrutura do equipamento Esta classificação é importante para se determinar as tensões a serem consideradas no projeto dos elementos das estruturas. Os fatores a serem considerados são: Classe de utilização e Estado de tensões (NBR 8400). Tabela 3. Estados de tensões de um elemento Fonte: NBR 8400 Estado de tensões Definição Fração mínima de tensão máxima 0 (muito leve) Elemento submetido excepcionalmente à sua tensão máxima e comumente a tensões muito reduzidas P=0 1 (leve) Elemento submetido raramente à sua tensão máxima, mas comumente a tensões da ordem de 1/3 de tensão máxima P=1/3 2(médio) Elemento frequentemente submetido à sua tensão máxima e comumente tensões compreendidas entre 1/3 e 2/3 da tensão máxima P=2/3 3 (pesado) Elemento regularmente submetido à sua tensão máxima P=1 14 A Classe de utilização é idêntica a apresentada na Tabela 1 da seção anterior. Entretanto, apesar do Estado de tensão ser apresentado de forma análoga aos Estados de carga (Tabela 3), os valores não são correspondentes em todos os elementos da estrutura do equipamento e os valores de p representam uma fração da tensão máxima (Eq. 3). 𝑃 = 𝜎 𝜎𝑚á𝑥 (3) 3.2.4 Classificação em grupos da estrutura dos equipamentos e seus elementos A classificação da Tabela 4 é baseada nas classes de utilização e dos estados de cargas levantadas, ou dos estados de tensão quando se trata de elementos. Os elementos são agrupados em conjunto e determinam o coeficiente de majoração Mx, que caracteriza o dimensionamento da estrutura (NBR8400). Tabela 4. Classificação da estrutura dos equipamentos (ou dos elementos da estrutura) em grupos Fonte: NBR8400 No caso do atual projeto, determinou-se anteriormente a Classificação de Utilização como “A” e o Estado de Carga como 2 (médio). Logo, o equipamento pertence ao grupo “3” cujo resultado é utilizado para o cálculo do coeficiente de Majoração Mx. Estado de carga (ou estado de tensões para um elemento) Classe de utilização e número convencional de ciclos de levantamento (ou de tensões para um elemento) A 6,3 × 104 B 2,0 × 105 C 6,3 × 105 D 2,0 × 106 0 (muito leve) P=0 1 2 3 4 1 (leve) P=1/3 2 3 4 5 2 (médio) P=2/3 3 4 5 6 3 (pesado) P=1 4 5 6 6 15 É importante ressaltar que o uso dos grupos apresentados no Quadro 4 é insuficiente para os cálculos de fadiga de todos os elementos da estrutura. Isto se dá pelo fato de que a quantidade de ciclos de uso e estados de carga pode variar entre cada elemento. Sendo assim, deve-se determinar para cada elemento o grupo a ser verificado quanto à fadiga (NBR 8400). 3.2.5 Cálculo da estrutura do equipamento É realizado por meio da análise das tensões atuantes na estrutura do equipamento durante o seu funcionamento, com base nas seguintes solicitações (NBR 8400): • Solicitações principais; • Efeitos climáticos; • Movimentos verticais; • Movimentos horizontais; As principais solicitações compreendem às solicitações relativas ao peso dos elementos do equipamento (SG) e às cargas de serviço (SL). O cálculo se dá, primeiramente, através da suposição da posição mais desfavorável para os elementos móveis da estrutura. Em seguida, cada elemento da estrutura é calculado para esta posição, cujo valor da carga origina as tensões máximas (NBR8400). As solicitações decorrentes dos efeitos climáticos abrangem às ações do vento e da variação de temperatura. No caso de equipamentos utilizados em ambientes internos (indoor), o cálculo da ação do vento não é necessário. Já as solicitações referentes às variações de temperatura só necessitam ser calculadas em condições nas quais os elementos não podem se dilatar livremente. Assim, determina-se uma variação de temperatura de -10ºC a +50ºC (NBR8400). Portanto, não é necessário calcular os efeitos climáticos no atual projeto de guindaste. As solicitações dos movimentos verticais estão relacionadas ao içamento brusco da carga ou a choques verticais (NBR 8400). Nestas solicitações também são consideradas as oscilações provocadas pelo levantamento, para isso, as solicitações devidas à carga de serviço são multiplicadas pelo coeficiente dinâmico (), que pode ser consultado na Tabela 5. Este coeficiente dinâmico determina o valor da amplitude máxima de oscilação no momento do levantamento da carga (NBR 8400). Já para o momento em que ocorre o abaixamento da carga, tem-se que a amplitude de oscilação da estrutura é metade do valor encontrado no momento do 16 içamento (NBR8400). No caso do presente projeto de guindaste, a velocidade de elevação da carga (VL) está contida na faixa até 0,5 m/s. Portanto o Coeficiente dinâmico () é 1,15. Tabela 5. Valores do coeficiente dinâmico para Guindaste com lanças Coeficiente dinâmico () Faixa de velocidade de elevação da carga (m/s) 1,15 0 < VL ≤ 0,5 1 + 0,3 VL 0,5 < VL ≤ 1 1,3 VL ≥ 1 Fonte: Baseado em NBR84009 As solicitações pelos movimentos horizontais podem ocorrer devido a diversos fatores, como: a) Aceleração/desaceleração, translação, orientação e levantamento da lança: os efeitos de acelerações e desacelerações nos elementos móveis do equipamento ocorrem por ocasião de partidas ou frenagens. Os esforços devem ser calculados de acordo com o tempo de aceleração/desaceleração, levando em conta também as massas a movimentar (NBR 8400). No caso de não definirem os valores de velocidade e aceleração, pode-se eleger o tempo de aceleração a partir das condições de utilização do equipamento: • Velocidade lenta e média, mas longo percurso • Velocidade média e alta, em aplicações comuns • Velocidade alta e fortes acelerações b) Forças centrífugas: no caso dos Guindastes, é calculada a partir da determinação do esforço horizontal na ponta da lança, que resulta da inclinação do cabo que recebe a carga e as forças centrífugas são desprezadas nos demais elementos do equipamento (NBR 8400). c) Reações horizontais transversais: ocorrem quando duas rodam giram sobre um trilho, gerando uma força horizontal perpendicular ao mesmo. No atual projeto, não está previsto uso de trilhos, portanto, o cálculo desta variável é desnecessário. d) Efeitos de choque (NBR 8400): os choques podem ocorrer tanto na carga suspensa, quanto na estrutura. Nesta última, podem ocorrer duas situações, quando ocorre a oscilação da carga suspensa ou no caso as guias impedem a oscilação. Em casos de oscilação da carga suspensa com velocidade de deslocamento horizontal inferior a 0,7 m/s, não se considera os efeitos de choque. Portanto, os efeitos de choque não serão considerados no atual projeto. 17 3.2.6 Casos de solicitação Existem situações previstas: • Caso I – serviço normal sem vento • Caso II – serviço normal com vento limite de serviço • Caso III – solicitações excepcionais Tendo em vista que o projeto de guindaste desenvolvido no presente trabalho executa o serviço em ambientes internos, portanto atendendo as características do Caso I, somente este tópico é abordado. No caso de equipamento em serviço normal sem vento, são consideradas as seguintes solicitações: • Decorrentes do próprio peso do equipamento (SG); • Às cargas de serviço (SL) multiplicadas pelo coeficiente dinâmico (); • Efeitos horizontais mais desfavoráveis, com exclusão dos efeitos de choque. O conjunto destas solicitações deve ser multiplicado pelo coeficiente de majoração Mx, uma vez que a solicitação pode ser ultrapassada por imperfeições de cálculo ou por imprevistos. O valor deste coeficiente é definido a partir classificação em grupos da estrutura do equipamento (NBR 8400). Em seguida, deve-se considerar se os equipamentos são industriais ou siderúrgicos, devido às condições ambientais nas quais serão submetidos. Conforme apresentado anteriormente, o projeto atual de guindaste de coluna pertence ao grupo 3 de classificação em grupos da estrutura do equipamento e é considerado um equipamento industrial. Portanto, consultando a Tabela 6, tem-se que o Coeficiente de majoração Mx é igual a 1. Tabela 6. Valores do coeficiente de majoração para equipamentos industriais Grupos 1 2 3 4 5 6 Mx 1 1 1 1,06 1,12 1,20 Fonte: NBR 8400 18 4 ANÁLISE DO PROJETO DAS PEÇAS DO GUINDASTE O capítulo 4 apresenta cada elemento da estrutura do guindaste por meio do fornecimento de imagens bidimensionais e tridimensionais do projeto. Inicialmente apresenta- se a configuração completa do guindaste,seguida pelo alcance de altura máximo e mínimo. Posteriormente, apresenta-se cada componente do equipamento de maneira individualizada. A configuração completa do guindaste giratório pode ser observada na Figura 3. Figura 3. Guindaste de Coluna Giratório, o autor (2021) 19 Este guindaste, além de possuir uma lança que se articula, tem um motor elétrico que realiza o levantamento de carga de até 1 tonelada. As suas dimensões podem ser observadas na Figura 4. Figura 4. Dimensões do guindaste giratório de coluna, o autor (2021) 20 Nota-se que a articulação do guindaste é de 30º para cima (CBC’’) e uma articulação para o solo no ângulo de 50º (CBC’), tendo assim um alcance máximo de altura de 2960 mm e alcance de cargas de 934 mm (Figura 5). Estas angulações são determinadas pelo curso do êmbolo do levantador hidráulico. Vale lembrar que, como o presente guindaste de coluna ainda possui um motor elétrico, possibilita o içamento de objetos em alturas inferiores ao curso angular da lança. Figura 5. Alturas máxima e mínima da articulação do guindaste (mm), o autor (2021) 21 A seguir são apresentados os elementos do guindaste de coluna giratório: Base (Figura 6), Conexão da base à coluna vertical (Figura 7), Coluna vertical (Figura 8), Bomba hidráulica (Figura 9) e Lança (Figura 10). Figura 6. Base do guindaste, o autor (2021) Figura 7. Conexão da base à coluna vertical, o autor (2021) 22 Figura 8. Coluna vertical, o autor (2021) 23 Figura 9. Bomba hidráulica tipo garrafa 6 toneladas Bonevau, Loja do Mecânico (2021) Figura 10. Lança, o autor (2021) O guindaste projetado possui acoplado um motor elétrico com capacidade para levantamento de cargas de até uma tonelada. A seguir, um motor encontrado no mercado que atenda estas a estas características é apresentado (Figura 11). 24 Figura 11. Guincho de coluna elétrico monofásico Motomil, Loja do Mecânico (2021) Para possibilitar o movimento de giro do guindaste, é utilizado um rolamento do tipo agulha (Figura 12), que fica localizado dentro da base (Figura 6) e em contato com a conexão (Figura 7). Figura 12. Rolamento agulha SKF, Loja Brafer (2021) 25 5 ANÁLISE DE TENSÕES No capítulo 5 apresenta-se o diagrama de corpo livre para a determinação das tensões máximas sobre os elementos do guindaste quando a lança está nas posições: média, máxima e mínima. Em seguida, é realizado o cálculo das tensões máximas sobre cada elemento do Guindaste de Coluna Giratório. 5.1 DIAGRAMA DE CORPO LIVRE PARA A DETERMINAÇÃO DAS TENSÕES MÁXIMAS A fim de determinar as tensões de tração, compressão e flexão máximas, é necessário analisar os carregamentos sobre a lança, a coluna e o pistão hidráulico do guindaste. A partir destes dados, é possível determinar qual o material mais apropriado para a sua construção. 5.1.1 Na Posição Média Na Figura 13 apresentada abaixo, pode-se observar a análise de tensões sobre a lança quando a mesma está na posição média. Figura 13. Análise de tensões na posição média (mm), o autor (2021) A força peso de carga máxima é calculada pela Equação 4: • Na Posição Média 𝑅𝐴 ⃗ 𝑅𝑜 ⃗ 𝑂 𝐴 𝐵 𝑅 ⃗ 𝐶𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 20º 𝑃𝑐 ⃗ 𝑦 𝑥 26 𝑃 ⃗𝑐 = 𝑚 ∙ �⃗� = 1000 𝑘𝑔 ∙ 9,807 𝑚 𝑠2 = 9807 𝑁 (4) Calculando o momento em relação ao ponto O (Eq. 5): ∑ 𝑀𝑜 = 0 (5) −9807 𝑁 ∙ 1600 𝑚𝑚 + 𝑅𝐴 ∗ 430 𝑚𝑚 = 0 𝑅𝐴 = 36491,16 𝑁 A reação na direção do cilindro do pistão é dada por (Eq. 6): 𝑅𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 𝑅𝐴(cos(20º) = 36941,16 𝑁 ∙ cos(20º)) (6) 𝑅𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 34290,48 𝑁 A reação sobre a coluna vertical 𝑅𝑜 pode ser calculada pela Equação 7: ∑ 𝐹𝑦 = 0 (7) 𝑅𝑜 + 𝑅𝐴 − 𝑃𝑐 = 0 𝑅𝑜 + 36491,16 𝑁 − 9807 𝑁 = 0 𝑅𝑜 = −26684,16 𝑁 Observação: Como o valor da reação de 𝑅𝑜 foi negativo, significa que o sentido da força foi estimado inicialmente de maneira errônea. 27 5.1.2 Na Posição da Altura Máxima Na Figura 14, pode-se observar a análise de tensões sobre a lança quando a mesma se encontra na posição da altura máxima. Figura 14. Análise de tensões na posição da altura máxima (mm), o autor (2021) Calculando o momento em relação ao ponto O (Eq. 8): ∑ 𝑀𝑜 = 0 (8) −(9807 ∙ cos(30º)) 𝑁 ∙ 1600 𝑚𝑚 + 𝑅𝐴 ∙ 430 𝑚𝑚 = 0 𝑅𝐴 = 31602,27 𝑁 A reação na direção do cilindro do pistão é dada por (Eq. 9): 𝑅𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 𝑅𝐴 ∙ cos(50º) = 31602,27 𝑁 ∙ cos(50º)) (9) 𝑅𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 20313,55 𝑁 • 𝑅𝐴 ⃗ 𝑃𝑐 ⃗ 𝑅𝑜 ⃗ 28 5.1.3 Na Posição da Altura Mínima A Figura 15 apresenta a análise de tensões sobre a lança quando se encontra na posição da altura mínima. Figura 15. Análise de tensões sobre a lança na posição da altura mínima (mm), o autor (2021) Calculando o momento em relação ao ponto O (Eq. 10): ∑ 𝑀𝑜 = 0 (10) −(9807 ∙ cos(50º)) 𝑁 ∙ 1600 𝑚𝑚 + 𝑅𝐴 430 𝑚𝑚 = 0 𝑅𝐴 = 23456,08 𝑁 C’ 𝑃𝑐 ⃗ 𝑅𝐴 ⃗ 𝑅𝑜𝑚 í𝑛𝑖𝑚𝑎 ⃗ 29 A reação na direção do cilindro do pistão no ponto mais alto (Eq. 11): 𝑅𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 𝑅𝐴 ∙ 𝑐𝑜𝑠(25º) = 23456,08 𝑁 ∙ 𝑐𝑜𝑠(25º)) (11) 𝑅𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 21258,42 𝑁 A reação sobre a coluna vertical 𝑅𝑜 é dada pela Equação 12: ∑ 𝐹𝑦 = 0 (12) 𝑅𝑜 + 𝑅𝐴 − 𝑃𝑐 ∙ cos (30º) = 0 𝑅𝑜𝑚𝑖𝑛𝑖𝑚𝑎 + 23456,08 𝑁 − 9807 ∙ cos (50º) 𝑁 = 0 𝑅𝑜𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 = −17152,25 𝑁 5.2 COLUNA VERTICAL Antes de efetuar os cálculos necessários para o dimensionamento da coluna vertical, realizou-se uma pesquisa de mercado verificando tanto os perfis quanto as dimensões utilizadas por equipamentos com demanda de serviço semelhante ao guindaste proposto. Após a seleção do modelo, foram calculadas as tensões atuantes com a carga de serviço. A coluna vertical pode ser projetada como uma escora ou um membro de tensão. Logo, ela é exposta a uma componente de tensão de compressão e flexão (Eq. 13): 𝜎𝑐 = 𝑃 𝐴 + 𝑀𝐶 𝐼 = 𝑅𝑜 𝐴 + (𝑅𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜∙𝑠𝑒𝑛(70º))∙ℎ∙𝐶 𝐼 (13) Onde: 𝐼 = 𝑀𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝐼𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝐶 = 𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎 𝑎𝑡é 𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑛ê𝑢𝑡𝑟𝑎 ℎ = 𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑎𝑡é 𝑎 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 ℎ𝑖𝑑𝑟á𝑢𝑙𝑖𝑐𝑜 30 Dessa maneira, a distância da borda até a linha pode ser calculada por Eq. 14: 𝐶 = 0,16𝑚 2 = 0,08 𝑚 , ℎ = 0,86518 𝑚 (14) Figura 16. Seção transversal da Coluna Vertical em milímetros (mm), o autor (2021) A área da seção transversal (Figura 16) da coluna vertical é calculada por (Eq. 15): 𝐴 = [(0,16 ∗ 0,08) − (0,148 ∗ 0,068)]𝑚2 = 2,736 ∗ 10−3 𝑚2 (15) O momento de inércia de um tubo retangular é representado pela figura 17: • Na Posição Média 𝑅𝐴 ⃗ 𝑅𝑜 ⃗ 𝑂 𝐴 𝐵 𝑅 ⃗ 𝐶𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 20º 𝑃𝑐 ⃗ 𝑦 𝑥 31 Figura 17. Momento de inércia de um tubo retangular, Hibbeler (2015) Calculando o momento de inércia em relação ao eixo X (Eq. 16) com base nos valores encontrados na Figura 16, tem-se: 𝐼𝑥𝑥 = 𝐵𝐻3 12 − 𝑏ℎ3 12 (16) 𝐼𝑥𝑥 = 0,08 ∗ 0,163 12 − 0,068 ∗ 0,1483 12 𝐼𝑥𝑥 = 8,936512 ∗ 10 −6 𝑚4 32 Calculando o momento de inércia em relação ao eixo Y (Eq 17), com base nos valores encontrados na Figura 16, tem-se: 𝐼𝑦𝑦 = 𝐻𝐵3 12 − ℎ𝑏3 12 (17) 𝐼𝑦𝑦 = 0,16 ∗ 0,083 12 − 0,148 ∗ 0,0683 12 𝐼𝑦𝑦 = 2,948672 ∗ 10 −6 𝑚4 Observação: Como a força do cilindro hidráulico está sendo aplicado sobre plano perpendicular ao eixo X, deve-se utilizaro momento de inércia sobre este eixo (𝐼𝑥𝑥), para assim determinar a tensão máxima sobre a coluna vertical. Dessa maneira, a tensão de compressão sobre a coluna é (Eq. 18): 𝜎𝑐 = 26684,16 2,2736∙10−3 + (34290,48∙𝑠𝑒𝑛(70º))∙0,86518∙0.08 8,936512∙10−6 (18) 𝜎𝑐 = 259,32 𝑀𝑃𝑎 5.3 LANÇA Da mesma maneira que a coluna vertical, antes de se efetuar os cálculos necessários para o dimensionamento da lança, realizou-se uma pesquisa de mercado verificando os perfis e as dimensões comumente utilizadas por equipamentos com demanda de serviço semelhante ao do presente trabalho. Em seguida, efetuou-se a análise de tensões sobre a lança com a carga de serviço. A lança articulável pode ser projetada como uma viga de tensão. Logo, ela é exposta a uma componente de tensão de flexão (Eq. 18): 33 𝜎𝑚á𝑥 = 𝑀𝑐 𝐼 (19) Onde: 𝑀 = 𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 "O" 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑒𝑥ã𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑎 𝐿𝑎𝑛ç𝑎 𝑒 𝑎 𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑐𝑎𝑙 𝐶 = 𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎 𝑎𝑡é 𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑛ê𝑢𝑡𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑙𝑎𝑛ç𝑎 𝐼 = 𝑀𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑙𝑎𝑛ç𝑎 Assim, a distância da borda e a linha neutra pode ser calculada por (Eq. 20): 𝑐 = 0,065 2 𝑐 = 0,0325 Figura 18. Seção transversal da Lança horizontal em milímetros (mm), o autor (2021) • Na Posição Média 𝑅𝐴 ⃗ 𝑅𝑜 ⃗ 𝑂 𝐴 𝐵 𝑅 ⃗ 𝐶𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 20º 𝑃𝑐 ⃗ 𝑦 𝑥 (20) 34 A área da seção transversal (Figura 18) da lança horizontal é obtida por (Eq. 21): 𝐴 = [(0,065 ∗ 0,065) − (0,055 ∗ 0,055)] 𝑚2 = 1,2 ∗ 10−3 𝑚2 (21) Como representado anteriormente o momento de inércia do tubo quadrado é representado por (Eq. 22): 𝐼𝑥𝑥 = 𝐼𝑦𝑦 = 𝐵𝐻3 12 − 𝑏ℎ3 12 𝐼𝑥𝑥 = 𝐼𝑦𝑦 = 0,065 ∗ 0,0653 12 − 0,055 ∗ 0,0553 12 𝐼𝑥𝑥 = 𝐼𝑦𝑦 = 7,25 ∗ 10 −7 𝑚4 Figura 19.Diagrama Esforço Cortante e Momento Fletor, o autor (2021) • Na Posição Média 𝑅𝐴 ⃗ 𝑅𝑜 ⃗ 𝑂 𝐴 𝐵 𝑅 ⃗ 𝐶𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 20º 𝑃𝑐 ⃗ 𝑦 𝑥 (22) 35 Analisando o diagrama de esforço cortante e momento fletor (Figura 19), percebe-se que o momento fletor máximo aplicado sobra a lança tem valor de -11,47 kN*m. Assim, a tensão máxima sobre a lança é calculada por (Eq. 23): 𝜎𝑚á𝑥 = (11,47 ∗ 103) ∗ 0,0325 7,25 ∗ 10−7 𝜎𝑚á𝑥 = 514,17 𝑀𝑃𝑎 (23) 36 6 MATERIAIS UTILIZADOS PARA A FABRICAÇÃO No Capítulo 6 são abordados os materiais utilizados na fabricação do presente Guindaste de coluna giratório. Para isso, leva-se em conta as suas principais propriedades, tais como tenacidade, dureza, usinabilidade, dutilidade entre outros. Após determinar as tensões em diferentes elementos da estrutura e em suas junções, verifica-se a existência de um coeficiente de segurança considerando possíveis falhas devido a ultrapassagem dos limites de: • Escoamento • Cargas críticas de flambagem • Resistência à fadiga O limite de escoamento deve ser calculado nos elementos submetidos a tração ou compressão. No caso de aços com 𝜎𝑒/𝜎𝑟<0,7, a tensão de tração calculada não deve ultrapassar os valores de tensão admissível (𝜎𝑎). Para solicitações de Caso I é calculada por (Eq. 24) 𝜎𝑎 = 𝜎𝑒 1,5 Selecionou-se o aço SAE 4340 normalizado para a fabricação da lança, por ser um material comumente utilizado para vigas estruturais. Suas propriedades mecânicas estão apresentadas na Tabela 6. Tabela 6. Propriedades mecânicas do aço SAE 4340 normalizado Propriedade Valor Unidades Temperatura de austerização 870 ºC Resistência à tração 1280 MPa Limite de escoamento 860 MPa Alongamento 12,2 % Redução de área 36 % Dureza 363 HB Impacto 16 J Fonte: http://lgsteel.com.br/propriedades-mecanicas-do-carbono.htm (24) 37 Aplicando-se os dados fornecidos pela tabela 6 na Equação 25, pode-se calcular a tensão de tração do aço SAE 4340 normalizado. 𝜎𝑒 𝜎𝑟 = 860 1280 = 0,67 Tendo em vista que o valor calculado foi inferior a 0,70, pode-se utilizar a Equação 24 para verificar a tensão admissível do aço SAE 4340 normalizado. 𝜎𝑎 = 860 1,5 𝜎𝑎 = 573,33 𝑀𝑃𝑎 Considerando que a tensão máxima calculada para a lança foi de 514,17 Mpa, pode-se afirmar que a escolha do material está adequada, uma vez que o valor da tensão máxima não atinge a tensão admissível do aço SAE 4340 normalizado. Para os demais elementos do guindaste (base, conexão da base à coluna vertical e coluna vertical) selecionou-se o aço SAE 1040 laminado. Suas propriedades mecânicas estão apresentadas na Tabela 7. Tabela 7. Propriedades mecânicas do aço SAE 1040 laminado Propriedade Valor Unidades Temperatura de austerização - ºC Resistência à tração 620 MPa Limite de escoamento 415 MPa Alongamento 25,0 % Redução de área 50 % Dureza 201 HB Impacto 49 J Fonte: http://lgsteel.com.br/propriedades-mecanicas-do-carbono.htm (25) 38 Aplicando-se os dados fornecidos pela tabela 7 na Equação 25, pode-se calcular a tensão de tração do aço SAE 1040 laminado. 𝜎𝑒 𝜎𝑟 = 415 620 = 0,66 Novamente, tendo em vista que o valor calculado foi inferior a 0,70, pode-se utilizar a Equação 24 para verificar a tensão admissível do aço SAE 1040 laminado. 𝜎𝑎 = 415 1,5 𝜎𝑎 = 276,66 𝑀𝑃𝑎 Considerando que a tensão máxima calculada para a coluna vertical foi de 259,32 MPa, pode-se afirmar que a escolha do material está adequada, uma vez que o valor da tensão máxima não atinge a tensão admissível do aço SAE 1040 laminado. 39 7 MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS: SOLIDWORKS A construção de máquinas de elevação necessita de cálculos e análises bastante precisas a fim de reduzir os riscos durante a sua operação (GOMES, 2014). Inicialmente, essas análises eram realizadas por meio da resolução direta dos sistemas de equações de derivadas parciais que regem o fenômeno, sendo comumente utilizadas as séries de Fourier (GOMES, 2014). Entretanto, isto só era possível de ser aplicado em meios contínuos homogêneos e de geometria simples (ALVES FILHO, 2009). A partir da década 60, houve um grande avanço tanto no desenvolvimento do Método dos Elementos Finitos (MEF) quanto no uso de computadores. O MEF busca determinar os estados de tensão e de deformação de um sólido de geometria arbitrária sujeito a ações exteriores (ALVES FILHO, 2009). Atualmente, existe uma ampla diversidade de softwares que utiliza o MEF para análise. Eles reduzem o tempo e o custo do projeto, por permitir a otimização do conjunto antes da sua fabricação, bem como a redução da probabilidade de falhas dos seus componentes (AZEVEDO, 2013 apud GOMES, 2014). O presente trabalho utiliza o software SolidWorks para a análise do equipamento desenvolvido. Inicialmente, as peças foram projetadas de maneira individual no referido programa (Figuras 6, 7, 8, 9 e 10). Em seguida, montou-se no programa os elementos formando o guindaste de coluna giratório. Por último, submeteu-se todo o conjunto às análises de tensões de von Mises, deslocamento resultante e deformação equivalente. Além disso, o programa fornece informações sobre a massa de cada elementos, o que é importante para planejar a logística de transporte e instalação do equipamento. 7.1 VISTAS DO GUINDASTE DE COLUNA GIRATÓRIO A imagem da vista lateral é apresentada na Figura 20, enquanto a vista em perspectiva do guindaste pode ser observada na Figura 21. 40 Figura 20. Vista lateral do guindaste de coluna giratório, o autor (2021) 41 Figura 21. Vista em perspectiva do guindaste de coluna giratório, o autor 42 7.2 ANÁLISE DE TENSÕES SOBRE O CONJUNTO DO GUINDASTE Em seguida, analisando o conjunto do guindaste por meio dos mapas de calor da análise de tensões (Figura22), do deslocamento resultante (Figura 23) e da deformação equivalente (Figura 24), percebe-se que o projeto está adequado para a execução do serviço com a carga máxima. Figura 22. Mapa de Calor da análise de tensões de von Mises sobre o conjunto do guindaste, o autor (2021) 43 Figura 23. Mapa de calor de deslocamento resultante do conjunto guindaste, o autor (2021) 44 Figura 24. Mapa de calor da deformação equivalente do conjunto guindaste, o autor (2021). Nota-se que, mesmo diante do deslocamento causado pela carga máxima (Figura 23), os parâmetros de tensões (Figura 22) e deformação equivalente (Figura 24) encontram-se dentro do limite permitido para os materiais utilizados no equipamento. Portanto, o projeto pode ser considerado adequado e seguro para executar a demanda de serviço proposta. 45 8 INFORMAÇÕES ADICIONAIS 8.1 ANÁLISE DE CUSTO A análise de custo para a fabricação do guindaste do presente trabalho tem como base orçamentos dos componentes através de fornecedores nacionais. Já os equipamentos adicionais (macaco hidráulico, rolamento agulha e guincho elétrico) são obtidos por meio de lojas virtuais. Os preços, marcas e respectivos fornecedores podem ser consultados na Tabela 8. Tabela 8. Orçamento dos principais componentes do guindaste Componente Marca Preço (R$) Fornecedor Base, conexão e coluna vertical Delta aços 400,00 Delta Aços Lança Terinox 600,00 Terinox Macaco Hidráulico 6 t Tipo garrafa Bonevau 249,90 Loja do Mecânico Rolamento Agulha HK 1616 Ina 38,58 Loja Brafer Guincho de Coluna Elétrico Monofásico H-A107 Motomil 1899,90 Loja do Mecânico Outros custos adicionais, como parafusos, pintura, furos, cortes e soldas, não estão incluídos no orçamento detalhado, tendo em vista que não acrescentam substancialmente o valor final do produto. Sendo assim, o orçamento total do guindaste do presente trabalho é de aproximadamente R$ 3500,00. Ao buscar equipamentos com execução de serviço similar ao projeto, ou seja, que atendam a mesma capacidade de carga, executem giro de até 270º e possuam um guincho elétrico, tem-se que estes equipamentos são vendidos por uma média de R$ 15000,00. Logo, o guindaste do presente trabalho possui um custo bastante reduzido quando comparado aos equipamentos da mesma categoria fornecidos no mercado atualmente. 8.2 DIMENSÕES DO LOCAL DE OPERAÇÃO O local de operação deve comportar o tamanho da lança acrescido do tamanho da carga que excede os limites da lança, além de distância para manuseio da alavanca de giro do 46 guindaste, bem como uma margem de segurança para manuseio da carga. Neste sentido, é imprescindível a informação de qual tipo de carga será içada pelo guindaste, considerando que as cargas unitárias podem ter dimensões bem distintas, mesmo dentro da capacidade máxima do guindaste. Se o guindaste for instalado permitindo um giro de até 270º, tem-se que o local deve ter ao menos 5000 mm diâmetro livre, a depender da dimensão da carga. Já nos casos nos quais o guindaste seja instalado de forma a permitir um giro de até 180º, é preciso um diâmetro livre de ao menos 2600 mm, também a depender da dimensão da carga a ser içada. 8.3 LOGÍSTICA DE TRANSPORTE E MONTAGEM Para pensar na logística de transporte e montagem do guindaste, é necessário elencar informações sobre a massa de cada peça e suas dimensões. O relatório de análise do SolidWorks fornece a massa dos principais componentes do guindaste de coluna giratório (Tabela 9). A massa dos demais componentes, como o rolamento e parafusos de fixação, são considerados irrelevantes para o cálculo da massa total do equipamento. Tabela 9. Massa dos elementos do guindaste Elemento Massa (kg) Base 20,8 Conexão da base à coluna 20,9 Coluna vertical 60,5 Lança 31,1 Bomba hidráulica 4,5 Motor elétrico 37 A montagem do guindaste não necessita de mão de obra especializada. Os componentes são fixados entre si e ao solo por meio de parafusos. É preciso destacar que o solo precisa estar devidamente preparado com piso de concreto. 47 Para a montagem do equipamento, não é extremamente necessário o uso de outros dispositivos, como guinchos. No entanto, é primordial a mão-de-obra de três pessoas, sendo duas para erguer os elementos e a terceira com a função de posicionar e fixar os componentes adequadamente. Quanto ao transporte, sugere-se minimamente um caminhão de pequeno porte, devido ao comprimento da lança (1600 mm) e da coluna vertical (1800 mm). Além disso, este tipo de veículo precisa suportar a carga máxima correspondente ao guindaste (aproximadamente 175 kg). 8.4 VIDA ÚTIL MÉDIA De acordo com a Instrução Normativa RFB Nº 1700, de 14 de março de 2017, o guindaste do presente trabalho se enquadra em duas referências normativas: • 8428: “Outras máquinas e aparelhos de elevação de carga, de descarga ou de movimentação (por exemplo: elevadores ou ascensores, escadas rolantes, transportadores, teleféricos)” (BRASIL, 2017). • 8426: “Cábreas, guindastes, incluídos os de cabo; pontes rolantes, pórticos de descarga ou de movimentação, pontes-guindastes, carros-pórticos e carros-guindastes” (BRASIL, 2017). Ambas indicam que a vida útil média deste tipo de equipamento é de aproximadamente 10 anos, com uma taxa anual de depreciação do valor de 10%. 48 9 CONCLUSÕES O presente trabalho desenvolveu um modelo de guindaste de coluna giratório com capacidade de levantamento de cargas unitárias de até 1000 kg. Este modelo de equipamento foi pensado para a realização de carga e descarga em galpões ou para içamento de motores em oficinas mecânicas. Após os cálculos dos elementos principais do guindaste (coluna vertical e lança), foram selecionados os materiais utilizados para a fabricação (aços SAE 4340 normalizado e SAE 1040 laminado). Por fim, o conjunto foi submetido a análise do MEF, por meio do software SolidWorks. Após os cálculos realizados e as simulações de tensões efetuadas no SolidWorks, pode-se afirmar que o equipamento desenvolvimento é considerado adequado e seguro para o serviço a que foi proposto. No ponto de visto econômico, o guindaste de coluna giratório também se mostrou bastante satisfatório, considerando que o seu custo é de aproximadamente 30% do valor do equipamento vendido no mercado. Além do mais, possui uma vida útil média de 10 anos, gerando lucro a médio e longo prazo. Outra vantagem do equipamento desenvolvido é que não necessita de mão-de-obra especializada tanto para a montagem, quanto para a operação do serviço. A logística de transporte também é facilitada e não necessita de amplo local para a sua operação. Para trabalhos futuros pretende-se incluir a fixação das partes da estrutura, assim como selecionar o motor elétrico a ser acoplado na lança e dimensionar a bomba hidráulica. 49 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES FILHO, Avelino. Elementos Finitos, A base da tecnologia CAE, 5ª Edição – Editora Érica. 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8400: Cálculo de equipamento para levantamento e movimentação de cargas. Rio de Janeiro, 1984. BRASIL, Haroldo Vinagre. Máquinas de Levantamento. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Dois S.A. 1985. CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégias para a redução de custos e melhoria dos serviços. São Paulo: Pioneira, 1997. DOS SANTOS, Marcelo Torres. Estudo do comportamento cinemático e dinâmico de um guindaste comercial com três graus de liberdade/ Marcelo Torres dos Santos. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014. GOMES, Diego da Silva. Análise estática de um guindaste de torre, utilizando o método dos elementos finitos / Diego da Silva Gomes – Guaratinguetá, 2014. HIBBELER, R. C. Mechanics of materials, 10ª Edição. Editora Pearson. 2015. Instrução NormativaRFB Nº 1700, de 14 de março de 2017. MOURA, Reinaldo A. Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais, 5ª edição. São Paulo: IMAM, 2005. 50 PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS AÇOS. LG Steel, 2021. Disponível em: <http://lgsteel.com.br/propriedades-mecanicas-do-carbono.htm>. Acesso em: 13 de abril de 2021. RUDENKO, N. Máquinas de Elevação e Transporte. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, Editora S.A. Tradutor: João Plaza. 1976.
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