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Apostila Direito Constitucional 1

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São Luís 
2017 
Piêtra Hanna Cirqueira Santiago Everton 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULAS DE DIREITO CONSTITUCIONAL - 2º PERÍODO 
 
Registro das aulas de Direito Constitucional do segundo período ministradas pela Doutora Amanda Costa Thomé Travincas do curso Bacharel em Direito da UNDB. 
 
 
 
 	 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2017
Teoria do Direito Constitucional:
Como a disciplina de Teoria da Constituição a pergunta inicial e bastante óbvia é “o que é uma Constituição?”, afinal de contas: que documento é esse que a gente vai estudar? 
Toda ramificação do Direito – Direito Processual, Direito Privado, Direito Penal - é sempre precedido por uma teoria – a Teoria do Direito Processual, Teoria do Direito Privado, Teoria do Direito Penal – esses são momentos iniciais e a pergunta óbvia em qualquer momento inicial como esses, se na Teoria do Processo é o que é o processo ou que é ação, no Direito Constitucional é o que é uma Constituição, o que esse documento que vocês terão em mãos a partir das próximas aulas, o que ele tem de diferente se comparado a todas as outras normas que estão em nosso ordenamento jurídico? Então aquele Vade Mecum bem enorme, bem pesado que a gente tem que carregar está cheio de normas.
Existe uma norma, que é mais charmosa de todas, que é chamada de Constituição. Ela tem alguma coisa diferente, algo que a particulariza se comparada as demais normas que compõem a nossa ordem jurídica. A Constituição, portanto, é um documento normativo que tem características próprias que não se assemelham com as características de outras normas que são chamadas de infraconstitucionais. Sendo assim, nós temos a Constituição que rege o ordenamento jurídico – isso vocês viram em Introdução ao Estudo do Direito – e as normas infraconstitucionais – que são normas que estão abaixo da Constituição. Percebam que o ponto de observação é a Constituição, só chamamos o Código Civil de norma infraconstitucional porque ele está abaixo da Constituição e o mesmo ocorre com o Código Penal e os demais também. Logo, quem está no topo é a Constituição e esse é o primeiro diferenciador da norma constitucional se comparada a qualquer norma. 
A norma constitucional é uma norma suprema. Bem, de onde vem tal supremacia? Suponho que vocês conheçam a metáfora utilizada por Kelsen que é a hierarquia das normas jurídicas, então nós temos a pirâmide kelseniana em que no topo se encontra – antes da construção jurídica positiva – a Norma Hipotética Fundamental (plano pré-jurídico) que é uma norma que dá coerência a todo o ordenamento jurídico e logo abaixo, já no plano jurídico, no topo temos a Constituição e abaixo dela temos as normas infraconstitucionais – esse é o desenho de um ordenamento jurídico.
Pois bem, a primeira conclusão para nós, por hora, como primeira aproximação a resposta da pergunta “o que é uma Constituição?” é que ela é uma norma suprema. Bom, é uma norma que é dotada de supremacia porque ela é hierarquicamente superior as demais normas jurídicas. Se isso é assim, dá pra notar que todo ordenamento jurídico tem um dever de coerência em relação a Constituição; tudo que está abaixo da Constituição tem de ser conforme a ela. Desse modo, se a Constituição é a norma suprema é ela que dita o que é passível de ser considerado juridicamente e o que não é passível de ser considerado juridicamente. Portanto, se uma norma que está abaixo da Constituição destoar da mesma, ou seja, feri-la essa norma não pode permanecer no ordenamento jurídico – normas que são desconformes coma Constituição devem ser retiradas do ordenamento jurídico e são chamadas de normas inconstitucionais.
Notem que a todo tempo é preciso restaurar, a caso seja comprometido, o equilíbrio entre Constituição e Legislação infraconstitucional, ou seja, todas as normas infraconstitucionais que nós temos sempre devem estar de acordo com a Constituição – se não estiverem nós adotaremos procedimentos para restaurar essa coerência e tais procedimentos levarão a declarações de inconstitucionalidade. Queria lembra-los dessa hierarquia entre normas constitucionais e infraconstitucionais para justificar agora porque que a Constituição é uma norma suprema, por que não o Código Civil ou Penal? 
A supremacia constitucional é uma consequência de um fato, tal fato é que quem cria a Constituição é um poder que só cria a Constituição. É meio confuso, mas a supremacia constitucional decorre do fato de que a Constituição é uma norma criada por um poder que só tem uma atribuição: cria-la. Quem criou o Código de Trânsito? Quem criou o Código Ambiental? Foi o Poder Judiciário? O que o Judiciário faz? Decide! Foi o Poder Executivo? Não, pois a função dele é administrar, ele é responsável pela administração pública. Todos os nossos códigos e todas as nossas leis foram feitas pelos Poder Legislativo, que no Brasil – no âmbito federal – é formado pela Câmara do Deputados e pelo Senado, por isso esse sistema é chamado de bicameral. Então foram eles que criaram todas essas leis. O Poder Legislativo foi criado por um outro poder, quem o criou foi mesmo poder que criou a Constituição, porque ela a criou e colocou dentro dela a atribuição do Poder Legislativo de criar leis. O poder que criou a Constituição é um poder diferente do que cria as leis infraconstitucionais, quem a cria é o Poder Constituinte.
Teoria da Norma Constitucional:
CONSTITUCIONALISMO MODERNO:
Na aula passada nós discutimos o conceito de Constituição e logo ali no final eu falava à vocês que a noção de Constituição que nós temos hoje é tributada do Constitucionalismo Moderno - melhor dizendo - dá Modernidade. Então, quando a gente fala de Direito Constitucional tendo como objeto central a Constituição estamos falando de um discurso tipicamente moderno e isso decorre de alguns fatos que vamos conhecer hoje, além de algumas características que marcam o Constitucionalismo ou Constitucionalismo Moderno - expressão mais utilizada - que permitem que falemos de Constituição a partir desse momento histórico.
É uma característica do discurso da modernidade a ideia de uma Constituição que ocupa uma posição central dentro de um ordenamento jurídico e que tem a atribuição principal de organizar a atuação do Estado e a atuação dos poderes estatais, além de assegurar direitos - então essa é a finalidade das constituições na modernidade (isso não muda no cenário constitucional atual). Mas há algumas peculiaridades que fazem com que hoje a gente não fale mais de um contexto estritamente Moderno sob a perspectiva constitucional, em outras palavras talvez nós não estejamos mais vivendo um Constitucionalismo Moderno - essa conclusão positiva ou negativa a gente vai chegar um pouco mais à frente porque primeiro é preciso perpassar o início da narrativa do Constitucionalismo para confrontar com a situação atual a fim de conseguirmos tirar alguma conclusão.
Então o objetivo de hoje é conhecer as características principais do Constitucionalismo Moderno e logo na sequência analisar que tipos de constituições e normas constitucionais são possíveis e passam a ser identificadas a partir da modernidade. Desse modo, passamos a ter um conceito de Constituição distinto de qualquer outra experiência reguladora da vida social - é o conceito de Constituição Moderno. Essas constituições são tipificadas ou classificadas e geram ainda normas de naturezas diferentes, é isso que vamos ver mais à frente. 
Pois bem, então a gente foi lá no conceito de Constituição antes, uma aproximação desse conceito desde aquele ato de promulgação pelo Poder Constituinte e logo na sequência umas aproximações também ao conceito de Constituição desde a perspectiva Moderna - hoje a gente se assenta definitivamente no Constitucionalismo Moderno. Para muitos esse conceito é redundante - embora sendo o mais empregado nos manuais - porque tem um quê de demasia, posto que, se o Direito Constitucional e a noção de Constituição que nós partilhamos são modernos, a noção de Constitucionalismo, por consequência, naturalmenteé Moderno - daí porque Constitucionalismo ou Constitucionalismo Moderno são a mesma coisa. 
Atualmente faz todo sentido falar em Constitucionalismo Moderno, porque já se fala em um outro contexto constitucional que não mais esse, daí porque essa adjetivação é importante para fins de confrontação com a conjuntura atual, por ventura chamado de Constitucionalismo Pós-moderno ou Neoconstitucionalismo - aí a nomenclatura Constitucionalismo Moderno volta a fazer sentido. Se a gente pensa em uma perspectiva inicial de fato o termo é redundante, pois o Constitucionalismo nasce na modernidade e aí claro que alguma grosseria como há em qualquer demarcação histórica de algo, alguma grosseria em atribuir determinado fato ou determinado documento como instituidor de uma narrativa, de um discurso. 
Mas também é comum na Teoria da Constituição se referir a dois marcos históricos e dois marcos normativos como preâmbulos - início - do Constitucionalismo Moderno. Porque que eu falo de uma grosseria? Porque obviamente não é um ato de uma instituição sem mais, a possibilidade em falar de uma narrativa constitucional na Modernidade se dá em virtude de uma construção que é mastigada e ruminada passo a passo até que tivéssemos, efetivamente, um contexto em que falar de Direito Constitucional fosse possível. Então esses atos são meramente demarcatórios e historicamente temporais, mas são significativos para observar a partir de quando é possível falar em Direito Constitucional e em Constitucionalismo Moderno.
Esses dois marcos históricos, em virtude dos documentos que deles emanam, são as Revoluções Americana e Francesa. Desses dois acontecimentos decorrem duas declarações de direitos que passam a ser consideradas e concebidas como os primeiros elementos normativos, positivos, ou seja, positivações do que hoje a gente pode chamar de Constituição. Eles são os primeiros documentos preambulares no sentido constitucional. 
Da Revolução Americana advém a Declaração da Virginia e da Revolução Francesa decorre a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão. Esses dois documentos passam, então, a ser considerados como os marcos normativos do constitucionalismo. O que elas têm em comum? Ambas se voltam, preponderantemente, a finalidades idênticas, embora tenham sido emanadas de contextos distintos e em circunstâncias históricas semelhantes, mas também com algum quê de distinção. Esses dois documentos arrolam, listam direitos esses direitos tem uma característica comum em uma e outra declaração: são essencialmente direitos de liberdade. Isto quer dizer que essas declarações de direitos cuidaram, em contextos pós-revolucionários, de demarcar o espaço, ou espectro, dentro do qual o indivíduo pudesse fazer ou não fazer algo sem interferência estatal - assegurar a liberdade é assegurar um espaço de imunidade perante o Estado. Pois ele é algo em relação ao qual nós nos confrontamos nesse contexto inicial do Constitucionalismo Moderno, então o Estado é algo que se porta em relação ao indivíduos numa posição de confrontação e é em virtude disso que a ação de assegurar direitos equivale a assegurar um espaço de liberdade contra o Estado, quer dizer, essas declarações reconhecem que nós somos titulares de liberdades públicas ou de direitos de liberdade e em virtude disso o Estado tem deveres de não intervir, portanto de não se intrometer nesse espaço de liberdade que nós dispomos e passa a ser reconhecido juridicamente, normativamente, como válido.
Assim, nós temos e gozamos de liberdades e o Estado, em virtude disso, tem o dever de se omitir, o dever de omissão para que nós possamos gozar desse espaço de liberdade. O que que há, por exemplo, nessas declarações de direito? Há a positivação do direito à liberdade de locomoção, direito a liberdade de expressão, direito a manifestação do pensamento. Observem que para o gozo de qualquer direito desses é preciso que o Estado não nos impeça - a nossa expectativa em relação ao Estado é que ele não faça – ou seja, os direitos do preâmbulo do Constitucionalismo Moderno demandam um Poder Estatal omissivo, um Estado que não faça algo – sendo que esse fazer equivale a uma intervenção. Por conta disso, a narrativa é flagrantemente tributada do Liberalismo – o Constitucionalismo é, na sua origem, liberal. É uma narrativa incumbida de resguardar liberdades públicas em detrimento de uma necessidade de cerceio e limitação dos poderes estatais.
 Ademais, a segunda característica que essas declarações têm em comum é uma decorrência da primeira: na medida em que uma declaração de direitos reconhece a todos nós uma serie de liberdades, ao mesmo tempo o reconhecimento de direitos é o reconhecimento de limites a atuação estatal. Então essas declarações nãos se prestam só a reconhecer direitos, pois a medida que os estabelecem também reconhecem barreiras, limites, controle a atuação do Estado. Assim o segundo ponto em comum desses documentos é a finalidade de racionalizar o exercício do poder do Estado. O fato de nós termos liberdade religiosa, por exemplo, decorre da positivação do direito à liberdade religiosa; a medida em que há esse reconhecimento há um refreamento a atuação estatal em relação a essa matéria. Desse modo, direitos coordenam a atuação do Estado.
 A partir de então reconhecemos normas como estas declarações como dotadas de algo que antes do Constitucionalismo Moderno não se vislumbrava, que é a normatividade. Essas normas são normas jurídicas, esses documentos são cogentes – obrigam o Estado a reconhecer direitos e também o obrigam a respeitar os limites que essas declarações fixaram ao exercício do poder. Desse modo, há normatividade ou juridicidade nessas declarações.
A gente começa, então, a vislumbrar o que há de comum nesses documentos constitucionais – essas declarações são documentos constitucionais. Há de ressaltar que elas não são constituições propriamente ditas; elas não surgem de um Poder Constituinte, mas as declarações são documentos constitucionais, posto que, versam sobre matérias que as constituições, posteriormente, versarão. As declarações são então os primeiros documentos constitucionais do Constitucionalismo.
Na última aula discutíamos uma frase que Lassale disse – e com toda razão – que “em todo lugar sempre houve e sempre haverá uma Constituição” e isso, como eu disse, parece entrar em confronto com a ideia de que a noção de Constituição é estritamente moderna. Pois se todo lugar experimenta um Constitucionalismo em alguma medida, então a Constituição não pode ser um documento moderno – ela tem que ser um documento de qualquer tempo. A gente viu em que medida há o confronto dessas afirmações e também em que medida elas se conciliam. É a partir da modernidade que a Constituição é considerada um documento com força cogente, normativo. Mas em qualquer contexto há uma experiência de racionalização do poder, há uma experiência, por conseguinte, em maior ou menor medida de reconhecimento de direitos.
Então, as matérias contidas na Declaração da Virgínea e na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão não surgem naquele momento, mas são sedimentadas nelas com normatividade e de uma maneira tal que não era experimentada antes. Porém, uma experiência de poder e o reconhecimento direitos sempre foi partilhado, segundo Lassale, em qualquer espaço e sempre o será. Tal fato nos obriga a dizer que antes da modernidade já havia algum rastro, algum toque, de Constitucionalismo. 
Antes de chegar ao Constitucionalismo nós passamos, segundo Daniel Sarmento, por experimentações constitucionais – Pré-constitucionalismo. Isto é, toques do constitucionalismo antes de pôr definitivo as declarações demarcarem o início do Direito Constitucional e da noção de Constituição. Para isso acontecer nichos de experiências constitucionais tem que ser pregressas, daí porque se fala de Pré-constitucionalismo, ou seja, de constituições antes da modernidade e Direito Constitucional antes do Constitucionalismo Moderno. (Exemplos: Organização da Pólis Grega, Feudalismo, Organizações, Exercíciodo Direito Canônico). O que há de comum entre todas essas experiências do Pré-constitucionalismo são: a experiência de regulação do poder e reconhecimento de direitos.
Dentro desses contextos (Organização da Pólis Grega, Feudalismo, Organizações, Exercício do Direito Canônico) talvez o momento pré-constitucional mais marcante seja a fixação, positivação, de acordo entre estamentos sociais – acordos estamentais. Dentre o os quais o maior destaque para o discurso constitucionalista é certamente a Carta Magna Inglesa de 1215. Ademais, em termos temporais a emissão desse documento é claramente anterior as declarações de direitos, mas alguns autores, minoritariamente, dentro da Teoria da Constituição costumam dizer que o Constitucionalismo Moderno efetivamente começou com a criação da Carta Magna; em nem um outro momento, para alguns – embora seja uma visão absolutamente minoritária – se vislumbrou no Pré-constitucionalismo um grau de organização tão preciso, o reconhecimento dos direitos de determinados estamentos sociais, em particular da nobreza inglesa, e ao mesmo tempo nunca em nenhum outro documento do Pré-constitucionalismo se observou com tanto rigor a limitação real. A Carta Magna seria, então, um dos documentos mais prefeitos do Pré-constitucionalismo, com o maior grau de organização e mais próximo do que efetivamente vieram a constituir as declarações do século XVIII. Por conta disso alguns autores a consideram o primeiro documento do Constitucionalismo Moderno – minoria.
Pois bem, é importante pra mim que vocês consigam perceber como há uma caminhada para o Constitucionalismo Moderno, como ele não acontece, ele é construído. E para finalizar essa primeira parte veremos algumas características do CM - as primeiras delas eu falava anteriormente quando tratava das Declarações. Desse modo ele se volta a organização do Estado e à racionalização do exercício dos poderes; intenção de reconhecer direitos tipicamente de liberdade. 
(Exemplos para o assunto abaixo Art. 6, art. 5, XIII/ CF). 
No amadurecimento do Constitucionalismo Moderno surge o que é chamado de Constitucionalismo Social, conforme o qual as constituições não são mais só documentos que se prestam a garantir liberdades, elas passam também a ser documentos que se prestam a promover direitos sociais e com a promoção deles garantem a concretização da igualdade. Acerca disso, os direitos sociais não colocam mais os indivíduos contra o Estado, ele passa a ser um aliado e o indivíduo passa a precisar que o Estado faça, que ele atue.
A inclusão de Direitos Sociais dentro das constituições parece muito simples, mas isso gera uma perversão completa dentro da Teoria da Constituição. Posto que, se nós sempre enxergamos o Estado como opositor, considerá-lo como aliado muda grosseiramente a forma de nos relacionar no âmbito público, muda a forma de nos portarmos perante o Executivo, Legislativo e Judiciário. Por conta disso esse Constitucionalismo Social que é considerado como um amadurecimento do Constitucionalismo Moderno leva alguns a afirmar que ele é de tal envergadura que nos coloca em outro momento constitucional que se quer pode ser chamado de Constitucionalismo Moderno e que passa a ser chamado por alguns de Constitucionalismo Pós-moderno ou Neoconstitucionalismo. 
O Constitucionalismo Moderno também tem marcos, que carregam um quê de arbitrariedade. Tais marcos são a Constituição Mexicana de 1917 – a primeira a positivar direitos sociais e a Constituição Alemã de 1919. Assim, em 1917 no México uma Constituição latino-americana é a primeira a assegurar direitos sociais. Ambas marcam uma virada no Constitucionalismo. Vale ressaltar que a Constituição Alemã serviu de modelo para o reconhecimento de direito sociais a outras constituições europeias e para as latino-americanas, pois a Constituição Mexicana, embora tenha sido a primeira, seu impacto e irradiação no que diz respeito a influencia a outros poderes constituintes foi bem menor.
O Constitucionalismo Moderno tem como características: Organizar Estado e Poderes; garantir liberdades. Na sequência vem uma terceira característica interessante que é o fato que constituições modernas, via de regra, serem escritas – terem um texto formal, um documento escrito e positivado. Isso é sempre assim? Não, pois há constituições modernas não escritas. Outra característica é que o Estado é a fonte única do Direito Constitucional – a constituição é um produto do Poder Constituinte. O Estado é a única fonte de onde emana a norma constitucional, então ao contrário do medievo em que havia a concomitância de várias fontes constitucionais partilhada entre igreja, feudo e etc., na modernidade há uma ruptura com essa pluralidade de fontes normativas e há uma centralização do poder normativo no Estado. 
Todavia, na atualidade o Estado não é mais a única fonte do Direito Constitucional e esse seja talvez outro motivo para ruptura do Constitucionalismo Moderno e o surgimento do Neoconstitucionalismo. Seja porque há matéria constitucional regulada em Tratados Internacionais; passa-se a experimentar um fenômeno muito interessante que é chamado de Transfuncionalismo – isso quer dizer que os Estados e as constituições se tornam no momento atual porosas, abertas, ao intercambio decorrente de diálogos constitucionais entre diversos países. O constitucionalismo de outros Estados passa a nos afetar, então eles também são fonte do Direito Constitucional para nós.
Ademais, a última característica do Constitucionalismo Moderno é que as constituições demandam confirmação democrática. Isso quer dizer que, em regra, no CM constituições são produto da vontade do povo. Assim, os documentos escritos são oriundos de um Poder constituinte que representa o povo, então por via de regra constituições modernas são democráticas. Isso é sempre assim? Não, pois a nossa primeira constituição não é democrática (1824), ela foi outorgada. Ademais, há muitos que afirmam que a nossa Constituição de 1988 não é tão democrática assim, pois tem alguns vícios de não democracia – veremos isso quando estudarmos o poder constituinte.
TIPOS DE CONSTITUIÇÃO NA MODERNIDADE
Nós falamos em dois tipos de Constituição na Modernidade: Constituição em sentido formal e Constituição em sentido material. Pois bem, definições: 
Constituição formal é a aquela positivada, é o texto solene – texto escrito. É o que a gente apalpa, é o texto mesmo propriamente dito. É o produto advindo do Poder Constituinte Originário.
Constituição material é aquela em que o texto propriamente não interessa, mas sim a matéria. É constituição tudo que versar sobre organização do Estado e dos Poderes e direitos individuais e fundamentais.
A partir dessas concepções de constituição é possível elaborar concepções de normas constitucionais da modernidade. Sendo assim, temos três tipos de normas constitucionais no constitucionalismo moderno:
Normas formal e materialmente constitucionais: 
O art. 49/CF estabelece uma competência de um Poder estatal – do Poder Legislativo no âmbito Federal – então, quando se diz que compete ao Congresso Nacional resolver definitivamente a matéria dos Tratados Internacionais, isso é uma competência atribuída ao PL. O art. 5º, VI/CF assegura o direito de consciência e de crença. Pois bem, o que esses dois dispositivos têm em comum? O primeiro deles se volta a organizar um poder e ao fazer isso limita ou racionaliza a atuação do Estado na função de criar normas ou de decidir no âmbito do PL, já o segundo faz uma coisa diferente, mas que o une ao primeiro, prevê uma liberdade que é um direito individual. Assim, organização dos poderes e direitos individuais são matéria típica do constitucionalismo e fazem parte da constituição em sentido material. Ao mesmo tempo encontramos tais dispositivos no texto solene. Desse modo, tais normas têm constitucionalidade em sentido formal e em sentido material. Formal porque estão no texto solene – foram uma opção do Poder Constituinte Originário - e material pois suas matérias são típicas do ConstitucionalismoModerno. Constituição Formal = Constituição Material.
Normas apenas materialmente constitucionais: 
Elas não estão no texto solene, assim o que não está na Constituição é Lei Infraconstitucional. Desse modo, há constituição material em norma infraconstitucional, há constituição fora da constituição. Isto é, há constituição que não está dentro da constituição formal; há constituição material fora da constituição formal. Quando se fala de Constituição o esperado é encontra-la toda no texto solene, mas isso está errado. Normas Infraconstitucionais, Códigos, Leis ordinárias, Leis complementares, Decisões judiciais, Costumes constitucionais, Tratados internacionais são alguns exemplos de onde se pode encontrar normas materialmente constitucionais. Mas por qual motivo se caracterizam como tal? No art. 5º a Constituição Federal garante a todos nós direitos enquanto consumidores, mas existe no âmbito infraconstitucional o Código de Defesa do Consumidor que versa sobre matérias tipicamente constitucionais como o direito à informação garantido pela Constituição que CDC especifica. O legislador infraconstitucional ao versar sobre tais matérias está concretizando a constituição, esmiuçando uma matéria constitucional. A Constituição não foi criada para dar conta de tudo, ela é um parâmetro, mas não esgota a regulação das nossas relações sociais – se ela esgotasse nós não precisaríamos de normas infraconstitucionais. Em sentido material boa parte do ordenamento jurídico infraconstitucional é constituição.
Normas apenas formalmente constitucionais: 
Segundo o Art. 242, II/ CF o Colégio Pedro II localizado no Rio de Janeiro será regido sob a orbita Federal. Essa norma não versa sobre a organização do Estado e dos Poderes e nem sobre direitos e garantias individuais – muito remotamente ela versa sobre a atuação da União no que diz respeito as relações que se dão dentro do Colégio Dom Pedro II. Só tem a prerrogativa de estar dentro do texto, mas não tem matéria constitucional.
Uma última conclusão a respeitos desses três tipos de normas constitucionais é que em virtude das normas II e III não é correto dizer que Constituição Material é igual a Constituição Formal, pois nem sempre isso é correto, visto que só acontece nas normas do tipo I. Ademais, uma segunda conclusão que é bastante importante com reflexos que a gente fica por conversar na próxima aula é que entre normas constitucionais do tipo I e III não existe hierarquia, todavia existe hierarquia entre esses dois tipo em relação a II. Assim, a norma que prevê o direito à vida é tão importante quanto a norma que disciplina o Colégio Dom Pedro II.
Conclusões:
Nem sempre constituição formal equivale a constituição material. O código do consumidor é um exemplo de um conjunto de artigos com conteúdo constitucional (matéria constitucional) mas que não estão presentes no texto solene na CF.
Entre os tipos I e III não existe uma hierarquia, mas existe uma hierarquia entre esses dois tipos e o tipo II. Leis apenas formalmente constitucionais e formal e materialmente constitucionais sempre estarão em um patamar constitucional mais elevado do que normas apenas materialmente constitucionais. Nota-se que o fato de serem formais, ou seja, de estarem presentes no texto solene da Constituição propriamente dita, dá a essas normas um caráter de rigidez constitucional mais forte, mais difícil de ser alterado, modificado. 
Não há como haver hierarquia entre os artigos do texto solene da Constituição. Motivo: o poder constituinte originário (PCO: o poder que literalmente dá início a uma norma narrativa constitucional, a uma nova Constituição) estabelece o início de uma nova ordem jurídica, então tudo o que ele decide tem igual importância. Por esse motivo é que as normas I e III possuem igual importância. Mesmo as cláusulas pétreas não podem ser classificadas como “mais importantes” no texto solene da CF. 
Dessa forma, todas as normas que não estão presentes no texto constitucional, mas possuem matéria constitucional, são chamadas de normas infraconstitucionais. Aqui estão presentes os códigos, os decretos, resoluções, portarias, instruções normativas, etc. Todas as normas abaixo da CF, ou seja, que não estão presentes no texto constitucional, podem ser alteradas por ritos mais simples, os ritos ordinários, diferentemente da Constituição, que só pode ser alterada/modificada mediante ritos especiais (as emendas constitucionais passam por um rito especial para serem aprovadas *conteúdo a ser visto mais adiante).
Mas, em termos substanciais, é claro que as leis apenas formalmente constitucionais são menos importantes.
Fontes do Direito Constitucional:
1º Texto Solene: Constituição formal, 1ª fonte, tudo o que está dentro do texto constitucional interessa ao Direito Constitucional.
2º Leis Infraconstitucionais: Não estão contidas em texto solene, mas versam sobre matéria constitucional. É a Constituição em sentido Material. 
O poder constituinte derivado (derivado do poder constituinte derivado) cria emendas constitucionais que são atualizações do texto solene. 
As emendas constitucionais são fontes do direito constitucional, já que comprovam a atuação do poder constituinte derivado. PCO (texto solene) > PCD (emendas constitucionais). 
3º Tratados Internacionais: no Brasil não há uma atuação direta. Deve haver uma anuência, um ato prévio de concordância feito pelo Estado Nacional (teoria da supremacia do poder do Estado Nacional). Art. 5º, § 3º: 2 ritos a partir dos quais o Brasil, no gozo de sua soberania, sinaliza sua concordância com o tratado internacional. 
Observações importantes:
As normas infraconstitucionais possuem um rito simples: rito ordinário. 
Normas supralegais: acima da lei, mas abaixo da constituição.
NORMAS CONSTITUCIONAIS > NORMAS SUPRALEGAIS > NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS: Normais constitucionais são mais importantes do que normas supralegais que são mais importantes do que normas infraconstitucionais. 
O rito especial serve exclusivamente para tratados que versam sobre direitos humanos, mas estes também podem ser incorporados pelo rito ordinário: a escolha cabe ao poder executivo. Se o tratado não versar sobre Direitos Humanos, o rito de incorporação é o ordinário. 
As emendas constitucionais (EC) também são incorporadas por ritos especiais. 
PIRÂMIDE KELSENIANA:
Topo: Normas constitucionais (Constituição Federal e suas Emendas Constitucionais) + equivalentes: normas formal e materialmente constitucionais e apenas formalmente constitucionais. 
Meio: Normas Supralegais: abaixo da Constituição e acima da lei; rito ordinário de aprovação; apenas materialmente constitucionais. 
Base: Normas Infraconstitucionais: rito ordinário de aprovação; apenas materialmente constitucionais. 
4º Jurisprudência Constitucional: Entendimento consolidado por um tribunal perpetuado ao longo do tempo. 
Quem faz é o poder judiciário na figura do STF (o STF é a nossa corte constitucional).
São decisões do STF reiteradas ao longo do tempo.
Não é apenas o STF o responsável por deliberar entendimentos jurisprudenciais acerca de determinada matéria, apesar de ser o criador por natureza, o principal e mais importante. Por isso, qualquer tribunal que decidir sobre matéria constitucional e o fizer reiteradamente em um espaço de tempo, também delibera entendimento jurisprudencial. 
No entanto, o STF ainda é considerado criador supremo da jurisprudência. 
Observação Importante:
1º Rito Ordinário: MAIORIA SIMPLES (MAIORIA DOS PRESENTES E NÃO MAIORIA ABSOLUTA); Normas constitucionais supralegais passam por um rito ordinário de aprovação e são apenas materialmente constitucionais. 
2º Rito Especial: rito responsável por aprovar emendas constitucionais. As normas formal e materialmente constitucionais e apenas formalmente constitucionais passam por rito especial de aprovação. 
5º Costumes Constitucionais:
O costume é uma fonte reconhecida do Direito Civil Low e Comow Low. Depois do novo CPC de 2015, o sistema de precedentes judiciaisganhou força no cenário jurídico brasileiro (as decisões judiciais passaram a adotar o sistema de precedentes que se vale de jurisprudência e costumes da população local). 
O teor do costume possui matéria constitucional. 
O costume é uma prática que perdura no tempo, se torna uma tradição. É uma pratica que foi e é reiterada.
O costume pode virar uma norma ou não. Pode virar lei positiva (norma cogente, que obriga/coage as pessoas ao seu cumprimento) ou não. 
6º Doutrina: A doutrina é uma opinião sobre determinado assunto, mas não é impositiva (ou seja, não coage outrem ao cumprimento de determinada norma ou entendimento) e por conta disso é muito analisada como não sendo uma fonte do Direito Constitucional. 
Tudo o que diz respeito às fontes do Direito Constitucional, diz respeito ao BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE: É o conjunto de todas as fontes do Direito Constitucional que tem aptidão para servir de CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. 
Sentido Forte de Controle de Constitucionalidade: o controle de constitucionalidade feito pelo bloco é explicado através da hierarquia do ordenamento jurídico brasileiro (pirâmide mostrada acima). Simples: verificar se uma lei infraconstitucional é compatível com a Constituição. 
Sentido Fraco de Controle de Constitucionalidade: só corresponde ao bloco de constitucionalidade o texto solene. Só ele pode analisar se a lei infraconstitucional (todas as leis abaixo da Constituição são infraconstitucionais) é inconstitucional. Então, o controle é feito através da lei em questão comparada com a Constituição em sentido formal, o texto solene da Constituição Federal. 
Estrutura do Texto Formal/Solene: 
1º Preâmbulo: parte introdutória. 
2º Disposições Permanentes: do artigo 1º ao artigo 250º. Aqui estão: Organização do Estado e dos Poderes e direitos fundamentais e individuais. 
3º Disposições Transitórias(ADCT): do artigo 1º ao artigo 114º. 
*Ordem sequencial obrigatória!
O preâmbulo é um texto introdutório que não pertence a Constituição em sentido formal, não pertence ao texto solene. Ele é prévio, anterior ao texto solene, é um texto que antecede a Constituição em sentido formal. 
O artigo 1º da Constituição inaugura a Constituição em sentido formal, as disposições permanentes, e encerra no artigo 250º. As disposições permanentes constituem o núcleo da Constituição em sentido formal. 
ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias): não é uma continuidade das disposições permanentes. O ADCT foi criado para hipóteses/situações determinadas e tão logo essa hipótese se concretize, tão logo o fato proposto ocorra, essas normas perdem sua serventia. No entanto, não são revogadas, extintas do texto constitucional, continuam dispostas no texto, mesmo que não possuam mais nenhuma utilidade. As normas presentes no ADCT só possuem validade no ato de sua promulgação e, depois de concretizada a situação proposta, perdem sua validade. Quando a hipótese proposta virar fato, quer dizer que houve uma exaustão da norma: a norma passa a ser chama de norma de eficácia exaurida. 
*Constituição Formal: Disposições Permanentes + Disposições Transitórias. 
Teorias acerca da natureza jurídica do preâmbulo: 
1º O preâmbulo não possui força normativa. *Tese adotada pelo Supremo Tribunal Federal. 
2º O preâmbulo possui força normativa meramente legal. 
3º O preâmbulo possui força normativa direta. 
4º O preâmbulo possui força normativa indireta. 
1º O preâmbulo não possui força normativa:
ADI – 2076: A ausência da expressão “sob a proteção de Deus” no preâmbulo da Constituição do Acre gerou uma discussão acerca da constitucionalidade do preâmbulo do Acre. O STF chegou a conclusão de que não há inconstitucionalidade. 
O STF decidiu em cima dos seguintes pressupostos: 
1º O preâmbulo não faz parte do texto constitucional.
2º O preâmbulo não é norma coercitiva (não é uma norma cogente, imperativa sobre o contexto, não coage as pessoas ao cumprimento de suas aspirações). 
3º O preâmbulo não inclui os valores de liberdade, igualdade e proteção, por exemplo, das normas presentes nas disposições permanentes e transitórias. Os valores do preâmbulo são aspirações/desejos do poder constituinte originário. Não é o preâmbulo que estabelece a garantia desses direitos como norma estatal, mas apenas o fato de que essas garantias estarão presentes nas disposições permanentes (artigo 5º) e transitórias. 
2º O preâmbulo possui força normativa meramente legal:
O valor normativo dos preâmbulos é igual ao valor de uma norma infraconstitucional, uma norma que está abaixo da Constituição.
É uma tese bastante refutada na doutrina por ser muito contraditória com a hierarquia do nosso ordenamento jurídico, ou seja, com a supremacia da Constituição em relação as demais normais abaixo dela. 
3º O preâmbulo possui força normativa direta: 
Essa tese defende que as garantias de segurança e liberdade, por exemplo, já possuem força normativa no preâmbulo. 
O preâmbulo possui força normativa equivalente à de qualquer norma constitucional.
O preâmbulo possui a mesma importância das disposições permanentes, ocupa a mesma posição suprema das disposições permanentes. 
O preâmbulo gera direitos e deveres. 
Nesse caso, o direito a igualdade também teria normatividade no preâmbulo. O problema, no entanto, se encontraria na expressão “sob a proteção de Deus” se essa fosse a tese adotada pelo Supremo. Por isso, temos um dispositivo nas disposições permanentes que garante a laicidade do Estado: artigo 19º, inciso I; fugimos dessa contradição quando não atribuímos normatividade ao preâmbulo, que foi o que o STF fez. 
4º O preâmbulo possui força normativa indireta:
Os preâmbulos possuem força normativa constitucional como na teoria 3º. 
A diferença para a tese 3º é que, nesse caso, a força normativa constitucional está congelada, ou seja, as aspirações do preâmbulo não possuem força normativa até serem reafirmadas pelos dispositivos das disposições permanentes. Logo, se não se repetem nas disposições constitucionais permanentes, as aspirações do preâmbulo não possuirão força normativa. 
Essa tese foge da hipótese do Estado Confecional, ou seja: não podemos fugir da garantia do Estado Laico, já que as disposições permanentes não reiteram a expressão “sob a proteção de Deus”. 
Disposições Permanentes:
Divididas em: 
1º Orgânicas: organismo estatal. Normas de organização do Estado e dos Poderes, competências de entes federativos.
2º Dogmáticas: direitos e garantias fundamentais e individuais. As disposições dogmáticas são responsáveis por anunciar direitos.
*O conteúdo da norma precisa ser interpretado: a norma constitucional não vai se mostrar explicitamente como orgânico ou dogmático!
Quanto ao poder que cria as disposições permanentes: 
1ª Originárias: criadas pelo poder constituinte originário: 
Artigo 1º da CF. 
O dispositivo é criado pela Assembleia Nacional Constituinte e adota de maneira originária essa forma. 
2ª Derivadas: criadas pelo poder constituinte derivado: 
1º: Modificados: “Redação dada pela EC tal...”
2º: Incluídos: “Caput acrescido, incluído pela EC tal...” > Exemplo: Artigo 103º da CF, parte a. 
* Emendas constitucionais modificam ou incluem o dispositivo original: artigo 198º da CF. 
Elementos que compõem as Disposições Permanentes: 
Autor: José Afonso da Silva. 
1º Elementos Orgânicos: normas que versam sobre a organização do Estado e dos poderes. 
2º Elementos Limitativos: conjunto de normas constitucionais que estabelecem condições ao exercício do poder estatal. São normas que condicionam (tornam condicional) a atuação dos elementos orgânicos: os direitos de uma forma geral estabelecem barreiras ao poder estatal, normas que preveem direitos são limites ao poder estatal. 
3º Elementos socio ideológicos da Constituição:
Artigo 1º/CF: Fundamentos da República Federativa do Brasil.
Artigo 2º/CF: Separação dos Poderes.
Artigo 3º/CF: Objetivos da República Federativa do Brasil. 
Artigo 4º/CF: Princípios internacionaisda República Federativa do Brasil.
Esses elementos: 
São princípios base que que se aplicam (que informam acerca da República Federativa do Brasil) a República Federativa do Brasil. 
São princípios como: soberania estatal, compromisso com a erradicação da fome e do analfabetismo. 
São princípios reitores da República Federativa do Brasil. 
Constituem uma síntese ideológica da estrutura mínima de uma democracia: informam os elementos mínimos para o estabelecimento de uma democracia.
4º Elementos de Estabilização: 
Existe a possibilidade de desestabilização da democracia. 
Normas foram criadas com o objetivo de superar crises constitucionais e democráticas no Brasil. 
Essas normas suspendem temporariamente alguma característica democrática. 
A) Estado de Defesa: Artigo 136º/CF. 
B) Estado de Sítio: Artigo 137º/CF.
C) Estado de Intervenção: Artigos 34º a 36º/CF.
A) Estado de Defesa: decretado quando uma localização do território nacional está desestabilizada em suas funções públicas e quando há calamidade gerada por fenômeno natural. Direitos fundamentais podem ser suspensos durante o Estado de Defesa. 
B) Estado de Sítio: insuficiência do Estado de Defesa, resposta a uma invasão estrangeira armada e decreto de guerra. Aqui, qualquer direito fundamental pode ser negado, inclusive o direito a vida. É o único dispositivo que permite a pena de morte, negando, portanto, o direito à vida. 
C) Estado de Intervenção: temporariamente a autonomia do Estado membro é suspendida pela União. O município também pode pedir a intervenção do Estado. Intervenção no Estado: intervenção federal; Intervenção no Município: intervenção estadual. Essa medida é atípica e é justificada para reestabelecer a autonomia e acabar com a crise. 
5º Elementos de Aplicação: são normas que dizem como normas devem ser aplicadas. 
*São os únicos que não fazem parte das disposições permanentes!
*Preâmbulo + ADCT constituem os elementos de aplicação!
Relembrando: o ADCT é um conjunto de normas criadas que permanecem por um tempo determinado. Quando o tempo de aplicação acaba, se tornam normas exauridas: ou seja, as normas do ADCT nascem com tempo de vigência determinado.
Posição da maioria da doutrina: a reforma do ADCT é possível de acontecer. Enquanto não forem exauridas, as normas podem ser modificadas. 
Posição da minoria da doutrina: o ADCT não sofre emendas constitucionais, já que não é necessária a reforma de uma lei que possui vigência temporária. 
Tipos de normas do ADCT: 
1º caso: Mudança de uma Constituição para outra: existem normas no ADCT que regulam essa mudança (transição constitucional). Essas normas se encontram dentro da constituição nova, da constituição então vigente! Obs.: Ordens constitucionais diferentes indicam normas temporárias entre constituições. 
2º caso: A alteração se dá na mesma ordem, no mesmo texto constitucional: a emenda constitucional modifica a Constituição e pode gerar necessidades temporárias, normas temporárias: 
O texto original é emendado.
É criada uma disposição transitória para justificar uma modificação feita através de uma EC. 
Decorre da atuação do Poder Constituinte Derivado. 
CUIDADO!!!! O artigo 68º do ADCT deveria estar nas Disposições permanentes! Houve um equívoco, essa é a única norma do ADCT que não pode ser exaurida. A temporalidade do artigo 68º é infinita! 
Constitucionalismos que Influenciaram a Constituição de 1988: 
1º) Inglaterra: 
Petition of Rights (1628). 
Bill of Rights (1689). 
A maior herança é a Carta Magna de 1215: documento pré constitucionalismo moderno e que estabelece as primeiras diretrizes de um Movimento constitucional.
Observações:
Não há o caráter universal constitucional. 
Essa é a maior herança para o constitucionalismo brasileiro. 
Não houve Constituição escrita na Inglaterra: essa é a divergência entre o nosso constitucionalismo, porque todas as nossas constituições foram escritas e promulgadas pelo Poder Constituinte Originário. 
Mas há um conjunto de documentos que compõem a Constituição inglesa: apesar de não existir constituição escrita, não quer dizer que há também a ausência de documentos com matéria constitucional. Além disso, os documentos não escritos não fazem parte de um único texto formal, solene e escrito, ao contrário de constituições que são classificadas como escritas quanto a forma (*conteúdo a ser visto mais adiante).
Direito Constitucional: aula 04/09/17:
Relembrando... 
O constitucionalismo inglês, ao contrário do moderno, adota um modelo de constituição não escrita. O Brasil sempre possuiu constituições escritas... O constitucionalismo inglês só apresentou constituição escrita por um período de 5 anos. 
Constitucionalismo Norte americano: 
Nossa segunda constituição, a de 1991, foi a mais influenciada pela constituição norte americana. 
Ao contrário do nosso processo constitucional que já teve várias constituições, no norte americano só há uma constituição (do século 18) e é a única constituição vigente até então. Ela é uma constituição bem enxuta, com apenas 7 artigos, ela é do tipo CONCISA/SINTETICA/BREVE, ao contrário de todas as nossas constituições, desde 1824. 
Todas as nossas constituições são PROLIXAS OU EXTENSAS. Não tivemos nenhuma constituição concisa, somente uma mais breve com 90 artigos. 
Quanto mais texto constitucional temos, menos temos que provocar o judiciário para saber o que diz a Constituição. Ou seja, quanto mais prolixa é a constituição, menor é a confiabilidade do povo nos poderes constituídos. Quanto mais matéria é constitucionalizada, maior é seu texto e menor a necessidade de provocar os poderes constituídos para saber o que diz a constituição. ISSO QUER DIZER QUE HÁ UMA BAIXA CONFIABILIDADE NOS PODERES INSTITUIDOS. Nosso grau de confiabilidade nas instituições públicas é muito baixo por conta disso. As supremas cortes norte americanas possuem uma confiabilidade maior justamente porque a Constituição é enxuta e o judiciário precisa ser mais provocado/questionado. 
Constituição Norte Americana: 
Há uma constituição de 7 artigos no início e em 1791 sofreu suas primeiras emendas. Foram 10 emendas: 
1ª emenda: emenda das liberdades de um modo geral. O próprio texto da constituição original não conferiu liberdades. 
Nossa constituição é muito mais instável do que a americana. Sofremos 97 emendas desde 1988, enquanto que a americana sofreu 21 emendas desde o século 18. 
Resiliência constitucional: capacidade de resistência de uma Constituição ao longo do tempo. Temos uma baixa resiliência constitucional, enquanto que a const. Americana tem uma alta resiliência constitucional. 
Nós recebemos uma grande influência da Constituição norte americana quanto ao controle de constitucionalidade: nosso controle é do tipo restrito (feito somente pela constituição). 
Controle americano: herdado pelos EUA. É chamado de controle difuso de constitucionalidade. Tem origem em uma decisão de 1803, em que a suprema corte realiza pela primeira vez um controle difuso de constitucionalidade. Há uma lide (questão/problema) que chega ao poder judiciário e para resolver o conflito entre as partes é aplicada uma norma e o órgão que resolve o caso percebe que a norma aplicada pode ser inconstitucional. 
Primeiro passo: A norma é ou não constitucional. 
Segundo passo: Depois, resolve-se a própria lide com base na constitucionalidade ou não da norma. 
Qualquer juiz ou tribunal pode aplicar o controle difuso de constitucionalidade. 
Não existe esse tipo de controle nos EUA. 
Controle austríaco: é o controle concentrado de constitucionalidade. Aqui não há lide prévia. Uma norma sofre suspeita de inconstitucionalidade por membros do STF. Não há conflitos no plano concreto ocorrendo. 
Os dois controles se aplicam ao Brasil. 
Art. 5º, § 2: Existem um conjunto de direitos fundamentais, mas ele não é exaustivo, ou seja, é possível acrescentar direitos fundamentais à nossa constituição. 
Art. 5, p. 2: Cláusula de abertura da Constituição. 
A primeiravez que existe uma cláusula de abertura- Influencia do Constitucionalismo Norte Americano. 
A positivação do controle difuso de 1991 e a inclusão da cláusula de abertura: Influências do Constitucionalismo Norte Americano. 
Constitucionalismo- França: 
Gestação da teoria do poder constituinte. 
Prenúncio do poder constituinte em sentido moderno: “O que é o terceiro estado”: um panfleto publicado na França no século 18. Há a primeira remissão de que a constituição é reflexo da vontade de uma nação. É o marco original, comum da teoria do poder constituinte. Há um poder que legitima a criação de uma Constituição. 
Aqui há a primeira ideia de que a legitimidade para criar uma constituição decorre da nação. Nós somos obrigados a cumprir a constituição porque conferimos legitimidade para sua criação. A legitimidade é oriunda da própria nação. Há uma auto legislação decorrente entre a relação legitimidade e constituição. O terceiro estado é o composto de pessoas comuns, no caso a burguesia. Eles correspondem aos comuns. A teoria do poder constituinte concebe a uma nação, a burguesia, a legitimidade para criar uma constituição. 
Classificação das Constituições: 
1ª Quanto ao Conteúdo: 
Formais: é o texto solene. É formal quando equivale ao texto solene. Toda constituição formal é escrita: SEMPRE!!!!
Materiais: é material quando equivale ao conjunto de normas que versam sobre matéria constitucional. Abrange normas infraconstitucionais, jurisprudência, etc. 
2ª quanto à forma: 
Escritas ou dogmáticas: possuem um texto solene. 
Não escritas ou históricas: não possuem um texto solene mas podem possuir texto (documentos, declaração de direitos, jurisprudência, etc.). Não há texto solene. 
3ª Quanto à origem:
Democráticas: constituição criada com a prévia participação do povo. Vontade do povo previamente manifesta. Há uma assembleia constituinte formada a partir do voto popular. A participação do povo é anterior ao produto constitucional, é prévia a elaboração do texto constitucional. Nossa constituição de 88 é democrática!!!!
Não democráticas: Só há a posteriori (posterior à criação do texto constitucional) a participação do povo ou não há a participação do povo. 
São chamadas também de constituições outorgadas (quando não há a participação do povo de jeito nenhum). SÃO AUTORITÁRIAS. O povo confirma a constituição pelo seu cumprimento. 
Tivemos uma constituição outorgada (constituição de 1824) e uma emenda outorgada (emenda constitucional número 1 de 1869) - alguns chamam de constituição porque alterou a constituição federal de 1867 (constituição democrática). A constituição de 1867 tem origem democrática mas não garantiu a democracia, portanto. 
Constituição CESARISTA: O texto é confirmado pelo povo (há a participação do povo em situações não democráticas). É não democrática com a participação do povo. O texto constitucional é referendado pelo povo. 
A constituição de 1937 previa a realização de um plebiscito (referendo) após a sua feitura, a população foi convidada a referendar o texto constitucional, mas isso nunca aconteceu. Por isso, só tivemos uma constituição cesarista na teoria. Por isso, a constituição de 1937 foi não cesarista e não democrática. 
Pactuadas: é um tipo de constituição sem reflexo na modernidade. São constituições que evocam uma conjugação de interesses entre classes conflitantes. É um pacto entre classes dotadas de aspirações diversas (a carta Magna é um grande exemplo de constituição pactuada).
Classificação quanto à estabilidade: 
Quanto uma constituição resiste ao poder de reforma do poder constituinte derivado. 
1ª Rígidas: 
Artigo 61º e artigo 47. 
Art. 61º- leis infraconstitucionais. Amplia o rol de legitimados para alterar leis infraconstitucionais. 
Art. 47º: a regra geral é alteração da legislação infraconstitucional por maioria simples dos membros da casa legislativa. Informação não dita: o projeto de lei só tramita uma vez. Só é preciso atingir uma única vez para ser aprovado e seguir para outra casa legislativa. 
Observações:
Leis complementares: alteradas por maioria absoluta. 
Maioria simples: em cima do cálculo da maioria absoluta. É somente a maioria independente da soma de mais 1. 
Maioria absoluta: Metade dos parlamentares mais 1. 
Conceito: é quando tem a alteração procedimentalizada por um rito qualificado. Se dá por um rito qualificado, que é naturalmente é mais rigoroso que a forma de alteração das leis infraconstitucionais (rito ordinário). É mais complicado, exige mais do que o rito de alteração das leis infraconstitucionais. 
Nos remete a dois tipos de processos legislativos (processos de criação de normas ou leis em sentido amplo): um tipo voltado para emendas constitucionais e um outro tipo para as demais espécies normativas. Todas as espécies juntas constituem leis em sentido amplo. 
Comparação implícita: 
Emendas constitucionais: criadas poder constituinte derivado. Aprovadas através de um rito qualificado. 
Demais espécies normativas: Criadas pelo poder legislativo constituído. Aprovadas através de rito ordinário. As leis infraconstitucionais se encaixam aqui. 
O congresso nacional cria esses dois tipos. É o mesmo órgão federal criador. 
O rito das emendas é o mais difícil se comparado ao rito de leis infraconstitucionais e demais espécies normativas. 
Nossa constituição se enquadra nessa categoria de constituições rígidas.
O rito para alteração de uma constituição é mais difícil- Art. 60º. O rol de autorizados é restrito. Exige um grau mínimo de representatividade nas casas legislativas. 
País pluripartidário: Há bastante divergência interna nos partidos e entre diferentes partidos. Aprovar uma emenda constitucional é muito difícil por conta disso também.
Essa análise é sempre comparativa. 
2ª Flexíveis:
São constituições cuja alteração se dá pela mesma maneira que a alteração de leis infraconstitucionais. Não existe duplo processo legislativo. Só há um que vale para emendas constitucionais e leis infraconstitucionais. 
Problema: Se alterar a constituição é o mesmo que alterar leis infraconstitucionais, a gente coloca a prova certamente o princípio da supremacia constitucional. A constituição é suprema porque é mais resistente às alterações político partidárias. É mais resistente ao congresso. Então dificilmente conseguiremos argumentar que uma constituição vale menos que uma lei infraconstitucional. Como valer mais que um texto constitucional?
3ª Semi rígidas ou semi flexíveis ou legais ou plásticas: 
O rito de alteração é o mesmo das leis em sentido amplo. É extremante maleável, como as leis infraconstitucionais. É uma constituição dividida em duas partes: rígida e flexível. Uma constituição em que há normas alteráveis por um rito qualificado e normas alteráveis por um rito ordinário. 
Uma parte é alterada por um rito mais complicado- rígida e outra por um menos complicada- flexível. Já tivemos uma constituição assim em 1824. Existia um dispositivo, art. 68, que dizia que existe um conjunto de normas que merecem um tratamento qualificado e que são mais resistentes- constituição material. É rígida a parte da constituição chamada material (procedimento qualificado). Estritamente formal da constituição: tratadas por rito ordinário (são flexíveis). Problema: Há uma fragilização da supremacia constitucional quanto a parte flexível; além disso, é criada uma hierarquia implícita entre normas constitucionais, o que não existe no Brasil (o que ficaria no topo seria a parte rígida e embaixo a parte flexível). 
4ª Fixas ou silenciosas:
 Há um conceito muito contraditório. Só podem ser alteradas pelo poder que as criou. Cada alteração da constituição deflagra um novo processo constituinte pelo mesmo poder constituinte originário. Por isso, a contradição é que isso passa a ideia de que cada vez que a constituição é alterada, se cria uma nova Constituição. A ATUAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO ABARCA A ATUAÇÃO DO DERIVADO, ATUANDO COMO CRIADOR E REFORMADOR DA CONSTITUIÇÃO.HÁ UMA SUPRESSÃO DO PCD. Isso é inviável em uma democracia e o grau de resistência no tempo é muito curto e, em relação ao contexto, a Constituição será retrógrada e ficará muito difícil alterar a constituição. 
6ª Imutáveis ou GRANÍTICAS: 
Não se altera nem por obra do PCO se valendo por PCD. Esse tipo sofre de um grande problema: incapacidade de dar conta das mudanças contextuais. É normal que exista com o passar do tempo a alteração para que a constituição tenha alguma finalidade e resista ao longo do tempo. Isso faz com que a constituição tenha uma baixa resiliência constitucional. A democracia está sujeita a alterações na configuração maioria/minoria e esse tipo de constituição não traz esse tipo de alteração. 
Na prática, a Constituição de 87 foi imutável por conta da dissolução do congresso. 
7ª Transitoriamente imutáveis:
 Durante determinado período, a constituição não pode ser alterada. Preservação durante um determinado período das decisões do PCO (para dar tempo de avaliar se as decisões desse poder são boas para que logo depois possam ser reavaliadas). Exemplo: constituição de 1824.
Depois disso, se torna mutável. A de 1824 se tornou semi rígida ou semi flexível, por exemplo. 
8ª Transitoriamente flexíveis:
 São aquelas que durante um determinado espaço de tempo são alteráveis por um processo ordinário. Passado esse período, em regra vira rígida. São constituições a caminho da rigidez. É preciso que uma norma constitucional determine que durante um período será flexível e logo após será rígida. Se encacharia nas disposições transitórias, pois tão logo se concretize se tornará norma de eficácia exaurida. 
9ª Super Rígidas: 
O ministro Alexandre de Moraes adota essa classificação. O posicionamento não é porque os autores discordam do seu argumento, mas porque mesmo concordando os outros autores continuam adotando a classificação rígida. Nossa constituição é inalterável para a possibilidade de supressão de determinados artigos. Há artigos que não podem ser alterados visando sua supressão. Não é que não possam ser alterados, mas essa alteração não pode gerar a supressão. O art. 60, § 4º estabelece o que conhecemos como cláusulas pétreas ou de eternidade. Existe uma norma da constituição que impede a alteração tal como foram criadas pelo poder constituinte originário. Retiram o poder do poder constituinte derivado de alteração (supressão) das cláusulas pétreas. Essas normas são super normas constitucionais, dando uma ideia de hierarquia, o que não muda o posicionamento da doutrina de que NÃO há hierarquia em normas constitucionais, tudo para que não se declare que há uma hierarquia. Cláusulas pétreas, portanto, não são superiores. Há valores que pertencem ao núcleo constitucional que não podem ser alterados de forma alguma e as cláusulas pétreas constituem esse núcleo constitucional. 
Isso torna a constituição ainda mais rígida, porque há o rito qualificado somado a existência de cláusulas pétreas, que são um plus à resistência constitucional. 
Classificação das Constituições quanto à adequação social: 
Elaborada por Karl Loewestein. A particularidade é que nessa classificação o texto constitucional não é suficiente, é preciso confrontar o texto constitucional com a realidade. Há duas variáveis: Efetividade e legitimidade. 
Constituições normativas: são aquelas cujo texto constitucional tem efetividade na prática. São constituições efetivas. As normas constitucionais de fato são imperativas sobre a realidade. Elas transformam a realidade social. Possuem alta efetividade. Quanto a legitimidade, não há nada a ser dito, podem ser democráticas ou não, refletir ou não a vontade do povo. 
Se possuem aplicabilidade prática, são normativas. 
Constituições nominais: o inverso das normativas. São conceitos dicotômicos. 
Possuem baixa efetividade prática. O que se espera do texto constitucional não é visto integralmente na realidade social. O texto constitucional diz algo, mas a aplicação da norma é sempre deficiente. 
Não há nada quanto a origem do texto constitucional. Ou seja, nada é definido acerca da legitimidade. É legitimo aquilo que reflete a vontade do povo, de forma que essas constituições podem ser mais ou menos legítimas. 
São chamadas de constituições de estados sociais (de Estados fracos em caráter social ou em processo de formatação de estado social). São constituições com um amplo rol de direitos sociais. São direitos que demandam muito do dinheiro público. O dinheiro público tem uma formatação limitada, então o Estado é limitado na produção e efetivação de direitos sociais. Essa limitação já compromete a atuação do Estado em promover direitos sociais, então já é um fator que causa a baixa efetividade da Constituição, que é o caso da nossa Constituição. Constituições com normas que preveem direitos sociais, são constituições tendentes a uma normatividade comprometida em relação a esses direitos. 
Conclusão acerca da nossa Constituição: é muito difícil dizer se é puramente normativa ou nominal. Há uma prevalência de que nossa constituição é normativa, tende a ser normativa, prevalecem normas com efetividade, mas não é integralmente normativa. 
Quando há déficit demasiado na efetividade de uma Constituição, há a necessidade da promulgação de uma nova constituição, mas o entendimento majoritário da doutrina é de que nossa Constituição é normativa, porque embora haja certo déficit na efetividade, ele é mínimo se comparado às outras tantas normas de caráter efetivo. 
Constituições semânticas: toca no fator legitimidade. São constituições que não representam a vontade do povo, elas representam a vontade de um só grupo. Há um déficit de representatividade nas constituições semânticas. O poder constituinte originário não é legitimado pelo povo. 
Há um déficit de representatividade nas constituições. 
Nada se diz sobre a efetividade. 
Possuem baixa legitimidade. 
São o mesmo que constituições não democráticas. 
Classificação quanto a extensão das Constituições: 
A Constituição Brasileira é extensa ou prolixa, ou seja, possuem texto normativo amplo. Em contrapartida, há as constituições curtas, concisas, breves, como exemplo a Constituição Americana, que é a menor constituição que existe. O pressuposto é que são escritas (classificação quanto à forma). A constituição inglesa não pode ser mensurada quanto a sua extensão, pois foi promulgada através de fatos históricos, ela é uma Constituição de caráter histórico. 
Quanto ao teor ou finalidade: 
Constituições Garantia: constituições que se limitam a fixar a organização do Estado e assegurar direitos de liberdade. Organização do estado e dos poderes mais direitos de liberdade (normas que freiam a atuação do Estado). São as típicas constituições do início do Constitucionalismo. Há o estabelecimento de liberdades que limitam a atuação do poder estatal. Outro ponto: nossa liberdade também é limitada pela promulgação de deveres. Essa Constituição dá mais liberdade ao legislador. 
Constituições Balanço: a Constituição se volta a retratar determinado estágio de desenvolvimento de uma determinada sociedade e essas Constituições pressupõem a revisão depois de determinado período das decisões constituintes tomadas.
 Problema: É uma definição muito controvertida, porque uma constituição que é passível uma revisão ampla posterior, pode ser uma carta branca para o não cumprimento das metas propostas. 
Problema tangencial: Possibilitar uma espécie de carta branca ao não cumprimento de metas constitucionais, já que podem ser revisadas posteriormente. 
Conclusão: Depois de um tempo se realiza um balanço das conquistas e deficiências na aplicabilidade. 
Constituições Dirigentes (ou programática): são constituições que executam tudo o que uma constituição garantia faz, estabelecem aquelas mesmas normas de garantia, mas dentro delas há normas que dirigem, coordenam a atuação do Estado, de uma forma específica: fixação de metas sociais (essas normas reconhecem o Estado como parceiro, o Estado atuaem benefício do povo). Essas normas não freiam o Estado, mas o impulsionam a atuar em beneficio coletivo. Esperamos do Estado que nos ajude a concretizar direitos. Não são oriundas de normas que estabelecem direitos contra o Estado, mas atribuem competências estatais em proveito da efetivação de nossos direitos.
A meta social é social quando se volta a concretização de direitos sociais. – Artigo 198º Constituição: fixação de uma meta para concretização de um direito social. 
José Joaquim Gomes Canotilho: cunhou a expressão Constituição Dirigente. 
Aqui, o legislador não tem muita liberdade, porque tem que ser guiado por metas sociais para a formulação de normas. Limitam a atuação do legislador infraconstitucional. Não há nenhum problema nisso
Fixam o compromisso, programam o compromisso do Estado pró futuro.
Classificação quanto à ideologia: 
Ortodoxas: firma ou fixa uma única ideologia. A constituição norte americana é estritamente liberal. 
Plurais: São aquelas que agregam diferentes ideologias. A Constituição brasileira possui compromissos com liberdades e direitos sociais, então é plural ideologicamente. Há toques liberais e toques de comprometimento com o Estado social. Essa é uma tendência das constituições democráticas. São criadas sob uma forte influência do constitucionalismo europeu pós-guerra. 
 
Classificação quanto ao sistema: 
Principiológicas: são aquelas em que preponderam normas de tipo princípios. Nossa Constituição se encaixa aqui.
Preceituais: preponderam normas do tipo regras.
Norma (gênero) gera as espécies, que podem ser normas ou princípios. 
Princípios: normas com ampla possibilidade interpretativa. É a amplitude interpretativa. Essa amplitude decorre do texto constitucional, que é aberto a várias interpretações. A possibilidade interpretativa é múltipla. Nossa Constituição se encaixa aqui. 
Regras: são normas com baixa amplitude interpretativa. O texto não dá ao interprete muito movimento. O artigo 60º da Constituição é um exemplo de norma do tipo regra. O texto normativo é muito preciso, diferentemente dos princípios. 
Relação entre Constituição e Poder Legislativo Constituído: aqui há Constituição dos tipos: 
Lei: tem o mesmo valor da constituição infraconstitucional. Em relação ao legislador constituído, uma constituição lei não estabelece nenhuma relação qualificada em relação ao poder constitucional originário. Pressupõe a negação da supremacia constitucional. É compatível se a constituição for do tipo flexível (que não vingam no constitucionalismo moderno). Crítica: Ou a constituição é suprema ou não é!
Fundamento: são consideradas bastante em si, de modo que o legislador constituído apenas explicita o texto constitucional. O legislador não tem nenhum poder criativo, só executa comandos constitucionais. Baixo poder de criatividade do legislador. O legislador, portanto, não pode errar, as normas não podem nunca contrariar a Constituição.
Moldura: A Constituição é só uma base normativa a partir da qual o legislador infraconstitucional irá atuar. O legislador possui poder criativo, cria leis em caráter originário, desde que essas normas não afetem a Constituição. Só aqui faz sentido falar em Controle de Constitucionalidade. Nossa Constituição se encaixa aqui. 
Classificação das Constituições quanto a unidade: 
1º Orgânicas: Constituições escritas, agrupadas em um texto solene único. A Constituição brasileira é orgânica! 
2º Inorgânicas: Estão ou não agrupadas (materializadas) em um único texto solene. São Constituições não escritas. 
Constituições Plásticas: 
Sofrem mutações constitucionais: são alterações constitucionais que não afetam/não alteram o texto. Exemplo: artigos 226º e 227º da CF: durante longo período, os interpretes interpretaram um dispositivo de uma determinada maneira e depois ocorreu uma virada interpretativa e o texto constitucional passou a ser interpretado de uma outra maneira. O texto permaneceu o mesmo, só passou a ser interpretado de uma outra maneira. 
Poder Constituinte Difuso: a competência para alterar a norma pela mutação pode ser feita por qualquer um, mas enquanto a mutação não for confirmada pelo poder judiciário, não é legalmente aceita, será somente uma simples interpretação. 
Observação: Mutações constitucionais permitem uma atualização mais rápida, mais fácil da Constituição. Assim, a nossa CF de 1988 é uma Constituição Plástica!
Observação: norma x texto: norma é o texto positivado.
Constituições nominais x Constituições semânticas: 
Constituições nominais ou nominativas são claras, nelas não há divergências interpretativas. O texto constitucional normativo é todo claro. 
Problema: não há nenhuma norma clara, todas demandam interpretação. Há sempre uma interpretação a ser feita. Nós é que atribuímos significado ao texto. 
Antes não havia capacidade criativa: existia o que conhecemos por interpretação hermenêutica clássica > o intérprete é responsável apenas por descobrir o sentido do texto. 
Constituições Semânticas são aquelas que demandam interpretação. A nossa CF de 1988 é semântica! 
Constituições em branco: Há uma parte em branco, alguma coisa que se espera delas não tem. 
Não possuem cláusulas pétreas: não há nenhuma parte na Constituição que não possa ser suprimida. 
Problema: as cláusulas pétreas são elementos identitários da nossa Nação. 
A nossa Constituição de 1988 não é em branco, já que possui cláusulas pétreas. 
 
Constituição Dúctil(maleável): 
Autor: Zagrebelsky. 
As mesmas constituições plurais (conceito estudado no material 1). 
Moldável a diferentes concepções de vida. 
Comportam diferentes ideologias. 
A Constituição nos permite tomar diferentes rumos. 
Nossa CF de 1988 é maleável!
Hetero Constituições: 
A ligação entre povo e Constituição é rompida.
São criadas em um estado constitucional para outro estado constitucional. 
O povo não cumpre a constituição que aprovou. 
Exemplo: constituição do Japão elaborada nos EUA. 
Sentidos Clássicos da Constituição:
1º Sociológico: 
Autor: Ferdinan Lassale. 
Conceito: Não há nenhum Estado que nunca tenha tido uma Constituição. 
Observações: 
Fatores reais de poder: 
Constituições em sentido real equivalem aos sentidos reais de poder. Se isso não ocorrer, não há uma Constituição, mas somente uma mera folha de papel (quando a Constituição não reflete os fatores reais de poder). 
Fatores reais de poder: são as forças sociais dominantes ou vontade social dominante em um determinado contexto social. Esses fatores possuem Vontade de Constituição: as vontades sociais dominantes precisam ser refletidas no texto Constitucional. O texto constitucional, portanto, precisa acompanhar o contexto social. 
Os fatores só podem ser explicados a partir do contexto social. 
Os fatores refletem o contexto social vigente. 
As forças sociais dão ensejo para criação de uma Constituição. 
 O que ocorre: às vezes, há uma ruptura entre o texto e o contexto: há textos constitucionais que não refletem o contexto. Ou seja, não nos sentimos representados, já que nossas aspirações não são concretizadas (no próprio texto constitucional ou no plano concreto). Assim, a Constituição passa a ser uma mera folha de papel. Por isso: os fatores reais de poder mudam e o texto precisa se adequar ao contexto. 
2º Sentido Jurídico: 
Teoria jurídica- Autor: Hans Kelsen: O direito não é puro. Kelsen isola o estudo do fenômeno jurídico de forma premeditada. Não é que ele não compreenda que uma ou outra norma constitucional tenha uma ou outra matéria, mas ele somente não se importa com o conteúdo da matéria, com a relação do fenômeno jurídico com a prática social. 
3º Sentido Lógico Jurídico: Se aproxima do sentido de norma hipotética fundamental (é uma norma abstrata responsável por assegurar a coerência do ordenamento jurídico). Portanto, a Constituição, nesse sentido, proporciona coerência ao ordenamento jurídico, mas a Constituição existe, é concreta, real, diferentemente da norma hipotética fundamental). A partirdaqui foi criada toda a teoria de controle de constitucionalidade, já que a Constituição passou a ser vista como um padrão a ser seguido. 
4º Sentido Político da Constituição (Karl Schmmitt): 
O fenômeno constitucional é entendido como produtor da constituição e das leis constitucionais. 
O fenômeno jurídico compreende a elaboração do conceito de constituição e outro, com o qual a constituição não se confunde, que são as leis constitucionais. 
Constituições são leis materialmente constitucionais. Elas são um conjunto de normas com conteúdo constitucional. 
Todo povo tem uma vontade política, não meramente jurídica, de ser regido por uma constituição. A Constituição é o resultado da vontade política de um povo. A constituição é o produto da vontade política de um povo. A constituição é uma norma que o povo entende por legitima e quer que essa norma reja as relações sociais. O texto é legitimo porque é produto dessa vontade. Nós cumprimos a constituição não porque é de fora dos nossos interesses, mas é produto da nossa vontade, da nossa autonomia. A constituição é a vontade do povo e cumprimos a constituição porque queríamos que esse texto nos regesse. 
As leis constitucionais são normas apenas formalmente constitucionais. Leis constitucionais é o que não é constituição, mas está dentro dela. Estão dentro do texto solene, mas não versam sobre matéria constitucional. 
Relação entre Lassale e Karl Shimmitt: O teor da constituição é: decidimos o conteúdo a partir da matéria que pode reger nossas relações sociais. 
Lassale: o conteúdo da constituição é EP E DIREITOS CONSTITUCIONAIS. 
Quando o povo é situado contextualmente- Ligação entre Lassale e Karl Shimmitt. 
Kelsen é antagônico aos dois teóricos, porque não se importa com o contexto social para a definição da Constituição.
Peter Häberle:
Sentido culturalista de Constituição: Constituição como Cultura ou Constituição Total. São sinônimos. Um dos autores de maior relevo é: Peter Häberle. A Constituição é um produto cultural, entendido no sentido mais amplo possível: nossa história, demandas, ideologias, aspirações, etc. Os preâmbulos são aspirações culturais, a cultura é positivada dentro do preambulo constitucional. O texto constitucional é produto da cultura de um povo e por isso nenhuma constituição é igual a outra. 
Constituições supranacionais: constituição latino-americana ou a europeia, por exemplo. Há pontos de convergência culturais. Existem elementos identitários de certos países que são muito próximos dos elementos que identificam nossa Constituição, por exemplo. A Constituição é produto de um contexto social, de uma determinada cultura, então o conceito de Peter se aproxima do conceito sociológico de Lassale, confirma o sentido proposto por Lassale. 
Constituição em sentido aberto aos intérpretes constitucionais (Constituição como produto de uma interpretação aberta aos intérpretes constitucionais) - Peter Häberle: 
- Hermenêutica constitucional, uma sociedade aberta aos interpretes constitucionais. 
- Esse sentido se encaixa com o sentido culturalista: 
A Constituição é um documento oriundo (é um produto) de uma sociedade aberta de intérpretes constitucionais. 
Comunicação com Hans Kelsen: existem interpretes autênticos das normas jurídicas, o intérprete cria a norma. Assim, a única interpretação verídica de uma Constituição é a interpretação do legislador, para Kelsen. O legislador é o único intérprete autêntico. Então, o poder constituinte originário é o interprete autentico da Constituição para Kelsen. 
Peter: A constituição é um produto de uma interpretação ampla por qualquer um que possa interpretá-la e não só de seu interprete autentico (o poder constituinte originário), por isso a interpretação é aberta. Os que possuem essa legitimidade: o STF tem legitimidade para interpretar a constituição (poder judiciário), o poder legislativo também. O poder executivo também pode interpretar a Constituição. Esses 3 interpretes são INSTITUCIONAIS, porque estão alocados em instituições que respaldam suas decisões. A interpretação do texto constitucional está balizada por pertencerem aos 3 poderes, o que confere legitimidade a interpretação que é conferida pela Constituição.
Peter: todo aquele que vive sob a égide de uma Constituição, ou seja, que vive uma constituição, é seu legitimo interprete. Todo aquele que sofre a coerção de cumprir aquele texto constitucional possui legitimidade para interpretar a Constituição. Ou seja, não existe nenhuma diferença valorativa quanto ao valor da interpretação do STF e uma interpretação dada por quem não faz parte de um dos 3 poderes. A constituição é um produto de quem vive o seu texto. Qualquer um que se depara com seu texto, pode dizer algo dele. A Constituição deve, acima de tudo, ser vivida. Não há mais uma concepção elitista de interpretação constitucional, todos que vivem sob a sua coerção possuem a legitimidade para interpretação. 
Conexão com a Constituição Culturalista: os interpretes da constituição estão dentro de um contexto cultural. Os intérpretes são aqueles que vivenciam determinada cultura, um determinado contexto cultural. A interpretação é feita legitimando o teor de seu texto. 
A Constituição é produto dos anseios culturais e contextuais de um povo. A constituição também é o produto da vontade dos intérpretes. Portanto: os intérpretes estão inseridos em um contexto e por conta disso possuem aspirações próprias de um contexto. Assim, o produto constitucional irá refletir a cultura de um povo. 
Hesse:
 A Constituição é um documento dotado de força normativa. 
De forma explícita, diz que concorda com Lassale, mas diz que o conceito de Lassale é incompleto. Então, ele critica o Lassale pela incompletude e não pelo erro. 
Lassale: a Constituição reflete os fatores reais de poder, o contexto social. 
Hesse: a Constituição TAMBÉM é IMPERATIVA SOBRE O CONTEXTO: A Constituição ordena o contexto e obriga aqueles que pertencem a um contexto (a Constituição é uma norma cogente, ou seja, coage os indivíduos a obediência de suas regras). 
O contexto afeta o texto e o texto afeta o contexto: é um ciclo contínuo. Primeiro o contexto ordena o texto e depois, quando precisamos cumprir o texto, o texto passa a ordenar o contexto. 
O texto é moldável ao contexto, por isso é necessária a atuação do poder constituinte derivado de reforma do texto solene. 
A constituição é o resultado de um ciclo virtuoso entre texto e contexto. 
Força normativa significa que o texto constitucional possui força de norma jurídica e ordena que algo aconteça. 
Constituições dirigentes- Canotilho: A constituição é um conjunto de normas que fixam metas estatais pró-futuro com a intenção de fixar programas sociais ou direitos sociais. Constituição no sentido dirigente é o mesmo que Constituição Programática: é um programa de metas. 
Jhon Rawls: 
Para Rawls, a Constituição é o produto de uma posição original. Uma constituição é produto de decisões que pessoas tomam em uma posição original e nessa posição nós não sabemos quem nós fomos, somos e quem nós seremos. A posição original é uma metáfora. 
Há uma outra metáfora que é o véu da ignorância: A Constituição é produto do que nós deliberamos caso conseguíssemos nos colocar em uma posição em que nós só normatizássemos aquilo que nos interessa. O véu da ignorância tem a capacidade de nos cegar da nossa condição social presente, passada e futura. 
Assim, a Constituição é para Rawls um produto da posição original decorrente de escolhas normativas por sujeitos cobertos pelo véu da ignorância. 
Aquele que cria uma constituição não pode criar segundo seus próprios interesses, mas deve interessar a uma coletividade. Caso isso não ocorra, a Constituição será aquilo que interessa a uma minoria majoritária. 
Para Rawls existem dois princípios da Justiça:
 A Constituição proposta por Rawls deve ter normas que se destinem a concretizar os princípios da igual liberdade e da igual igualdade. 
Esses princípios provêm da posição original.

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