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TCC Augusto E. Souza Elaboração de um Plano de área degradada (PRAD) para o antigo lixão do Itacorubi, Florianópolis (SC)

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1 
 
Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC 
Curso de Graduação de Engenharia Sanitária e Ambiental 
Trabalho
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
 
 
Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC 
Curso de Graduação de Engenharia Sanitária e Ambiental 
Elaboração de um Plano de Recuperação de 
Área Degradada (PRAD) para o Antigo Lixão 
do Itacorubi, Florianópolis (SC) 
 
Augusto Ehlers Souza 
 
 
 
Orientadora: Naiara Francisca Ramos 
 
 
 
 
2013/2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Santa Catarina 
Centro Tecnológico 
Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental 
 
 
ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA 
DEGRADADA (PRAD) PARA O ANTIGO LIXÃO DO 
ITACORUBI, FLORIANÓPOLIS (SC) 
 
 
AUGUSTO EHLERS SOUZA 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
submetido ao Programa de 
Graduação em Engenharia Sanitária 
e Ambiental da Universidade Federal 
de Santa Catarina para a obtenção do 
Grau de Engenheiro em Engenharia 
Sanitária e Ambiental. 
Orientadora: MSc. Naiara Francisca 
Ramos 
 
 
 
 
Florianópolis, SC 
2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOUZA, A. E. Elaboração de um plano de recuperação de área 
degradada (PRAD) para o antigo lixão do Itacorubi, Florianópolis 
(SC). Florianópolis: UFSC/CTC/ENS, 2013. 125f. Trabalho de 
Conclusão de Curso em Engenharia Sanitária e Ambiental – UFSC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais Nilton e Claudete, 
pelo amor e dedicação 
incondicionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Gostaria de agradecer a todas as pessoas que, de alguma forma, 
contribuíram para a realização deste trabalho, desde o primeiro dia de 
aula até hoje. 
 À minha orientadora, Naiara Francisca Ramos, por compartilhar 
ensinamentos e pela dedicação durante esta jornada. 
 Ao professor Armando pela amizade e por não medir esforços em 
ajudar no que foi preciso. 
 Aos meus chefes Davi e Márcio por compartilharem seus 
conhecimentos. 
 À minha família pelo incentivo e por todo apoio necessário para 
concluir esta graduação. Jamais teria conseguido sem vocês, obrigado! 
 À minha namorada, Joana, por ter convivido durante todos os 
momentos da elaboração deste trabalho, pelo carinho e por fazer meus 
dias mais felizes. 
 Aos amigos da faculdade por tornarem os dias de estudos mais 
divertidos. A todos os demaisque fizeram valer a pena cada momento 
juntos e compreenderam que nem sempre foi possível ir a todas as festas 
que gostariam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se você encontrar um caminho sem 
obstáculos, ele provavelmente não leva a 
lugar nenhum. 
 Frank Clark 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Problemas envolvendo lixões sempre estiveram presentes em nosso 
país.Não obstante, o tema vem recebendo a atenção necessária após a 
criação, em 2010, da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a qual 
determina a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos em 
até quatro anos após sua publicação. Desta maneira, o presente trabalho 
buscou desenvolver um Plano de Recuperação de Área Degradada 
(PRAD) para um antigo lixão localizado no bairro Itacorubi, município 
de Florianópolis/SC. A partir de normativas e estudos já desenvolvidos 
na área, o trabalho traz à tona o histórico do lixão e do gerenciamento de 
resíduos no município, desenvolvendo um diagnóstico das 
características físicas de Florianópolis e da atual situação de degradação 
da área projetando, assim, um cenário futuro caso nada seja feito a 
respeito.Como resultado da pesquisa, obteve-se um documento que 
apresenta as principais atividades a serem desenvolvidas na área do 
antigo lixão, para que problemas advindos da deposição inadequada de 
resíduos sejam corrigidos, cessando o dano ambiental. 
 
Palavras-chave: plano de recuperação, área degradada, lixão, técnicas 
de remediação. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Problems involving landfills have always been a difficulty in our 
country. Nevertheless, this topic has received more attention since the 
creation, in 2010, of the "National Policy of Solid Waste." which 
determines the final disposal in an environmentally appropriate until 
four years after its publication.Therefore, this research paper seeks 
to develope a plan to recuperate an old dump in Florianópolis' district, 
Itacorubi. From normative and studies already undertaken in the study 
area, the work brings to light the history of landfill and waste 
management in the city, developing a diagnostic of the physical 
characteristics of Florianópolis and current situation of degradation of 
the area, and thus designing a scenario if nothing is done about.As a 
result of these studies, they obtained a document that presents the main 
activities to be developed in the old landfill, so that arising problems 
with the degradation of the environment and excess in waste can be 
solved, thereby ending the environmental damage. 
 
Key-words: recovery plan; degraded area; dump; remediation 
techniques. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil ...................... 26 
Figura 2: Coleta de resíduos sólidos urbanos no Brasil ........................ 26 
Figura 3: Destinação final de RSU no Estado de Santa Catarina (t/dia) 27 
Figura 4: Aspectos ambientais causados pelos lixões ........................... 33 
Figura 5: Estrutura de um aterro sanitário ............................................. 34 
Figura 6: Esquema de um sistema de impermeabilização de base ........ 37 
Figura 7: Estrutura de um aterro sanitário ............................................. 38 
Figura 8: Métodos de remediação de áreas degradadas ........................ 48 
Figura 9: Bombeamento e tratamento ................................................... 51 
Figura 10: Extração de vapores (SVE) .................................................. 52 
Figura 11: Air sparging ......................................................................... 54 
Figura 12: Localização da Bacia Hidrográfica do Itacorubi, 
Florianópolis - SC. ................................................................................ 60 
Figura 13: Local do antigo lixão em estudo .......................................... 61 
Figura 14: Representação das estruturas do CTReS .............................. 62 
Figura 15: Antigo lixão do Itacorubi em funcionamento ...................... 69 
Figura 16: Mapa geológico do município de Florianópolis .................. 72 
Figura 17: Legenda da Figura 16 - Mapa geológico do município de 
Florianópolis ......................................................................................... 73 
Figura 18: Mapa dos solos do município de Florianópolis ................... 75 
Figura 19: Legenda da Figura 18 - Mapa dos solos do município de 
Florianópolis ......................................................................................... 76 
Figura 20: Rio Itacorubi ........................................................................ 78 
Figura 21: Manguezal do Itacorubi ....................................................... 81 
Figura 22: Vegetação existente no antigo lixão .................................... 82 
Figura 23: Afloramento de resíduos de construção civil ....................... 83 
Figura 24: Leiras de compostagem, armazenamento de lixiviado e 
depósito de resíduos de poda .................................................................84 
Figura 25: Sistema de microdrenagem .................................................. 84 
Figura 26: Canal natural componente da macrodrenagem .................... 85 
Figura 27: Canal artificial componente da macrodrenagem .................. 86 
Figura 28: Investigação geológica (Sondagem a Percussão Tipo 
Raymond) .............................................................................................. 88 
 
 
Figura 29: Localização dos pontos de investigação geológica (SPT) ... 88 
Figura 30: Execução dos poços de monitoramento das águas 
subterrâneas........................................................................................... 92 
Figura 31: Locação dos poços de monitoramento das águas subterrâneas
 .............................................................................................................. 92 
Figura 32: Locação dos pontos de monitoramento de águas superficiais
 .............................................................................................................. 93 
Figura 33: Sistemática da medição de gás .......................................... 101 
Figura 34: Crescimento populacional de Florianópolis ...................... 103 
Figura 35: Evolução da ocupação dos arredores do Manguezal do 
Itacorubi entre os anos 1938 e 2013 .................................................... 104 
Figura 36: "Caminho do Lixo" e Museu do Lixo ................................ 114 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Fontes e tipos de informação específicos sobre cada área 
levantada durante a etapa de avaliação preliminar ................................ 43 
Tabela 2: Mananciais de Florianópolis e suas respectivas bacias 
hidrográficas .......................................................................................... 79 
Tabela 3: Resumo da investigação geológica ........................................ 89 
Tabela 4: Pontos de análise de solo ....................................................... 90 
Tabela 5: Resultados das análises laboratoriais de solo ........................ 91 
Tabela 6: Resumo dos poços de monitoramento das águas subterrâneas
 ............................................................................................................... 93 
Tabela 7: Parâmetros analisados e suas respectivas metodologias 
utilizadas ............................................................................................... 94 
Tabela 8: Resultados dos parâmetros analisados nos poços de 
monitoramento de águas subterrâneas ................................................... 95 
Tabela 9: Resultados dos parâmetros analisados nos pontos de 
monitoramento de águas superficiais 01 e 04........................................ 97 
Tabela 10: Resultados dos parâmetros analisados nos pontos de 
monitoramento de águas superficiais 05 e 06........................................ 99 
Tabela 11: Resumo dos poços de monitoramento de gás (PMG) ........ 100 
Tabela 12: Medição de gases nos PMG .............................................. 101 
Tabela 13: Locais de disposição de resíduos e Fator de Correção de 
Metano................................................................................................. 106 
Tabela 14: Componentes dos resíduos e seu COD .............................. 107 
Tabela 15: Valores adotados para aplicação do método IPCC ............ 108 
Tabela 16: Relação entre população, taxa de atendimento e produção de 
resíduos por ano .................................................................................. 109 
Tabela 17: Fração de resíduos que foi depositada no antigo lixão ...... 110 
Tabela 18: Resultados obtidos pelo método IPCC .............................. 111 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS 
 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e 
 Resíduos Especiais 
AC Área Contaminada 
AP Área Potencialmente Contaminada 
CASAN Companhia Catarinense de Águas e Saneamento 
CETESB Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento 
 Ambiental de São Paulo 
CIASC Centro de Informática e Automação do Estado de Santa 
 Catarina 
COMCAP Companhia Melhoramentos da Capital 
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente 
CTReS Centro de Transferência de Resíduos Sólidos 
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio 
DQO Demanda Química de Oxigênio 
FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais 
FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais 
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 
 Naturais Renováveis 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
INMET Instituto Nacional de Meteorologia 
IPCC Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas 
IPUF Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis 
LARESO Laboratório de Pesquisa em Resíduos Sólidos 
NBR Norma Brasileira Regulamentadora 
OD Oxigênio Dissolvido 
PEAD Polietileno de Alta Densidade 
pH Potencial Hidrogeniônico 
PM Poço de Monitoramento 
PMAS Ponto de Monitoramento de Água Superficial 
PMF Prefeitura Municipal de Florianópolis 
PMG Ponto de Monitoramento de Gás 
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos 
 
 
PRAD Plano de Recuperação de Área Degradada 
PROSAB Programa de Pesquisa em Saneamento Básico 
PT Pump and Treat (Bombeamento e Tratamento) 
PVC Cloreto de Polivinila 
RSU Resíduo Sólido Urbano 
SPT Standard Penetration Test (Sondagem a Percussão) 
SVE Extração de Vapores do Solo 
UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina 
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina 
VMP Valores Máximos Permitidos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO .............................................................. 25 
 
2. OBJETIVOS ................................................................... 29 
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................ 29 
2.1.1 Objetivos Específicos........................................... 29 
 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................... 31 
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................ 31 
3.2 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS . 32 
3.2.1 Lixão .................................................................... 32 
3.2.2 Aterro Sanitário .................................................... 33 
3.3 ÁREA DEGRADADA ............................................ 39 
3.4 AVALIAÇÃO DE RISCO ....................................... 40 
3.5 PLANO DE RECUPERAÇÃO ................................ 41 
3.5.1 Avaliação Preliminar da Área Contaminada ........ 41 
3.5.2 Investigação Confirmatória .................................. 45 
3.6 TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO ............................ 46 
3.6.1 Sistema de cobertura ............................................ 48 
3.6.2 Escavação, remoção e destinação do solo ............ 49 
3.6.3 Bombeamento e tratamento (Pump And Treat) ... 50 
3.6.4 Extração de vapores do solo (SVE) ..................... 51 
3.6.5 Air Sparging ......................................................... 52 
3.6.6 Biorremediação .................................................... 54 
3.7 LEGISLAÇÃO VIGENTE ...................................... 56 
 
4 METODOLOGIA .......................................................... 59 
4.1 ÁREA DE ESTUDO ................................................ 59 
4.2 DIAGNÓSTICO ...................................................... 62 
4.2.1 Clima .................................................................... 63 
4.2.2 Geologia e pedologia ........................................... 63 
4.2.3 Geomorfologia e relevo ....................................... 63 
24 
 
4.2.4 Hidrologia ............................................................ 63 
4.2.5 Vegetação ............................................................63 
4.2.6 Histórico do lixão ................................................ 64 
4.3 PROGNÓSTICO ..................................................... 64 
4.4 ESCOLHA DA(S) TÉCNICA(S) DE 
 REMEDIAÇÃO ....................................................... 64 
 
5 RESULTADOS ............................................................... 67 
5.1 DIAGNÓSTICO ...................................................... 67 
5.1.1 Histórico do lixão ................................................ 67 
5.1.2 Caracterização física de Florianópolis ................. 69 
5.1.3 Caracterização da cobertura do lixão ................... 82 
5.1.4 Caracterização do sistema de drenagem pluvial da 
 área ...................................................................... 84 
5.1.5 Relatório Técnico desenvolvido pela SANETAL 
 Engenharia ........................................................... 86 
5.2 PROGNÓSTICO ................................................... 102 
5.3 AVALIAÇÃO TEÓRICA DA GERAÇÃO DE GÁS 
 NO ANTIGO LIXÃO ............................................ 105 
5.4 AÇÕES PARA RECUPERAÇÃO DA ÁREA DO 
 ANTIGO LIXÃO DO ITACORUBI ..................... 112 
5.4.1 Captação de Percolados e Extração de Vapores do 
 Solo .................................................................... 112 
5.4.2 Tratamento do Percolado Coletado.................... 112 
5.4.3 Melhorias no sistema de drenagem pluvial ........ 113 
5.4.4 Uso futuro da área .............................................. 113 
 
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................. 117 
6.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................... 118 
 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................... 119 
 
 
 
25 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O crescimento exponencial da população e o aumento da 
expectativa de vida, aliados ao crescente consumo de bens não duráveis 
são fatores que levam a uma produção cada vez maior de resíduos 
sólidos urbanos, trazendo à tona esta problemática. A geração e o 
manejo destes resíduos são uma das grandes problemáticas a serem 
enfrentadas pelos municípios brasileiros.O gerenciamento desses 
resíduos deve ser planejado de maneira que estes tragam o menor 
impacto possível ao meio ambiente e às populações envolvidas, já que 
seu manejo inadequado causa poluição do solo e das águas subterrâneas; 
gera maus odores; proliferação de vetores e desvalorização imobiliária. 
A maioria dos municípios brasileiros dispõe de coleta regular de 
resíduos nas áreas urbanas, serviço este que é de fácil controle da 
população, uma vez que é prestado diretamente a ela e causa transtornos 
à cidade e aos moradores. Porém, a disposição final adequada destes 
resíduos vem, muitas vezes, sendo deixada em segundo plano, e como 
não acontece aos olhos da população, não é notada.Com a aprovação da 
lei 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos 
(PNRS), fica estabelecido que a disposição final ambientalmente 
adequada dos rejeitos deverá ser implantada em até quatro anos após a 
data de publicação desta Lei. Neste sentido, políticas públicas vêm 
sendo desenvolvidas para a melhoria da gestão integrada dos resíduos 
sólidos urbanos (RSU). 
 Segundo dados divulgados pela ABRELPE (2012) e pelo 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010), oriundas 
da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, a geração de RSU no 
Brasil cresceu 1,3% de 2011 para 2012, índice que é superior à taxa de 
crescimento populacional urbano no país no período, que foi de 0,9%. 
Os dados apresentados na Figura 1 mostram que, como constatado em 
anos anteriores, apesar de a produção de RSU superar o crescimento 
populacional, a mesma teve uma redução na sua intensidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Figura 1: Geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil 
 
Fonte: ABRELPE (2012) 
 
A quantidade de RSU coletada diante da total produzida indica 
que 6,2 milhões de toneladas deixaram de ser coletadas no ano de 2012, 
e por consequência, tiveram destino inadequado. Porém, esta quantidade 
ainda é cerca de 3% menor do que em 2011. 
A Figura 2 mostra que houve um aumento de 1,9% da quantidade 
de RSU coletada entre 2011 e 2012. Este índice quando comparado com 
o crescimento da produção de RSU, mostra que o sistema de coleta de 
resíduos teve uma discreta evolução na cobertura do serviço, chegando a 
90,17%. 
 
Figura 2: Coleta de resíduos sólidos urbanos no Brasil 
 
Fonte: ABRELPE (2012) 
 
 
 
 
27 
 
Dos mais de 73 milhões de toneladas de resíduos produzidas 
anualmente no Brasil, 58% são destinadas a aterro sanitário, 24,2% a 
aterros controlados, e 17,8% aos lixões. Já no estado de Santa Catarina, 
os mesmos índices são, respectivamente 71,6%, 16,9% e 11,5% 
 
Figura 3: Destinação final de RSU no Estado de Santa Catarina (t/dia) 
 
Fonte: ABRELPE (2012) 
. 
Segundo a Lei Federal 12.305/10 que institui a Política Nacional 
de Resíduos Sólidos, os planos nacional e estadual de resíduos sólidos 
devem ter metas para a eliminação e recuperação de lixões e áreas 
degradadas, em razão de disposição inadequada de resíduos sólidos ou 
rejeitos. Um importante instrumento para a recuperação destas áreas e 
de gestão ambiental é o Plano de Recuperação de Área Degradada 
(PRAD), podendo ser desenvolvido para vários tipos de atividades 
antrópicas, sobretudo aquelas que envolvem desmatamentos, 
terraplenagem, exploração de jazidas de empréstimos, bota-foras e 
deposição de resíduos sólidos urbanos diretamente no solo. 
Neste contexto, desenvolveu-se o presente trabalhona área de 
Engenharia Sanitária e Ambiental, cujo objetivo principal foielaborar 
um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) para o antigo 
lixão do Itacorubi, em Florianópolis-SC, propiciando a mitigação dos 
impactos ambientais gerados pelo mesmo. 
Atualmente, na área do antigo lixão encontra-se a estação de 
transbordo de RSU da COMCAP – Companhia Melhoramentos da 
Capital, empresa responsável pela coleta e destino final dos RSU de 
Florianópolis. 
28 
 
O trabalho foi desenvolvido com o auxílio das instalações e do 
corpo técnico do Laboratório de Pesquisa em Resíduos Sólidos 
(LARESO), pertencente ao Departamento de Engenharia Sanitária e 
Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
2. OBJETIVOS 
 Os objetivos deste estudo são apresentados a seguir, sendo que 
foram separados em objetivo geral e objetivos específicos. 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 
Elaborar um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) 
para o antigo lixão do Itacorubi, em Florianópolis-SC, propiciando a 
mitigaçãodos impactos ambientais gerados pelo mesmo. 
 
2.1.1 Objetivos Específicos 
 
 Reconhecer a situação de degradação da área em questão a 
partir da elaboração de um diagnóstico. 
 
 Identificar e propor a melhor técnica aplicável para a 
mitigação dos impactos observados. 
 
 Estruturar um PRAD para o lixão do Itacorubi, com base 
na melhor técnica de recuperação de lixões existente para o 
caso estudado, propondo um uso futuro para a área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
31 
 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 Neste capítulo consta um levantamento de bibliografias que 
servirão debase para a estruturação do presente trabalho. São descritas 
considerações sobre plano de recuperação, área degradada, lixão, 
técnicas de remediação, aterro sanitário, avaliação de risco e legislação 
vigente. 
 
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
Todo subproduto resultante da atividade humana, industrial e de 
consumo é considerado resíduo sólido. Um material só se torna resíduo 
quando seu produtor ou proprietário não o consideram mais com valor 
suficiente para conservá-lo. 
 Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), 
NBR 10004/2004:Resíduos sólidos são os resíduos em estado sólido 
ou semi-sólido, que resultam de atividades de 
origem industrial, doméstica, hospitalar, 
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. 
Ficam incluídos nesta definição os lodos 
provenientes de sistemas de tratamento de água, 
aqueles gerados em equipamentos e instalações de 
controle de poluição, bem como determinados 
líquidos cujas particularidades tornem inviável o 
seu lançamento na rede pública de esgotos ou 
corpos d'água, ou exijam para isso soluções 
técnicas e economicamente inviáveis em face à 
melhor tecnologia disponível. 
 
Ainda, a Lei Federal 12.305/2010 considera como resíduo sólido: 
 
Qualquer material, substância, objeto ou bem 
descartado resultante de atividades humanas em 
sociedade, a cuja destinação final se procede, se 
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, 
nos estados sólido ou semissólido, bem como 
gases contidos em recipientes e líquidos cujas 
particularidades tornem inviável o seu lançamento 
na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, 
ou exijam para isso soluções técnica ou 
32 
 
economicamente inviáveis em face da melhor 
tecnologia disponível. 
 
3.2 DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
 
3.2.1 Lixão 
 
Lixão é uma forma inadequada de disposição final de resíduos 
sólidos, caracterizada pela simples descarga dos resíduos sobre o solo, 
sem comprometimento com as consequências ambientais ou sociais. 
A disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos no solo, na 
forma de vazadouros e lixões, constitui sério problema ambiental e de 
saúde pública, pois a falta de medidas de controle propicia a 
proliferação de vetores de doenças, a geração de gases nocivos, maus 
odores, riscos de deslizamento em encostas, entupimento dos sistemas 
de drenagem e, sobretudo, a poluição do solo e das águas superficiais e 
subterrâneas pelos lixiviados, resultante da decomposição dos resíduos 
sólidos (ZANTA et al. 2006; ABNT, 1992 apud PIMENTEL 2012). 
Da mesma maneira, ROUQUAYROL e ALMEIDA FILHO 
(1999) citam que o lixo disposto a céu aberto gera uma ameaça 
constante de epidemias, pois fornece condições propícias para a 
proliferação de doenças. Além da liberação de gases que contribuem 
para o agravamento do efeito estufa, como o metano, a decomposição do 
lixo gera o chorume, líquido que contamina o solo e a água por 
compostos orgânicos e íons metálicos (BRAGA et al., 2002). 
Além de todos os problemas ambientais e de saúde pública, o fato 
de os lixões atraírem pessoas que sobrevivem da catação é um grave 
problema social, uma vez que estas se instalam nestes locais e levam 
junto suas famílias, formando grandes comunidades que dependem 
destas áreas fétidas para sua sobrevivência. 
Ainda, pode-se acrescentar a este cenário a total falta de controle 
quanto aos tipos de resíduos ali depositados, onde muitas vezes 
verificam-se resíduos de serviço de saúde, principalmente de hospitais e 
também de indústrias. 
 
 
 
 
33 
 
Figura 4: Aspectos ambientais causados pelos lixões 
 
Fonte: FEAM, 2010. 
 
3.2.2 Aterro Sanitário 
 
 Aterros sanitários são locais onde são depositados e tratados os 
resíduos gerados pela atividade humana. Este procedimento visa atenuar 
ao máximo o impacto ambiental causado pelos resíduos ali depositados, 
utilizando-se de técnicas de engenharia para confinamento no menor 
espaço possível. Neste sentido, segundo Castilhos Junior et al. (2003), 
esta técnica é considerada o método mais utilizado e de menor custo 
para o tratamento de RSU. 
 A definição de aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos é 
colocada da seguinte maneira, segundo a Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT, 1992): 
 
Técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, 
sem causar danos à saúde pública e à sua 
segurança, minimizando os impactos ambientais, 
método este que utiliza princípios de engenharia 
para confinar os resíduos sólidos à menor área 
34 
 
possível e reduzi-los ao menor volume 
permissível, cobrindo-os com uma camada de 
terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou 
a intervalos menores se necessário. 
 
 De modo geral, os resíduos cujos líquidos lixiviados gerados 
possam sofrer alguma forma de atenuação no solo, consideram-se 
passíveis de disposição em aterro sanitário. 
 No interior de um aterro sanitário, que pode ser concebido como 
um biorreator, a degradação dos resíduos ocorre basicamente de três 
maneiras: através da dissolução dos elementos minerais presentes no 
meio; devido ao carreamento das finas partículas e do material solúvel 
pela água de percolação; e principalmente em função da bioconversão 
da matéria orgânica em formas solúveis e gasosas, sob influência de 
mecanismos físicos, químicos e biológicos resultantes da interação entre 
os componentes oriundos do próprio resíduo e entre os agentes naturais 
(água e microrganismos) (CASTILHOS JUNIOR et al., 2003; ZANTA 
et al., 2006). O efeito concomitante de todos esses fenômenos produz os 
diversos impactos ambientais nas redondezas de um aterro sanitário, tais 
como a geração de odores, a atração de vetores e principalmente a 
geração de lixiviado e de biogás (CASTILHOS JUNIOR et al., 2003). 
 
Figura 5: Estrutura de um aterro sanitário 
 
Fonte: BAHIA, s.d. 
 
35 
 
3.2.2.1 Queima de gases 
 
A queima de gases é o processo mais utilizado como tratamento 
dos gases gerados em um aterro sanitário, através da redução do metano 
(CH4) agás carbônico (CO2), que é eliminado na atmosfera. 
O biogás é o principal produto resultante da digestão anaeróbia da 
matéria orgânica aterrada e suas características variam conforme a 
composição dos resíduos aterrados e o estágio de decomposição destes. 
O metano é o seu principal gás e apesar de ser inodoro, insípido e não 
tóxico, possui elevado poder calorífico e é um dos responsáveis pelo 
efeito estufa, tendo um potencial 21vezes maior de aprisionamento de 
calor na atmosfera do que o dióxido de carbono (CO2) (MCT, 2010). 
Sendo assim, o Biodieserlbr (2013), site especializado em fontes de 
energia, aborda o assunto dizendo que o biogás gerado nos aterros 
sanitários deve ser drenado e queimado para mitigação dos efeitos 
causados pelo seu lançamento na atmosfera, notadamente no que 
concerne a potencialização do efeito estufa. A queima do biogás 
transforma o metano em dióxido de carbono e vapor d’água. 
 Apesar de a queima do biogás ser um processo de baixo custo 
para a minimização dos impactos ambientais provenientes de aterros 
sanitários, o IBAM (2007) trata do assunto dizendo que a alternativa de 
energia elétrica oriunda do biogás de aterros sanitários ganha novas 
políticas de geração de energia com a biomassa e outras fontes de 
energia renovável, dentro do contexto de desenvolvimento sustentável, 
incentivado pelo governo federal. Projetos com aproveitamento do 
biogás para simples queima no flare ou produção de energia geram 
receita com a venda de créditos de carbono no mercado internacional, o 
que propicia um incentivo para melhorar o projeto e a operação dos 
aterros sanitários e avançar na implementação de uma correta gestão dos 
resíduos sólidos urbanos nos municípios brasileiros. 
 
3.2.2.2 Lixiviado 
 
O lixiviado é o líquido originário da água infiltrada pela cobertura 
do solo de um aterro sanitário e da água que excede a capacidade de 
retenção da umidade dos materiais aterrados e percola através da massa 
de resíduos (TCHOBANOGLOUS et al., 1993). 
Segundo a mesma linha de raciocínio, o lixiviado pode ser 
considerado como uma composição entre a água proveniente do 
processo de decomposição da matéria orgânica e a água que infiltra pelo 
36 
 
solo, solubilizando componentes orgânicos e inorgânicos. 
Consequentemente, o volume de lixiviado produzido por certa massa de 
resíduos é diretamente proporcionalà quantidade de águas pluviais que 
infiltraram na massa, e suas características químicas e físicas dependem 
principalmente do tipo de resíduo ali aterrado. Segundo Jucá et al. 
(2006), as características físicas, químicas e biológicas dos lixiviados 
variam conforme o tipo de resíduo aterrado, o grau de decomposição, 
clima, estação do ano, idade do aterro, profundidade do resíduo 
aterrado, dentre outros. Em função do grande número de variáveis 
relacionadas com a qualidade dos lixiviados, é difícil definir valores 
típicos destes efluentes. 
Um dos maiores impactos ambientais causados por áreas que 
recebem resíduos sólidos urbanos inadequadamente é a percolação do 
lixiviado pela massa de solo, podendo atingir e contaminar as águas 
subterrâneas e superficiais no entorno da área. Assim, segundo Borges e 
Lima (2000), antes de ser lançado ao ambiente, o lixiviado deve ser 
coletado e tratado, mas também pode ser recirculado para o próprio 
aterro e interferir positivamente na decomposição dos resíduos e na 
produção de biogás. 
Dentre as tecnologias de tratamento de lixiviado de aterros 
sanitários, pode-se citar o sistema de lagoas; a aplicação de tratamentos 
biológicos; aplicação de tratamentos biológicos aeróbios com remoção 
de nitrogênio em sistemas de lodos ativados; o tratamento combinado de 
lixiviados de aterros sanitários de RSU com esgoto sanitário; e o 
tratamento de lixiviados por evaporação. 
 
3.2.2.3 Impermeabilização de base do aterro 
 
O sistema de impermeabilização de base, também chamado de 
barreiras impermeáveis, tem a função de proteger a fundação do aterro, 
evitando a contaminação do subsolo e aquíferos subjacentes, pela 
migração de percolado e/ou biogás (IPT/CEMPRE, 2000). Este sistema 
deve ser executado a fim de garantir estanqueidade, durabilidade, 
resistência mecânica, resistência às intempéries e compatibilidade com 
os resíduos a serem aterrados (ROCCA, 1993). De acordo com Rebello 
(2003), a escolha do tipo é influenciada pelo uso a que se destina, pelo 
meio ambiente físico, pela química da solução percoladora e da água 
subterrânea, pela vida útil do projeto, taxa de infiltração e restrições 
físicas. 
Autores como Daniel (1993) defendem que, independente do 
nível de proteção que tenha se projetado, os sistemas de 
37 
 
impermeabilização não são suficientes para assegurar o mínimo impacto 
ambiental em alguns casos.Portanto, é indispensável se assegurar um 
acompanhamento técnico contínuo da obra, a fim de garantir os padrões 
de funcionamento e a qualidade de execução das camadas. 
Os sistemas de impermeabilização natural compreendem os solos 
argilosos naturais de baixa condutividade hidráulica. 
Segundo Castilhos Júnior (2003), as barreiras de argilas 
compactadas são constituídas, essencialmente, por solos compactados, 
podendo conter matérias sintéticas como bentônica sódica. O tipo mais 
comum de revestimento de solo compactado é o construído a partir de 
solo de ocorrência natural, que contém significativa quantidade de 
argila. Tipos de solos próprios para revestimentos minerais incluem 
solos residuais ou transportados. Rochas altamente intemperizadas, 
como argilitos e lamitos podem ser empregadas como revestimentos 
minerais, desde que convenientemente processadas. 
Já as barreiras sintéticas utilizam materiais geossintéticos que 
oferecem condutividade hidráulica baixíssima, pequenas espessuras, boa 
resistência física e química. Tais características são fundamentais para 
controlar a percolação e o fluxo de efluentes líquidos e gasosos. A 
geomembrana que vem sendo mais utilizada em aterros é a de 
Polietileno de Alta Densidade (PEAD) de no mínimo 1,5 mm. 
 
Figura 6: Esquema de um sistema de impermeabilização de base 
 
Fonte: PROSAB, 2003 
 
3.2.2.4 Cobertura do aterro 
 
O sistema de cobertura de resíduos é um aspecto construtivo de 
fundamental importância nos aterros sanitários, pois objetiva, 
essencialmente, minimizar a infiltração de água na massa de resíduos 
para evitar a formação de lixiviado e mitigar os impactos decorrentes da 
exposição deste material ao ambiente (BAGCHI, 2004; D’ALMEIDA; 
38 
 
VILHENA, 2000). Dentre outras funções, D’Almeida e Vilhena (2000, 
p. 283) colocam que o sistema de cobertura deve: 
 
Eliminar a proliferação de vetores, reduzir a 
exalação de odores, diminuir a taxa de formação 
de lixiviados, impedir a catação, permitir o tráfego 
de veículos coletores sobre o aterro, eliminar a 
queima de resíduos e a saída descontrolada de 
biogás. 
 
As camadas de cobertura diária ou intermediária são aquelas 
executadas diariamente, ao longo do processo de deposição de resíduos 
no aterro. Já a cobertura final, é aquela executada no encerramento das 
atividades do aterro. 
O sistema de cobertura do aterro sanitário difere da 
impermeabilização da base principalmente porque o primeiro não tem 
contato com o lixiviado produzido, apenas com a água da chuva. 
Portanto, sua resistência química pode ser inferior. No entanto, deve 
apresentar resistência física e mecânica para que ofereça durabilidade 
diante de intempéries meteorológicas que causam erosão. 
Geralmente o solo é o material mais utilizado para a execução 
dessas camadas, também sendo utilizada em larga escala a adição de 
argila compactada para impermeabilização (CASTILHOS JÚNIOR, 
2003). 
 
Figura 7: Estrutura de um aterro sanitário 
 
Fonte: CARVALHO, 1999 
39 
 
3.3 ÁREA DEGRADADA 
 
Área degradada é aquela em que as condições naturais do 
ecossistema foram perdidas, sejam elas referentes ao solo, vegetação, 
clima, ao ar e às águas superficiais e subterrâneas. 
O conceito de degradação muitas vezes tem sido associado aos 
efeitos negativos que as atividades e intervenções humanas causam ao 
meio ambiente. Raramente usa-se o termo para caracterizar as alterações 
decorrentes de fenômenos ou processos naturais. No presente trabalho 
serão apresentados somente os conceitos relacionados aos processos 
antrópicos de degradação, por estarem dentro do contexto. 
 Afonso (2009)define que a degradação de uma área ocorre 
quando a vegetação nativa e a faunaforem destruídas, removidas ou 
expulsas; a camada fértil do solo for perdida, removida ou enterrada; e a 
qualidade e o regime de vazão do sistema hídrico forem alterados. A 
degradação ambiental ocorre quando há perda de adaptação às 
características físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o 
desenvolvimento socioeconômico. 
 De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas 
(ABNT), por meio da sua NBR 10703, a degradação do solo é apontada 
como sendo a “alteração adversadas características do solo em relação 
aos seus diversos usos possíveis, tanto osestabelecidos em 
planejamento, como os potenciais”. Este conceito considera o 
entendimento do solo enquanto espaço geográfico, ou seja, ultrapassa o 
sentido de matéria ou componente predominante abiótico do ambiente. 
Sugere, ainda, o conceito de efeito ou impacto ambiental considerado 
negativo. 
 Uma área contaminada pode ser definida como área, terreno, 
local, instalação, edificação ou benfeitoria que contenha quantidades ou 
concentrações de substâncias químicas, comprovadas por estudos, que 
causem ou possam causar danos à saúde humana, ao meio ambiente ou a 
outro bem a proteger (FEAM, 2010). Por conseguinte, contaminação é a 
presença de substâncias químicas ou biológicas no ar, no solo ou na 
água, decorrentes de atividades antrópicas, em concentrações tais que 
restrinjam a utilização desse serviço ambiental para os usos atual e/ou 
futuro, definidas com base em avaliação de risco à saúde humana, assim 
como aos bens a proteger, em cenário de exposição padronizado ou 
específico. 
 Para a que a área em estudo possa ser julgada como degradada ou 
não, é imprescindível que se faça um estudo comparativo entre o atualestado da área e suas características naturais originais. 
40 
 
3.4 AVALIAÇÃO DE RISCO 
 
 Segundo CETESB (2001), o objetivo principal da etapa de 
avaliação de risco é a identificação e quantificaçãodos riscos à saúde 
humana, decorrentes de uma área contaminada, uma vez que a saúde 
humana e a segurança da população devem ser priorizadas, dentre os 
bens a proteger expostos, na avaliação de risco em uma área 
contaminada. 
 Dependendo da situação, outros bens devem ser considerados, 
tais como ecossistemas, a produção agrícola, as edificações e instalações 
de infraestrutura urbana. 
 Para a realização da avaliação dos riscos, as metodologias 
utilizadas estão baseadas em princípios de toxicologia humana e no 
conhecimento das propriedades físico-químicas e do comportamento 
ambiental dos contaminantes. Assim, a identificação dos riscos de uma 
determinada área servirá de base para a definição dos objetivos a serem 
atingidos pela remediação da área e das medidas a serem adotadas. 
 Já para FIEMG (2011), a avaliação de risco, em relação à 
investigação de áreas contaminadas, é o processo pelo qual se 
identificam e avaliam os riscos potenciais ereais que a alteração do solo 
pode causar à saúde humana e a outros organismos vivos. 
 Complementando os conceitos acima, SCHMIDT (2010) cita que 
o conceito fundamental de avaliação de riscoestá baseado na existência 
de três componentes essenciais: contaminantes perigosos, vetores de 
exposição e receptores potenciais. Não existindo um dos três 
componentes, entende-se que não existe o risco da contaminação. 
 Contaminante perigoso é aquele que apresenta propriedades 
nocivas em determinadas concentrações, tornando o local impróprio 
para o uso, de acordo com os padrões aceitáveis para a saúde humana e 
o meio ambiente em geral. 
 Vetores de exposição são definidos como a forma de transporte 
do contaminante, que por intermédio do meio contaminado permite seu 
contato com o receptor. 
 Por sua vez, receptores são indivíduos ou um grupo deles que 
estão expostos de forma potencial à contaminação. 
 A caracterização do risco envolve a quantificação dos riscos aos 
receptores potenciais associados à exposição aos compostos químicos 
analisados. O risco é verificado utilizando-se programas comerciais 
reconhecidos, integrando-se os resultados de exposição e toxicidade, 
com caracterização em termos de magnitude e incertezas envolvidas no 
processo (SCHMIDT, 2010). 
41 
 
3.5 PLANO DE RECUPERAÇÃO 
 
 Planos de recuperação de áreas degradadas têm como objetivo 
principal aadoção de medidas corretivas nessas áreas que possibilitem 
recuperá-las para um uso compatível com as metas estabelecidas a 
serem atingidas após a intervenção, adotando-se dessa forma o princípio 
da “aptidão para o uso” (CETESB, 2001). 
 Segundo da Silva (2004), planos de recuperação são importantes 
instrumentos da gestão ambiental para vários tipos de atividades 
antrópicas, sobretudo aquelas que envolvem desmatamentos, 
terraplenagem, exploração jazidas de empréstimos, bota-foras e 
deposição de RSU diretamente no solo. 
 Já o IBAMA (2011), na instrução normativa nº 4, trata um plano 
de recuperação como uma restituição de um ecossistema ou de uma 
população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode 
ser diferente de sua condição original. 
 A resolução Conama 420/2009 sugere as seguintes etapas como 
componentes de um plano de recuperação de áreas degradadas: 
 
 identificação: serão identificadas áreas suspeitas de 
contaminação com base na avaliação preliminar, e, para aqueles 
em que houver indícios de contaminação, deve ser realizada 
uma investigação confirmatória. 
 diagnóstico: inclui a investigação detalhada e investigação de 
risco, com objetivo de subsidiar a etapa de intervenção, após a 
investigação confirmatória que tenha identificado substâncias 
químicas em concentrações acima do valor de investigação. 
 intervenção: execução de ações de controle para a eliminação 
do perigo ou dedução a níveis toleráveis, dos riscos 
identificados na etapa de diagnóstico, considerando o uso atual 
e futuro da área. 
 monitoramento: acompanhamento e verificação da eficácia das 
ações executadas. 
 
3.5.1 Avaliação Preliminar da Área Contaminada 
 
A avaliação preliminar tem como objetivo a realização de um 
diagnóstico inicial das áreas potencialmente contaminadas (APs), por 
intermédio de um levantamento de informações disponíveis e coletadas 
em inspeções de reconhecimento das áreas. 
42 
 
A execução dessa etapa possibilitará, resumidamente (CETESB, 
2001): 
 
 levantar informações sobre cada AP de modo a subsidiar o 
desenvolvimentodas próximas etapas do gerenciamento de 
áreas contaminadas (ACs); 
 documentar a existência de evidências ou fatos que levem a 
suspeitar ouconfirmar a contaminação nas áreas em avaliação, 
possibilitando sua classificação como área com suspeita de 
contaminação (AS) ou AP; 
 estabelecer o modelo conceitual inicial de cada área em 
avaliação; 
 verificar a necessidade da adoção de medidas emergenciais nas 
áreas. 
 
 Os dados obtidos nesta etapa possibilitam estabelecer uma 
primeira avaliação das áreas classificadas primeiramente como APs e 
indicam a sequencia de etapas que deverão ser executadas dentro do 
gerenciamento de ACs. 
 Durante a etapa de avaliação preliminar pode-se obter evidências 
que indiquem a necessidade de adoção de medidas emergenciais, 
visando à proteção da saúde da população ou outros bens a proteger. 
 Os dados coletados devem ser interpretados com o intuito de 
formular hipótesessobre as características da fonte de contaminação, as 
prováveis vias de transporte dos contaminantes (meios por onde podem 
se propagar), a distribuição espacial da contaminação e os prováveis 
receptores ou bens a proteger atingidos (CETESB, 2001). 
 As informações existentes da área a ser avaliada devem ser 
reunidas e identificadas, por intermédio de dois procedimentos básicos: 
 
 levantamento histórico das atividades desenvolvidas e em 
desenvolvimento na área. 
 levantamento de dados sobre o meio físico da área. 
 
 O estudo do histórico da área possibilita que sejam levantadas 
informações como as atividades de manejo realizadas, a produção, 
armazenamento e disposição de substâncias na área, a evolução da 
ocupação e do uso do solo no entorno da região e o posicionamento dos 
bens a proteger. Esta etapa é de grande importância principalmente onde 
as fontes de contaminação já foram desativadas e não existe mais uma 
43 
 
administração do local. Na tabela 1 podem ser vistas várias fontes de 
informação e documentos normalmente utilizados na etapa de avaliação 
preliminar. 
 
Tabela 1: Fontes e tipos de informação específicos sobre cada área 
levantada durante a etapa de avaliação preliminar 
Fontes de 
informações 
Tipos de 
Informações 
Documentos a 
Consultar 
Proprietário ou 
responsável pela área 
Histórico 
operacional e 
ambiental da área 
Registros de 
população, 
armazenamento e 
disposição de 
substâncias e resíduos 
na área, fluxogramas 
e plantas industriais 
Órgão de controle 
ambiental 
Histórico ambiental 
e operacional da 
área, dados sobre o 
meio físico 
Processos, relatórios 
e cadastros 
Ministério público 
Informações sobre a 
situação legal da 
área 
Processos 
Prefeitura 
Utilização 
atual/futura da área e 
vizinhança 
Plano diretor, plantas 
da área 
Empresas de 
planejamento do uso 
e ocupação do solo 
Informações sobre 
os bens a proteger 
localizados 
próximos à área, 
histórico operacional 
da área 
Mapas, fotografias 
aéreas e relatórios 
Empresas prestadoras 
de serviços 
especializados, como 
perfuradoras de poços 
,aerofotogrametria, 
firmas de engenharia 
civil, empresas de 
abastecimentodeágua 
Descrição geológica 
e hidrogeológica da 
área, história do uso 
do solo e utilização 
da área, drenagens, 
bens a proteger, 
histórico das 
operações na área, 
disposição de 
Relatórios contendo 
mapas perfis 
descritivos de poços e 
sondagens, 
fotografias aéreas 
multitemporais, 
plantas das 
edificações, mapas 
com utilidades 
44 
 
substâncias, 
“layout” da área, 
informações 
geotécnicas 
Meios de 
comunicação 
Ocorrências de fatos 
marcantes 
relacionados à área 
Jornais, revistas e 
livros 
Corpo de Bombeiros 
Mapas históricos e 
plantas de segurança 
contra incêndio, 
medidas de 
segurança 
tomadas na área 
Relatórios, mapas, 
croquis 
Entrevistas com 
moradores, 
funcionários, 
técnicos da agência 
ambiental 
e prefeitura, etc. 
Histórico geral da 
área, processos, 
operação, disposição 
de substâncias 
Registros das 
entrevistas executadas 
Institutos (geológico, 
agronômico, química, 
pedológico, 
meteorológico, etc.), 
universidades 
Comportamento dos 
contaminantes, 
geologia, 
hidrogeologia, 
meteorologia da 
área, etc. 
Textos de revistas 
especializadas, teses, 
dissertações, livros 
Fonte: CETESB, 2001. 
 
 O levantamento de dados sobre o meio físico tem como principal 
objetivo a determinação das potenciais vias de transporte de 
contaminantes, bem como a localização e caracterização de bens a 
proteger. Para que esta etapa possa ser realizada, devem ser coletados 
dados hidrológicos, hidrogeológicos, geológicos, geomorfológicos e 
meteorológicos. Tais dados podem ser obtidos junto aos órgãos de 
controle e planejamento ambiental, universidades, institutos de pesquisa, 
empresas de abastecimento de água, empresas perfuradoras de poços 
etc. 
 Durante a inspeção de reconhecimento, a área deve ser vistoriada 
detalhadamente, além de serem realizadas entrevistas com pessoas do 
local, de modo que se possam adquirir informações que não seriam 
obtidas com base na simples observação, como por exemplo, a natureza 
45 
 
das substâncias utilizadas entre outras.Entrevistaspodem ser realizadas 
com pessoas que possam estar ou terem estado ligadas à área em 
questão, como funcionários atuais ou antigos do empreendimento e 
moradores vizinhos, onde as seguintes informações poderão ser obtidas 
(CETESB, 2001): 
 
 locais de disposição ou infiltração de resíduos; 
 acidentes ocorridos; 
 paralisação do funcionamento; 
 índice de doenças nos funcionários, moradores, animais; 
 manuseio das substâncias; 
 reclamações da população; 
 problemas com a qualidade do ar, água e solo; 
 reformas realizadas na área. 
 
3.5.2 Investigação Confirmatória 
 
O processo de identificação de áreas contaminadas se encerra na 
etapa de investigação confirmatória, que tem como objetivo principal 
confirmar ou não a existência de contaminação nas áreas suspeitas, as 
quais foram identificadas na etapa de avaliação preliminar. 
As áreas que anteriormente foram classificadas como AS são 
avaliadas através de métodos que visam comprovar a presença de 
contaminação. Assim, os dados obtidos nesta etapa são importantes uma 
vez que auxiliam as ações do órgão gerenciador ou órgão de controle 
ambiental na definição dos responsáveis pela contaminação e dos 
trabalhos necessários para a solução do problema. 
 A definição de uma área contaminada ou a comprovação da 
contaminação ocorrerápela realização de análises específicas, tomando-
se como base o conhecimento adquirido sobre a área nas etapas 
anteriores e utilizando-se diferentes técnicas de investigação, isolada ou 
conjuntamente, cuja seleção depende das características específicas de 
cada área em estudo. O processo de confirmação da contaminação dá-se, 
basicamente, pela tomada de amostras de solo e/ou água subterrânea 
para análises químicas. O número de amostras coletadas deve ser 
reduzido, porém suficiente para comprovar a contaminação (CETESB, 
2001). 
 As principais etapas de uma investigação confirmatória são 
(FIEMG, 2011): 
 
46 
 
 sondagem de solos e coleta de amostras para avaliar 
contaminações nos locais identificados provenientes de resíduos 
enterrados indevidamente, derramamento de produtos químicos, 
etc.; 
 efetuar análise de solo e de aquífero subterrâneo do local para 
avaliar teor de contaminação; 
 coleta de amostra de água, à jusante do local, próximo à sua 
divisa, seguindo o fluxo de escoamento do aquífero 
subterrâneo; 
 coleta de amostras, seguindo o fluxo de escoamento do aquífero 
subterrâneo, privilegiando as áreas tidas como de risco, para 
avaliar a existência de contaminação; 
 coleta de amostra de água a montante do local, seguindo o fluxo 
de escoamento do aquífero subterrâneo, próximo à sua divisa; 
 coleta de amostra de água de aquíferos superficiais próximos à 
divisa de saída do local; 
 análises das amostras de solo e água subterrânea. 
 
3.6 TÉCNICAS DE REMEDIAÇÃO 
 
A desativação de lixões é feita, muitas vezes, através do simples 
abandono e fechamento da área, sem critérios técnicos adequados. A 
interrupção da disposição de resíduos no local cessa a atividade de 
catadores e do trabalho infantil, porém os aspectos ambientais como a 
geração de gases e lixiviado perduram por muito tempo, ocasionando 
sérios impactos ambientais na área. 
É cada vez mais frequente a constatação de substâncias químicas 
nas águas subterrâneas no entorno de lixões, evidenciando o aumento do 
descarte de materiais como pilhas, baterias e eletro-eletrônicos. Um 
aspecto contribuinte para o agravo deste quadro é a falta de controle dos 
tipos de resíduos depositados nos lixões, como resíduos industriais ou 
mesmo atividades urbanas como oficinas mecânicas e postos de 
combustíveis. 
Devido à grande probabilidade da ocorrência de impactos 
ambientais, os lixões devem ter suas atividades encerradas de maneira 
tecnicamente correta ou mesmo utilizando técnicas de remediação que 
minimizem ou cessem os impactos, podendo assim tornarem-se aterros 
sanitários. 
Neste contexto, segundo NETO et al. (2005), a remediação 
consiste em um processo complexo em que se faz a remoção de 
47 
 
contaminantes do solo. Neste processo, primeiramente se faz a 
caracterização geomorfológica e hidrológica da área de interesse e o 
mapeamento da pluma de contaminação, a fim de ser delimitada sua 
área de abrangência. Após, faz-se uma definição das técnicas de 
remoção de fase livre e, posteriormente, das fases dissolvida e 
adsorvida, considerando as peculiaridades do local de trabalho e do 
volume de produto a ser removido. Por último, são feitos a 
implementação das técnicas mais apropriadas e um programa de análises 
físicas e químicas do solo e aquífero até o saneamento da área 
impactada, sendo esta a etapa mais prolongada do processo. 
Para eleger a melhor técnica para a remediação, é necessário que 
seja realizado um estudo prévio detalhado do local avaliando as 
condições físicas e principalmente o comprometimento ambiental do 
local, contendo dados como o levantamento planialtimétrico, análises de 
águas superficiais e subterrâneas, estudos de sondagem e caracterização 
geotécnica, entre outros. 
As tecnologias disponíveis para minimizar ou impedir o problema 
da contaminação de solos e águas subterrâneas, podem ser classificadas 
sob diversos aspectos como, por exemplo, em termos de seu objetivo 
(contenção ou tratamento), localização (in situouex situ), processo 
(físico, químico, biológico, termal), meio contaminado (ar, água ou 
solo), mecanismo operacional (recuperação de líquidos e vapores, 
imobilização, degradação), entre outros. 
As técnicas de remediação podem ser realizadas no local (in situ) 
ou através de remoção do material (solo) contaminado para outro local, 
onde será tratado (ex situ). As técnicas exsitu não são, em geral, 
apropriadas para grandes áreas contaminadas, por motivos econômicos. 
Devem ainda ser rigorosamente estudados os aspectos técnicos e 
econômicos da disposição dos resíduos e a efetividade do tratamento a 
fim de se evitar a contaminação da área de despejo final, bem como 
custos excessivos envolvidos no projeto. Esses aspectos levaram à 
aplicação crescente de técnicas de remediação in situ (SCHMIDT, 
2010). 
Resumidamente, tem-se: 
 
 
 
48 
 
Figura 8: Métodos de remediação de áreas degradadas 
 
Fonte: FIEMG, 2011. 
 
3.6.1 Sistema de cobertura 
 
Os sistemas de cobertura fornecem um mecanismo de 
estabilização através da reduçãodo fluxo de água em uma trincheira ou 
bacia de retenção. A cobertura é tipicamente composta por uma camada 
superficial que suporta a vegetação, uma camada de drenagem, uma 
camada de baixa permeabilidade e uma camada de ventilação de gases. 
As exigências do local ditam quais as camadas sãonecessárias, sendo 
que alguns lugares não necessitam de todas as camadas. A camada 
superficial é geralmente composta por solo com adequada quantidade de 
matéria orgânica para sustentar a vegetação. Esta camada requer boa 
drenagem para favorecer o crescimento da vegetação. A vegetação 
estabiliza a camada de superfície. Para evitar danos às camadas mais 
49 
 
baixas da cobertura, a vegetação tem de ser de um tipo que possua raízes 
rasas e seja adaptada ao clima. A decomposição da matéria orgânica 
resulta na geração de gás metano. Caso a produção não seja controlada, 
o gás que se desloca dentro do sistema pode inflar a cobertura e 
possivelmente entrar em combustão. Portanto, o gás deve ser drenado de 
maneira controlada (BELLANDI, 1995). 
 
3.6.2 Escavação, remoção e destinação do solo 
 
A remoção dos resíduos responsáveis pela degradação ambiental 
é uma técnica de remediaçãoex situ que consiste em retirar os resíduos 
ali dispostos de forma inadequada e transportá-los para outro local, 
previamente preparado tecnicamente para o tratamento dos mesmos e 
devidamente regularizado no órgão ambiental competente. Esta 
alternativa apresenta custos relativamente elevados quando a quantidade 
de materiais a serem retirados e transportados é muito grande, pois essas 
atividades apresentam dificuldades operacionais. Além disso, o novo 
local de deposição deve apresentar características operacionais 
(lançamento, compactação, etc.) superiores às do depósito original. 
Para se avaliar a viabilidade de remoção dos resíduos deve-se 
considerar, primordialmente, que a substituição dos locais seja vantajosa 
do ponto de vista ambiental, segundo as seguintes circunstâncias: 
 
a) Remoção do local de origem onde não eram empregados 
critérios técnicos, para outra área previamente preparada 
como um aterro sanitário. 
b) Remoção de um local em área urbana em expansão para um 
outro desabitado, de preferência já degradado anteriormente. 
c) Remoção de uma área mais vulnerável ambientalmente para 
uma menos vulnerável, do ponto de vista geológico, 
geotécnico e hidrológico. 
d) Remoção de uma área destinada à ocupação mais nobre para 
uma área com menor valor imobiliário e usos corriqueiros, de 
acordo com o plano diretor do município. 
 
 Paralelamente à remoção dos resíduos, deve ser realizada uma 
avaliação das condições da água subterrânea e do solo, buscando focos 
de contaminação. Caso não seja constatada a contaminação, a área 
deverá ser recuperada com solo natural e revegetada com espécies 
nativas. Caso contrário, devem-se definir ações de imediato visando o 
controle da contaminação e reabilitação da área. Em alguns casos são 
50 
 
necessárias medidas de proteção à saúde da população, como a 
instalação de lacres em poços e cisternas para evitar o consumo de água 
contaminada (FEAM, 2010). 
 
3.6.3 Bombeamento e tratamento (Pump And Treat) 
 
Nos processos de remediação por bombeamento, ou do tipo 
“Pump and Treat” (PT), a água subterrânea contaminada é bombeada 
para um sistema superficial de coleta, através de poços que penetram na 
zona saturada do solo. O material coletado é posteriormente tratado por 
técnicas ex situ. Nesse contexto, o PT pode ser considerado um 
tratamento. Em termos de aspectos in situ, porém, o PT é caracterizado 
atualmente por diversos autores como uma técnica de contenção 
(SCHMIDT, 2010). 
 A água contaminada é submetida a um processo de remoção de 
contaminantes e pode ser colocada de volta ao reservatório natural. A 
água é tratada pela técnica de air sparging, passando através de carvão 
ativado ou biorremediação para a extração dos contaminantes (NADIM 
et al., 1999). É necessário que se saibam características do local como 
condutividade hidráulica, transmissibilidade e o gradiente hidráulico 
para que seja possível determinar o número de poços necessários, sua 
posição e a taxa de bombeamento (KAHN et al, 2004). 
 Das suas características, pode-se dizer que é simples de projetar e 
operar e o equipamento é facilmente disponível. Além disso, o distúrbio 
local é mínimo, deixando poucas marcas no local, se comparada com 
outras técnicas de remediação (KAHN et al., 2004). Outros pontos que 
devem ser destacados é que ela não é recomendável para aqüíferos de 
baixa permeabilidade e pode requerer longo tempo de tratamento 
(NADIM et al., 1999). 
 Indo na contramão do que pensam os autores acima citados, 
TIBURTIUS et al. (2004) cita que este processo é bastante eficiente, 
porém tem caráter um pouco destrutivo quando associado a outras 
técnicas como a de air sparging, visto que na sua utilização há a 
liberação de gases poluentes para a atmosfera e o processo de adsorção 
leva à geração de fases sólidas saturadas com contaminantes não-
destruídos. Além disso, a necessidade da utilização de diversas 
tecnologias faz com que o processo se torne caro e demorado, devido à 
complexidade das instalações. 
 Para acúmulos de lixiviado em fase livre e plumas sobrenadantes, 
pode-se utilizar o bombeamento na diminuição do volume de 
contaminante a ser tratado por outra técnica de remediação, a qual 
51 
 
garanta um nível satisfatório da qualidade da água. Nesses casos, o 
bombeamento pode ser utilizado como uma medida imediata no projeto 
de remediação. 
 
Figura 9: Bombeamento e tratamento 
 
Fonte: Adaptado de Schmidt, 2010. 
 
3.6.4 Extração de vapores do solo (SVE) 
 
A extração de vapor do solo (SVE) é uma técnica in situ de 
remediação que pode ser utilizada para remover componentes orgânicos 
voláteis e alguns semivoláteis do solo (NADIM et al., 1999). 
É uma técnica bastante simples apropriada para a remoção de 
contaminantes na zona não saturada do solo que tenham a tendência de 
se volatilizarem ou evaporarem facilmente. A técnica consiste na 
aplicação de grande quantidade de ar na zona não saturada do solo para 
promover a volatilização dos contaminantes presentes como fase livre 
ou residual, e com posterior extração dos vapores gerados por sistema a 
vácuo. 
Um sistema de SVE prevê a instalação de poços de extração de 
gases e poços de injeção (ou air vents) na área contaminada, formando 
um sistema de circulação de ar. Os poços de injeção de ar utilizam 
compressores para forçar a passagem do ar através do solo. São 
normalmente colocados na vertical, mas podem ser horizontais para 
níveis d’água mais superficiais. Air vents têm a mesma função, porém 
ao invés de bombear o ar apenas facilitam a entrada do ar no terreno. 
52 
 
Quando o ar passa no solo em seu caminho para os poços de 
extração, os contaminantes evaporam, saindo dos poros do solo e sendo 
puxados pelo ar para os poços de extração, onde são removidos e 
tratados antes do lançamento na atmosfera. Os vapores são tipicamente 
tratados por adsorção por carbono, incineração, oxidação catalítica ou 
condensação. O tipode tratamento escolhido é função do tipo e da 
concentração do contaminante, sendo a adsorção por carbono a mais 
largamente utilizada para tratamento de uma grande quantidade de 
compostos orgânicos voláteis SCHMIDT (2010). 
Durante o emprego do método não ocorrem distúrbios nem 
escavações e ele geralmente é utilizado juntamente com outros 
processos, como esgotamento com ar (air stripping), para que se 
obtenham melhores resultados. Além disso, é possível a remediação de 
grandes volumes de solo com baixo custo e pequeno tempo de 
tratamento. Como desvantagem, sabe-se que se o solo tiver baixa 
permeabilidade, a velocidade do ar e o movimento do vapor serão 
afetados, diminuindo a eficiência do método. Outra causa de diminuição 
da eficiência é a alta umidade do solo (pois diminui a permeabilidade). 
Além disso, altas concentrações de matéria orgânica no solo podem 
absorver os componentes voláteis e retardar o processo (KAHN et al., 
2004). 
 
Figura 10: Extração de vapores (SVE) 
 
Fonte: Téchne, 2012. 
 
 
3.6.5 Air Sparging 
 
53 
 
 Air sparging é uma tecnologia de remediação de águas 
subterrâneas in situ, que envolve a injeção de um gás (ar ou oxigênio) 
sob pressão, por meio de poços situados na zona saturada do solo, para 
remoção de compostos volatilizáveis. O air sparging estende a 
aplicabilidade do SVE (extração de vapores do solo) a solos saturados e 
águas subterrâneas, possibilitando a remoção física do contaminante e a 
aceleração da biodegradação em zonas saturadas. É aplicável ao 
tratamento de contaminantes que não podem ser remediados por SVE. 
Quando o mecanismo de ação predominante é a biodegradação, o 
processo é chamado biosparging SCHMIDT (2010). 
Alguns fatores determinantes para a utilização desta técnica são: 
 
 A permeabilidade da zona saturada; 
 A profundidade do lençol freático; 
 O tipo de contaminante. 
 
 O ar (oxigênio) sob pressão é injetado abaixo do nível da água, na 
zona saturada. No início do processo o ar se desloca horizontalmente, e 
depois, devido à menor densidade em relação ao solo, inicia um 
movimento vertical para cima. Nesta migração, o ar volatiliza os 
contaminantes dissolvidos, que migram para a zona vadosa, onde são 
removidos por meio de poços. 
 A eficiência do processo é determinada pela taxa de aumento da 
concentração de oxigênio na água subterrânea. O aumento da 
concentração de oxigênio depende da pressão parcial do oxigênio que 
está sendo introduzindo (NADIM et al., 1999). Solos homogêneos e 
com uma relativa permeabilidade fazem com que o contato com o ar 
atmosférico aumente, tornando a técnica bastante eficiente (KAHN et 
al., 2004). Sabe-se que este método apresenta baixa eficiência em solos 
contaminados por espécies de caráter fenólico, pois estas possuem maior 
solubilidade em água (TIBURTIUS et al., 2004). Os solos com 
sedimentos de argila também não são apropriados para o uso da 
tecnologia. 
 
54 
 
Figura 11: Air sparging 
 
Fonte: Téchne, 2012. 
 
3.6.6 Biorremediação 
 
Entende-se como biorremediação qualquer forma de tratamento 
que utiliza microorganismos do solo para biodegradar os contaminantes 
do solo e das águas subterrâneas, transformando as substâncias 
perigosas presentes nos compostos orgânicos em energia e em 
substâncias não tóxicas ou pouco tóxicas SCHMIDT (2010). 
Os processos abióticos citados até então nas outras técnicas de 
remediação raramente transformam substâncias orgânicas em produtos 
inorgânicos. Os processos biológicos de degradação (biodegradação), 
por sua vez, têm capacidade para transformar completamente compostos 
orgânicos tóxicos em compostos inorgânicos e não tóxicos, como o 
CO2. 
A biorremediação pode se dar in situ ou ex situ. As técnicas de 
biorremediação ex situ podem ser mais rápidas e fáceis de controlar, 
porém requerem escavação, transporte, tratamento e disposição do solo 
contaminado, sendo de mais alto custo, impacto e dificuldades 
operacionais que as técnicas in situ. As tecnologias de biorremediação in 
situ não requerem escavação do solo contaminado, sendo mais baratas e 
causando menos perturbações e liberação do contaminante para o meio 
ambiente. Possibilitam também o tratamento de uma maior quantidade 
de solo. 
Os processos de biodegradação podem ocorrer sob condições 
existentes (biorremediação intrínseca) ou serem estimulados por 
55 
 
tecnologias de biorremediação, que visam criar condições ideais para 
que ocorra a biodegradação necessária. Estimula-se o crescimento da 
população de microorganismos no solo, capazes de promover a 
biodegradação do contaminante de forma adequada à sua quantidade e 
qualidade. 
 Para que ocorra a biodegradação existem seis requisitos básicos 
(BEDIENT et al., 1994): 
 
1. Presença dos microorganismos apropriados: Os microorganismos nos 
aqüíferos subterrâneos são quase sempre bactérias. É preferível ter 
bactérias nativas (indigenous) capazes de biodegradar o contaminante 
local; 
 
2. Fontes de Energia: O carbono orgânico é necessário como fonte de 
energia e utilizado pelos organismos para manutenção e crescimento, 
sendo transformado em carbono inorgânico, energia e elétrons; 
 
3. Fontes de carbono: Aproximadamente 50% do peso seco das 
bactérias é carbono, sendo o carbono orgânico utilizado para compor e 
gerar novas células; 
 
4. Receptores de elétrons: A biodegradação envolve a oxidação dos 
contaminantes, sendo necessários elementos oxidantes (receptores de 
elétrons); 
 
5. Nutrientes: Entre os nutrientes necessários estão o nitrogênio, fósforo, 
cálcio, magnésio, sendo os dois primeiros necessários em grandes 
quantidades; 
 
6. Condições ambientais aceitáveis:Exemplos são a temperatura, pH, 
salinidade, pressão hidrostática, radiação ou presença de metais pesados 
ou outros elementos tóxicos que inibam a população bacteriana. A 
concentração do contaminante no aquífero também tem influência direta 
no crescimento da população. 
 
 As técnicas de biorremediação in situ são, em geral, de 
bioestimulação da população microbiana nativa (microorganismos 
indigenous). Se a atividade biológica necessária para a biodegradação 
efetiva de um determinado campo contaminado não for atendida pelas 
condições locais, microorganismos de outros locais (exogenous) podem 
ser adicionados. 
56 
 
3.7 LEGISLAÇÃO VIGENTE 
 
 Devido à crescente preocupação com o tema 
“ÁreasContaminadas”, o Conselho Nacional de Meio Ambiente 
(CONAMA) publicou, em 2009, uma resolução estabelecendo critérios 
e valores orientadores referentes à presença de substâncias químicas no 
solo e fornecendo diretrizes e procedimentos para o gerenciamento de 
áreas contaminadas, a Resolução CONAMA nº 420/09. 
 A Constituição Federal do Brasil de 1988 estabelece os princípios 
da política nacional do meio ambiente. No capítulo VI (“Do Meio 
Ambiente”), Artigo 225, écolocado o princípio: 
 
Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
 
 A seguir são apresentadas leis federais relevantes para o estudo 
de áreas contaminadas, de acordo com FIEMG (2011): 
 
 Lei nº 12.035, de 02/08/2010 – Institui a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos; 
 Resolução Conama nº 420, de 28/12/2009 – Dispõe sobre 
critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença 
de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento 
ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência 
de atividades antrópicas; 
 Resolução Conama nº 396, de 03/04/2008 – Dispõe sobre a 
classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas 
subterrâneas e dá outras providências; 
 Resolução Conamanº 334, de 03/04/2003 – Dispõe sobre os 
procedimentos de licenciamento ambiental de estabelecimentos 
destinados ao recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos; 
 Lei nº 10.165, de 27/12/2000 - Altera a Lei nº 6.938, de 31 de 
agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, 
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras 
providências; 
57 
 
 Lei n° 9.605, de 12/2/1998 – Dispõe sobre as sanções penais e 
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio 
ambiente, e dá outras providências; 
 Resolução Conama nº 05 de 05/08/1993 – Estabelece definições, 
classificações e procedimentos mínimos para o gerenciamento de 
resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos, 
terminais ferroviários e rodoviários; 
 Resolução Conama 02, de 22/08/1991 – Dispõe sobre adoção de 
ações corretivas, de tratamento e de disposição final de cargas 
deterioradas, contaminadas ou fora das especificações ou abandonadas; 
 Lei n° 6.938, de 31/8/1981 – Dispõe sobre a Política Nacional de 
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá 
outras providências; 
 Lei n° 6.803, de 2/7/1980 – Dispõe sobre as diretrizes básicas 
para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, e dá outras 
providências; 
 Lei n° 6.766, de 19/12/1979 – Dispõe sobre o parcelamento do 
solo urbano e dá outras providências. 
 
 O Brasil também dispõe de normas técnicas (Normas ABNT)para 
orientar as primeiras etapas do gerenciamento de áreas contaminadas e 
de amostragem de solo e águas subterrâneas, além de normas técnicas 
que visam orientar preventivamente, estabelecendo medidas para correto 
manuseio, armazenamentoe transporte de produtos e resíduos perigosos 
(FIEMG, 2011). 
 
 ABNT NBR 15515-1: Passivo ambiental em solo e água 
subterrânea. A norma estabelece os procedimentos mínimos para 
avaliação preliminar de passivo ambiental visando à identificação de 
indícios de contaminação de solo e água subterrânea; 
 ABNT NBR 15495: Poços de monitoramento de águas 
subterrâneas em aquíferos granulados. Norma que estabelece parâmetros 
para projetos e construção de poços de monitoramento de água 
subterrânea; 
 ABNT NBR 15847: Amostragem de água subterrânea em poços 
de monitoramento – Métodos de purga. A norma apresenta os métodos 
de purga com remoção de volume determinado, purga de baixa-vazão e 
métodos passivos de amostragem. 
 ABNT NBR 10004: Critérios de classificação e os ensaios para a 
identificação dos resíduos conforme suas características. A norma 
58 
 
classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais para o 
meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados 
adequadamente. 
 ABNT NBR 13221:Transporte terrestre de resíduos. Esta Norma 
especifica osrequisitos para o transporte terrestre de resíduos, de modo 
aevitar danos ao meio ambiente e a proteger a saúde pública. 
 
59 
 
4 METODOLOGIA 
 
Algumas etapas são fundamentais para a elaboração de um Plano 
de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). As etapas que foram 
abordadas e desenvolvidas ao longo deste trabalho e que compoe o 
PRAD incluem o diagnóstico e prognóstico da área de estudo, servindo 
de base para escolha da melhor alternativa técnica de recuperação da 
área degradada. 
Para a realização do PRAD, a Instrução Normativa IBAMA Nº 
04, de 13/04/2011 foi utilizada como referência. 
 
4.1 ÁREA DE ESTUDO 
 
Florianópolis possui um grande potencial turístico devido 
principalmente às belezas naturais. Assim sendo, a cidade passou de 
196.055 habitantes em 1980 para 421.240 em 2010, de acordo com o 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010). Desde o 
passado, o crescimento desenfreado no espaço limitado da Ilha tem 
causado consequências desastrosas a seus ecossistemas, tal como 
ocorreu na Bacia Hidrográfica do Itacorubi, a qual deságua no 
Manguezal do Itacorubi. 
A Bacia Hidrográfica do Itacorubi está localizada na região 
centro-oeste da Ilha de Santa Catarina (27°34'35'' - 27°37'57'' de latitude 
Sul e 48°28'25'' - 48°33'00'' de longitude Oeste) e abrange os bairros 
Córrego Grande, Itacorubi, Pantanal, Santa Mônica e Trindade, os 
loteamentos Flor da Ilha, Jardim Anchieta, Jardim Germânia, Parque 
São Jorge e Jardim Itália, além dos assentamentos do Alto Pantanal, 
Quilombo e Sertão do Córrego (IPUF, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
60 
 
Figura 12: Localização da Bacia Hidrográfica do Itacorubi, 
Florianópolis - SC. 
 
Fonte: SILVA, 2010 
 
 A população da bacia é de aproximadamente 45.000 habitantes, 
sendo a população flutuante maior pelo fato de existirem importantes 
atividades administrativas, educacionais e comerciais nesta região, tais 
como: UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), UDESC 
(Universidadedo Estado de Santa Catarina), ELETROSUL 
(ELETROSUL Centrais Elétricas S.A), BRASIL TELECOM, CELESC 
(Centrais Elétricas de Santa Catarina), EPAGRI (Empresa de Pesquisa 
Agropecuária e Extensão do Estado de Santa Catarina), CIASC (Centro 
de Informática e Automação de SC) entre outras empresas e escolas que 
compõem a rede educacional de ensino. Em função disto estima-se que 
circulam diariamente nesta região 45 mil pessoas, podendo o número de 
usuáriosatingir 90 mil pessoas/dia (PINTO, STEFFENS e OLIVEIRA, 
2007). 
 A área de drenagem da bacia é de aproximadamente 23km2, e é 
drenada pelos rios do Sertão, Córrego Grande, Itacorubi e seus 
afluentes, além de alguns canais de drenagem menores (COLLARES et 
al, 2004). 
 Ainda hoje, a bacia apresenta vários problemas a serem 
solucionados, como a deficiência do sistema viário, falta de saneamento 
e consequente poluição por esgotos domésticos, insuficiência no sistema 
de coleta de resíduos sólidos, rede de abastecimento público de 
61 
 
qualidade dúbia, moradias irregulares em Áreas de Preservação 
Permanente em morros, alagamentos em áreas mais baixas, 
subaproveitamento de nascentes para abastecimento local, entre outros 
(PMF, 2000). 
 Na região está localizada uma estação de transbordo – antigo 
lixão, o qual é o foco do estudo – em uma área de 4ha, administrada pela 
Companhia de Melhoramentos da Capital (COMCAP). 
 
Figura 13: Local do antigo lixão em estudo 
 
Fonte: Google Earth 
 
 Na área do antigo lixão, ocorria a proliferação de ratos e insetos, 
produção de chorume e mau cheiro, contaminando o manguezal e os 
cursos d’água, bem como a fauna e a flora de modo geral, além dos 
riscos de explosões devido aos gases produzidos pelo processo de 
decomposição da matéria orgânica ali depositada ao longo dos anos 
(PANITZ & MASUTTI 2000, PMF 2000). O teor de metais pesados 
também era elevado, fato esse descoberto quando se iniciaram os 
primeiros estudos com fatores abióticos em 1979, pela Companhia 
Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo 
(CETESB) (CETESB 1979). 
 A partir do ano de 2000 esse cenário mudou com a inauguração 
do Centro de Transferência de Resíduos Sólidos (CTReS), administrado 
pela COMCAP, onde é realizado o transbordo dos resíduos sólidos 
urbanos coletados na capital, e então encaminhados para o aterro 
sanitário do município de Biguaçú, administrado pela empresa 
Proactiva. Além da estação de transbordo, a área conta com instalações 
como o centro de triagem para reciclagem, posto de lavagem da frota 
com tratamento de água, centro de capacitação e educação ambiental 
para funcionários, estudantes e comunidade em geral, área de 
62 
 
compostagem e o Museu do Lixo. Estas unidades podem ser localizadas 
na Figura 14. 
 
Figura 14: Representação das estruturas do CTReS 
 
Fonte: MEIRELES, 2012. 
 
4.2 DIAGNÓSTICO 
 
Etapa fundamental para a elaboração do PRAD, o diagnóstico 
teve por finalidade mostrar a atual situação

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