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2 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 3 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 3 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância R. Maria Matos, nº 345 - Loja 05 Centro, Cel. Fabriciano - MG, 35170-111 www.graduacao.faculdadeunica.com.br | 0800 724 2300 GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO. Material Didático: Ayeska Machado Processo Criativo: Pedro Henrique Coelho Fernandes Diagramação: Heitor Gomes Andrade PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira, Gerente Geral: Riane Lopes, Gerente de Expansão: Ribana Reis, Gerente Comercial e Marketing: João Victor Nogueira O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profi ssionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 4 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confi ança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, refl exiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profi ssionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfi l profi ssional, objetivando o aprimoramento para sua atua- ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualifi car ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! . É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profi ssional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora Heloiza C. Norberto Campos O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especifi cadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profi sisional. A geotecnia ambiental é o ramo que estuda alternativas para que os impactos causados pela ação humana não degrade ou cause o mínimo de prejuízos possíveis ao meio ambiente. Assim, um dos princi- pais ramos estudados na geotecnia ambiental é o dos resíduos sólidos urbanos. O descarte fi nal dos resíduos é uma das principais preocupa- ções dos geotécnicos, visto os riscos de contaminação que oferecem ao solo, às águas subterrâneas e ao ser humano. Os geossintéticos se apresentam como alternativas tecnológicas e totalmente viáveis para que os projetos se executem de forma segura, garantindo a efi cácia à qual a obra é destinada e, principalmente, minimizando as chances de prejuízos ao meio ambiente. Apresentam-se, também, como opções para a recuperação de áreas degradas, opção essa que viabiliza o reu- so de uma área e a recuperação de locais considerados inutilizáveis por meio de diversas alternativas. Geotecnia ambiental. Aterro sanitário. Geossintéticos. 9 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 9 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: DEFINIÇÃO E COMPORTAMENTO Resíduos Sólidos Urbanos - RSU_____________________________ Apresentação do módulo ______________________________________ 11 10 Comportamento Mecânico Dos RSU__________________________ 17 Águas subterrâneas e contaminantes________________________ 32 CAPÍTULO 02 GEOTECNIA AMBIENTAL E GEOSSINTÉTICOS CAPÍTULO 03 RECUPERAÇÃO E ÁREAS DEGRADADAS Aterros Sanitários__________________________________________ 20 Recapitulando__________________________________________________ 49 A importância Geomorfológica na recuperação de áreas degrada- das______________________________________________________ 54 Geossintéticos____________________________________________ 41 Recapitulando____________________________________________ 72 Bioengenharia na recuperação de áreas degradadas____________ 61 Recapitulando__________________________________________________ 28 Fechando a Unidade_______________________________________ 76 Referências_______________________________________________ 79 10 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S A geotecnia ambiental é uma das áreas que se preocupa em garantir o funcionamento das grandes obras sem que degradem o meio ambiente. O primeiro capítulo desta Unidade aborda os resíduos sólidos urbanos, suas classifi cações e seu destino fi nal. Ressalta-se a impor- tância de obedecer à escala sugerida ao manuseio de resíduos, obe- decendo à ordem de prioridade de não gerar, reduzir, reutilizar, reciclar, tratamento dos resíduos e, por último, a disposição fi nal. Além disso, é descrito o processo de degradação dos resíduos e a formação dos per- colados. O aterro sanitário é a alternativa mais viável quando se trata da disposição fi nal dos resíduos, desde que todas as diretrizes sejam seguidas conforme orientam os documentos normativos. O segundo capítulo apresenta algumas preocupações mais incidentes na área de geotecnia ambiental, como as águas subterrâ- neas e o transporte de contaminantes dos resíduos que podem chegar até elas. A contaminação de solos e águas subterrâneas gera preocu- pações devido à degradação do meio ambiente e do risco oferecido à saúde humana. Para certifi car-se de que essas ações não aconte- çam é feito o monitoramento desses resíduos em âmbitos ambientais e geotécnicos para acompanhar o funcionamento da estrutura, se estão em perfeitas condições, e o comportamento dos resíduos. Além disso, apresenta-se os geossintéticos como componentes do aterro sanitário e aliados na recuperação de áreas degradadas. É importante conhecer os geossintéticos desejados, visto que, cada um apresenta uma classifi - cação e função diferentes. Quando aplicados de forma inadequada, não apresentam o resultado esperado. O terceiro capítulo apresenta os conceitos envolvidos nas áreas degradadas, desde a atividade que promove a degradação até os meiospara recuperá-las. O conhecimento da geomorfologia se mostra fundamental para uma perfeita recuperação do ambiente. Além disso, para cada processo de recuperação tem-se um método adequado. Por isso, é importante saber o tipo de área degradada conforme a atividade executada, os principais processos de degradação que causaram tal im- pacto para que as medidas corretivas adequadas possam ser tomadas. Como alternativa de recuperação, são usadas as técnicas de bioen- genharia, que apresentam excelente desempenho na recuperação das áreas degradadas. Dessa forma, espera-se que o aluno adquira o mínimo de co- nhecimento necessário para embasamento no ramo da geotecnia am- biental, aprofundando-se em uma das áreas mais importantes da geo- tecnia. Bons estudos! 11 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS - RSU A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, na Norma Brasileira NBR 10004 defi ne os resíduos sólidos como: Resíduos Sólidos são resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que re- sultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta defi nição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equi- pamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pú- blica de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004, p.1). RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: DEFINIÇÃO E COMPORTAMENTO G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 12 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Ainda, segundo a NBR 10004, os resíduos podem ser classifi - cados da seguinte maneira: Resíduos Classe I – Perigosos: aqueles que representam peri- culosidade ou características de infl amabilidade, corrosividade, reativi- dade, toxicidade e patogenicidade. b) Resíduos Classe II – Não Perigosos, sendo subdivididos em: Resíduos Classe II A – Não inertes: resíduos que não se en- quadram nas classifi cações de resíduos Classe I ou Classe II B nos termos da Norma. Estes resíduos podem apresentar propriedades tais como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Resíduos Classe II B – Inertes: quaisquer resíduos que, quan- do amostrados de uma forma representativa segundo a NBR 10007 (ABNT, 2004), e submetidos ao contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, a temperatura ambiente, conforme a NBR 10006 (ABNT, 2004), não tiverem nenhum de seus constituintes solu- bilizados a concentrações superiores aos padrões de portabilidade da água excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. 13 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S A fi gura abaixo uma síntese dos resíduos de acordo com sua classe. Figura 1 - Classifi cação dos Resíduos Sólidos Fonte: Campos, 2017. São muitos os tipos de resíduos sólidos, como os resíduos sóli- dos urbanos, resíduos da construção civil, os industriais, os de serviços da área da saúde, rejeitos de atividades de mineração, de portos e ae- reportos, e os oriundos de atividades de tratamento de água e esgoto. 14 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Os estéreis e os rejeitos são os principais resíduos gerados pela atividade de mineração. Independentemente do tipo de resíduo o ideal estabelecido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS é que a sua ges- tão dada obedecendo a hierarquia apresentada na imagem abaixo. O maior objetivo da PNRS é fazer com que o menor número possível de resíduos seja destinado aos aterros sanitários. Assim, é fundamental trabalhar na recuperação de todos esses materiais e reaproveitar o seu potencial energético em maior escala. Figura 2 - Ordem de Prioridade na Gestão dos Resíduos Sólidos Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Brasil, 2010. A primeira etapa, “não gerar”, objetiva evitar a produção do lixo/ resíduo. Na etapa seguinte, “reduzir”, opta-se por reduzir a necessida- de de matérias-primas. Já a etapa “reutilizar” é fundamental para apro- 15 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S veitar, ao máximo, a vida útil dos materiais originados pelo descarte. Na fase “reciclagem” há o reprocessamento dos resíduos, e quando esses não podem ser reciclados, eles são tratados para aproveitar seu potencial energético. Ademais, o que não puder obedecer às orienta- ções acima, deve ser disposto em aterros sanitários observando todas as diretrizes para causar o mínimo de impacto ambiental. Os fatores que ocasionam a geração de resíduos, seja pela ação humana ou causa natural, são diversos e o volume de resíduos gerado vai depender das características da atividade em ação. Desta- cam-se a baixa qualidade nos serviços produzidos e os materiais utili- zados; o aumento da população desordenada, já que ocasiona aumento nas construções e consequente geração de resíduos; projetos arqui- tetônicos mal elaborados, quando se trata de estruturas de concreto; desastres naturais e desastres causados pelo homem. A tabela abaixo apresenta um panorama da geração de resí- duos no anos de 2016 e 2017. Os dados de 2017 foram calculados conforme dados estimados, como população, por exemplo. Assim, deve ser levada em consideração uma margem de erro na quantidade de resíduos gerados por dia por habitante, a densidade desses resíduos e a população considerada em tal ano. Figura 3 - Quantidade de RSU coletados no Brasil em 2016 e 2017. Fonte: Abrelpe, 2017. 16 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Com isso, foi possível gerar um gráfi co ilustrativo com a par- ticipação das regiões brasileiras na produção de RSU, tendo a região Sudeste o maior índice participativo. Figura 4 - Participação das Regiões do Brasil no Total de RSU Coletado Fonte: Abrelpe, 2017. Geralmente, os resíduos sólidos urbanos são compostos de madeiras, papeis, plásticos, vidros, metais, resíduos alimentares e de jardinagem, entre outros. Dessa forma, é importante que o comporta- mento completo desses materiais seja conhecido ao terem sua disposi- ção fi nal em um aterro sanitário. Os RSU podem apresentar diversas características em seus componentes, como umidade, propriedade de compressão, degradabi- lidade, infl amabilidade, corrosividade, secura, entre outros. Conforme a sua característica é possível classifi car os resíduos sólidos como estáveis inertes, quando suas propriedades não apresen- tam variação conforme o tempo, caso dos vidros, resíduos de cons- trução, metais etc. Podem ter seus componentes classifi cados, ainda, como altamente deformáveis, quando possuem características que os permitem sofrer grandes deformações e como degradáveis, resultado 17 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S do processo de decomposição. COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS RSU Conforme as características principais predominantes dos RSU, suas características gerais tendem a apresentar comportamento semelhante a esses componentes dominantes. Os materiais putrescí- veis, por exemplo, possuem grande infl uência na produção de chorume e de gás, nas pressões neutras desenvolvidas no interior do aterro, no teor de umidade e nas resistências de cisalhamento e de compressão dos RSU. O teor de umidade é outro ponto que deve ser observado no RSU. A variação da umidade infl uencia na velocidade com que o re- síduos se degradam como também, no comportamento do peso es- pecífi co dos resíduos, das pressões e dos recalques. Todavia, é um parâmetro difícil de medir com precisão, visto que cada componente pode apresentar teor de umidade diferente, o que faz com que o maciço apresenteumidade heterogênea. Além disso, é importante acompanhar o peso específi co para fi ns operacionais e de estabilidade estrutural em aterros sanitários. O peso específi co é dado pela relação entre o peso e o volu- me na massa dos resíduos e seu resultado varia conforme o tempo, ou seja, o peso específi co do resíduo apresenta variações desde a fase inicial, de geração até seu descarte fi nal no aterros sanitários, sendo o tempo também um fator infl uente no peso específi co. Fatores como teor do material, granulometria, grau de compac- tação, degradabilidade são alguns dos diversos que infl uem diretamente no valor do peso específi co. Ressalta-se aqui que quanto maior a presença de componentes leves, como papel, plásticos, ou quanto menor for a quantidade de matéria orgânica no montante, menor será o valor do peso específi co. A degradação dos resíduos deve ser considerada ao avaliar o peso específi co. Conforme a matéria sólida é drenada à medida que se transforma em gases e em líquidos, o material sólido restante começa a apresentar características e propriedades diferentes das originais. À medida que a profundidade aumenta, aumenta-se também o peso específi co, apresentando uma relação proporcional. Isso se dá, especialmente por causa da compressão do peso das camadas supe- riores. Os ensaios realizados para determinação do peso específi co in situ são feitos por meio de poços escavados/valas, geralmente entre 18 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 2,0 à 4,0m de profundidade. Em seguida, o material é pesado e é deter- minado o volume da vala. Chorume e Gases A degradação dos RSU é dada por meio de processos quí- micos físicos e biológicos, o que dá origem aos gases e aos líquidos lixiviados, também conhecidos como chorume e percolados. O chorume é bem caracterizado pelo seu potencial poluidor, pela geração e dinâmi- ca de alteração. Além disso, possui características de cor escura, mau cheiro e alta Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO. Os lixiviados são formados, de forma simples e resumida, pela água que entra nos resíduos já aterrados por meio de fontes externas como: Teor de umidade dos RSU; Teor de umidade do componente utilizado para cobrir o aterro; Água penetrante na superfície do aterro, formada pela precipitação; Água penetrante na base do aterro: ocasionado pelo alto nível do lençol freático aliado à um sistema ruim de impermeabilização ou falta dele; Circulação dos lixiviados; Água originada pela formação de biogás; Água em forma de vapor; Água evaporada; 19 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 5 - Esquema com possibilidades de Formação e de Contamina- ção pelos Lixiviados Fonte: O Estado, 2014. Figura 6 - Esquema de um Aterro Sanitário com Proteção Ambiental e Contra a Formação Máxima de Lixiviados Fonte: O Estado, 2014. 20 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Fatores como o tipo de solo e a fundação escolhida, composi- ção e peso específi co da massa e altura do aterro, também são infl uen- ciadores na geração de lixiviados. A biodegradação dos resíduos pode ocorrer em quatro fases. A fase aeróbica, fase inicial, possui curta duração - entre horas ou sete dias, já que os resíduos recentes possuem alto teor de oxigênio livre. Dessa forma, o oxigênio e o nitrogênio presentes são consumidos, oca- sionando a geração de gás carbônico, água e calor. Nessa fase, 5% à 10% da matéria sólida é degradada. Após o consumo de todo o oxigênio presente nessa fase, a biodegradação passa a ser anaeróbica. Na fase anaeróbica, toda a matéria que foi decomposta gera líquidos com pH inferior a 5, e altos valores de DBO - consumo de oxigê- nio por micro-organismos presentes no metabolismo e Demanda Quí- mica de Oxigênio - DQO. Por isso, essa fase também é denominada de anaeróbica ácida e seu processo leva de um a seis meses de duração. Aqui, entre 15% à 20% da matéria sólida é degradada e há o aumento de produção de CO2. A terceira fase, biodegradação metanogênica acelerada, ou não estabilizada, comporta a produção de metano - CH4 e ácidos de forma simultânea. Os ácidos são reduzidos e, junto com o H2, são trans- formados em metano e gás carbônico. Nesse processo há a elevação do pH entre 6,8 e 8 e redução na DBO e DQO. Esse processo dura em torno de três meses a três anos. Já na última fase, degradação metanogênica desacelerada, ou estabilizada, a geração de gases é reduzida. Nesse processo são ge- rados, em sua maioria, metano e gás carbônico, e um pequeno volume de nitrogênio e oxigênio. Assim, nessa fase que varia de 8 a 40 anos, a matéria sólida é decomposta entre 50% a 70%. ATERROS SANITÁRIOS A necessidade de mudança na relação entre a disposição fi nal dos resíduos e o meio ambiente fez com que os aterros sanitários fos- sem considerados a alternativa mais viável como solução do problema com descarte dos RSU. Os aterros sanitários são bem avaliados, no que tange á saúde pública e à contaminação do solo, quando executa- dos de forma correta e seguindo todas as diretrizes normativas. O objetivo dos aterros sanitários é acondicionar, da melhor forma, os resíduos que não puderam ser aproveitados em nenhuma das fases antecedentes, mostrada na pirâmide no início deste capítu- lo. A disposição desses resíduos ocasiona diversas reações químicas 21 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S que resultam em lixiviados e gases, como visto acima. Todavia, quando operado e monitorado, todo esse efeito é controlado da melhor forma possível. O aterro sanitário engloba um sistema de operações com os resíduos dispostos como: compactação de resíduos, cobertura, imper- meabilização, drenagem, tratamento de líquidos e gases, monitoramen- to geotécnico e ambiental, dentre outros procedimentos. O sistema de impermeabilização em aterros é realizado com o uso de geomembranas escolhidas conforme a situação. Em pequenos municípios pode haver aterros em formato de valas e/ou trincheiras sem o uso desses componentes. Esses aterros são permitidos nesses locais desde que sejam capazes de conter e absolver a poluição ocasionada pelo volume pequeno de resíduos ali descartados. Em todas as fases que vão possibilitar a construção do aterro, são diversos os profi ssionais envolvidos, seja no projeto, execução e operação do aterro, como engenheiros, químicos, biólogos, geólogos, geógrafos, meteorologistas, entre outros profi ssionais, e é fundamental a presença de um engenheiro geotécnico. Dentre suas atividades, nes- se tipo de projeto, destacam-se: Verifi car a estabilidade de taludes; Projeto de fundação; Projeto de escavação; Sistema de impermeabilização, e Estudo do comportamento dos resíduos em todas as suas pro- priedades. É fundamental o acompanhamento durante a vida útil de um aterro sanitário por um engenheiro civil. O projeto de um aterro sanitário deve ser executado para con- trolar a emissão de contaminantes de forma a reduzir a poluição de águas superfi ciais e subterrâneas e minimizar, ao máximo, possíveis impactos ambientais. Para isso, é essencial que alguns critérios de pro- jetos sejam adotados e bem projetados como: Sistema de drenagem das águas superfi ciais e dos lixiviados; Sistema de impermeabilização em todo o aterro (fundos e la- terais); 22 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Sistema de tratamento dos lixiviados; Sistema de monitoramento ambiental e geotécnico; Quando um aterro não apresenta as condições de segurança necessárias, pode haver a migração de poluentes para fora do local de disposição fi nal. Esse processo pode aumentar chances de doenças em seres humanos, degradação de áreas ambientais e alterações climáti- cas, na fauna e na fl ora local. Esses poluentes são originados no processo de decomposição dos resíduos. O lixiviado pode atingir e contaminar as águas subterrâ- neas, originando umapluma de contaminação. A água, agora contami- nada, pode ser direcionada para poços de águas de abastecimento e/ou irrigação, ciclos hidrológicos ou lagos e demais cursos d’água. Nesse processo de decomposição dos resíduos há também a emissão de ga- ses que podem provocar a contaminação do ar por meio das partículas transportadas pelo vento, por exemplo. O fl uxo do chorume e dos gases emitidos no processo não tem como ser impedido, mas deve ser controlado e permitido em níveis e velocidades que não sejam nocivas ao ser humano e ao ambiente. Para proteção das águas subterrâneas, o caminho do perco- lado deve ser direcionado corretamente e sua formação deve ser pre- veninda. Essa formação pode ser minimizada diminuindo a quantia de água presente nos resíduos por meio da secagem prévia e pela elimi- nação de quaisquer líquidos livres que possam penetrar no aterro, por meio de um sistema de impermeabilização, reduzindo as áreas expos- tas e com sistemas de coletas de águas superfi ciais. A migração do chorume pode ser controlada com revestimento da camada superfi cial em contato com os resíduos com material impermeável, assim como em toda a área do aterro, e fazer a drenagem, coleta e tratamento desses lixiviados. Abaixo, algumas imagens ilustram a seção de um aterro, as- sim como seus sistemas para um perfeito funcionamento. 23 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 7 - Corte Esquemático - Aterro Sanitário Fonte: Boscov, 2008. Figura 8 - Corte Esquemático - Aterro Sanitário Fonte: Boscov, 2008. 24 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 9 - Seção Típica de um Aterro Sanitário Fonte: Benvenuto, acesso em 2019. Vale ressaltar, que não há revestimentos que sejam 100% im- permeáveis. Todavia, o objetivo desses materiais impermeáveis é ga- rantir que a concentração de contaminantes nos aquíferos esteja dentro do limite aceitável, não nocivo para a saúde humana. Figura 10 - Aplicação de Geomembrana em Aterros Fonte: CREA, 2017. 25 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 11 - Aplicação de Geomembrana em Aterros Fonte: CREA, 2017. Diante do exposto, é evidente a necessidade de um siste- ma de drenagem efi caz dos lixiviados, assim como o seu direciona- mento para um sistema de coleta e tratamento desses percolados. Quanto às tensões e deformações no solo, não são aplicados critérios de ruptura para os RSU como são aplicados nos solos. Com o tempo as propriedades dos RSU apresentam muitas variações. Po- de-se destacar as variações das características mecânicas, físicas e químicas, das deformações, já que os resíduos endurecem com a de- formação e não apresentam modo de ruptura defi nido, resistência de compressão, entre outros. Dessa forma, os valores de tensões e defor- mações podem ser obtidos com base em ensaios in situ, ensaios em 26 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S laboratórios e experiência profi ssional. A segurança do aterro, por completo, depende do comporta- mento dos sistemas de drenagem, que vão controlar os lixiviados e ga- ses oriundos dos processos. A drenagem no aterro pode apresentar perda de efi ciência caso apareçam trincas, declividades e descontinui- dades. Nessa perspectiva, faz-se necessária a aplicação de métodos de análises de riscos e probabilísticos para a segurança dos aterros e seu perfeito funcionamento. Os métodos probabilísticos permitem analisar as variáveis internas mais expressivas nos componentes envolvidos. Já a abordagem de análise de risco permite a identifi cação de falhas ou de consequências de possíveis falhas que podem virar danos potenciais seja no projeto, na execução, na fase de operação ou pós-fechamento. As falhas na construção de um aterro sanitário estão passíveis de ocorrer. No projeto, por exemplo, podem ocorrer erros na declivida- de para a drenagem de lexiviados, assim como nas dimensões ou ca- racterísticas permeáveis das camadas impermeáveis e drenantes. Na fase de construção, os erros são passíveis na preparação da camada de base de forma inadequada, no uso de materiais de má qualidade, nas trincas em camadas impermeáveis, rupturas nos geossintéticos. Na operação, danos na camada de impermeabilização, causados ou não pelo contato dos percolados, rupturas nos sistemas de drenos, entrada excessiva de águas superfi ciais, entre outros. E na fase do pós-fecha- mento pode haver problemas tanto nos sistemas de impermeabilização quanto nos sistemas de drenagem causados por reclaques. Para um trabalho completo com as análises de riscos em ater- ros sanitários, é preciso identifi car as possíveis causas de colapso dos elementos de segurança presentes, a probabilidade desses colapsos acontecerem e quais os efeitos resultantes da ocorrência desse fato. As consequências e gravidade das falhas identifi cadas vão va- riar conforme o projeto, condições hidrogeológicas, e característica dos RSU. A consequência fi nal mais preocupante é o escape do chorume e/ ou dos gases. Segundo Boscov (2008), para uma avaliação de impacto am- biental causado pelos contaminantes em um aterro sanitário é neces- sário englobar a análise da composição dos resíduos; a identifi cação dos produtos secundá- rios de reação e decomposição; a determinação das características topográ- fi cas, geológicas, geotécnicas e hidrológicas do local; a estimativa do trans- porte e o destino dos constituintes dos resíduos e dos produtos secundários móveis; a estimativa do impacto no meio ambiente e na saúde humana se os componentes móveis atingirem receptores críticos; e a estimativa do tipo e intensidade de exposição da cadeia alimentar, saúde humana e meio am- 27 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S biente. Para regulamentar o uso de aterros sanitários há uma série de resoluções normativas atuantes direta ou indiretamente, como o Con- selho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. O Ministério da Saúde também estabelece diretrizes que vão à proteção da saúde humana no que tange o consumo de água. Além disso, a Associação Brasileira de Normas Técnicas pos- sui algumas normas relacionadas aos aterros sanitários de resíduos: NBR 8419: 1992 - Versão Corrigida 1996 – Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. NBR 10157 (1987) – Aterros de resíduos perigosos – Critérios para projeto, construção e operação. NBR 13896 (1997) – Aterros de resíduos não perigosos – Crité- rios para projeto, implantação e operação – Procedimento. NBR 15112 (2004) – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos volumosos – Áreas de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação. NBR 15113 (2004) – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e ope- ração. NBR 15114 (2004) – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de Reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e opera- ção.” 28 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2019 Banca: Com. Exam. (MPE PR) Prova: Promotor de Jus- tiça Assinale a alternativa correta, nos termos da Lei n. 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos): a) Considera-se área contaminada o local cujos responsáveis pela dis- posição não sejam identifi cáveis ou individualizáveis. b) Considera-se logística reversa a produção e consumo de bens e ser- viços de forma a atender as necessidades das atuais gerações e permi- tir melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade ambien- tal e o atendimento das necessidades das gerações futuras. c) Considera-se destinação fi nal ambientalmente adequada a distribui- ção ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específi cas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segu- rança e a minimizar os impactos ambientais adversos. d) Considera-sereutilização o processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-quí- micas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa. e) Consideram-se geradores de resíduos sólidos as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas incluído o consumo. QUESTÃO 2 Ano: 2019 Banca:Instituto AOCP Prova: Perito Ofi cial Criminal Em relação ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos, é correto afi r- mar que a) deverá ser atualizado a cada cinco anos. b) será elaborado pelos estados, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente. c) deverá conter medidas para incentivar e viabilizar a gestão regionali- zada dos resíduos sólidos. d) deverá apresentar um diagnóstico da situação futura dos resíduos sólidos. e) deverá conter meios a serem utilizados para o controle e a fi scaliza- ção, no âmbito municipal, de sua implementação e operacionalização, assegurado o controle social. 29 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S QUESTÃO 3 Ano: 2019 Banca: FUNDEP Prova: Professor B A reciclagem no Brasil, uma das possíveis soluções para o grave problema socioambiental da destinação dos resíduos sólidos, ain- da é muito pouco realizada. Dados do Instituto de Pesquisa Econô- mica Aplicada (IPEA) de 2017 mostram que apenas 13% das 160 mil toneladas de resíduos sólidos produzidas por dia em nosso país são reciclados. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&- view=article&id=29296>. Acesso em: 07 jan. 2018. Sobre a reciclagem de resíduos sólidos, é correto afi rmar: a) Areia e brita podem ser reciclados, mas não para serem utilizados na construção civil, servindo apenas para a cobertura, por exemplo, de trechos de vias de terra. b) O vidro possui tempo indeterminado de decomposição, o que, aliado à difi culdade de sua reciclagem, que é mais cara do que a fabricação de novos vidros, cria um grave problema socioambiental. c) As lojas de baterias de telefones celulares são obrigadas por lei a re- colher e encaminhar esses objetos para que os fabricantes, que devem dar destino adequado a eles. d) As lâmpadas, sejam fl uorescentes ou incandescentes, devem ser en- caminhadas para reciclagem junto a resíduos de vidro. QUESTÃO 4 Ano: 2019 Banca: FUNDEP Prova: Professor/Docente Para Ensino Fundamental e Médio/Ciências e Biologia Os resíduos sólidos representam um grave problema socioam- biental no Brasil, tanto por seu volume quanto por sua destinação comumente incorreta. Sobre o manejo adequado desses resíduos, é correto afi rmar: a) Arame, isopor e papéis de escritório não podem ser reciclados. b) A reciclagem de latinhas de alumínio permite uma grande economia de energia em relação à produção de latinhas a partir do minério de alumínio. c) O descarte de pilhas e baterias obedece às regras do descarte de latinhas de alumínio e outros metais. d) Para que o vidro seja destinado à coleta seletiva, as peças devem es- tar inteiras, evitando-se a formação de cacos, que não são recicláveis. QUESTÃO 5 Ano: 2019 Banca: CEBRASPE (CESPE) Prova: Analista de Gestão 30 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S de Resíduos Sólidos Com relação à biodigestão, julgue o item seguinte. A biodigestão é um processo aeróbico e que, portanto, libera O2 na atmosfera. a) Certo b) Errado QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE A biodegradação dos resíduos pode acontecer por meio de quatro fa- ses. Cite-as e discorra sobre cada uma. TREINO INÉDITO Dentre as atividade competentes a um engenheiro geotécnico em um projeto de aterro, estão corretas as alternativas, exceto: a) Verifi car a estabilidade de taludes; b) Projeto de fundação; c) Projeto de escavação; d) Sistema de impermeabilização; e) Todas as alternativas anteriores. NA MÍDIA MINAS GARANTE CONTINUIDADE EM INVESTIMENTOS NA GES- TÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS O Governo de Minas deu mais um importante passo no aprimoramento da política de tratamento de resíduos sólidos urbanos no Estado e publi- cou nessa terça-feira, 16 de abril, a retifi cação de aditivo fi rmado entre a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e o Instituto de Gestão de Políticas Sociais (Gesois), assegurando a continuidade das ações até maio de 2020. Por meio da iniciativa, serão investidos cerca de R$ 3 milhões em ações de estímulo aos municípios para redução dos impac- tos causados pela destinação inadequada de resíduos sólidos urbanos. Fonte: Fundação Estadual do meio Ambiente - FEAM Data: 17/04/2019. Leia a notícia na íntegra: http://www.feam.br/noticias/1/1750-minas- -garante-continuidade-em-investimentos-na-gestao-de-residuos-soli- dos-urbanos 31 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S NA PRÁTICA Um grupo de pesquisadores australianos desenvolveu recentemente um software capaz de detectar deslizamentos com duas semanas de antecedência, dando aos moradores tempo de deixar os aterros sanitá- rios e aos engenheiros a oportunidade de reforçar o terreno. O sistema de inteligência artifi cial usa matemática aplicada para ajudar a identifi - car sinais de um desabamento iminente - como rachaduras minúsculas e movimentos sutis que prenunciam um desmoronamento violento. Data: 15/07/2019 Disponível em: <https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/07/15/a-no- va-tecnologia-que-preve-deslizamentos-em-aterros-sanitarios.ghtml>. 32 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E CONTAMINANTES A cada dia surgem novas necessidades para o uso de água em todo o mundo. A crescente densidade demográfi ca, dentre outros fatores, contribui para a deterioração do meio ambiente e para o uso dos recursos hídricos usados no planeta, que vem se tornando cada vez mais escassos. As águas subterrâneas são mais protegidas quando compara- das às águas superfi ciais. Todavia, essas podem ser contaminadas por meio de agentes contaminantes presentes no solo, resultado da polui- ção causada pela ação antrópica. Apesar de serem mais protegidas, quando contaminadas, difi cilmente voltam ao seu estado original diante de suas características. Os agentes contaminantes das águas subterrâneas podem ser diversos, como os materiais oriundos do esgoto, o uso de fertilizantes, GEOTECNIA AMBIENTAL E GEOSSINTÉTICOS G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 33 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S rejeitos ou estéreis de mineração, a disposição inadequada de resíduos etc. Esse processo de descontaminação se dá de forma lenta, mas suas consequências, quando contaminados, podem ser imediatas e/ou gra- ves. Dessa forma, em aterros, é extremamente importante o uso os materiais impermeáveis para minimizar o percurso de lixiviados de maneira que forme uma barreira entre os agentes contaminantes e o lençol freático. Aquíferos Os aquíferos são formações geológicas com permeabilidade e porosidade capazes de armazenar água, podendo ser considerado um reservatório de água subterrânea. Eles podem ser livres, também conhecidos como não confi nados ou freáticos ou artesianos ou confi - nados. Os aquíferos livres possuem sua superfície superior submetida à pressão atmosférica, ou seja, a água está em contato direto com a atmosfera. Essa característica faz com o que esses aquíferos sejam facilmente explorados, recarregados e contaminados. Já o aquífero confi nado ou artesiano possui delimitações, tanto em sua parte superior quanto inferior, por formações geológicas com características impermeáveis. A pressão nesses aquíferos é superior a atmosférica porque, devido às delimitações, os poros fi cam saturadosgerando pressão superior na água. SAIBA MAIS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS – AQUÍFERO. Agência Nacional de Águas. Disponível em:< https://www.ana.gov.br/videos/aguas-subter- raneas-o-que-sao-aquiferos>. As recargas de um aquífero é o processo que alimenta essa área e podem ser feitas por um processo artifi cial ou natural. A recarga natural vai depender do processo de infi ltração, escoamento e evapo- ração que estão envolvidos no processo pluviométrico, tipo do solo e 34 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S a cobertura vegetal da superfície. Dessa forma, cada aquífero possui uma velocidade de recarga, já que suas características são particulares. Nesse pressuposto, é fundamental avaliar as condições de um aquífero antes de explorá-lo. Já na recarga artifi cial, a transferência de água é feita por meio da ação do homem, seja por poços, inundações, alterações no meio natural, dentre outras formas. As fi guras abaixo se relacionam com um aquífero. A primeira apresenta uma seção transversal. Já a segunda, apresenta um aquitar- do separando aquífero livre de um aquífero confi nado. Figura 12 - Aquífero Alter do Chão Fonte: Biota do Futuro, 2015. 35 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 13 - Aquíferos no Brasil Fonte: G1.com. Acesso em 2019. O Aquífero Guarani, um dos maiores do mundo, fi ca situado entre os países Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, sendo que a maior parte está localizada no Brasil. A população em torno do Aquífero Guarani é estimada em 15 milhões de habitantes. Um dos principais riscos do uso desse aquífero está na quantidade de poços profundos construídos ao redor por organi- zações sem especializações. Essas acabam agindo sem obedecer aos parâmetros normativos, aproveitando-se de uma fi scalização inefi caz. 36 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 14 - Seção Transversal de um Aquífero Fonte: Boscov, 2008. Figura 15 - Esquema de Aquífero Fonte: Boscov, 2008.Fonte: Boscov, 2008. 37 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S SAIBA MAIS Sistema Aquífero Guarani. Agência Nacional de Águas. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=emb- Tw1Rq5DI>. Monitoramento Geoambiental O rompimento de aterros sanitários pode ocorrer devido a fa- lhas estruturais no projeto ou na operação feita de forma indevida. Des- sa forma, é importante a avaliação contínua de um aterro para garantir o controle de possíveis impactos ambientais e perfeito funcionamento da estrutura. O monitoramento geoambiental objetiva fornecer dados para controle estrutural - estabilidade e impacto ambiental do aterro, compor- tamento dos resíduos sólidos dispostos e da matéria prima usada para construção em todo aterro para garantir seu funcionamento. O monitoramento também auxilia na caracterização do local para transformá-lo em aterro ou para recuperar uma área degradada por meio de investigações e ensaios em laboratório diagnosticar a si- tuação real da área. O monitoramento geotécnico busca avaliar e controlar o deslo- camento no aterro. Como instrumentos para esse trabalho são utiliza- dos marcos superfi ciais, controle de níveis de lixiviados e de pressão, placas de reclaque, medidores de vazão, entre outros. Os dados obti- dos com o monitoramento são feitos pelas inspeções, que são defi ni- das de acordo com a necessidade de cada projeto e são apresentados em forma de relatório. Esses resultados vão permitir adotar parâmetros para garantir a integridade e vida útil do aterro. As fi guras abaixo exemplifi cam uma seção de monitoramento de aterro sanitário e o exemplo de um marco superfi cial utilizado para a medição de recalques superfi ciais. Os marcos são colocados na super- fície, taludes e bermas do aterro para avaliação contínua e prevenção de acidentes, como desmoronamento, por exemplo. 38 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 16 - Monitoramento Geotécnico em Aterro Sanitário Fonte: Boscov, 2008. Figura 17 - Medidor de Recalque Superfi cial - Marco Fonte: Ministérios da Cidades, 2008. Fonte: Boscov, 2008. 39 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S O recalque é medido pela diferença dos valores apresentados na cota atual e na cota inicial. Os marcos superfi ciais controlam tanto os deslocamentos verticais quanto horizontais. Normalmente, os desloca- mentos horizontais são medidos pelos inclinômetros. Pressões Neutras e Percolados As pressões neutras no aterro sanitário são medidas com pie- zômetros e medidores de nível d’água. Esses medidores são colocados no solo e possuem um tubo perfurado, fi gura abaixo. No tubo, o espa- ço entre o furo e a parede e preenchido com componentes drenantes ao longo do comprimento, deixando livre apenas à extremidade com material impermeável para evitar relações com a superfície. A água subterrânea passa pelo meio do material drenante, chegando aos tubo pelos furos e, assim, estabiliza-se com o nível do lençol freático, já que a leitura da cota da superfície da água, feita pela sua extremidade supe- rior, coincide com o nível da água subterrânea. Já o piezômetro é inserido no solo até onde pretende se medir a pressão neutra, como mostrado na fi gura abaixo. No inferior do tubo, onde é medida a pressão desejada, tem-se uma área que pode ser perfurada ou feita de material cerâmico com revestimento de material drenante. Ao longo do comprimento do tubo, entre o tubo e o furo, há preenchimento de material impermeável. Da mesma forma que os me- didores, a leitura é feita na extremidade superior do tubo. 40 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Monitoramento Ambiental O monitoramento ambiental objetiva certifi car a qualidade da água subterrânea, superfi cial, controle da poluição do ar e índices plu- viométricos. Para o controle das águas subterrâneas é feito o controle das amostras de corpos d’água nos poços, a montante e a jusante do aterro sanitário. No monitoramento ambiental também podem ser feitos controle de caracterização dos resíduos, análise dos lixiviados e propa- gadores de doenças. Figura 18 - Reservatório de Percolado Fonte: Tera Ambiental, 2013. Monitoramento Ambiental 41 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Para o controle de águas superfi ciais, são considerados parâ- metros de alcalinidade, pH, oxigênio, nitrogênio, dureza, DBO, DQO, metais tóxicos, entre outros. Para controle do percolado são considera- dos praticamente os mesmos para controle das águas superfi ciais. Nor- malmente, a caracterização do percolado é realizada para determinar se os sistemas de tratamento aplicados realmente estão apresentando efi ciência. GEOSSINTÉTICOS Os geossintéticos são materiais produzidos por materiais poliméricos sintético ou natural. São amplamente utilizados nas áreas de engenharia civil, geotécnica e ambiental, com aplicações em muros, estruturas de contenções, aterros sanitários, reforço de fundações, den- tre outras funções. Os geossintéticos podem ser classifi cados dependendo dos materiais e do processo de fabricação. A tabela abaixo apresenta uma classifi cação genérica dos geossintéticos, realizada pela Sociedade In- ternacional de Geossintéticos. Quadro 1 - Classifi cação dos Geossintéticos 42 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Fonte: Adaptado de International Geosynthetics Society – IGS. Acesso em 2019. Os geossintéticos podem ser identifi cados pela sua função principal, se destacando pelos seguintes desempenhos: Separação: quando dois solos apresentam ou são distribuídos por partículas diferentes, o geossintético pode atuar como componente separador entre as camadas de solos. Filtração: Para fi ltração, o geossintético atua como um fi ltro de 43 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P OP R O M IN A S areia. A sua ação permite que a água passe por meio do solo enquanto desempenha a função de reter as partículas sólidas. Drenagem: Nessa função, o geossintético atua como um com- ponente de dreno que conduz o fl uido por meio de solos com permea- bilidade baixa. Reforço: o geossintético, nesse caso, atua como reforço seja inserido para reforçar totalmente o solo ou de modo parcial com uma associação para melhorar a propriedade de resistência e deformação do maciço natural. Contenção de gases e fl uidos: atua como função impermeável impedindo a passagem de gases e fl uidos. Controle de processos erosivos: auxilia no controle dos pro- cessos erosivos provocados pela ação de chuvas e pelo escoamento da água na superfície. A imagem abaixo exemplifi ca as funções e aplicações do geos- sintético atuando em um aterro de resíduos sólidos. Figura 19 - Aplicações do Geossintético em Aterro de RSU. Fonte: International Geosynthetics Society – IGS. Acesso em 2019. O processo erosivo pode ser compreendido como um processo natural que se dá diante do desgaste das superfícies rochosas provo- cado por fatores como água, clima, vento, umidade, topografi a, ação 44 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S humana etc. Dentro dos processos erosivos, os geossintéticos podem tra- balhar em casos de proteção dos taludes, sistemas de drenagem, recu- peração de áreas degradadas, proteção contra a formação de ravinas, atuar na contenção de quedas de blocos rochosos, proteções costeiras etc. Nos taludes, sua estabilidade pode ser garantida com a combi- nação de geossintético e argamassa. A cobertura vegetal, como mostra a fi gura abaixo, pode ajudar na proteção contra perdas de solo diante de ações da água e do vento. A vegetação aliada às mantas de geossinté- ticos também protegem o talude de processos erosivos. Figura 20 - Recuperação de Taludes Fonte: International Geosynthetics Society – IGS. Acesso em 2019. Os geossintéticos apresentam alta efi cácia nos sistemas de drenagem e fi ltração e custo competitivo, quando comparado aos de- mais materiais, além de serem vantajosos em questões ambientais. Os tipos geotêxteis, georredes e geocompostos são os mais utilizados nos sistemas drenantes e de fi ltração, sendo empregados em aterros, con- tenções e controles de erosão. Com o uso de drenos, é possível o fl uxo livre dos líquidos ou gases presentes na estrutura. Abaixo, um esque- ma apresentado pela IGS mostrando a aplicação dos geossintéticos em que os pontos marcados de amarelo representam a aplicação de um geossintético mais adequado de acordo com o projeto. 45 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 21 - Aplicação de Geossintéticos em Sistemas de Drenagem Fonte: International Geosynthetics Society – IGS. Acesso em 2019 Os geotêxteis precisam garantir que o fl uxo d’água não seja impedido ao reter os grãos de solo. A fórmula Os ≤ n*Ds estabelece essa relação, onde o ‘Os’ representa a abertura de fi ltração do geotêxtil, ‘n’ é representado conforme critério utilizado e Ds representa o diâmetro dos grãos do solo. Por exemplo, D80 indica um diâmetro ao qual 80% dos grãos do solo são menores que tal diâmetro. Nas imagens abaixo, os geossintéticos foram usados como re- forços (geogrelhas) e como proteção frontal (geocomposto antierosivo) para o desenvolvimento da vegetação ao longo do trecho. As alternati- vas foram escolhidas como calhas ecológicas. Figura 22 - Drenagem com uso de Geossintéticos Fonte: Vertical Green do Brasil. Acesso em 2019. 46 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 23 - Drenagem com uso de Geossintéticos Fonte: Vertical Green do Brasil. Acesso em 2019. Os geossintéticos também são utilizados nos tratamentos dos resíduos líquidos, sendo mais comuns em lagoas de estabilização anaeróbias e aeróbias. Em lagoas anaeróbias com coberturas, quando um líquido se mantém depositado na lagoa por dias, um lodo anaeróbio se forma ao fundo da lagoa. Quando essa lagoa não é coberta, a digestão anaeró- bia ocorre na base enquanto na superfície a digestão predominante é a aeróbia. A cobertura das lagoas, geralmente feita por uma geomembra- na fl utuante, infl ui em três aspectos: Aumenta a digestão anaérobia - nesse caso não há entrada de oxigênio; Permite a capitação de gás, usada como alternativa para com- bustível; Redução de odor do processo anaeróbio. 47 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S As lagoas aeróbias fazem uso de aeradores mecânicos de su- perfície para ejetarem ar no resíduo líquido. Esse processo faz com que a matéria orgânica seja consumida, liberando dióxido de carbono. Há possibilidade do uso de lagoas anaeróbias e aeróbias com- binadas. Nesse tipo de combinação, os sistemas são capazes de utilizar os gases do processo de decomposição como combustível no trata- mento, dispensando, assim, a energia utilizada para os processos de aeração do sistema. 48 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Livro Geossintéticos em Geotecnia e Meio Ambiente. Ennio Marques Palmeira. Editora Ofi cina de Textos. 2018. Livro Muros e Taludes de Solo Reforçado. Maurício Ehrlich, Leonardo Becker. Editora Ofi cina de Textos. 2018. 49 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2017 Banca: FUNDATEC Prova: Analista de Projetos A realização de um empreendimento de construção de uma edifi - cação tem quatro fases distintas: estudos preliminares, projetos, construção e recebimento. Quando se identifi ca que existe a necessidade de efetuar o rebai- xamento do lençol d’água subterrâneo, em qual dos seguintes pro- jetos os elementos relacionados à análise, cálculo e indicação dos métodos de execução desse rebaixamento devem ser apresenta- dos? a) Instalações. b) Arquitetônico. c) Estrutural. d) Tratamento. e) Geotécnico. QUESTÃO 2 Prova: 2018 Banca: CEV UECE Prova: Analista de Trânsito e Trans- porte O solo é constituído por um esqueleto de grãos sólidos ou sua macroestrutura, que contém em seus interstícios água e ar. A pre- sença destes interstícios constitui um maior ou menor grau de po- rosidade do solo, o que lhe confere uma característica de compres- sibilidade. Com a aplicação de sobrecargas oriundas de fundações das obras de engenharia sobre os solos compressíveis, podem vir a ocorrer recalques, que são deslocamentos verticais descenden- tes destes elementos construtivos, acarretando os chamados re- calques diferenciais, que podem causar danos às estruturas. Con- siderando os diferentes tipos de recalques, é correto afi rmar que a) recalque por adensamento é aquele que ocorre em solos granula- res e resulta da dissipação do excesso de poro pressão inicial com a transferência de carga ao esqueleto sólido. Pode ocorrer em um longo período de tempo. b) recalque secundário é aquele que ocorre sob tensão variável, pro- vocando a quebra dos grãos de argila, porém, sendo preponderante nas areias de granulometria uniforme. Ocorre normalmente em longos períodos de tempo. c) recalque imediato é aquele que ocorre logo após a aplicação do car- regamento ou sobrecarga, com parcela predominante nas areias, por 50 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S serem solos de elevada permeabilidade. Nos solos fi nos saturados pode ocorrer por deformação a volume constante. d) recalque por adensamento é o produto da compressibilidade do solo, que se constitui em fenômeno puramente mecânico, não havendo ne- nhuma relação com a composição iônica do fl uido intersticial, ou seja, a água presente nos poros do seu esqueleto sólido. QUESTÃO 3 Ano: 2015 Banca: FCC Prova: Analista A existência de lentes de areia é comum nos sedimentos marinhos da costa brasileira, bem como nas várzeas dos rios, e interferem nos tempos de recalques das camadas compressíveis.Conside- rando a presença de duas lentes delgadas de areia separando uma camada compressível em três partes iguais, os recalques ocorrem em tempos a) 5 vezes maiores. b) 6 vezes menores. c) 3 vezes menores. d) 9 vezes menores. e) 3 vezes maiores. QUESTÃO 4 Questão Inédita Julgue o item a seguir: “Para o controle de águas superfi ciais, são considerados parâme- tros de alcalinidade, pH, oxigênio, nitrogênio, dureza, DBO, DQO, metias tóxicos, dentre outros.” a) Certo b) Errado QUESTÃO 5 Ano: 2014 Banca: Instituto AOCP Prova: Analista Técnico Com relação aos drenos verticais de areia e o estudo dos recal- ques de solos, assinale a alternativa correta. a) Os drenos verticais de areia não podem ser empregados juntamente com pré-carregamentos. b) Os drenos verticais de areia retardam o recalque dos solos submeti- dos a pré-carregamento. c) Os drenos verticais de areia devem ser evitados em camadas argi- losas. d) Os drenos verticais de areia retardam o recalque dos solos submeti- dos e aumentam a resistência. 51 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S e) Os drenos verticais de areia aceleram o recalque dos solos submeti- dos a pré-carregamento. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Os geossintéticos podem ser identifi cados pela sua função principal, se destacando pelos seus desempenhos. Cite essas funções e suas des- crições de forma breve. TREINO INÉDITO A cobertura das lagoas, geralmente feita por uma geomembrana fl u- tuante, infl ui em três aspectos, exceto: a) Aumenta a digestão anaérobia - nesse caso não há entrada de oxi- gênio; b) Permite a capitação de gás, usada como alternativa para combustí- vel; c) Redução de odor do processo anaeróbio. d) Reduz a digestão anaérobia - nesse caso há entrada de oxigênio; NA MÍDIA CONSTRUÇÃO DE ATERRO SANITÁRIO PARA ATENDER REGIÃO É ANALISADA EM BOM DESPACHO Atualmente, o descarte de resíduos na cidade é feito em um aterro con- trolado, uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo que não causa danos ou riscos à saúde pública e à segurança e mini- miza os impactos ambientais. O aterro deverá receber resíduos sólidos provenientes de domicílios, feiras, logradouros públicos, varrição de ruas, estabelecimentos comerciais e resíduos industriais não perigosos, segundo as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Fonte: G1.com Data: 15/11/2018. Leia a notícia na íntegra: https://g1.globo.com/mg/centro-oeste/noticia/2018/11/15/construcao- -de-aterro-sanitario-para-atender-regiao-e-analisada-em-bom-despa- cho.ghtml 52 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S NA PRÁTICA Uma tecnologia criada no Espírito Santo vem ajudando um aterro sani- tário a transformar chorume - líquido que resulta da decomposição de lixo - em água limpa, no município de Cariacica, na Grande Vitória. De acordo com os responsáveis pelo projeto, o processo de purifi cação do líquido é rápido se comparado a outros, durando cerca de 30 minutos. Com a utilização de métodos diferentes, esse tempo pode ser ampliado consideravelmente, chegando a uma semana. A água limpa que é resultado do processo não serve para consumo humano, mas pode ser usada para lavara estradas ou regar jardins, por exemplo. Data: 14/10/2014. Disponível em:< http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/10/tec- nologia-criada-no-es-transforma-chorume-em-agua-limpa.html>. 53 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S A importância da palavra ‘recuperação’ se dá aos termos agre- gados como restauração e reabilitação. A fi gura abaixo apresenta o es- quema de um processo de uma área em quatro momentos. Inicialmente tem-se uma área pura que sofre o processo de de- gradação. A degradação pode ser entendida como um conjunto de pro- cessos originados de ações que provocaram danos ao meio ambiente e que reduziram a capacidade produtiva e qualidade original dos recursos ambientais de tal área. Após a degradação do ambiente, promove-se a recuperação da área atingida. Nesse processo de recuperação são trabalhadas ações que reproduzem as condições ambientais de modo mais seme- lhante possível às condições anteriores à intervenção que ocasionou a degradação. De forma sucinta, objetiva-se devolver ao ambiente as condições originais. RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S 54 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 25 - Esquema Sobre Áreas Degradadas Fonte: Adaptado de UNESP. Acesso em 2019. Após a recuperação da área, dois caminhos podem ser toma- dos, o de restauração ou o de reabilitação. No processo de restauração da área, são reproduzidas condições fi dedignas ao local como eram an- tes de sofrerem as alterações causadas pelo processo de intervenção. Já o processo de reabilitação permite, mediante projeto prévio, a destinação da área a uma nova forma de uso, levando em considera- ção a ocupação ao redor, destinando a área para outra fi nalidade. A IMPORTÂNCIA GEOMORFOLÓGICA NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS A geomorfologia é compreendida como a ciência que es- tuda as formas de relevo, os processos que deram origem a essas formas de relevo e os materiais envolvidos. Assim, para fazer o diagnóstico completo das áreas degradadas, é fundamental o conhe- cimento geomorfológico da área em questão. A ação antrópica provoca impactos negativos tanto onsite quanto off site na degradação dos solos e a geomorfologia preocupa-se em estudar ambos os efeitos para proporcionar a recuperação da área degradada de forma completa e satisfatória. Na fi gura à seguir, tem-se 55 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S as redes de ravinas ocasionadas por cortes para a construção de estra- das. Essas ravinas também podem se formar por atividades de material de empréstimos e podem evoluir para a formação de voçorocas. Figura 26 - Redes de ravinas em talus Fonte: Guerra, 2017. Recuperação da Área Degradada O conhecimento da geomorfologia é importante porque o ideal é trabalhar sempre com o prognóstico, com o uso de técnicas de geoprocessamento, por exemplo. Todavia, já com a área degradada, é fundamental, além do conhecimento teórico e prático, o conhecimento em pesquisas em laboratório e práticas em campo para executar mode- los de recuperação das áreas em estudo. A seguir, o esquema e sua explicação, abordam algumas técni- cas para serem aplicadas na recuperação dos maciços. 56 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Esquema 1 - Métodos para Diagnóstico para Recuperação de Áreas Degradadas Fonte: Adaptado de Guerra, 2017. 1. Nas fraturas estão os pontos de fraqueza do maciço. Nelas ocorrem o percurso e entrada de água o que acelera o processo de in- temperismo físico e químico. Com isso, a encosta fi ca mais vulnerável ao processo de deslizamento. 2. A presença de matacões na matriz do solo indica desconti- nuidade entre os matacões e o solo. Quando eles se depreendem da encosta, podem acertar outro matacão abaixo dele e causar acidentes, acertando casas e/ou outros empreendimentos, causando o efeito do- minó. 3. A água entra com facilidade pelo solo raso e encontra o ma- ciço rochoso. Assim, ela não consegue se infi ltrar e escoa em subsuper- fície, gerando um plano de cisalhamento onde o material acaba por se romper com o deslizamento. A imagem abaixo indica uma situação na rodovia BR 101 (Rio Santos) em que o solo raso que havia em cima do maciço rochoso foi removido por um deslizamento. 57 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 27 - Deslizamento na rodovia BR 101 Fonte: Jorge apud Guerra, 2017. 4. É importante identifi car a textura dos solos tanto na erosão quanto em movimentos de massa para caracteriza-lo. 5. A defi nição da formaé importante (côncavas, convexas, re- tilíneas), pois indica se as encostas, conforme a sua forma, podem aglu- tinar ou dispersar mais águas. A degradação dos solos pode se dar de vários tipos, assim como suas causas, que são as mais variadas possíveis. Dentre alguns tipos mais comuns, a degradação pode ocorrer pela desertifi cação, aci- difi cação, salinização e erosão dos solos. A erosão NÃO é sinônimo de degradação, e sim um tipo de degradação. É comum a erosão ser abordada como sinônimo de degra- dação, mas essa abordagem é errônea. 58 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S A erosão e os movimentos de massa podem apresentar se- melhanças e até serem entendidos como a mesma coisa, mas esses são processos geomorfológicos distintos com provocadores, afeições e características gerais diferentes. A erosão dos solos ocorre em encostas com declividades ape- nas entre 2° e 3° graus. Assim, ela não é comum ou um fenômeno ca- racterístico de locais com fortes declividades. Esse tipo de degradação é mais típico em áreas rurais, mas também pode acontecer em áreas urbanas e são ocasionados por fatores que vão desde as propriedades físicas e químicas dos solos, como a densidade aparente, porosidade e pH do solo, estabilidade dos agregados, entre outros; a erosividade das chuvas; a forma, comprimento e declividade das encostas e a forma como solo é utilizado. Já os movimentos de massa são de origem gravitacional e de- pendem, em sua maioria, da declividade das encostas como principal fator para seu acontecimento. Esses movimentos são mais comuns em áreas urbanas e se tornam presentes com declividades de encostas maiores que 20° graus, pelo contato abrupto, como mencionado an- teriormente, entre o solo e a rocha, pela presença de matacões nas encostas, corte do depósito de tálus e situação precária das redes de esgoto e de drenagens, como as galerias pluviais, por exemplo. Abaixo há duas imagens de processos erosivos. A primeira é uma ravina formada em área de convergência de fl uxo. Não é uma área utilizada para agricultura mas, caso nenhuma ação seja tomada, com o passar do tempo ela evolui para as voçorocas como apresentado na foto seguinte. Figura 28 - Ravina em Convergência de Fluxo. Sorriso, MT. Fonte: Guerra, 2017. 59 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 29 - Voçoroca. Sorriso, MT. Fonte: Guerra, 2017. No quadro abaixo, tem-se algumas medidas de recuperação do meio conforme o tipo de degradação da área. 60 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Quadro 2 - Recuperação de Área Degradada Conforme o Tipo. 61 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Fonte: UNESP. Acesso em 2019. SAIBA MAIS! Algumas áreas bastante conhecidas foram construídas como áreas de reabilitação como o Parque Ibirapuera, na cidade de São Pau- lo, era uma antiga cava de areia; o Parque das Pedreiras, em Curitiba - PR, que foi uma jazida de mineração e Parque Tangá, também em Curitiba - PR, onde havia um complexo de pedreiras desativadas. BIOENGENHARIA NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS Quando uma degradação ambiental é identifi cada, é funda- mental a automação de medidas para fazer com que a área volte ao seu estado original ou se aproxime, ao máximo, do ambiente antes das intervenções. Essas medidas devem recuperar a área proporcionando condições de equilíbrio e sustentabilidade de um sistema natural. A evolução dos procedimentos tecnológicos permite uma varia- ção gigantesca de técnicas para a recuperação de áreas degradadas. Uma das mais utilizadas tem sido a bioengenharia, que apresenta su- cesso em grande parte dos casos, quando aplicada corretamente. A bioengenharia, de forma sucinta, pode ser defi nida como o 62 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S conhecimento das características biológicas da vegetação, assim como suas exigências e a capacidade de proporcionar os nutrientes essen- ciais para manejo e correção adequados do solo. Esse conhecimento é importante para a solução de problemas técnicos de estabilização em margens e encostas e em grandes obras. Todo esse processo também pode ser conhecido como engenharia biológica, biotécnica ou constru- ção verde. Essa técnica faz uso de elementos ativos biológicos (ve- getação, por exemplo) com o auxílio de elementos inertes (polímeros naturais, madeira, concretos etc.). A junção desses elementos objetiva a estabilização das raízes para proteção do solo e, como consequên- cia, tem-se melhor drenagem, retenção dos agregados e absorção de nutrientes. As atividades econômicas ligadas ao meio ambiente, como ex- ploração de calcário e mineral, são grandes devastadoras das áreas em que são exploradas e necessitam de obras de recuperação para não ocasionar danos ambientais maiores. Essas atividades indicam a necessidade de inclusão de uma política nacional para a ação de exploração mineral e a conservação do meio ambiente para que seja considerado todo o processo de explo- ração. Esse vai desde o processo inicial de exploração, o controle dos processos em desenvolvimento, a recuperação de áreas degradadas e, por fi m, quais processos deverão ser executados para que aquela área tenha um novo uso após sofrer a exploração mineral e o fi m da ativida- de econômica. Nessa perspectiva, a bioengenharia, em determinadas situações, pode ser a única alternativa economicamente viável capaz de atuar na recuperação das áreas degradadas. A bioengenharia pode ser dividida em quatro grupos principais, sendo a proteção dos solos por meio da vegetação utilizada, poden- do ser de fi bra sintética ou fi bra vegetal; estabilização dos solos, por meio do uso de espécies de plantas com enraizamento rápido; técnicas de construção combinadas, pela combinação de plantas com concreto, aço, plástico para conter taludes instáveis e construções complementa- res, que englobam a semeadura e atividade de plantio (SOUZA, 2018). Para atividades mineradas, Soleira et al (2014) identifi cou a existência de quatro técnicas de bioengenharia de solos no Brasil, dis- criminadas abaixo: Grade viva conjugada à paliçada de madeira: é caracterizada pelo uso de troncos de madeiras de eucalipto não tratadas dispostas na horizontal e na vertical do talude formando uma grade preenchida com solo e plantio de mudas da espécie arbustiva. Essa técnica proporciona a redução da erosão e estabilização do solo na área tratada, aumento 63 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S da diversidade biológica, favorecimento da regeneração natural, forma- ção de habitats, aumento de estoque de carbono, controle de erosão e recuperação da beleza cênica. Possui melhor aplicabilidade em taludes íngremes e eventualmente margens fl uviais. Hidrossemeadura conjugada à biomanta: a caracterização da hidrossemeadura se dá na instalação de biomanta e aplicação mecani- zada no solo de mistura com a presença de insumos e mix de sementes, que formará a cobertura vegetal. Essa técnica permite, dentre outros benefícios, a consolidação superfi cial do talude e sua a estabilização, estabelecimento da cobertura vegetal, a melhoria das condições físicas do solo e o aumento da diversidade biológica e é melhor aplicada em taludes de corte e aterro, encostas, e em áreas com voçorocas. Canaleta verde: as canaletas verdes são escavadas no solo, compactadas, cobertas com biomantas e implantação de vegetação herbácea. Utilizadas como obra complementar de transição para os canais de concreto para captação e condução de águas pluviais. Além disso, provocam melhoria das condições físicas do solo, aumento da diversidade biológica, formação de habitats e controle de erosão. Muito utilizadas em sistemas de drenagem de água superfi cial. Transposição de topsoil: caracterizada pela transposição da camada superfi cial do solo (contendo o horizonte A e partedo horizonte B) e plantio de espécies arbóreas. Permite boa cobertura superfi cial do solo, signifi cativa regeneração natural e melhoria do aspecto visual da área degradada. Além disso, favorece a regeneração natural, há o aumento da diversidade biológica no ecossistema e melhoria no fl uxo de nutrientes. É ideal para uso em áreas planas quando o objetivo é a restauração ecológica. Braun (2018) avaliou outras técnicas de bioengenharia que permitem excelente desempenho na recuperação de áreas degrada- das, apresentadas à seguir. Enrocamento de Pedras (Rip Rap): técnica de engenharia que consiste no uso de um ou mais níveis de pedras que são depositadas no decorrer das margens do curso d’água como forma de conter a erosão. Essa técnica também permite fl exibilidade e as pedras tem a opção de se movimentarem para níveis mais estáveis através da força exercida pelo fl uxo da água, gravidade ou pelas ações das ondas, sem afetar a estabilidade do talude. Ademais, o solo pode exercer o trabalho de 64 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S preenchimento dos espaços vazios existentes entre as rochas. O enro- camento de pedras objetiva, na prática, revestir os taludes com rochas ou blocos artifi ciais, formando um maciço de rochas com o intuito de conter aterros, taludes, margens de rios, encostas, dos efeitos dos pro- cessos erosivos. Enrocamento com vegetação: Esta técnica de bioengenharia consiste em preencher os espaços e aberturas existentes entre as ro- chas do enrocamento de pedras, citado anteriormente, com estacas vi- vas. O enrocamento com vegetação proporciona uma imediata proteção dos taludes que estão sofrendo com os processos erosivos ativos, visto que controla o excesso de umidade presente e garante a estabilização mecânica nas margens. As estacas vivas utilizadas nesse processo de- vem possuir comprimento de 85 a 100 cm e diâmetros de 12 à 40 mm. Essa prática é indicada para locais afetados por fl uxos superfi ciais de água e deslocamentos de massa do solo. Capim Vetiver: este capim possui boa adaptação em diferentes tipos de clima, principalmente o tropical e subtropical, com grande facili- dade na remediação de áreas degradadas. Bons resultados quando sua aplicação é para controle dos processos erosivos, já que suas raízes e fi bras cilíndricas são capazes de atingir uma profundidade de 3 a 5 m de alcance. Dessa forma, a planta proporciona uma elevada resistência a períodos de seca e ao forte poder das enxurradas, fazendo com que fi quem acopladas ao solo. Parede de Krainer: é uma técnica utilizada para estabilização e reconstrução das margens fl uviais expostas à erosão, em recursos hídricos com média e alta velocidade, levando em consideração o car- regamento de sedimentos sólidos com média granulometria. Para isso, são colocadas estacas de madeira piloto até a altura da água para con- ter os processos erosivos. A vegetação aplicada pela bioengenharia apresenta resultados efi cientes para controlar processos erosivos, por exemplo. As raízes das plantas utilizadas no processo em associação com a biota do local pre- sente nos solos proporcionam a estabilização das camadas superfi ciais de até 1,5 m. Além disso, os movimentos de massa também podem ser controlados ou minimizados pela aplicação de técnicas da bioengenha- ria, movimentos esses comuns em atividades de extração mineral. Não só em atividades de mineração, mas em atividades que envolvam a engenharia civil como um todo, em especial a construção 65 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S de estradas e ferrovias, áreas de disposição fi nal de resíduos, expansão urbana, dentre outros, necessitam de projetos de recuperação para a área em questão após terem sido usadas para essas atividades. O geotêxtil é um material em forma de manta antierosiva disposta sobre o solo. Ele pode ser confeccionado de diversos materiais como, por exemplo, folhas de tronco de bananeira e folhas de palmá- ceas, ambos com características de biodegradabilidade. Esses mate- riais contribuem com a técnica de conservação do solo e são muito utilizados em projetos de engenharia. As técnicas de bioengenharia são recomendadas por vários fatores, pois além de atuar na recuperação das áreas degradadas, os materiais geotêxteis de fi bras vegetais atuam também como soluções ambientais, incluindo tecnologias para a conservação dos solos, a dimi- nuição do desmatamento, relação custo-benefício, entre outros. Além disso, as medidas empregadas na bioengenharia atuam como uma estabilização biotécnica, com o uso de plantas. Essas plan- tas, em determinados casos, são colocadas no solo com confi guração especial conforme o objetivo proposto. Essa técnica contribui para o reforço no solo, barragem contra os movimentos de massa, concentra- dores de umidade e atuam como dispositivos de drenagem. É importante ressaltar que o uso das tecnologias deve ser rea- lizado de forma adequada, de acordo com cada caso específi co, e se- guindo as orientações técnicas apropriadas, para, de fato, os geotêxteis cumprirem a função desejada, caso contrário, eles deixam de ser uma boa opção no caso em questão. Nas fotos abaixo, tem-se exemplos da má aplicabilidade do geotêxtil na recuperação de um talude. Na primeira fi gura, na parte inferior, abaixo das telas, é possível observar que o solo continua sendo degradado e não houve efetiva recuperação da encos- ta. Na fi gura seguinte foram colocadas as mantas, mas não foi feito nenhum diagnóstico na área. 66 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 30 - Recuperação Inadequada de Talude Fonte: Guerra, 2013. 67 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 31 - Recuperação Inadequada em Trecho da Rodovia Rio-San- tos Fonte: Guerra, 2017. Ao longo de estudos e aplicações do uso da bioengenharia, inúmeros benefícios foram constatados, como: Redução da taxa de erosão e da temperatura do solo; Aumento da umidade do solo; Aumento e melhora do crescimento vegetal e quantidade de nutrientes; Proteção e estabilização de superfícies que apresentam insta- bilidade, como voçorocas e sítios arqueológicos; Aumento da fauna endopedônica; Melhora da educação ambiental; Renda e emprego com a fabricação dos geotêxteis; Técnica ecologicamente correta. As técnicas utilizadas na bioengenharia facilitam o desenvol- vimento dos micro-organismos, e, assim, devolve a vida aos solos que sofreram processos erosivos. As imagens à seguir apresentam a apli- 68 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S cação e evolução da área com o uso de geotêxtil de fi bra de troco de bananeira. Figura 32 - Área de Encosta Degradada Fonte: Guerra, 2013. Figura 33 - Aplicação do Geotêxtil de Fibra de Tronco de Bananeira Fonte: Guerra, 2013. 69 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Figura 34 - Trecho Anterior Após 1 mês de Aplicação da Fibra com Plan- tio de Gramínea e Adubo Químico Fonte: Guerra, 2013. A seguir, são apresentas algumas vantagens do uso da técnica de bioengenharia para recuperação de áreas degradadas. Figura 35 - Vantagens da Bioengenharia Fonte: Guerra, 2017. 70 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S Tudo dito, a bioengenharia é um técnica muito utilizada na recuperação de áreas degradas, contenção de processos erosivos, movimentos de massas, entre outros. Todavia, é importante fazer um diagnóstico adequado, assim como análise de viabilidade econômica para saber qual combinação utilizar para que o resultado seja positivo e satisfatório. 71 G EO TE C N IA A M B IE N TA L - G R U P O P R O M IN A S A DETERMINAÇÃO DO PERFIL CLIMATOLÓGICO DO MU- NICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA-RJ E SUA APLICABILI- DADE NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS. Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ. 2017 PROPOSTADE PLANO
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