Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 O problema da exclusão Há quem afirme, com razão, que altos índices de violência emergem em uma cultura de violência. Mas o que determina esta cultura de violência? Na direção do que afirma a UNESCO, entendemos que este resultado é atingido, entre outras formas de violência, em razão da(s): Cidadania dirigida a poucos; Pobreza; Falta de uma cultura de respeito aos direitos humanos; Discriminação racial e o racismo; Inacessibilidade à justiça; Práticas inadequadas de segurança pública. O Brasil é pobre? Apesar de possuir grande número de pessoas pobres, o Brasil não é um país pobre. Isso fica claro pelo fato de possuir o 7º maior Produto Interno Bruto (PIB), dentre todos os países. Porém, há um consenso acerca da necessidade de superar um quadro de injustiça social e desigualdade, presentes em todo o país, construídos no decorrer da história. A posição intermediária ocupada pelo Brasil no ranking de países do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) reflete claramente essa questão, revelando que ainda há muitas dificuldades a serem superadas nas áreas de educação, assistência social, saúde, distribuição de renda e emprego. Historicamente, as enormes desigualdades sociais, econômicas e culturais expressam uma das características mais marcantes do país. Em anos recentes, percebe-se um crescimento da consciência da sociedade e do governo quanto à necessidade de reverter-se essa condição, criando-se mecanismos de participação e controle social, programas, projetos e ações — na direção que a nossa própria Constituição de 1988 aponta ―, que indicam um movimento de transformações positivas. 2 Todavia, apesar dessas mudanças positivas refletidas em dados mais atuais, as melhoras ainda são insuficientes para promover o “salto qualitativo” de que o país necessita. Isso porque, a pobreza não está relacionada somente à falta de recursos, mas a diversos elementos como: A desigualdade na distribuição de renda; A vulnerabilidade; A exclusão social; A violência; A discriminação; A ausência de dignidade etc. O IDH O Índice de desenvolvimento econômico (IDH) é uma medida comparativa que classifica os países pelo seu grau de “desenvolvimento humano”. Trata-se de um indicador utilizado no relatório anual do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) desde 1993. A estatística é composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e PIB per capita, recolhidos em nível nacional. Veja um exemplo: 3 Mapa-múndi indicando o Índice de Desenvolvimento Humano (baseado em dados de 2011, publicados em 2 de novembro de 2011) acima de 0,900 0,850–0,899 0,800–0,849 0,750–0,799 0,700–0,749 0,650–0,699 0,600–0,649 0,550–0,599 0,500–0,549 0,450–0,499 0,400–0,449 0,350–0,399 0,300–0,349 abaixo de 0,300 Sem dados Todos os anos, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas estatísticas, sendo que a medida é estabelecida de 0 a 1 (quanto mais próximo do 1, mais alto é o desenvolvimento humano do país). É bem verdade que o IDH também é usado por organizações locais ou empresas com o propósito de medir o desenvolvimento de entidades internas dos Estados, como cidades, aldeias etc. Seja qual for a análise, o IDH combina três dimensões: Uma vida longa e saudável (saúde); O indicador da saúde leva em conta a expectativa (ou esperança) de vida da pessoa ao nascer. Esse indicador é significativo porque reflete se há no país boas condições sanitárias (quando elas melhoram, cai a mortalidade infantil) e um bom atendimento à saúde. Em 2011, as mais baixas esperanças de vida foram da Guiné-Bissau (48,1 anos), de Lesoto (48,2) e de outros países africanos. A mais elevada esperança de vida era a do Japão, de 83,4 anos. O acesso ao conhecimento (educação); Esse indicador é feito com dois índices. O primeiro é a média de anos de estudo das pessoas adultas, com 25 ou mais anos de idade. Segundo este indicador, o número médio de anos de estudo da população brasileira vem subindo. O segundo indicador é o número médio de anos de estudo que a pessoa pode esperar receber desde o seu nascimento, segundo os dados atuais de cada país – é a expectativa de anos de estudo que o indivíduo daquela determinada região tem, ao nascer. 4 O padrão de vida (relacionado à situação material). Esse indicador é calculado utilizando-se o valor da Renda Nacional Bruta (RNB) do país per capita (ou seja, a renda dividida pelo número de habitantes). A RNB é o total da riqueza produzida pelos habitantes de um país dentro e fora de seu território. Em relação ao PIB, a RNB adiciona o dinheiro recebido do exterior (enviado por pessoas que moram fora ou por filiais de empresas, além de investimentos) e subtrai o valor levado para o exterior (pagamento de empréstimos, remessas de lucros etc.). Os valores são calculados em dólar PPC (paridade do poder de compra), que é uma forma de comparar a renda das populações entre países, pois leva em conta não só o valor absoluto da renda, mas também o quanto se consegue comprar com uma mesma quantia nos diferentes locais. IDHM Brasileiro O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil cresceu 47,5% entre 1991 e 2010, segundo o “Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013”, divulgado recentemente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). De acordo com a publicação, embora a cidade com o IDHM mais elevado seja São Caetano (SP)1, os municípios que tiveram maior evolução no quesito “renda” são das regiões Norte e Nordeste. A classificação do IDHM geral do Brasil mudou muito nos últimos 20 anos. De “muito baixo” (0,493), em 1991, passou para “padrão médio” em 2000 — IDHM geral do Brasil de 0,612 ―, atingindo em 2010 a classificação “alto desenvolvimento humano” (com média de 0,727). 1 IDH SÃO CAETANO. Disponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/07/sao-caetano-sp-tem-o-melhor-idh- municipal-e-melgaco-pa-o-pior.html. Acesso 14 out. 2013. 5 Indicadores Entre os três indicadores que compõem o IDH municipal, veja o que mais contribuiu para a pontuação geral do Brasil em 2013: O indicador de longevidade, com 0,816 (classificação “desenvolvimento muito alto”; O indicador por renda (0,739; “alto”); e O indicador por educação (0,637; “médio”). No indicador longevidade, o crescimento foi 23% entre 1991 e 2010, enquanto no que diz respeito à renda, a alta foi de 14%. Embora a educação tenha apresentado o índice mais baixo dos três, foi o indicador que mais cresceu nos últimos 20 anos: de 0,279 para 0,637 (128%). Segundo o Pnud, esse avanço é motivado por uma maior frequência de jovens na escola (2,5 vezes mais que em 1991). Críticas ao IDH Embora o IDH receba fortes críticas no que se refere à sua metodologia o fato de existir um padrão de análise para o desenvolvimento humano (mesmo que incompleto ou mesmo com falhas) já significa um grande avanço no processo de avaliação. O Índice de Desenvolvimento Humano tem sido criticado por uma série de razões. Entre elas está a não inclusão de quaisquer considerações de ordem ecológica, focando exclusivamente no desempenho nacional e por não prestar muita atenção ao desenvolvimento de umaperspectiva global. O índice também foi criticado como “redundante” e uma “reinvenção da roda”, medindo aspectos do desenvolvimento que já foram exaustivamente estudados. Foi ainda criticado por ter um tratamento inadequado de renda, falta de comparabilidade de ano para ano, e por avaliar o desenvolvimento de forma diferente em diferentes grupos de países. 6 Além disso, ao apontar saúde e educação como pontos centrais para elaboração deste índice, acaba por nos auxiliar no cumprimento da promessa de tratar desses dois temas sociais fundamentais. Vamos começar pela saúde. Saúde no Brasil O Sistema Único de Saúde (SUS), criado no Brasil em 1988 com a promulgação da nova Constituição Federal, formalmente tornou o acesso gratuito à saúde direito de todo cidadão (além de, segundo a Constituição, integral, universal, e igualitário). Até então, o modelo utilizado estabelecia três categorias: Os que tinham direito à saúde pública por serem segurados pela previdência social (trabalhadores com carteira assinada); Os que pagavam serviços à rede privada; e Os que não possuíam direito algum. A implantação do SUS unificou o sistema, já que antes de 1988 a saúde era responsabilidade de vários ministérios, descentralizando sua gestão. O sistema deixou de ser gerido exclusivamente pelo Poder Executivo Federal (que deve formular as políticas públicas) e passou a ser administrado e executado por Estados e municípios. Segundo dados do Ministério da Saúde, dos 190 milhões de brasileiros, 80% desse total depende exclusivamente do SUS para ter acesso aos serviços de saúde. Para se ter uma noção do gigantismo do sistema, segundo o Ministério da Saúde, o SUS tem 6,1 mil hospitais credenciados, 45 mil unidades de atenção primária e 30,3 mil Equipes de Saúde da Família (ESF). O sistema realiza, por ano, 2,8 bilhões de procedimentos ambulatoriais, 19 mil transplantes, 236 mil cirurgias cardíacas, 9,7 milhões de procedimentos de quimioterapia e radioterapia e 11 milhões de internações. 7 Dificuldades do SUS Porém, o SUS, como o maior sistema público de saúde do mundo, embora colocando em prática diversas políticas públicas (Política para AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis, Política Nacional de Transplantes, Política Nacional de Urgências e Emergências, entre muitas outras), encontra-se sobrecarregado e os usuários enfrentam longos períodos à espera de atendimento. Essa deficiência no atendimento, não só no tempo de espera, mas também na qualidade dos serviços, tem levado uma parcela significativa e crescente da população brasileira a fazer opção pelos planos de saúde privados. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em junho de 2012, 66,3 milhões de brasileiros mantinham ou eram cobertos por convênios pagos de medicina, sendo que entre 2011 e 2013, houve o ingresso de mais de 3 milhões de pessoas. Mas será que esta crise causada pela sobrecarga se deve ao número insuficiente de médicos formados pelo país ou pela ausência de estrutura que não permite um atendimento mais digno e rápido? Em 2011, a média nacional era de quase 2 médicos por grupo de mil habitantes, média essa superior à recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Neste sentido, se o número de médicos no Brasil não é um problema, sua distribuição é, pois apresenta um perfil de desequilíbrio entre as diversas regiões. Aliás, o diagnóstico comum, tanto das corporações médicas quanto dos governos, sustenta a má distribuição dos médicos — concentrados em grandes centros e ausentes no Interior e nas periferias. Segundo um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o número de médicos no país cresceu seis vezes mais do que a população em geral nas últimas quatro décadas e, atualmente, há quase dois profissionais para cada 1.000 habitantes. O dobro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, essa proporção é menor em regiões como a Norte (um 8 médico para cada 1.000 habitantes e Nordeste (1,23 médico para cada 1.000 habitantes), menos do que a metade da concentração encontrada no Sudeste, que possui 2,67 profissionais disponíveis para cada 1.000 pessoas). Há também a ausência de estrutura adequada, deteriorada pela ausência de recursos (tramita no Congresso, desde 2008, proposta para criar uma contribuição permanente, (a Contribuição Social de Saúde - CSS) que substituiria, como fonte de custeio, o antigo CPMF.) para maiores investimentos na área. Porém, enquanto governos e médicos concordam quanto às causas, discordam em quase tudo no que se refere a soluções (Seria bom incluir uma reportagem recente sobre a contratação de médicos estrangeiros.), e embora se possa observar uma melhora do serviço de saúde nos últimos tempos, é ele ainda manifestamente insuficiente e carente de qualidade, principalmente nas regiões mais carentes do país. Educação A nossa Constituição de 1988 garante a educação como um direito social fundamental, estabelecendo seu objetivo como “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. 9 Para que tais objetivos sejam atingidos é necessária a integração das três esferas: Federal; À União compete organizar o sistema federal de ensino e o dos territórios, financiar as instituições de ensino públicas federais, distribuir e suplementar verbas e assistência técnica aos estados, municípios e ao Distrito Federal, estadual e municipal. Estadual; Os Estados e o Distrito Federal têm por responsabilidade atuar principalmente nos ensinos fundamental e médio. Municipal. Cabe aos municípios, prioritariamente, a educação infantil e o ensino fundamental. A LDB As principais diretrizes educacionais brasileiras estão estabelecidas em uma lei federal que costumamos chamar de LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). Nela é que são detalhados os papéis da União, dos Estados e dos municípios: Articulação das ações; Definição das obrigações gerais das instituições de ensino, dos professores e dos outros profissionais da área; Definição dos níveis da educação no Brasil; Apresentação de referenciais curriculares e estabelecimento carga horária mínima para cada um, nas diversas modalidades. O PNE Por outro lado, a Constituição também prevê o PNE (Plano Nacional de Educação), que estabelece metas qualitativas e quantitativas gerais a serem alcançadas em, no máximo, dez anos. Divisão da educação escolar brasileira A educação escolar brasileira é dividida em dois níveis: básico e superior. Vamos analisá-los: 1 0 A Educação básica Em princípio, deve ser proporcionada a todos os brasileiros com idade entre 0 e 17 anos. O objetivo é fornecer às crianças e aos adolescentes uma bagagem de conhecimentos e habilidades essenciais para que possam exercer a cidadania e progredir no trabalho e nos estudos. Deve dar condições ao educando de prosseguir os estudos em uma área específica de seu interesse, em etapas posteriores. Ela se subdivide em três etapas: Educação infantil: É a primeira etapa da educação básica, oferecida em creches (até 3 anos de idade) e em pré-escolas (4 e 5 anos). É considerada uma complementação direta da ação da família e da comunidade. Tem como finalidade o desenvolvimento inicial da criança do ponto de vista físico, psicológico, intelectual e social. Ensino fundamental: O ensino fundamental já foichamado de 1º grau, primário e ginásio e é oferecido, principalmente, pelas redes municipais e estaduais. Esse nível de ensino teve sua duração mínima ampliada de oito para nove anos pela Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Com a alteração, o ensino fundamental passou a ser proporcionado às crianças e jovens de 6 a 14 anos. A Constituição de 1988 estabelece que é obrigação do Estado oferecer o ensino fundamental gratuitamente. Ensino médio: É a etapa final da educação básica e já foi chamada de 2º grau e de colegial. Destina-se aos adolescentes com idade entre 15 e 17 anos. Essa fase do ensino ― atualmente considerada essencial para muitas funções produtivas — ainda apresenta grandes problemas, principalmente em relação ao acesso dos estudantes. A Educação Superior É oferecida aos alunos que completam o nível médio, sendo voltada para áreas específicas do conhecimento. 1 1 Inclui não só as graduações, como as pós-graduações oferecidas pelas faculdades, universidades e os centros tecnológicos. As três modalidades de ensino da educação Para enfrentar as diversidades e as necessidades específicas, a educação pode ser apresentada em três modalidades de ensino: Educação especial: É a modalidade de ensino destinada a crianças, jovens e adultos portadores de necessidades especiais, aos superdotados e àqueles que apresentam problemas de conduta. O direito à educação especial é assegurado pela Constituição de 1988 e reafirmado pela LDB. A educação especial deve ser oferecida da educação infantil ao ensino superior, preferencialmente na rede regular. Nesse caso, é chamada de educação inclusiva. Educação de jovens e adultos: Essa é uma modalidade de ensino voltada às pessoas que não terminaram o ensino fundamental ou o médio em cursos regulares e na idade adequada. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) era chamada no passado de supletivo. A LDB determina que jovens e adultos nessa situação devam ter acesso gratuito a cursos e exames que permitam a continuidade e a conclusão dos estudos. Educação profissional: Tem por finalidade a educação profissional, auxiliando os jovens a qualificarem-se e, consequentemente, inserirem-se no mercado de trabalho. O financiamento da educação A Constituição de 1988 estabeleceu que no mínimo 18% da receita arrecadada com impostos da União e 25% da receita arrecadada por Estados, Distrito Federal e municípios devem ser investidas na educação, embora algumas constituições estaduais e leis orgânicas municipais tenham previsto percentuais ainda maiores (30% a 35%). 1 2 As receitas devem cobrir as despesas educacionais que incluem: remuneração e aperfeiçoamento de professores; manutenção de instalações e equipamentos; levantamentos estatísticos e concessão de bolsas de estudo, entre outros itens. Além desses recursos, há outras fontes (podemos citar o FNDE (contribuições vindas das empresas em geral e entidades públicas e privadas) e o FUNDEB (os recursos provêm de percentual de impostos arrecadados por municípios e Estados, além de uma complementação pela União)) que auxiliam no financiamento da educação oferecida pelo próprio setor público. Os esforços de auxílio de financiamento da educação atingem também a rede privada, principalmente por meio de dois programas: o FIES e ProUni. Expansão do ensino particular no Brasil Os financiamentos têm levado a uma expansão do ensino particular no Brasil, que representa 88% das instituições de ensino superior e 74% do total de matrículas em cursos de graduação espalhados pelo país. Esse processo de expansão educacional privada acelerou-se na década de 1990, com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que facilitou a criação de centros universitários, faculdades e institutos ou escolas superiores, diminuindo as exigências quanto ao desenvolvimento de pesquisa e extensão e possibilitando estas instituições a manter o ensino com menores custos. Que, como vimos, é a lei que define e regulariza o sistema de educação brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição. A avaliação do ensino no Brasil O MEC, por meio do INEP, tem se utilizado de vários instrumentos para avaliar a qualidade do ensino de rendimento da educação dos estudantes do Brasil. A partir de então, gera dados para a definição das políticas públicas, em busca da melhoria da qualidade do ensino. Avaliação na educação básica Na educação básica tem-se como instrumentos principais: O ENEM Exame Nacional de Ensino Médio. 1 3 Avalia o desempenho dos estudantes ao término do Ensino Médio, além de ser a prova de conclusão do ensino médio para estudantes que cursam o EJA (Educação de Jovens e Adultos). Embora de caráter não obrigatório, o exame tem papel de grande importância para os estudantes que querem concorrer a uma bolsa no Programa ProUni ou mesmo para ingressar no Fies. Aos poucos, vem se sendo utilizado como processo de seleção para as universidades públicas federais. O SAEB Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica. Seu propósito não é avaliar os estudantes, mas o próprio sistema educacional, a fim de corrigir suas falhas e definir políticas públicas de ensino e áreas prioritárias para investimento. O IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Estabelece índices de qualidade do ensino que auxiliam no planejamento e definição de políticas públicas que auxiliam na elevação do nível da educação no Brasil. Avaliação no ensino superior Já para o ensino superior, o MEC utiliza como instrumentos de avaliação, principalmente: O SINAES O SINAES ― Sistema Nacional de Avaliação — engloba três componentes: a) Avaliação dos Cursos de Graduação - Confirma e renova o reconhecimento dos cursos, levando em conta a qualificação do corpo docente, a organização didático-pedagógica e as instalações físicas da instituição. b) Avaliação Institucional - Compreende uma autoavaliação feita pelos estabelecimentos de ensino e uma avaliação externa, realizada por uma comissão do MEC; 1 4 c) Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – O ENADE é o mais utilizado. Ele mede o rendimento dos graduandos com relação ao programa estudado no decorrer do curso. A avaliação da CAPES A avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior analisa os programas de pós-graduação stricto sensu. O IGC O Índice Geral de Cursos da Instituição confere um conceito geral a cada instituição de ensino, tendo como parâmetros vários dados como, por exemplo, o resultado no ENADE, a qualidade do corpo docente, a infraestrutura física e os recursos pedagógicos oferecidos. As ações afirmativas e o ensino Esse é um tema que tem recebido grande destaque nos últimos anos. As ações afirmativas são políticas compensatórias aplicadas com vistas a diminuir a desigualdade social observada no seio da sociedade. Várias são as medidas que têm sido tomadas para enfrentar o problema: criação de programas, utilização do sistema de cotas, bônus ou fundos para garantir emprego a membros de grupos discriminados; instituição de bolsas de estudo e linhas de crédito para fins educacionais; provimento e reparações financeiras; distribuição de terras e habitação; e, por fim, medidas que garantam proteção a estilos de vida ameaçados. Os procedimentos referentes a essas políticas podem acontecer no âmbito público ou privado e ter caráter voluntário,ou mesmo resultar de uma determinação legal. Em qualquer dos casos, seu objetivo público é combater as desigualdades observadas nos indicadores de renda, escolaridade e padrão de vida da sociedade. No Brasil, paulatinamente (até 2016), as instituições púbicas de nível superior federal deverão reservar 50% das vagas oferecidas da seguinte forma: 1 5 a) metade (25% do total global) para estudantes de escolas públicas com renda familiar bruta igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita; e b) a outra metade (os outros 25% do total global) para estudantes de escolas públicas com renda familiar superior a um salário mínimo e meio. Nos dois casos, também será levado em conta percentual mínimo correspondente ao da soma de pretos, pardos e indígenas no Estado, de acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A explicação fica mais clara observando o mapa: As cotas “raciais” No que se refere à questão das cotas “raciais”, a própria ciência vem atestando sobre a inexistência de “raças”, afirmando que as diferenças genéticas entre um homem negro, um branco e um índio são ínfimas. Porém, sabemos que as diferenças na cor da pele entre populações diversas, econômicas, culturais e sociais são fatores que no decorrer da história, mas ainda em 1 6 grande escala nos dias de hoje, tendem a explicitar discriminações e preconceitos de toda ordem. No Brasil, como sabemos, há um alto índice de miscigenação e infinitas variações de cor de pele e traços físicos. O Censo de 2010 atestou que mais da metade da população brasileira (50,7%) é composta de negros (pretos e pardos), sendo que diversos estudos atestam que os referidos pretos e pardos mantém um padrão de vida inferior ao mantido pelos brancos. Apesar da melhora de suas condições sociais nos últimos dez anos, as diferenças em relação à população branca ainda são grandes. Enquanto a taxa de analfabetismo para brancos é de 5,9%, entre os negros é superior a 13%. No que se refere ao tempo de estudo médio, enquanto um branco estuda em média 8,4 anos, o negro estuda 6,7 anos. Isso se reflete no âmbito laborativo: por hora trabalhada, um negro recebe menos 40% que um branco. Fato que repercute nos dados referentes à pobreza, que informam que três quartos entre os 10% mais pobres no Brasil são negros. Foram estes argumentos, entre outros, que o Supremo Tribunal Federal utilizou para considerar constitucional o sistema de cotas (inclusive racial) no ensino superior e o Programa Universidade para Todos (ProUni). Mais de 70 universidades públicas já adotaram cotas ou programas de bonificação nos vestibulares para afrodescendentes, muitas vezes associando ou vinculando a cor de pele do candidato à sua situação social (ter vindo de escola pública) ou econômica (baixa renda familiar). 1 7 Segundo levantamentos estatísticos, essas ações afirmativas, somadas ao ProUni, ampliaram a presença no ensino superior de pessoas que se declaram negras (de 18% para 34%, entre 1998 e 2008). Embora sejam muitas as divergências e polêmicas sobre a eficácia e justiça desse tipo de política, a verdade é que a legislação de cotas (Lei nº 12.711/2012 e Decreto nº 7.824/2012) já está pronta para produzir efeitos a partir de 2013. A corrupção A palavra “corrupção” é apresentada nos dicionários como sinônimo de “decomposição” e “putrefação”. Nos dias de hoje, infelizmente, é comum ouvir que a corrupção é um traço da nossa cultura. Embora se afirme que as práticas de corrupção sejam um fenômeno disseminado em maior dimensão nos dias de hoje, a verdade é que no decorrer da história brasileira, a corrupção sempre esteve presente como uma marca da falta de adequada separação entre o espaço público e o espaço privado. O fato do processo de independência do país ter ocorrido sem ruptura sem rompimento dos interesses da elite econômica e política que vinha do período anterior, explica em parte a manutenção de uma lógica de utilização do Estado para fins privados, já presentes no Império. Se é mais fácil associar a corrupção aos regimes autoritários e ditatoriais vivenciados pelo país no decorrer do Século XX ― quando imperou o arbítrio, a força e a censura, a ausência de fiscalização —, a verdade é que mesmo em períodos de normalidade democrática, como nos dias de hoje, as manchetes de jornais não deixam de noticiar escândalos de corrupção. O Brasil está situado em 69° lugar no ranking que mede o nível de corrupção, produzido pela ONG Transparência Internacional. Porém, a gravidade do dado é que a corrupção tem consequências ainda mais insalubres do que parece: ela representa um ataque contundente ao bem- estar dos cidadãos brasileiros, diminuindo investimentos públicos na saúde, na educação, em infraestrutura, segurança, habitação, entre outros direitos essenciais à vida, além de desqualificar os mandamentos constitucionais e abalar as instituições democráticas. 1 8 A impunidade Outro problema relacionado diretamente à corrupção e que vem sendo apontado pelos estudiosos que se dedicam ao estudo da sociedade brasileira é a disseminação de outro tipo de cultura (negativa): a cultura da impunidade. Questiona-se, cada vez mais, acerca da morosidade da justiça, o direito de políticos e autoridades estatais a prerrogativa de foro ― situação que a população enxerga, na maioria dos casos, como foros “privilegiados”. Porém, o problema não se limita às classes políticas. Fica a forte impressão de que a imensa desigualdade econômica existente entre os brasileiros mais ricos em relação aos brasileiros mais pobres se reproduz no campo dos direitos. Todavia, há motivos para acreditar que também nessa área o país pode avançar. Se até maio de 2010, ou seja, mais de 21 anos após a promulgação de nossa Constituição de 1988, o STF não havia condenado qualquer parlamentar, entre maio de 2010 e agosto de 2013 foram condenados 11 parlamentares. Fato que nos leva a crer que a impunidade é um fenômeno que já não representa uma regra absoluta. Tal como nos direitos sociais, onde é observado que, apesar da imensa desigualdade apontada pelos dados estatísticos, os índices vêm apresentando melhoras evidentes. Podemos imaginar, assim, que a pressão da cidadania é capaz de melhorar também os níveis de corrupção e impunidade ainda presentes em alta escala na sociedade brasileira. De qualquer forma, há relação entre melhora dos níveis sociais e combate à corrupção e à impunidade. 1 9 SAIBA MAIS (AULA 4) Como de costume, indicamos algumas obras e endereços eletrônicos que podem ser úteis no aprofundamento do tema: http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_no_Brasil http://www.todospelaeducacao.org.br/educacao-no-brasil/ http://www.mec.gov.br/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde_no_Brasil http://www.brasil.gov.br/sobre/saude http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_dos_munic%C3%ADpios_brasileiros_ por_IDH http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx ALMANAQUE Abril 2013. São Paulo: Abril, 2013. 2 0 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DA AULA 4 Questão 1 Observe os dois rankings abaixo listados que se referem ao IDH e ao PIB. Analise os dados aí contidos e, após, marque a opção que melhor explica a realidade brasileira: a) O Brasilé um país pobre, embora o nível de qualidade de serviços sociais oferecidos à sua população seja considerado de bom nível em comparação à média mundial. b) O Brasil possui índice de desenvolvimento humano incompatível com o tamanho de sua economia. 2 1 c) A desigualdade social ainda presente no Brasil é resultado da fragilidade da economia brasileira. d) O índice de desenvolvimento humano no Brasil é proporcional ao tamanho de sua economia. e) Os dados acima demonstram que o Brasil é, sob qualquer aspecto de análise, um país subdesenvolvido. Resposta: Letra B. Embora sejamos a sétima economia do mundo — o que quer dizer que o país produz muita riqueza ―, o nível de desenvolvimento humano (que analisa, por exemplo, o nível dos serviços de saúde e educação do país) é apenas o 69º do mundo. Isso quer dizer que a força de nossa economia não se traduz em bons níveis sociais. Porém, vale a pena frisar que o Brasil, embora tendo índices de IDH apenas razoáveis, é uma das mais fortes economias do mundo. Questão 2 O IDH é uma medida comparativa que classifica os países pelo seu grau de “desenvolvimento humano”. Trata-se de um índice utilizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no seu relatório anual. 2 2 A análise do quadro acima trata do avanço do IDH brasileiro nos últimos 30 anos. Sobre o tema é possível afirmar: a) A renda per capita nacional vem obtendo grande avanço. b) A educação, embora seja um dos componentes mais mal avaliados no IDH brasileiro, foi a que mais avançou no período. c) A expectativa de vida do brasileiro está diminuindo. d) Os índices que compõem a análise do IDH brasileiro permaneceram estagnados. e) O IDH brasileiro, embora tenha melhorado no período, já está em fase de regressão. Resposta: Letra B. Observe que o IDH da educação brasileira era 0,4 em 1980 (de um máximo de 1,0), sendo que atingiu, em 2010, índice próximo a 0,65. Por isso, embora a educação seja o fator que menos contribui para um bom resultado do IDH, é o que mais avanço produziu no período. Já a renda per capita avançou pouco, conforme comprova a pequena variação de nível observada na linha vermelha. O índice do IDH brasileiro avançou de forma uniforme no período (de 5,5 a índice superior a 7), conforme se pode observar pela variação de nível na linha verde. No que diz respeito à expectativa de vida, vê-se que a expectativa de vida do brasileiro vem aumentando progressivamente, sendo esta avaliação a que mais contribui, em termos de avaliação, para o IDH brasileiro. Questão 3 2 3 A implantação do SUS no Brasil unificou o sistema, já que antes de 1988 a saúde era responsabilidade de vários ministérios, descentralizando a gestão. Sobre o sistema de saúde brasileiro, analise as assertivas abaixo e, após, marque a opção que contém a resposta correta. I) No sistema brasileiro de saúde estabelecido pela Constituição de 1988, apenas o trabalhador tem acesso aos serviços de saúde; II) O SUS (Sistema único de Saúde), criado no Brasil em 1988 pela Constituição Federal de 1988, formalmente tornou o acesso gratuito à saúde direito de todo cidadão (além de integral, universal, e igualitário); III) O sistema brasileiro de saúde é exclusivamente público, não sendo permitida a realização de serviços de saúde por rede privada de hospitais; IV) A análise de dados oficiais leva a crer que o número de médicos no Brasil não é um problema, embora seja sim um problema o desequilíbrio na distribuição dos profissionais pelas diversas regiões do país. Sobre as assertivas acima, é possível afirmar que estão corretas: a) I e II b) II e III c) III e IV d) I e IV e) II e IV Resposta: Resposta, Letra E. A Constituição de 1988, ao criar o SUS, tornou o acesso gratuito à saúde um direito de todo cidadão. Também estabeleceu como princípios para este sistema a igualdade, a integralidade e a universalidade. No que tange a questão do quantitativo de médicos no Brasil, não há grande polêmica de que estes, se bem distribuídos, seriam suficientes. 2 4 O problema está no fato de que os médicos estão concentrados principalmente nas regiões Sudeste e Sul do país, enquanto em algumas sub-regiões das Regiões Norte e Nordeste o número de médicos está abaixo do que a OMS entende como adequado. No que se refere à exclusividade do serviço de saúde público no Brasil, sabe-se que isso não acontece. Pelo contrário, é crescente a expansão do setor privado na área da saúde, principalmente por meio dos planos de saúde. Questão 4 Leia reportagem da BBC, que trata da educação brasileira, extraída em 18 de agosto de 2013, do site http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/07/130722_idh_municipios_ pai.shtml: Apesar de avanços, educação ainda trava desenvolvimento no Brasil Atualizado em 29 de julho, 2013 — 16:45 (Brasília) 19:45 GMT ― Educação teve maior avanço, mas partiu de patamar mais baixo. Os municípios do Brasil alcançaram, em média, um índice de desenvolvimento humano alto, graças a avanços em educação, renda e expectativa de vida nos últimos 20 anos. Mas o país ainda registra consideráveis atrasos educacionais, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pela ONU e pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 aponta que o IDHM (índice de desenvolvimento humano municipal) médio do país subiu de 0,493 em 1991 para 0,727 em 2010 — quanto mais próximo de 1, maior é o desenvolvimento. Com isso, o Brasil passou de um patamar “muito baixo” para um patamar “alto” de desenvolvimento social. O que mais contribuiu para esse índice foi o aumento na longevidade (a expectativa de vida da população subiu de 64,7 anos para 73,9 anos). Também houve aumento na renda, de 14,2% ou (R$ 346,31) no período. Os maiores desafios se concentram na educação, o terceiro componente do IDHM. Apesar de ter crescido de 0,279 para 0,637 em 20 anos, o IDHM específico de 2 5 educação é o mais distante da meta ideal. Em 2010, pouco mais da metade dos brasileiros com 18 anos ou mais havia concluído o ensino fundamental; e só 57,2% dos jovens entre 15 e 17 anos tinham o ensino fundamental completo (...). Sobre a educação brasileira é possível afirmar: a) A melhora no nível da educação brasileira, nos últimos 20 anos, faz com que tenhamos nos dias de hoje um dos melhores sistemas educacionais do planeta. b) Apesar dos esforços e da implantação de diversas políticas públicas educacionais, o país ainda se recente de um quadro educacional com maior qualidade, que contribua para impulsionar o país para o desenvolvimento não só econômico, mas também social. c) O Brasil não dispõe no nível superior, de políticas educacionais que concedam suporte às minorias raciais ou sociais e isso contribui para que, por exemplo, negros e índios, cada vez mais estejam mais excluídos do processo de desenvolvimento do país. d) Um problema fundamental da política educacional brasileira é a ausência total de instrumentos de avaliação tanto na educação básica, como na educação superior. e) A educação no Brasil vem passando por um processo de estatização, sendo que a educação promovida pela rede privada vem progressivamente perdendo vigor. Resposta: Letra B. A letra A está equivocada, pois o sistema educacional do Brasil ainda não é competitivo quando comparado ao de outros países mais desenvolvidos.No que se refere à letra C, as instituições púbicas de nível superior federal, paulatinamente (a partir de 2013), deverão reservar parte das vagas das instituições para que as mesmas sejam ocupadas por minoriais raciais e sociais. No que pertine à letra D, como foi visto, o Brasil vem desenvolvendo uma série de instrumentos de avaliação, como, por exemplo, o ENEM e o ENAD, que ajudam a traçar um mapa da educação brasileira. 2 6 Por último, referindo-nos à letra E, deve-se ressaltar que o crescimento da educação brasileira é mais contundente no setor privado do que no setor público. A ausência de condições de investimento por parte do poder público para alavancar o ensino (principalmente o ensino superior) explica o crescimento da influência das instituições privadas na política de educação. Questão 5 A corrupção e seu combate têm sido temas recorrentes nos últimos tempos, no Brasil. Ao analisar a charge acima, assinale a assertiva que melhor a retrata. A) A corrupção é parte da cultura do povo brasileiro. B) A corrupção é um tipo de conduta que se vincula somente às camadas mais altas da sociedade brasileira. C) O desvio de dinheiro para a corrupção inviabiliza políticas públicas fundamentais para o futuro do país. D) O desvio de verbas para fins de corrupção é um crime do colarinho branco. E) A corrupção é um problema com o qual o povo brasileiro deve se acostumar. 2 7 Resposta: Letra C. A charge acima deixa claro que o futuro da criança (que representa o futuro do país) está sendo ameaçado pela corrupção, já que o dinheiro público desviado deveria estar sendo aplicado em políticas públicas sociais. Isso vai ao encontro de outra questão e que diz respeito ao fato de não ser o Brasil um país pobre, mas o desperdício, a ineficiência e a corrupção acabam por colocar o desenvolvimento do país em xeque. As demais opções não apresentam vinculação com a charge.
Compartilhar