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Aula 7 – A Historia dos Hebreus: Bases e Fundamentos
Por que estudar os Hebreus? "A cultura do ocidente é inegavelmente influenciada por religiões monoteístas. Cristianismo, Judaísmo e Islamismo todas, analisadas mais profundamente, bebem na mesma tradição: a hebraica na figura do velho testamento".
Dentro da discussão dos hebreus, há uma trajetória longa e o problema é tirar o que as pessoas trazem, que muitas vezes não estão envolvidos com os aspectos da História, mas sim com o aspecto da fé. A moral ocidental, de alguma forma, é constituída, é repensada, é afirmada no sentido claramente judaico-cristão. Os nossos deuses não são heróis dentro de um sentido ocidental, ele é onipresente. Parte-se de uma ideia de que todo o fundamento do livro provavelmente mais conhecido é o dos livros derivados dessa organização: corão, livros hebraicos, em especial a Tora e a Bíblia. São derivados desse tipo de leitura, se, por exemplo, a tradução ocidental, muito mais forte, tem um grupo de livros que fica como presente e que, na estrutura mercantilista, se espalhou como um todo pelo mundo. A leitura de um cristianismo, seja ele na vertente que for.
A leitura do cristianismo é presente no mundo ocidental durante o momento ou a fase da ideia da razão. No século XVII e no XVIII, a religião não some, ganha explicações lógicas, questionamentos de que o problema não é a religião e sim Roma. Mas, se mantém um fundamento, um papel, uma leitura de uma estrutura que vai pensar a moral, um pensar nas relações de poder baseado em elementos cristãos. Tão baseado quando observamos a Mesopotâmia, mesmo com alguns traços egípcios. A busca pelos elementos arqueológicos, muitas vezes, estava baseada no texto bíblico. É a informação que tinha a torre de Babel, a informação que tinha o êxodo pelo sinal. A busca é muito clara em torno dessas figuras, em torno desses elementos que ficam com uma tradição que o ocidental enxerga como seu. É claro que há fatores greco-romanos, mas, é a síntese, a reorganização, a lógica desses elementos estruturada em torno de uma moral judaico-cristã que marca o ocidente.
Quando se remete à religião, não é para estudar os judeus, especialmente, mas, principalmente estudar o velho testamento, buscar elementos do velho testamento. A organização pós-Abraão, na melhor das hipóteses, se situa em torno de 1500 a.C. ( Precisa-se entender que o texto foi escrito pensado e difundido por homens. Por isso, temos a sua busca, no século XIX, por uma arqueologia religiosa. Uma arqueologia que parece distante, afastada. ( No século XIX, a lógica era o que se precisava demonstrar o que era verdadeiro (já foram achadas pelo menos 6 arcas de Noé e, cada uma delas com mais certeza de que a outra). O fundamento é justamente essa lógica presente no século XIX, que hoje, em fatores mercantilistas, volta a ser aplicada.
Não há aqui fator religioso, o que existe é um fator que quer afirmar poder dentro da estrutura social. E quem dominasse, quem tivesse mais materiais arqueológicos, tinha de alguma forma o seu poder demonstrado de forma mais magnânima. Tem-se o cristianismo católico apostólico Romano do conselho, segundo o Vaticano que, já notando essas preocupações, afirmara o seguinte: Pregação só no novo testamento. Isso para esvaziar uma clara proximidade de uma tradição que é vista acoplada de uma ideia judaico-cristã. Só com João Paulo II é que se faz a menção de desculpa, se apresentando a sinagoga, no século XX e que, aliás, tem uma análise fantástica no livro "Olhos de Madeira“, no artigo chamado “O lapso de Woityla“, de Carlo Ginzburg. É preciso entender que há tensão nessa leitura, sendo necessário retirá-la. É preciso ver a história, entender e repetir, independente dessa organização, esse posicionamento, essas discussões, esses traços que há na história hebraica.
A tradição do Pentateuco e, especificamente, a Torá, serão escritas posteriormente. Como em boa parte das sociedades desse período, as tradições, as histórias e discussões tem um elemento de oralidade. Isso significa, justamente, que a tradição é transmitida de grupo a grupo, de pai para filho. No momento dessa tradição escrita, nós não podemos falar em hebreus, mas em clãs próximos que têm traços culturais, que se relacionavam, que tem hierarquia entre si e que vão ser responsáveis pela manutenção dessa história. Obviamente, essa história vai tender especificidades, interpretações independentes dos grupos nos quais estão sendo manifestadas.
Há traços de uma ocupação datada de aproximadamente 1250 a. C., data que, provavelmente, começam a se contar os primeiros elementos, claramente influenciados por grupos babilônicos, que têm histórias desde 2000 a. C, tornando-se presentes na sociedade. Cada um deles, tal qual Assur e Babilônia, tende a reconstituir esses deuses, direcionando-os direto para as suas cidades, para os seus grupos. A tradição oral está mais próxima desde o século XIII a.C. Sobre a questão da Bíblia de Jerusalém, uma bíblia organizada pela Paulus e direcionada aos estudiosos faz uma introdução bastante interessante sobre a origem dos escritos bíblicos. A bíblia faz uma introdução sobre o Pentateuco.
A tradição que afirma a figura de Moisés como o escritor do Pentateuco é de aproximadamente 150 a. C., contexto em que o mundo hebraico já era de dominação romana na região. Antes desse momento, os hebreus já haviam passado por dominações assírias, babilônicas e persas. O que garante a identidade desse grupo frente a tantas influências foi a tradição histórica presente no texto bíblico, que valoriza, de forma especial, a relação da religião e da história com a identificação do grupo. Explicação que nos permite entender que no século XX, mesmo antes da organização do Estado de Israel, os judeus não perderam o centro de sua identidade. A tradução dos textos, conforme exposto, tem dados a partir do século XIII, mas somente a partir do século VI a.C. existe a clareza de um grupo que produz uma tradição, sendo continuamente reafirmados. Esses escritos, não à toa estão envolvidos no momento da organização das cidades de Israel e Judá - o momento dos Escribas. Esses escribas vão solidificar a tradição através da escrita. Essa tradição escrita acaba por possibilitar que, independente da extinta localização, da existência política, consegue-se afirmar a existência de um grupo independente de uma terra. Os livros escritos vão ter, normalmente, sua tradição marcada em dois clãs específicos que seriam, justamente, os dois clãs que se manifestam mais claramente com posicionamento de terem escribas dentro da sua prática, dentro da sua organização social. O interessante é que esses grupos não se desenvolveram no mesmo período. Fala-se de tradições javistas e eloístas. Uma tradição mais ocidental, a javista do século V a.C. e uma tradição eloísta no século VI a.C., com um posicionamento mais central do espaço asiático. Ambos os posicionamentos, vão ter diferenças quando se analisa os materiais mais antigos. Só que, a partir do momento que se buscar a coesão social, dá-se sentido a essa reorganização. Mais do que isso, ultrapassa-se o sentido dos livros formadores, dos livros que representam a lei (o Torá é a lei) e começa-se a constituir uma série de outros livros para dar a força à continuidade desse trabalho, dessa tradição. A dispersão de livros ocorre por que são clãs, grupos diversos presentes nessa organização. Mais do que isso, século XX, os materiais que existentes tanto entre os hebreus como os cristãos não são os originais, ambos foram reescritos, compilados. São tradições diferentes, traduções diferentes.
As traduções diferentes podem trazer controvérsias. Por exemplo, em referência ao momento da crucificação, já no Novo Testamento, a frase que teria sido dita por Jesus. Todo o conteúdo dado por Paulo, uma interpretação posterior, fala que Jesus já sabia que viria para ser o cordeiro, dentro daquela lógica, no entanto, naquele momento, a frase que os principais relatos apresentam é “Meu pai, meu pai, porque me abandonastes?”; sóque, existem outras linhas que defendem que o texto correto seria “Meu pai, meu pai, como me glorificastes!". Não temos como saber qual é o verdadeiro sentido, uma vez que ambas as correlações são válidas dentro da organização propostas à leitura.
Se é uma tradição de clãs familiares e que vários deles reproduzem isso, ficam os livros dos clãs que assumem ou garantem uma posição diferenciada. Os demais não terão a sua expressão, a sua continuidade. Não dá para falar do nascedouro claro de uma civilização, mas, quando se organiza uma história no sentido de um livro, é lógico que deve-se colocar o nascedouro. Em qualquer tradição buscam-se as origens. Existem discussões enormes sobre qual seria o período abraânico desde o período da antiguidade e até hoje não se consegue determiná-lo. Criam-se aproximações que vão postergar essas discussões.
A tradição não pode ser criada do nada. Deve-se, no mínimo, trazer esses elementos da tradição, discuti-los, para se tornarem presentes na sociedade. Nesse sentido, quem é Abraão? Qual a promessa que Abraão recebe? Existem dois elementos: Abraão seria pai de uma grande nação e terra prometida. Se é uma tradução moderna, ela acaba criando um problema. Pai do que? Pai de um povo, só que povo é um contexto moderno. Povo é a ideia da associação em torno de um elemento central no qual se identifica suas lideranças, suas fronteiras e suas castas sociais. Terra é provavelmente a construção amarrada no aramaico. Esse mesmo termo, quando chega ao latim, aparece como patriae, que muita gente traduz como Pátria, mas o sentido é de dominação de uma terra, e como terra entende-se obter direito sobre ela. A Terra pode não ter fronteira, mas isso não quer dizer que ela não tenha um senhor. Quando se entra em uma terra sem ser o senhor dela, tem que pagar e se submeter ao seu domínio. Então a promessa de Terra é a promessa de uma autonomia do clã, uma cidade própria. O texto fala de um Abraão que nega a divindade dos seus pais. Isso normalmente é interpretado como uma quebra do politeísmo e a ascensão de um movimento monoteísta. Deve-se entender que isso é feito em um momento em que o monoteísmo não está estabelecido. Ele diz que é o deus dos hebreus.
A ideia não é monoteísta no todo, nesse sentido é politeísta. Os outros deuses não desaparecem, mas existe, sem dúvida, um monoteísmo de grupo, uma nova identificação em que o reconhecimento de uma divindade própria, que rompe com o panteão, é vital. É uma ideia presente nos textos originalmente politeístas, de grupos especialmente mesopotâmicos e egípcios. O deus de um grupo aparece entre os Assírios que cultuavam Assur; e Marduk, que chega a ser constituído como maior de todos os deuses. No Egito Athon, quando foi constituído como o principal deus, teria expulsado os demais deuses do Egito. Quando se faz isso, não se diz que não existem outros deuses, apenas que esse é o "meu" deus. Entende-se essa organização, percebe-se o relato de maneira diferente das tradicionais.
As tribos aramaicas, uma ou um conjunto delas, vai dar origem aos hebreus, não o inverso. Outros arameus depois entram em conflito, mas uma dessas tribos, quando, claramente com tradições nômades, tem dificuldade do controle da terra, tem controle divergente em torno dos babilônios, em torno de vários grupos da Mesopotâmia, o sentido de terra ganha outra forma. O sentido do tema quer dizer, domínio no qual não se é subjugado por ninguém. Essa organização social é marcada, justamente, pelo discurso atribuído a Abraão, que rompe muito claramente com a manifestação e com a leitura, dos seus pais e com os deuses de seus pais, pois provavelmente adotavam o panteão que já existia. E com a quebra, vocês dizem que tem seu próprio representante e, mais que isso, ele está próximo, não é distante, não é justo. No caso de Esaú e Jacó, pode-se ver isso claramente: Esaú é o protetor do pai e de seus bens, Jacó jamais manteve essa relação.
No momento em que vai ser mantido o direito da progenitude, tem-se a utilização de um subterfúgio para que o mais jovem ganhe esse direito. Dado esse subterfúgio, espera-se, dentro da moral cristã, que aquele que usou do mal seja punido. Isso não acontece e ele acaba sendo o protegido de Yahweh, segue o caminho sempre envolto nos favores divinos. Naquele, a providência divina não está ligada a uma ideia de justiça, mas de cumprir os desígnios. Está ligada com o que é melhor dentro daquela leitura do deus, próprio para transformação do grupo.
Os hebreus vão se tornar monoteístas relacionados com a sua própria organização social. O monoteísmo está ligado ao momento da formação dos reinos após a saída de Moisés do Egito. A religião é um processo vital para compreender os hebreus como grupo. É fundamental entender que eles são construídos. Ela não é um modelo pronto, fechado, que brota por conta de uma ligação. Chega-se a ter todos os elementos conhecidos, só que esses elementos são construídos paulatinamente. O tempo desse processo é de, aproximadamente, 1250 a 150 a.C. Deve-se entender que ele está saindo de uma estrutura clânica e está estruturada, por conta dessa ruptura, provavelmente no século XIII ou em torno desse século e, obviamente, vai encontrar uma série de resistências. Esse grupo, provavelmente, não é o único que vai se opor em torno de outros grupos. Dentro daquela associação existiram grupos diversos.
Dentro dessa leitura é que se consegue entender a formação das chamadas 12 tribos. Elas são o conjunto reunido em torno desta tradição, mas que, de alguma forma, se separam e, ao mesmo tempo, se solidificam, dando uma ideia de identidade por um novo fator cultural, o binômio história-religião. Muito é dito que era possível, pelo que se entende de estrutura egípcia, que o grupo ou importantes grupos desta tradição, tivessem sido fundamentados, estabelecidos a partir dessa quebra. Fala-se de séculos onde isso é afirmado e está em torno de uma tradição moral para o Egito. (Relembremos a estela de Djoser, que lembra a história de José). Esse grupo vai começar a "beber" de uma série de elementos egípcios, ainda que, provavelmente, de um Egito que, no primeiro momento, tenha amenizado bastante a questão do modelo faraônico de escravidão. A partir do momento que é estabelecido o Novo Império, que o inimigo estrangeiro é vencido, os demais grupos estrangeiros presentes dentro do Egito vão ter que negociar com esse novo poder.
Existe a tendência, e essa é a tese mais aceita, a que esses grupos passam a ser mais cobrados, passem a ter que cumprir mais corveias, passando-se a ter um quadro de escravidão de maior intensidade no Egito. O que não significa, até por conta da estrutura anterior, que haverá hebreus somente em uma posição subalterna nessa sociedade. Pode-se buscar desde elementos afirmados por José até traços em torno da figura de Moisés. A figura de Moisés é emblemática. A tradição diz que ele só conseguiu uma posição de superioridade dentro do Egito porque foi salvo das águas do rio. As águas do rio são elementos simbólicos importantes e representam sempre a unificação para uma nova passagem. Dentro do espaço egípcio, é óbvio que vão ter hebreus que serão inseridos dentro desse contexto social, em posições superiores. E, certamente, serão essas lideranças hebraicas as responsáveis por organizar um novo movimento ou um movimento de saída do espaço egípcio. Se essa questão da saída está no Novo Império, ela terá vivenciado, presenciado o momento em que os egípcios, dentro de uma batalha de um grupo interno, se realizam, se levantam e organizam o seu próprio reino.
Quando saem, ainda por uma rota difícil, em torno do século VII ou VIII, chegam ao que conhecemos como Palestina, atual espaço de Israel, e afirmam uma nova forma de organização sócio-política. Se Abraão é uma tradição, ele tem um dos discursos mais fortes, ir à busca da terra prometida. Dessa forma, tem-se elementos de uma nova organização política. Esse grupo, quando se estabelece, vai se unificar com outros grupos de tradição hebraica que sempre estiveramna região. Durante o processo de saída é mantido uma estrutura nômade que terá seus representantes e daí vem os juízes. Assim, é o primeiro momento em que se inicia a transformação da figura dos escribas.
Essa saída dura aproximadamente entre 100 e 150 anos. Ninguém estava fugindo, estavam procurando um lugar para por fim a um longo processo de imigração, com aquela mesma ideia, com aquela mesma afirmação: chegar à terra prometida. Não é a toa que há diversos acordos políticos quando eles chegam à Canaã e batalhas memoráveis. Mas, também há crises da organização política, como o chamado Cisma - com a divisão de dois reinos, e mais complexo - o direcionamento de parte do grupo em direção a Iaweh como o Deus único; e parte do grupo seguindo Baal. O caminho está definido, a organização política, as cidades de tradição hebraica e a necessidade de se equilibrar entre os vizinhos poderosos vão indicar de maneira cada vez mais clara na direção de um rei, e de uma categoria teológica algumas vezes ensaiada, mas afirmada neste momento com a presença do monoteísmo. Mas isto são cenas dos próximos capítulos.
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