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Aula 9 – Os Persas
Assíria, Média, Pérsia, Macedônia: as quatro monarquias universais do mundo antigo, os quatro pontos de referência de cronologia da história humana e ao mesmo tempo tão pouco e tão difíceis de serem estudadas. Este é o desafio do nosso trabalho. O império persa de que se tratará nestas próximas aulas é o primeiro dos reinos persas que se sucederam na área irânica antiga. Para se ter uma ideia, o império persa só é definitivamente vencido no século VII depois de Cristo, com a derrota da dinastia sassânida para o Islão.
Você sabe quem são os Medos e os persas? Madã e Parsã das inscrições Aquemênidas, primeira dinastia. Paras wmaday do Antigo Testamento, Medói e Pérsai, dos gregos. Os historiadores gregos não sabiam nada das origens obscuras e da pré-história de povos irânicos. Os Medos não entram em cena antes do século VII, nem os persas antes do século VI. No entanto, Madã e Párshua são nomes de regiões conhecidas pelas fontes assírias desde a segunda metade do século IX a.C. Povos afins do ponto de vista étnico e cultural, falando línguas indo-europeias, os Medos e os persas habitavam desde o século IX, pelo menos as áreas montanhosas do Elburz e do Zagros.  Viviam de pastoreio e banditismo e eram governados por seus numerosos reis tribiasi ou regionais que pagavam tributo aos reis assírios. Antes de falarmos mais deste grupo, vamos deixar delineados alguns olhares técnicos:
O império persa é uma das formas de se chamar a organização persa, o entendimento de um poder que se desenvolve nas montanhas limítrofes do Crescente Fértil e que vão se estender por quase todo o oriente.
Os Persas são uma das regiões mais interessantes para compreender a disputa entre Oriente e Ocidente.
Os materiais historiográficos sobre a Pérsia são bastante raros.  Dentre as obras publicadas, devemos destacar a importância do trabalho de David Asheri, em O Estado Persa.
A influência cultural é uma transformação, uma transição e não, um resto de cultura grega. Qualquer estudo de processo histórico sempre terá continuidades e rupturas. E, quando se estuda esse elemento, tem-se a real possibilidade de se compreender o conjunto da transformação social. Não se pode imaginar que somos um herdeiro da tradição oriental. O olhar dos gregos e romanos como particulares, ancestrais, babilônios e egípcios, como algo interessante, mas distante; os hebreus como parentes por conta de um monoteísmo e/ou do cristianismo que advém posteriormente da tradição bíblica. Não existe este parentesco. Isso é uma construção retórica que foi feita a partir de vários períodos históricos e tem uma das suas principais afirmações no movimento iluminista do século XVII. Se isso for entendido, retira-se a ideia de que se estuda só coisas legais. Não se busca o berço da civilização e nem parentesco nenhum. Busca-se a necessidade de se entender os processos históricos e, para isso, a primeira coisa que se precisa fazer é questionar mais. Não se deve prender à mania de se buscar queda, crise, auge. Isso pode, dentro de um discurso, inventar o momento que mais for interessante para cada um.
O termo império não demanda uma ideia de unidade. Em Roma, o poder era totalmente fragmentado, apesar de todos os mitos, ideias e construções. O que se precisa é entender a organização do mundo persa, entender que está se usando uma leitura posterior para o entendimento desta prática.  Não há na tradição persa uma palavra como imperador ou qualquer expressão. É uma apropriação teórica influenciada, nos fatores romanos, que coloca lado a lado quando se estabelece uma dominação e que, dentro dessa dominação, influenciam-se práticas econômicas, políticas, sociais e culturais. Isso é o que acontece com o mundo romano, com o que se chama depois de império inglês durante o momento do neocolonialismo e com o império português.
Império não deve ser entendido como uma nomenclatura da época, mas sim como um conceito. Então, porque se usa o termo império brasileiro? Tem-se a unificação de duas áreas, diferentemente do que nos é ensinado. O Brasil não era uma unidade, tinha-se o vice-reino do Brasil e o vice-reino do Grão-Pará, fora as demais possessões portuguesas. Eram dois vice-reinos sobre o domínio português que, inclusive, a navegação não podia ser feita da mesma forma porque era onde viravam os ventos na altura, mais ou menos do Maranhão, e a navegação que vinha para Pernambuco não era a navegação que ia para região norte. A administração da região norte era tão difícil que foi colocada uma Cia. de comércio para sua administrar, no modelo holandês. Então, quando se tem a figura de um monarca, primeiro se quer demarcar a comparação com o reino de Portugal, donde se tem a ideia de um império português. Estamos falando da unificação e da força de várias regiões consideradas distintas. Por isso, tem-se a ideia de dominação cultural.  É um arremedo, é uma utilização, é diferente. Não se parte do conceito, mas da leitura teórica para entender o que aconteceu. Quando se fala em conceito, tem-se o mesmo sentido quando tratamos, por exemplo, a questão da escravidão. Avance a tela para entender melhor.
Escravidão não é igual em todos os lugares. Ao entendermos escravidão como um conceito, fala-se com supressão de liberdade de maneira compulsória. Nesta conotação, pensa-se em escravos como um conceito e a leitura do conceito feita em diversas sociedades. Sendo assim, quando se fala em império aqui entre os persas, estamos utilizando um conceito que pressupões uma forma de dominação política em que existe um centro, uma série de relações econômicas e militares, mas politicamente existem regiões com uma autonomia bastante grande, desde que reconhecendo que há um poder maior. Até agora, falamos das planícies do Oriente próximo. Quando se termina a área de planícies, tem-se uma cordilheira ao norte que é justamente o que divide a ideia de Oriente Médio e Extremo Oriente. 
Na descida da cordilheira, têm-se os caminhos tanto para Índia tanto para China.  E, nessa descida da cordilheira, como se fala na região entre rios, muitos autores definem que é da mesma família que vais se estender até o norte da Europa e compor os Urais. O que se pretende entender... Montanhas novas (grandes picos), uma estrada que foi, durante muito tempo, a passagem dessa região do Crescente Fértil para as áreas do Oriente. Essa estrada começa a aparecer na história dos assírios e babilônios contando que, a partir das buscas de guerras começavam a se buscar cavalos "como nunca se viu" cavalos mais rápidos, poderosos, que iam ser buscados nas terras dos Medos. Assim, consegue-se posicionar minimamente aquilo de depois será chamado de persas, dentro de uma posição nessa área montanhosa. Posição essa claramente, dominada pelo Império Assírio, do século XVI até o século VIII a.C.
A principal referência que se tem sobre os persas é grega. Sendo grega, tem-se as referências das guerras médicas. Além disso, é possível contar com os registros de Heródoto: o pai da história. Ele foi aquele que registrou boa parte daquilo que é entendido como tradição persa.  O problema que o seu olhar é grego e quando ele faz essa leitura, deve-se desconfiar de algumas coisas. Em especial, porque os persas por conta das Guerras Médicas vão ser um inimigo importante desse mundo grego. Ele foi criticado, foi chamado de filobárbaro, ou amante dos bárbaros, porque conta elementos desta formação.  
Existem também alguns escritos egípcios fazendo referência às vitórias de Cambises no Egito, tal qual os textos bíblicos que relatam o papel do reis dos reis, ora como libertadores, ao acabar com o cativeiro da babilônia, ora como algozes como em uma das destruições do templo em Jerusalém. Há textos de caráter religioso que foram reproduzidos e reescritos. Temos fios do passado persa e os fios desse passado acabam gerando uma enorme dificuldade em se saber qual é o começo do mito e os limites da história. Não que o mito não seja interessante para pensarmos a história, mas é extremamente problemático quando só temos omito.
Conheça agora o Mito da fundação dos Medos ( Um monarca organiza os Medos e consegue conter uma pequena vila, uma área mais oriental e inicia a primeira batalha de insurreição contra o domínio Assírio. Esses, enfraquecidos, não conseguem sobreviver aos ataques nas montanhas. Esse monarca tem uma filha que sonhou que teria uma criança que urinava sem parar até afogar todo o reino, que acabaria sucumbindo inteiramente. O intérprete do monarca diz que era um sinal, que seu neto viria para fazer sucumbir o poder do rei. Ele então decide matar a criança. Isso é, claramente, um mito com características gregas. Tem-se uma leitura de uma tradição que é o oráculo de delfos e os gregos em um olhar etnocêntrico fazem a sua interpretação do mundo grego. Continuando: quando o rei tenta matar a criança, seu principal general é encarregado de fazê-lo, e como o esperado não tem coragem. Salva a criança e a manda para uma pequena vila que ele domina uma vila com nome de Parsha. Anos mais tarde, esse pequeno monarca, começa a se destacar politicamente e se torna líder dos Parsha, iniciando uma grande revolta contra o domínio dos Medos nas montanhas. Quando o rei descobre quem está liderando os Parshas, ele chama seu principal homem de frente nas batalhas e que tinha sido o encarregado da morte da criança e pergunta o que aconteceu, ele confessa que não teve coragem e pede perdão. O monarca diz que o perdoa e oferece um banquete a ele.  No fim do banquete, ele diz ao homem "Eu fiz o que você não fez, você acaba de comer seus próprios filhos". Mesmo assim, o homem continua servindo ao rei e este, o coloca na frente da batalha. O soldado muda de lado e garante a vitória dos Parsha sobre os Medos. O próprio Ciro marcha para o palácio e mata o avô, tornando-se rei, que unifica o trono dos Parshas e dos Medos.
O que se deve considerar nessa história é a vitória dos Parsha sobre os Medos, como um dos principais elementos de uma associação para entender toda uma nova força, uma força que tem, na sua principal base, uma cavalaria rápida e muito violenta. É dessa cavalaria que Ciro se vale para vencer e exterminar, praticamente, todo Império Assírio. Os Assírios já tinham pouca força por terem perdido parte de seu império para os babilônios e outra parte para os Medos. Agora enfrentam uma nova aliança de características expansionistas no momento em que o combate entre a babilônia e os Parshas, ou como serão chamados a partir disso, pelos Persas, torna-se iminente.
Ciro, que vinha tendo vitórias importantes, cerca a babilônia, mas decide, por uma série de elementos, não destruir a cidade e exige que aquele monarca reconheça seu poder. Uma vez feito isso acabaria o combate. Ciro cansado e envelhecido é substituído por seus dois filhos. Bardyra assume os impérios persas na parte do Extremo Oriente, combatendo em direção ao Afeganistão, China e Índia (não tinham esse nome). Em determinado momento, tem-se o outro filho, Cambises, beneficiando-se por ocupar as regiões ocidentais e conseguir uma série de vitórias militares, as mesmas contadas por Heródoto. Cambises vence o Egito, torna-se faraó, obtendo riquezas que seu pai não havia conhecido. No entanto, sua predileção pelas terras egípcias, vai gerar com que ocorram uma série de revoltas contra o seu governo.
Cambises ( Asheri nos ajuda a compreender um pouco mais sobre este filho de Ciro. Cambises, personagem talvez um pouco excêntrico, a julgar pelo seu comportamento escandaloso no templo de Marduk em Babilônia durante as cerimônias de Ano Novo em 538 a.C., sucedeu ao pai no verão de 530. Ao vencer o Egito, Cambises inaugura uma nova dinastia, sendo o primeiro dos faraós persas, reconhecidos formalmente pelo clero egípcio.
Gaumata ( Durante os anos de 522 a.C. Cambises retorna a Zargros, mas, no entanto, morre no caminho. Pouco antes, se confiarmos na versão tendenciosa de Dario na inscrição de Behistun, um mago de nome Gaumata assumira o poder na Pérsis, apresentando-se sob o nome de Bardiya, filho de Ciro, e como tal, herdeiro legítimo do trono em ausência de Cambises. Segundo esta mesma versão, o verdadeiro Bardiya teria sido assassinado pelo irmão Cambises antes da campanha no Egito.
Heródoto ( Nas suas histórias romanceada do falso Esmérdis, Heródoto não se afasta desta versão nos fatos essenciais somente em detalhes. Isto não significa absolutamente que a versão de Dario seja verdadeira. A inscrição de Behistum é um texto de propaganda cujo fim é apresentar Gaumata-Basdiya como um impostor, um usurpador e subversor do direito hereditário legítimo de Dario ao trono Aquemênida. A verdade fatual pode ser bem diferente: tudo indica que o usurpado seja o próprio Dario, um dos principais líderes militares.
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