Buscar

IED PROCESSUAL I - Resumo Diana

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

IED PROCESSUAL I
AULA 01/08
PROPEDÊUTICA PROCESSUAL: CONCEITOS BÁSICOS 
Tais conceitos não são necessariamente ligados à área jurídica, sendo alguns deles considerados pré-jurídicos.
NECESSIDADE - Necessidade é a falta de algo, ou seja, é uma situação de carência, representando a ruptura do equilíbrio. É a relação de dependência do homem com certos elementos necessários para sua sobrevivência e bem estar. O elemento capaz de satisfazer as necessidades humanas são os bens, que podem ser materiais ou imateriais (água, comida, amor, paz, etc).
UTILIDADE - Utilidade é a capacidade ou aptidão de um bem em satisfazer as necessidades de um homem. A utilidade se faz através de um juízo de valoração, para que possamos saber se um bem é útil ou não. 
INTERESSE - O interesse é a posição favorável á satisfação de uma necessidade. Se percebemos que determinado bem é útil para satisfazer suas necessidades, surge o interesse. O interesse é o vinculo que entre o homem e o bem (o homem com suas necessidades e o bem com sua utilidade).
OBS: Homem E Necessidades (Infinitas) + Bem E Utilidade (Finitos).
-Interesse Imediato: O interesse é imediato quando o bem é capaz de satisfazer diretamente uma necessidade. Um exemplo é quando estamos com sede e tomamos um copo de água para satisfazermos imediatamente a nossa necessidade.
-Interesse Mediato: É quando um bem não satisfaz diretamente a nossa necessidade, apenas de forma indireta. Um exemplo é quando estamos com sede, não tenho um copo de agua, porém tenho dez reais, portanto utilizarei o dinheiro para comprar água.
-Interesse Individual: Diz-se que o interesse é individual quando o bem é capaz de satisfazer as necessidades de um individuo (pessoa considerada individualmente). 
-Interesse Coletivo: É quando um bem tem a capacidade de satisfazer as necessidades de um certo grupo/coletividade. Um exemplo é quando a associação de PMs da Bahia entra com uma ação para receberem gratificações do Estado. 
CONFLITO DE INTERESSES - É quando há dois ou mais interesses conflitantes, que podem ser de duas ordens: o conflito subjetivo e o conflito intersubjetivo.
-Conflito de Interesses Subjetivo: O conflito de interesses é subjetivo quando há interesses conflitantes de um único indivíduo. Logo, o mesmo homem tem dois ou mais interesses diferentes e conflitantes, tendo como um exemplo uma situação que o individuo quer comprar dois sapatos, porém só tem dinheiro para comprar um.
-Conflito de Interesses Intersubjetivo: Quando o conflito de interesses envolve duas ou mais pessoas, dizemos que o conflito é intersubjetivo. É esse tipo de conflito que interessa ao Direito. 
PRETENSAO - Sempre que falamos sobre conflito de interesses, a ideia é a de pretensão. Pretensão é a exigência de subordinação do interesse de outrem a seu próprio interesse (quero que o meu interesse prevaleça sobre o do outro). O conflito de interesses se dissolve quando a pretensão de certo indivíduo prevalece (quando A discute com B sobre quem detém a posse de um computador e B concorda que A é o dono do computador).
RESISTÊNCIA - A resistência é o ato contrário a pretensão. A resistência se subdivide em resistência em sentido estrito e insatisfação.
-Pretensão Resistida/Sentido Estrito: É quando se discute a titularidade de um bem. Um exemplo é quando A e B discutem a quem pertence o computador e, por isso, ambos vão a juízo. O magistrado terá de usar de técnicas cognitivas para definir quem é o titular do bem.
-Pretensão insatisfeita/Insatisfação: É quando a titularidade já é certa, sendo discutido apenas a fruição desse bem. Um exemplo é quando A reconhece que o computador é de B, porém não aceita que B faca uso desse objeto, levando a situação á juízo. Outro exemplo é quando um individuo compra um objeto e não paga o valor completo. O magistrado terá que usar técnicas executivas para compensar a parte desfavorecida (penhora de bens, bloqueio de bens).
LIDE - Lide é um conflito de interesses/litígio intersubjetivo qualificado por uma pretensão jurídica resistida ou insatisfeita deduzida em juízo. A lide precisa ser resolvida, existindo diversas formas de composição/resolução da lide, que são:
-Jurisdição: Na medida em que o Estado tomou o poder de resolver conflitos, o mesmo utiliza, via de regra, a jurisdição. A jurisdição é a forma estatal da resolução de conflitos/composição da lide. A jurisdição, em regra, é inerte, sendo necessário que as partes levem a situação á juízo.
OBS: É discutido se a jurisdição só é exercida quando há conflito, pois existem casos em que não há conflito, porém é necessário que a situação passe pelo crivo do Poder Judiciário, como em casos de divórcio consentido (não há um conflito de interesse) por ambas as partes, sendo que o casal tem um filho. Ou seja, a jurisdição seria uma forma de resolver situações conflituosas ou não que são levadas a juízo.
-Ação: É o direito apto a provocar a jurisdição. Todos nós temos o direito de ação.
-Processo: A jurisdição precisa ser instrumentalizada, logo, o processo é o instrumento pelo qual se exerce a jurisdição e se desenvolve o direito de ação. É uma série de atos que se prolongam com o objetivo de chegar em uma decisão e resolução final.
OBS: Os processos são entes abstratos, cujas versões materializadas são os autos do processo. 
2. DIREITO MATERIAL X DIREITO PROCESSUAL 
O direito material traz as regras de conduta/regras do dever ser. Se um direito material for cumprido naturalmente por todos, não haveria necessidade de se instaurar o processo e o direito processual não existiria. Sempre que houver uma lesão ou ameaça ao direito material, surge a necessidade de instauração de um processo, consequentemente gerando o Direito Processual. O direito processual é a instrumentalização e efetivação do direito material. Para que o processo seja instaurado, é necessária a criação de normas e requisitos que devem ser preenchidos e cumpridos. 
SUJEITOS DO CONFLITO X SUJEITOS DO PROCESSO – Normalmente, os sujeitos do conflito, no âmbito do direito material, são os mesmos dos sujeitos do processo (A discute com B sobre algo, havendo um conflito cujos sujeitos são A e B, tanto no âmbito processual quanto no material/legitimidade ordinária). 
 Entretanto, é possível que não haja essa coincidência, e isso se dá nos casos de legitimidade extraordinária, não havendo relação entre os sujeitos do conflito e sujeitos do processo. Um exemplo é quando A é filho de B e a mãe de B vai ao MP para que o mesmo ingresse com a ação. Ou seja, os sujeitos do conflito (A e B) são diferentes dos sujeitos do processo (A e MP)
INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO – O direito processual não é um fim em si mesmo, pois serve para efetivar o direito material. A relação entre direito material e direito processual é circular e simbiótica, pois ambos necessitam um do outro, não havendo hierarquia entre esses ramos. 
3. Sociedade e Tutela Jurídica
É imprescindível a existência de normas, para garantir a paz social. A realização dessa paz social pelo ordenamento jurídico é o que chamamos de Tutela Jurídica, que é justamente a realização da paz social através das Normas.
A Tutela Jurídica deve ser entendida como um gênero, e pode se dar em dois momentos:
Estático: É representado pelo Direito Material (as regras de conduta, as regras do dever ser). Como já dito, se esse direito material fosse cumprido normalmente, não existiria o processo.
Dinâmico: É representada pelo Direito Processual; é o momento em que a parte que se sentiu lesada irá movimentar o Estado para garantir a tutela de seus direitos, e isso se dá pelo Direito Processual. Também é conhecida por Tutela Jurisdicional.
A Tutela Jurisdicional pode ser conceituada como: O reconhecimento de uma situação jurídica, amparada pelo ordenamento material. Sempre que houver o reconhecimento desse direito material levado a Tutela Jurídica, haverá a Tutela Jurisdicional. Entretanto, existem hipóteses em que não existe este fim; em que o processo se finda de maneira anormal. Nos casos, portanto, em quese extingue o processo de maneira anormal, sem resolução do mérito, sem análise do Direito Material discutido, não há Tutela Jurisdicional.
Obs.: Haverá Tutela Jurisdicional nos casos de Improcedência? Sim, porque houve a análise de mérito, houve o reconhecimento do Direito Material, porém, em favor do réu. Quando se extingue o processo com resolução de mérito. Tem se a chamada Coisa Julgada Jurisdicional.
Existem situações em que a Tutela Jurisdicional não vai se exaurir com o simples reconhecimento do Direito, é preciso que haja a efetivação prática desse Direito, que aquilo surta em resultados práticos. 
Tutela Jurisdicional Diferenciada: 
As situações intersubjetivas que são tuteladas pelo Direito Material são variadas. Também vimos que o Direito Processual não é um fim em si mesmo. Se essas situações são diversificadas, o D.P. precisa se adequar a essa diversidade do D.M. Isso compõe a Tutela Jurisdicional Diferenciada, que seria a proteção normativa processual a determinadas situações, que dadas as suas peculiaridades, são diferentes ao comum.
AULA 15/08/17 
1. Acepções do termo Processo (Cap.1 Livro de Fredie)
O termo “Processo” afigura inúmeras acepções. O processo que iremos estudar é o Processo Jurisdicional, mas traremos aqui 3 acepções trazidas por Fredie Didier. 
- Processo como fenômeno da Teoria Geral do Direito
Toda norma jurídica advém de um debate prévio, ela não surge do nada, ela se constrói processualmente. Então eu posso dizer que o Processo é a forma pela qual se constrói as normas processuais, a forma pela qual se constrói o próprio direito. Posso dizer que por essa acepção, o Processo funciona como um mecanismo de controle das normas.
- Processo como Fato Jurídico (Ato Jurídico complexo)
Mais especificamente, como um Ato Jurídico; um ato de vontade humana, tendente à produção de efeitos. E este Ato Jurídico que é o processo é um Ato Jurídico Complexo, pois dentro do ato processo, existem inúmeros atos, dai dizer que esse ato é complexo. Nessa acepção, o Processo é entendido como sinônimo de “Procedimento”; é uma série concatenada de atos que se prolongam no tempo.
Por essa acepção, estamos estudando o processo pelo plano da Existência. 
- Processo como Relação Jurídica (complexa)
Esse ato jurídico tende a produzir efeitos, tendo como principal efeito, o surgimento de relações jurídicas. Portanto, essa acepção vê o processo como uma Relação Jurídica, sendo essa Relação Jurídica também complexa, pois dentro do Processo, há inúmeras Relações Jurídicas. 
2. Teoria Geral do Processo (?*)
*Haveria essa possibilidade de se traçar uma teoria geral do processo?
- Teoria
A teoria é um corpo sistematizado de conceitos. Alguns autores entendem que toda teoria já seria geral, por ser teoria, já incide uma generalização. E há autores com Fredie Didier, que entendem que o fato dela ser teoria, não significa que ela seria geral, pois existem teorias gerais (um conjunto de elementos diversos), teorias individuais (tem por objeto um elemento específico) e teorias particulares (tem por objeto elementos com a mesma característica), enquanto outros acreditam que toda teoria é geral.
-Teoria Geral do Processo: A Teoria Geral do Processo, que também possui cunho doutrinário, é o ramo de pensamento epistemológico, não estando ligado a dogmática, tendo como objeto a ciência do direito processual civil. Ele visa a elaboração, articulação e sistematização de conceitos lógico jurídicos (conceitos obtidos a priori e de cunho universal).
-Ciência do Direito Processual Civil:  A Ciência do Direito Processual Civil é doutrinária, sendo o ramo do pensamento dogmático que tem por objeto o Direito Processual Civil, estando ligado a dogmática. Esse ramo visa a elaboração, articulação e sistematização de conceitos jurídicos positivos.
-Direito Processual Civil: Direito Processual Civil tem cunho normativo, sendo o conjunto de normas que disciplinam o processo civil. Os artigos do CPC são os que compõem o Direito Processual Civil
Pra sabermos se há uma teoria do processo, precisamos partir do estudo de dois conceitos:
- Conceito jurídico-positivo 
São construções normativas obtidas a partir de um real e determinado ordenamento jurídico. São conceitos obtidos a posteriori; eu preciso conhecer o ordenamento, pra só depois extrair esses conceitos positivos. Esses conceitos se inserem no campo da dogmática jurídica, ou seja, no estudo interno do Direito. Portanto, são conceitos do Direito, e não da Ciência do Direito.
- Conceito lógico-jurídico
Ao contrario do jurídico-positivo, são construídos a priori, são alheios a qualquer realidade determinada. Tem como característica a pretensão universal, não se vinculam a variações do Direito Positivo.
Obs.: Apesar de serem conceitos obtidos a priori, são conceitos provisórios, pois podem ser modificados ao longo do tempo, já que o Direito não é uma ciência imutável. 
Esses conceitos estão ligados aos pressupostos do saber científico, possuindo caráter epistemológico. 
O dever jurídico e o sujeito jurídico são exemplos de conceitos lógicos-jurídicos, que servem para a elaboração de uma teoria geral. 
É, portanto possível falar da Teoria Geral do Processo? Há autores que dizem que não existem valores tão amplos que consigam abarcar toda a generalidade dos processos. E tem outros autores que entendem que é possível sim, falar de uma Teoria Geral do Processo, desde que esta Teoria aborde apenas conceitos lógicos jurídicos. 
Obs.:
Direito Processual Civil: É de cunho normativo; são as normas que disciplinam o direito processual civil.
Ciência do DPC e TGP: Ambos são de cunho doutrinário. Esta ligado a dogmática, que tem por objeto o Direito Processual Civil. Esse ramo esta ligado a dogmática, e visa a elaboração, articulação e sistematização de conceitos jurídicos positivos. Já a Teoria Geral do Processo é um ramo do pensamento cientifico ligado à epistemologia, não a dogmática, e tem por objeto a Ciência do Direito Processual. Esse ramo visa à elaboração, articulação e sistematização de conceitos lógico-jurídicos.
Bibliografia: “Sobre a Teoria Geral do Processo, essa desconhecida” por Fredie Didier
3. Evolução da Ciência do Processo
A história do Direito processual é dividida em fases:
1) Sincretismo/Praxismo/Imonentismo 
Essa fase vai até a segunda metade do Séc. XIX. Nessa fase, o Direito Processual era visto como parte integrante do Direito Material, não era estudado como ciência, era o direito material em pé de guerra. Essa fase vai até a obra de um ator alemão chamado de Oskar Von Bulow, que é quando ingressamos na fase seguinte.
2) Autonomia/Processualismo/Cientificismo 
Foi uma fase marcada pelo pensamento e obra de Oskar Von Bulow. Há uma distinção da relação jurídica processual com a relação jurídica material, passando a estudar o Direito Processual como ciência, possuindo autonomia. Portanto, passa-se a estudar o Direito Processual de forma autônoma, como ciência. Nessa fase, foi necessária uma separação abrupta entre o direito material e o direito processual. Para que o D.P. fosse enxergado como Ciência, ele deveria ser visto de maneira distante do Direito Material. Inúmeros estudiosos passaram a se debruçar sobre o estudo dessa ciência, e algumas teorias surgiram nessa fase, destacando-se duas teorias:
Duaslista: Tem como principal representante um autor chamado Giuseppe Chiovenda. Os adeptos dessa teoria pregam que existe uma divisão nítida entre o D.P. e o D.M., porem o D.P. não traria nada de novo, apenas trazendo os comandos da lei, trazendo o que já estava previsto no Direito Material, sendo de cunho meramente declaratório.
Unitária: Vai um pouco além; reconhece que há uma cisão entre eles, mas o D.P. não teria um caráter meramente declaratório, ele traria um acréscimo, já que o D.M. não é capaz de tratar de todas as situações do ordenamento, então ele atuaria ai, com um caráter construtivista. 
Essa fase vai até, aproximadamente, a década de 50.
3) Instrumentalismo
Aqui, passa-se a perceber que o processo não éum fim em si mesmo, mas é um objeto de instrumentação de efetivação do direito material. Essa fase é, portanto uma fase de reaproximação do D.P. e D.M., mas não uma completa união. Portanto, tal fase marca uma reaproximação entre direito material e processual, sem que houvesse a perda da autonomia do direito processual. Processo não é um fim em si mesmo. Algumas questões sociais passam a ser levantadas (aspectos sociais do processo), e é nessa fase que surge as Ondas Renovatórias de Acesso à Justiça, que tem por principal nome, Mario Capeletti. Três foram as ondas de acesso a justiça:
1) Reflete a preocupação de acesso a justiça aos necessitados; aquelas pessoas que não tinham condição de pagar as custas de um processo.
2) Reflete uma preocupação com os interesses coletivos; nosso sistema foi todo concebido para tutelar interesses individuais, e com o tempo, foi necessário o surgimento de instrumentos capazes de tutelar esses interesses. 
3) Reflete uma preocupação com a simplificação das formas; uma diminuição do formalismo. Esse formalismo não pode ser levado ao extremo, não pode ser um formalismo exacerbado.
4) Neoprocessualismo/Formalismo-valorativo
Uma ultima fase que teria ingressado nas ultimas duas décadas. Outros doutrinadores entendem que o Direito Processual deve ser estudado à luz de novos paradigmas, entrando, portanto nessa nova fase. 
É a fase contemporânea do Direito Processual. É o estudo do Direito Processual sob a luz de novos valores e paradigmas, sendo uma fase marcada por aspectos éticos, onde questões éticas passam a ser inseridas no Direito Processual (Boa-Fé e Lealdade Processual, Princípio da Cooperação, etc). É também chamado de formalismo valorativo, pois a formalidade é importante, porém deve haver uma análise sobre até que ponto é necessário o formalismo.
4. O Direito Processual contemporâneo
- Texto X Norma
A norma é um texto interpretado. Desse modo, de um único texto, eu posso extrair inúmeras normas. E aqui, não se pode mais negar o papel criativo do magistrado. O magistrado cria normas através de um processo jurisdicional.
- Princípio como Norma
A pouco tempo atrás, entendia-se os princípios como meras fontes supletivas, como dito no Art.4º da LINDB, “vou recorrer a princípios, se não houver uma regra que estipule uma saída aquilo”.
- Jurisprudência como Fonte
Seria a reiteração de normas concretas. A pouco tempo atrás surgiram as Súmulas, mais especificamente, as Súmulas Vinculantes. Como textos que são, elas precisam ser interpretadas para que estas virem Normas. Portanto, isso não tira o papel criativo do magistrado, ele terá que interpretar um novo texto. 
- Conceitos Jurídicos indeterminados/Cláusulas Gerais
Os textos jurídicos antigamente eram muito minuciosos, não acompanhando as mudanças sociais, fazendo com que o processo legislativo ficasse defasado. Por isso, o legislador passou a utilizar conceitos mais abertos em suas leis, dando ao magistrado maior espaço interpretativo, com o intuito de dinamizar a harmonização entre o mundo normativo e o mundo social. 
(i) Os Conceitos Jurídicos Indeterminados teriam uma abertura na hipótese fática, enquanto consequência normativa está prevista em lei. Ou seja, a abertura se daria apenas na hipótese fática.
(ii) As Clausulas Gerais possuem uma abertura tanto na hipótese como na consequência da hipótese, deixando nas mãos do magistrado as medidas que o mesmo julgar cabíveis para a situação do caso concreto.
- Força Normativa da Constituição (Direitos Fundamentais)
O processo vai entrar como um instrumento para garantir a efetivação desses Direitos Fundamentais. Além disso, existem determinados direitos de cunho processuais que estão garantidos na constituição, e que são também de cunho fundamental, a exemplo do Devido Processo Legal. Portanto, existem Direitos Fundamentais Processuais.
- Processo Civil X Processo Penal (Reaproximação)
Há muito tempo, esses ramos eram marcados por princípios antagônicos, na qual o processo civil era marcado pelo princípio dispositivo, porque quem ocupava o papel central do processo eram as partes, tendo o juiz um papel secundário, enquanto no Processo Penal era marcado por um princípio inquisitivo, na qual o juiz ocupa um papel central e as partes, um papel secundário. 
Hoje em dia, isso está superado, já que o papel do juiz é muito importante no Processo Civil, assim como as garantias processuais das partes devem ser respeitadas no Processo Penal. Essa dicotomia hoje está superada, temos hoje então um princípio cooperativo, na qual todos os sujeitos envolvidos no processo devem cooperar para o desenvolvimento do processo. Além disso, o processo penal se contentaria com uma verdade real, (...)
Bibliografia do tópico: O texto: “Processo Civil e Processo Penal: Mão e Contra Mão?” de José Carlos Barbosa Moreira. 
- Tutela Individual X Tutela Coletiva
Com o passar do tempo, se tornou necessária a proteção de interesses coletivos, havendo a criação de ações como a Ação Civill Pública e o MS Coletivo, por exemplo, existindo os dois tipos de tutela no Direito Processual brasileiro.
- Civil Law X Common Law 
Hoje não podemos dizer que o Brasil é adepto de um ou de outro. Hoje, o Brasil tem características de ambos os sistemas, estando essa dicotomia superada.
Bibliografia: Parte I do Livro “Curso sistematizado de Direito Processual Civil” de Cassio Scarpinela 
AULA 03 (29/08)
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PROCESSUAL NO BRASIL
O Direito Processual Brasileiro passou por todas as fases do Direito Processual, porém tal evolução se deu de forma mais lenta no Brasil em relação a Europa.
ORDENAÇÃO DO REINO
No âmbito processual, se destacavam as Ordenações Filipinas, que possuíam fortes influencias do Direito Canônico, onde as partes ocupavam o papel central (processo dispositivo). No âmbito criminal, era permitido o castigo corporal, sendo um processo baseado nas atrocidades. O Código Criminal surge em 1830, banindo certas penas cruéis antes vigentes nas ordenações filipinas.
Código do Processo Criminal (1832)
No âmbito criminal, era marcado por atrocidades, por castigos corporais. A Constituição de 1824 tentou reduzir esses castigos corporais. Em 1830, surge o primeiro Código Criminal do império, que reduziu esse número de castigos corporais. E em 1832, surgiu o Código de Processo Criminal, que tinha um anexo, que tratava da administração provisória da justiça. Muitos Art. desse anexo foram suprimidos ao longo dos anos 40.
Regulamento 737 (1850)
Surgiu no mesmo ano que o Código Comercial. Tratava apenas do processo comercial, como se fosse uma espécie de Código do Processo Comercial. Foi um diploma que deu certo no âmbito comercial.
Consolidação das Leis do Processo Civil/Ribas (1876)
No âmbito civil, continuavam as ordenações filipinas, tendo apenas leis esparsas referentes a área civil. No entanto, esses leis civis esparsas foram reunidas em uma Consolidação, a chamada Consolidação das Leis do Processo Civil ou Consolidação Ribas, referente à seu autor, Antonio Joaquim Ribas.
Extensão do Regulamento 737 às causas civis (1890)
Umas das primeiras medidas do Governo Republicano foi a expansão do regulamento 737 às causas civeis, passando a regulamentar também, portanto, as causas civeis.
Constituição Republicana de 1891: dualidade de processo
A grande marca da Const/1891, no âmbito processual, é a dualidade de processo, que dizia que tanto a União, quanto os Estados membros, poderão legislar sobre processo. Alguns Estados, de fato, legislaram sobre o processo, mas outros, não deram muito certo quanto a sua tentativa de criar uma legislação. Hoje, apenas a União pode legislar sobre processo.
CPC (39) x CPP/41
Eis que surge então o Código do Processo Civil, em 1939, inspirado no Código de Processo na Bahia. 
Vinda de Enrico Tullio Liebman para o Brasil (1940)
Em 1940, Enrico Tullio Liebman chega ao Brasil, num momento onde o direito brasileiro ainda era praxista e adepto do sincretismo, não havendo estudos sobre o Direito Processual. Juntamente comseus alunos, Enrico fundou a Escola Processual de São Paulo, passando a se dedicar ao estudo do processo como ciência. Com isso o Brasil ingressa em uma nova fase, que é o Processualismo/Cientificismo. 
CPC/73
Enrico e seus alunos passaram a fazer críticas sobre o CPC de 39. No governo de Jânio Quadros, foi nomeado Alfredo Buzaid para ser o responsável pela elaboração do ante projeto de um novo CPC, que foi o CPC/73, também chamado de Código Buzaid, sendo o mesmo um discípulo de Liebman. O CPC/73 ainda era muito individualista não havendo preocupação com a tutela coletiva, individualidade e com os aspectos sociais, não havendo ainda a entrada no Instrumentalismo.
CF/88 e Reformas
Apenas na década de 80 que entramos na fase do Instrumentalismo, com a criação da Lei da ACP (7347/85) e a criação da CF/88. Para se adaptar com a nova realidade da CF, o CPC de 73 passou a sofrer inúmeras reformas, firmando a nova fase do Instrumentalismo. O CPC sofreu diversas mudanças em suas características e a implantação de inúmeras leis novas, que afetavam um pouco a organização do CPC. 
Novo CPC (2015)
Com a necessidade de se adaptar às novas questões éticas e ratificar o ingresso na nova fase do Neoprocessualismo, foi promulgado em 2015 o novo CPC, justamente para atender as demandas atuais da sociedade, implantando os princípios da Igualdade Processual, Boa-Fé Objetiva Processual, etc.
BIBLIOGRAFIA DO ASSUNTO: 
- Capítulo “O Processo em Direito Processual” do livro TEORIA GERAL DO PROCESSO de Ada Pelegrini Grinaud.
- Capítulo 7, “Passado e futuro do direito processual no Brasil: tendências” do livro INSTITUIÇÕES DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL: VOL. 1 de Candido Rangel Dinamarco. 
NORMA PROCESSUAL
1. Aspectos Gerais
Norma pode ser entendida com uma regra de conduta ou de atribuição de bens. Podem ser de diversas ordens: existem normas morais, normas jurídicas, etc. O que importa aqui são as normas jurídicas, pelo seu caráter impositivo. A norma jurídica pode ser de duas formas:
Normas de Direito Material: é uma norma de conduta, norma do “dever ser”.
Normas de Direito Processual: São as normas de solução de conflitos. Só surge se houver ameaça ou violação às normas do Direito Material. 
2. Objetos e espécies
O Objeto da norma processual é o modo processual de resolver conflitos. O que caracteriza uma norma como processual é o seu objeto, e não o local que está inserida a norma. E ai surge os chamados Institutos Bifrontes, que tem dupla regência, são regidos tanto pelo Direito Processual quanto o Direito Material. Tem autores que falam das chamadas Normas Processuais Heterotópicas, que estariam no regimento de Direito Material, mas que seriam puramente Processuais. Já há autores que entendem que estas normas são híbridas. 
Três são as espécies de normas processuais:
 Normas de Organização Jurídica
São aquelas que tratam da criação dos órgãos judiciais e seus auxiliares. Os estados membros podem legislar sobre Normas de Organização Judiciária. 
 Normas processuais em sentido estrito
Tudo que disser respeito à relação jurídica processual, seria Norma Processual em sentido estrito, sendo, portanto competência privativa da União.
 Normas Procedimentais
União e estados membros podem legislar sobre procedimento. Tudo que disser respeito ao procedimento, ao tempo, ao lugar, a forma dos atos processuais, seria norma procedimental, podendo ser elaboradas pelos Estados membros. 
BIBLIOGRAFIA: “COMPETENCIA SUPLEMENTAR PARA LEGISLAR SOBRE INTIMAÇÃO PESSOAL DO PROCURADOR DO ESTADO” 
Para a prova: Ler livro de Paula Sarno, Pag.217 a 248.
3. Normas Processuais Cogentes X Normas Processuais Dispositivas
As Normas Processuais são sempre normas de Direito Público, porque há a interferência direta do poder do Estado nas relações processuais. Independentemente do Direito tratado no processo envolver uma relação privada, as normas de direito processual serão, necessariamente, de Direito Público. 
Entretanto, o fato de ser norma de Direito Público não significa, necessariamente, que as normas processuais serão cogentes, ou seja, de ordem pública.
Norma Cogente é aquela que goza de imperatividade absoluta, não deixa nenhuma margem para a deliberação das partes. Já as normas dispositivas, são normas que não gozam de imperatividade absoluta, que deixam certa margem para as partes deliberarem.
As normas processuais são cogentes, mas não apenas cogentes, pois existem normas processuais que são dispositivas, que dão essa margem para a deliberação.
4. Fontes
- CF
Todo ordenamento deve guardar uma congruência com a Constituição Federal, que no âmbito Processual não poderia ser diferente. 
- Tratados Internacionais
Há alguns tratados internacionais, da qual o Brasil é signatário, que trata de Direitos Processuais.
Ex.: Cumprimento da Carta Rogatória.
- Leis Federais
Tanto Leis Ordinárias quanto Leis Complementares. Aqui entra aquela questão, se for normas processuais, serão leis federais, se for procedimentais, é possível que leis estaduais versem sobre elas.
- Constituição e Leis Estaduais
Já falado anteriormente.
- Regimentos Internos dos Tribunais
No âmbito dos Tribunais Superiores, é sempre de interesse ler seus regimentos internos. 
- Jurisprudência 
Existem precedentes que tem cunho vinculante, existem súmulas vinculantes, ambos de cunho processual, então não se pode negar a jurisprudência como fonte.
- Negócios Jurídicos Processuais
Hoje em dia, é possível que as partes possam deliberar e negociar como ocorrerá o processo, de forma expressa no Artigo 190 do CPC/15.
- Usos e Costumes
Práticas reiteradas durante o processo servem como fontes da norma processual.
- Doutrina
Os grandes autores de direito processual, através de teses e doutrinas diferenciadas, servem como fontes para a norma processual.
5. Interpretação e integração da Lei Processual
Os textos legais também precisam ser interpretados para que se tornem normas. Mesmo diante de textos claros, é necessária a interpretação.
-Método Literal: Deve haver um grande cuidado com as palavras contidas na lei, havendo uma preocupação com o significado das palavras, tendo nas palavras um ponto de partida e um limite para a própria interpretação (Exemplo: A idade mínima para ser governador, 29 anos)
-Método Logico-Sistemático: O intérprete deve ter um cuidado maior com o conjunto normativo a ser examinado e interpretado. De acordo com Eros Grau, “não devemos interpretar o Direito em tiras” (Exemplo: Artigo 60, Parágrafo 4º, Inciso IV, pois se analisarmos através do método gramatical, não teremos como analisar todos os Direitos Fundamentais).
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
IV - os direitos e garantias individuais
-Método Histórico: É a análise do contexto histórico da Lei, através da pesquisa das datas, entrevistas e anais para entender as intenções do legislador que criou a Lei, a busca pela “Volunta Legislatoris”/Vontade do Legislador.
-Método Comparativo: É a interpretação com base nas diferentes normas entre os ordenamentos jurídicos de países diferentes.
-Método Teleológico: Busca a finalidade, onde em vez de ser pesquisada a vontade do legislador, há a preocupação com a vontade da lei (Voluntas Legis) e a sua finalidade, tendo como exemplo a finalidade da Lei Maria da Penha, em situações onde um transexual quer ser tutelado pela lei, e a questão da união estável entre 3 mulheres. 
Podemos chegar a 4 resultados, com base nos métodos de interpretação, que são:
-Resultado Declarativo: O resultado declarativo é a conclusão de que a lei é exatamente aquilo que estava escrito em seu texto.
-Resultado Extensivo: Resultado extensivo é quando a lei diz menos do que deveria, havendo a necessidade do intérprete de dar um alcance maior a lei.
-Resultado Restritivo: Entende-se que o legislador disse mais do que deveria, havendo uma restrição no sentido da lei.
-Resultado Abrrogante: O intérprete entende que a lei não poderá maisser aplicada, havendo a revogação.
OBS: O juiz não pode deixar de julgar alegando uma lacuna jurídica ou obscuridade da lei, o que está presente no Artigo 140 do CPC. Caso haja uma lacuna, o mesmo irá julgar com base na analogia, nos princípios e nos costumes.
Art. 140.  O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único.  O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
6. Lei Processual no Espaço
A lei processual disciplina a jurisdição, uma das funções do Estado. Ou seja, a lei só poderá ser aplicada no país que a edita. No âmbito da Lei Processual no Espaço vige o Princípio da Territorialidade, vedando a aplicação de leis estrangeiras em processos brasileiros. No Direito Processual, essa territorialidade é mais rígida e estrita do que no âmbito do direito material. O artigo 13 da LINDB é uma exceção ao Princípio da Territorialidade Estrita, de acordo com uma parcela da doutrina. 
(LINDB) Art. 13.  A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
7. Lei Processual no Tempo 
No âmbito do Direito Processual em relação a eficácia da Lei Processual no Tempo é o Princípio da Irretroatividade/Tempus Regit Actum, não podendo retroagir para atingir situações jurídicas já consolidadas e antes de sua vigência. Pelo fato do processo ser uma concatenação de atos que se prolongam no tempo, há uma certa demora para a conclusão dos processos, havendo um problema em relação a mudança das leis processuais durante o processo.
a) Processos Findos
São processos que já transitaram em julgado. Se o Processo A acabou em 2015 e com o Novo CPC surgiu a Lei X, não será aplicada mais a Lei X e sim a vigente na época.
b) Processos Futuros
Processos que ainda irão acontecer. Todos os processos iniciados após o início de vigência da lei nova estarão sob aplicação da nova lei processual.
c) Processos Pendentes
É quando surge uma lei nova durante o andamento do processo. Existem três sistemas possíveis, que são:
 Sistema da Unidade Processual: prega que o processo é um todo indivisível, só podendo ser aplicada uma única lei ao longo de todo processo, ou seja, via de regra a lei que iniciou o processo vai até o final. Ou então a lei nova iria retroagir para julgar atos passados. É um sistema que não foi adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro.
 Sistema das Fases Processuais: prega a ideia que o processo é dividido em fases que, de acordo com a maioria doutrina são: (a) Fases Postulatórias, onde se concentram os atos postulatórios, que pedem algo; (b) Fase de Saneamento, em que o processo é saneado, onde o juiz identifica alguma irregularidade, pode antecipar o julgamento da lide, etc; (c) a Fase Instrutória, que é a fase de produção de provas testemunhais, documentais, periciais etc; e a (d)Fase Decisória, que é a fase onde o magistrado irá fazer a decisão.
Para essa teoria, se surge uma lei processual nova, ela só será aplicada na fase subsequente. Ou seja, se estou no meio da fase instrutória com a Lei A e a Lei B é criada durante esta fase, será aplicada a Lei B só na Fase Decisória. Este é um sistema que também não foi adotado pelo sistema jurídico brasileiro.
 Sistema do Isolamento dos Atos Processuais: consiste na ideia de que os atos processuais devem ser vistos de forma isolada. Ou seja, se surge uma lei processual nova, a mesma será aplicada no ato subsequente. Se estamos na parte de provas documentais sob vigor da Lei A e surge a Lei B que muda a forma de produzir a prova pericial, o próxima ato, que é a prova pericial, mesmo dentro da mesma fase da prova documental (Fase Instrutória), será feita com base na aplicação da Lei B. Este é o sistema adotado pelo Brasil, como vimos no Artigo 1046 do CPC/15. 
Art. 1.046.  Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
(a)Em relação a prazos, a lei nova não vai incidir sobre atos que já iniciaram seus prazos. O CPC estabeleceu que a contagem dos prazos seriam contados com base nos dias úteis. 
(b) Quanto à validade, a lei nova não atinge a validade ou invalidade sobre um ato já praticado sobre a égide de uma lei antiga.
(c) Quanto aos efeitos do recurso, a lei nova não atinge as admissibilidades e os efeitos do recurso.
 OBS: No Novo CPC não existe mais o procedimento sumário e alguns procedimentos especiais, havendo uma exceção desse sistema no §1º do Artigo 1046 do CPC/15, havendo a aplicação do antigo CPC de 1973. O CPC de 1973 ainda poderá ser aplicado com base no Artigo 1047 (provas requeridas ou determinadas antes da vigência do CPC/15) e 1052 (execuções contra devedor insolvente) do CPC/73.
§ 1o As disposições da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas e não sentenciadas até o início da vigência deste Código.
Art. 1.047.  As disposições de direito probatório adotadas neste Código aplicam-se apenas às provas requeridas ou determinadas de ofício a partir da data de início de sua vigência.
Art. 1.052.  Até a edição de lei específica, as execuções contra devedor insolvente, em curso ou que venham a ser propostas, permanecem reguladas pelo Livro II, Título IV, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
Art. 1.057.  O disposto no art. 525, §§ 14 e 15, e no art. 535, §§ 7o e 8o, aplica-se às decisões transitadas em julgado após a entrada em vigor deste Código, e, às decisões transitadas em julgado anteriormente, aplica-se o disposto no art. 475-L, § 1º, e no art. 741, parágrafo único, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
ACESSO À JUSTIÇA 
Não podemos entender de forma literal esta expressão. Podemos concluir então que a tutela jurisdicional deve ser visto sob três óticas: (i) A tutela jurisdicional enquanto decisão procura em obter do PJ uma decisão e uma resposta. (ii) A tutela jurisdicional enquanto resultado procura obter o resultado prático desejado. Por fim, (iii) a tutela jurisdicional enquanto procedimento prega que deve-se adequar um procedimento adotado abarcando de forma eficaz o resultado prático da decisão por parte do PJ.
 Com as ondas renovatórias do Instrumentalismo, foi passado a estudar o acesso 
PRINCIPAIS OBSTÁCULOS E TENTATIVA DE SUPERAÇÃO 
-Custo do Processo: O processo gera despesas. Portanto, se queremos nos valer de certa atividade jurisdicional, devem haver despesas, tanto para os (i) custos do advogado quanto para a (ii) manutenção do PJ. Esse valor atribuído às causas serve de parâmetro para as custas do processo. Ou seja, quanto maior a causa do processo, maior as custas do processo que deverão ser pagas ao PJ. Via de regra, não existe o jus postulandi pessoal, sendo necessária a atuação de um advogado, havendo a necessidade dos pagamentos dos honorários advocatícios.
 Outro aspecto dos custos do processo são os (iii) honorários sucumbenciais, que são os honorários que são devidos pela parte perdedora do processo para a parte vencedora, eles geralmente são representados por valores econômicos , através de ações indenizatórias. 
OBS: O advogado vencedor recebe do réu por fora 10%-20% do valor da causa ganha, ou seja caso haja uma vitória de 100.000, o advogado do autor receberá 10.000 por fora do réu, mas caso o advogado do réu prove ao juiz que a indenização é de 70.000 e não 100.000 , o advogado do autor receberá 7.000 do réu enquanto o advogado do réu receberá 3.000 do autor.
 Com o intuito de superar tais obstáculos, foi criada a (iv) Gratuidade Á Justiça, que é um gênero composto por três espécies: o (a) benefício da justiça gratuita, que é quando os hipossuficientes são isentos das custas processuais, não havendo um parâmetro para definir a concessão deste benefício; a (b) assistência jurídica, que é quando um advogado demanda um juízo, fornecidapela NPJ, SAJU, ONGs e a DP; e a (c) assistência judiciária, que é mais ampla, havendo também a consulta e a demanda do juízo por um advogado, fornecida pelo NPJ, DP, ONGs e SAJU.
OBS: Os juizados especiais foram criados para causas menos complexas, que tendem a ser mais rápidas e céleres. Os juizados especiais possuem algumas vantagens, pois não é necessário pagar as custas do processo em 1º grau, não havendo também a necessidade do pagamento dos honorários sucumbenciais, nem a necessidade de pagar um advogado, podendo haver o jus postulandi pessoal. Serve como um estímulo para o acesso à justiça.
-Duração do Processo: Os processos no Brasil são, geralmente, morosos e demorados, que acabam por estrangular os Direitos Fundamentais, pois acabam resultando em acordos nem um pouco razoáveis. Além disso, muitos indivíduos evitam em entrar na justiça temendo a demora do processo. Dependendo das estruturas dos órgãos, pode haver menor ou maior duração do processo.
(i) As tutelas diferenciadas como a ação de alimentos e o MS podem acelerar e tornar o processo mais célere. Os precedentes vinculantes também são fatores que ajudam na diminuição da duração do processo, assim como a conciliação, mediação e arbitragem, que retira a sobrecarga do PJ.
-Disparidade entre Litigante Habitual e Litigante Eventual: (i) Litigante Habitual é quem está litigando em juízo com frequência, como os bancos, planos de saúde, etc. (ii) Litigante eventual são os que eventualmente litigam em juízo, como o cidadão comum. 
 Os litigantes habituais, por terem mais experiência, já conhecem os meandros da justiça, sabendo sobre o processo interno do PJ e possuindo um maior acesso serventuário da justiça. Outro fator que distancia os dois tipos de litigantes é o fato de que devido aos inúmeros processos, é muito mais fácil para o litigante habitual dissolver suas perdas, pois perde e ganha vários casos.
 Cabe ao juiz ou conciliador um papel mais atuante para que haja a diminuição da disparidade, chamada de Paridade De Armas, que consiste na ideia de que o juiz não deve ser parcial, mas sim razoável, promovendo a igualdade sendo imparcial.
-Problema Cultural: É o problema do próprio reconhecimento do Direito. As pessoas, de vez em quando, não tem o reconhecimento de terem um direito, devido ao desconhecimento da população geral e a rápida sucessão de leis.
-Questões Psicológicas: Isto acomete as pessoas menos favorecidas, pois este obstáculo envolve o temor que as pessoas menos esclarecidas tem diante da justiça. A conscientização por parte das pessoas e a aproximação entre justiça e sociedade (tendo como exemplo a Justiça Itinerante) são formas de mostrar que a justiça é feita e aplicada para todos os indivíduos.
-Preocupação Excessiva com a Tutela Individual: O ordenamento brasileiro foi direcionado inicialmente para a tutela de interesses individuais, não havendo ações de tutela coletiva. Apenas depois, que as ações de tutela coletiva como a ACP e a Ação Popular foram implantadas e posteriormente desenvolvidas.
-Formalismo Exacerbado: O formalismo exacerbado, fruto da necessidade de comprovar o direito processual como ciência, acabou, por consequência, afastando os indivíduos do conhecimento sobre o processo. A forma é necessária, porém não de forma exacerbada, que afaste o cidadão do direito.
BIBLIOGRAFIA: Capitulo 2, A LEI PROCESSUAL CIVIL do livro INSTITUIÇÃO PROCESSUAL CIVIL de Candido Rangel Dinamarco
AULA 05 (05/09)
NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL 
1. Devido Processo Legal
Esse princípio está previsto na Constituição, no Art.5º, LIV. No cáp.1 do novo CPC, embora não traga essa expressão de maneira expressa, ela está de forma implícita no Art.8º. Esse princípio é considerado o “princípio mãe”, pois todos os outros princípios advêm desse princípio do devido processo legal. Nelson Neri afirma que tudo que disser respeito ao trinômio: vida, liberdade e propriedade, diz respeito ao Devido Processo Legal. Sua origem remonta a Magna Carta. Por ser uma cláusula geral, por ter essa abertura, é o que permite que seja aplicado ao longo do tempo, em diferentes momentos históricos. Esse princípio se aplica na relação com o Estado, mas também, nas relações privadas (entendimento do STF desde 2005).
Esse princípio possui duas dimensões:
Formal/Procedimental: é uma dimensão puramente processual. É o conjunto das garantias processuais mínimas (ampla defesa, publicidade, etc.). Essa dimensão confina os poderes estatais, no que se refere a forma como os atos devem ser produzidos. Devem ser produzidos observando o contraditório, a defesa...
Material/Substancial: promove o controle da razoabilidade das normas. Aqui controla-se o conteúdo do atos normativos, afastando-se interpretações desarrazoáveis. Essa dimensão é o fundamento dos deveres de Proporcionalidade ou Razoabilidade. 
2. Efetividade
Esse princípio já existia de forma implícita na Constituição Federal, no entanto, o Legislador tratou pela primeira vez de forma expressa desse princípio no novo CPC. Não se pode falar de um devido processo legal sem falar da efetividade. Está na parte final do Art. 4º, a “satisfação” do Direito, a efetivação daquele direito que se está sendo pleiteado. 
3. Eficiência 
O processo, além de efetivo, precisa ser eficiente, garantindo aquilo que está sendo pleiteado com eficiência. Esse princípio está previsto no Art.37, caput da Const. Federal, e no Art.8º do novo CPC, em sua parte final. Esse princípio repercute sobre o poder judiciário em duas dimensões:
Administração Judiciária: A administração dos órgãos que compõe o Poder Judiciário. Aqui é norma de Direito Administrativo.
Gestão/Condução do Processo: o processo deve ser conduzido de forma eficiente, observando-se uma relação vantajosa de custo-benefício. Seria uma versão contemporânea do Princípio da Economia Processual, que prega justamente isso, o processo deve ter o menor tempo possível, sendo o mais eficiente possível. No entanto, deve ser o mais eficiente possível, sem passar por cima de garantias fundamentais.
4. Duração Razoável do processo/Temperatividade/Processo sem dilações indevidas
Esse princípio estava previsto originalmente, no Pacto de São José da Costa Rica, mas que fora incorporado pela Emenda 45/2004, no Art.5º, LXXVIII, e está também em trecho do Art. 4º do novo CPC. Cabe aqui, diante do caso concreto, dizer o que é o razoável. Os doutrinadores trazem alguns critérios para aferir essa duração razoável:
1) A complexidade da causa: causas mais simples tendem a ser mais rápidas, assim como causas de maior complexidade exigem um tempo maior;
2) Comportamento das partes: a depender de como as partes se comportam no processo, ele irá durar mais ou menos. Se a parte quiser atrapalhar o andamento do processo, ela poderá ser punida.
3) Estrutura do judiciário: as varas que são mais estruturadas, tendem a transitar de forma mais rápida.
Alguns autores associam isto ao Princípio da Celeridade, e outros autores vão de encontro a isso. O que se prega é uma duração razoável, e não uma aceleração desenfreada.
5. Igualdade/Paridade entre armas
Está previsto na Constituição, no caput do Art. 5º, e no Capítulo 1, Art.7º do novo CPC. Esse princípio deve ser visto no seu sentido substancial, e não no sentido formal.
Exemplos dessa igualdade substancial:
Inversão do ônus da prova no CDC: Em regra, quem alega deve provar. Em alguns casos, no entanto, quem alega deve provar, havendo a inversão do ônus da prova, dada a hipossuficiência.
Prazos diferenciados: O Art. 183 do novo CPC trata dos Prazos diferenciados dos membros da fazendo pública. O Legislador previu aqui, que a Fazendo pública possui prazos dilatados, em relação aos demais cidadãos. De acordo com o STF, tal Artigo não viola o Princípio da Igualdade, mas sim corrobora o mesmo princípio, já que a quantidade de processos contra o Estado é muito alta, além da burocracia e impossibilidade do MP de se recusar a participar do caso. 
Obs.: Remessa Necessária: Se o Estado perde uma ação, mesmo que não hajauma apelação por parte do Estado, o mesmo será encaminhado para o Tribunal. Isso é a Remessa Necessária, que consiste no fato de que as causas perdidas pelo Estado serão reapreciadas, independente de apelação por parte do Estado, na próxima instancia. O reexame necessário não violaria o Princípio da Igualdade, pois é a primazia do interesse público que deve ser levada em conta.
No CPC de 72, tinha um Artigo, o Art.100, I, que trazia o foro privilegiado para a mulher. Isso queria dizer que a mulher tinha foro privilegiado para a mulher, em caso expresso no inciso, sendo o processo então correndo na comarca residente pela mulher. Com a Constituição/88, que trouxe a igualdade de gênero, mesmo com essa característica, o foro de para a mulher fora mantido por entendimento do STF. No entanto, o legislador do novo CPC, acabou com esse foro (Art.53, I, a). 
6. Contraditório/Audiência Bilateral
O Princípio do Contraditório já estava presente na CF/88, no Artigo 5º, LV. O legislador tratou expressamente deste principio também no Artigo 10, final do Artigo 7 º do CPC. O Princípio do Contraditório é um corolário do princípio do devido processo legal, e significa que todo acusado terá o direito de resposta contra a acusação que lhe foi feita, utilizando, para tanto, todos os meios de defesa admitido sem direito . O contraditório é, portanto, a opinião contrária daquela manifestada pela parte oposta da lide. 
-Dimensão Formal: Diz respeito à participação do processo, do poder de participar do processo.
-Dimensão Substancial ou Material: É o poder de me manifestar no processo e influenciar as decisões do magistrado, evitando o que se chama de decisão surpresa. É a dimensão que serve de fundamento para o direito de ser acompanhado de um advogado.
-Discussões sobre Possíveis Violações do Contraditório: (i) Liminar é um momento do processo, que significa antes da ouvida do réu. Caso seja negada a cirurgia por um plano de saúde, o juiz concede uma tutela antecipada para que haja a cirurgia sem que o réu seja ouvido no período normal, mas sim posteriormente, para que haja cirurgia do indivíduo. A liminar busca beneficiar o interesse maior (bens como a vida e o patrimônio), podendo haver a possibilidade de que o indivíduo que se beneficiou com a liminar possa perder posteriormente o caso. Isto não viola o contraditório, pois haverá a ouvida do réu em momento posterior.
(ii) Conhecimento De Ofício é quando mesmo que a parte não se manifeste, o juiz tomará uma decisão anterior. As decisões de ofício sobre matérias que possam ser conhecidas de ofício ainda devem ter a chance de manifestação das partes, de acordo com o Artigo 10 do CPC.
7. Ampla defesa
A ampla defesa seria o conjunto de meios necessários para o exercício do contraditório. Os conceitos de contraditório e ampla defesa se fundiram, passando a considerarmos a ampla defesa como a dimensão substancial do contraditório, que é o poder de influenciar as decisões durante o processo.
8. Publicidade
O Princípio da Publicidade está previsto no Artigo 5º, LX da CF/88 e nos Artigo 8º e 11 do CPC. O Princípio da Publicidade prega que os atos processuais, em regra, são públicos. Tem como objetivo proteger as partes envolvidas, que tem o direito de saber sobre os atos do processo, e permitem o controle externo (da sociedade) dos atos processuais.
-Dimensão Externa: É a dimensão do processo composta pela sociedade. É possível a restrição deste princípio apenas na dimensão externa, nos casos em que a defesa da intimidade e o interesse social assim o exigirem e nos processos arbitrais, previsto no Artigo 189 do CPC.
-Dimensão Interna: É a dimensão composta pelas partes do processo. É impossível que haja a restrição interna deste princípio, pois as partes envolvidas devem estar sempre cientes dos atos do processo.
OBS: Os processos eletrônicos continuam observando o Princípio da Publicidade.
9. Inafastabilidade do controle judicial
Princípio segundo o qual a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, garantindo o livre acesso ao Judiciário, tendo a parte direito a ver apreciadas pelo juízo competente as suas razões e a ver fundamentadas as decisões que lhes negam conhecimento. Sustenta-se, com fundamento no art. 5º, XXXV, da Constituição (inafastabilidade do controle jurisdicional), que o juiz não pode deixar de julgar uma causa que lhe foi submetida (proibição de juízos de non liquet).
-Tutela Repressiva x Preventiva: Tutela Repressiva é quando já se consumou uma lesão. Já tutela preventiva é para prevenir a lesão.
OBS: A arbitragem não viola o Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional, tema pacificado desde o CPC de 73, pois, no caso concreto, ao exercer a autonomia privada, as partes resolveram o conflito através da via arbitral.
OBS: Não precisa esgotar as instâncias administrativas para chegar na via judicial. A única exceção é o caso de Direito Desportivo, previsto no Artigo 217, 1º da CF.
(CF) § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
10. Jus Natural
Resulta da conjugação dos Artigos 5º, XXXVII e LIII. Possui duas vertentes:
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
-Vertente Formal/Objetiva: Essa corrente se refere a competência. Ou seja, todos tem o direito de serem julgados por um juiz competente, cujas regras de competência devem estar previamente estabelecidas, pois nosso ordenamento veda os tribunais de exceção (a criação de um órgão após o acontecimento de um fato, vide o Tribunal de Nuremberg).
-Vertente Substancial: É uma vertente que diz respeito a imparcialidade e independência dos magistrados. Além de haver o julgamento por um juiz competente com regras de competência previamente estabelecidas, o juiz que irá julgar o caso será imparcial (se divide em imparcialidade objetiva, que é não ter interesse direto na causa; e imparcialidade subjetiva, que é manter-se equidistante das partes envolvidas), e independente.
-Impedimento e Suspensão do Juiz: O Artigo 144 trata dos casos de impedimento, que violam o Princípio do Juiz Natural. O Artigo 145 trata dos casos de suspensão, que também violam o Princípio, sendo critérios mais subjetivos.
OBS: Certos juristas também defendem a Tese do Promotor Natural, e que o juiz do processo administrativo também deverá seguir as regras de competência e imparcialidade.
11. Motivação das decisões judiciais
Está previsto no Art. 93, IX da Constituição e Art.11 do CPC. 
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;                                  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Obs.: Nenhum tipo de decisão abre-se mão da fundamentação, do dizer porque se está julgando daquela forma.
Esse dever de fundamentar as decisões é importante tanto do ponto de vista interno quanto do ponto de vista externo. É importante internamente para que as partes possam julgar eventualmente um recurso, e o órgão julgador saiba se aquela motivação está correta ou incorreta. E também é importante do ponto de vista externo, porque permite o controle das decisões judiciais pela sociedade. 
12. Livre convencimento motivado/Persuasão racional do juiz
Desdobramento do Princípio da Motivação das Decisões Judiciais. O Art. 371 traz sua previsão. Esse princípio quer dizer que o juiz é livre para apreciar as provas constante dos autos, e decidir com base nelas, desde que ele motive a sua decisão. 
Esse sistema fica no meio termo entre dois sistemas:
1) Sistema de provas tarifárias: Prega uma tarifação das provas, ou seja,cada prova teria um determinado valor. A tarefa do juiz seria então meio que de um matemático. Mas esse sistema tira esse poder do magistrado apreciar livremente as provas.
2) Sistema da Intima Convicção: Permite que o magistrado julgue de acordo com a sua intima convicção, independentemente das provas constantes nos autos. No entanto, sabemos que as provas precisam estar, necessariamente, nos autos.
13. Adequação
Esse princípio não está previsto de forma expressa em nenhum lugar.
O processo não é um fim em si mesmo. O processo é um instrumento para a efetivação do Direito Material. Esse princípio prega que o processo deve ser adequado ao Direito Material por ele tutelado, sob pena de negação da própria tutela jurisdicional.
Esse princípio comporta 3 dimensões:
1) Legislativa: aqui, esse princípio se dirige ao Legislador, no momento da elaboração da lei, portanto, ela é sempre prévia e abstrata.
2) Jurisdicional: aqui, ela se dirige a um magistrado, diante de um caso concreto, na qual o magistrado terá que fazer as adequações necessárias.
3) Negocial: essa dimensão também se da diante de um caso concreto, e ela deriva dos Negócios Jurídicos processuais. O nosso CPC trouxe a possibilidade de as partes formularem Negócios Jurídicos sobre o processo, e as partes, formulando esses NJ, podem adequá-los ao Direito Material que está sendo tutelado.
Obs.: Só a primeira dimensão (Legislativa) se dá em caso abstrato, as demais se da em caso concreto, que é chamado de Princípio da Adaptabilidade/Elasticidade/Flexibilidade. Ou seja, nada mais é do que o Princípio da Adequação atuando no caso concreto, nas suas duas ultimas dimensões (Jurisdicional e Negocial).
Esse princípio pode se apresentar sobre 3 aspectos/critérios: 
1) Adequação Subjetiva: O processo ele deve se adequar aos sujeitos do processo; levando em conta o sujeito envolvido. Ex.: Quando o sujeito é Idoso, o processo tem prioridade de tramitação.
2) Adequação Teleológica: O processo vai se adequar aos objetivos que visa alcançar; aos fins sociais que visa alcançar.
3) Adequação Objetiva: O processo deve se adequar a natureza do direito material discutido (Ex.: As ações de alimentos); deve se adequar as situações de urgência (Há casos em que o perigo da demora é flagrante) e as situações de evidencia (A alta probabilidade do direito).
Obs.: Esses 3 aspectos/critérios se aplica as 3 dimensões.
14. Boa-fé processual
Esse princípio recebe bastante ênfase com o novo CPC, essa inserção dos aspectos éticos do processo recebe muita ênfase nesse novo CPC. A Boa-Fé processual está prevista no Art. 5º do nCPC, e a boa-fé trazida aqui é uma boa-fé objetiva. E aqui, essa boa-fé é uma cláusula geral, na qual o magistrado, no caso concreto, irá analisar se o individuo agiu com aquele mínimo ético preciso, não se restringindo apenas ao sujeito, mas a todos ligados ao processo, inclusive o magistrado. 
O princípio da Boa-fé impõe deveres de cooperação, o que implica no Pricípio da Cooperação ser consequência dessa boa-fé.
15. Cooperação 
Está previsto no Art. 6º do CPC. Esse princípio afirma que a atividade processual é uma atividade cooperativa, ou seja, todos devem cooperar para o bom funcionamento do processo. Todos, quanto partes, quanto magistrado, devem contribuir para o seu bom funcionamento. Não existem protagonistas.
Isso implica deveres, tanto para as partes, quanto para os magistrados.
São deveres para as partes:
- Esclarecimento: as partes tem o dever de formular as suas postulações, os seus pedidos, de forma clara e objetiva naquilo que ela está pleiteando.
- Lealdade: As partes não devem litigar de má fé.
 - Proteção: é o dever de não causar dano processual na parte adversa. 
São deveres do magistrado:
- Esclarecimento: Esse dever se bifurca, porque ele é tanto o dever de o magistrado pedir esclarecimento as partes, por uma questão que não ficou clara, quanto o dever de esclarecer as suas próprias decisões, tem o dever de ser claro.
- Consulta: O dever que o magistrado tem de consultar as partes sobre qualquer questão a respeito da qual ela não teve oportunidade de se manifestar. Esse dever de consulta é a concretização do Princípio do Contraditório.
- Prevenção: O magistrado tem o dever de apontar eventuais defeitos do processo, bem como tem o dever de apontar a eventuais consequências no descumprimento de determinados ônus processuais. 
- Auxílio: Seria o dever que o magistrado tem de ajudar as partes a superarem alguns obstáculos do processo. 
16. Proteção da Confiança
Esse Princípio é um Sub-princípio do Princípio da Segurança Jurídica. Ele impõe a proteção da confiança de determinado sujeito na pratica de um ato, com base em um ato normativo revestido de legalidade, ou seja, o sujeito pratica uma determinada conduta que era revestida de legalidade, não pode ser frustrada a confiança se futuramente o ato passar a ser tido como ilegal.
17. Autorregramento da vontade
Esse princípio está inserido no Princípio da Liberdade, que é o princípio que todos nós temos de fazer prevalecer nossos interesses. É a possibilidade de você poder regular seus próprios interesses e vontades dentro do processo. Com o CPC/15 passou a ser possível os negócios jurídicos processuais atípicos, sendo esta possibilidade, prevista no Artigo 191 do CPC, é a manifestação do autorregramento da vontade. O estímulo à arbitragem e à resolução consensual dos conflitos também são exemplos de manifestação do Princípio do Autorregramento da Vontade (Artigo 3º do CPC).
18. Primazia da decisão de mérito
Está prevista em vários Artigos (4º, 6º)
A decisão do mérito deve estar acima, em primazia em relação à outra decisão. 
A forma normal de extinção de um processo é a resolução do mérito (a questão central numa pendencia, ou num conjunto de fatos e provas, que orienta a formação de uma decisão judicial ou administrativa; merecimento). As partes tem o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, cuja decisão de mérito deve ser justa e efetiva, de acordo com o Art.4º e 6º do CPC. Mas existem formas anômalas de extinção do processo sem a resolução do mérito, não sendo saudáveis para o sistema jurídico. 
O Princípio da Primazia da Decisão do Mérito consiste na ideia de que, sempre que possível, a sentença deve possuir a solução ou resolução integral do mérito, para que haja um processo mais saudável, justo e efetivo. O legislador passou a adotar então esse principio, para que haja logo um fim ao processo com uma resolução, porque isso é melhor para o ordenamento, é melhor para o sistema. 
Um exemplo é quando a mãe de A entra com uma ação que só A poderia entrar, havendo um vício no processo, sem a possibilidade de decisão do mérito. Pelo Principio acima, o magistrado daria a possibilidade da parte que ingressou com a ação de sanar o erro, fazendo com que A entrasse com a ação.
19. Duplo grau de jurisdição 
Esse princípio não esta previsto na Constituição, por isso alguns autores defendem que esse princípio não é uma garantia da constituição. 
Esse principio esta ligado ao sistema recursal, que visa fazer com que a parte vencida veja a matéria ser novamente submetida dentro de um mesmo processo. Esse duplo grau de jurisdição tem algumas vantagens e desvantagens:
Desvantagens: Faz com que o processo seja mais demorado, porque você pode recorrer da decisão; o desprestigio de órgãos de primeira instancia; os órgãos de instancias superiores iram reformar uma decisão sem ter contato com algumas pessoalidades do processo. 
Vantagens: Uma decisão equivocada pode ser revista por aqueles mais experientes, além de se tratar de um colegiado, e não apenas uma pessoa só, o que minimiza a possibilidade de erros.
No entanto, esse Princípio não é uma garantia absoluta, pois existem causas, por exemplo, que são exclusivas do STF, que vão ser julgadas originariamente pelo STF. 
20. Regra da Instauração do processo por iniciativa da parte e desenvolvimento por impulso oficial
Essa regra esta prevista no Art. 2º do CPC.
Art. 2o O processo começapor iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
Isso quer dizer que a parte precisar dar o pontapé inicial. O magistrado não vai começar uma ação, se a parte não der esse pontapé inicial. Se inicia por iniciativa da parte, e a partir dai, ele se desenvolveria por impulso oficial. 
Obs.: Não é só no momento do ajuizamento da ação que essa inércia precisa ser rompida. 
21. Regra de obediência à ordem cronológica de conclusão
Está previsto no Art.12, caput
Art. 12.  Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.             (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)           (Vigência)
Isso é uma preferencia do magistrado, antigamente, isto era um dever do magistrado.
Essa regra visa concretizar o Princípio da Igualdade e o Princípio (...). Diz apenas a decisões finais.
No entanto, o próprio legislador trouxe exceções a essa regra, que estão no §2º, que não entram em fila.
§ 2o Estão excluídos da regra do caput:
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas;
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932;
V - o julgamento de embargos de declaração;
VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.
Além disso, o legislador tratou também de processos prioritários, que furariam a fila:
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1o ou, conforme o caso, no § 3o, o processo que:
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de diligência ou de complementação da instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II.
OBS: LER CAPITULO 1 DO CPC
BIBLIOGRAFIA: “Princípios do Processo na Constituição Federal” de Nelson Nery Jr.
- Capitulo 2 do livro de Fredie, que trata dessas normas fundamentais.
- Texto “Normas Fundamentais do Processo Civil”
- Texto “Instrumentalidade do Processo e Instrumentalidade Legal” de Calmon de Passos
JURISDIÇÃO
1. Aspectos Gerais
Vem do latim jurisdicio, e significa “dizer o direito”. A jurisdição pode ser vista de 3 formas:
Em quanto poder: É um poder que toca ao Estado no exercício de sua soberania. É o poder que o Estado tem de julgar imperativamente, ou seja, impondo as suas decisões. Este é um conceito de Chiovendra. 
Só que a partir do momento que o Estado tomou para si esse monopólio do poder(...)
Em quanto função: Jurisdição é um encargo do Estado de resolver conflitos ou as situações jurídicas que lhes são levadas. Tem por função resolver conflitos, garantido a paz social. Pra Carmelucchi, é a função do Estado de promover a justa composição da lide.
Em quanto atividade: É vista do ponto de vista dinâmico, como o complexo de atos realizados pelo juiz no processo, no exercício do poder jurisdicional e no cumprimento de sua função (jurisdicional).
A Função Jurisdicional possui algumas peculiaridades referentes as demais funções do Estado (Legislativa e Executiva).
A função legislativa atua de modo abstrato, criando a lei, enquanto a função jurisidicional atua diante de casos concretos, aplicando a lei.
Em relação á Função Executiva, a doutrina traz algumas distinções. A Função Jurisdicional é dotada de imparcialidade, o magistrado tem que ser imparcial. Já o administrador público ele deve ser parcial, quando ele faz uma política pública, ela tem um interesse direto naquilo. Outra distinção é na substitutividade. A função jurisdicional é marcada pela substitutividade, na qual o Estado juiz se substitui à vontade das partes, exercendo uma função que originariamente não lhe caberia. Isso não acontece na Função Executiva, porque o Estado está exercendo uma função que originariamente já lhe caberia. Outra nota distintiva, é que a função jurisdicional é marcada pela imutabilidade ou definitividade, ou seja, aquela decisão que já não cabe mais recurso, ela é imutável, não cabe mais a discursão. Isso não acontece com os atos administrativos, que podem ser modificados ou revogados a qualquer tempo. Por fim, a quarta nota distintiva é a inércia. A jurisdição precisa ser provocada, é preciso que a parte provoque, para que exista a função jurisdicional. Essa provocação não existe na Função Administrativa, pois na administração, é ela que toma a iniciativa de agir.
Essa função Jurisdicional, em regra, é exercida pelo Poder Judicial, mas existem casos, em que a Const. prevê outros órgãos exercendo essa função, a exemplo do Senado Federal, ou da Arbitragem.
2.Conceito
“Função atribuída a terceiro imparcial de realizar o Direito de modo imperativo e criativo reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas concretamente deduzidas em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para tornar-se indiscutível” 
Fredie Didier 
“Função atribuída a terceiro”: Isso quer dizer que jurisdição é uma forma de heterocomposição, ou seja , não são as próprias partes que vão decidir aquela questão, e sim um terceiro. A jurisidição é marcada pela impartialidade, por que esse terceiro não é parte.
“Imparcial”: A imparcialidade se divide em imparcialidade objetiva, que é não ter envolvimento direto com a causa, e a subjetiva, que é não ter envolvimento direto com as partes. 
“Realizar o Direito de modo imperativo”: A jurisdição ela se impõe, ela é impositiva, independente da vontade das partes. Portanto, o magistrado deve ser dotado de meios para se fazer valer essa imperatividade.
“...e criativo”: Esse terceiro imparcial ele cria normas jurídicas, então não se pode negar o papel criativo desse terceiro, do magistrado, criando a chamada Norma Individualizada no Caso Concreto, que é a norma que vai resolver o caso concreto. Esta norma está no dispositivo da decisão. Nos últimos anos, entende-se também que o magistrado cria uma norma abstrata, pois essa fundamentação servirá para casos futuros. 
“Reconhecendo/Efetivando/Protegendo”: Essas são as 3 atividades desenvolvidas pelo magistrado no processo. Essas três atividades criaram a clássica distinção entre Processo de Conhecimento, Processo de Execução e Processo Cautelar. 
“...situações jurídicas”: Podem ser conflituosas ou não. Portanto, mesmo não existindo Lide, há jurisdição.
“em decisão insuscetível de controle externo”: a decisão jurisdicional é insuscetível a controles externos, ou seja, de qualquer outra esfera de poder.
“com aptidão para tornar-se indiscutível”: É a aptidão para formar a chamada coisa julgada material. “Ter aptidão para” não significa que ira formar, é possível que o processo chegue ao fim sem a coisa julgada material, e mesmo assim, vai haver jurisdição.
3. Características
- Inércia
O Estado só atua se for provocado. Existem raras exceções em que o Estado pode romper com essa situação, e atue sem ser provocado.
- Substitutividade 
A função jurisdicional é marcada pela substitutividade, ou seja, o Estado Juiz se substitui à vontade das partes, exercendo uma função que não lhe caberia (resolução de um conflito que as partes não foram capazes de solucionar por conta própria). Isso não acontece na função executiva ou administrativa, pois o Estado nessas funções já exerce naturalmente essa função. Existem órgãos não jurisdicionais que possuem essa função, como o Tribunal de Contas.
- Definitividade/Imutabilidade
É a aptidão para formar coisa julgada material. Uma vez transitada em julgado, a decisão jurisdicional se torna indiscutível e imutável. Os atos administrativos, todavia, podem ser revogados e modificados a qualquer momento. 
- Unidade 
No nosso ordenamento,a jurisdição é única, se resolvendo qualquer tipo de conflito no Poder Judiciário, ao contrário da França, que possui um órgão específico para julgar conflitos administrativos.
- Imparcialidade 
Esse terceiro, é julgador, é um terceiro imparcial, ele não pode ter ligação com a causa ou com as causa mitigantes. Imparcialidade se divide em imparcialidade objetiva, que é não ter interesse na vontade das partes e imparcialidade subjetiva, que é se manter equidistante das partes durante o processo.
- Monopólio do Estado
 Só o Estado pode exercer a atividade jurisdicional. Há quem entenda, ainda hoje, que a arbitragem não é uma forma jurisdicional, já que não é exercida pelo Poder Judiciário. Há debates sobre a possibilidade da arbitragem ser uma atividade jurisdicional havendo, consequentemente levando a discussão se há ou não monopólio.
- Existência de lide*
Pra um parcela da doutrina, essa característica é essencial para a Jurisdição. Ou seja, só vai haver Jurisdição se houver lide, se não houver lide, não há jurisdição. Já pra uma outra parcela da doutrina, essa não é uma característica essencial da jurisdição, ou seja uma jurisdição voluntária é jurisdição. 
4. Escopos 
Escopos é objetivo. Quais são os objetivos da Jurisdição.
- Social
Seria promover a paz social, seria pacificar por justiça.
Obs.: Alguns doutrinadores fazem uma critica a esse Escopo Social. Para eles, ao invés de por como meta promover a paz social, devia-se por como meta “tornar aquela situação juridicamente irrelevante”. 
- Jurídico 
Atuação da vontade concreta da lei. 
- Político 
São três:
- Afirmação do Poder Estatal; afirma-se o poder do Estado;
- Assegura-se a observância de Direitos Fundamentais;
- Permite-se a participação do jurisdicionado no destino da sociedade.
5. Espécies
Apesar de a jurisdição ser uma, para fins didáticos, ela se divide em espécies.
5.1. Quanto à pretensão
Quanto à pretensão, a jurisdição divide-se em Civil ou Penal, levando em conta a natureza da norma a ser aplicada. Tudo que não for Penal vai ser Civil, este engloba todo o resto, inclusive a Trabalhista (Civil Lato Sensu), que engloba a Civil Strictu Senso e a Trabalhista.
5.2. Quanto ao grau
Quanto ao grau, ela pode ser:
Primeiro Grau ou Inferior: Quando se conhece originalmente da causa;
Segundo Grau ou Superior: Quando se conhece da causa em grau de recurso, não se conhece a causa pela primeira causa, originariamente, mas em grau de recurso.
Professor Cássio Scarpinella traz uma (...)
OBS: Instância não se confunde com jurisdição de 1º Grau, pois apesar de via de regra a jurisdição de 1º grau ser exercida na primeira instância, há a possibilidade da jurisdição de 1º grau ser exercida na 2ª instância, como as causas originárias do Tribunal, por exemplo.
5.3. Quanto à submissão ao Direito positivo
Aqui a Jurisdição se divide:
Jurisdição de Direito: é a regra. Diz-se a que a jurisdição é de direito, quando você julga com base no critério da legalidade.
Jurisdição de Equidade: é a exceção. É quando se julga não pela legalidade estrita, mas pela conveniência e oportunidade. 
Alguns doutrinadores fazem uma critica essa distinção, entendendo que hoje ela estaria superada, pois não há mais essa preocupação com a legalidade estrita, mas a doutrina majoritária entende que há.
5.4. Quanto ao órgão que exerce a jurisdição 
Divide-se entre:
Comum: Se da por exclusão, tudo que não é Trabalhista, Militar e Eleitoral, é comum. Essa Jurisdição Comum pode ser Estadual e Federal.
Especial: É A Jurisdição Militar, Trabalhista e Eleitoral.
5.5. Quanto à existência de lide
Só vai ser adotado esse critério para aqueles que entendem que a Lide é critério essencial.
Jurisdição Contenciosa: Quando há Lide
Jurisdição Voluntária: Quando não há lide. Para parte da doutrina, esta nem sequer é jurisdição. 
6. Princípios 
- Investidura
A jurisdição só será exercida por quem seja regularmente investido no Poder Jurisdicional. 
-Aderência ao território/Territorialidade
A jurisdição será exercida em uma determinada limitação territorial. O terceiro, que vai exercer a jurisdição, ele só vai exercê-la nos limites territoriais, sujeitos por lei à sua jurisdição. Por conta desse principio, é que surge a necessidade cooperação pelos juízes, e essa cooperação se da pelas chamadas Cartas Precatória e Rogatória.
Carta Precatória: Ato de cooperação entre juizes de comarcas distintas dentro de um mesmo país.
Carta Rogatória: Processo de cooperação entre juízes de países distintos.
O próprio CPC traz algumas exceções ao Princípio da Territoriallidade, como no Artigo 60, que trata nos casos em que o imóvel está situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção, havendo prioridade para o juiz do Estado em que houve a ação inicial. Outros exemplos são o dos Artigos 255 e 385, §3º.
Art. 60.  Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel.
Art. 255.  Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos.
Art. 385.  Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de ofício.
§ 3o O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento.
OBS: O Ato processual pode ser proferido em uma determinada comarca, não significando que não irá produzir efeitos em outras comarcas, vide os casos de divórcio, por exemplo.
- Princípio da Indelegabildade
O exercício da jurisdição não poderá ser transferido ou delegado a outro órgão, não sendo possível delegar o exercício da jurisdição. Os atos decisórios nunca serão delegados. Existem certos atos que não possuem cunho decisório, como os atos executórios e ordenatórios, sendo passíveis de delegação, em situações previstas expressamente em lei, como no Artigo 93, XIV e Artigo 102, I, N da CF/88. O Artigo 972, que trata de delegação das rescisórias (ações que servem para rescindir o efeito) também é um exemplo de exceção ao Princípio da Indelegabilidade.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais;
Art. 972.  Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos.
- Princípio da Inevitabilidade 
A jurisdição é inevitável e inescapável, sendo submetida às partes independentemente da vontade das partes.
- Princípio da Inafastabilidade 
É o princípio que garante a todos o acesso à justiça, não podendo o juiz deixar de julgar um caso alegando obscuridade ou insuficiência da lei (vedação ao non liquet).
- Inércia
A jurisdição precisa ser provocada, a parte precisa dar o pontapé inicial.
- Princípio do Juiz Natural
Todos tem o direito de ser julgado por um juiz competente, sendo as competências previamente estabelecidas, que atuará de maneira independente e imparcial.
7. Elementos

Continue navegando