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Resumo do cap.3 Reformas, Endividamento Externo e o “Milagre” Econômico (1964 1973)

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[Economia Brasileira] Reformas, Endividamento Externo e o “Milagre” Econômico
Reformas, Endividamento Externo e o “Milagre” Econômico (1964-1973)
Introdução
O período abrigou três mandatos: Humberto Castello Branco, Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici. O modelo de política econômica de Castello Branco estabelecia o combate gradual à inflação, expansão das exportações e retomada do crescimento como principais objetivos da política econômica. Tal orientação foi seguida nos 3 mandatos. No primeiro governo, devido ao cenário de desequilíbrio monetário e externo, a política econômica acabou por assumir uma orientação claramente restritiva.
Duas fases: a primeira (1964-67) foi de ajuste conjuntural e estrutural da economia, visando o enfrentamento à inflação, ao desequilíbrio externo e à estagnação econômica. Implementação de um plano de estabilização de preços de inspiração ortodoxa – o Plano de Ação Econômica do Governo (Paeg) e importantes reformas estruturais (sistema financeiro, tributário e do mercado de trabalho). A segunda fase (1968-1973) caracterizou-se por uma política monetária expansiva e vigoroso crescimento da atividade econômica, acompanhado de gradual redução da inflação e do desequilíbrio externo (“milagre brasileiro”).
O Paeg (1964-66): Diagnóstico e Estratégia de Estabilização
 
1963-1964: “estagflação”- estagnação da atividade econômica, acompanhada de aumento da inflação. Superação da crise: lançamento de um plano de emergência destinado a combater eficazmente a inflação (Paeg) e o lançamento de reformas de estrutura (fiscal e financeira). Quanto à inflação, a avaliação era de que a responsabilidade primordial do processo inflacionário cabe aos déficits governamentais e à contínua pressão salarial. O déficits alimentavam a expansão dos meios de pagamento, que sancionavam os aumentos de salários, o que inspirou as principais medidas da Paeg: programa de ajuste fiscal, com base em metas de aumento da receita e de contenção de despesas governamentais; orçamento monetário que previa taxas decrescentes da expansão dos meios de pagamentos; política de controle de crédito ao setor privado (crédito total ficaria limitado às mesmas taxas de expansão definidas para os meios de pagamento); mecanismo de correção salarial (público e privado).
Com essas medidas, a Paeg estabeleceu metas decrescentes de inflação para o período 1964-66. Além disso, houve também uma política austera, com corte de despesas. Apesar disso, havia sempre o cuidado para o embate à inflação não ameaçar o ritmo da atividade produtiva. A Paeg não se propôs a acabar com a inflação em curto prazo, mas atenuá-lo ao longo de 3 anos, para evitar uma crise de estabilização.
Numa segunda etapa (com a inflação sob controle), seriam implementadas políticas voltadas para o objetivo de crescimento e desenvolvimento econômico.
Nos governos Castello Branco e Costa e Silva predominou a visão de que era possível conciliar taxas razoáveis de crescimento do PIB com o combate gradual à inflação, o que seria feito através de uma correção monetária.
As Reformas Estruturais do Período 1964-67
 
As reformas estruturais tiveram como foco a estrutura tributária e financeira. Além disso, criou-se o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que substituiu o regime de estabilidade no emprego, então vigente (entrave institucional ao aumento de emprego).
 
Reforma Tributária
Objetivos: aumento da arrecadação do governo (aumento da carga tributária) e racionalização do sistema tributário, reduzindo os custos do sistema. Medidas: instituição da arrecadação de impostos através da rede bancária; extinção dos impostos do selo, sobre profissões e diversões públicas; criação do ISS, arrecadado pelos municípios; substituição do imposto estadual sobre vendas pelo ICM (circulação de mercadorias); ampliação da base de incidência do imposto sobre a renda de pessoas físicas; criação de mecanismos de isenção e incentivos a atividades consideradas prioritárias pelo governo (estímulo à poupança e investimentos em regiões e setores específicos); criação do Fundo de Participação dos Estados e Municípios (FPEM).
Resultado: elevação da carga tributária, benefício das classes de renda mais alta (poupadores). A maior parte do aumento de arrecadação foi obtida por impostos indiretos, que penalizam as classes de baixa renda. Caráter centralizador: limitou o direito dos estados e municípios de legislarem sobre a tributação.
O êxito da reforma de aumentar a carga e de promover o desenvolvimento financeiro e econômico do país (“milagre”) deve ser creditado tanto à racionalidade das medidas como ao regime autoritário vigente.
Reforma Financeira
 
Até meados de 1960, o sistema financeiro era constituído por bancos comerciais privados e financeiras, caixas econômicas federais e estaduais, e bancos públicos. As reformas tiveram por objetivo complementar o SFB, constituindo um segmento privado de longo prazo no Brasil, para evitar que a emissão de moeda voltasse a se tornar fonte de financiamento.
O objetivo central foi dotar o SFB de mecanismos de financiamento capazes de sustentar o processo industrializante de forma não-inflacionária. Criação do Banco Central do Brasil (Bacen) e do Conselho Monetário Nacional (CMN). O financiamento seria dado pelo modelo segmentado, onde cabia aos bancos de investimento o papel de prover financiamento de longo prazo. Manteve-se ainda a importância dos bancos públicos no crédito de longo prazo.
Para o combate gradual à inflação, era exigida a criação de mecanismos e proteção do retorno real dos ativos. Medidas: para os títulos públicos foi criada a ORTN (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional), que instituiu a correção monetária da dívida pública; para os ativos privados de renda fixa, a Lei do Mercado de Capitais e Resoluções posteriores do Bacen autorizaram a emissão de diversos tipos de instrumentos financeiros com correção monetária; ativos de renda variável: foram concedidas reduções ou isenções de imposto de renda para as empresas emissoras de ações e para os poupadores; para os bancos públicos foram criados novos mecanismos de captação de longo prazo, a partir de fundos especiais.
Ampliação do grau de abertura da economia ao capital externo, de risco e de empréstimo.
A Economia Brasileira no Período de 1964-67
 
A atividade econômica se recuperou, mas cresceu a taxas moderadas. O Paeg não cumpriu as metas: a inflação alcançou 92% em 1964, 34% em 1965 e 39% em 1966 (metas: 70%, 25%, 10%). As metas de expansão nominal dos meios de pagamento foram ultrapassadas em 1964 e 1965 e as do crédito ao setor privado o foram nos 3 anos. Os déficits obtidos ficaram próximo do previsto.
A política salarial do Plano foi bastante restritiva: correção pela média do salário (divide o ônus da inflação entre empregados e empregadores).
Em suma, as pressões inflacionárias da demanda e de custos foram efetivamente combatidas com políticas monetária, fiscal e salarial restritivas. O sucesso do Plano foi parcialmente comprometido pelos aumentos atribuídos a outros custos básicos (impostos, tarifas públicas, câmbio e juros) e pela criação da correção monetária para ativos e contratos.
Custos que deveriam ser comprimidos: salários reais. Custos que deveriam ser preservados: itens componentes da receita do governo, tarifas das empresas estatais, rendimentos reais do setor financeiro e dos rentistas em geral. Assim, a política de “controle” de custos do Paeg cumpriu outras funções macro, contribuindo para o ajuste fiscal e externo da economia.
Expansão das exportações e retração das importações, ingresso de capitais voluntários (investimentos diretos) e empréstimos de regularização.
Em relação à reforma financeira, os efeitos do Paeg foram mais lentos. O mais rapidamente evidente foi a efetiva criação de um mercado de dívida pública no país (financiamento não-monetário dos déficits do governo).
O Período de 1968-73: Recuperação e “Milagre”
 
Características Gerais do “Milagre”
 
A partir de 1968, fase decrescimento vigoroso, com alto crescimento do PIB e da taxa de investimento, além da queda da inflação e sensível melhora no Balanço de Pagamentos. Foi considerado um milagre porque conseguiram abaixar a inflação e crescer ao mesmo tempo, e crescer economicamente e melhorar o BP.
Já no governo Costa e Silva, o controle da inflação passou a enfatizar o componente de custos, em vez da demanda, e por isso, o combate à inflação deveria ser conciliado com políticas de incentivo à retomada do crescimento econômico.
As políticas fiscal e salarial do Paeg foram mantidas praticamente sem alterações. Em 1967, a política monetária se tornou expansiva, e para compensar, foram instituídos controles de preços através da criação do Conep (Comissão Nacional de Estabilização de Preços), depois nomeada CIP (Comissão Interministerial de Preços). Passou a tabelar preços públicos e uma série de preços privados, e os juros dos bancos comerciais foram tabelados pelo Bacen.
Em 1968, foi lançado o Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED), com o objetivo da estabilização gradual dos preços, fortalecimento da empresa privada, consolidação da infraestrutura e ampliação do mercado interno. Além disso, houve a adoção da política de minidesvalorizações cambiais, para evitar que a inflação causasse defasagem cambial significativa.
Os investimentos públicos em infra não poderiam comprometer o ajuste fiscal em curso, o que foi obtido pelo aumento da participação das empresas estatais nesses investimentos. Com isso, o governo pôde conciliar a realização de novos investimentos públicos com a redução do déficit primário e com geração de superávits (1970).
A mesma orientação foi mantida no governo Médici. Período de radicalização do regime autoritário – AI-5. Esse ambiente político favoreceu, indiretamente, a política antiinflacionária.
A Política Econômica e a Economia Durante o “Milagre”
 
Crescimento dos meios de pagamento e do crédito real. Fatores que atenuaram o aumento da inflação: capacidade ociosa da economia; controle direto do governo sobre preços industriais e juros; a política salarial em vigor (queda dos salários reais); a política agrícola implementada (expandiu a produção e evitou pressões inflacionárias no setor).
A melhora das contas externas permitiu um controle maior sobre a taxa de câmbio; as defasagens evitaram que o câmbio se tornasse uma fonte de pressão inflacionária.
Dilema crescimento x equilíbrio externo; combinação: disponibilidade de liquidez a juros baixos no mercado externo (boa vontade dos EUA para com o Brasil); posição favorável dos termos de troca, diante do aumento dos preços das commodities exportáveis; expansão do comércio mundial.
Nos governos Costa e Silva e Médici, as condições favoráveis à atração de capital externo foram indiretamente reforçadas pela política cambial: ajustes da taxa de câmbio criavam expectativa de desvalorização.
Forte entrada de capital no país: investimentos externos diretos e empréstimos em moeda cresceram continuamente. Grandes responsáveis pelo “milagre”.
Crescimento das exportações e importações. A moderada valorização do real estimulou a importação de bens já produzidos no Brasil, levando a déficits significativos no biênio 1971-72.
Aumento das despesas com juros e remessas de lucros por causa da crescente captação de capital externo. Portanto, o “milagre” só foi possível porque a entrada de capital estrangeiro aumentou acentuadamente.
Comentários Finais: o Período de 1964-73 e a Herança para o Governo Geisel
 
Primeira fase alternou períodos de recuperação e desaceleração e a segunda fase foi expansiva. Castello Branco “arrumou a casa”. Êxito na área fiscal e deixou de cumprir algumas metas.
Costa e Silva afrouxou a política monetária  e lançou o PED, mais desenvolvimentista que o Paeg.
O “milagre” foi a combinação do crescimento com a redução das taxas de inflação e eliminação dos déficits do BP.
Herança ao governo Geisel: inflação bem mais baixa, reorganização da estrutura fiscal e financeira, recuperação do BP, ritmo acelerado de crescimento, e problemas como a correção monetária, aumento da dependência externa nos setores industrial e financeiro.

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