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BARREIRAS NÃO TARIFÁRIAS DOS ESTADOS UNIDOS Á EXPORTAÇÃO DE FRUTAS

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UNIVERSIDADE DE ARARAQUARA
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ESPECIALIZAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR E NEGÓCIOS INTERNACIONAIS
		
BARREIRAS COMERCIAIS AMERICANAS QUE DIFICULTAM AS EXPORTAÇÕES DE FRUTAS DO VALE DO SÃO FRANCISCO 
Michelle Moreno Luz
ARARAQUARA, 2017
UNIVERSIDADE DE ARARAQUARA
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ESPECIALIZAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR E NEGÓCIOS INTERNACIONAIS
BARREIRAS COMERCIAIS AMERICANAS QUE DIFICULTAM AS EXPORTAÇÕES DE FRUTAS DO VALE DO SÃO FRANCISCO 
Michelle Moreno Luz 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Especialização em Comércio Exterior e Negócios Internacionais.
Orientadora: Nasaré Vieira Nogueira 
ARARAQUARA, 2017
DECLARAÇÃO
Eu, Michelle Moreno Luz, declaro ser a autora do texto apresentado Trabalho de Conclusão de Curso, no programa de pós-graduação lato sensu em Comércio Exterior e Negócios Internacionais com o título “Barreiras comerciais que dificultam as exportações de frutas do Vale do São Francisco para os Estados Unidos”.
	Afirmo, também, ter seguido as normas do ABNT referentes às citações textuais que utilizei e das quais eu não sou a autora, dessa forma, creditando a autoria a seus verdadeiros autores.
	Através dessa declaração dou ciência de minha responsabilidade sobre o texto apresentado e assumo qualquer responsabilidade por eventuais problemas legais, no tocante aos direitos autorais e originalidade do texto.
Araraquara, 30 de outubro de 2017
_____________________________________
Assinatura do autor
MICHELLE MORENO LUZ
BARREIRAS COMERCIAIS AMERICANAS QUE DIFICULTAM AS EXPORTAÇÕES DE FRUTAS DO VALE DO SÃO FRANCISCO 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a finalização do Curso de Especialização em Comércio Exterior e Negócios Internacionais pela Universidade de Araraquara– UNIARA. 
Orientador: Nasaré Vieira Nogueira
		
Data da defesa/entrega: ___/___/____
Membros componentes da Banca Examinadora:
 
Presidente e Orientador: 
		
	 
Membro Titular: 	 
		 
 
Membro Titular: 	
	 
Média______ Data: ___/___/____
Universidade de Araraquara
Araraquara- SP
Para minha filha, que tanto abriu mão 
		de minha presença para que eu enfrentasse 
novos desafios, com amor.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me dar coragem para enfrentar mais um desafio, aos meus pais e filha pelo apoio emocional e ao Banco do Brasil pelo estímulo a continuar buscando conhecimento.
			“Mantenha o seu foco no melhor que você possa imaginar e permita que uma visão positiva o impulsione para frente”. 
(Jack Anderson)
RESUMO
Representando grande parte da produção interna bruta do país, o comércio internacional está relacionado às questões de crescimento e desenvolvimento econômico, social e político, sendo de fundamental importância na promoção de ganhos de produtividade e escala. Porém, sob formas de entraves, as barreiras tarifárias ou não, impedem e desestimulam as exportações. Focando exclusivamente na comercialização de manga e uva da região do Vale do São Francisco para os Estados Unidos, este trabalho busca apresentar quais são as principais barreiras não tarifárias enfrentadas por estes exportadores brasileiros. Para isso, utilizou-se como metodologia de análise, pesquisas bibliográficas e a própria experiência do autor. Os resultados indicam que grande parte dos entraves estão relacionados às mudanças nos manuais de procedimentos e no custo e exigências de certificações.
Palavras-chave: barreiras não tarifárias, Vale do São Francisco, comércio internacional, Estados Unidos
 
ABSTRACT
Representing a large part of the country's gross domestic production, international trade is related to growth, economic, social and political development, being of fundamental importance in promoting gains in productivity and scale. However, under forms of barriers, tariff barriers or not, impede and discourage exports. Focusing exclusively on the marketing of mango and grape from the region of the São Francisco Valley to the United States, this work seeks to present the main non-tariff barriers faced by these Brazilian exporters. For this, it was used like methodology of analysis, bibliographical researches and the own experience of the author. The results indicate that most of the barriers are related to changes in procedures manuals and the cost and certification requirements.
Key words: non-tariff barriers, San Francisco Valley, international trade, United States of America
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
	ABRAFRUTAS
	Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados
	APHIS
	Animals and Plants Health Inspection Service
	BGMA
	Brazilian Grapes Marketing Association
	BNTs
	Barreiras Comerciais Não-tarifárias
	BTs
	Barreiras Comerciais Tarifárias
	COANA
	Cooperativa Agrícola Nova Aliança
	CODEVASF
	Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco do Parnaíba
	COOPERXVALE
	Cooperativa dos Exportadores do Vale do São Francisco
	COOPEXFRUIT
	Cooperativa dos Exportadores de Frutas do Vale do São Francisco
	CSAV
	Companhia Sul-americana de Vapores
	EMBRAPA
	Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
	EUA
	Estados Unidos da América
	EUREPGAP
	European Retailers Produce Working Group + Good Practices
	FENAGRI
	Feira Nacional da Agricultura Irrigada
	GATT
	Acordo Geral de Tarifas e Comércio
	GLOBALGAP
	Sistema de Certificação Independente para Boas Práticas Agrícolas Agricultural Practices
	MAPA
	Ministério da Agricultura Brasileiro
	MDIC
	Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
	NMB
	National Mango Board
	OMC
	Organização Mundial do Comércio
	EU
	União Europeia
	USDA
	United States Department of Agriculture
	VALEXPORT
	Associação dos Produtores e Exportadores de Hortifrutigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco
	VSF
	Vale do São Francisco
	
LISTA DE QUADROS
	
Quadro 1	Dados das exportações de frutas no primeiro semestre de 2017.......................18
Quadro 2	Algumas categorias de barreiras não tarifárias presentes no comércio internacional .............................................................................................................................22
LISTA DE TABELAS
	Tabela 1 - Exportação de Uva e Manga no Vale do São Francisco em Toneladas (1997 a 2004).........................................................................................................................................20
Tabela 2 - Exportação de Uva e Manga no Vale do São Francisco em US$ Mil (1997 a 2004).........................................................................................................................................20
SUMÁRIO
141. INTRODUÇÃO	�
152. OBJETIVOS	�
152.1 Objetivo Geral	�
152.2 Objetivos Específicos	�
163. METODOLOGIA	�
164. O VALE DO SÃO FRANCISCO	�
215. BARREIRAS COMERCIAIS	�
256. VALE DO SÃO FRANCSICO E AS BARREIRAS PARA EXPORTAÇÃO AOS EUA	�
297. RESULTADOS E DISCUSSÃO	�
318. CONSIDERAÇÕES FINAIS	�
32REFERÊNCIAS	�
�
�
INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos cinco maiores países produtores de frutas frescas no mundo, dentre as quais a manga (AMARO, 2017) e a uva (NORDESTE RURAL, 2016), representadas pelo Vale do São Francisco (VSF), apresentam elevados índices de exportação.A inserção brasileira de frutas no mercado internacional foi promovida pelo aumento da produtividade agrícola e da competitividade do setor, diante de um cenário que parece estar cada vez mais exigente em termos de preços e condições fitossanitárias (AMARO, 2017).
	O Vale do São Francisco (VSF) compreende cerca de 900 municípios dos Estados da Bahia, Minas Gerais e Pernambuco, sendo que sua área de produção integrada de manga e uva para exportação, está localizada principalmente nos municípios baianos de Juazeiro, Curaçá, Sento Sé, Casa Nova e o único pernambucano, Petrolina (EMBRAPA, 2001).
Segundo o National Mango Board (NMB), órgão governamental americano ligado ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (EUA), o VSF é o maior parceiro comercial dos Estados Unidos na compra de manga e uva, sendo responsável por importar 88% e 99,8% respectivamente de cada fruta. Apesar desses altos índices, divulgados em 2016 pelo NMB, os exportadores da região ainda se deparam com muitas barreiras comerciais desde o início das exportações por volta de 1996.
Entre as principais barreiras encontradas estão as não tarifárias como por exemplo, as imposições logísticas, as barreiras alfandegárias, os processos complexos e as exigências protecionistas.
Com isso, o objetivo desse trabalho é apresentar como essas barreiras limitam a ampliação da participação das frutas brasileiras, e mais especificamente das frutas do VSF no mercado norte-americano, considerando que para atender as adequações solicitadas, comumente, o produto fica mais caro. 
Esta pesquisa possui relevância porque, além de ser um assunto pouco explorado pela comunidade científica considerando a escassez de artigos acadêmicos com o referido tema, é de extrema importância para os pequenos produtores e associações locais que pretendem iniciar a exportação para os EUA. 
Além do mais, o tema abordado levanta questões imprescindíveis aos profissionais de comércio exterior, facilitando o entendimento quanto às normas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura Americano (USDA) para receber manga e uva in natura do Brasil e beneficia a todos os interessados no assunto, especialmente da região do Vale do São Francisco. 
A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa na qual foram utilizados como referências estudos encontrados em sites, livros e artigos sobre as barreiras comerciais, frutas in natura e sobre a região do Vale do São Francisco. 
A pesquisa aponta que além do VSF ser a maior região brasileira exportadora de manga e uva in natura para os Estados Unidos, tem promovido pequenos avanços frente a disseminação da cultura de se consumir frutas no país norte-americano, e que os números só não são mais elevados em razão dos altos custos e exigências de certificação e dos problemas logísticos e de armazenamento.
O trabalho está dividido da seguinte forma: no primeiro capítulo encontra-se a introdução. No segundo, os objetivos gerais e específicos. No terceiro, a metodologia. No quarto capítulo está contextualizada a região do Vale do São Francisco. No quinto, estão os principais conceitos sobre barreiras comerciais. No sexto são apresentadas as barreiras comerciais específicas do tema. No sétimo, os resultados e discussões e por fim, no oitavo, as considerações finais.
2. OBJETIVOS
	2.1 Objetivo Geral 
	Analisar as barreiras comerciais que as empresas do Vale do São Francisco sofrem na exportação de suas frutas para os Estados Unidos.
	2.2 Objetivos Específicos 
	Verificar quais são as dificuldades enfrentadas pelos exportadores desta região; identificar quais as barreiras comerciais, alfandegárias e sanitárias; reconhecer instituições e suas ações no intuito de reduzir as barreiras comerciais; analisar a evolução das exportações ao país americano; apresentar os motivos pelos quais o país norte-americano faz tantas exigências.
3. METODOLOGIA
	A pesquisa foi realizada por meio da busca de estudos em sites, artigos e livros sobre a região do Vale do São Francisco e sobre exportação para os EUA de forma geral, devido a carência de material sobre o assunto específico na comunidade cientifica. Também foram colocadas informações baseadas na experiência profissional do autor. 
As bases de dados escolhidas foram os sites dos órgãos governamentais como o do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, do National Mango Board, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e livros relacionados ao Comércio Exterior.
As informações foram utilizadas de maneira cronológica, entre 1996 e 2017 para demonstrar a evolução na resolução de problemas enfrentados pela região: como redução de tarifas, custos e desenvolvimento de entidades no intuito de derrubar barreiras comerciais e difundir ainda mais o consumo das frutas em natura. Foi necessário utilizar-se de sites em português e inglês devido à abordagem ser internacional. Já as bibliotecas locais não possuíam livros internacionais para pesquisa. Optou-se por fazer uma pesquisa análise qualitativa.
	
4. O VALE DO SÃO FRANCISCO																	
De acordo com a Embrapa, o Vale do São Francisco compreende cerca de 900 municípios dos Estados da Bahia, Minas Gerais e Pernambuco. Segundo Vieira (2005), o Rio São Francisco tornou-se a maior riqueza da região do Vale por volta dos anos 50 com a criação da Barragem de Paulo Afonso e após os anos 80 com o processo de irrigação desta região, foi se expandido para que se tornar-se possível a produção de frutas nos Perímetros de Irrigação de Petrolina e Juazeiro (EMBRAPA, 2001).
As cidades de Petrolina e Juazeiro desenvolveram-se junto com a agricultura, transformando essas duas cidades e as fazendas aos redores em um novo polo agroindustrial atraindo pessoas de todas as regiões do Brasil para trabalhar na agricultura, exportação e logística. Com a chegada de novas empresas, com a formação de cooperativas e associações, os serviços voltados para agricultura irrigada e as exigências voltadas para proteção ambiental favoreceram uma reestruturação do espaço agrário local, que foi dotado de novas práticas na produção, instalação de maquinários de alta tecnologia e utilização de métodos modernos de cultivo (ARAÚJO, 2011).
Segundo dados da Embrapa (2001), a região do Vale do São Francisco é a maior exportadora de manga e uva do Brasil. Sua área de produção integrada de manga e uva para exportação está localizada principalmente nos municípios baianos de Juazeiro, Curaçá, Sento Sé, Casa Nova e o pernambucano, Petrolina.
Os produtores da região possuem parceria comercial com as maiores redes retalhista do mundo que viabilizam o escoamento das frutas do Vale no mercado. A produção do polo é encontrada nos maiores supermercados do Brasil e nos mais diversificados empreendimentos comerciais dos países da Europa, com destaque para Holanda, Inglaterra, Alemanha e França como também para os Estados Unidos e Japão (ARAÚJO, 2011).
Ainda de acordo com o autor, as empresas normalmente estão organizadas em associações ou cooperativas como por exemplo, a Associação dos Produtores e Exportadores de Hortifrutigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (VALEXPORT), a Cooperativa Agrícola Nova Aliança (COANA), a Brazilian Grapes Marketing Association (BGMA), a Cooperativa dos Exportadores de Frutas do Vale do São Francisco (COOPEXFRUIT), a Cooperativa dos Exportadores do Vale do São Francisco (COOPERXVALE), entre outras. 
Essas formas de organização facilitam a entrada dos produtores no mercado, além de contribuir com a estruturação do empreendimento, visto que, cada cooperativa possui regras para adesão e permanência no mercado.
Conforme a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (ABRAFRUTAS), da qual fazem parte muitos produtores de uva e manga do Vale do São Francisco, de janeiro a junho de 2017 houve um aumento de 18% no valor e 8,5% no volume exportado de frutas quando comparados ao mesmo período de 2016. Pode-se observar no Quadro 3 os valores, os volumes exportados e a variação individualpercentual comparando 2016 e 2017.
 Quadro 1 – Dados das exportações de frutas no primeiro semestre de 2017
 
FONTE: Abrafrutas – Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados.
A maior feira de fruticultura do país acontece todos os anos na região, em um ano em Petrolina-PE e no outro em Juazeiro-BA. A Feira Nacional da Agricultura Irrigada (FENAGRI) reúne empresas nacionais e internacionais de toda a cadeia logística de produção à exportação e faz inúmeras rodadas de negócios a cada ano. Além disso, durante a Feira a EMBRAPA e a CODEVASF promovem cursos de capacitação aos agricultores familiares locais e estudantes.
Miranda (2000) dá uma ideia da evolução quantitativa das exportações brasileiras e faz um comparativo com a representatividade do VSF neste volume. O autor coloca que no início dos anos 90, só haviam sido exportadas 1,0 mil toneladas de manga e somente 3,0 mil toneladas de uva, porém ao final da década o volume exportado foi elevado a 40 mil e 13 mil da manga e uva respectivamente. Nesse período o polo Petrolina/Juazeiro, atingiu um volume correspondente a 85,5% das exportações brasileiras. 
Apesar das condições favoráveis que a região apresenta, como disponibilidade de área, água e clima ideal, o desenvolvimento da “mangicultura” nordestina não teria tanto êxito sem a injeção de recursos governamentais na criação de infraestrutura hídrica, que veio a propiciar uma maior área cultivada. O volume de produção de manga no Nordeste, vem apresentando melhores rendimentos e qualidade dos produtos em relação a outras regiões do país. Isso vem permitindo a sua inserção no mercado internacional (LACERDA, 2004). 
O autor também explica que em 1995, a manga alcançou o segundo lugar na pauta de exportação das frutas brasileiras, gerando uma receita de US$ 22 milhões, 20% do total das exportações, sendo que, 85% do total de manga exportada tem origem no Nordeste (Polo Petrolina/Juazeiro). Mundialmente, a manga ocupa a sétima posição entre as frutas mais cultivadas e a terceira entre as regiões tropicais. No Brasil, o aumento da produção em Petrolina/Juazeiro entre 1990 e 2001, representaram respectivamente 0,67% e 26,8% da produção brasileira. Em comparação com a nacional, o polo aumentou a quantidade produzida (em mil frutos) em 1990% no período. 
	Outra cultura que se destaca no Vale é a uva, que segundo Ristchel et al. (2013), Petrolina e Juazeiro produzem 95% do total de uvas embarcadas para exportação pelo país. 
	De acordo com dados da Associação de Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), em 2015 o Vale do São Francisco foi responsável por 99% de toda exportação nacional de uva. Isso gerou cerca de 72 milhões de dólares (VALEXPORT, 2016).
Para Bustamante (2009) a região é um importante polo de produção de frutas de elevado valor e de alta qualidade no cenário nacional, voltado para os mercados externo e interno. 
Os dados das Tabelas 1 e 2 demonstram a importância do polo em nível nacional. Na Tabela 1 percebe-se que a maior parte das exportações de uva e manga brasileiras foram produzidas no Vale do São Francisco. De 1997 a 2004, a participação da região na exportação nacional de frutas tem-se mantido constante, em torno de 90%, ao passo que a quantidade exportada de uva aumentou em 600% e a de manga em 375%. 
Tabela 1 - Exportação de Uva e Manga no Vale do São Francisco em Toneladas (1997 a 2004)
		Fonte: Revista econômica do Nordeste, 2009.
Na Tabela 2, apresentam-se os dados quanto ao valor recebido em US$ pelas exportações de uva e manga. Nota-se que o ganho com as exportações de uva tem aumentado em mais de 900% e a de manga em 218%. 
Tabela 2 - Exportação de Uva e Manga no Vale do São Francisco em US$ Mil (1997 a 2004)
	Fonte: Revista econômica do Nordeste, 2009.
Mesmo com câmbio valorizado, entre 1997 e 2004, o VSF obteve maiores retorno sobre as vendas e não somente aumentou a quantidade exportada em toneladas. Bustamante (2009) acredita que isso ocorreu devido a investimentos no processo produtivo de frutas de maior qualidade e escala realizada principalmente pelas grandes empresas privadas que estão inseridas no arranjo.
Os números acima representam não só a evolução das exportações na região do VSF, como também resumem a importância da mesma para a balança comercial e consequentemente para a economia brasileira.
5. BARREIRAS COMERCIAIS
Berto (2004) define como função principal da Organização Mundial do Comércio (OMC) o gerenciamento de acordos multilaterais para facilitar o comércio internacional, porém, muitos países ainda impõem barreiras comerciais, para evitar o desenvolvimento de outros países em seus mercados. O autor define barreiras comerciais como: 
[...]qualquer lei, regulamento, prática ou política governamental que proteja os produtores de um país contra a competição externa, que imponha obstáculos ao fluxo normal de importações ou estimule artificialmente as exportações de um produto específico ou dependendo da interpretação poderiam ser também manipulações na clássica lei da oferta e da demanda. (BERTO, 2004, p. 2)
Silva (2014) classifica as barreiras comerciais em tarifárias (BTs) e não-tarifárias (BNTs). As BTs são aquelas que se referem à cobrança de impostos, contribuições relacionados a importação e exportação, enquanto que as BNTs se referem às restrições de entrada de produtos a outros países. 
Miranda (2001) vai além dessas definições e inclui questões técnicas, sanitárias, de proteção ambiental, de qualidade de produção, da saúde do trabalhador e da proibição de trabalho infantil. A autora explica ainda que diferente das BTs, as BTNs são mais complexas em termos de quantificar as consequências causadas por essas, e que poucos estudos existem sobre esse tema devido à dificuldade de acesso a dados mais específicos. 
Para Andrade (2007), resumidamente, as BNTs podem ser classificadas em: técnicas e sanitárias (fitossanitárias), e afirma que apesar de essas apresentarem um caráter inerentemente técnico, suas motivações estão relacionadas a questões como segurança, meio ambiente, apresentam elementos objetivos e subjetivos, o que faz do assunto complexidade e questionamentos consideravelmente elevados. O autor mostra ainda alguns exemplos conforme descrito Quadro 2.
Quadro 2 - Algumas categorias de barreiras não-tarifárias presentes no comércio internacional
	Medidas Antidumping 
	Medidas que são acionadas quando há a constatação de que uma mercadoria está sendo vendida no mercado importador a preços reduzidos, decorrentes da prática de dumping. Essas medidas são frequentemente utilizadas de maneira abusiva.
	 
	
	 
	
	Salvaguardas 
	Medidas adotadas por um país, quando a importação de um produto está causando, ou ameaçando causar prejuízo grave aos produtores nacionais de produtos similares ou diretamente competidores.
	 
	
	Quotas de Importação
	 Limitação quantitativa à entrada de um produto importado no país.
	Quotas Tarifárias 
	Restrições de quantidade, através da imposição de tarifas mais elevadas quando o limite é ultrapassado.
	 
	
	Regras de Origem 
	Determinam em que medida um produto pode ser considerado nacional e qual regime comercial deve ser aplicado a ele. Podem ser utilizadas tanto como medida de proteção, quanto como medida de facilitação de acesso a mercado
.
	 
	
	 
	
Fonte: Andrade (2007)
As principais BNTs são aquelas que não são percebidas como barreiras, mas que geram um custo tão alto ao produtor que prejudicam o volume exportado, como por exemplo inspeção 24 horas por dia e exigência de muitos certificados. A OMC explica que essas são barreiras comerciais derivadas da utilização de normas ou regulamentos técnicos não transparentes ou que não se baseiam em normas internacionalmente aceitas ou, ainda, decorrentes da adoção de procedimentos de avaliação da conformidade não transparentes e/ou demasiadamente dispendiosos,bem como de inspeções excessivamente rigorosas. 
Quanto às BNTs sanitárias e fitossanitárias, genericamente foram criadas para a proteção da vida humana, animal e vegetal, dos riscos decorrentes da entrada de pragas, toxinas, doenças e aditivos (ANDRADE, 2007). Porém, essas barreiras também são utilizadas como medida protetiva para evitar que grandes volumes entre nos países desenvolvidos e prejudiquem seus produtores locais. No caso dos EUA, eles exigem a emissão de um certificado de tratamento hidrotérmico, cujo custo de elaboração é altíssimo, fazendo com que poucos produtores consigam emiti-lo e consequentemente exportar. 
Gurgel (2006) coloca que as barreiras comerciais para produtos agrícolas reduziram significativamente, mas que infelizmente essas medidas de proteção ainda são maiores que a de outros produtos. Para promover o desenvolvimento econômico de todos os países do mundo o autor indica como primordial a eliminação das tarifas às importações dos produtos agrícolas pelos países ricos, pois isso traria aos países subdesenvolvidos maiores ganhos que a eliminação de subsídios às exportações e à produção doméstica dos desenvolvidos.
 Baumann (1998) concorda que as barreiras às importações de países ricos dificultam o desempenho dos exportadores de países em desenvolvimento já que com tarifas mais altas teoricamente os últimos exportam menos. 
Para o MDIC (2017) apesar das tarifas e outras restrições quantitativas terem diminuído de forma significativa entre 1947 e 1995, outras formas de protecionismo apareceram como por exemplo, os regulamentos que estabelecem requisitos de qualidade, segurança, composição, processo produtivo, embalagem, rotulagem, etc., para os produtos comercializados em seus territórios. Essas medidas governamentais podem ter proteção de objetivos legítimos, como saúde, segurança e meio ambiente ou podem servir de explicação para a imposição de exigências técnicas protecionistas.
Consoante Silva (2014), o acordo estabelecido pelo Acordo Geral de tarifas e comércio (GATT), referindo-se aos países em desenvolvimento, reconhece que esses têm o direito de introduzir normas técnicas de acordo com seu nível de desenvolvimento e de precisarem de mais tempo para se adequarem as normas internacionais. Porém, na prática, aqueles países que não se adequam acabam por perder espaço no mercado importador. Para dificultar ainda mais esse processo existem atualizações constantes nas normas dos países importadores. 
A União Europeia (UE) é um dos países exemplos por estar sempre alterando lista de pesticidas e quantidades permitidas a serem utilizadas durante o plantio, crescimento e colheita das frutas in natura. De acordo com Procópio Filho (1994) o “Ecoprotecionismo”, que coloca BNTs relacionadas a proteção ambiental, acaba por se tornar uma justificativa para impor barreiras comerciais e o setor agrícola é uma das áreas mais vulneráveis a esse quesito.
A principal certificação exigida para que países europeus importem frutas in natura é a EUREPGAP - European Retailers Produce Working Group + Good Agricultural Practices, traduzindo significa Consórcio Europeu de Atacadistas + Boas Práticas Agrícolas. Os membros deste consórcio são distribuidores globais da indústria de alimentos e compradores internacionais de matéria-prima ao redor do mundo que criaram um protocolo envolvendo questões sociais, ambientais e de qualidade do produto que devem ser seguidas pelos produtores para que estes possam receber sua certificação. Apesar de ser uma norma europeia, frequentemente outros países utilizam esse protocolo como pré-requisito para ser importador de frutas dos países em desenvolvimento, como por exemplo, os Estados Unidos.
Para Andrade (2007) o protocolo de boas práticas agrícolas do EUREPGAP é considerado um código de conduta que contém 145 elementos de requisição e 65 recomendações voltadas para: i) reduzir os riscos na produção agrícola e pecuária; ii) padronizar os modelos de produção; iii) implantação de Boas Práticas de Produção Agrícola nas propriedades; iv) melhorias contínuas no sistema de produção; e v) qualificação para mercados mais exigentes. Dentro desses pontos estão as exigências dos europeus quanto estrutura física dos Packing Houses, mais conhecidos como “Casas de embalagem ou onde são embaladas as frutas”. Uma das principais é de que essa área tem que ser telada, as portas que dão acesso têm que ter ventilação anti-poeira, as boas práticas de higiene das mãos têm que ter espaço garantido antes dessas portas, além dos EPIS obrigatórios como touca e protetor auricular. 
O EUREPGAP acompanhando a globalização, passou a denominar-se GLOBALGAP e conseguiu estabelecer-se no mercado global como referência chave de Boas Práticas Agrícolas, levando as necessidades dos consumidores até a produção agrícola num número cada vez maior de países em todos os continentes (AGROASTRO, 2009).
	Segundo Caixeta Filho et al. (2001), as dificuldades para os produtos do setor de fruticultura entrarem no mercado externo se dão devido aos problemas com os transportes, as embalagens, os manuseios e a armazenagem que causam avarias aos produtos.
Para Lacerda (2004) o mercado externo tem as exigências de padrões de qualidade adequados ao gosto do consumidor dos países centrais e isso impõem aos produtores parâmetros referentes aos tratos culturais de pré e pós-colheita, e que são transmitidos por meio das redes de comercialização. Na Europa, por exemplo, umas das exigências que podem variar a critério do importador, é o ponto de maturação no qual as frutas devem ser colhidas para que cheguem maduras e saudáveis ao destino. Caso as frutas não cheguem no ponto de maturação desejado algumas caixas podem ser descartadas ou incineradas com total ônus para o exportador. 
Conforme Assis (2009) o GLOBALGAP é uma organização privada que estabelece normas voluntárias para a certificação de produtos agrícolas em todo o mundo. Esta tem por objetivo estabelecer uma norma de Boas Práticas Agrícolas mundial e possui um conjunto de documentos normativos incluindo lista de verificação, inspeções anuais e adicionais a qualquer tempo. 
O autor utiliza a expressão "pre-farm-gate" para se referir a esta certificação cujo significado é abrangência de toda a produção do produto, desde insumos agrícolas até a saída da unidade de produção. Apesar desses protocolos o autor acredita que a UE não é considerada o bloco econômico mais exigente em termos de barreiras fitossanitárias, já que quanto a documentação para exportação somente exige um certificado de origem do Brasil e certificado fitossanitário.
A ABRAFRUTAS, quando se trata de exportação de frutas de outros países para os EUA, resume as BNTs como: a exigência de 5 documentos para o despacho aduaneiro; embalagens rotuladas com local de origem das frutas; as frutas frescas precisam passar por um processo de quarentena na importação, com várias regras aplicáveis sendo que as frutas precisam ser verificadas no porto de exportação, assim como de importação (considerado um processo complicado por muitos países que exportam aos Estados Unidos); a exigência de inspeção, por agentes do USDA, nas fazendas onde as frutas são cultivadas – existem certas legislações abordando questões de padrões de alimentos e contaminação, que podem parecer um pouco excessiva.( 
A Associação ressalta que muitos países reclamaram na OMC sobre a burocracia e procedimentos necessários para importar frutas nos EUA.
 
6. VALE DO SÃO FRANCSICO E AS BARREIRAS PARA EXPORTAÇÃO AOS EUA
 
O Vale do São Francisco tem sua economia baseado na agricultura e boa parte das fazendas a direciona para a exportação. Porém apenas algumas poucas e grandes empresas conseguem exportar para os EUA. 
Por ser a região brasileira que mais exporta frutas, sendo as principais a manga e uva, o Brasil e o VSF tiveram que obter uma autorização para importação dessas frutas por meio do cumprimento de várias e custosas exigências.( 
As principais barreiras ao VSF são as BNTs, aquelas que aparentementenão são cobradas. Os EUA fazem inúmeras exigências as fazendas antes que elas possam exportar suas mangas e uvas como: selo APHIS, listas de pesticidas proibidos, estrutura física, certificações, presença de fiscais do USDA, tratamento hidrotérmico ou à frio, alfândega burocrática, dentre outros. Segue abaixo explicação de cada item de acordo com informações dos autores literários, bem como detalhes vividos pelo autor desta pesquisa.
Assis (2009) explica que o principal requisito exigido pelos Estados Unidos para a licença de importação do USDA no pré-embarque é o selo do Animal and Plants Health Inspection Service (APHIS)*. 
No caso da manga, as exigências já se iniciam durante o plantio e crescimento das mangueiras. Existe uma lista de pesticidas atualizada anualmente pelo Departamento de Agricultura Americano (USDA) que determinam quais agrotóxicos podem ser utilizados e em que quantidades. Caso seja detectado em alguma amostra, no momento da chegada aos EUA, qualquer quantidade acima do permitido o país pode devolver ou incinerar a carga inteira. Em qualquer uma das duas situações todos os custos são de responsabilidade do exportador (USDA, 2017).
Para o processo de lavagem, separação, tratamento hidrotérmico e embalagem, é necessário construir uma casa de embalagem (packing house), com acesso exclusivo à fruta que será destinada aos Estados Unidos (USDA, 2017), ao contrário do que é exigido na União Europeia, que permite que na mesma casa de embalagem sejam processadas frutas que serão exportadas para outros países como Canadá, por exemplo. 
O USDA checa anualmente vários requisitos antes de liberar a fazenda para exportar as frutas para os EUA. Além disso, envia todos os anos um fiscal a cada uma das fazendas, porém todos os custos como passagens aéreas, hospedagem, alimentação, transporte, etc., são pagos pelos exportadores (USDA, 2017). 
A infraestrutura é cercada de detalhes que vão além de um manual de boas práticas de higiene e segurança. Toda área de acesso a casa de embalagem dos EUA tem que ser 100% fechada e para isso as entradas possuem 2 portas de acesso. A primeira com ventilação de cima para baixo logo antes de entrar, para evitar que qualquer poeira entre junto com as pessoas. Após esta porta fica um pequeno corredor isolado com mais uma forte ventilação antes da segunda porta que já dá acesso ao espaço do tratamento hidrotérmico. A segunda porta somente pode ser aberta após o fechamento da primeira sob o risco de o fiscal da agricultura Americana condenar todo um lote de mangas por conta disso. (EU)
Quando da entrada, o percurso das mangas se inicia com o tratamento hidrotérmico, que consiste na imersão da fruta em água aquecida, entre 75 e 90 minutos dependendo do calibre (tamanho) da fruta. Somente após isso o produto recebe um certificado com a frase “USDAAPHIS treatment with hot water”. Os americanos acreditam que a essa temperatura a doença chamada “mosca da fruta” não poderá sobreviver e assim adentrar o seu país no interior das mangas importadas, prejudicando não só a saúde de sua população como o alastramento da praga por seus pomares (ASSIS, 2009).
Depois do tratamento hidrotérmico, as mangas passam por um jato de cera e em seguida por uma seleção de tamanho e peso, é a “calibragem”, daqui são distribuídas entre as várias esteiras para que sejam colocadas entre 4 e 6 frutos a depender do tipo de caixa que os importadores exigirem. Ainda há o processo de resfriamento da parte interna das mangas: “polpa”. Este processo se inicia nos tuneis onde a temperatura chega a 7° C para que a polpa vá resfriando aos poucos, esta parte dura cerca de 8 h e logo em seguida as mangas seguem para as câmaras frias que são grandes geladeiras apenas para manter a temperatura até a chegada dos containers (USDA, 2017).
Consoante a Companhia Sul-americana de Vapores – CSAV (2017), a alfândega americana tem que ser avisada com 24 h de antecedência ao carregamento no porto de embarque, sobre quais as cargas que estão sendo enviadas, e para cumprir esse prazo a empresa solicita a seus exportadores que enviem as informações detalhadas via sistema 12 h antes do prazo estabelecido pela alfândega americana para que tenha tempo hábil para repassar as informações exigidas que são:
Vendedor;
Comprador;
Importador do número de registro/Número de identificação do solicitante da zona de intercâmbio estrangeiro;
Número (s) do Consignatário;
Fabricante (ou provedor);
Destinatário;
País de origem;
Número do produto HTSUS (HS 6 dígitos)
Local da carga do contêiner; e
Consolidador (carregador).
Isso significa que um rascunho do conhecimento de embarque marítimo precisa ser feito pela fazenda, enviada ao despachante, encaminhada para a companhia marítima que finalmente faz a transmissão para a alfândega estrangeira sempre dentro do prazo determinado. Qualquer divergência neste envio pode resultar em um aviso de “Não carregar”. (CSAV, 2017).
Quando um container chega na fazenda o fiscal tem que ser informado de imediato para que este possa inspeciona-lo antes da “ovação” do mesmo, que nada mais é que colocar as mangas já paletizadas dentro do container. No entanto, muitas vezes acontece do container não estar 100% limpo, e qualquer poeira é motivo para que o fiscal exija uma nova lavagem do container com bastante água e sabão. Quando a limpeza está no padrão exigido o fiscal libera o início da ovação e quando as portas do container são fechadas ainda acrescenta um lacre próprio e específico dos EUA, além do lacre já colocado pelo fiscal do Ministério da Agricultura Brasileiro (MAPA) nas exportações para outros países como Holanda e Canadá. 
O container segue viagem pelas estradas do Brasil até os portos de Suape – PE, Salvador – BA, Mucuripe-CE e Pecém-CE. Destes são colocados nos grandes navios de carga até os principais portos americanos: Miami, Norfolk, Houston e Long Beach. 
Ao chegar aos portos de destino, os containers são mais uma vez inspecionados pelo USDA e podem ficar aguardando a liberação deste órgão por até 48 h. Isso já faz com que a fruta perca mais dois dias de tempo de prateleira. Na época da safra, geralmente entre agosto e novembro, é comum acontecerem congestionamentos nos portos e por isso os navios podem vir a ser desviados para outros portos seguintes mais próximos. Mais 2 ou 3 dias de atraso na entrega da fruta ao consumidor final que vai prejudicar o exportador do VSF, uma vez que a viagem normalmente já leva de 9 a 11 dias esses dias a mais faz com que a fruta chegue em pior estado aos armazéns dos importadores e consequentemente aos consumidores finais. 
Quanto às uvas, as exigências também se iniciam no pomar, dependendo do tamanho da baga (uma única uva) ou da quantidade de chuva recebidas nas “parreiras” (pés de uva), elas não poderão ser exportadas para EUA. Porém, as barreiras comerciais impostas são menores, já que não são necessárias grandes estruturas exclusivas para sua embalagem ou fiscal do USDA presente. 
A uva passa por um processo de limpeza cuidadosa manual e são embaladas em plásticos de polietileno antes de serem colocadas nas caixas de papelão, a depender do importador também podem ser exigidas cumbucas (caixas de plástico tampadas, com pequenos furos para passagem do frio). 
A maior exigência apresentada pelo USDA é quanto ao tratamento por frio, onde a temperatura tem que ser mantida entre 0° e 1° dentro das bagas por 15 dias. Este tratamento pode ser realizado durante a viagem dentro do próprio container ou na chegada ao porto americano, porém, dessa forma o risco de o container não conseguir manter essa temperatura é muito alto devido a fatores climáticos que podem interferir, por outro lado sai bem mais barato já que o processo é feito dentro do próprio container, despesa extra apenas com o aparelho que vai dentro dos containers e mede a temperatura constantemente. 
No porto de chegada, o fiscal do USDA deve verificar por meio do aparelho o registro de oscilações de temperatura, caso essas ultrapassassem o limitepermitido, será necessário pagar pelo tratamento feito no próprio porto por mais 15 dias. Para fazer o mesmo tratamento na chegada ao porto, além do custo ser muito mais alto, os containers passam mais tempo nas filas aguardando para desovar as uvas dentro das câmaras frias que fariam este tratamento, sempre com fiscal do USDA acompanhando passo-a-passo. Com essa questão as uvas brasileiras perdem tempo precioso de prateleira, valor de venda e qualidade. 
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As informações encontradas sobre o Vale do São Francisco e os munícipios que o compõem foram encontrados no site da EMBRAPA, já os dados quantitativos foram pesquisados no site da COMEX DO BRASIL em reportagem quanto ao último evento do órgão governamental americano National Mango Board em 2016. 
No site do MDIC conceitos gerais sobre barreiras alfandegárias e suas variações, bem como dados estatísticos das últimas safras foram utilizados na explicação.	
A pesquisa foi realizada em livros, sites e artigos quanto à exportação de forma geral, porém não foi localizado material que tratasse das barreiras específicas de manga e uva especificamente produzidas no Vale do São Francisco para exportação aos EUA.
Existem ainda informações atribuídas a experiência do autor desta monografia como por exemplo detalhes do processo dentro de uma fazenda de manga e uva, descrição de situações corriqueiras que não estão descritas em manuais ou artigos acadêmicos.
O site do Ministério de Agricultura dos EUA possui diversas informações relevantes, dentre essas, destaque para o manual: “United States Standards for Grade of Mangos”. Neste o USDA classifica os tipos de defeitos e maturação que podem ser encontrados nas mangas. 
Durante o projeto foi possível notar	que são várias as barreiras encontradas pelo exportador do VSF e em diversas áreas/fases da linha de produção da manga e uva para exportação. É necessário pesquisar em diversas fontes para que se chegue a um senso comum do que e como deve ser colocado em prática e ainda ter a experiência prática para se perceber tamanha quantidade de barreiras encontradas no fluxo operacional dessas exportações. 
As principais dificuldades quanto à exportação encontradas durante a pesquisa foram: 
- são muitos os manuais publicados e alterados constantemente pelo USDA; 
- são várias as solicitações de mudança nos procedimentos de transmissão de informação feitas diretamente as companhias marítimas pela alfândega americana; 
- o aumento constante de todos os custos referentes à exportação de frutas para os EUA, por exemplo, frete marítimo ajustado sempre com base no valor do barril de petróleo, cotação da moeda estrangeira oscilante, variação de preços no mercado internacional, condições de tempo (furacões) no trajeto ao país americano; 
- o crescimento de grupos importadores que estão “oligopolizando” o mercado de frutas americano e impondo certificações próprias além das gerais já cobradas pelo USDA;
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após esta pesquisa e mais de 10 anos de experiência na área de comércio exterior, principalmente em empresas exportadoras do Vale do São Francisco, é possível afirmar que ainda existe uma longa jornada para que Brasil e EUA possam resolver tantos problemas comerciais.
 O fato é que o protecionismo do governo americano impede que as demais nações se desenvolvam. Quando se trata de ter que reduzir custos aos produtos agrícolas a serem recebidos, os EUA possuem os mais altos em termos de exigências de infraestrutura, pessoal e processos dos exportadores.
As limitações encontradas durante a pesquisa estão relacionadas ao: tempo para pesquisa de campo que poderia ter trazido mais detalhes a este trabalho; ao acesso aos valores de custos específicos para montagem da estrutura exigida pelo USDA e manutenção de seus empregados nas fazendas anualmente entre agosto e novembro de cada ano; também não foi possível calcular a porcentagem do custo para exportar para os EUA em relação a Europa, uma vez que este cálculo envolve muitas nuances e a necessidade de pesquisa de campo para encontrar este resultado.
Sugerimos que futuras pesquisas poderiam acrescentar as informações acima, bem como, buscar se seria realmente necessário deslocar um funcionário do USDA para acompanhar os processos de cada fazenda de manga do VSF para fiscalização, além de questionar o governo brasileiro quanto às barreiras colocadas pelo próprio país para que as exportações aconteçam.
REFERÊNCIAS
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( É preciso verificar o 'Commodity Import Report' da fruta a ser exportada aos EUA para identificar todas as exigências.
( Este selo é um certificado de que a fazenda foi aprovada nos testes que englobam regulamentos sanitários, fitossanitários e de saúde animal. Cada fruta ou vegetal tem algumas normas específicas.

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