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Direito Administrativo AD2

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DIREITO ADMINISTRATIVO
AD 2
Aluno: Aline Sanches de Freitas Silva
Matrícula: 13113110306
Polo: Bom Jesus do Itabapoana
A Terceirização de Atividades na Administração Pública
	Ao termo “terceirização” pode-se dar vários significados: o processo de descentralização das atividades da empresa, no sentido de desconcentrá-las, para que sejam desempenhadas em conjunto por diversos centros de prestação de serviços e não mais de modo unificado numa só instituição; a valorização do setor terciário da economia.
	A terceirização possui alguns aspectos positivos: a modernização da administração empresarial, com a redução de custos, aumento da produtividade e com a criação de novos métodos de gerenciamento da atividade produtiva. Mas também possui alguns negativos: a redução dos direitos globais dos trabalhadores, tais como a promoção, salários, fixação na empresa e vantagens decorrentes de convenções e acordos coletivos.
	Importante lembrar que a administração pública, quando contrata pessoal pelo regime da CLT, equipara-se ao empregador privado, sem qualquer prerrogativa de império, apesar de sofrer inúmeras limitações pelas normas de direito público. 
	Segundo a professora MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, a utilização das terceirizações na Administração Pública, aponta que ordinariamente vem se travando contratações ilegais e inconstitucionais, aparentemente concebidas como terceirização, mas que, na verdade, constituem-se verdadeiras burlas à obrigatoriedade de concurso público e escape para as intenções de nepotismo e apadrinhamento. Nas observações da professora, o que se vem verificando na prática não é a contratação da prestação de serviços em si, mas sim as que veiculam como objeto o próprio fornecimento de mão de obra, essa inadmissível posto que a Administração deve observância à regra do concurso público. Ainda em suas considerações, destaca ser perfeitamente possível, no âmbito da Administração, a terceirização como contrato de prestação de serviços, colacionando, inclusive a legislação que indica exemplificadamente aqueles que podem se sujeitar à prestação indireta. Na mesma oportunidade, aproveita para chamar atenção ao importante fato de que a terceirização admitida é aquela versando sobre a prestação de serviços (como a locação de serviços), excluída a que tenha por objeto determinado serviço público como um todo, esses de prestação possível aos particulares somente sob a forma de permissão ou concessão de serviços públicos, jamais mediante terceirização. Diante das constatações fáticas e das importantes ideias da professora Di Pietro, percebe-se que a utilização das terceirizações pela Administração Pública não é tão tranquila e não está adstrita somente às questões quanto à formação de vínculo empregatício ou à identificação das atividades terceirizáveis. Sua admissibilidade está sujeita à avaliação de relevantes e indispensáveis critérios, sob pena de se tornarem instrumentos antagônicos ao interesse público. 
	JORGE ULISSES JACOBY FERNANDES, propugnando pela existência de consideráveis vantagens da terceirização para o setor público, situando-a como instrumento de trabalho e desenvolvimento das atividades que pode e deve ser implementada com vantagens significativas, desde que atendidos os requisitos legais para tanto esses exaustivamente destacados por ele insurge-se veementemente contra a interpretação literal do art. 72 da Lei de Responsabilidade, que, aparentemente, parece limitar as despesas com terceirizações (em sentido amplo) dos entes federativos. Entende o autor que tal limitação, se concebida de forma ampla, envolvendo todo e qualquer tipo de serviço de terceiro, incorre em inconstitucionalidade, por ter a Constituição Federal, em seu art. 169, reservado à Lei Complementar a limitação com despesa de pessoal, não lhe cabendo, portanto, impor patamares para outras despesas com serviços em geral. Sustenta seu entendimento em conhecidas normas de hermenêutica que proclamam: a interpretação sistemática, sugerida in casu, ao se destacar a necessária coordenação entre o art. 72 e o § 1º do art. 18, ambos da LRF; a teleológica, que busca a finalidade a ser alcançada pela norma, na espécie entendida pelo professor, como a finalidade de impedir que o administrador público viesse a transferir o contigente de servidores integrantes do quadro para imposta empresa e a interpretação vertical, ou seja, conforme a Constituição, todas, conduzindo à mesma conclusão. 
	Temos ainda o professor Marcos Juruena Vilela Souto, que registra seu pensamento da seguinte forma:
“A regra é que, para atividades permanentes, seja criado, por lei, um cargo público e provido por um servidor selecionado através de concurso público. Se é que, em tempos de modernização e diminuição da máquina do Estado, os cargos públicos só devem ser providos ou criados se envolverem atividades típicas do Poder Público, notadamente, as que exigem, manifestação de poder de império (polícia, fiscalização, controle e justiça). As demais atividades que não exijam uso de força ou independência no controle podem, e muitas vezes devem, ser terceirizadas, sequer havendo necessidade de restabelecer o regime celetista para servidores públicos; basta que os cargos públicos, sujeitos ao regime estatutário, sejam reservados às funções típicas do Estado, liberando-se a terceirização para outras funções, que podem compreender diversas formas de parceria que não apenas o vínculo celetista com o prestador de serviço”
	Christian Beurlen defende a ideia de que, se em uma contratação estiverem presentes os elementos que configuram a relação de emprego (subordinação e pessoalidade), caracterizada está a terceirização de mão de obra, conforme registrado a seguir: 
“Como se percebe, presentes os elementos materiais que configuram o contrato de trabalho, mesmo que ausente qualquer instrumento formal, a jurisprudência consolidada reconhece o vínculo empregatício, com todas as consequências daí advindas. Assim, mesmo que o contrato para execução indireta de atividades esteja firmado exclusivamente entre a pessoa jurídica contratante e a fornecedora de mão de obra, se restar configurada a relação de subordinação e pessoalidade com o trabalhador, tácita e direta será a relação de emprego deste com a tomadora de serviços. Quando o tomador é a Administração Pública, embora não se reconheça o vínculo formal, todas as demais responsabilidades podem ser a ela atribuídas de maneira subsidiária ou solidária.”
	Diante da importância também de se delimitar o que seja atividade-meio e atividade-fim no âmbito do Direito Administrativo, Dora Maria de Oliveira Ramos (2001, p. 123), analisa o assunto, e se posiciona da seguinte forma:
“Há quem identifique a atividade-fim do setor público como a prestação de serviços públicos. Dessa forma, as atividades diretamente direcionadas aos administrados são atividades-fim da Administração Pública, em justaposição às atividades-meio, relativas à organização interna da Administração, que são instrumentais à realização das primeiras.”
Referências:
	DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Terceirização Municipal em face da Lei de Responsabilidade Fiscal. Revista Brasileira de Direito Municipal – RBDM, Belo Horizonte, n. 7, jan/mar.2003. Disponível em http://www.editoraforum.com.br. Acesso em 20 de outubro de 2015.
	BEURLEN, Christian. A execução indireta de atividades da Administração Pública. Terceirização – 1269/166/DEZ/2007. Disponível em http://www.zenite.com.br. Acesso em 20 de outubro de 2015.
	FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Responsabilidade Fiscal na função do ordenador de despesa; na terceirização de mão-de-obra; na função do controle administrativo. Brasília: Editora Brasília Jurídica, 2001. 
	RAMOS, Dora Maria de Oliveira. Terceirização na Administração Pública. São Paulo:LTr. 2001. 
	SOUTO, Marcos Juruena Villela. Desestatização, Privatização, Concessões e Terceirização. Editora Lumen Juris, 2000.

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