Buscar

Ponto 02 O DIREITO COMO CIÊNCIA (epistemologia jurídica). (2)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

�PAGE �
�PAGE �11�
2. O DIREITO COMO CIÊNCIA (epistemologia jurídica).
2.1 –Direito no mundo das ciências – A Técnica Jurídica.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Conhecer é trazer para o sujeito algo que se põe como objeto. Consiste em levar para a consciência do sujeito cognoscente algo que está fora dele. É o ato de pensar o objeto, ou seja, de torná-lo presente à inteligência. (Goffredo Telles Júnior).
A palavra "ciência" tem sua origem no termo latino scientia, que significa conhecimento ou entendimento. É o conjunto organizado de conhecimentos que procura dar às suas constatações um caráter estritamente descritivo, genérico, comprovado e sistematizado, ou seja, um conjunto de enunciados que visa transmitir, de forma racionalmente adequada, informações verdadeiras sobre o que existe, existiu ou existirá.
O conhecimento científico é, portanto, aquele que procura dar às suas constatações um caráter estritamente descritivo, genérico, comprovado e sistematizado. Constitui um corpo sistemático de enunciados verdadeiros.
O conhecimento vulgar, por sua vez, é assistemático, pois as noções que o integram derivam da experiência da vida cotidiana: de ver atuar, da leitura acidental, de ouvir, etc. São exemplos de saber vulgar a verificação de que ao dia sucede a noite, de que o fogo queima, de que o relógio marca as horas, etc. são idéias que se vão depositando por aluvião.
	Conhecimento Vulgar
	Conhecimento Científico
	Origem no cotidiano espontâneo, sem método específico
	Adota metodologia
	Pode até ser correto, mas não adota a prova
	Busca a verdade, a certeza
	Não esquematizado
	Passível de esquematização
	Casual
	Causal
	Aleatório, fortuito
	Forma regras a partir de casos particulares
Toda ciência tem um objeto, que é o material a ser investigado. Objeto pode ser definido como “tudo aquilo de que se pode dizer alguma coisa”. Como o direito tem diversos significados de interesse para o estudo, abrangendo desde a própria Ciência do Direito, até o direito em seus variados significados e formas, podemos dizer que o objeto da Ciência do Direito é o próprio direito. 
OS OBJETOS E A ONTOLOGIA
O objeto (tudo aquilo de que se pode dizer alguma coisa) produzirá uma modificação no sujeito conhecedor que é o pensamento.
A Ontologia – que significa o estudo (do grego logia) dos seres (do grego onto) – possui uma teoria, denominada Teoria dos Objetos, que visa fixar uma certa organização para todas as coisas do universo.
A Teoria dos Objetos assume um ponto de vista antropocêntrico, entendendo ser o homem o centro do universo. Sendo o universo a união de tudo o que existe, divide os objetos que compõe o universo em duas categorias: naturais (tudo aquilo que existe na natureza, independente da vontade do homem) e os culturais (os que existem por vontade humana).
Os objetos naturais dividem-se em reais (perceptíveis aos sentidos humanos) e ideais (não perceptíveis).
Já os objetos culturais dividem-se em materiais (resultante do trabalho do homem sobre um objeto natural real) e espirituais (não tem existência física, eis que resultante do trabalho humano sobre um objeto natural ideal).
						 Objetos Reais
			Mundo Natural
						 Objetos Ideais
 Universo
						 Objetos Materiais
			Mundo Cultural
						 Objetos Espirituais
A expressão Ciência do Direito é usada em sentido amplo, indicando qualquer estudo metódico, sistemático e fundamentado dirigido ao direito. Todas as ciências, inclusive o Direito, são classificadas como objetos culturais espirituais.
METODOLOGIA JURÍDICA
O método é a garantia de veracidade de um conhecimento. Método é a direção ordenada do pensamento na elaboração da ciência. É ele que guia a investigação científica, provando que o resultado de suas pesquisas é verdadeiro. Não se deve confundir método com técnica, pois o saber científico pode utilizar diversas técnicas, mas só pode ter um método. 
O método indicará o caminho a ser percorrido pelo cientista para se chegar a um determinado fim (uma verdade), enquanto que a técnica será a forma utilizada para percorrer este caminho. O método indica "o que fazer" e a técnica indica "como fazer".
O problema central da metodologia jurídica é a escolha do procedimento lógico (o método) adequado para o conhecimento do direito, ou seja, o conhecimento jurídico resulta do método empregado. 
As diversas teorias que buscaram, e ainda buscam, explicar o Direito, apresentam cada qual a sua visão de qual seria o método ideal a ser aplicado à ciência do Direito. Estudaremos os principais métodos aplicáveis ao direito durante os trabalhos com as teorias do Direito.
TÉCNICA JURÍDICA
A técnica da ciência do Direito é o conjunto de procedimentos destinados a tornar mais perfeita e eficaz a criação e aplicação do direito, bem como a tornar mais completo o seu conhecimento. 
Compete à técnica dar forma ao direito, enquanto a ciência do Direito visa a fornecer o seu conteúdo. 
A técnica jurídica vem sendo estudada como um corpo tripartido, ou seja, dividido em três partes: 
1. técnica da formulação legislativa do direito – a criação de normas; 
2. técnica da ciência do direito, que se destina a concentrar, sistematizar e unificar a matéria jurídica, simplificando e organizando o direito par sua melhor compreensão e aplicação; 
3. técnica de aplicação do direito, que engloba as técnicas de interpretação do direito (determina o sentido da norma) e de integração do direito (busca resolver o problema das lacunas no direito).
Classificação das ciências
Tércio Sampaio Ferraz Júnior ensina que a ciência pode ser classificada, quanto ao método, em ciências naturais ou ciências humanas. Ao estudar os fenômenos naturais, pela ciência natural – da natureza – o método de abordagem refere-se à possibilidade de explicá-los, isto é, constatar a existência de ligações entre fatos. Já ao estudar os fenômenos humanos (pelas ciências humanas), é necessário mais do que simplesmente explicar; é necessário compreender, isto é, o cientista tem por objetivo reproduzir, intuitivamente, o sentido dos fenômenos, valorando-os, reconhecendo a conduta humana.
Augusto Comte classificou as ciências em abstratas, também chamadas de teóricas ou gerais e concretas, também designadas particulares ou especiais.
As ciências abstratas são aquelas que estudam as leis gerais, que norteiam os fenômenos da natureza. Nestas se situam: a Matemática, a Astronomia, a Física, a Química, a Biologia e a Sociologia.
Augusto Comte não chegou a classificar as ciências concretas, por entender que não se prestavam a uma discriminação perfeita. As ciências concretas, para esse filósofo, são as que aplicam as leis gerais aos seres naturais, realmente existentes. A Biologia é ciência abstrata que investiga as leis da vida, ao passo que a Botânica e a Zoologia são concretas, dependentes da Biologia.
Aristóteles classificou as ciências no critério da função de cada uma:
1. Ciência teórica ou especulativa – visa o próprio conhecimento, conhecendo por conhecer, limitando-se a ver a realidade, reproduzindo-a como existe. Tem sempre em vista a verdade. Subdivide-se em: 
a) ciências físicas ou naturais – se referem aos seres da natureza e da natureza transformada pelo homem;
b) ciências matemáticas ou formais – atinentes ao mundo das quantidades;
c) ciências metafísicas – relativas ao ser enquanto ser, considerando o ser em si mesmo. Também chamadas ontológicas.
2. Ciência prática – tem por objeto o conhecimento, para que ele sirva de guia à ação ou ao comportamento. Subdividem-se em:
a) ciências morais ou ativas – visam dar normas ao agir, procurando dirigir a atividade interna e pessoal do homem, buscando atingir o bem;
b) ciências artísticas, factivas ou produtivas – têm por fim dar normas ao fazer, dirigindo a produção de coisas exteriores. Almejam a produção do belo e do útil.Como visto, existem diversificadas classificações das ciências, cada qual observando certo critério, pois cada filósofo defende sua classificação sob o prisma que lhe for mais conveniente.
�
2.2 – Conceito de Direito
Não se tem notícia histórica da data da origem da Palavra “Direito”, ou seja, o exato momento do seu aparecimento para o significado que nos interessa. Afirma-se, porém, que veio do Latim "DIRECTUM", que significa direto, reto, correto, direito.
Deveres e obrigações se impõem à conduta de todas as pessoas no convívio familiar, nas relações de trabalho e nos vínculos religiosos. A solução dos conflitos, com base no direito e mediação do Estado, torna possível a vida em sociedade.
Direito pode ser analisado como o conjunto de normas obrigatórias que disciplinam as relações humanas; ou como a ciência que estuda essas normas. Pode ainda ser visto como valores informativos da normogênese – para a criação da norma – ou, em última análise, como o direito de agir ou não agir, conforme a norma permita ou não proíba (faculdade).
Assim, direito é a norma (lei em sentido lato); Direito é também ciência (aqui sempre com “D” maiúsculo) que estuda a norma; o direito é, ainda, definido como o conjunto de valores (com foco no valor justiça) que inspiram o homem na criação de normas (matar alguém resulta em uma pena porque existe um valor maior, de proteção à vida); por fim, direito também é a faculdade, a opção, o poder de cada um dos cidadãos tem de agir (conforme a lei permita ou não proíba), e de exigir do Estado a segurança, a proteção para que os demais cidadãos respeitem os seus direitos.
Essa variedade de concepções e significados acerca do direito fazem de sua conceituação um trabalho penoso por parte do jurista. Por isso a definição de direito fica geralmente a cargo dos filósofos (filosofia jurídica). Outro fato que se denota pela apreciação histórica é que em cada tempo e lugar o conceito de direito tende a uma dessas vertentes conceituais – norma, ciência, valor e poder.
Em obras contemporâneas, destacamos algumas conceituações históricas e modernas, para notarmos a evolução que o significado do Termo sofreu no acompanhar do desenvolvimento sócio cultural dos povos. Note a evolução na conceituação do direito a história, saindo de um significado poético de natureza filosófica, passando por mecanismo de controle social e atualmente se caracterizando um instrumento de resposta social.
CELSO, jurista romano (século II d.C.) – "Direito é a arte do bom e do Justo."
ULPIANO, jurisconsulto romano (século III d.C.) – “ A Ciência do justo e do injusto.”
HUGO GRÓCIO (século XVII) – "O direito é o conjunto de normas ditadas pela razão e sugeridas pelo appettitus societatis."
EMMANUEL KANT (século XVIII) – "Direito é o conjunto das condições segundo as quais o arbítrio de cada um pode coexistir com o arbítrio dos outros, de acordo com a lei geral de liberdade."
IHERING (século XIX) –" O direito é a política da força."
SAVIGNY (século XIX) – “O direito considerado na vida real (...) nos aparece como um poder do indivíduo.”
KELSEN (século XX) – "Ordenação coercitiva da conduta humana."
No Brasil:
MIGUEL REALE – "Direito é a concretização da idéia de justiça na pluridiversidade de seu dever ser histórico, tendo a pessoa como fonte de todos os valores." 
FRANCO MONTORO – “(...) o sentido fundamental do direito, em qualquer de seus aspectos, consiste sempre em estar a serviço da justiça, isto é, em assegurar a cada um aquilo que lhe é devido, segundo uma relação proporcional, fundada na igual dignidade de todos os homens.”
PAULO NADER – "Ë o conjunto de normas de conduta social imposto coercitivamente pelo Estado, para a realização da segurança, segundo os critérios de justiça.".
HENRIQUE PEDROSA – "Direito é a norma de conduta social obrigatória para a consecução da justiça".
Nota-se que, com o passar do tempo e mediante alterações na forma de pensar das sociedades, cada período histórico imprimiu, no conceito de Direito, as características próprias do momento político-social vivido na época.
Mesmo no Brasil, os juristas se dividem em conceituações que ora pendem ao direito dogmático, positivista, centrado na lei; ora conceituam o direito com forte escoro axiológico (valorativo), centrando-se na justiça.
Assim, qual o conceito que poderíamos elaborar hoje, dentro da realidade vivida pelo brasileiro neste início de milênio?
Atividade: elaboração do Conceito de Direito:
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.
�
2.3 – Teorias do Direito.
2.3.1. CONCEPÇÃO ÉTICA (JUSNATURALISMO) 
DOUTRINA CLÁSSICA NATURAL
A preocupação dos filósofos adeptos a essa doutrina era de embasar o direito num direito que nasça com as pessoas, já que para eles a base da lei e da justiça é inspirada na natureza. “O bem e o justo não existe somente em virtude da lei, mas se fundamenta na natureza”.
SANTO TOMÁS DE AQUINO
“A lei é a ordenação da razão para o bem comum promulgado pela autoridade competente”.
Santo Tomás de Aquino distingue 3 espécies de lei: - lei eterna = seria a lei de Deus, ou seja, uma sabedoria divina responsável pela criação do universo.
- lei natural = o homem participa racionalmente das leis cósmicas.
- lei positiva = seria a obra do legislador humano, que deve ser conforme as duas leis anteriores.
- primeiros princípios = aqui a lei natural é imutável, porque nunca mudará o preceito de que deve se fazer o bem e evitar o mal; não lesar ao próximo; dar a cada um o que é seu.
- preceitos secundários = aqui se dá o aperfeiçoamento dos primeiros princípios, já que deve a lei caminhar para o seu estado perfeito: o costume ou a maneira de praticar atos modifica-se e o meio social sofre variações.
Tratado de Justiça- nesse tratado, Santo Tomás nos mostra que existem 2 espécies de justiça distributiva (obrigação da sociedade para com os particulares).
O direito é o objeto da justiça e, esta por sua vez, possui uma essência que seria dar a cada um o que lhe é devido, cuja obrigação da sociedade para como os particulares).
O direito é o objeto da justiça e, esta por sua vez, possui uma essência que será dar a cada um o que lhe é devido, cuja obrigação é a própria natureza humana.
MONTESQUIEU
“As leis são relações necessárias que decorrem da natureza das coisas”.
Essa natureza das coisas manifesta-se em condições gerais e em tendências relativas:
- condições gerais = manifesta aqui a satisfação de certas necessidades primárias (comer...) e o desejo de paz.
Tendências relativas = dependem de condições geográficas, de fatores religiosos, culturais, políticos...
APRECIAÇÃO CRÍTICA
Miguel Reale critica os primeiros princípios da concepção tomista de dar a cada um o que é seu, porque há dificuldade de saber precisamente o que é devido a cada um. Diz que histórico concreto e falta também de um elemento axiológico.
Outros, porém, aceitam a idéia da concepção tomista, sem qualquer reclamação.
DOUTRINA RACIONALISTA
Nesta concepção, o jusnaturalismo arreda suas raízes teológicas, buscando seus fundamentos na identidade da razão humana, concebendo a natureza do ser humano A) como genuinamente social (Grotius, Locke, Pufendorf) b) como originariamente associal ou individualista (Hobbes, Rosseau) e c) como concepçãodo direito racional de Kant.
COMO GENUINAMENTE SOCIAL
GROTIUS= Diz que o direito natural é o ditame da razão, por isso ser necessário haver pactos sociais em que o povo livremente escolha a forma de governo, pois a livre escolha é o critério do ordenamento jurídico. Grotius libertou a ciência do direito de fundamentos teológicos, cedendo as tendências sociológicas do seu tempo e, instituiu o senso social como sendo fonte do direito propriamente dito.
LOCKE= O direito natural é mais claro do que direito jurídico-positivo, por este ser ambíguo.
Para Locke, só o pacto social pode sarar as deficiências do estado de natureza, instaurando um governo, com os três poderes. Para ele, o Estado liberal- democrático seria e, ainda, é a favor à defesa da própria vida e dos bens punindo as ofensas por conta própria.
PUFENDORF= Diz que o estado natural, o homem se encontra desamparado, na solidão e, portanto, é necessário que o homem viva em sociedade para sobressair dos problemas que lhes são apresentados.
Para ele, o direito natural funda-se na vontade divina, na qual fixa os princípios da razão perpetuamente. E ainda, as normas desse direito podem ser absolutas (criadas por Deus) e hipotéticas (criadas pelo homem).
COMO ORIGINALMENTE ASSOCIAL
HOBBES= o homem no seu estado natural era livre da obrigação social, fazia e tinha o que queria, não havia distinção entre o bem e o mal, o justo e o injusto. Contudo, essa liberdade revelou-se numa guerra, fruto da cobiça e, portanto, foi necessário celebrar um contrato social entregando a ordem jurídica a um governo absoluto, garantindo os acordos à vida social.
ROSSEAU= o homem é bom no seu estado natural e, é a sociedade que o corrompe. O homem no estado natural, não faz mal a outrem e apresenta a auto-conservação da liberdade, da igualdade e do bem-estar.
O único pacto social lícito é aquele em que estabelece uma associação, na qual cada membro é defendido e protegido por um poder comunitário unido, honrando a liberdade e a igualdade dos homens. Esse pacto exige a entrega total dos bens e da pessoa ao poder da comunidade, que é competente para distribuir o patrimônio social e redistribuir os bens afim de que haja o bem comum. (Espécie de Socialismo ou Comunismo).
Contudo, Rosseau é individualista, porque condena a propriedade privada, exige leis civis e anula engajamento social.
COMO CONCEPÇÃO DO DIREITO RACIONAL DE KANT
Kant organizou uma ciência do direito rigorosamente lógica. Nesta teoria aparece a separação entre direito e moral. No ato moral, o motivo é a idéia do próprio dever, mesmo que seja dever jurídico ou dever moral. No ato jurídico (direito), além do motivo de cumprir o dever, aparece o da aversão à sanção.
Sendo racional e livre, o homem é capaz de impor a si mesmo normas de conduta que são válidas a todos os seres racionais e que são designados por normas éticas; seria um fim e não um meio a serviço dos outros: tudo o que o homem faz deve-se tratar a si a seus semelhantes como fim e nunca como meio.
Essa norma moral quando aplicada à conveniência jurídico- social transmuda-se em norma de direito natural. Portanto, a essência da moral deriva da liberdade humana, sendo reconhecida pela moral, portanto, tanto a moral como o direito tem como princípio, a liberdade.
REPRESENTANTES DO JUSNATURALISMO MODERNO
STAMLER= Fala que o direito natural não pode ser visto como preciso concreto, absoluto, sem modificações, porque o direito natural serve como um critério diretor, ou seja, cada tempo, época, lugar, possui o seu próprio direito, não sendo igual um ao outro. O direito é dinâmico, pois se modifica com a situação apresentada, porém, o seu ideal de justiça nunca é modificado, pois a justiça está embutida no direito, provinda sempre de um ideal social.
Para ele, o direito positivo é uma tentativa de direito justo.
DEL VECCHIO= Para saber o ideal de justiça, é necessário saber o que é a natureza humana no plano da causalidade e da finalidade.
- causalidade = aqui, o homem seria uma partícula minúscula da natureza, ou seja, a natureza humana seria uma parte de um conjunto de todos os fenômenos, recebendo todos os efeitos por ela apresentados. Ex: El Nino é um fenômeno que se reflete na natureza humana (causa e efeito)
- finalidade = aqui, o homem deve comporta-se, como um ser dotado de inteligência, isto é, não como um indivíduo de causa e efeito, e sim como ser racional, valorativo.
Enfim, o direito natural racional considera não somente o que a pessoa pretende fazer como sendo um ato de justiça, mas também deve cumprir as suas obrigações para com outrem, ou seja, o ser humano acha correto praticar tal ato como para ele sendo justo, porém deixa de cumprir as obrigações que lhes são impostas para praticar a justiça para com o outro ser.
TELLES (GOFFREDO) – Diz que o direito objetivo da sociedade nem sempre coincide com o direito que esta sociedade queria que fosse (pseudo- direito). O direito muda conforme as circunstâncias, sendo, portanto necessário que ele se adequai com a sociedade.
Telles fala muito do homem real, o “eu” mesmo: para ele, “eu” não seria o eu transcendental de Kant e nem uma consciência comum do grupo, mas sim, um eu mesmo, um eu genético, formado por cada indivíduo, ou seja, cada indivíduo possui o seu eu diferente.
Portanto, o sistema de referência de todos os valores, seria o “eu”, porque o homem dá valores ao dado natural. O “eu” pode-se se transformar à medida que vai enriquecendo de experiência e de passado.
Para Telles, o direito natural não é artificial, porque tem raízes, brota do seio do povo. Confere ainda ao direito natural, o nome de direito quântico, porque o direito natural provém do “eu” e por isso, quântico, pois mede os valores do “eu” através de sua ética, dos seus próprios valores atendendo todas as necessidades do povo, as suas inclinações genéticas, o seu sentimento.
Esse direito quântico não é arbitrário, pois é elaborado a partir da liberdade humana, a liberdade do “eu”.
2.3.2. EMPIRISMO EXEGÉTICO
São concepções legalistas ou mecânicas da interpretação e da aplicação do direito.
A tese fundamental é a de que o Direito, por excelência, é revelado pelas leis, apresentando senão lacunas aparentes.
-Escola Exegética- identifica a totalidade do direito positivo com a lei escrita., Entendendo-se que a função específica do jurista era ater-se com rigor absoluto ao texto legal e revelar seu sentido. A função do intérprete e do julgador era uma função mecânica da lógica dedutiva.
-Pandectismo- Na Alemanha, surgiu uma escola chamada Pandecta, na qual admitia que o Direito era um conjunto de regras, cujo modelo era dado pelo sistema do Direito Romano.
A escola Pandecta se diferencia da exegética, porque toma como ponto de partida através das leis, considera como princípio racional formulado pelo legislador. Em outras palavras, conclui-se que a Pandecta utiliza-se de meios já formulados e a Exegética retira suas leis da própria razão adquirida pelo homem.
Porém, ambas provinham de um conhecimento dedutivo.
-Escola Analítica- Diz que o costume não possui qualificação jurídica enquanto não for consagrado pelo poder judiciário do Estado. E, por outro, só é Direito jurisprudencial aquele que é emanado do Estado. Enfim, admite-se o Estado como o poder supremo.
CRÍTICAS CONTRA O EXEGISMO
Essas interpretações anteriores não alicerçaram a realidade dos tempos modernos, devido à evolução das nações. Com isso, houve uma mudança no sistema de referência, erguendo-se várias escolas interpretativas, dentre elas.
-o Utilitarismo de Jeremy Bentham- critica o uso do método dedutivo e aceita interpretar as normas de acordo com os seus casos concretos. O critério usado para qualificar esses casos seria a utilidade, segundo o qual, bom é o que produz prazer e mau o que causa a dor. Para ele, a função da ciência do direito está no aspecto de relacionar as conseqüências boas, isto é, considerar o maior númerode interesses ilícitos-não via o caso concreto.
-o Teleologismo de Rudolf Von Lhering- Diz que através de casos concretos cria-se a lei a fim de satisfazer os interesses da comunidade.
Para Rudolf, o fim é o criador de todo direito porque não há norma jurídica que não deva sua criação a um fim protege os interesses individuais.
Portanto, deve-se interpretar a norma levando em conta seus fins.
- A livre investigação científica de François Geny- Quando a lei escrita for incapaz de solucionar os problemas, leva-se em consideração à vontade do legislador quando formula a lei e também a investigação das realidades sociais concretas.
- Na ausência da norma, o intérprete deve recorrer: ao costume, à autoridade positiva e é científica porque se utiliza um método para estabelecer algum dado.
O direito comporta a ciência e a técnica:
-Ciência- seria o conhecimento objetivo das realidades sociais, cuja matéria social é dada. Logo, este dado não é criado pelo jurista, mas sim aplicada uma técnica sobre ele, que seria algo construído. O dado seria o conjunto das realidades sociais, morais e econômicas de um povo.
Seria a matéria do construído, seriam os princípios básicos para a interpretação de uma lei. O dado pode ser: natural, histórico, racional e ideal.
Como esses dados precisam ser acionados para produzir efeitos práticos, é necessário que se utilize uma técnica que dê origem ao construído, ou seja, o homem modifica o dado através de técnicas, surgindo o construído.
-Realismo jurídico norte-americano- afasta-se da investigação jusfilosófica e considera tão somente a realidade jurídica, isto é, o direito efetivamente existente ou os fatos sociais e históricos que lhes deram origem. O realismo jurídico busca realidade efetiva e real, e não a realidade sonhada.
Para os realistas, o que é verdadeiro é o direito efetivo, já que este provém tão somente à realidade propriamente dita, porque o direito só se torna real quando aplicado através do juiz e este por sua vez dá sua opinião a respeito do caso, tornando-se válido o ideal de justiça. “O direito só passa a existir somente após a decisão judicial”.
2.3.3. POSITIVISMO JURÍDICO
O positivismo jurídico apesar de ligar-se à mesma linha de pensamento, não se confunde com o positivismo filosófico e científico, pois consiste na identificação do direito como direito positivo, sendo que o direito natural e os princípios de justiça estão fora do campo da ciência do direito.
Dentro dessa posição, é preciso distinguir 2 correntes:
- positivismo jurídico metodológico = os juristas restringem seu estudo ao direito positivo, não negando, mas também não levando em conta a justiça, o direito natural ou qualquer outro princípio, de ordem moral.
- positivismo jurídico doutrinário= nega todos os princípios de ordem moral, contrapondo-se à primeira corrente. Portanto, explicam o direito através de razões de ordem científico- jurídica.
Dentre as correntes positivistas, podem ser mencionadas por seu caráter representativo:
TEORIA GERAL DO DIREITO POSITIVO (BONARD)
Essa teoria consistia na idéia de que era preciso fazer um estudo comparativo das várias legislações dos diferentes países, pois através disto chegar-se-ia à essência do direito, ou seja, atingiria os pontos comuns das várias legislações, já que a regra do direito provém desses pontos comuns.
DOUTRINA DAS DECISÕES JUDICIÁRIAS
Nessa doutrina, o verdadeiro criador do direito não é o legislador, mas sim o juiz, já que o direito emanado do poder legislativo só adquire sentido e realidade quando é interpretado pelo juiz, aplicando-se em casos concretos, ou seja, o juiz dá vida as palavras inanimadas da lei. Apresentando isso, nota-se uma grande importância que é atribuída à jurisprudência.
DOUTRINA DA AUTONOMIA DA VONTADE
Nessa doutrina, o homem sendo livre, não pode depender senão de sua vontade, pois não há outras leis ou princípios que o obriguem, senão aqueles em que ele livremente consentiu através de um acordo de vontade (contrato) ou de uma manifestação geral (lei).
Esse contrato a essa lei seria os dois fundamentos de toda a ordem jurídica.
DOUTRINA DO POSITIVISMO JURÍDICO-MORAL (RIPERT)
Essa doutrina parte da distinção entre o fundamento do direito e o seu conteúdo. Ripert atribuiu ao fundamento o fator de que a lei é obrigatória por si mesma, por ser uma determinação da autoridade, por isso apresenta caráter positivo, jurídico. Em relação ao conteúdo, Ripert trata da elaboração do direito feito pelo legislador: o legislador deve levar em consideração o valor moral, já que este é um fato que predomina e, tal sociedade.
DOUTRINA DO POSITIVISMO JURÍDICO-MORAL (RIPERT)
Essa doutrina parte da distinção entre o fundamento do direito e o seu conteúdo. Ripert atribuiu ao fundamento o fator de que a lei é obrigatória por si mesma, por ser uma determinação da autoridade, por isso apresenta caráter positivo, jurídico. Em relação ao conteúdo, Ripert trata da elaboração do direito feito pelo legislador: o legislador deve levar em consideração o valor moral, já que este é um fato que predomina e, tal sociedade.
Ripert e outros juristas procuram dar ao direito uma base positiva alicerçando-o na moral historicamente aceita pela sociedade. Partindo da distinção entre o fundamento do direito e o seu conteúdo Ripert atribuiu ao primeiro caráter puramente positivo: a lei é obrigatória por si mesma, impõe-se a todos por ser uma determinação da autoridade. Mas, no tocante ao conteúdo, quando se trata da elaboração do direito pelo legislador, este deve tomar em consideração os valores morais que predominam na sociedade. Nos países da Europa e nos influenciados pela cultura européia e a civilização ocidental, esse ideal moral que deve inspirar a legislação é a moral cristã. Independemente de seu valor. Ripert considera a moral cristã como um feito, adotando assim uma posição positivista.
TEORIA PURA DO DIREITO (HANS KELSEN)
Kelsen quis colocar o direito no mundo da ciência dando um objeto a ele. Para isso, teve que afastar o direito de todos os elementos sociológicos, de toda ideologia e de toda a política. Para tanto, restou então como objeto da ciência do direito, a NORMA.
Kelsen diz que o direito é visto como um sistema de normas, apoiando-se umas nas outras a sua vigência (validade) e todas dependendo de uma norma fundamental, que seria o suporte lógico da integralidade do sistema.
Sendo Kelsen um neokantiano, seria lícito saber a distinção referida entre o ser e o dever ser.
Para ele, o ser seria as conexões causais, ou seja, tudo aquilo que provém de uma causalidade que se opera entre o fato ou comportamento jurídico.
E o dever ser seria a descrições normas que determinam o advento de uma conseqüência em razão da prática de um ato. O dever ser sempre é uma sanção.
A norma básica tem sua validade retirada de normas imediatamente superiores, já que as normas formam um sistema dependente entre si, sendo que a Constituição ficaria no topo da pirâmide jurídica e que, por sua vez, teria também validade se retirada de uma norma hipotética fundamental que seria a Constituição ideal, aceita por toda a comunidade. E, por conseguinte, a norma é eficaz desde que, se pode assim dizer, seja violada a fim de que se torne eficaz, mas se não houvesse essa violação poder-se-ia dizer que a norma nunca tornar-se-ia eficaz, já que ela estaria no seu estado estático, sem remoção de conduta, de sanção.
Kelsen via o direito sob duas formas: TEORIA ESTÁTICA, ou seja, como um sistema de normas determinantes dos atos de conduta humana, e como TEORIA DINÂMICA, isto é, como sendo os atos de conduta humana determinada por normas, e ainda, as normas em seu processo de criação e atualização.
Isto posta, kelsen ainda enuncia a distinção entre: 
-PROPOSIÇÕES JURÍDICAS- é um conhecimento jurídico que trata do ser, ou seja, analisa o ser, faz suas experiências que são oriundas do intelecto, para conhecer tal norma que nesse caso de experiênciaé um juízo, porque pode-se através da imaginação e também através do experimento, analisar se o juízo é falso ou verdadeiro e, portanto, não é fonte. A proposição é estática, já que não regulamenta a conduta isto é, não induz ninguém a conduta.
NORMA JURÍDICA- é criada por uma autoridade competente que trata não do ser, mas do dever ser, já que regulamenta a conduta de uma pessoa a que pratica tal ato ilicitamente. Essa norma jurídica não se trata de um juízo, pois agora sabe-se o verdadeiro caso em relação à proposição e, portanto, é uma fonte, já que é feita, prescrita por uma autoridade competente e, que nesta prescrição está embutida a imperatividade, ou seja, uma ordem é dada as demais pessoas e, que estas por sua vez se não obedecerem, recebem uma sanção.
Todo sistema de pureza normativa criada por Kelsen baseava-se em uma abstração, lógica nos dizeres do autor.
2.3.4. CULTURALISMO JURÍDICO
No culturalismo, o direito é colocado com um objeto criado pelo homem, dotado de conteúdos valorativos, pertencendo ao campo cultural, porque afinal de contas, cultura nada mais é do que tudo aquilo que o ser humano acrescenta às coisas com a intenção de aperfeiçoá-las.
A ciência cultural ocupa-se com o espírito humano e com as transformações feitas por ele (objeto cultural). O objeto cultural, por sua vez, compõe-se de um substrato e um sentido.
-substrato- seria a matéria de que o homem se preocupa em transformar (dado). Utiliza-se a experiência.
Sentido- é o substrato já transformado, cheio de valores e fundamentados em valores (construído).
EGOLOGISMO EXISTENCIAL DE CARLOS CÓSSIO
O egologismo existencial seria a utilização de instrumentos mentais, possibilitando conhecer melhor o direito. Para Cóssio, a ciência jurídica deve estudar a conduta humana, na sociedade e não na norma jurídica. Também considera o direito um objeto cultural composto de um substrato (conduta humana) e de um sentido (realizar um valor).
Assim sendo, o direito deve ser estudado através de método empírico- dialético. É empírico porque se dirige a coisas reais, ou seja, a realidade dos substratos; e é dialético porque estabelece uma relação ou diálogo entre substrato e sentido, já que ambos fazem parte de uma mesma unidade.
O direito é um objeto cultural por ser real, ter existência e por estar na experiência sensível. Ele deve ser compreendido já que implica um valor, não se explica, mas se compreende; pois compreender é explicar o sentido através do método empírico- dialético. 
Conclui-se, portanto, que Carlos Cóssio se afasta do positivismo da norma e penetra no campo da conduta conceitualizada pela norma.
TRIDIMENSIONALISMO JURÍDICO DE MIGUEL REALE
Miguel Reale diante da triplicidade dos aspectos do fenômeno jurídico (fato, valor e norma) afirma que a ciência jurídica deve estudar as normas sem abstrair os fatos e valores presentes e condicionantes no seu surgimento e os supervenientes ao seu advento. Com sua teoria integrativa rejeita todas as concepções setorizadas do direito. A essa doutrina que requer a integração dos três elementos constitutivos do direito numa unidade funcional e de processo. Miguel Reale designa de tridimensionalidade específica do direito, reclamando aquela integração em correspondência com os problemas complementares da validade social, de validade ética e da validade técnico- jurídica, esclarecendo, ainda que quando se procuram combinar 3 pontos de vista unilaterais (sociologismo jurídico, moralismo jurídico e normativismo abstrato) configura-se a tridimensionalidade genérica do direito. A ciência do direito é uma ciência histórico-cultural e compreensivo- normativa, por ter por objeto a experiência social na medida, e, enquanto esta normativamente se desenvolve em função de fatos e valores para a realização ordenada da convivência humana. 
�
2.4. Divisões do Direito
2.4.1. Direito Natural e Direito Positivo
  
O Direito Natural existe a partir do momento em que aparece o homem. Existe um direito natural permanente e eternamente válido, independente de legislação, de convenção ou qualquer outro expediente imaginado pelo homem. Este pensamento já nasce numa perspectiva universal, pois a idéia de Direito Natural surge da procura de determinados princípios gerais que sejam válidos para os povos em todos os tempos.
A manifestação jurídica é uma conseqüência da convivência humana. Hodiernamente, o que se chama Direito Positivo é constituído de regras impostas ao convívio social pelo poder publico organizado, embora Aristóteles já se referisse ao justo por natureza e ao justo normando.
Enfim, a expressão Direito Natural quer dizer um Direito que deve existir independente de qualquer regra imposta aos indivíduos pelo constrangimento social organizado, porque o que se consubstancia em tais regras denomina-se Direito Positivo.
O dualismo referido vem constituindo problema que tem empolgado a doutrina, isto é, o de saber se, independente e superior às normas ditadas pelo Estado, prevalecem realmente regras que sempre existiram e nunca foram criadas.
E não será demais afirmarmos que o Direito Natural, a principio, estabeleceu e vigorou até o aparecimento das regras entre grupos humanos primitivos. As leis naturais não tinham como intimidar o homem com castigos reais: era apenas no plano da moral que ele podia sofrer alguma pressão para seguí-las. 
A fonte do direito natural é a natureza humana, a ordem natural das coisas. A sua compreensão é alcançada pela conjugação da experiência e da razão. É uma ordem condicionada pela dimensão social do homem. O seu papel é o de preservar as condições sociais necessárias para que o homem se constitua, viabilize-se de acordo com suas potências construtivas. Esse direito não é normativo, mas apenas reúne princípios fundamentais sem qualquer compromisso ou vinculação com determinada ordem política.
A diferença entre o Direito Positivo e o Direito Natural pode ser estabelecida a partir da origem de cada um. Há certos direitos definidos pelos homens para regular suas relações na vida em sociedade e cujo conjunto forma o Direito Positivo de uma época ou de um Estado. No entanto, outros existem que pertencem a todos os tempos, não são elaborados pelos homens e emanam de uma vontade superior porque pertencem à própria natureza humana, como por exemplo: o direito de reproduzir, o direito de constituir família, o direito de viver.
O direito positivo tem por base o ordenamento jurídico. Determina o direito como um fato e não como um valor. Faz-se necessário salientar que o positivismo jurídico nasce de um esforço onde se procura transformar o estudo do direito numa verdadeira e adequada ciência que viesse a ter as mesmas características das ciências físico-matemáticas, naturais e sociais. Toda ciência tem como característica fundamental a distinção entre juízos de fato e juízos de valor e na rigorosa exclusão destes últimos do campo científico, consistindo a ciência somente em juízos de fato. O juízo de fato representa uma tomada de conhecimento da realidade, visto que a formulação de tal juízo tem apenas a finalidade de informar, de comunicar a um outro a constatação; o juízo de valor representa, ao contrário, uma tomada de posição frente à realidade, visto que sua formulação possui a finalidade não de informar, mas de influir sobre o outro. O positivista tem a característica de atitude científica frente ao direito, considerando que ele estuda o direito tal qual é, não tal qual deveria ser. Essa atitude contrapõe o positivismo jurídico ao jusnaturalismo, que sustenta que deve fazer parte do estudo do direito real também a sua valoração com base no direito ideal. 
2.4.2. Direito Objetivo e Direito Subjetivo
O termo direito pode ser entendido sob duplo aspecto:
Aspecto Objetivo – que é o direito considerado como lei, norma, ou regras obrigatórias;
Aspecto Subjetivo – que é o direito encontrado como faculdade ou poder de ação. 
Numa definição moderna do DireitoPositivo, temos que se trata de um complexo de normas que disciplinam a atividade humana dentro da sociedade, por si mesmas obrigatórias e exigíveis, mediante aplicação de penalidades.
O vocábulo direito, com freqüência, é empregado para designar também o poder de uma pessoa individual ou coletiva, em relação a determinado objeto. Este é o Direito Subjetivo. O direito de usar um imóvel, cobrar uma dívida propor uma ação, são exemplos de direito-faculdade ou direito subjetivo. Então nesse caso, também, o direito de legislar ou de punir, de que o Estado é titular, o pátrio-poder do chefe de família, etc. Cada um desses direitos é uma prerrogativa ou faculdade de agir. Uma facultas agendi, em oposição ao direito-lei, que é uma norma agendi.
O poder de fazer, exigir ou possuir alguma coisa. A faculdade de exigir dos outros uma ação ou inação. É o interesse protegido pela lei.
A expressão “direito subjetivo” explica-se e se justifica, porque o direito nessa acepção é realmente um poder do sujeito. É uma faculdade reconhecida ao sujeito ou titular do direito.
Exemplo é o direito subjetivo de ir e vir, garantido na Constituição Federal, que é norma direito positivo.
O Dever Subjetivo – o outro lado da moeda.
Para todo direito subjetivo existe outro que o limita, e é desta afirmação que se percebe o linguajar popular: "Seu direito termina quando começa o meu". Neste caso, trata-se de um dever comum, qual seja, respeitar os direitos alheios; em contrapartida, o que nos interessa é identificar um dever subjetivo, e este tem como fonte as normas jurídicas objetivas.
O dever subjetivo é o dever jurídico que corresponde aos direitos subjetivos de outrem, ou seja, obrigação e pretensão caminham juntas e são oriundas de uma mesma fonte: o ordenamento jurídico, o qual ao atribuir a um sujeito uma pretensão, impõe ao outro o dever (jurídico, e não somente moral) de ter um comportamento conforme à pretensão do primeiro. 
As teorias do direito subjetivo
Três são as teorias, formuladas pelos juristas Jellinek, Windscheid e Ihering, que tentaram explicar a natureza jurídica do direito subjetivo, todavia nenhuma delas conseguiu esgotar satisfatoriamente o tema.
A Teoria da Vontade de Windscheid
Para os adeptos desta corrente o direito subjetivo seria o poder da vontade humana garantido pelo ordenamento jurídico, sendo esta vontade parte integrante da natureza humana, o poder de escolha, ponto diferenciador do homem em relação aos outros animais.
Crítica à teoria: A vontade não pode ser elemento único de diferenciação entre homens e animais irracionais, pois mesmo sem possuir vontade própria o ser humano não se descaracteriza. Questiona-se: fosse verdadeira esta teoria, os humanos com discernimento mental incompleto ou mesmo os menores incapazes para a prática da vida civil não seriam sujeitos de direitos. Mas a eles são reconhecidos, por exemplo, os direitos subjetivos da propriedade, de ação etc.
            Admitindo a pertinência destas críticas, o próprio Windscheid, mentor desta teoria, procurou dar uma outra roupagem ao termo vontade esclarecendo que este não deve ser empregado no sentido psicológico, mas sim em sentido lógico, como vontade normativa, ou seja, como poder jurídico do querer.
A Teoria do Interesse de Ihering
Esta teoria afirma que a natureza jurídica do direito subjetivo está no interesse juridicamente protegido. Contrária à teoria de Windscheid, a idéia de Ihering é calcada em dois elementos constitutivos do princípio do direito subjetivo. O primeiro elemento em caráter substancial, que se situa na sua finalidade prática, ou seja, na sua utilidade. O elemento subseqüente tem caráter formal, que se apresenta como o meio para a efetivação do primeiro, correspondendo à proteção judicial por meio da ação. 
Crítica - Esta teoria peca no sentido de que há interesses protegidos pela lei que não constituem direito subjetivo e direitos subjetivos nos quais não existe interesse do seu titular como os direitos do tutor ou do pai em relação ao pupilo e aos filhos são instituídos em benefício dos menores e não do titular. 
 
 A Teoria Mista de Jellinek 
Como a própria nomenclatura sugere, trata-se de uma miscelânea das duas teorias discorridas anteriormente. Para seus teóricos o direito subjetivo apresenta-se como sendo poder da vontade ao mesmo tempo em que é protegido pelo ordenamento jurídico, ou seja, a vontade, qualificada por um poder de querer, não se realiza se não for com o intuito de buscar uma finalidade, ao êxito na realização de um interesse. 
Crítica – esta teoria não vence as objeções formuladas contra cada uma de suas partes. As mesmas objeções feitas, isoladamente, à teoria da vontade e à do interesse, continuam, como é claro, a prevalecer contra a teoria eclética de Jellinek.
As Teorias Negativistas do Direito Subjetivo de Hans Kelsen e Léon Duguit
Tanto Leon Duguit como Hans Kelsen negam a existência do direito subjetivo, porém seus argumentos se diferem um do outro. Duguit substitui o conceito de direito subjetivo pelo de "Situação Jurídica Subjetiva". Para o autor, as situações jurídicas são disciplinadas pelo direito objetivo – o dado e pronto – não criando para ninguém um poder individual contra todos os integrantes do meio social. 
Na ótica Kelseniana, o direito subjetivo é apenas uma expressão do dever jurídico. A não prestação corresponde a uma sanção segundo a sua teoria pura. Para Kelsen o direito subjetivo será parte integrante do direito objetivo ou norma, pois o direito subjetivo de um pressupõe o dever subjetivo de outro. 
Crítica - Impossível imaginar um sistema normativo onde o homem, subordinado a uma regra, não seja considerado como um elemento individual dotado de poder, o qual pela obediência dos demais sujeitos, torna-se pleno.
Elementos do Direito Subjetivo.
Sujeito do direito – É o ser a quem a ordem jurídica assegura o poder de agir contido no direito, podendo esta vantagem existir em favor de outrem. A idéia da pessoa no direito oferece dois aspectos: o ativo e o passivo. Não há direito sem sujeito, pois mesmo o nascituro possui direitos garantidos no ordenamento pátrio.
Objeto do direito – Trata-se do bem protegido ou vantagem sobre a qual o sujeito exerce o poder conferido pela ordem jurídica. Também não há o direito sem o objeto. 
Bens são valores materiais ou imateriais que servem de objeto a uma relação jurídica.
Assim, podemos dizer que toda relação jurídica entre dois sujeitos tem por objeto um bem, sobre o qual recaem direito e obrigações. Esses bens podem ser materiais, como o dinheiro, um imóvel etc. Mas podem também ser imateriais, como a honra, a vida privada, a intimidade, a liberdade de consciência etc.
Relação do Direito- É o elo que, sob a garantia da ordem jurídica, submete o objeto ao sujeito. É o vínculo entre as pessoas, por meio do qual o sujeito ativo pode pretender um bem a que o sujeito passivo está obrigado. Vejamos um exemplo em que figuram esses elementos fundamentais: sujeito, objeto e relação jurídica.
Garantia ou proteção – Vários autores ainda citam o elemento garantia ou proteção do Estado, para que este, mediante o poder normativo e coercitivo, faça com que os direitos de todos sejam observados. 
Assim, em toda relação jurídica destacam-se quatro elementos fundamentais:
o sujeito, que se divide em duas modalidades – ativo e passivo, sendo que o sujeito ativo é titular ou o beneficiário principal da relação e o sujeito passivo é o devedor da prestação principal;
a relação ou vínculo jurídico, capaz de ligar uma pessoa a outra;
o objeto, que é a razão de ser do vínculo constituído, o bem protegido pelo direito;
e a garantia ou proteção do Estado.
2.4.3. Direito Público e Direito Privado
A divisão do direito em dois grandes ramos – público e privado – encontra as suas origens no Direito Romano clássico, já que não era essencial no direito romano antigo, lembrando-se a lição de Ulpiano: “Hujus studii duaesunt positiones, publicum et privatum: ius publicum est quod ad statum rei romanae spectat, privatum quod as singulorum utilitatem” [Dois são os aspectos do estudo do direito, o público e o privado: o direito público versa sobre o modo de ser do Estado Romano, o privado o que versa sobre os interesses dos particulares] (Digesto, I, 1, 1, 2). 
Assim, o direito público era o que regulava as funções dos Estados; o direito privado, o que regulava as relações entre os indivíduos. Todavia, isso não significava dizer que os interesses privados e os interesses públicos se excluíssem. Sabe-se que o Estado existe para assegurar o bem-estar dos indivíduos e que os direitos destes existem na medida em que interessam à coletividade ou são socialmente úteis. O que havia, isto sim, é que o direito público e o direito privado se situavam em planos subalternos (EBERT CHAMOUN, Instituições de Direito Romano, 5. Ed., Forense, 1968, p. 28). 
Com a queda do Império Romano, essa clássica divisão desapareceu – até pela influência do direito germânico que vigeu na Idade Média, que não admitia tal distinção -, voltando a reaparecer na Europa Ocidental, com a instituição das monarquias absolutas e, mais tarde, após a Revolução Francesa, fortalece-se, com a fixação de um novo conceito de soberania. 
Autores contemporâneos, no entanto, vêm ensinando que nos dias atuais se tem buscado no sujeito ou titular da relação jurídica, o elemento diferenciador, associando-se o fator objetivo ao subjetivo. Nesse sentido, o direito público é aquele que regula as relações em que o ente público, na sua acepção mais ampla, é parte, isto é, rege a organização e atividade do Estado considerado em si mesmo (direito constitucional), em relação com outro Estado (direito internacional), e em suas relações com os particulares, quando procede em razão de seu poder soberano – poder de império - e atua na tutela do bem coletivo (direitos administrativo e tributário). 
Já o direito privado é o que disciplina as relações entre os particulares, nas quais predomina, de modo imediato, o interesse de ordem privada, como a compra e venda, doação , usufruto, casamento, testamento, empréstimo etc. Oportuno realçar, todavia, que, à medida que evolui o Direito, as normas de um ramo e de outro tendem a se intercomunicarem com maior freqüência, de tal sorte que não é raro ouvir-se que se está privatizando o direito público ou, com maior repetição ainda, que se está publicizando o direito privado. Por outro lado, doutrinadores apresentam hoje a idéia de que, na verdade, o direito não está penso a nenhuma dessas tendências, mas que o que vem ocorrendo é a socialização do direito, seja na sua ótica pública ou privada.
�
QUADRO GERAL DO DIREITO NO BRASIL
RAMOS DO DIREITO 
		
		Natural
						Publico
				Internacional		
						Privado
								Direito Constitucional
								Direito Administrativo		 
						Publico		Direito Penal ou Criminal										Direito Tributário
Direito Financeiro
Direito Judiciário
Direito Previdenciário
Direito Ambiental
Direito Eleitoral
Direito		Positivo								 Civil
				Nacional			Direito Processual									 			 Penal
								Direito Civil
						Privado		Direito Comercial
								Direito Trabalhista
								Direito do Consumidor
Direito Natural – Existiu a partir do momento em que surgiu o homem, sendo sua manifestação jurídica uma conseqüência da convivência humana. O direito natural é aquele que existe independente de qualquer regra imposta aos indivíduos pelo constrangimento social organizado, pertencendo a todos os tempos e emanado de uma vontade superior da própria natureza. São princípios fundamentais de proteção ao homem, que forçosamente deverão ser consagrados pela legislação, a fim de que se tenha um ordenamento jurídico substancialmente justo. Ex.: a vida deve ser respeitada e preservada, o bem deve ser feito, não lesar o outrem, dar a cada um o que é seu, etc.. 
Direito Positivo – É constituído de regras criadas pelo homem e impostas ao convívio social pelo poder publico, organizadas e definidas para regular suas relações na vida em sociedade de uma certa região e em certa época.
Direito Internacional – É um conjunto de normas jurídicas aplicáveis às relações que dizem respeito a mais de um estado (Nação) ou que tenham componente internacional, mesmo em se tratando de indivíduos e assuntos de natureza privada, desde que ultrapassem os limites territoriais de um estado.
Direito Nacional ou Interno - É um conjunto de leis, normas e princípios que regulam os interesses da sociedade e que não ultrapassam as fronteiras do próprio estado.
Direito Público – É o complexo de normas que regulam a organização e a atividade do Estado, bem como suas relações jurídicas com entes públicos ou privados, desde que investido do Poder e autoridade na relação ou exercendo a finalidade de proteção do interesse coletivo.
Direito Privado – É o conjunto de regras que ordenam as relações dos particulares entres si e as do Estado com particulares, desde que o Estado não esteja investido do Poder e autoridade na relação ou exercendo a finalidade de proteção do interesse coletivo. No direito privado a relação jurídica versa sobre interesses individuais.
 
Direito constitucional – É o ramo do direito publico que estuda a Constituição Federal norma jurídica mais importante de um pais, que rege os fundamentos e a organização do Estado, os direitos fundamentais individuais e coletivos.
Direito Administrativo – Estuda a administração do estado, o Poder Executivo, que cuida dos aspectos da gestão da coisa pública, da administração do Estado (Licitações, convênios, contratos).
Direito Penal ou Criminal – É o ramo do Direito que estuda os crimes e suas respectivas penalidades. 
Parte geral - Até o artigo 120 – estuda a interpretação e aplicação da norma penal, explicando situações à serem aplicadas na parte especial, como por exemplo os tipos de penas, ou seja se é de reclusão, detenção ou restritiva de direitos.
O direito penal é subdividido em
Parte especial – art. 121 em diante - Trata do estudo de cada um dos ‘tipos penais’ ou seja, os crimes e suas respectivas penas.
					Infanticídio
					Homicídio
Os crimes Julgados por júri popular são
aqueles que atentam contra a Vida.
					Aborto
					Tentativa de Homicídio
Direito Tributário – Tem a finalidade de fixar as normas que regulam a arrecadação de tributos (impostos, taxas e contribuições de melhoria) e sua fiscalização e cobrança.
Direito Financeiro – Estuda as finanças do Estado. Prevê a transparência das contas públicas e balançoes dos poderes municipais, estaduais, do Distrito Federal e da União.
Direito Judiciário – Regula os procedimentos internos dos tribunais.
Direito Processual – Define os procedimentos necessários para que o cidadão busque, da forma correta, a tutela do Estado através do Judiciário, bem como os atos processuais.
Direito Previdenciário – Cuida das normas que regulam a atividade do Estado garantidor do direito de se aposentar e dos requisitos necessários para se alcançar este direito.
Direito Ambiental – Regula a preservação ecológica e tutela o direito de se viver em ambiente saudável e equilibrado com a natureza.
Direito Eleitoral – Regula o processo e procedimentos eleitorais.
				
Direito Civil ( Regula as relações jurídicas entre as pessoas, definindo-as e tratando de seus bens, dos atos e fatos jurídicos, regendo a formação e obrigações daquelas perante a família, suas obrigações nos negócios, na empresa e sua sucessão.
Direito Privado	Direito Comercial ( Estuda os atos do comercio (hoje quase totalmente revogado pelo Código Civil.
(Direito Trabalhista) ( Relação de Trabalho Entre Empregado e Empregador
(Direito do Consumidor) ( Regula as relações de consumo.
I.E.D. Ponto 02
Professor: Hélio Capel Fº

Continue navegando