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Epistemologia Jurídica2

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Epistemologia Jurídica: do positivismo ao pós-positivismo jurídicos (dos séculos XIX-XX ao XXI)
 - Separada da filosofia do direito, por incisão profunda, a dogmática jurídica volta seu conhecimento apenas para a lei e para o ordenamento positivo, sem qualquer reflexão sobre seu próprio saber e seus fundamentos de legitimidade.
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 - Na aplicação desse direito puro idealizado, pontifica o Estado como árbitro imparcial. A interpretação jurídica é um processo silogístico de subsunção dos fatos à norma. O juiz – “la bouche que pronnonce les paroles de la loi”- é um “revelador de verdades” abrigadas no comando geral e abstrato da lei. Refém da separação das funções do Poder, não lhe cabe qualquer papel criativo.
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 - Em síntese simplificadora, estas são as características do direito na perspectiva clássica: a) caráter científico; b) emprego da lógica formal; c) pretensão de completude; d) pureza científica; e) racionalidade da lei neutralidade do intérprete. Tudo regido por um ritual solene, que “abandonou a peruca”, mas conservou a tradição e o formalismo.
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 - O erro do positivismo (que dominou a ciência jurídica novecentista e que ainda colhia a maioria dos sufrágios durante a primeira metade do século XX, tendo, aliás, ainda hoje, muitos defensores) foi tentar isolar no tempo e no espaço cada sistema jurídico, para examiná-lo independentemente das relações com o meio social, das lutas, das metas e dos valores da sociedade.
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 - Todas as escolas positivistas, desde a exegese francesa e a pendectista alemã, ambas do século XIX, até ao kelsenianismo do século XX, enclausuravam o jurista em uma “torre de marfim”, levando-o a ficar adstrito apenas aos limites da árida análise formal, abstratamente deslocada da realidade vivida.
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 - A crise do positivismo agrava-se em um cenário cada vez mais complexo. A multiplicidade de grupos sociais e a interatividade entre eles implicam um nova realidade, bem diversa daquela do auge do positivismo jurídico, que vem se denominando de pós-moderna, levando à teoria jurídica novas características ( direito plural, comunicativo, com normas principiológicas), que promovem um retorno à busca de elementos humanos, éticos e sociais.
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 - A consequencia é o surgimento de várias teorias críticas que têm em comum a tese de que o direito não está reduzido à lei. Começa-se, então, a se vivenciar novos ares, pós-positivistas, marcados pela superação do legalismo estrito. Uma abertura do direito aos valores presentes e emergentes na sociedade.
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 - O reconhecimento da normatividade dos princípios (que para o positivismo não eram considerados normas), assim como a crescente importância das normas descritivas dos valores (em especial o da dignidade da pessoa humana) indicam a libertação do direito do legalismo e do legado do positivista que privilegia a concepção jurídica a-histórica e neutra.
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 - Igualmente, o direito passa a dialogar mais com a sociedade e a teoria jurídica adquire um caráter interdisciplinar. Matérias antes consideradas metajurídicas, como a filosofia, a ética, a história e a sociologia, entram no acervo epistemológico do jurista, aproximando institutos técnico-jurídicos (que, para o positivismo, caracterizaria exclusivamente o material teórico dos juristas da realidade social.
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 - O pós-positivismo não se apresenta ainda como um movimento pronto e a acabado, pois, identifica um conjunto de ideias difusas que ultrapassam o legalismo estrito do positivismo normativista. Ao pregar a superação da visão do direito como atividade mecânica de subsunção lógica fato-norma, proporciona à teoria jurídica novos caminhos (humanos éticos e sociais) que não se reduzem a um mero “conhecimento virtual”.

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