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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA DISCIPLINA: FRUTICULTURA PROFESSORA: EDVALDO BISPO UVA- (VITIS SP). 1 TRABALHO DE FRUTICULTURA Uva- Vitis sp. Alunos: ANDREIA LUZIA GABRIELA SOUZA JOSUÉ DE SOUSA WILSON FERREIRA Paulistana, PI 25 de Janeiro de 2018 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 2 Sumario Uva- Vitis sp ................................................................................................. 1 1. Introdução ...................................................................................... 3 2. Histórico da cultura ........................................................................ 3 3. Produção ........................................................................................ 5 3.1. Panorama mundial ................................................................... 5 3.2. Panorama nacional ................................................................... 6 4. Características da planta .............................................................. 12 5. Clima ............................................................................................ 14 6. Preparo e correção do solo .......................................................... 16 7. Adubação ..................................................................................... 17 8. Cultivares ..................................................................................... 18 9. Mudas .......................................................................................... 23 10. Plantio .......................................................................................... 24 10.1. Espaçamento ....................................................................... 24 10.2. Sistema de condução ........................................................... 24 11. Irrigação ....................................................................................... 28 12. Tratos culturais ............................................................................. 30 13. Doenças ........................................................................................ 35 14. Pragas ........................................................................................... 37 15. Colheita e pós-colheita ................................................................. 39 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 3 1. Introdução A videira, vinha ou parreira é uma trepadeira da família das vitáceas, com tronco retorcido, ramos flexíveis, folhas grandes e repartidas em cinco lóbulos pontiagudos, flores esverdeadas em ramos, e cujo fruto é a uva, sendo a fruta mais produzida no mundo. Originária da Ásia, a videira é cultivada em todas as regiões de climas temperados. Em clima tropical semiárido, a videira apresenta um comportamento totalmente distinto daquele apresentado nas regiões de clima subtropical e temperado, estando condicionada ao controle da irrigação e à época de poda. Pode-se dizer que as condições climáticas influem na fenologia e fisiologia das plantas, e na produção e qualidade dos frutos. No Brasil, a vitivinicultura é uma atividade relativamente recente. Embora a uva houvesse sido introduzida no País pouco tempo após o Descobrimento, seu cultivo comercial esteve fortemente vinculado aos imigrantes italianos radicados na Serra Gaúcha, a partir de 1875, e a outras regiões tradicionais de cultivo, sobretudo no Sul e Sudeste brasileiros. A ampla capacidade de adaptação da videira a diferentes climas e o aprimoramento da tecnologia de produção foram fundamentais para que a cultura esteja hoje disseminada em várias regiões brasileiras. Essa expansão decorre também da alta rentabilidade do cultivo, tanto para a produção de uvas de mesa quanto para a obtenção de sucos, vinhos e demais derivados, o que torna a atividade fortemente atrativa. Atualmente, há vários polos vitivinícolas nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, que proporcionam renda e empregos, caracterizando a importância social e econômica da vitivinicultura do Brasil. Porém, trata-se de uma atividade complexa, que requer constante aprimoramento tecnológico para alcançar a necessária rentabilidade e o retorno do investimento. Daí a importância do acesso objetivo e simples a informações que sirvam de base à orientação de produtores de uvas, vinhos e outros derivados, desde quem cultiva a videira de forma doméstica até os produtores comerciais. 2. Histórico da cultura Admite-se que a videira cultivada tenha a sua origem na Vitis silvestris vinda da Ásia ocidental, do mar Cáspio e do Egito sendo a sua existência anterior à do Homem na terra. A introdução da cultura terá passado por várias fases, acompanhando a sedentarização a que as populações humanas foram sujeitas. Assim, numa primeira fase o homem terá aproveitado as bagas silvestres, a que se terá seguido uma domesticação da cultura, com plantação, poda e colheitas. Numa terceira etapa ter-se-á dado a disseminação da cultura com a migração humana para outras regiões. Pensa-se que a cultura terá sido iniciada na zona geográfica que na atualidade corresponde à Geórgia, Arménia e Azerbaijão e daí levada inicialmente para os territórios vizinhos e depois sucessivamente para os mais longínquos. A referência à produção de vinho nas civilizações Egípcia, Grega e Romana, remonta ao século XXV A.C. e acompanhou essas civilizações quando se expandiram para outras regiões incluindo o nosso País. Nessas épocas remotas os vinhos eram demasiado jovens, pois os sistemas de armazenagem não permitiam a hermeticidade necessária à conservação e eram frequentemente adicionados de especiarias, frutos, flores e mel. Praticamente todos os povos das antigas civilizações possuíam lendas acerca da MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 4 introdução do vinho e da vinha, e divindades associadas a esse produto. A referência mais antiga que conhecemos sobre a cultura em Portugal é dada pelo historiador grego Polybio, que afirmava que no último século antes de Cristo se vendia vinho na Lusitânia, se bem que investigações arqueológicas e documentais sugerem que a cultura da vinha terá sido introduzida na Península Ibérica pela civilização fenícia e grega, no séc. VIII A.C. Há quem romanticamente afirme, também, que terá sido o capitão Sertório que terá introduzido a cultura no País. Crê-se que os Celtas no séc. VI A.C. tenham trazido para a península novas variedades e técnicas de tanoaria e os Romanos com a Romanização da Península (após o ano 15 A.C.), introduziram, além de novas variedades grandes, aperfeiçoamento nas técnicas de cultivo, designadamente a poda, sendo a produção destinada à “exportação” para fazer face ao consumo que Roma na época realizava. Com a expansão do Cristianismo o consumo do vinho torna-se indispensável na celebração dos ofícios religiosos e o hábito do seu consumo generaliza-se, por passar a ser considerada a bebida digna de povos civilizados. Mas, com as invasões Árabes, começa um novo período para a vitivinicultura Ibérica. Apesar do Corão proibir o consumo de bebidas fermentadas, a vitiviniculturanão sofreu grande revés, exceto nos séc.XI e XII, quando os preceitos do Corão foram cumpridos com maior rigor. Com a nacionalidade, as citações sobre a cultura da vinha e do vinho sucedem-se por todo o País. Durante a Idade Média, a Igreja foi a principal produtora de vinho, sobretudo pela obra das ordens de S. Bento e de Cister. Na segunda metade do séc. XIV a produção de vinho teve um grande desenvolvimento, renovando-se e aumentando-se a sua exportação. Com a expansão portuguesa, as naus transportaram o vinho para o Oriente, África e Américas, e no período áureo após os descobrimentos, o vinho constituía o lastro dos navios, altura em que apareceram os vinhos de “roda” ou de “torna viagem”, que eram vinhos que andavam longos meses no mar, sacudidos pelo balancear das ondas, atravessavam duas vezes o equador, e voltavam melhorados, o que lhes proporcionava preços ímpares. Já no Brasil os dados históricos revelam que a primeira introdução da videira foi feita pelos colonizadores portugueses em 1532, através de Martin Afonso de Souza, na então Capitania de São Vicente, hoje Estado de São Paulo. A partir deste ponto e através de introduções posteriores, a viticultura expandiu-se para outras regiões do país, sempre com cultivares de Vitis vinifera procedentes de Portugal e da Espanha. Nas primeiras décadas do século XIX, com a importação das uvas americanas procedentes da América do Norte, foram introduzidas as doenças fúngicas que levaram a viticultura colonial à decadência. A cultivar Isabel passou a ser plantada nas diversas regiões do país, tornando-se a base para o desenvolvimento da vitivinicultura comercial nos Estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo. Mais tarde, a partir do início do século XX, o panorama da viticultura paulista mudou significativamente com a substituição da Isabel por Niágara e Seibel 2. No Estado do Rio Grande do Sul, foi incentivado o cultivo de castas viníferas através de estímulos governamentais. Nesse período a atividade vitivinícola expandiu-se para outras regiões do sul e sudeste do país, sempre em zonas com período hibernal definido e com o predomínio de cultivares americanas e híbridas. Entretanto, na década de 70, com a chegada de algumas empresas multinacionais na região da Serra Gaúcha e da Fronteira Oeste (município de Sant'Ana do Livramento), verificou-se um incremento significativo da área de parreirais com cultivares V. vinifera MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 5 3. Produção 3.1. Panorama mundial De acordo com dados fornecidos pela Organização Mundial da Vinha e do Vinho (OIV), relativamente ao ano de 2014, a produção mundial de uvas atingiu 73.700 milhões de quilos. Quanto a área, foram registrados 7.573 mil hectares de vinhedos, sendo que a China apresentou a segunda maior área, com cerca de 800 mil ha, superada apenas pela Espanha, com 1.038 hectares. A produção de vinho (com exclusão dos sumos e mostos), foi estimada em 27.000 milhões de litros, sendo a França o principal produtor com 4.620 milhões de litro de vinho. O consumo de vinho no mundo foi estimado em 24.000 milhões de litros, sendo 40% da produção consumida fora dos países europeus. As estatísticas também registram os Estados Unidos como o maior consumidor mundial de vinhos, com cerca de 3.070 milhões litros anuais. Superfície dos Vinhedos A área total de vinhedos no mundo (independentemente da utilização final das uvas e incluindo os vinhedos que ainda não estão em produção) totalizaram, em 2014, 7.573 milhões de ha, o que representa um ligeiro aumento, de 10 mil ha, em comparação com 2013. Desde o fim do Programa de estímulo à erradicação de vinhedos da União Europeia (UE), os vinhedos europeus permanecem estáveis enquanto as plantações na Ásia e na América do Sul compensaram a diminuição das áreas de vinhedos da comunidade europeia. Em 2014, a China se tornou o país com a segunda maior área de vinhedos, com cerca de 800 mil hectares e a produção mundial de uvas (destinado para todos os usos) foi de 73.700 milhões de quilos, o que representa uma redução de 4.000 milhões de quilos em comparação a 2013 A tendência na produção de uvas dos últimos 15 anos é de aumento (+ 13,7% /2000) apesar da redução da área plantada com vinhedos. Isto pode ser explicado pelo aumento nos rendimentos, devido à melhoria contínua das técnicas de viticultura e as condições climáticas favoráveis em alguns países. A China, com uma produção de 11.100 milhões de quilos, foi o maior produtor mundial de uvas em 2014 (15% da produção de uva), seguida pelos USA (7.700 milhões de quilos), França (6.940 milhões de quilos) e Itália (6.890 milhões de quilos). Em 2014, a produção de uva de mesa foi de 24.800 milhões de quilos. Geralmente neste segmento, as produtividades obtidas são superiores àquelas verificadas na produção de uvas destinadas à elaboração de vinhos e sucos. No contexto mundial, a produção de uvas de mesa está representada, em menor medida, na Europa do que na Ásia e América. O continente asiático concentra mais da metade da produção mundial de uvas para consumo in natura (63%), mas a Europa continua sendo um líder na produção de uvas para vinho (65%). A produção de vinho Depois de um recorde em 2013 (29.100 milhões de litros), a produção mundial de vinho (com exclusão dos sucos e mostos), em 2014, alcançou 27.000 milhões de litros, produção está coerentes com a média mundial de vinhos registrada nos últimos seis anos. O ano de 2014, foi marcado por condições climáticas difíceis na Europa Oriental, o que afetou a produção em diferentes países. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 6 Apesar de uma tendência de queda, a Europa continua sendo o maior produtor de vinho. A: França ocupa o primeiro lugar (4.620 milhões de litros), à frente da Itália (4.470 milhões de litros) e da Espanha, que voltou ao seu nível de produção média (3.820 milhões de litros) depois de um recorde de 2013. Já a produção no hemisfério sul e nos Estados Unidos continua progredindo: Argentina, com 1.520 milhões de litros (+ 1% / 2013); Nova Zelândia, com mais um recorde de 320 milhões de litros (+ 29% / 2013); África do Sul, com 1.130 milhões de litros (+ 4% / 2013) e os Estados Unidos, com 2.230 milhões de litros, registraram altos índices de crescimento como produtores de vinho. O consumo de vinho Os dados disponíveis mostram uma ligeira diminuição no consumo global de vinhos em 2014, estimado em cerca de 24.000 milhões de litros. Países tradicionalmente consumidores continuam em retrocesso (ou estagnação), entretanto, esta queda no consumo vem sendo compensada pela consolidação de novos centros de consumo. O período entre 2000 e 2014 foi caracterizado por uma mudança no consumo de vinhoAtualmente40% da produção de vinho é consumido fora dos países europeus enquanto em 2000, o consumo representava 31%. Os Estados Unidos, com 3.070 milhões de litros, confirmam sua posição como o principal consumidor mundial. A França, 2.790 milhões de litros, e a Itália com 2.040 milhões de litros, de forma coerente com as tendências verificadas nos últimos anos, continuaram o seu declínio entre 2013 e 2014, respectivamente, de 90 milhões de litros e 140 milhões de litros. O nível de consumo de vinho na China foi estimado em 1.580 milhões de litros, o que significa uma redução de 120 milhões de litros em relação 2013. O comércio internacional de vinho As exportações de vinho a nível mundial continuam aumentando de volume (10.400milhões de litros, um aumento de 3% em relação a 2013) e estabilizaram no valor de 26.000 milhões de Euros. O mercado do vinho é um setor cada vez mais internacionalizado. Há 10 anos, 27% do vinho consumido no mundo foi importado sendo que, atualmente esta taxa representa mais de 43%. 3.2. Panorama Nacional A vitivinicultura brasileira, embora presente em vários estados e regiões brasileiras, se concentra em poucas regiões. É especialmente importante para o Rio Grande do Sul, na serra gaúcha, onde quase a totalidade da produção se destina à agroindústria do suco e do vinho e essencialmente produzida por pequenos agricultores de agricultura familiar. Na produção de uvas de mesa, a cultura se destaca no Vale do São Francisco (Pernambuco e Bahia) e em São Paulo, gerando renda para milhares de famílias. Nos últimos anos, com a implementação das Indicações Geográficas no Brasil, a viticultura tem contribuído fortemente para o desenvolvimento dos territórios envolvidos, promovendo a agregação de valor aos produtos e a valorização de seus respectivos fatores naturais e culturais. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 7 Para analisar o desempenho da viticultura brasileira foram usadas fontes de dados secundários. Os dados de área e produção de uvas foram disponibilizados pelo IBGE e os dados de importações e exportações disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. Para a produção e comercialização dos produtos elaborados foram usados os dados disponibilizados pelo Ibravin/Uvibra, referentes ao Rio Grande do Sul, que respondem a cerca de 90% da produção nacional, pois não se dispõe de estatísticas do país. De certa forma o Rio Grande do Sul pode ser usado como referência para o país, pela elevada representatividade na produção de suco de uvas e vinhos. Os dados de comercialização de suco, vinhos e derivados disponíveis referem-se aos meses de janeiro a novembro de 2015 razão pela qual foram estimados pelo autor para o mês de dezembro. Produção de uvas Em 2015 foram produzidas 1.499.353 t de uvas no Brasil (Tabela 1), com aumento de 4,41% em relação ao ano de 2014. Ocorreu redução de produção nos estados da Bahia, São Paulo e Paraná. Nesses estados, além de fatores climáticos terem afetado a produtividade, também ocorreu redução de área. Na Bahia a redução da produção foi de 0,13%, em São Paulo o recuo foi de 3,22% e no Paraná a produção de uva diminuiu 1,12%. No Rio Grande do Sul, maior estado produtor de uvas, ocorreu aumento de 7,85% na produção em 2015. Em Santa Catarina ocorreu acréscimo de 4,66% na produção, em Minas Gerais o acréscimo foi de 9,15% e em Pernambuco ocorreu um leve incremento de 0,25%. Tabela 1. Produção de uvas no Brasil, em toneladas. Estado\Ano 2013* 2014** 2015*** Ceará 664 573 940 Pernambuco 228.727 236.767 237.367 Bahia 52.808 77.504 77.401 Minas Gerais 12.734 11.557 12.615 São Paulo 172.868 146.790 142.063 Paraná 79.052 80.910 80.000 Santa Catarina 53.153 66.106 69.189 Rio Grande do Sul 808.267 812.537 876.286 Goiás 4.581 3.330 3.492 Brasil 1.412.854 1.436.074 1.499.353 *Dados capturados em 23.01.2014. ** Dados capturados em 13.01.2015 *** Dados capturados em 12.01.2016 A produção de uvas destinadas ao processamento (vinho, suco e derivados) foi de 781.412 milhões de quilos de uvas, em 2015, representando 52,12% da produção nacional. O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 8 restante da produção (47,88%) foi destinado ao consumo in natura (Tabela 2). A quantidade de uvas processadas para elaboração de vinhos e suco apresentou aumento de 16,03% em 2015, comparativamente ao ano de 2014. Tabela 2. Produção de uvas para processamento e para consumo in natura, no Brasil, em toneladas. Discriminação/ano 2013 2014 2015 Processamento 679.793 673.422 781.412 Consumo in natura 733.061 762.652 717.941 Total 1.412.854 1.436.074 1.499.353 Fonte: Dados estimados por Loiva Maria Ribeiro de Mello - Embrapa Uva e Vinho, considerando os dados oficiais de uva para processamento do RS, e uma estimativa para os demais estados brasileiros. Área plantada A área ocupada com vinhedos diminuiu em 2015, seguindo uma tendência iniciada em 2013, com redução de 1,83% na área plantada (Tabela 3). A maior redução da área ocorreu no estado do Paraná, 13,98 %. Ainda na Região Sul, os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina apresentaram redução da área em 0,51% e 0,98%, respectivamente. No Nordeste, a área cultivada com videiras permaneceu praticamente a mesma de 2014, a da Bahia foi levemente reduzida em 0,10%. O estado de São Paulo que já apresentou redução de 12,79% na área plantada em 2014, em 2015 sofreu nova redução de 5,86%. No entanto, o estado de Minas Gerais apresentou aumento de 10,91% na área plantada com vinhedos. Em alguns locais, a especulação imobiliária está contribuindo para redução da área vitícola, em outros os problemas climáticos associados à falta de mão-de-obra tem desestimulado o crescimento da vitivinicultura. Tabela 3. Área plantada de videiras no Brasil, em hectares. Estado\Ano 2013* 2014** 2015*** Ceará 50 25 38 Pernambuco 6.817 6.833 6.833 Bahia 2.395 2.864 2.861 Minas Gerais 849 834 925 São Paulo 9.526 8.308 7.821 Paraná 5.824 5.580 4.800 Santa Catarina 4.474 4.989 4.940 Rio Grande do Sul 51.450 51.005 50.743 Goiás 222 138 133 Brasil 81.607 80.576 79.094 *Dados capturados em 23.01.2014. ** Dados capturados em 13.01.2015 *** Dados capturados em 12.01.2016 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 9 Produção de Vinhos, suco e derivados A produção de vinhos, suco e derivados do Rio Grande do Sul foi de 583.015 milhões de litros, em 2015, 15,38% superior à verificada em 2014 (Tabela 4). Os vinhos finos, que são elaborados com uva Vitis vinifera L, apresentaram redução de produção de 3,42%. Os três tipos de vinhos finos sofreram redução na produção, sendo que os vinhos tintos foram reduzidos em 2,69%, os brancos diminuíram 2,46% e os rosados sofreram queda de 29,94%. Os vinhos de mesa, elaborados com uvas americanas e híbridas, mostraram aumento de 7,21% na sua produção, com alta de 7,63% para os tintos e de 5,66% para os brancos. O suco de uva apresentou incremento de produção de 9,63%, sendo o maior aumento de suco de uva integral (20,54%). A produção de suco concentrado aumentou em 6,79%. Cabe destacar também o aumento de produção de mosto simples em 75,24%. Este pode ser usado tanto para vinificação quanto para a elaboração de suco e outros derivados. O segmento de suco tem sido uma alternativa para a sustentabilidade da vitivinicultura gaúcha pois tem absorvido uma boa parte da produção de uvas americanas e híbridas que tradicionalmente eram absorvidas pelos vinhos de mesa. Tabela 4. Produção de vinhos, suco e derivados do Rio Grande do Sul, em litros. PRODUÇÃO 2013 2014 2015 Vinho de mesa 196.904.222 196.173.123 210.308.560 Tinto 163.111.797 157.776.363 169.811.472 Branco 32.066.403 37.438.069 39.557.250 Rosado 1.726.022 958.691 939.838 Vinho Fino 46.956.931 38.464.314 37.148.982 Tinto 23.156.458 17.208.996 16.745.896 Branco 23.080.750 20.054.804 19.561.966 Rosado 719.723 1.200.514 841.120 Suco de uva integral33.673.396 43.331.223 52.233.155 Suco concentrado* 156.031.970 166.961.570 178.306.565 Mosto Simples 58.517.506 57.585.195 100.911.592 Outros derivados ** 2.909.520 2.801.715 4.106.899 TOTAL 494.993.545 505.317.140 583.015.753 *Transformados em litros de suco simples. Fontes: União Brasileira de Vitivinicultura – Uvibra, Instituto Brasileiro do Vinho – Ibravin Elaboração: Loiva Maria Ribeiro de Mello - Embrapa Uva e Vinho Comercialização de Vinhos, suco e derivados MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 10 Apesar da crise econômica e do baixo desempenho da economia brasileira, a quantidade de suco e vinhos comercializados pelo Rio Grande do Sul, em 2015, apresentou acréscimo de 4,52% (Tabela 5). Os vinhos de mesa apresentaram aumento de 1,81% na quantidade comercializada, sendo que os vinhos de mesa tintos, que são os de maior volume, tiveram acréscimo de 2,56%, os vinhos de mesa rosados aumentaram em 0,77% e os vinhos branco de mesa sofreram redução de 3,09%. Na categoria vinhos finos, o aumento na comercialização foi de 3,89%, em 2015, em relação ao ano anterior. Os vinhos finos tintos apresentaram crescimento de 5,57%, os vinhos finos rosados apresentaram aumento de 2,43% enquanto que os vinhos brancos foram reduzidos em 1,13% na quantidade comercializada em 2015. Os vinhos espumantes, continuaram sua trajetória crescente, com aumento de 16,64%, em 2015, sendo que, os espumantes moscatéis obtiveram aumento de 22,48%, e os espumantes finos apresentaram crescimento de 14,51% nas vendas desse ano. A comercialização de suco de uva continuou crescendo em 2015, com aumento de 5,80%, atendendo a crescente demanda que tem se verificado nos últimos anos. O suco de uva integral, pronto para consumo, apresentou aumento de 31,10% na comercialização nesse ano e o suco concentrado apresentou redução de 5,5%. Tabela 5. Comercialização de vinhos e de suco de uva provenientes do Rio Grande do Sul, em litros. Produtos\Anos 2013 2014 2015* Vinho de Mesa¹ 221.590.810 206.404.427 210.147.593 Tinto 188.033.494 178.250.072 182.807.550 Rosado 1.777.648 1.419.855 1.430.767 Branco 31.779.668 26.734.500 25.909.276 Vinho Fino² 27.912.934 20.424.983 21.218.965 Tinto 19.121.750 15.354.938 16.210.163 Rosado 214.269 164.219 168.203 Branco 8.576.915 4.905.826 4.850.599 Vinho Frisante 1.764.851 1.893.469 1.963.096 Espumantes 12.194.973 12.602.610 14.431.193 Espumante Moscatel 3.783.531 4.588.465 5.620.169 Suco de Uva Integral 72.216.872 88.013.377 115.389.024 Suco de Uva Concentrado³ 191.849.570 196.799.675 185.967.593 TOTAL 531.313.541 530.727.006 554.737.634 *dados estimados pelo autor com base na comercialização até novembro; ¹elaborado com uvas americanas e híbridas; ²corte de vinho de mesa e vinho de viníferas; ²elaborado a partir de cultivares Vitis vinífera L; 3valores convertidos em suco simples; Fonte: UVIBRA e IBRAVIN Elaboração: Loiva Maria Ribeiro de Mello - Embrapa Uva e Vinho MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 11 Exportações Em 2015, as exportações brasileiras do setor vitivinícola foram de 81,81 milhões de dólares, 8,32% inferior das realizadas no ano de 2014 (Tabela 6). Na pauta das exportações do setor vitivinícola brasileiro, somente a uva apresentou incremento, sendo 21,30% na quantidade exportada e 8,26% no valor obtido. As exportações de uva de mesa haviam diminuído nos últimos anos (34,35%, em 2014). Os demais itens apresentaram queda acentuada, tanto em quantidade como em valor. O suco de uvas sofreu redução de 47,30% em quantidade exportada e 54,41% no valor obtido pelas exportações. Os vinhos, incluindo de mesa e finos, apresentaram queda de 46,04% na quantidade e 60,84% no valor das exportações e os espumantes decresceram 67,94% em quantidade e 66,25% em valor. Importações O valor das importações brasileiras dos produtos da vitivinicultura em 2015, apresentaram redução de 14,25%, comparativamente ao ano 2014 (Tabela 6). As importações de uvas frescas foram reduzidas em 5,76% na quantidade e 19,85% no valor, ou seja, foram cotadas a preços inferiores aos de 2014. As importações de uvas passas foram maiores em quantidade, 4,68%, no entanto apresentaram redução no valor da compra em 23,48%. As importações de vinhos cresceram na quantidade em 1,01% e sofreram redução de 10,78% no valor. Para os espumantes houve redução na quantidade e no valor de 4,92% e 4,08%, respectivamente. Balanço Em 2015, o país apresentou déficit de 300.798 milhões de dólares, 14,25% inferior ao verificado em 2014. Tanto as importações quanto as exportações apresentaram redução de valores, mas o preço médio obtido pelo produto nacional foi superior aos pagos pela uva importada. O preço médio obtido pelas exportações de uvas caiu de U$ 2,36/Kg para U$ 2,10/ Kg, da mesma forma que o preço médio pago pelas importações de uvas diminuíram de U$ 1,85/Kg para U$ 1,57/Kg. No caso dos vinhos e espumantes, o preço médio pago pela importação foi superior ao recebido pela exportação, da mesma forma que o ano de 2014. Entretanto, os preços médios pago e recebido sofreram redução. O vinho foi importado em 2014 ao preço médio de U$ 3,77/L, passando para U$ 3,33/L em 2015. O vinho brasileiro foi exportado por U$ 3,21/L e U$ 2,33/L, em 2014 e 2015 respectivamente. O país pagou em média U$ 7,93/L e U$ 8,01/L o espumante, enquanto vendeu ao mercado internacional ao preço de U$ 4,66/L e U$4,91/L, para os anos de 2014 e 2015, respectivamente. Tabela 6. Balanço das exportações e importações de uvas, suco de uvas, vinhos e derivados: valores em US$ 1.000,00 (FOB) – BRASIL – 2012/2014. Discriminação 2013 2014 2015 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 12 Quantidade Valor Quantidade Valor Quantidade Valor Exportações Uvas frescas (t) 43.181 102.995 28.348 66.791 34.385 72.307 Suco de uva (t) 4.212 12.428 4.953 12.866 2.610 5.866 Vinhos (1.000 L)) 9.149 22.745 2.324 7.473 1.254 2.926 Espumantes (1000 L) 215 929 452 2.109 145 712 Total 139.097 89.239 81.811 Importações Uvas frescas (t) 32.631 59.581 33.761 62.338 31.818 49.965 Uvas passas (t) 23.414 53.285 23.723 53.062 24.834 40.603 Vinhos (1.000 L) 67.954 255.566 76.910 290.253 77.685 258.978 Espumantes (1000 L) 4.269 34.652 4.317 34.261 4.105 32.862 Suco de uva (t) 1.064 754 88 91 175 201 Total 403.838 440.005 382.609 Balanço (264.741) (350.766) (300.798) Fonte: MDIC Elaboração: Loiva Maria Ribeiro de Mello - Embrapa Uva e Vinho 4. Características da planta 4.1. Morfologia A videira é uma planta provida de raiz, caule, folhas, gomos, gavinhas, flores e frutos. Cada um destes órgãos desempenha funções importantes na planta, pelo que são merecedores de um estudo mais pormenorizado: Raiz A raiz é a parte subterrânea da videira que tem como funções principais a fixação da planta ao solo e a absorção de água e nutrientes nele existentes. O sistema radicular da videira é formado pelas raízes principais, que saem do colo e que se dividem nas raízes secundárias. Estas, vão-se subdividindo em outras cada vez mais finas que se chamam radículas e o seu conjunto forma o quese denomina de cabelame. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 13 Caule O caule é a parte que se segue superiormente à raiz e que suporta as folhas, flores, frutos e gavinhas. Esta parte da planta serve também de canal condutor para as substâncias necessárias à alimentação de toda a planta. Na videira, o caule é dividido nas seguintes partes: tronco ou cepa e ramos. O tronco corresponde à parte mais grossa, a casca é castanha-escura, espessa e destaca-se facilmente. No que respeita aos ramos, estes podem ser de dois tipos: ramos do ano e ramos de dois ou mais anos. Os ramos de dois anos são aqueles que foram deixados na poda do Inverno precedente. Quando são deixados com mais de dois gomos denominam-se varas do vinho, quando ficam apenas com um ou dois gomos passam a chamar-se talões. Folha As folhas são um órgão muito importante da videira pois desempenham várias funções fisiológicas essenciais, visto que são responsáveis pela respiração, transpiração e fotossíntese. Para além disso, possuem, sob o ponto de vista ampelográfico, características próprias de cada espécie e variedade o que nos permite identificar os porta- enxertos e as castas. Esta identificação é feita pela forma, dimensão, tipo de recortes, vilosidade, cor, aspecto superficial e forma do seio peciolar. É constituída por pecíolo e limbo. O pecíolo é a parte responsável pela inserção das folhas no ramo e o seu comprimento difere consoante a casta. O limbo, parte mais larga da folha, é composto por cinco nervuras principais que se dividem numa rede cada vez mais fina, que irriga toda a folha. O limbo possui cinco lóbulos separados por cinco seios. Apresenta uma cor verde devido à presença de uma substância que se chama clorofila, no entanto, à medida que nos aproximamos da maturação, está cor vai-se alterando, passando a amarelo, rosado ou vermelho conforme a variedade. Gomos O gomo é o embrião de um ramo. A sua formação dá-se ao longo do período vegetativo, aproximadamente até meados de Julho. À medida que decorre o seu desenvolvimento iniciasse a respectiva diferenciação, isto é, a formação de inflorescências. Esta diferenciação tem lugar durante os meses de Maio e Junho do ano precedente ao abrolhamento e é favorecida por dias quentes e soalheiros. Os gomos são protegidos do exterior pela lamugem e por duas escamas. Debaixo dessas escamas existem, na realidade, vários gomos (um principal localizado no centro e dois secundários de dimensões mais reduzidas). Os gomos secundários só irão rebentar se o gomo principal sofrer algum dano. Na videira existem vários tipos de gomos, que podem ser classificados quanto à natureza, idade e localização. Quanto à natureza: · Gomos folheares - são gomos que dão origem a ramos que vão apresentar folhas e gavinhas; · Gomos mistos - são gomos que vão dar origem a ramos com folhas, cachos e gavinhas. Quanto à idade: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 14 · Gomos prontos - são gomos que se formam nas axilas das folhas dos ramos em crescimento e que evoluem pouco tempo depois da sua formação, dando origem à netas; · Gomos hibernantes ou latentes - desenvolvem-se também nas axilas das folhas dos ramos em crescimento, ao lado dos gomos prontos. Estes gomos só rebentam no ano seguinte ao da sua formação e os ramos deles provenientes chamam-se pâmpanos; · Gomos dormentes - são aqueles que ficam mais de um ano por rebentar ou podem mesmo não chegar a rebentar. Dão origem aos chamados ramos ladrões. Quanto à localização: · Gomos normais - são os que aparecem nas axilas das folhas e que só no ano seguinte é que vão dar origem a um ramo; · Gomos estipulares - nascem ao lado dos gomos normais, são de dimensões menores e normalmente rebentam no ano de formação, originando as netas; · Gomos adventícios - formam-se fora das axilas das folhas, nos ramos com mais de dois anos. Dão origem aos ladrões. Gavinhas São órgãos de aspecto filamentoso, com a propriedade de segurarem os ramos aos arames ou tutores, permitindo assim que os ramos se elevem. Desenvolvem-se em oposição às folhas e, quando encontram o tutor, lenhificam-se e tornam-se duras e muito resistentes. Flores As flores da videira encontram-se agrupadas formando uma inflorescência. Estas inflorescências aparecem no ramo logo a seguir ao abrolhamento do gomo e vão sofrendo alterações na sua forma inicial até ao pintor. A inflorescência da videira é um cacho composto (rácimo), possui um eixo chamado ráquis e ramificações de primeira e segunda ordem que formam o engaço. Nessas ramificações existem os pedicelos que suportam as flores. No estado selvagem a videira é poligâmica dióica, mas com a intervenção do homem, a maioria das variedades passou a desenvolver flores hermafroditas perfeitas (flores com os dois sexos). Além deste tipo de flores, na videira existem mais dois tipos: flores unissexuais masculinas e flores unissexuais femininas. Fruto O fruto da videira é uma baga que está ligada ao cacho pelo pedicelo. O ovário, após a fecundação começa a desenvolver-se aumentando de volume, ao mesmo tempo que se formam no seu interior as grainhas. Este desenvolvimento verifica-se aproximadamente até fins de Julho princípios de Agosto, altura em que se começa a observar a mudança de cor dos bagos. Esta mudança de cor é designada de pintor, que de verde passa a amarelado no caso das castas brancas ou a rosado no caso das castas tintas. A maturação do fruto iniciasse em princípios de Setembro e vai até meados de Outubro. A forma dos bagos, a cor final, a consistência da polpa e o sabor, são características que diferem de casta para casta, assim como a forma do cacho, tornando-se estas mesmas características muito importantes em termos ampelográficos. 5. Clima 5.1. Radiação solar MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 15 A radiação solar atua nos processos de fotoenergia (fotossíntese) e nos processos de fotoestímulos (processos de movimento e de formação). A radiação solar absorvida pela cultura, interfere no ciclo vegetativo da videira e no período de desenvolvimento do fruto. Uma maior intensidade de radiação solar incidente promove maiores teores de açúcares nos frutos. A radiação solar é a maior fonte de energia para o processo de evapotranspiração. O potencial de radiação que incide no parreiral é determinado pela localização e época do ano. 5.2. Temperatura A temperatura do ar interfere na atividade fotossintética das plantas. As reações da Fotossíntese são menos intensas em temperaturas inferiores a 20ºC, crescem com aumento desse parâmetro climático, atingindo o máximo entre 25 e 30ºC, voltando a cair quando aproxima-se de 45ºC. Os limites de resistência situando-se entre 38 e 50º C. A faixa de temperatura média considerada ideal para a produção de uvas de mesa situa-se entre 20 e 30ºC. Nos climas tropicais o período de dormência é alcançado através do manejo de água durante o período de repouso, sendo possível obter-se produções em qualquer período do ano. Observa-se, porém, uma queda de rendimento nas safras iniciadas nos meses mais frios. Com relação à composição química da uva, não havendo excesso de precipitação pluvial, quanto mais elevada for a temperatura da região de cultivo, dentro dos limites críticos, maior será a concentração de açúcar e menor a deácido málico nos frutos. A temperatura do ar atua no processo de evapotranspiração, devido ao fato de que o ar aquecido próximo às plantas transfere energia para a cultura na forma de fluxo de calor sensível aumentando as taxas evapotranspiratórias. 5.3. Umidade do ar A umidade do ar durante o ciclo da cultura da videira influencia tanto nos aspectos fisiológicos quanto favorece o surgimento de doenças fúngicas. Valores mais elevados proporcionam o desenvolvimento de ramos mais vigorosos, aceleram a emissão das folhas e favorecem uma maior longevidade. Porém, quando associados a temperaturas elevadas a incidência de fungos é muito maior. Quanto a atuação da umidade do ar no processo de evapotranspiração, a diferença entre as pressões do vapor d’água na cultura e do ar vizinho é um fator determinante para a remoção do vapor. Cultivos bem irrigados em regiões áridas, como no caso do Submédio São Francisco, consomem grandes quantidades de água devido à abundância de energia solar e ao poder dissecante da atmosfera. 5.4. Velocidade do vento O vento forte apresenta-se como um grande problema para o cultivo de uvas de mesa, pois provocam danos físicos em parreirais em formação, causando a quebra dos ramos novos, e naqueles em produção, causando injúrias mecânicas nos frutos. No processo de evapotranspiração a remoção do vapor d’água depende, em grande parte, do vento e da turbulência do ar. Nesse processo, o ar acima da cultura vai se tornando MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 16 gradativamente saturado com vapor d’água. Se não há reposição de ar seco, a evapotranspiração da cultura decresce. 5.5. Precipitação pluviométrica Em termos de exigências hídricas, a videira é muito resistente à seca, graças ao seu sistema radicular que é capaz de atingir grandes profundidades. As regiões de cultivo incluem áreas onde a ocorrência de baixas precipitações e alta demanda evaporativa impõem o fornecimento de água através da irrigação. Uma deficiência hídrica prolongada pode provocar redução significativa na produtividade e na qualidade da uva. 6. Preparo e correção do solo 6.1. Limpeza da área Deve-se eliminar do terreno toda a vegetação existente. de forma a permitir o total aproveitamento do solo. Essa limpeza, que consiste nas operações de desmatamento, roçagem e destocamento da área, deverá ser realizada quatro meses antes da data prevista para o plantio, o que resultará em tempo para a execução dos trabalhos subsequentes de sistematização da área, análise do solo, correção, instalação do sistema de irrigação, confecção do sistema de condução e outros. 6.2. Sistematização da área Conforme o método de irrigação a ser utilizado, o nivelamento do terreno poderá ser aconselhável. Entretanto, a remoção de solo deve ser mínima, para que não ocorra exposição do subsolo. 6.3. Análise do solo Logo após a limpeza do terreno, três meses antes do plantio, coletam-se amostras de solo representativas da área onde será implantado o vinhedo, num perfil com profundidade média de 35 cm. Tais amostras são enviadas a laboratório especializado em análise de solo para averiguação das necessidades de calagem e fertilização do terreno. 6.4. Calagem Na hipótese do laudo da análise de solo assinalar a necessidade de calagem, está deverá ser feita de 30 à 60 dias antes do plantio, procurando-se sempre colocar calcário suficiente para que o solo atinja um pH em tomo de 6,0 - 6,5. 6.5. Gradagem e aração Após a distribuição do calcário é aconselhável a operação de gradagem, a fim de incorporar o corretivo ao solo, seguida de uma aração profunda, revolvendo-se uma camada de 20 a 40 cm. No caso de solo com camada compacta e desunifom1e, pode-se utilizar com vantagens o subsolador, uma vez concluída a aração.4 6.6. Sulcagem para adubação básica MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 17 Por causa do pequeno espaçamento entre plantas nas linhas dos vinhedos, recomenda-se a abertura de sulcos para adubação. Pode-se também realizar a adubação por processo convencional de abertura de covas (40 x 40 x 40 cm). Os sulcos são abertos com uma profundidade mínima de 40 cm, e no sentido das linhas de plantio. 6.7. Implantação do sistema de irrigação O sistema de irrigação a ser utilizado, seja qual for, deverá ser implantado antes de realizar a adubação básica. O trabalho de instalação do sistema de irrigação é, em geral, realizado pela empresa que fornece o equipamento. 7. Adubação 7.1. Adubação básica A adubação básica deverá ser realizada de 15 a 30 dias antes do plantio, de forma contínua, nos sulcos abertos para este fim. Aconselha-se, inicialmente, o uso de esterco de caprino ou de bovino na base de 20 litros por planta, para dar melhores condições físicas, químicas e microbiológicas ao solo, o que irá favorecer a absorção dos nutrientes minerais pelas plantas. 7.2. Nutrientes essenciais e sintomas de deficiência Nitrogênio - Os sintomas de deficiência surgem primeiro nas partes mais velhas da planta. A falta deste elemento se manifesta por um débil desenvolvimento das plantas, folhas pequenas de coloração amarelada, baixo desenvolvimento vegetativo e radicular, encurtamento dos entrenós, brotações contorcidas e avermelhadas, baixo percentual de pegamento dos frutos, cachos pequenos e desuniformes, resultando numa baixa produção. O crescimento, produção, tamanho de bagas e de cachos diminuem, antes mesmo que apareçam os sintomas visuais de deficiências. O excesso de nitrogênio pode resultar em aumento de vigor das plantas, atraso na maturação dos cachos, dessecamento da ráquis e dos sarmentos e predisposição à doenças. Fósforo - Os sintomas de deficiência ocorrem, inicialmente, nas folhas mais velhas e se caracterizam por uma clorose e uma coloração roxo-violeta, evoluindo para necrose e secamento. A deficiência desse elemento causa redução no desenvolvimento do sistema radicular e retardamento no crescimento. Potássio - A carência de potássio retarda a maturação e promove a produção de cachos pequenos, frutos duros, verdes e ácidos. Os sintomas de deficiência de potássio manifestam-se, em primeiro lugar, nas folhas mais velhas como um amarelecimento internerval em cultivares de uvas brancas, seguida de necrose da zona periférica do limbo que vai progredindo para o interior do tecido internerval. Em cultivares de uvas roxas, as folhas apresentam, inicialmente, uma coloração arroxeada entre as nervuras, seguindo-se de necrose progressiva dos tecidos do limbo. Cálcio - A deficiência de cálcio causa a paralisação do crescimento dos ramos e raízes, retardando o desenvolvimento da planta. Afeta, particularmente, os pontos de crescimento da raiz. Nas folhas jovens, a deficiência se manifesta por uma clorose MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 18 internerval e marginal, seguida de necrose das margens do limbo, podendo ocasionar, ainda, a morte dos ápices vegetativos. Magnésio - Plantas deficientes em magnésio apresentam clorose internerval nas folhas velhas, sendo que as nervuras permanecem verdes. Em cultivares de uvas brancas, as manchas cloróticas evoluem até a necrose dos tecidos do limbo. Em cultivares de uvas tintas as manchas tomam coloração arroxeada, evoluindo, também, até a necrose do tecido. Sua deficiência poderá provocar redução no desenvolvimento e na produção. Boro- Os sintomas de deficiência de boro manifestam-se, primeiramente, nas folhas novas, evoluindo para os frutos. A carência desse elemento provoca diminuição dos internódios, morte do ápice vegetativo e envassouramento. Nos cachos florais, ocorre aborto excessivo de flores, raleando os cachos. A caliptra não se solta com facilidade por ocasião da florada, permanecendo sobre a baga em desenvolvimento. Pode ocorrer dessecamento parcial ou total dos cachos, necrose nas bagas, interna e externamente. Cobre - A carência de cobre não é comum na videira. Em algumas situações pode-se observar danos causados pelo excesso de cobre, tais como: clorose das folhas e dos ramos novos, desenvolvimento reduzido da parte aérea e do sistema radicular, baixa germinação do pólen, resultando em baixa fertilização das flores, com uma queda acentuada de bagas. A toxicidade de cobre ocorre em consequência da aplicação de fungicidas cúpricos. Zinco - Os sintomas de deficiência de zinco surgem nas folhas novas. Geralmente os internódios ficam curtos, com folhas pequenas e cloróticas, com uma faixa verde ao longo das nervuras principal e secundária. Videiras deficientes em zinco tendem a produzir cachos menores que o normal. As bagas apresentam tamanho variável, de normal a muito pequenas e, geralmente, permanecem duras e verdes e não amadurecem. 8. Cultivares A viticultura é uma atividade bastante diversificada no mundo e também no Brasil. A finalidade da exploração, a região de cultivo, o solo e o clima predominantes influenciam diretamente na escolha das cultivares a serem utilizadas. A diversidade genética encontrada tanto dentro das espécies do gênero Vittis como entre elas é grande, permitindo, quase sempre, a escolha do material mais adequado, entre as centenas de cultivares existentes na cultura. Esse número é ampliado ano a ano como resultado de diversos programas de melhoramento no mundo. 8.1. Porta-enxertos Mais de uma dezena de porta-enxertos são utilizados na viticultura das regiões temperadas do Brasil. Todavia, na escolha do porta-enxerto também devem ser considerados fatores como a fertilidade do solo e a susceptibilidade do porta-enxerto a doenças e pragas ocorrentes na região ou local de plantio do vinhedo. Em certos casos a cultivar também pode ser determinante na escolha do porta-enxerto. A pesar da disponibilidade razoável de bons porta-enxertos, é preciso mencionar que cada um deles tem sua deficiência intrínseca e só a experimentação regional pode determinar com MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 19 regular precisão qual é o melhor. Seja como for, a principal recomendação técnica é a de nunca usar um único porta-enxerto em grandes áreas. Tropical (IAC 313) Originário do cruzamento entre Go/ia e Vitis cinerea, herdou desta o desenvolvimento vegetativo contínuo, característico das videiras de clima tropical. Daí ser um porta- enxerto muito vigoroso, com perfeita adaptação às condições climáticas tropicais, com ramos que lignificam tardiamente e dificilmente perdem as folhas. Adapta-se bem aos diferentes tipos de solos com boa tolerância aos nematóides, e suas folhas são resistentes às principais moléstias. Jales IAC 572 Obtido do cruzamento entre Vitis caribea e 101-14 (Vitis riparia x Vitis rupestris). Porta- enxerto vigoroso, que se adapta bem tanto em solos argilosos como em arenosos. Com ótimo enraizamento e pegamento, apresenta folhas resistentes às principais moléstias. Contudo esses porta-enxertos podem ser substituídos por outros, que se apresentem resistentes a nematóides, embora menos vigorosos, mas que concorrem para uma produção de maior qualidade, como: Dog Ridge, Salt Creek, SO-4, R-99, Harmony. 1103 Paulsen Este porta-enxerto pertence ao grupo berlandieri x rupestris. Teve grande difusão no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina nos últimos anos porque apresenta tolerância à fusariose, doença comum nas zonas vitícolas da Serra Gaúcha e do Vale do Rio do Peixe. É vigoroso, enraíza com facilidade e apresenta boa pega de enxertia. Tem demonstrado boa afinidade geral com as diversas cultivares. É o porta-enxerto mais propagado atualmente na região sul do Brasil. Entre os viticultores também é conhecido como Piopeta ou Piopa. Rupestris du Lot Trata-se de uma variedade de V. rupestris, característica pelo hábito de crescimento ereto, sendo, por isso, conhecido pelos agricultores da Serra Gaúcha pelos nomes "Vassourinha", "Pinheirinho" ou "Arboreto". É um porta-enxerto vigoroso, com sistema radicular pivotante, adaptado a solos profundos. Apresenta fácil enraizamento, boa pega de enxertia e induz alto vigor à copa. SO4 Este porta-enxerto do grupo berlandieri x riparia foi introduzido na década de 1970, sendo muito difundido no Rio Grande do Sul nos anos subsequentes. Em geral confere desenvolvimento vigoroso e boas produtividades à maioria das copas. Atualmente é muito pouco propagado devido à alta sensibilidade à fusariose e a problemas de dessecamento do engaço, uma anomalia verificada em certos anos, devido a desequilíbrio nutricional MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 20 envolvendo o balanço entre potássio, cálcio e magnésio. Estes problemas não têm sido constatados na região de Livramento, onde o solo é profundo e bem drenado. 8.2. Cultivares de uvas para mesa Itália Essa cultivar está apta a produzir, em plantios comerciais, cachos volumosos com um peso médio de 500 g. Quando os cachos são bem raleados, produzem bagos grandes, com película grossa de coloração amarelo-âmbar, e sabor levemente moscato. Se for bem conduzida em sistema de latada, a produtividade dessa cultivar chega a 40t por hectare em um ano Piratininga Em plantios comerciais, essa cultivar também pode produzir cachos volumosos, com um peso médio de 450g, não sendo necessário um desbaste muito rigoroso. Os bagos são grandes, de coloração rosa-avinhado, com película grossa e sabor neutro, levemente ácido. Sua produtividade atinge até 40t por hectare em um ano, quando a videira é bem conduzida em sistema de latada Niágara Branca É a principal uva americana utilizada para a produção de vinho de mesa, sendo muito apreciada pelos consumidores devido ao intenso aroma e sabor característico que confere ao vinho. Além de expressiva área cultivada nas principais regiões produtoras do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, a Niágara Branca encontra-se difusa em pequenas áreas em várias partes do sul do Brasil e, também, no Sul de Minas Gerais, onde é empregada na elaboração de vinhos caseiros e, também, para consumo in natura. Niágara Branca é uma cultivar fértil e bastante resistente às doenças fúngicas. Pode ser plantada de pé-franco mas normalmente é enxertada. Niágara Rosada Surgiu de uma mutação somática natural da Niágara Branca, no município de Jundiaí, (SP), em 1933. Possui as mesmas características de Niágara Branca, exceto a cor, mais atraente ao consumidor. Isabel Apesar de todos os esforços para substituir está cultivar desde a década de 1930, a Isabel persiste com 50% da uva produzida no Rio Grande do Sul e é a principal cultivar plantada em Santa Catarina. Origina vinho típico, em anos chuvosos pouco coloridos, apreciado por uma faixa específica de consumidores. O suco de Isabel é a base do suco brasileiro para exportação. É uma cultivar de Vitis labrusca, muito bem adaptada às condições climáticasdo Sul do Brasil. Fornece produções abundantes em poda curta; resistente ao oídio e às podridões do cacho, porém está sujeita a perdas pela incidência de antracnose e de míldio. Normalmente é enxertada mas pode ser plantada de pé-franco; vinhedos de MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 21 pé-franco normalmente exigem um período de formação mais longo mas atingem 80-100 anos com produções econômicas. Isabel Precoce É um clone de Isabel, decorrente de mutação somática, selecionado em 1993 num vinhedo comercial situado no município de Farroupilha. Apresenta as características gerais da tradicional cultivar Isabel, entretanto, tem a maturação antecipada em 35 dias. Foi avaliada na Embrapa Uva e Vinho e a partir do ano 2000 começou a ser difundida como alternativa para a ampliação do período de produção e processamento de uvas para vinhos tintos de mesa e suco de uva. As condições para cultivo de Isabel Precoce são as mesmas do cultivar original. Concord É a labrusca mais procurada para a elaboração de suco pelas características de aroma e sabor que confere ao produto. Em geral é cultivada de pé franco com bons resultados. É bastante produtiva quando em poda longa. Apresenta alta resistência ao míldio e ao oídio, porém, mostra-se um pouco sensível à antracnose, doença que pode causar perdas se não for convenientemente controlada na fase inicial do crescimento vegetativo. A película da uva é fina, por isso, bastante susceptível ao rachamento de bagas quando ocorre tempo chuvoso na fase de maturação. Certos vinhedos apresentam abortamento floral com prejuízos significativos. As causas deste problema ainda não são conhecidas, podendo ser de ordem nutricional ou de origem fitossanitária. Concord é cultivada principalmente nos três Estados do Sul, sendo também conhecida como Francesa e Bergerac. 8.3. Cultivares de uvas para vinho e/ou suco Uvas para vinho devem apresentar características que as recomendem para esse uso, como boa produção, coloração agradável, sabor vinoso, aroma típico. Por definição clássica, vinho é o produto da fermentação dos frutos de Vitis vinifera. Entretanto, muitas cultivares de veníferas os híbridos, apesar de aptidão razoável para determinado fim, acabam sendo utilizadas para outros fins. Cabernet Franc De origem francesa, é a principal vinífera tinta cultivada no Brasil (RS). De grande vigor, as plantas produzem relativamente pouco. Os cachos são alados, pequenos (70-150g). As bagas são pequenas, esféricas, pretas. Maturação média a tardia. Ela exige um bom controle fitossanitário. Apesar de suas fracas características agronômicas, o vinho produzido é de primeira qualidade. Riesling Itálico Produtora de vinhos muito populares no Brasil, é conhecida erroneamente por esse nome. É originária da França (Meslier de Champagne), ao contrário do original Riesling MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 22 (Renano), que é de Reno, na Alemanha. De cachos médios, cônicos, compactos. Bagas pequenas a média, redonda, amarelo-esverdeadas. Polpa deliqüescente, aromática. Bordô É o nome comum de cultivar Ives, de origem incerta, obtida por Henry Ives. Também chamada de Folha de Figo, na região de Caldas, MG, é cultivada em área considerável nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. De bom vigor e produtividade, apresenta alta resistência às doenças fúngicas. Os cachos são pequenos (150g), cilíndricos, às vezes alado e medianamente compacto. As bagas são pequenas (2 a 3g) , arredondadas, pretas, com polpa de textura fundente a média e sabor foxado. Seyve Villard 5276 Também denominada Seyval, está cultivar é uma híbrida complexa altamente produtiva e que apresenta alto potencial de açúcar, normalmente atingindo mais de 20ºBrix. Resiste ao míldio, mas é sensível à antracnose, necessitando controle no início do ciclo vegetativo. Também é sensível à filoxera galícola, às vezes exigindo tratamentos para seu controle. Deve ser enxertada e exige adubações abundantes para suportar as grandes produções sem perda significativa do vigor e da longevidade. Origina vinho branco de mesa de muito boa qualidade. Durante algum tempo foi comercializada no Rio Grande do Sul como uva fina, em geral como Sauvignon ou como Riesling. Os dados apresentados podem variar significativamente de ano para ano e de local para local, além da possibilidade de variações devidas ao sistema de manejo empregado no vinhedo. Couderc 13 Introduzida na década de 1970 pela Estação Experimental de Caxias do Sul, foi difundida com relativa facilidade por ser muito rústica e produtiva. O vinho é pouco ácido e neutro em sabor, podendo ser cortado com outros vinhos comuns. É cultivada no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, sendo que resultados de pesquisa a indicam como opção também para o Sul de Minas Gerais. É uma cultivar resistente às doenças fúngicas, entretanto, apresenta baixo potencial glucométrico. 8.4. Cultivares sem sementes Dois mecanismos naturais dão origem ás cultivares de uvas sem sementes, também chamadas de apirenos:partenocarpia e estenospermocarpia. Mundialmente, o interesse por uvas sem sementes aumenta cada vez mais no mercado consumidor de frutas. Entre as cultivares comercializadas estão: IAC 457-11 “Paulistinha” Descendente de Niagara Branca com Sultanina. A planta é vigorasa, apresenta ciclo curto e produtividade média. Os cachos são méidios e cilíndricos, pesando em média 200-300 g, necessitando de desbaste de 20% das bagas; resistência pequena a média ao transporte para a comercialização. Bagas trincante, forma arredonda, sabor que lembra frutas MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 23 tropicais; bagas carnosas, boa aderência ao pedicelo. Essa variedade pode ser conduzida em espaldeira e latada, exigindo poda média à longa ( quatro a oito gemas). Afinidade de enxertia normal para Ripária do Traviú e IAC 766. Thompson Seedless (Sultanina) Esta cultivar é originária da Ásia Menor e foi cultivada na Califórnia, pela primeira vez, por Wilson Thompson, há mais de 100 anos. É conhecida por outros nomes, como Sultanina, Sultana ou Kishmish oval. Seus cachos são grandes, pesando em média 400-600g, acentuadamente alados, cilindro- alongados, compactos. As bagas são uniformes, de tamanho médio, pesando em média 4- 6g, oval alongadas, cor esverdeada ou levemente dourada quando bem maduras, sem sementes, textura firme, sabor nobre. São de maturação média. As plantas são muito vigorosas e produtivas, devendo ser podadas em ramos bem longos (15 a20 gemas). Bem adaptadas a áreas de intenso calor, são muito plantadas no deserto da Califórnia e Chile. Há, pelo menos, 20 anos, a área plantada com Thompson Seedless na Califórnia supera os 80.000ha.,dos quais cerca de 35.000 a 40.000 são exploradas como uva de mesa. Perlette Esta cultivar foi obtida, na Califórnia, por Olmo, em 1936, do cruzamento entre Regina dei Vigneti e Sultanina Marble. No Nordeste do Brasil, as plantas dessa cultivar são de vigor mediano, produzindo em média 30 cachos por planta. Os cachos são de tamanho médio (250 a 350g), compactos, cônicos e alados. Os bagos são pequenos, arredondados e de coloração verde-amarelada. A polpa é crocante e de sabor levemente moscato. Um tamanho de 18 mm de diâmetro,adequado para comercialização, é atingido com duas aplicações de 20ppm de ácido giberélico. Atinge uma produtividade média de 20 t por hectare em dois ciclos por ano. A precocidade dessa cultivar é sua característica marcante. Os ramos são selecionados no período de repouso vegetativo da planta, quando se apresentam bem maduros ou lignificados. Os ramos devem ser sadios, com diâmetro entre 8 a 12 mm, evitando-se retirar as estacas de ramos sombreados e com entrenós muito curtos ou demasiadamente longos, pois estas características podem indicar a existência de problemas fitossanitários ou nutricionais. As estacas devem ser coletadas da porção mediana dos ramos e imediatamente após o preparo dessas, efetuar o plantio ou mantê- las em recipiente com água, o que evita a desidratação do material propagativo, visando a obtenção de bons índices de pegamento e enraizamento. 9. Mudas 9.1. Propagação do porta-enxerto Porta-enxerto é a porção da planta que forma o sistema radicular e é comumente utilizado quando as condições de solo são adversas ao desenvolvimento radicular da variedade copa. Essas adversidades podem ser de ordem física, tais como solos de baixa fertilidade, muito úmidos, com alto teor em calcário ativo, ou biológica, tais como fungos e pragas (nematóides, filoxera, pérola-da-terra). Nas condições do Vale do São Francisco, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 24 a utilização de porta-enxertos é devida, principalmente, ao ataque de nematóides, que se proliferam nos solos arenosos da região. Na propagação do porta-enxerto, as estacas podem ser plantadas diretamente no local definitivo ou enraizadas em sacolas plásticas no viveiro. A produção de mudas em viveiro tem como vantagem proporcionar uma seleção rigorosa das plantas a serem levadas para o campo. As estacas são cortadas com duas a três gemas (25 a 30 cm), observando-se que o corte da extremidade inferior deve ser efetuado imediatamente abaixo da gema, enquanto o corte da extremidade superior situa-se a, aproximadamente, 3 a 5 cm de altura da gema superior, o que evita que está se desidrate rapidamente. Após a preparação das estacas, estas devem ser imediatamente plantadas em sacolas plásticas ou tubetes contendo substrato umedecido ou devem ser plantadas no local definitivo, desde que a área possua o sistema de irrigação instalado. É importante fixar bem o substrato ou o solo em torno das estacas. As variedades IAC 572 e IAC 313 apresentam elevado índice de enraizamento e pegamento de estacas. Um dos principais fatores que influenciam no enraizamento de videira, é a quantidade de substâncias de reserva armazenadas nos ramos, e por este motivo os ramos lignificados apresentam melhores resultados. Entre 60 a 90 dias após o plantio, as mudas podem ser levadas para o campo. A utilização de reguladores de crescimento para indução de enraizamento de estacas de porta-enxerto de videira não é necessária. 10. Plantio 10.1. Espaçamento Quando os terrenos são mecanizáveis, as distâncias entre as linhas de plantio devem ter pelo menos 3,0 m. Em variedades de uvas de mesa sem sementes, distâncias mínimas de 3,0 m entre linhas de plantio são necessárias considerando-se a necessidade de se efetuar podas mais longas nestas variedades, o que exige maior espaço para o desenvolvimento das brotações sem que haja excessiva sobreposição de ramos de linhas de plantio vizinhas. Do mesmo modo, para estas variedades o espaçamento entre plantas não deve ser inferior a 2,0m, permitindo uma boa distribuição das brotações laterais e netos sobre a latada. Pode-se, portanto, utilizar para uvas de mesa no Submédio São Francisco, espaçamentos de 3 x 2 m; 3 x 2,5 m; 4 x 2 m; 3 x 3 m; 3,5 x 3 m, correspondendo a densidades de plantio que variam de 1666 à 952 plantas/ha. Espaçamentos mais adensados (3 x 1 m) estão sendo adotados na variedade sem sementes Superior Seedless. 10.2. Sistema de condução A videira não pode ser cultivada satisfatoriamente sem alguma forma de condução. Sendo planta sarmentosa, de hábito trepador, necessita de um sistema de suporte que garanta melhor exposição de suas folhas à luminosidade (Regina et al., 1998). MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 25 Segundo Miele & Mandelli (2005), o sistema de condução do vinhedo pode afetar significativamente o crescimento vegetativo da videira, a produtividade do vinhedo e a qualidade da uva e do vinho. Isso pode ocorrer em função do efeito do sistema de condução na parte aérea e subterrânea da videira. As características do sistema de sustentação e de condução da videira podem aumentar a performance produtiva das plantas e qualitativa dos frutos, em maior ou menor escala, através : a) do aumento da área do dossel vegetativo através da divisão em cortinas; b) da diminuição da densidade do dossel vegetativo, porque os ramos têm vigor mais fraco em função do maior número de gemas e porque há maior espaço entre os ramos; c) da maior possibilidade para a mecanização da desponta, desfolha, colheita e poda de inverno; d) do aumento da qualidade da uva e da produtividade da videira e, por último, por poder melhorar a ação efetiva dos tratamentos fitossanitários, em função de dosséis vegetativos menos densos. As formas de suporte da videira influenciam diversos aspectos. O principal aspecto está centrado na produção, sendo que parreiras que se desenvolvem sobre sistemas que permitem maior número de ramos por área produzem safras mais abundantes. Outro aspecto, não menos importante, refere-se às modificações microclimáticas próximas às folhas e frutos, que alteram de maneira marcante a qualidade da uva (Carbonneau, 1991; Leong & Lsamikanra, 1991; Morris et al., 1985; Nogueira, 1984). Além disto, os aspectos econômicos merecem destaque, já que cada sistema exige um custo de implantação e manutenção e um grau de dificuldade na realização dos tratos culturais (Freire, 1989 e Regina et al., 1998). Escolha e princípios do sistema de condução Vários são os fatores que podem influenciar na tomada de decisão para a escolha correta de um sistema de condução. Entre eles, segundo Castro (1989) e Miele & Mandelli (2005), chamam a atenção alguns pontos: a) a cultivar, especialmente no que se refere ao hábito de frutificação, que pode exigir poda em cordão esporonado ou mista, deixando varas e esporões; o tamanho do cacho; o vigor da planta, que pode requerer altura e/ou largura maiores para uma melhor exposição ao sol; b) a colheita, manual ou mecânica; c) a topografia do terreno; d) o custo de implantação e de manutenção dos postes e fios do sistema adotado; e) a conjuntura econômica/rentabilidade do viticultor; f) as condições climáticas; e g) a tradição na adoção do sistema de condução. Miele & Mandelli (2005) chamam a atenção para o fato de que os sistemas de condução possuem princípios gerais em função do dossel vegetativo dos vinhedos. Em geral, esses princípios são os seguintes: a) A área da superfície do dossel vegetativo é maximizada por fileiras estreitas ou pela divisão do dossel. b) A densidade do dossel vegetativo é minimizada por maior espaçamento entre os ramos. c) A densidade do dossel vegetativo também pode ser diminuída adotando fileiras estreitas ou dividindo o dossel vegetativo. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 26 d) Os sistemas de conduçãohorizontais e os que não apresentam dossel vegetativo dividido têm maior índice de sombreamento. e) Apesar de terem espaçamentos maiores, os sistemas de condução com divisão do dossel vegetativo, lira e (Geneva Doublé Courtain) GDC, por exemplo, podem ter muitos ramos sem apresentar grande densidade, propiciando bom potencial de produção. Principais sistemas de condução Espaldeira O sistema de condução espaldeira é um dos mais utilizados pelos viticultores nos principais países vitivinícolas do mundo. No Rio Grande do Sul é adotado especialmente na Campanha e por algumas vinícolas da Serra Gaúcha, e é também largamente utilizado no Sul de Minas Gerais, onde foi introduzido no final do século XIX (Silva, 1998; Sousa, 1996). O dossel vegetativo desse sistema é vertical e a poda em seco pode ser mista ou em cordão esporonado. Os ramos são atados verticalmente aos fios do sistema de sustentação do vinhedo. Se necessário, estes são despontados. Conforme (Miele & Mandelli, 2005), as principais vantagens são: proporciona colheita mecânica fácil e é adaptado à poda mecânica; os frutos situam-se numa área do dossel vegetativo e as extremidades dos ramos, em outra, o que facilita as operações mecanizadas, como remoção de folhas, pulverizações dos cachos e desponta; adapta-se bem ao hábito vegetativo da maior parte das viníferas; apresenta boa aeração; o custo de implantação é relativamente baixo, menor que a latada, podendo ser ampliado paulatinamente, pois a estrutura de cada fileira é independente; além de ser atrativo aos olhos, especialmente quando se faz a desponta. As principais desvantagens desse sistema são: apresenta tendência ao sombreamento, portanto não é indicado para cultivares muito vigorosas ou para solos muito férteis; a densidade de ramos geralmente é muito elevada e se a distância do dossel vegetativo for superior a 3,0 m, a área da superfície do dossel vegetativo será pequena e, como conseqüência, a produtividade do vinhedo será baixa e o sombreamento diminuirá a qualidade da uva e do vinho. Lira O sistema de condução lira foi desenvolvido pelo INRA - Centro de Pesquisas de Bordeaux, França, sendo preconizado em diversas regiões do mundo; porém, no Brasil ele é ainda pouco adotado (Regina et al., 1998). Na América do Sul, o Uruguai destaca- se por ter incentivado este sistema de condução, com bons resultados. No Brasil foram instalados cerca de 100 ha na Serra Gaúcha. O sistema de condução em lira caracteriza- se por ter duas cortinas levemente inclinadas para o lado de fora, portanto com duas zonas de produção. As bases das cortinas são afastadas, no mínimo, de 0,90 m uma da outra. O tipo de conformação que a lira proporciona ao parreiral que a videira tenha elevada superfície foliar exposta (SFE), aumentando a interceptação da energia solar e, ao mesmo MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 27 tempo, repartindo-a sobre maior número de folhas, e aumentando a atividade fotossintética do dossel vegetal, conseqüentemente produzindo frutos de melhor qualidade (Carbonneau, 1991). As principais vantagens do sistema de condução em lira são as seguintes: apresenta grande superfície de área foliar; propicia boa produtividade, mas menor que a da latada; torna-se fácil posicionar os ramos; possibilita a colheita mecanizada e proporciona boa qualidade da uva e do vinho. Como citado para o sistema espaldeira, pode ser ampliado paulatinamente, na base e no centro, pois as fileiras são independentes. As principais desvantagens desse sistema são: em solos férteis, especialmente com cultivares vigorosas, desenvolve demasiadamente o dossel vegetativo, o que obriga a realização da poda verde; em solos muito férteis há desenvolvimento exagerado de brotações (laterais) para o centro do sistema de condução, o que é relativamente difícil de controlar; ao fazer o manejo da parte interna do dossel vegetativo, o viticultor entra em contato com a folhagem, que contém fungicidas e inseticidas (Miele & Mandelli, 2005). Latada O sistema de condução latada é também chamado de pérgola ou caramanchão. É o sistema mais utilizado na Serra Gaúcha, RS, e no Vale do Rio do Peixe, SC (Sousa, 1996). Na América do Sul tem alguma expressão na Argentina, Chile e Uruguai. Na Europa, aparece em determinadas regiões vitícolas, especialmente do norte da Itália, com denominações e formas diferenciadas (Miele & Mandelli, 2005). O dossel vegetativo é horizontal e a poda em seco é mista ou em cordão esporonado. As varas são atadas horizontalmente aos fios do sistema de sustentação do vinhedo. O principal fator que leva à adoção deste sistema pelos produtores sulinos são as altas produtividades que este sistema proporciona (Orlando, 2002). Segundo Souza (1996), o sistema latada para as variedades ‘Itália’, ‘Sémillon’, ‘Seibel 5455’, ‘Carbernet Franc’ e ‘Barbera’ gera 40% a mais em produção quando comparado ao sistema espaldeira. As altas produtividades ocorrem em função da grande área que a videira pode explorar na latada, permitindo, assim, deixar carga (número de gemas) bastante superior à que é possível obter em uma simples espaldeira (Freire, 1989; Nogueira, 1984). Todavia, na viticultura tropical da região nordeste, cuja produção é de uvas de mesa, o principal argumento em defesa da latada, além da produtividade superior, está relacionado à proteção efetiva que este sistema oferece à queimadura das bagas pelo sol, já que nestas regiões a insolação muitas vezes é excessiva (Albuquerque, 1996; Nogueira, 1984; Sousa, 1996). As principais vantagens do sistema latada, segundo Miele & Mandelli, (2005), são as seguintes: proporciona ao desenvolvimento de videiras vigorosas, que podem armazenar boas quantidades de material de reserva, como o amido; permite área do dossel vegetativo extensa, com grande carga de gemas, o que proporciona grande número de cachos e alta produtividade; em função de sua produtividade, possui boa rentabilidade econômica; é de fácil adaptação à topografia das regiões montanhosas, como a Serra Gaúcha e o Vale do MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ – IFPI CAMPUS PAULISTANA UVA-(VITIS SP). 28 Rio do Peixe; e facilita a locomoção dos viticultores, que pode ser feita em todas as direções. As principais desvantagens são: os custos de implantação e de manutenção são elevados; a posição do dossel vegetativo e dos frutos situados acima do trabalhador causa transtornos às práticas culturais; não é o sistema mais apropriado para a colheita mecânica, ainda que já existam, na Europa, máquinas com esta finalidade; a posição horizontal do dossel vegetativo e o vigor excessivo das videiras podem causar sombreamento, afetar a fertilidade das gemas e a qualidade da uva e do vinho; o elevado índice de área foliar proporciona maior umidade na região do cacho e das folhas, o que favorece o aparecimento de doenças fúngicas; e o sistema de sustentação necessita ser sólido para suportar o peso do dossel vegetativo e da produção e o impacto do vento. 11. Irrigação A irrigação da cultura da videira compreende cinco segmentos distintos, tais como: escolha do sistema de irrigação, planejamento da irrigação, manejo de água, comportamento do sistema radicular e integração entre manejo de água, manejo de nutrientes via água de irrigação e sistema radicular. 11.1. Sistemas de irrigação para a cultura da videira De um modo geral, a cultura da videira pode ser explorada sob os sistemas de irrigação por gotejamento, microaspersão, aspersão e por sulcos, sendo
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