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Processos Metalúrgicos Conceitos básicos de metalurgia 5º período – Eng. mecânica 1.0 Conceitos básicos Metalurgia – arte e ciência da produção de metais e ligas metálicas com a forma e as propriedades convenientes a sua utilização. Minério – elemento ou composto químico, homogêneo, que resulta de processos inorgânicos da natureza e que tem composição química ou série de composições. Metal – substância cristalina, boa condutora de calor e eletricidade, brilhante, com propriedades mecânicas de dureza, ductilidade, maleabilidade, permitindo que seja moldado, estirado e torneado. Metal puro – elemento químico que não contém o menor indício de outro elemento ou qualquer impureza em sua constituição. Liga metálica – é um sistema físico-químico contendo mais de um elemento, dos quais pelo menos um é metal. Ex.: AlSi, CuSn (bronze), CuZn (latão), AlMg (ligas leves), aço, ferro fundido, etc. Minério de origem Metal extraído Nome Composição Bauxita Al2O3.H2O Alumínio Cromita Cr2O3.FeO Cromo Cassiterita SnO2 Estanho Hematita Fe2O3 Ferro Limonita Fe2O3.H2O Ferro Magnetita Fe3O4 Ferro Pirolusita MnO2 Manganês Sílica / Quartzo SiO2 Silício Tabela 1 – Minerais Aço – liga de ferro carbono contendo geralmente de 0,008% até aproximadamente 2,11% de carbono. Dividem-se em: Aço carbono – produto que contém em sua composição química ferro e carbono, além de certos elementos residuais resultantes dos processos de fabricação. Aço liga – aço que contém além do ferro e carbono outros elementos, tais como: cromo (Cr), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni), vanádio (V), etc. A importância dos aços provém de vários fatores: boa resistência e ductilidade, possibilidade de ser forjado, laminado, estampado, estirado, moldado, caldeado e modificado em suas propriedades mecânicas por meio de tratamento térmicos, químicos e termo-químicos Ferro fundido – ligas de ferro, carbono e silício, além de outros elementos resultantes do processo de fabricação ou adicionados propositadamente, com a finalidade de promover mudanças nas características mecânicas do produto final. O carbono nos ferros fundidos, está compreendido na faixa de 2,11% a 6,7% e se encontra sob a forma livre (grafita) e/ou combinado (cementita). Os ferros fundidos não podem ser deformados nem a frio nem a quente, visto que se romperiam, portanto as peças fabricadas são fundidas diretamente em sua forma definitiva. Sua resistência normalmente é inferior ao aço, por isso é empregado em peças sujeitas a esforços menores. Porém sua utilização é muito grande, tais como: volantes, cubos, engrenagens, mancais, suportes, virabrequins, etc. Possuem, de modo geral, boa usinabilidade pois a presença da grafita na microestrutura proporciona, além de uma auto-lubrificação, a necessária quebra do cavaco. Tipos de ferros fundidos: - FºFº branco – ferro onde todo o carbono existente, está sob a forma combinada (carboneto). Este tipo de ferro possui uma dureza muito alta, tornando a usinabilidade difícil. Sua fratura é esbranquiçada pelo fato do carbono está combinado, não existindo a grafita. - FºFº cinzento – possuem uma fratura de coloração escura, daí a sua denominação. Uma parcela relativamente grande de carbono está no estado livre (grafita) e a outra combinada (cementita). Nessas ligas a grafita encontra-se na forma de veios ou lamelas. Fig. 1 – fundido cinzento. Sem ataque, ampliação de 100 XFerro. -FºFº vermicular – é um ferro fundido que apresenta propriedades intermediárias entre o ferro fundido cinzento e o ferro fundido nodular. Apresenta a grafita sob a forma vermicular. Fig. 2 – Ferro fundido vermicular. Sem ataque, ampliação de 100 X. -FºFº nodular – é caracterizado por apresentar a grafita sob a forma de nódulos ou esferóides em decorrência da adição de certos elementos químicos, normalmente o magnésio. Apresenta boa ductilidade e alta resistência. Fig. 3 – Ferro fundido nodular. Sem ataque, ampliação de 100 X. FºFº nodular austemperado (Austempered Ductile Iron – ADI) – é um ferro fundido nodular ligado e tratado termicamente. A sua microestrutura consiste de ferrita acicular e austenita. Com esta estrutura, o ferro apresenta elevados valores de resistência mecânica, ductilidade, resistência ao impacto e ao desgaste, proporcionando grande flexibilidade à concepção e fabricação de peças. FºFº mesclado – apresenta fratura de coloração mista entre branca e cinzenta, caracterizado igualmente por uma mescla de proporções variáveis de ferro fundido branco e ferro fundido cinzento. FºFº maleável – é obtido a partir do ferro fundido branco, mediante um tratamento térmico especial (maleabilização), resultando numa transformação de praticamente todo o ferro combinado em grafita na forma de nódulos. 2.0 Fundição É o processo de conformação mecânica que consiste na fusão do metal ou da liga metálica em fornos próprios e o posterior vazamento do metal líquido em moldes, cuja forma e dimensões interna é a mesma da peça a ser produzida. Pode ser considerado como o menor caminho entre a matéria prima e o bem produzido. Deste modo, num passo único, formas simples ou complexas podem ser feitas de qualquer metal que possa ser fundido. As peças fundidas podem variar desde frações de centímetros e baixo peso até vários metros e toneladas. Este tipo de tecnologia tem sérias vantagens na produção de formas complexas, peças com seções côncavas ou com cavidades internas e peças muito grandes. Devido a estas vantagens óbvias, a fundição é um dos mais importantes processos de produção. Contudo, como em todas as técnicas de produção, os melhores resultados a baixo custo são atingidos se o projetista compreender as várias opções e desenhar as peças para serem utilizadas pelo processo mais apropriado e da maneira mais eficiente. Os vários processos diferem primeiramente no material do molde (areia, metal, ou outros materiais) e no método de vazamento (gravidade, vácuo, baixa ou alta pressão). Todos os processos partilham o requisito que o material ao solidificar maximiza as suas propriedades e simultaneamente previne potenciais defeitos, tais como macro e micro rechupes, inclusões, etc. Fig. 4 – Esquema da seqüência da preparação do processo de fundição 3.0 Processo de solidificação e estrutura cristalina dos metais 3.1 Diagrama de equilíbrio ferro-carbono O estudo do diagrama de equilíbrio Fe-C é importante para se entender as reações metalúrgicas e o aparecimento das diferentes microestruturas. O diagrama mostra quais fases e misturas de fases específicas são estáveis, considerando a variação de temperatura e de composição da liga à pressão de uma atmosfera. Conforme citado anteriormente, os ferros fundidos são ligas de ferro, carbono e silício portanto, o seu estudo deveria ser realizado no diagrama ternário Fe-C-Si. A análise deste diagrama permite verificar que ocorrem alterações nas linhas que representam o equilíbrio entre as fases e o percentual de carbono do eutético diminui à medida que o teor de silício aumenta. Devido à complexidade dos diagramas ternários criou-se a grandeza denominada carbono equivalente (CEQ), com o propósito de corrigir o teor de carbono do eutético devido à presença de outros elementos químicos presentes, principalmente o silício. Com isto, usa-se um diagrama “pseudo-binário”, conforme Fig. 5, substituindo o carbono pela expressão CEQ= % C + 1/3 (% Si + % P). Fig. 5 - Diagramas Fe-C metaestável e estável superpostos 3.2 Células unitárias • Estados físicos da matéria: • Matéria – tudo aquilo que ocupa lugar no espaço, ex.: metais. • Sólido – agrupamentos elementares onde os átomos, moléculas e íons ocupam posições regulares e definidas, volume e forma constante. • Líquido – agrupamentos elementares onde os átomos, moléculas e íons se locomovem, mas encontram-se próximos uns dos outros, com volume constante e forma variável. • Gasoso – agrupamentos elementares onde os átomos, moléculas e íons, com grande liberdade de movimentação, encontram-se afastados uns dos outros, com volume e forma variável. • Os produtos fundidos – Originam-se de ligas metálicas no seu estado líquido, portanto é importante conhecer o processo de solidificação dos metais. Nele ocorrem a maioria dos fenômenos de transformação na estrutura do material que podem geram defeitos nas peças ou alterações estruturais que prejudicam o seu comportamento diante de determinadas solicitações. • Após a solidificação a eliminação de determinados defeitos gerados no processo é praticamente impossível. Os átomos no estado sólido ocupam posições regulares e definidas, diz-se que neste estado o sistema físico do material tem uma estrutura interna chamada estrutura cristalina. Nos metais os átomos ocupam posições que determinam sólidos geométricos prismáticos que recebem o nome de célula unitária. A justa posição destas células unitárias determina a rede cristalina. As células unitárias podem ser divididas segundo vários tipos, ex.: cúbico, cúbico de corpo centrado, cúbico de face centrada, hexagonal, etc. Nos metais são comumente encontrados três tipos de células unitárias, que são: cúbico de corpo centrado (CCC), cúbico de face centrada (CFC) e hexagonal compacto (HC). Fig. 7 – Vista esquemática e a célula unitária da estrutura cúbica de face centrada. Fig. 8 – Vista esquemática e a célula unitária da estrutura hexagonal compacta. 6 Fig. 6 – Vista esquemática e a célula unitária da estrutura cúbica de corpo centrado 3.3 Cristal • todos os metais cristalizam-se quando se solidificam. Com isto queremos dizer que os átomos se arranjam num modelo tridimensional, ordenado e repetido. Esses tipos de estrutura são chamados cristais. • Os cristais são um conjunto de células unitárias idênticas ocupando um volume limitado • Grão • O grão é a seção de um cristal, isto é, é a vista frontal do plano de corte de um cristal. • Fase • São conjuntos homogêneos de mesma estrutura cristalina separados por uma interface (superfície). • Fases de uma liga: • Metal puro ou elemento livre – nesta fase encontramos um elemento da liga livre na estrutura, ex.: a grafita (carbono livre) no ferro fundido. • Solução sólida – os elementos associam-se em diferentes proporções. O elemento em menor proporção (soluto) entra em solução com o elemento de maior proporção (solvente). Solução sólida substitucional – é a solução em que o átomo de soluto substitui o átomo de solvente na rede cristalina. Normalmente isto ocorre com átomos de raios atômicos aproximados (+/- 15 %). Ex.: Cu-Zn (latão), Cu-Sn (bronze). Fig. 9 – Solução sólida substitucional ordenada e aleatória Solução sólida intersticial – é a solução em que o átomo do soluto se coloca entre os átomos do solvente na rede cristalina. Para ocorrer é necessário que o raio atômico do soluto seja bem menor que o raio atômico do solvente para se alojar nos espaços vazios da matriz. Ex.: Fe-C. Fig. 10 – Solução sólida intersticial Composto quimicamente definido ou composto intermetálico – nesta fase os átomos associam-se em proporções fixas e composição química bem definida, formando assim compostos já definidos, ex.: Fe3C, Al2O3, etc. São duras e não dúcteis portanto são frágeis 3.4 Processo de solidificação • É o responsável pela formação das primeiras estruturas sólidas no material, nele se evidenciam duas etapas distintas: Nucleação e o Crescimento dos grãos. Nucleação e crescimento • O resfriamento até o estado sólido não é instantâneo e alguns fenômenos começam a ocorrer. Primeiro há somente a redução de temperatura do metal, ainda no estado líquido, sem que haja a formação de outras fases. Em um determinado momento, no meio líquido, alguns átomos começam a disporem- se de modo ordenado, semelhante àquela disposição encontrada nos sólidos. Estes agrupamentos atômicos ordenados são chamados de embriões. Estes embriões formam-se e se desfazem dentro do líquido constantemente. Sua vida depende do seu tamanho e da temperatura do líquido. Quanto maior o tamanho do embrião e menor a temperatura do metal líquido, maior será sua tendência a “sobrevivência”. A medida que a temperatura do metal líquido diminui o embrião pode tornar-se mais estável formando os chamados núcleos de solidificação, que por sua vez darão origem aos cristais da fase sólida do material. Isto é chamado de nucleação. Nucleação e crescimento • A nucleação pode ser do tipo homogênea ou heterogênea. • Nucleação homogênea – neste tipo de nucleação, também chamada de nucleação endógena, os núcleos que se tornam estáveis são embriões esporádicos formados a partir do próprio metal líquido. • Nucleação heterogênea – neste tipo de nucleação, também conhecida como nucleação exógena, os núcleos que se tornam estáveis podem ser resultantes da interferência e contribuição de substratos estranhos ao metal líquido, isto é, substratos resultantes de inclusões sólidas (adições, impurezas e óxidos) gerados durante a elaboração da liga. • Na prática, em fundição, o processo de nucleação será sempre heterogêneo, pois este se iniciará a partir das paredes do molde ou a partir de impurezas no metal líquido. As adições de ligas no metal líquido, durante a elaboração da mesma são de vital importância para se alcançar diferentes graus de nucleação. • O desenvolvimento espontâneo destes núcleos é chamado de crescimento. Microconstituintes do Ferro Fundido e Aço: • Ferrita (ferro ): variedade alotrópica do ferro puro, contendo em solução traços de carbono, estável abaixo de 910ºC e se cristaliza no sistema cúbico de corpo centrado. Também chamada de ferro alfa. Comparada com outros constituintes, a ferrita é pouco dura, com dureza Brinell igual a 80. • Cementita: é conhecido o carboneto de ferro, Fe3C (contendo 6,67% de C), constituinte extremamente duro e quebradiço e que aparece no ferro fundido isoladamente ou em camadas alternadas com ferrita, formando a perlita, no primeiro caso, em quantidade predominante, da origem ao ferro fundido branco no qual é o constituinte principal, no segundo caso forma a matriz básica do chamado ferro fundido cinzento. • Perlita: é uma mistura mecânica de 11,5% de cementita e 88,5% de ferrita, na forma de laminas finas dispostas alternadamente. As propriedades mecânicas da perlita são intermediárias entre as da ferrita e da cementita. • Grafita: ao contrário dos três constituintes anteriormente citados, também encontrados nos aços comuns, este é tipicamente característico dos ferros fundidos. É formada, praticamente, por carbono puro disposto em camadas, podendo assumir diferentes formas, disposições e tamanhos. Apresenta baixa resistência mecânica e dureza entre 1 e 2 Mohs. Referências bibliográficas FONSECA, Marco Túlio da. METALURGIA BÁSICA. CETEC Itaúna 2004. CHIAVERINI, Vicente. AÇOS E FERROS FUNDIDOS. ABM 1987. GARCIA, Amauri; SPIM, Jaime Alvares& SANTOS, Carlos Alexandre dos. ENSAIOS DOS MATERIAIS. LTC Editora, 2000. GANIVET, Marcel. INICIAÇÃO À FUNDIÇÃO. CETEC Itaúna 2004. FONSECA, Marco Túlio da. METALURGIA DOS FERROS FUNDIDOS CINZENTOS. CETEC Itaúna 2003. BRANCO, Castelo. METALURGIA DOS FERROS FUNDIDOS CINZENTOS E NODULARES. 1997. FONSECA, Marco Túlio da & ABREU, Alírio Gerson da Silva. ALIMENTAÇÃO E ENCHIMENTO DE PEÇAS FUNDIDAS VAZADAS EM MOLDES DE AREIA. CETEC Itaúna 2003.
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