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LIVRO UNIDADE 1 Conforto ambiental: térmico Talita Andrioli Medinilha de Carvalho Relação entre arquitetura e clima © 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Sumário Unidade 1 | Relação entre arquitetura e clima Seção 1.1 - Fundamentos introdutórios de conforto térmico Seção 1.2 - Arquitetura e clima Seção 1.3 - Carta bioclimática brasileira 7 9 24 38 Bem-vindo à disciplina Conforto ambiental: térmico. Nas últimas décadas a demanda energética tem crescido devido ao estilo de vida atual e a maior intolerância ao desconforto térmico (LAMBERTS, 2014). Nesse sentido, o projeto e método construtivo das edificações são dois pontos importantes que devem ser considerados para contornar essa situação, já que podem afetar diretamente o consumo de energia e recursos naturais. Assim, nesta disciplina, você irá conhecer e aplicar os fundamentos e as técnicas para análise das condições térmicas do ambiente, para criação de projetos com conforto térmico em arquitetura e urbanismo. Para isso, será necessário conhecer os fundamentos do conforto térmico para a arquitetura, além de compreender o clima brasileiro. Tendo em mente a diversidade climática brasileira, também conheceremos e aplicaremos estratégias bioclimáticas específicas para cada contexto, além de compreender em que clima cada uma deve ser aplicada. Na sequência, aprenderemos a avaliar a adequação ao conforto térmico de diferentes componentes das edificações de acordo com as normas de desempenho térmico brasileiras. Por fim, conheceremos e aplicaremos os fundamentos de insolação e sombra do ambiente para conforto ambiental térmico. Assim, na Unidade 1, conheceremos os fundamentos do conforto térmico, bem como a relação da arquitetura com o clima. Também conheceremos a Carta bioclimática brasileira, um importante manual que aborda as principais estratégias a serem adotadas para cada clima brasileiro. Já na Unidade 2, prosseguiremos nosso aprendizado aprofundando no conhecimento de cada estratégia proposta pela Carta bioclimática brasileira, de modo que passaremos pelo resfriamento evaporativo, umidificação, massa térmica, aquecimento solar, bem como pela ventilação natural. Prosseguindo, na Unidade 3, conheceremos as normas de desempenho térmico (NBR 15220 e NBR15575), assim como os processos físicos envolvidos para a sua compreensão (transferência de calor e comportamento dos materiais) e os cálculos necessários para a aplicação. Palavras do autor Finalizaremos com a Unidade 4, na qual desenvolveremos estudos de insolação por meio de diagramas solares. Esses diagramas permitirão o traçado de máscaras de sombra em determinados dias do ano, bem como projetos para proteção do excesso de insolação sobre os edifícios. Então, que tal aprendermos a conhecer e respeitar as necessidades climáticas desse grande país? Vamos começar? Unidade 1 Relação entre arquitetura e clima Você já notou como nos últimos anos as notícias sobre desastres climáticos têm aumentado? Isso está acontecendo devido ao aumento da concentração dos gases do efeito estufa que vêm causando alterações climáticas e impactando diversos pontos do planeta (IPCC, 2015). O motivo de tantas mudanças é o desmatamento e a falta de verde, assim como o atual modelo de desenvolvimento econômico e os altos padrões de consumo que adotamos. Então será que podemos fazer algo para solucionar esse problema? Para encararmos esse desafio, o primeiro passo é conhecer os fundamentos do conforto térmico para a arquitetura e compreender o clima brasileiro. Para isso, nesta unidade, analisaremos o clima de uma cidade brasileira identificando as estratégias bioclimáticas que se aplicam a ela, e também avaliaremos o conforto térmico de ambientes internos de edificações, a partir da sensação de conforto de usuários. Para a aplicação prática do conteúdo, consideraremos que você é sócio em um escritório de arquitetura dedicado à aplicação dos conceitos de conforto térmico em seus projetos. Sua equipe foi chamada para elaborar o projeto de retrofit de um edifício na sua cidade, onde passará a funcionar uma loja de decoração. Após a apresentação da proposta de adoção de estratégias passivas de condicionamento térmico na reforma, seu cliente fica muito animado. Então, como criar um ambiente agradável para esse clima? Quais serão as exigências dos usuários e que variáveis estarão envolvidas? Para isso, na Seção 1.1, conheceremos o contexto energético mundial e, especificamente, brasileiro, e, também, compreenderemos a importância de considerar o clima no Convite ao estudo U1 - Relação entre arquitetura e clima8 momento do projeto arquitetônico. Assim, descobriremos o significado da sensação de conforto térmico e quais os mecanismos nosso corpo realiza para regular a sua temperatura; nesse contexto, conheceremos as variáveis climáticas e pessoais que influenciam no conforto térmico, e também os diferentes métodos para estimá-lo em quaisquer ambientes. Já na Seção 1.2 conheceremos melhor os climas brasileiros e alguns conceitos essenciais para sua compreensão, como: escalas (macroclima, mesoclima e microclima) e variáveis climáticas (temperatura, vento, umidade), além de compreender a radiação eletromagnética e os fenômenos ondulatórios envolvidos. Finalizaremos a unidade na Seção 1.3, conhecendo a Carta bioclimática brasileira, sua história e objetivo do desenvolvimento, o seu método de aplicação, bem como uma breve apresentação das estratégias propostas nesse manual. Dessa forma, ao fim da unidade, você já terá a compreensão inicial dos climas brasileiros e das possíveis estratégias para alcançar o bem-estar térmico, beneficiando-se dos recursos naturais e, por consequência, evitando o uso do condicionamento artificial do ar. Que tal começarmos? U1 - Relação entre arquitetura e clima 9 Fundamentos introdutórios de conforto térmico O gasto energético mundial tem crescido progressivamente e já preocupa muito países; nesse sentido, é essencial considerar o clima ao projetar, aproveitando sempre os recursos naturais. Como seu escritório tem a proposta de aplicar conceitos de conforto térmico em seus próximos projetos, surge a oportunidade de realizar um projeto de retrofit de um edifício na sua cidade e seu cliente concorda com a ideia de adotar estratégias passivas de condicionamento térmico na reforma. Na tentativa de compreender o conforto do ambiente onde será feita a reforma, você decide levar a equipe a campo e colher algumas informações climáticas para calcular o conforto térmico, conforme aprenderemos na seção. Após colher essas informações, você obtém os seguintes resultados: • Temperatura do ar = 30 °C. • Temperatura radiante média = 32 °C. • Velocidade do ar = 0,08 m/s. • Umidade relativa do ar = 31,9 %. Tendo em vista as atividades envolvidas na loja de decoração, é necessária a presença de uma balconista para o atendimento ao público. Podemos estimar a sensação térmica dela, na loja. Adotaremos para a atividade de balconista a vestimenta que inclui sutiã, calcinha, blusa feminina gola canoa, manga média, calça de trabalho (100% algodão) e sandálias de vinil. Também consideraremosque a loja será condicionada artificialmente, essa informação será necessária para podemos escolher o método de cálculo sensação conforto térmica mais indicado. Para tanto, será necessário conhecer o significado de conforto térmico e termorregulação, além de compreender as variáveis que influenciam o conforto térmico de uma pessoa e os principais modelos para calcular o bem-estar térmico. Então, vamos calcular a sensação térmica da balconista usando o edifício na situação atual? Seção 1.1 Diálogo aberto U1 - Relação entre arquitetura e clima10 Não pode faltar Contexto energético e relação entre projeto e clima Segundo o relatório climático do IPCC (2015), o modelo atual de desenvolvimento está causando grande aumento na concentração dos gases de efeito estufa, o que por sua vez tem causado alterações climáticas em escala mundial. O relatório também deixa claro que os efeitos dessas mudanças estão causando impacto em todo o planeta, e que, se continuarmos a poluir nesse ritmo, esses impactos serão irreversíveis! Apesar dessas notícias sobre os impactos climático serem muito divulgadas, raramente imaginamos que essas mudanças nos afetarão. Sempre pensamos que esses efeitos se darão em países longínquos, que nada tem a ver com a nossa realidade. Dessa maneira, vamos adiando uma mudança de atitude. Porém, se lembrarmos, em 2014, no Brasil, tivemos uma prova de como essas mudanças climáticas podem nos afetar. Enquanto no sudeste do país tivemos temperaturas médias acima do esperado e uma seca histórica, no sul houve um excesso de chuvas e temperaturas abaixo do normal (INPE; CPTEC, 2014). Então o que realmente está causando tudo isso? O modelo atual de desenvolvimento econômico tem sido pensado no âmbito do lucro e de interesses pessoais, sendo raros os casos em que se pensa nos impactos climáticos e no racionamento de recursos. Alguns exemplos desse tipo de atitude são: o alto crescimento populacional sem planejamento, os altos padrões de consumo, a falta de planejamento das cidades, o consumo da terra e exploração das florestas (LAMBERTS, 2008). Um exemplo do impacto do padrão atual de consumo é que: o gasto energético no mundo tem crescido ano a ano e já supera o crescimento populacional (PÉREZ-LOMBARD et al. 2008). No Brasil, a energia consumida pelos setores residencial, comercial e público representa quase metade da energia total consumida (BEN, 2014). Se pensarmos que nesses ambientes, parte do consumo energia é devido ao acondicionamento artificial de ar, imagine o potencial de economia que projetos adequados ao clima significam! U1 - Relação entre arquitetura e clima 11 Você já parou para pensar como nossos hábitos mudaram em comparação ao dos nossos avós? Hoje em dia, temos altos padrões de consumo, queremos que o ambiente esteja sempre na temperatura ideal, compramos muito mais do que realmente iremos consumir, além de sermos altamente dependentes da eletricidade. Tudo isso era muito diferente há tempos atrás, os recursos eram difíceis de serem conseguidos e por isso eram valorizados; conseguir um copo de água, por exemplo, podia ser uma tarefa árdua para muitos, já que era comum que fosse trazida de locais distantes, com o uso baldes, ou recolhida de poços artesianos. Atualmente, usamos a energia elétrica de maneira corriqueira e, na maioria das vezes, não paramos para pensar de onde ela vem ou qual o custo ambiental que seu uso implica. Reflita Definição de conforto térmico e termorregulação O conforto térmico pode ser definido como “o estado da mente que expressa satisfação com o ambiente térmico” (ASHRAE, 2013 apud LAMBERTS et al., 2011, p. 4). Agora, já parou para pensar sobre o que nos traz essa sensação de satisfação térmica? O humano diferente dos lagartos, por exemplo, tem a capacidade de regular a própria temperatura utilizando mecanismos reguladores involuntários e voluntários, não dependendo exclusivamente das variáveis climáticas, já que somos seres homeotermos. Então, como nosso corpo sabe quando usar esses mecanismos para aumentar ou diminuir nossa temperatura corporal? Os termorreceptores estão incumbidos de avisar o nosso corpo sobre a necessidade de aumentar ou diminuir sua própria temperatura. São também os responsáveis pela sensação de frio ou de calor. Assim, apesar de ser incomodo sentir calor ou frio, é o meio de comunicarmos nosso corpo que mecanismos de controle da nossa temperatura corporal precisam ser ativados. Desse modo, quando nosso organismo recebe a mensagem que estamos com frio, ele ativa imediatamente mecanismos involuntários, como: vasoconstrição periférica (pele resfria evitando perdas por convecção com o meio), arrepio (o movimento muscular aquece o corpo e a rugosidade evita perdas de calor) e o tremor (movimento muscular que aquece). Já quando sentimos calor os movimentos são outros, involuntariamente realizamos: vasodilatação periférica (pele U1 - Relação entre arquitetura e clima12 aquece evitando perdas por convecção com o meio) e o suor (perda de calor por evaporação) (LAMBERTS, 2014). Nesse sentido, é possível descrever neutralidade térmica como O estado físico no qual todo o calor gerado pelo organismo através do metabolismo seja trocado em igual proporção com o ambiente ao seu redor, não havendo nem acúmulo de calor e nem perda excessiva do mesmo, mantendo a temperatura corporal constante (LAMBERTS, 2011, p 5.). Apesar de a condição de neutralidade térmica ser necessária para se sentir conforto térmico, esta não é suficiente, pois o usuário pode estar exposto à radiação assimétrica, ou seja, alguém pode estar em neutralidade térmica, mas ainda assim sentir calor ou frio em determinadas regiões do corpo (desconforto localizado). Além dos mecanismos involuntários, também recorremos a mecanismos conscientes, ou seja, voluntários para controlar nossa temperatura corporal. Eles podem ser instintivos ou até culturais. No caso do frio, procuramos: curvar o corpo (reduzindo a área de exposição ao frio), esfregar as mãos, realizar atividade física, ingerir bebida quente, além de usar vestimentas pesadas. Já no verão, buscamos: ficar na sombra, ingerir bebida gelada, procurar o contato com a água (como nadar ou tomar banhos frequentes), além da ventilação artificial (LAMBERTS, 2014). E você? Quais outras providências toma para resolver situações de frio ou calor? Reflita Variáveis de conforto térmico As variáveis que influenciam o conforto térmico de um indivíduo se dividem em dois grupos: variáveis climáticas e variáveis pessoais. As variáveis climáticas são relativas ao ambiente em que o usuário insere- se. Estas, na maioria das vezes, estão fora do controle do indivíduo e são obtidas por meio de medição. Já as variáveis pessoais são aquelas relativas ao usuário e geralmente podem ser controladas por ele. No Quadro 1.1, estão listadas variáveis utilizadas para o cálculo de sensação térmica. U1 - Relação entre arquitetura e clima 13 Fonte: elaborado pela autora. Quadro 1.1 | Variáveis climáticas e pessoais de conforto térmico Variáveis ambientais Variáveis humanas Tar: Temperatura do ar MET: Metabolismo Trad: Temp. radiante média CLO: Vestimenta Vel: Velocidade do ar UR: Umidade relativa do ar É importante ressaltar que variáveis como: idade, sexo, altura, etnia, entre outras também podem influenciar a percepção térmica do usuário, mas como são de difícil quantificação não são consideradas em cálculos de sensação térmica. As variáveis climáticas serão descritas com detalhe na próxima seção, por ora nos aprofundaremos nas variáveis pessoais. O metabolismo representa o calor gerado pelo nosso organismo ao realizar determinadas atividades físicas ou metabólicas. Note, na Tabela 1.1, que mesmo em estado de repouso nosso corpo sempreestá gerando calor, por exemplo, sentado produzimos 1 met, já em atividades mais pesadas, como caminhando a 5 km/h, o metabolismo é mais alto (3.4 met). Isso significa que, quando estamos caminhando, sentimos mais calor do que sentados, mesmo que as condições ambientais sejam iguais. Tabela 1.1 | Metabolismo para diferentes atividades Atividade (met) Repouso Dormindo 0.7 Reclinado 0.8 Sentado, quieto 1 Em pé, sem esforço 1.2 Andando em superfície plana e sem carga • 2 km/h 1.9 • 3 km/h 2.4 • 4 km/h 2.8 • 5 km/h 3.4 U1 - Relação entre arquitetura e clima14 Trabalho doméstico Limpando a casa 1.7 a 3.4 Cozinhando 1.4 a 2.3 Lavando louça, em pé 2.5 Lavando e passando a ferro 2.1 a 3.8 Fazendo compras 1.4 a 1.8 Trabalho escritório Datilografando 1.2 a 1.4 Desenhando 1.1 a 1.3 Outras atividades Balconista 2 Professor 1.6 Borracheiro 2.2 a 3.0 Laboratorista 1,4 a 1.8 Trabalho leve em bancada e sentado 1.1 Fonte: adaptada de Ashrae (1997) apud Ruas (2002, p. 113-117) e ISO 8996 (1990) apud Ruas (2002, p.113-117). Já o isolamento da vestimenta (clo) representa a resistência térmica das roupas, ou seja, significa o quanto cada peça de roupa é capaz de reduzir as perdas de calor do homem para o meio ambiente, sendo que, quanto maior o clo, menor as perdas de calor. Por exemplo, no inverno normalmente usamos muitas peças de roupas, assim não perdemos calor para o meio. Já no verão, quando queremos nos refrescar, usamos poucas peças de roupa e sempre tecidos leves, dessa forma, diminuímos o isolamento das vestimentas e perdemos mais calor para o meio. Para estimar o isolamento da vestimenta, é necessário somar o isolamento de cada peça de roupa utilizada pelo individuo no momento, a Tabela 1.2 indica o isolamento (clo) de algumas peças de vestimentas. Tabela 1.2 | Resistência térmica das vestimentas para diferentes peças de roupa Vestimenta Material de fabricação Clo Roupa de baixo Sutiã 0.01 Calcinha Nylon 0.03 Cueca Poliéster, algodão 0.03 Cueca Algodão 0.04 U1 - Relação entre arquitetura e clima 15 Fonte: adaptada de ISO 9920 (1995) apud Ruas (2002, p. 129-132). Camisas, camisetas e blusas Camisa com gola, manga longa Algodão 0.33 Camisa com gola, manga longa 65% poliéster, 35% algodão 0.25 Camisa com gola, manga longa 80% algodão, 20% poliéster 0.34 Camisa com gola, manga curta Algodão 0.24 Camisa esporte, manga curta Algodão 0.17 Camisa esporte, sem manga Algodão 0.18 Blusa feminina gola canoa, manga média 65% poliéster, 35% algodão 0.27 Calças Calça folgada Algodão 0.22 Calça folgada 50% poliéster, 50% lã 0.28 Calça justa Algodão 0.18 Calça de trabalho Algodão 0.24 Outros Meia grossa, 3/4 Poliamida 0.11 Meia 3/4 75% acrílico, 25% nylon 0.03 Sapatos 0.05 Sandálias, vinil 0.02 Short Algodão 0.06 Saia até o tornozelo Algodão 0.23 Saia até o joelho Algodão 0.17 Vestido até o joelho, sem manga, gola esporte 50% lã, 50% poliéster 0.27 Jaqueta de trabalho Algodão 0.26 Como explicamos, o conforto térmico depende de variáveis físicas, climáticas e pessoais, mas já notou que quando estamos nos divertimos sentimos menos desconforto térmico do que quando estamos trabalhando, por exemplo? Isso ocorre porque o conforto também é influenciado por vaiáveis psicológicas (expectativa e experiência térmica e a Alliesthesia). Alliesthesia é um termo inglês que se refere à porção afetiva do bem-estar térmico (PARKINSON; DEAR; CANDIDO, 2015; CÂNDIDO, et al., 2010 ). Que tal pesquisar mais sobre Alliesthesia térmica? Pesquise mais U1 - Relação entre arquitetura e clima16 Modelos de conforto térmico Para prever o conforto térmico dos usuários, foram desenvolvidos vários modelos de conforto térmico envolvendo as variáveis citadas anteriormente. Entre eles, os mais usados na arquitetura são o método Fanger e o método adaptativo. Método Fanger O método Fanger, também conhecido como método estático, é ideal para prever o conforto térmico em ambientes artificialmente climatizados, já que foi desenvolvido por Fanger a partir de experimentos realizados em ambiente com as variáveis ambientais controladas com indivíduos treinados. Fanger criou uma escala de sensação térmica conhecida como Voto Médio Estimado (VME), que varia de -3 (muito frio) a 3 (muito calor), como se vê no Quadro 1.2. Quadro 1.2 | Relação entre o Voto Médio Estimado (VME) e a sensação térmica VME -3 -2 -1 0 1 2 3 Sensação térmica Muito frio Frio Pouco frio Neutro Pouco calor Calor Muito calor Fonte: adaptado de Fanger (1970) apud Ruas (2002, p. 3). Para calcular o VME, Fanger elaborou a Equação do Conforto, e também tabelas que substituem o uso da equação. As variáveis adotadas para esse cálculo são: atividade realizada pelo usuário, resistência térmica do vestuário, temperatura do ar, umidade do ar, velocidade do ar e temperatura média radiante. Exemplificando Além do cálculo do Voto Médio Estimado por meio da fórmula do conforto de Fanger, muitos programas e sites são utilizados para realizar esse cálculo de forma rápida e prática. Aqui utilizaremos o site da universidade de Berkeley para realizar procedimento. Vamos ver como se faz para calcular o Voto Médio Estimado (VME), também conhecido pela sigla inglesa PMV (Predicted Mean Vote)? U1 - Relação entre arquitetura e clima 17 Variáveis climáticas: Tar – Temperatura do ar (air temperature) = 15 °C. Trad – Temperatura radiante média (mean radiant temperature) = 17 °C. Vel – Velocidade do ar (air speed) = 0,1 m/s. UR – Umidade relativa do ar (humidity = 50%. Variáveis pessoais: MET – Metabolismo (metabolic rate) = 1,1 (desenhando). CLO – Vestimenta (clothing level) = 0,74 (cueca de algodão, camisa com gola manga longa de algodão, calça folgada de algodão, meia grossa 3/4, sapato). 1. Acesse o site disponível em: <http://comfort.cbe.berkeley.edu/>. Acesso em: 11 out. 2017. Preencha os dados conforme a Figura 1.1. 2. Após o preenchimento, o valor do Voto Médio Estimado (ou PMV) é automaticamente calculado. O PMV é dado no canto superior direito da página, contornado em vermelho da Figura 1.2. Nesse caso, o PMV é de -2,31, o que significa a sensação térmica frio. Fonte: adaptada de Hoyt (2013, n.p.). Figura 1.1 | Vista geral do site para cálculo do PMV com a indicação das variáveis a serem preenchidas e destaque para o PMV resultante U1 - Relação entre arquitetura e clima18 Fonte: adaptada de Hoyt (2013 n.p.). Figura 1.2 | Vista aproximada do site para cálculo do PMV com destaque para o PMV resultante Método adaptativo O segundo método que abordaremos foi desenvolvido inicialmente por Humphreys (1975, apud DEAR; BRAGER, 1998), sendo a versão atual a continuação da desenvolvida por Dear e Brager (1998). Esse método é indicado para estimar o conforto térmico em ambientes naturalmente ventilados. Nesse estudo, foram reunidos dados de pesquisas do mundo inteiro e assim foi possível relacionar a temperatura operativa com temperatura externa efetiva, determinando uma faixa de conforto térmico para 90% e outra para 80% de aceitabilidade, como se vê na Figura1.3. Dessa forma, se o encontro das temperaturas operativa interna e média mensal externa acontecer dentro da faixa de conforto térmico, significa que o usuário está confortável e, caso esteja fora da faixa, está em desconforto. Fonte: adaptada de Ashrae (2013, p. 22). Figura 1.3 | Limites aceitáveis para a temperatura operativa, segundo o modelo adaptativo, para a velocidade do ar de até 0,3m/s U1 - Relação entre arquitetura e clima 19 Assimile Compreender os métodos de predição do conforto térmico e quando cada um deve ser aplicado é parte importante para entendermos a relação entre o climae o homem. Então vamos relembrar os métodos estudados? Voto Médio Estimado (VME): criado por Fanger e adequado para ambientes condicionados artificialmente. Método adaptativo: desenvolvido inicialmente por Humphreys e na sequência por de Dear, adequado para ambientes naturalmente ventilados. Por meio desses novos conhecimentos, você já começa a compreender o contexto climático atual e os conceitos básicos do conforto térmico. Agora, já tem consciência do potencial da arquitetura para a economia de recursos, além de compreender o significado de conforto térmico, de termorregulação e dos principais modelos de conforto térmico existente, conhecendo as variáveis que influenciam o bem-estar térmico. Sem medo de errar Preocupado com as mudanças climáticas que vêm ocorrendo atualmente, seu escritório se propõe a aplicar estratégias bioclimáticas em um novo projeto de retrofit de um edifício que passará a ser uma loja de decoração. Então surge a dúvida: como conhecer o clima local e o conforto térmico atual? Assim, fica decidido que é necessário medir algumas variáveis climáticas no local e calcular a sensação térmica dos usuários; nesse caso, como o edifício será condicionado artificialmente, utilizaremos o método Fanger. Vamos ver como se faz? Variáveis climáticas (dadas): Temperatura do ar = 30 °C. Temp. radiante média = 32°C. Velocidade do ar = 0,08 m/s. Humidade relativa do ar = 31,9%. 1. Estimar o metabolismo por meio da Tabela 1.1. Para a atividade de balconista, o metabolismo é 2 met. 2. Então se estima a vestimenta usando a Tabela 1.2. Dessa forma, verifica-se os seguintes valores para cada peça: sutiã= 0,01, calcinha= 0,03 clo, blusa feminina gola canoa manga média = U1 - Relação entre arquitetura e clima20 0,27 clo, calça de trabalho (100% algodão) = 0,24 clo, sandálias de vinil = 0,02 clo). Assim, somando a resistência de cada peça, a resistência da vestimenta resulta em 0,57 clo. 3. Na sequência, deve-se preencher as variáveis climáticas e humanas no site a seguir. Disponível em: <http://comfort.cbe. berkeley.edu/>. Acesso em: 11 out. 2017. 4. Por fim, é necessário fazer a leitura do Voto Médio Estimado (ou PMV), que é automaticamente calculado após o preenchimento dos dados. O PMV é dado no canto superior direito da página. Nesse caso, o PMV é de 2.12, o que significa a sensação térmica calor. Avançando na prática Cálculo do conforto adaptativo Descrição da situação-problema Você trabalha em uma consultoria que desenvolve projetos e adaptações em edificações para obtenção de certificados de sustentabilidade e foi procurado por um cliente que é proprietário de um restaurante para uma consultoria de conforto térmico. Ele está em dúvida se o salão do refeitório está termicamente agradável para os seus clientes ou se precisaria passar por uma reforma. Após conhecer o ambiente, você nota que não há condicionamento artificial nele e que ele é ventilado naturalmente. Assim, fica claro que será necessário aplicar o modelo adaptativo de conforto térmico. Nesse sentido, em uma segunda visita você faz algumas medições de manhã e à tarde, além de recorrer a dados climáticos de uma estação próxima, e então obtém os seguintes resultados: temperatura média mensal = 32°C, temperatura operativa interna do ambiente pela manhã = 28°C e temperatura operativa interna do ambiente pela tarde = 28°C. Considerando essas informações, qual resposta você daria ao seu cliente? Resolução da situação-problema Para avaliar o conforto térmico do ambiente, será necessário calcular a sensação térmica pela manhã e pela tarde. Então vejamos o passo a passo: U1 - Relação entre arquitetura e clima 21 1. Encontrar no gráfico da Figura 1.3 o ponto de encontro da temperatura operativa pela manhã. 2. Então se verifica que o ponto encontrado não está na zona de conforto térmico (ponto vermelho na Figura 1.4), portanto a sala não está confortável durante a manhã. 3. Na sequência, repetimos o primeiro passo com os dados da tarde. 4. Assim se verifica que a sala está confortável durante a tarde já que o ponto encontrado está na zona de conforto térmico (ponto verde na Figura 1.4). 5. Por fim, é possível concluir que o conforto térmico é encontrado apenas pela tarde. Dessa forma, pode-se aconselhar ao seu cliente que, como o ambiente não estava confortável o dia todo, seria necessário realizar outras medições em diferentes épocas do ano para avaliar o conforto apropriadamente, para então concluir se o prédio precisa de uma intervenção nesse sentido. Fonte: adaptada de Ashrae (2013, p. 22). Figura 1.4 | Pontos da manhã e tarde projetados sobre os limites aceitáveis para a temperatura operativa segundo o modelo adaptativo U1 - Relação entre arquitetura e clima22 1. As mudanças climáticas têm se intensificado nos últimos anos e vêm causando mais desatares naturais. A seguir, o trecho de uma matéria publicada em R7 é um exemplo dessas mudanças: “Milhões de paulistas enfrentaram, ao longo de 2014, torneiras secas e falta de explicação do governo estadual para um problema que, segundo especialistas, poderia ter sido evitado com planejamento adequado. A aposta do Estado era de que as chuvas, a partir de setembro, resolveriam a crise nas represas que abastecem a Grande São Paulo. Mas, até dezembro, isso não aconteceu e a sétima maior aglomeração urbana do planeta começa o próximo ano sem a certeza de que terá água suficiente para consumo” (MELLIS, 2014, n.p.). Avalie as afirmativas a seguir: I – Essas mudanças climáticas têm sido causadas pelo modelo atual de desenvolvimento econômico. Porque II – Algumas atitudes que provocam o aumento da emissão dos gases de efeito estufa são: os altos padrões de consumo e a falta de planejamento das cidades. Após a análise das afirmativas, assinale a alternativa correta. a) Apenas a afirmativa I está correta b) Ambas as afirmativas são verdadeiras e a afirmativa I justifica a II. c) Ambas as afirmativas são verdadeiras, mas uma não justifica a outra. d) Apenas a afirmativa II está correta e) Ambas as afirmativas são verdadeiras e a afirmativa II justifica a I. 2. Você está prestando uma consultoria de conforto térmico para uma empresa e precisa estimar a sensação térmica em um laboratório de computação condicionada artificialmente, então você faz algumas medições, levantando dados climáticos e dos usuários. Feito isso, precisa decidir qual modelo de conforto usar nessa situação, então procura um amigo buscando um conselho. Então qual seria a dica correta para essa situação? a) O melhor modelo para essa situação seria o Fanger, pois é ideal para ambientes condicionados artificialmente. b) O melhor modelo para essa situação seria o adaptativo, pois é ideal para locais ventilados naturalmente. c) O melhor modelo para essa situação seria o adaptativo, pois é ideal para ambientes condicionados artificialmente. d) O melhor modelo para esta situação seria o Fanger, pois é ideal para locais ventilados naturalmente. Faça valer a pena U1 - Relação entre arquitetura e clima 23 3. Analise as afirmativas, a seguir, sobre as variáveis de conforto térmico: I – As variáveis que influenciam o conforto térmico dividem-se em climáticas e humanas. II – A resistência térmica das vestimentas (clo) representa o quanto cada peça de roupa é capaz de aumentar as perdas de calor do homem para o meio ambiente. III – O metabolismo representa o calor gerado pelo nosso organismo ao realizar determinadas atividades físicas ou metabólicas. Considerando as afirmativas apresentadas anteriormente, qual alternativa apresenta apenas afirmativas corretas? a) I e II, apenas. b) II e III, apenas. c) I apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. e) Nessa situação, seria necessário fazer uma simulação para prever o conforto térmico.U1 - Relação entre arquitetura e clima24 Arquitetura e clima Na seção anterior você iniciou a compreensão do conforto térmico de um antigo edifício de sua cidade, que será alvo de um retrofit. Para isso foi necessário compreender o que é o conforto térmico e quais vaiáveis influenciam a sua percepção, além disso também aprendemos a calcular o conforto térmico para dadas situações utilizando dois métodos, o modelo Fanger e o adaptativo. Agora você já pode compreender como é o conforto térmico do prédio em um dia e em um dado momento, mas também é necessário compreender o clima nos outros dias do ano antes de pensar no projeto. Nesse sentido, sua equipe decide analisar as normais climatológicas da cidade para conhecer as exigências térmicas e estratégias recomendadas para o clima da cidade. Então, o que seriam normais climatológicas? Onde podemos encontrar esses dados e como interpretá-los? Para sanar todas essas dúvidas, primeiramente será necessário compreender o que é o clima e também o que são escalas climáticas. Também precisaremos ter conhecimento da definição de algumas variáveis climáticas como: temperatura, vento, umidade, radiação eletromagnética e dos fenômenos ondulatórios. Só então passaremos a analisar as normais climatológicas. Que tal começarmos? Seção 1.2 Diálogo aberto Não pode faltar Como vimos na seção anterior, conhecer as variáveis ambientais de um local é de suma importância para se pensar no conforto térmico. Até agora vimos algumas variáveis importantes para se estimar o conforto térmico em um dado momento, mas, para compreender as exigências térmicas de uma determinada região ao longo do ano, precisamos conhecer o comportamento das variáveis climáticas em todas as estações. Já notou como muitas vezes quando vamos da cidade para o campo sentimos grande diferença climática, ainda que em uma mesma cidade? Geralmente, no campo temos menos obstruções e, portanto, U1 - Relação entre arquitetura e clima 25 velocidades do ar mais altas, além disso a umidade também é maior por conta da alta densidade da vegetação. Assim, além do clima da região (macroclima), também é necessário observarmos outras escalas climáticas a fim de compreender as exigências de determinado local, sendo elas: macroclima, mesoclima e microclima. Escalas climáticas O macroclima é importante para conhecermos características gerais de uma região, como: a insolação, temperaturas, ventos, precipitações, entre outros. Nessa escala observamos uma grande região, como uma cidade ou conjunto de cidades. O seu uso não é conveniente para compreender as exigências climáticas próximas do edifício. Já o mesoclima leva em consideração aspectos locais, como: a presença de vegetação, obstáculos para ventilação, a topografia e densidade das construções. Essa escala é importante para compreender a diferença entre o clima na estação climática e no local analisado, sendo tão grande quanto um bairro, por exemplo. Por fim, o microclima se refere à escala do edifício. Quando construímos, temos a chance de modificar o clima nessa escala, o que pode influenciar o mesoclima e macroclima de maneira positiva ou negativa. Podendo, por exemplo, melhorar a qualidade do microclima ao plantar muitas árvores, favorecer a permeabilidade dos ventos, criar elementos de sombra, evitar pavimentar toda área do terreno. Variáveis climáticas Geralmente, quando pensamos em clima, a primeira variável que nos vem em mente é a temperatura do ar (também conhecida coo temperatura de bulbo seco), já que é a mais divulgada. Ela resulta dos fluxos de massas de ar e da radiação solar no local (LAMBERTS et al., 2014) e é medida em grau Celsius (°C), Fahrenheit (°F) ou Kelvin (K), no Brasil adotamos o grau Celsius. Já os ventos, ou seja, velocidade do ar (m/s), devem-se à distribuição da pressão do ar no globo ao longo das estações, ao movimento de rotação da terra, à variação de temperatura do solo e mares ao longo do dia, e também à topografia (GIVONI, 1992). Esse fenômeno é altamente influenciado por elementos do entorno, como topografia, densidade e altura das construções, rugosidade do terreno e obstruções como U1 - Relação entre arquitetura e clima26 construções ou vegetação. Sendo assim, tem grande oscilação entre os valores encontrados para o macroclima e microclima, tanto na velocidade quanto na sua direção. A umidade relativa do ar (%) representa o percentual de umidade presente no ar em relação ao máximo de umidade que o ar é capaz de acumular à determinada temperatura. Esse é resultado da evaporação da água de lagos, rios e mares, além da evapotranspiração dos vegetais (transpiração das plantas). A radiação solar é uma onda eletromagnética que tem origem nos raios solares, não precisando de matéria para se propagar, ou seja, a radiação se propaga no vácuo (no espaço) e na matéria (por exemplo, ar) quando entra na atmosfera terrestre. A chegada da radiação eletromagnética na superfície terrestre pode ser direta ou difusa e são medidas em Watts por metro quadrado (W/m2). A primeira representa os raios que incidem diretamente na superfície terrestre sem obstáculos, já a segunda chega à superfície terrestre após ser dispersada por partículas suspensas no ar, como as nuvens. Assim, em dias ensolarados temos a predominância da radiação direta, já em dias nublados é predominante a radiação difusa. Quando uma onda eletromagnética incide em uma superfície opaca (como paredes e coberturas), parte dela será refletida e parte será absorvida, assim, a soma das parcelas absorvida e refletidas equivale ao total de radiação incidida. A quantidade dessa energia que será absorvida depende de uma propriedade do material, que é chamada de absorbância e pode ser encontrada na norma NBR 15220, veremos esses valores na Unidade 3. A parcela absorvida, por sua vez, será dissipada para o interior e também para o exterior (ver Figura 1.5). A quantidade de energia que será dissipada em cada direção dependerá de fatores climáticos e das características do material que compõe a superfície em questão. U1 - Relação entre arquitetura e clima 27 Fonte: adaptada de Frota e Schiffer (2001, p. 42). Figura 1.5 | Fenômenos ondulatórios da radiação solar, sobre superfícies (ou fechamentos) opacas Assimile O primeiro passo para analisar o clima de um local é compreendermos o significado das variáveis climáticas. Vamos relembrar as variáveis estudadas: Temperatura do ar (°C) = temperatura das massas de ar. Velocidade do ar (m/s) = velocidade do movimento de massas de ar. Umidade relativa do ar (%) = percentual de umidade presente no ar com relação ao máximo de umidade possível a uma determinada temperatura. Intensidade de radiação (W/m2) = refere-se à radiação eletromagnética proveniente do sol que atinge a superfície terrestre. Sendo radiação direta ou difusa. Normais climatológicas As variáveis climáticas são medidas em estações climáticas e representam uma média mensal de registros de vários anos. Esses arquivos são chamados de normais climatológicas, as variáveis registradas diferem de estação para estação, podemos apontar como as principais: a temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do ar, direção dos ventos, precipitação, nebulosidade e horas de sol. U1 - Relação entre arquitetura e clima28 Conhecer as normais climáticas de um local é essencial para compreender o macroclima de uma região. Para encontrar esses dados, primeiramente temos que buscar a estação climática mais próxima, e então nos informar sobre como fazer para obter os dados. Algumas estações divulgam esses dados on-line (Por exemplo, a estação disponível em: <http://www.esalq.usp.br/departamentos/leb/ base.html>. Acesso em: 3 nov. 2017), já em outras é necessário fazer uma requisição (Por exemplo,a estação disponível em: <http://www. estacao.iag.usp.br/sol_dados.php>. Acesso em: 3 nov. 2017). Então que tal pesquisar esses dados da cidade onde você mora? Pesquise mais A análise do clima de uma cidade pode ser feita de muitas maneiras a fim de identificar as exigências locais relativas ao conforto térmico. Entre elas, podemos citar: o uso de programas específicos, como: o Climate Consultant (MILNE, 2016) e Analysis Bio (LABEE, 2014); além desses, também é possível utilizar as normas vigentes (no caso do Brasil, a ABNT NBR NBR 15220 /2005); ou alguns métodos manuais de análise climática (Planilha de Mahoney e Carta de Givoni – Figura 1.6). Figura 1.6 | Carta de Givoni A – zona de aquecimento artificial (calefação); B – zona de aquecimento solar da edificação; C – zona de massa térmica para aquecimento; D – zona de conforto térmico (baixa umidade); E – zona conforto térmico pleno; F – zona de desumidificação (renovação de ar); Estratégias recomendadas: G + H – zona de resfriamento evaporativo; H + I – zona de massa térmica de refrigeração; I + J – zona de ventilação; K – zona de refrigeração artificial; L – zona de umidificação do ar. U1 - Relação entre arquitetura e clima 29 Fonte: adaptada de Silveira (2014, p. 32). Figura 1.7 | Carta de Givoni com ponto A traçado Exemplificando Vamos ver uma aplicação da Carta de Givoni para um mês? 1. Pesquise as seguintes variáveis climáticas para o mês em questão: temperatura média mensal, temperatura média mínima mensal, temperatura média máxima mensal e umidade relativa média mensal. Para esse exemplo, vamos supor os seguintes valores: Temperatura média mensal= 32°C. Temperatura média mínima mensal= 35°C. Temperatura média máxima mensal= 38°C. Umidade relativa média mensal= 60%. 2. Então trace uma linha de apoio a partir da temperatura média mensal até encontrar a curva da umidade relativa média mensal. Assim encontramos o ponto A (Figura 1.7). 3. Em seguida, trace uma linha horizontal a partir no ponto A e localize o ponto de encontro das temperaturas média, mínima e máxima mensais com essa linha. Assim encontramos os pontos B e C, como podemos ver na Figura 1.8. U1 - Relação entre arquitetura e clima30 Fonte: adaptada de Silveira (2014, p. 32). Fonte: adaptada de Silveira (2014, p. 32). Figura 1.8 | Carta de Givoni com pontos B e C traçados Figura 1.9 | Carta de Givoni com reta referente ao mês analisado traçada 4. Então é considerada uma variação no conteúdo de água presente no ar que ocorre ao longo do dia, para o Brasil se considera 1,5 g/kg, para mais e para menos. Assim do ponto PB é subtraído 1,5 g/kg e ao ponto PC é adicionado 1,5 g/kg. Ligando esses novos pontos, traçamos a linha que representa o mês em questão (Figura 1.9). U1 - Relação entre arquitetura e clima 31 Fonte: adaptada de Silveira (2014, p. 32). Figura 1.10 | Carta de Givoni com destaque para as zonas bioclimáticas 5. Então identificamos em quais zonas a linha se encontra, no exemplo a linha se encontra nas zonas H e G (figura1.10). Sendo assim, a estratégia recomendada para esse mês seria o resfriamento evaporativo. Para avaliar o clima do ano todo, o procedimento é repetido com cada mês e então é analisado o percentual do comprimento das linhas que se encontram em cada zona da carta. Assim, é possível identificar as principais estratégias bioclimáticas recomendadas para diversos climas. Clima brasileiro O clima brasileiro é dividido em seis regiões, sendo eles: tropical, tropical de altitude, tropical atlântico, equatorial, semiárido e subtropical, (Figura 1.11). Vamos conhecê-los? U1 - Relação entre arquitetura e clima32 Fonte: adaptada de Lamberts (2013, p. 82). Figura 1.11 | Mapa com indicando as regiões climáticas brasileiras O clima tropical é quente o ano todo, sendo o verão chuvoso e o inverno seco. Na região de clima tropical, as temperaturas médias são de 24 °C, com pluviosidade de 1000 mm a 1500 mm ao ano. Uma cidade representativa desse clima é Cuiabá. Já o clima tropical de altitude é característico da região Sudeste, onde o inverno é seco e ameno e o verão chuvoso com temperaturas médias e altas. Nessa região, as temperaturas médias variam de 17°C e 22 °C, com pluviosidade de 1000 mm a 1800 mm ao ano, ou seja, quantidade de chuvas próxima do clima tropical. O clima tropical atlântico ocorre no litoral do país e é caracterizado pela ocorrência de chuvas o ano todo, com inverno ameno e verão quente. Nesse clima, as temperaturas médias anuais giram entorno dos 25 °C, com pluviosidade de 1200 mm. Já o clima subtropical é caracterizado por temperaturas baixas (abaixo de 20 °C) com inverno rigoroso, podendo-se registrar U1 - Relação entre arquitetura e clima 33 ocorrências de neve; além disso, as chuvas bem distribuídas (1000 mm a 1500 mm ao ano). Esse clima ocorre no Sul do país. Caracterizado por chuvas abundantes o ano todo (2500 mm ao ano), o clima equatorial ocorre na região da Amazônia, apresentando temperaturas elevadas com médias entre 24 °C e 27 °C. Por fim, o clima semiárido ocorre no polígono da seca (principalmente no Nordeste), sendo o clima mais seco do país (pluviosidade de 750 mm ao ano). Também é caracterizado por altas temperaturas sem um inverno marcado (médias entre 26 °C e 28 °C). Agora que conhece os climas brasileiros e suas características você já é capaz de compreender o clima de várias regiões. Como vimos, o Brasil possui uma grande variedade climática, e alguns de seus climas possuem características muito diferentes de outros. Então, qual o clima da região onde você mora? Que tal comparar esse clima com um clima diferente do seu? Por exemplo, se mora em uma região de clima quente, compare-o com um clima frio, e vice-versa. Reflita Agora que já compreende as escalas e variáveis climáticas (temperatura, vento, umidade, radiação) você é capaz de analisar as exigências climáticas para o conforto térmico em diversas cidades utilizando as normais climatológicas. Além disso, você também conhece as principais características dos climas brasileiros e assim tem uma percepção maior das necessidades de cada região do pais. Sem medo de errar Antes de iniciar o projeto de retrofitt, sua equipe decidiu analisar as normais climatológicas da cidade para descobrir quais as estratégias de conforto térmico recomendadas para a região. Então, vamos ver como se faz? 1. Pesquise as normais climáticas da sua cidade. 2. Faça uma tabela levantando as seguintes variáveis climática para cada mês do ano: temperatura média mensal, temperatura média mínima mensal, temperatura média máxima mensal e umidade relativa média mensal. 3. Primeiramente, encontre a linha referente ao mês de janeiro. Para isso, trace uma linha vertical de apoio a partir da temperatura U1 - Relação entre arquitetura e clima34 média mensal até encontrar a curva da umidade relativa média mensal (do mês em questão). 4. Então trace uma linha horizontal a partir no ponto A e localize o ponto de encontro das temperaturas média mínima e máxima mensais com essa linha (do mês em questão). 5. Na sequência considere uma variação no conteúdo de agua presente no ar. Assim, do ponto PB é subtraído 1,5 g/kg e ao ponto PC é adicionado 1,5 g/kg. Ligando esses novos pontos é traçada a linha que representa o mês de janeiro. 6. Então são repetidos os passos 3, 4 e 5 para todos os meses do ano. 7. Depois é identificado o percentual do comprimento das linhas que se encontram em cada zona da carta. Assim, é possível identificar as principais estratégias bioclimáticas recomendadas para diversos climas. Avançando na prática Análise climática de uma cidade Descrição da situação-problema Seu escritório é chamado por uma equipe de arquitetos para realizar consultoriade conforto térmico para um projeto que está sendo desenvolvido. Eles querem saber quais as estratégias mais recomendadas para se atingir o conforto térmico em seu projeto. Como o projeto será em uma cidade diferente da sua, como conhecer as exigências climáticas locais? Para isso, será preciso levantar as normais climáticas e realizar a avaliação do clima por meio da carta bioclimática. Então, quais seriam os passos para isso? Além disso, como comparar as estratégias recomendadas da sua cidade com a cidade em questão? Resolução da situação-problema Para conhecer as melhores estratégias para o clima em questão, deverá seguir os seguintes passos: 1. Pesquise as normais climáticas da nova cidade. 2. Confeccione uma tabela com as seguintes variáveis climática para todos os meses do ano: temperatura média mensal, U1 - Relação entre arquitetura e clima 35 temperatura média mínima mensal, temperatura média máxima mensal, e umidade relativa média mensal. 3. Então, encontre a linha referente ao mês de janeiro. Comece traçando uma linha vertical de apoio a partir da temperatura média mensal até encontrar a curva da umidade relativa média mensal (do mês em questão). 4. Em seguida trace uma linha horizontal a partir no ponto A e localize o ponto de encontro das temperaturas média mínima e máxima mensais com essa linha (do mês em questão). 5. Depois subtraia 1,5 g/kg do ponto PB e adicione 1,5 g/kg ao ponto PC (considerando a variação no conteúdo de água presente no ar). Ligando esses novos pontos é traçada a linha que representa o mês em questão. 6. Então os passos 3, 4 e 5 são repetidos para todos os meses do ano. 7. Depois é identificado o percentual do comprimento das linhas que se encontram em cada zona da carta. Assim, é possível identificar as principais estratégias bioclimáticas recomendadas para diversos climas. 8. Por fim, compare as estratégias encontradas para esse clima e para o clima da sua cidade. 1. Para se projetar é necessário conhecer as normais climáticas da cidade onde será construído o projeto. Nesses arquivos é possível conhecer as variáveis climáticas do local de interesse, sendo os valores apresentados uma média mensal de registros de vários anos. Apesar disso, quando vamos executar o projeto de um edifício, por exemplo, é preciso considerar que como esses dados são medidos em locais distantes do ponto de interesse podem haver variações entre valores registrados e a realidade do local. Assim, precisamos conhecer as escalas climáticas e os elementos que podem influenciá-las. A seguir, estão apresentadas as escalas climáticas e suas definições fora de ordem. Faça valer a pena U1 - Relação entre arquitetura e clima36 I- Macroclima II- Mesoclima III- Microclima A - Refere-se à escala do edifício e pode ser influenciado pelo projeto. B - Refere-se à escala do bairro e é influenciado por aspectos como: a presença de vegetação, obstáculos para ventilação, a topografia e densidade das construções. C - Refere-se ao clima de uma região compreendendo uma cidade ou conjunto de cidades. Nessa escala se avalia a isolação, temperaturas, ventos, precipitações. Qual a alternativa que associa corretamente as escalas climáticas e suas definições? a) I- A; II- B; III-C. b) I- C; II- B; III-A. c) I- A; II- C; III-B. d) I- B; II- C; III-A. e) I- B; II- A; III-C. 2. Um potencial cliente procura o seu escritório interessado em um projeto com alta eficiência energética para sua nova casa, mas antes de se comprometer com a sua equipe pede uma síntese das estratégias passivas que poderiam ser usadas na sua obra. Então, preocupado em fazer uma boa apresentação, você procura um amigo com muita experiência nesse tipo de projeto para saber quais os possíveis métodos de análise do clima podem ser feitos para conhecer as exigências locais relativas ao conforto térmico. Assim, você recebe os seguintes conselhos: I- Para analisar o clima é possível se utilizar programas como o Climate Consultant e o Analysis Bio. II- Apesar se existirem normas para o conforto térmico no Brasil, elas não servem para determinar as estratégias a serem adotadas em cada clima. III- Também é possível utilizar métodos manuais de análise climática, como a Planilha de Mahoney e a Carta de Givoni. Tendo em mente os conselhos dados anteriormente, quais deles podem ser usados para o caso em questão? a) I, apenas. b) I, II e III. c) II, apenas. d) I e III, apenas. e) I e II, apenas. U1 - Relação entre arquitetura e clima 37 3. Para compreendermos o clima de um local é importante, antes de mais nada, compreender as principais variáveis climáticas que o influenciam, sendo elas: a temperatura do ar, a umidade relativa do ar, a ventilação e a radiação solar. Sobre esse assunto preencha as lacunas a seguir: A radiação solar é uma _____________ que tem origem nos raios solares e pode ser ____________ raios que incidem diretamente na superfície terrestre sem obstáculo) e _____________ (raios que chegam à superfície terrestre após ser dispersados por partículas suspensas no ar). Assim, em dias nublados é predominante a _____________, já em dias ensolarados temos a predominância da _____________. Qual alternativa traz as palavras que completam o texto apresentado na ordem correta? a) Onda eletromagnética, difusa; direta; radiação difusa; radiação direta. b) Onda ótica, difusa; direta; radiação direta; radiação difusa. c) Onda ótica, direta; difusa; radiação difusa; radiação direta. d) Onda eletromagnética direta; difusa; radiação direta; radiação difusa. e) Onda eletromagnética, direta; difusa; radiação difusa; radiação direta. U1 - Relação entre arquitetura e clima38 Carta bioclimática brasileira Na última seção você analisou o clima de uma cidade brasileira por meio da carta bioclimática de Givoni (1992), a fim de conhecer as estratégias que poderiam ser aplicadas no projeto de retrofit que sua equipe está realizando. Nesse sentido, precisou compreender o que são: clima, escalas e variáveis climáticas (temperatura, vento, umidade) e normais climatológicas, além de conhecer os climas brasileiros. Também precisou adquirir conhecimentos sobre radiação eletromagnética e fenômenos ondulatórios Assim, você já é capaz de encontrar as normais climatológicas de uma cidade e interpretá-las, mas será que existe uma maneira mais simples para se identificar as estratégias bioclimáticas indicadas para os diferentes climas brasileiros? Pensando nessa indagação, você, que está desenvolvendo um projeto de retrofit de um edifício e tem a intenção de aplicar conceitos de conforto térmico nesse trabalho, propõe à sua equipe a pesquisa de estratégias bioclimáticas recomendadas para o clima da cidade onde o projeto será aplicado de maneira simplificada. Então, um membro da sua equipe com experiência no conforto térmico sugere a utilização da carta bioclimática brasileira. Para isso, você terá que compreender os objetivos dessa carta e seu método de aplicação, também será preciso conhecer as estratégias de conforto ambiental térmico recomendadas para cada zona bioclimática brasileira. Vamos descobrir como utilizar a carta bioclimática brasileira? Seção 1.3 Diálogo aberto Não pode faltar Agora que você conhece os climas brasileiros e variáveis climáticas (temperatura, vento, umidade) já tem embasamento para compreender a carta bioclimática brasileira. Então, o que seria bioclimatologia? A bioclimatologia aplicada à arquitetura busca atingir boas condições de conforto no interior dos edifícios utilizando estratégias passivas, ou seja, estratégias que dependem apenas de recursos naturais (ventilação e iluminação natural, radiação solar, entre outros) para o seu funcionamento. U1 - Relação entre arquitetura e clima 39 Como vimos na seção anterior, épossível estimar as estratégias bioclimáticas recomendadas para cada cidade por meio da carta de Givoni (1992), mas muitas vezes não temos acesso a todos os dados necessários para realizar esse estudo ou o tempo para tal. Conforto ambiental térmico: apresentação da carta bioclimática brasileira Nesse sentido Maurício Roriz elaborou o zoneamento bioclimático estabelecido pela NBR 15220 (2005), que visa dar diretrizes para projetos bioclimático para habitações de interesse social nos diferentes climas brasileiros. Para isso, ele utilizou como base as cartas de Givoni (1992) e a carta psicrométrica (gráfico que relaciona temperatura de bulbo úmido, umidade do ar, temperatura de bulbo seco, entre outros). Assim, foram traçadas mês a mês as cartas de 330 cidades brasileiras com base em dados de normais climatológicas ou em interpolações de dados. Dessa forma, foi possível reunir as cidades em zonas onde as recomendações climáticas fossem as mesmas, o que resultou em oito zonas bioclimáticas (Figura 1.12), sendo a zona predominante a 8, seguida das zonas 6 e 7. Atualmente, esse zoneamento é parte da norma ABNT NBR 15220 na qual também são apresentadas diretrizes construtivas com base nessa divisão (como veremos na Seção 3.1). Fonte: adaptada de ABNT 15220 (2003, p. 3). Figura 1.12 | Zoneamento bioclimático brasileiro U1 - Relação entre arquitetura e clima40 As estratégias bioclimáticas recomendadas para cada zona são as mesmas propostas por Givoni na carta bioclimática (Quadro 1.3) e estão divididas em 11 classes, das quais seis das estratégias visam atingir o conforto térmico em situações de calor e apenas três delas visam o frio. Fonte: Baseado em (SILVEIRA, 2014, p.32). Quadro1.3 | Estratégias bioclimáticas de Givoni A – Zona de aquecimento artificial (calefação); G + H – zona de resfriamento evaporativo; B – zona de aquecimento solar da edificação; H + I – zona de massa térmica de refrigeração; C – zona de massa térmica para aquecimento; I + J – zona de ventilação; D – zona de conforto térmico (baixa umidade); K – zona de refrigeração artificial; E – zona conforto térmico pleno; L – zona de umidificação do ar. F – zona de desumidificação (renovação de ar); Assimile Que tal relembrarmos alguns termos novos que apendemos? Estratégia bioclimática: conjunto de atitudes de projeto para tirar proveito com eficácia dos recursos naturais visando atingir o conforto ambiental. Zoneamento bioclimático: divisão do brasil em 8 zonas onda cada uma recebe uma recomendação de estratégia para se atingir o conforto térmico em edificações unifamiliares e de interesse social. Estratégias de conforto ambiental térmico para cada zona bioclimática brasileira A seguir serão citadas as estratégias sugeridas para cada uma das oito zonas bioclimáticas brasileiras e uma cidade de referência pertencente a cada zona. U1 - Relação entre arquitetura e clima 41 Zona 1 Cidade de referência: Caxias do Sul (RS). As cidades da zona 1 estão localizadas no Sul do país e possuem clima frio, representando a menor parcela do zoneamento (0,8%). A Figura 1.13 mostra sua localização no mapa e as estratégias recomendadas apenas para o inverno (como se trata de uma zona de clima frio, não há recomendações para o verão). Fonte: adaptada de ABNT 15220 (2003, p. 4). Figura 1.13 | Zona bioclimática 1 destacada no mapa brasileiro e carta bioclimática para a cidade de Caxias do Sul (RS) ESTRATÉGIAS RECOMENDADAS Inverno B – Zona de aquecimento solar da edificação; C – zona de massa térmica para aquecimento. Zona 2 Cidade de referência: Ponta Grossa (PR). Esta zona também se localiza na região Sul do Brasil e apresentando um clima frio, como se vê na Figura 1.14. Além disso, na figura igualmente são identificadas as estratégias a serem aplicadas. U1 - Relação entre arquitetura e clima42 Fonte: adaptada de ABNT 15220 (2003, p. 5). Figura 1.14 | Zona bioclimática 2 destacada no mapa brasileiro e carta bioclimática para a cidade de Ponta Grossa (PR) Figura 1.15 | Zona bioclimática 3 destacada no mapa brasileiro e carta bioclimática para a cidade de Florianópolis (SC) ESTRATÉGIAS RECOMENDADAS Verão Inverno J – Zona de ventilação. B – Zona de aquecimento solar da edificação; C – zona de massa térmica para aquecimento. Zona 3 Cidade de referência: Florianópolis (SC). Esta zona abrange 62 cidades localizadas principalmente nas regiões Sul e Sudeste (Figura 1.15) e seu clima é ameno. Na Figura 1.15 estão elencadas as estratégias a serem consideradas e nota-se que elas são as mesmas que as propostas para a zona 2, apesar disso, na norma ABNT NBR 15220 as características construtivas recomendadas serão um pouco diferentes (como veremos na Seção 3.1). U1 - Relação entre arquitetura e clima 43 Fonte: adaptada de ABNT 15220 (2003, p. 5). Fonte: adaptada de ABNT 15220 (2003, p. 6). Figura 1.16 | Zona bioclimática 4 destacada no mapa brasileiro e carta bioclimática para a cidade de Brasília (DF) ESTRATÉGIAS RECOMENDADAS Verão Inverno J – Zona de ventilação. B – Zona de aquecimento solar da edificação; C – zona de massa térmica para aquecimento. ESTRATÉGIAS RECOMENDADAS Verão Inverno H – Zona de massa térmica de refrigeração; J – zona de ventilação. B – Zona de aquecimento solar da edificação; C – zona de massa térmica para aquecimento. Zona 4 Cidade de referência: Brasília (DF). Esta zona abrange em sua maioria as regiões Sudeste e Centro- Oeste (Figura 1.16) e seu clima é quente. As estratégias para esta zona estão listadas na Figura 1.16. U1 - Relação entre arquitetura e clima44 Fonte: adaptada de ABNT 15220 (2003, p. 6). Figura 1.17 | Zona bioclimática 5 destacada no mapa brasileiro e carta bioclimática para a cidade de Santos (SP) Figura 1.18 | Zona bioclimática 6 destacada no mapa brasileiro e carta bioclimática para a cidade de Goiânia (GO) ESTRATÉGIAS RECOMENDADAS Verão Inverno J – Zona de ventilação. C – Zona de massa térmica para aquecimento. Zona 5 Cidade de referência: Santos (SP). Esta zona tem clima quente e está localizada principalmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste (Figura 1.17). Na mesma figura também estão listadas as estratégias para essa zona. Zona 6 Cidade de referência: Goiânia (GO). Esta é uma zona de clima quente e engloba em sua maioria as regiões Centro-Oeste e Nordeste. A Figura 1.18 elenca as estratégias para essa zona, perceba que as recomendações para ela são as mesmas que as da zona 4. U1 - Relação entre arquitetura e clima 45 Fonte: adaptada de ABNT 15220 (2003, p. 7). Fonte: adaptada de ABNT 15220 (2003, p. 8). Figura 1.19 | Zona bioclimática 7 destacada no mapa brasileiro e carta bioclimática para a cidade de Picos (PI) ESTRATÉGIAS RECOMENDADAS Verão Inverno H – Zona de massa térmica de refrigeração; J – Zona de ventilação. C – Zona de massa térmica para aquecimento. ESTRATÉGIAS RECOMENDADAS Verão H – Zona de massa térmica de refrigeração; J – Zona de ventilação. Zona 7 Cidade de referência: Picos (PI). Esta zona se localiza em sua maioria nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, e seu clima é quente. A Figura 1.19 coloca as estratégias recomendadas para essa zona, note que por ser um clima muito quente não há recomendações para o inverno. Zona 8 Cidade de referência: Belém (PA). A zona 8 se localiza principalmente na região Norte do Brasil, representando a maior porção do país (53,7%) e apresentando clima quente. A Figura 1.20 elenca as estratégias recomendadas para essa zona, perceba que, assim como na zona 7, também não há recomendações para o inverno nesse caso. U1 - Relação entre arquitetura e clima46 Fonte: adaptada de ABNT 15220 (2003,p. 8). Figura 1.20 | Zona bioclimática 8 destacada no mapa brasileiro e carta bioclimática para a cidade de Belém (PA) ESTRATÉGIAS RECOMENDADAS Verão J – Zona de ventilação. Então, agora que já conhece as estratégias recomendadas para cada zona bioclimática, que tal descobrir à qual zona a cidade onde você vive pertence? Para isso, basta consultar o anexo A (p. 11-16) da norma NBR 15220 – Parte 3, disponível na sua Biblioteca Virtual, no acervo “Gedweb”: <https://biblioteca-virtual.com/detalhes/parceiros/10> Acesso em: 11 nov. 2017. Vamos lá? Pesquise mais Como já vimos na seção anterior, o Brasil é dividido em vários climas diferentes, essa divisão ocorre de acordo com as normais climatológicas (temperatura do ar, umidade, pluviosidade, amplitude térmica, entre outros). Agora você também conhece a divisão bioclimática do Brasil, que leva em consideração as estratégias recomendadas para cada cidade entre as analisadas. Então que tal refletir sobre a relação entre a divisão climática e a divisão bioclimática do Brasil? Reflita Método de aplicação da carta bioclimática brasileira Para conhecer as estratégias bioclimáticas recomendadas para cada cidade brasileira de maneira simplificada, é possível consultar a norma U1 - Relação entre arquitetura e clima 47 Fonte: adaptada de ABNT 15220 (2003, p. 16). Figura 1.21 | Lista de cidades brasileiras e suas respectivas estratégias e zonas bioclimáticas, destacando-se a cidade de Campinas (SP) NBR 15220 – Parte 3, na qual estão descritas as cidades, relacionando- as às suas respectivas zonas bioclimáticas. Exemplificando Então, vejamos como conhecer as estratégias recomendadas para a cidade de Campinas (SP)? 1. Acessar o site a seguir e fazer o download da Parte 3 da norma NBR15220: Disponível na sua Biblioteca Virtual, no acervo ‘Gedweb’: <https:// biblioteca-virtual.com/detalhes/parceiros/10>. Acesso em: 11 nov. 2017. 2. Localizar na norma NBR15220 (p. 16) a cidade de Campinas (SP) entre as cidades da lista e verificar a qual zona bioclimática ela pertence. Nesse caso, como se vê destacado na Figura 1.21, a cidade em questão pertence à zona 3. 3. Identificar no texto apresentado nesta seção ou na página 5 da norma NBR 15220 quais as estratégias bioclimáticas recomendadas. Assim, identifica-se que, como Campinas (SP) pertence à mesma zona bioclimática que Florianópolis (SC), as estratégias para a cidade são: para o verão, o uso da ventilação; e, para o inverno, a realização do aquecimento solar da edificação e trabalho da massa térmica. De posse desses conhecimentos você já é capaz de identificar rapidamente quais as estratégias recomendadas para diversas regiões do Brasil de maneira mais rápida se comparada à análise por meio da carta de Givoni. Apesar disso, vale lembrar que para muitas cidades U1 - Relação entre arquitetura e clima48 foram usados dados aproximados na confecção do zoneamento bioclimático e por isso em alguns casos encontramos recomendações incompatíveis com o clima local. Por esse motivo, o zoneamento bioclimático brasileiro passa por reformulação, considerando que atualmente se tem dados mais precisos e abundantes. Nesse sentido, é importante sempre estar atento ao seguir às recomendações propostas pelo zoneamento bioclimático, exercendo seu senso crítico e sempre que possível realizando a análise por meio da carta de Givoni. Sem medo de errar Considerando o caso do retrofit de um antigo prédi, na seção anterior, você e sua equipe realizaram a análise climática da cidade em questão por meio da carta de Givoni. Então, observaram que esse tipo de análise é muito lenta e decidiram pesquisar outras possibilidades, investigando as estratégias recomendadas pelo zoneamento bioclimático brasileiro. Vejamos como realizar essa tarefa: 1. Baixar a Parte 3 da norma NBR15220 por meio do site disponível na sua Biblioteca Virtual, no acervo “Gedweb”: <https://biblioteca- virtual.com/detalhes/parceiros/10>. Acesso em: 11 nov. 2017. 2. Pesquisar na norma NBR15220 (p. 11-16) a cidade de interesse entre as cidades da lista e verificar à qual zona bioclimática ela pertence. 3. Identificar no texto da seção ou na norma NBR 15220 quais as estratégias bioclimáticas recomendadas. Avançando na prática Projeto em três cidades diferentes Descrição da situação-problema Após um período com poucos trabalhos, você reúne a sua equipe para discutir possíveis recursos para captar novos clientes. Assim, um dos membros da equipe sugere que vocês participem de concursos de arquitetura para colocar o escritório em evidência. Como resultado da ideia, surgem três novos projetos, cada um em uma cidade diferente. Então, como seu escritório é muito preocupado com o meio ambiente, você decide descobrir quais as estratégias propostas no zoneamento bioclimático para cada uma das cidades e comparar suas diferenças antes que a equipe inicie os projetos. Como proceder nesse caso? U1 - Relação entre arquitetura e clima 49 Resolução da situação-problema Vejamos como resolver essa situação: 1. O primeiro passo seria baixar a norma NBR 15220 acessando o site a seguir: Disponível na sua Biblioteca Virtual, no acervo “Gedweb”: <https://biblioteca-virtual.com/detalhes/parceiros/10>. Acesso em: 11 nov. 2017. 2. Como na situação apresentada serão analisadas três cidades diferentes, devemos identificar a zona climática de cada uma delas na norma NBR15220 (p. 11-16). 3. Então identificamos no texto da seção ou na norma NBR 15220 as estratégias bioclimáticas recomendadas para cada uma delas. 4. Por fim, comparamos as informações encontradas para compreender as diferenças de estratégias entre zonas distintas. 1. O zoneamento bioclimático (mostrado na figura a seguir) foi elaborado por ______________ e visa dar diretrizes para projetos bioclimático para ______________ nos diferentes climas brasileiros. Para isso, foi utilizada a carta Givoni a fim de analisar o clima de 330 cidades brasileiras. Dessa forma foi possível reunir as cidades em zonas onde ______________ fossem as mesmas, o que resultou em oito zonas bioclimáticas, sendo a zona predominante a 8, seguida das zonas 6 e 7. Faça valer a pena Fonte: adaptada de ABNT 15220 (2003, p. 3). Figura 1.22 | Zoneamento bioclimático brasileiro U1 - Relação entre arquitetura e clima50 Qual das alternativas completa o texto apresentado na ordem correta? a) Maurício Roriz; habitações de interesse social; as variáveis climáticas. b) Roberto Lamberts; habitações de interesse social; as recomendações bioclimáticas. c) Maurício Roriz; habitações de interesse social; as recomendações bioclimáticas. d) Roberto Lamberts; habitações e escolas; as recomendações bioclimáticas. e) Maurício Roriz; habitações de interesse social; as variáveis climáticas. 2. Você está trabalhando em um escritório que faz projetos bioclimáticos, então um novo cliente procura o escritório pedindo um estudo para outra cidade. Você se pergunta quais as estratégias bioclimáticas seriam recomendadas para tal região. Pensando nisso, pede ajuda a um colega de trabalho mais experiente para saber qual o método mais rápido para determinar essas estratégias. Considerando a situação apresentada, qual seria o conselho mais acertado que seu amigo poderia ter lhe oferecido? a) Nesse caso o meio mais rápido para conhecer as estratégias recomendadas seria utilizando o zoneamento bioclimático brasileiro. b) Para a situação apresentada o ideal seria realizar uma análise por meio da carta de Givoni, pois é o meio mais rápido para conhecer as estratégias. c) O meio mais rápido para conhecer as recomendações bioclimáticas de uma cidade seria consultando a norma NBR 15210 – Parte 1. d) No caso apresentado seria ideal consultar um especialista em conforto térmico, pois apenas ele seriacapaz de fazer recomendações sobre estratégias bioclimáticas. e) O meio mais rápido para descobrir as estratégias bioclimáticas recomendadas para uma cidade seria o método Fanger. 3. Para se identificar as estratégias bioclimáticas por meio do zoneamento bioclimático brasileiro, é preciso seguir determinados passos, que estão elencados a seguir de forma desorganizada. Encontre a ordem na qual esses passos devem ser seguidos e responda à questão a seguir. I. Identificar na norma NBR 15220 quais as estratégias bioclimáticas recomendadas para a zona à qual a cidade pertence. II. Localizar na norma NBR15220 – Parte 3 a cidade de interesse entre as cidades da lista. III. Verificar à qual zona bioclimática ela pertence. Qual alternativa indica a sequência correta para a atividade proposta? a) III; II; I. b) I; III; II. c) II; III; I. d) II; I; III. e) I; II; III. U1 - Relação entre arquitetura e clima 51 ABNT. NBR 15220: Desempenho Térmico de Edificações – Parte 1: Definições, símbolos e unidades. Rio de Janeiro, Brasil: ABNT, 2005. ______. NBR 15220-3: Desempenho térmico de edificações. Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro, 2005. 36 p. ABNT. NBR 15575-1: Edificações Habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais Prefácio. Rio de Janeiro, Brasil: ABNT, 2013a. p. 60. ABNT. NBR 15575-4: Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 4: Sistemas de vedações verticais externas e internas. Rio de Janeiro, Brasil: ABNT, 2013b. p. 51. ABNT. NBR 15575-5: Edificações habitacionais – Desempenho – Parte 5: Requisitos para sistemas de coberturas. Rio de Janeiro, Brasil: ABNT, 2013c. p. 63. AMERICAN SOCIETY OF HEATING REFRIGERATING AND AIR CONDITIONING ENGINEERS. Handbook of Fundamentals. Atlanta, 1997. 1 v. cap. 8: Physiological Principles for Comfort and Health. p. 8.1-8.32. ASHRAE. Standard 55: Thermal Environmental Conditions for Human Occupancy. 2013, Estados Unidos: ASHRAE, 2013. In: RUAS, Álvaro César. Sistematização da avaliação de conforto térmico em ambientes edificados e sua aplicação num software. 2002. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2002. CÂNDIDO, Christhina et al. 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