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Aula Editoracao e editor

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Editoração
Editor
Professora: 
Gabrielle Francinne Tanus
Por que estudar editoração no curso de Biblioteconomia?
Editoração
Emanuel Araújo (2008, p. 38): “editoração é o conjunto de teorias, técnicas e aptidões artísticas e industriais destinadas ao planejamento, feitura e distribuição de um produto editorial. Em outras palavras, editoração é o gerenciamento da produção de uma publicação – livros, revistas, jornais, boletins, álbuns, cadernos, almanaques”.
“Caminho de encontro” entre o autor (produtor do conteúdo) e o leitor (consumidor do produto final). 
em 90% dos casos, os autores não apresentam os originais nas condições desejadas para a editoração. [...] Mesmo quando linguisticamente o texto esteja em situação ideal, um preparo prévio, rápido que seja, tem de ser feito: a normalização da editora. Entretanto, em 90% dos casos, o texto entregue pelo autor não corresponde àqueles requisitos mínimos exigidos para que possa ser submetido imediatamente à fase compositora e impressora, porque apresenta uma série de defeitos orgânicos. (HOUAISS, 1981, p. 51).
Ainda hoje “Os originais entregues pelos autores continuam exigindo um trabalho prévio antes de serem publicados como livros” (YAMAZAKI, 2007, p. 1).
Editoração: “[...] é um pouco indústria, um pouco comércio, que faz parte da cultura e obviamente influi na educação.” (KNAPP, 1986, p. 10).
Processos: “Uniformização de grafia, revisão ortográfica e estilística; marcação de títulos e divisões e subdivisões; marcação do lugar das ilustrações, tabelas, gráficos.” “Recusa e aceitação de um trabalho para publicação interferências com relação ao conteúdo (adequação dos originais para correlação original-tipografia), etc.
Editoração é a atividade organizada em forma de empresa para a publicação de livros. A editoração compreende setores específicos da unidade de trabalho dos quais se citam alguns: (a) direção; (b) seleção de originais; (c) adequação dos originais para correlação original-tipografia; (d) revisão; (e) publicidade e relações públicas; (f) difusão (depósito, consignação, vendas em grosso, vendas em varejo; exemplares à crítica especializada, ou genérica, ou noticiante).
A editoração enlaça-se necessariamente com a impressão, havendo editoras que são, concomitantemente, impressoras; mas de regra são dois gêneros de atividade autônomos, e mesmo quando agrupados sob uma mesma empresa merecem organização própria, pela relativa especificidade de seus problemas (HOUAISS, p. 41-42).
Em latim editor, editoris, indica precisamente aquele que gera, produz, o que causa. 
Editor –> organiza, seleciona, normaliza, revisa e supervisiona a publicação de originais. Pode também prefaciar obras...
Diferentes tipos de editores: Editor gerente, editor de seção, editor de textos, editor de layout, editor avaliador, revisor, preparador...
 As designações podem variar de editora para editora; há também, infelizmente, acúmulo de cargos.
EUA – Editor e publisher -> este fica encarregado de tornar a obra acessível, divulgar o livro, cabendo a ele lançar, distribuir eventualmente vender o produto. A um cabe editar, ao outro, publicar. Em português, ambas as atividades são realizadas pelo editor.
Houaiss -> “pessoa cuja responsabilidade, geralmente comercial, corre o lançamento, distribuição e venda em grosso do livro, ou instituição, oficial ou não, que, com objetivos comerciais ou sem eles, arca com a responsabilidade do lançamento, distribuição e, eventualmente venda do livro”. 
“editor busca criar condições mais favoráveis para o esquema comunicativo. Sem a interferência do editor de texto, a compreensão da mensagem pode ficar comprometida. O compromisso do editor de texto com a precisão, o rigor, a legibilidade e a compreensibilidade está na essência da ação de editar um texto”. 
É aquele que torna acessível ao público o produto do processo editorial, de forma mais clara, legível e acessível!
Editor – atividade milenar! Editores de textos eram também designados de bibliotecários em Alexandria.
Um pouco de história...
Os livros dos bibliotecários
Editor entendido como o preparador de originais remonta ao século III a.C, no Ocidente -> responsável pela edição de um texto a ser divulgado (transcrito pelos copistas – escritório de copistas – escravos letrados, em Roma). 
Obras de prosa, popularização da tragédia – demanda dos sofistas.
Os primeiros editores de livros foram as "editoras clericais" da Suméria, da Babilônia e do Egito. No terceiro milênio antes da nossa era, publicavam-se tabletes de argila em série, com rezas e elogios mortuários. Estas reproduções eram vendidas aos fiéis (KNNAP, 1986, p. 17).
IV a.C – livros e seu comércio – surgimento de profissões associada ao livro: copista (bibliográphos), especialista em pintar letras capitais (kalligráphos) e o livreiro (bibliopóles). 
“Editoração extremamente defeituoso” – ausência de textos normalizados, adoção de critérios arbitrários (pontuação, transcrição, divisão de palavras...) 
	
	“Em suma, um texto original jamais combinava com suas cópias precisamente pela multiplicação de variantes introduzidas de maneira involuntária, por falta de normas que guiassem o trabalho dos copistas [...]” (ARAÚJO, 2008, p. 39).
Biblioteca de Alexandria (290 a.C) “Exerceu profunda influência nos caminhos da editoração”. Cada diretor assumia o encargo de recuperar e normalizar, em edições críticas, o maior número possível de textos.
Destacam-se nomes: Aristófanes de Bizâncio, Apolônio, Aristarco de Samotrácia, Calímaco de Cirene – catálogo da biblioteca em 120 volumes.
Tarefa dos editores: cópias dos textos manuscritos feitos pelos autores. Envolvia também a catalogação, revisão, comentários, sumário, índice, glossários...buscavam normalizar as edições, uniformizar os textos.
Ex: divisão da Ilíada e da Odisseia em 24 cantos cada, segundo as letras do alfabeto, emprego sistemático dos sinais de pontuação, sinais críticos destinados a orientar o leitor (Aristarco de Samotrácia).
Editor – que conferia o trabalho dos copistas e do revisor em cada cópia de modo a colocar no mercado exemplares mais satisfatórios. 
	Conhece-se nome de vários editores: Atticus foi o de Cícero, e um dos seus principais correspondentes; publicou também obras de Demóstenes e de Platão; os irmãos Sosii foram os editores de Horácio, Pollius Valerianus o de Marcial, Trifão o de Quintiliano (LABARRE, 1981, p. 16).
Os livros dos monges
Bizantinos tiveram importante papel na preservação e divulgação de antigos escritores. 
São Jerônimo: editorou 64 Homilias de Orígenes e a Crônica de Eusébio está organizada em três partes: tradução, notícias de outros autores e comentários dele próprio. Foi, por certo, o maior editor de texto de sua época (ARAÚJO, 2008, p.42). 
“Durante a Idade Média, de fato, sobretudo nos conventos e abadias, buscou-se com afinco não só a conservação dos textos clássicos através das cópias, como, ainda, pretendeu-se reagrupar em grandes enciclopédias e compêndios todo o conhecimento adquirido”. Ex: Etymologiae de Isiodoro de Sevilha.
Destaque: Cassiodoro fundador de um scriptorium – estimulava a cópia de autores pagãos e cristãos, ditando ele próprio as normas que deveriam seguir.
Mosteiro de Monte Cassino, fundado por Bento de Núrsia, movimento sistemático de editoração medieval. 
Vários scriptoria tornam-se conhecidos: Itália (Bobbio, 614), Alemanha (Reichenau, 724; Fulda, 744, Corvey, 822), Inglaterra (Canterbury, 597)...
“Os monges desenvolveram efetivamente intenso trabalho de compilação de manuscritos, transcrevendo, ilustrando, reunindo os melhores exemplares destinados à mais ampla divulgação possível, sobretudo dentro da comunidade religiosa” (ARAÚJO, 2008, p. 43).
Bibliothecarius – era uma espécie de supervisor editorial que dirigia os trabalhos do scriptorium. A eles eram destinados a confecção de obras mais complexas.
Predominância numérica era dos copistas, dos monges menos hábeis.
Illuminatores – especialista em ilustração.
Produção: rendimento individual não era grande, mas em certos conventos obteve-se grande quantidade de copistas – supria as bibliotecas da época e o mercado de aristocratas, eruditos e colecionadores. 
Com as Universidades a produção de livros diversificou, inclusive no formato, para menores e mais fáceis de manusear. Surgem as oficinas leigas dirigidas por librarii, também reside a figura do copista ambulante e particular.
“as universidades chegaram a promover a elaboração em série de livros normalizados, e, por isso, autorizados para leitura como ‘bons, legíveis e verdadeiros’, como vistas ao melhor aproveitamento de alunos e mestres” (ARAÚJO, 2008, p. 44).
Os livros dos impressores
Difusão da tipografia -> aumento da velocidade de reprodução de obras. (inicialmente o objetivo da mecanização era evitar os erros das reproduções manuscritas). Mas, ainda ocorriam diversos erros de impressão, podendo ser de página, linha, palavra, letra...diferença de exemplares.
Com Gutenberg, dos tipos móveis (metal e reutilizáveis), surge o papel do impressor, do tipógrafo, editores – responsáveis pela normalização do texto e pelo conjunto da obra que imprimiam. + Difusão do PAPEL.
Destaque: Bíblia de Gutenberg (1455) – marca o inicio da produção de livros impressos/ livros modernos. A Bíblia foi toda impressa em colunas duplas, em sua maior parte com 42 linhas por página. As letras maiúsculas e os títulos são ornamentados à mão e coloridos. 
Fust e Schöffer, que imprimiram o Saltério de Mogúncia, primeiro livro em que figuram data, colofão e letras capitulares em cores (1457).
Em 1460, o vocabulário Catholicon é impresso com prefácio.
	“Nos séculos XV a XVIII, a censura tinha tal poder de interferência sobre a edição de livros, que todas as publicações deveriam circular com licenças impressas, a ponto de uma mesma obra incluir três ou mais licenças legais e/ou eclesiásticas. Essas licenças atestavam que o texto impresso estava em acordo com a doutrina da Igreja e que seu conteúdo reconhecido como temática "oficial" pela Igreja e pelo Estado, liberando-o para impressão e publicação. Os textos censurados eram relacionados no Index Librorum Prohibitorum (catálogo de livros proibidos pela Igreja) e seus autores, impressores e leitores, sujeitos a diversas penas, desde a retratação pública à pena capital”. (PINHEIRO, 1990, p. 42).
Os livros poderiam circular com declaração de "privilégio" ou "privilégio especial", que concedia ao impressor o direito de imprimir, com exclusividade, determinada obra por certo período de tempo.
1470, Von Speyer publicou uma obra com reclamos: sílaba ou palavra colocada ao pé da última página do caderno e repetida no início da primeira palavra do caderno seguinte com vistas a facilitar o alçamento. Nesse ano, surgiram na obra Homilias de São Cristovão, impresso em Roma, Folhas Numeradas.
1476, Erhard Ratdolt estampou em Veneza a primeira folha de rosto completa, com nome do autor, título da obra, nome do impressor, cidade e data de publicação. 
Diferenciação Editor de texto e o impressor, fugindo da tradição manuscrita, em que uma só pessoa se encarregava de normalizar e transcrever o original. 
Eruditos renascentistas – papel de editor – preparador de originais. Ex: Erasmo de Roterdã (preparou edição biligue grego e latim do Novo Testamento), Aldo Manuzio (inventou o itálico, apareceu em 1550 e a fonte in-oitavo, menor que as utilizadas, menor custo, mais produção). 
Os editores-impressores publicavam principalmente autores clássicos e tratados de teologia, tratados jurídicos, de medicina etc., mas também livros didáticos para o ensino universitário.
Os livros dos editores
Do século XVI datam as primeiras casas publicadoras ou editoras dirigidas por pessoas sem qualquer vínculo com a “famosa arte de impressão”.
A partir do século XVII consolidam-se nos centros urbanos, separam as funções do publicador das do impressor ou tipógrafo e das do livreiro, o que se torna definitivo com a especialização imposta pela Revolução Industrial. 
XVIII – vulgarização da brochura. Apelo visual cada vez mais presente.
1850 – torna-se tendência irreversível ainda na primeira metade do século XX: “livro de massa” ou “livro de bolso”. Lançado na Inglaterra em 1935, com os Penguin Books.
Separação do filólogo do moderno editor de texto: o primeiro parte de operações filológicas em sua apreciação do original, por amor à palavra, à fidedignidade do texto e à transmissão de seu conteúdo. 
Editoração, técnica de editoração – disciplina autônoma, mantém estreito contato com a filologia (vínculo com a escrita, da transmissão da palavra escrita, da leitura e da penetração do texto), vai além...preocupa com o suporte material.
Novo contexto com os meios de comunicação, periódico, rádio, televisão, internet...Sítios da internet tem suas particularidades, projeto gráfico, forma e conteúdo, assim como os periódicos e livros eletrônicos...
Editoração eletrônica...designer gráfico....editor de tv, editor de som....termo dilatado, polissêmico!
No âmbito restrito da produção de livros, a editoração pode ser definida no Brasil como um conjunto de tarefas do editor, que consistem basicamente em supervisionar a publicação de originais em todo o seu fluxo pré-industrial (seleção, normalização) e industrial (projeto gráfico, composição, revisão, impressão e acabamento) (ARAÚJO, 2008, p. 54).
Ciente do papel do editor, quais competências faria desse profissional um bom editor? 
Então, você quer ser editor(a) de livros? 
A editora Aline Naomi, de São Paulo, expõe em seu blog “Breves Fragmentos” o que significa ser um bom editor. Segundo ela, os princípios a seguir são baseados em experiências e observação. 
“Ser uma BOA editora, é um processo muito árduo e lento”
Disponível em: < http://brevesfragmentos.blogspot.com.br/search?q=bom+editor /> 
Bom, mas é sempre tempo de começar a ler e tornar-se um leitor!
Em todo caso lembre-se da interdisciplinaridade: recorram aos colegas formados em Letras!
Mantenha-se sempre atualizado, leia revistas, jornais, veja filmes e converse com as pessoas!
Obrigada
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