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GOMES LUND VS BRASIL

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Curso de Direito
CASO GOMES LUND VS ESTADO BRASILEIRO
Muriaé-MG
18 de setembro de 2017
Curso de Direito
CASO GOMES LUND VS ESTADO BRASILEIRO
Trabalho entregue ao professor Geane Mendes Barbosa Bernardo como requisito parcial para a obtenção de nota na disciplina de Direitos Humanos do curso de Bacharelado em Direito do Centro Universitário UNIFAMINAS.
Acadêmico (a): 
Laila Carolina Oliveira
Patricia de S. Lopes
Rayssa de S. Nolasco
Thais Julia C. Pedrosa
Período: 8º Turma: B
Muriaé-MG
18 de setembro de 2017
INTRODUÇÃO 
O Caso Gomes Lund, também conhecido como o Guerrilha do Araguaia, ocorreu nas regiões sudeste do Pará de forma mais específica na região popularmente conhecida como ‘Bico do Papagaio’, ocorrendo entre meados da década de 1960 quando os primeiros militantes do Partido Comunista do Brasil (PC do B) chegaram a esta região do país. 
Nesta operação deflagrada pelo governo brasileiro foram utilizados esquadrões especialmente treinados na contenção de milícias, bem como diversos mateiros atuando como guias destes, visto que muitos destes mateiros atuaram nas buscas de vestígios humanos relativos a este massacre, no ano de 2009 por determinação da Justiça Federal.
Após a ocorrência deste ataque, e sem notícias dos familiares, as famílias dos militantes buscaram informações junto ao governo e a estes foram negados acesso a estas. Assim buscaram auxilio da OEA no intuito de solucionar tal questão.
APORTE SOBRE A GUERRILHA DO ARAGUAIA
Em meados da década de 60, um grupo de aproximadamente 70 militantes do Partido Comunista Brasileiro – PC do B se instalaram na região do Araguaia, local sem qualquer estrutura do poder público com o intuito de doutrinar a população da região de forma a implementar o socialismo e seus afins por meio de forças armadas.
Insta salientar que durante todo o período não houveram movimentações armadas por parte dos militantes, ocorrendo somente a disseminação dos ideais anteriormente citados, conforme afirma PINTO (2013):
Todos os integrantes (militantes e camponeses) da chamada “Guerrilha do Araguaia”, que repita-se sequer foi posta em prática, até o final do ano de 1973, foram mortos (dizimados) pelos órgãos de repressão do governo militar no Brasil à época.
No intuito de acabar com movimento de implementação do socialismo no Araguaia, o governo ditatorial brasileiro implementou a atividade de diversos ataques contra os militantes locais, por volta de aproximadamente seis, sendo o primeiro um total fracasso em virtude do desconhecimento da região, e, após este foram promovidos outros, contudo de forma diversa e mais organizada.
O governo se valeu da infiltração de agentes do exército nas regiões próximas e de mesma forma na coleta de informações sobre a milícia que ali se formava, sobre a população da área, entre outras atividades, como a tortura de civis que na região moravam conforme afirma JUNIOR (2014).
Meses antes do embate, infiltraram tropas entre os ribeirinhos e foram aprendendo sobre a área e colecionando informações sobre os militantes que ali se encontravam. Com algumas doses de crueldade, torturavam locais a fim de descobrirem mais sobre os militantes.
De mesma forma descreve PEIXOTO (2011), vejamos:
Meses antes do embate, infiltraram tropas entre os ribeirinhos e foram aprendendo sobre a área e colecionando informações sobre os militantes que ali se encontravam. Com algumas doses de crueldade, torturavam locais a fim de descobrirem mais sobre os militantes. 
Findo, foi a realização do grande ataque à região e operação de limpeza, na qual o exército brasileiro se valeu de táticas de extermínio em massa, ou seja, foram utilizados para tanto helicópteros, paraquedistas, aviões bombardeiros, grupos táticos de extermínio terrestre, visto que para tanto os militares portavam armas de grosso calibre.
Cumpre ressaltar que todos os ataques ocorreram por ordem do presidente da república, General Médici com ordens claras que ninguém poderia sair vivo do local e que estes ataques aconteceram de forma silenciosa, ou seja, sem que fosse noticiado pela imprensa. Ainda de mesma forma, grande parte dos guerrilheiros foram executados enquanto estavam sob custódia do exército brasileiro, conforme descreve PINTO (2013), veja:
Essas operações militares foram realizadas na clandestinidade, ou seja, a sociedade, a imprensa, ninguém sabia ou teve conhecimento, na época, da existência da citada “Guerrilha”. Havia uma ordem expressa do então Presidente da República, General Médici, para que “ninguém saísse vivo de lá”.
Metade dos “guerrilheiros” foi executada quando estavam sob a tutela (guarda) do poder público, no caso, quando estavam sob custódia dos militares.
De mesma forma demostra PEIXOTO (2011, p. 4-5) nem mesmo
A execução de Walquíria, a última guerrilheira, no campo de concentração que foi a base militar de Xambioá, marcou o fim da guerrilha, mas não das operações militares, que se seguiram com a ocultação dos cadáveres. As prováveis operações de ‘limpeza’ foram realizadas de diversas maneiras, a confiar nos relatos colhidos pela ouvidoria do Grupo de Trabalho Tocantins, criado pelo Ministério da Defesa para cumprir a sentença da juíza federal Solange Salgado
De mesma forma, em que ocorreu o extermínio dos militantes se deu com a população da região que tinha conhecimento das operações militares na região, ou seja, grande a amplo extermínio e tortura destes, tendo por cunho a supressão de informações sobre o ocorrido.
Conforme tal informação se corrobora em virtude da existência de um grupo de tortura especialmente designado para a operação no Araguaia, conhecida como Associação dos Torturadores da Guerrilha do Araguaia, tal fato é descrito por PEIXOTO (2011, p. 6), que
A própria existência da Associação dos Torturados da Guerrilha do Araguaia, na localidade de São Domingos do Araguaia (PA), vidência a violência cometida pelo Estado, fato sobre o qual não se pode simplesmente passar uma borracha, como ainda querem setores do Estado.
Após tais atos de atos de atrocidades realizados pelo governo brasileiro, as famílias dos mortos aguardavam o retorno dos corpos dos desaparecidos, entretanto tal fato não se deu.
Desta forma ingressaram em 1982 com uma Ação Civil Pública objetivando conhecer o que ocorreu com seus membros familiares, no qual não foram afortunados, não podendo no sistema interno brasileiros obter respaldo em seus pedidos.
A CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS E A CONDENAÇÃO DO GOVERNO BRASILEIRO
Na data de 07 de agosto de 1995, o Centro pela Justiça e o Direito Internacional - CEJIL foi procurado pelas famílias das vítimas do Araguaia, tendo por intuito representar o Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos, visto como ocorreu.
Ao ser indagado acerca da denúncia, o Governo brasileiro se eximiu da responsabilidade pelos atos praticados contra os militantes do Araguaia, bem como requereu o arquivamento do feito, tendo por base a Lei de Anistia.
Junto a Corte, foi solicitado pela CEJIL que se averiguasse acerca solucionar os conflitos existentes entre as Leis de Anistia e o desparecimento forçado de pessoas, de mesma forma que efetuasse a condenação do Governo Brasileiro à responsabilidade em decorrência a violação dos direitos humanos determinados nos artigos 3, 4, 5, 7, 8, 13 e 25 da Convenção Interamericana de Direitos Humanos ao qual o Brasil é signatário, veja o que descreve PINTO (2011):
            A Comissão solicitou à Corte, que verificasse ainda o seguinte: que declarasse que o Estado Brasileiro é responsável pela violação dos direitos estabelecidos nos artigos 3 (direito ao reconhecimento da personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5 (direito à integridade pessoal), 7 (direito à liberdade pessoal), 8 (garantias judiciais), 13 (liberdade de pensamento e expressão) e 25 (proteção judicial), da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em conexão com as obrigações previstasnos artigos 1.1 (obrigação geral de respeito e garantia dos direitos humanos) e 2 (dever de adotar disposições de direito interno) da mesma Convenção, bem como, solicitou à Corte que ordene ao Estado Brasileiro a adoção de determinadas medidas de reparação.
De forma diversa o Estado Brasileiro requereu a incompetência da Corte, bem como o arquivamento do feito, a falta de esgotamento dos recursos internos e a falta de interesse da CJIL e de seus representantes. No mesmo tocante ainda suscitou o princípio da legalidade, visto que a representação e os fatos se deram antes da assinatura da Convenção pelo Estado Brasileiro em 1998.
Contudo de forma errônea o Estado brasileiro não se atentou ao fato de que o desaparecimento forçado de pessoas constitui sequestro e sua consumação se perfaz ao longo do tempo, ou seja mantem seus efeitos até a liberação da vítima.
Após a análise dos argumentos apresentados e as devidas ponderações correlatas a Corte Interamericana de Direitos Humanos, em 24 de novembro de 2010, proferiu a seguinte decisão:
a)     Que a demanda se referia à responsabilidade do Estado Brasileiro pela detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado de cerca de 90 (noventa) pessoas, entre militantes do PC do B e camponeses, na “Guerrilha do Araguaia”, tudo resultado de operações militares, patrocinadas e realizadas pelo governo brasileiro, entre os anos de 1972 e 1975, a fim de aniquilar os integrantes retro mencionados.
b)     As disposições da Lei de Anistia brasileira que impedem a investigação e sanção de graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a Convenção Americana, carecem de efeitos jurídicos e não podem seguir representando um obstáculo para a investigação dos fatos do presente caso, nem para a identificação e punição dos responsáveis, e tampouco podem ter igual ou semelhante impacto a respeito de outros casos de graves violações de direitos humanos consagrados na Convenção Americana ocorridos no Brasil.
c)     O Estado é responsável pelo desaparecimento forçado e, portanto, pela violação dos direitos ao reconhecimento da personalidade jurídica, à vida, à integridade pessoal e à liberdade pessoal, estabelecidos nos artigos 3, 4, 5 e 7 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em relação com o artigo 1.1 desse instrumento, em prejuízo das pessoas indicadas no parágrafo 125 da presente Sentença, em conformidade com o exposto nos parágrafos 101 a 125 da mesma.
d)     O Estado descumpriu a obrigação de adequar seu direito interno à Convenção Americana sobre Direitos Humanos, contida em seu artigo 2, em relação aos artigos 8.1, 25 e 1.1 do mesmo instrumento, como consequência da interpretação e aplicação que foi dada à Lei de Anistia a respeito de graves violações de direitos humanos. Da mesma maneira, o Estado é responsável pela violação dos direitos às garantias judiciais e à proteção judicial previstos nos artigos 8.1 e 25.1 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em relação aos artigos 1.1 e 2 desse instrumento, pela falta de investigação dos fatos do presente caso, bem como pela falta de julgamento e sanção dos responsáveis, em prejuízo dos familiares das pessoas desaparecidas e da pessoa executada, indicados nos parágrafos 180 e 181 da presente Sentença, nos termos dos parágrafos 137 a 182 da mesma.
e)     O Estado é responsável pela violação do direito à liberdade de pensamento e de expressão consagrado no artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em relação com os artigos 1.1, 8.1 e 25 desse instrumento, pela afetação do direito a buscar e a receber informação, bem como do direito de conhecer a verdade sobre o ocorrido. Da mesma maneira, o Estado é responsável pela violação dos direitos às garantias judiciais estabelecidos no artigo 8.1 da Convenção Americana, em relação com os artigos 1.1 e 13.1 do mesmo instrumento, por exceder o prazo razoável da Ação Ordinária, todo o anterior em prejuízo dos familiares indicados nos parágrafos 212, 213 e 225 da presente Sentença, em conformidade com o exposto nos parágrafos 196 a 225 desta mesma decisão.
f)      O Estado é responsável pela violação do direito à integridade pessoal, consagrado no artigo 5.1 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em relação com o artigo 1.1 desse mesmo instrumento, em prejuízo dos familiares indicados nos parágrafos 243 e 244 da presente Sentença, em conformidade com o exposto nos parágrafos 235 a 244 desta mesma decisão.
Desta forma condenou o Estado Brasileiro a realização de diversos atos, a citar como exemplo a realização de um ato público de responsabilização pelo caso Gomes Lund e outros, realização de todos os esforços para determinar o paradeiro das vítimas desaparecidas, entre outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visto as diversas promoções de operações de extermínio realizadas pelo governo brasileiro no período de ditadura militar, no intuito de conter e apagar os pontos de informação acerca da guerrilha do Araguaia. 
Com a realização dos duros ataques e as séries de ações para apagar os rastros deixados pela ação militar, com a falta de publicidade dos atos realizados contra os militantes do PC do B no Araguaia em 1966, bem como o intento interno a época em não solucionar os pedidos dos familiares das vítimas do caso de encontrar seus entes familiares por meio da Ação Civil Pública ajuizada, no ano de 1982.
Diante de todos os fatos expostos, resta clara a violação pelo Governo Brasileiro acerca dos direitos humanos estabelecidos pela Convenção interamericana de Direitos Humanos, pois ao se observar as formas em que se deu a repressão ao movimento instalado na região, os meios que foram utilizados para tal em contrapartida a um movimento que não havia se iniciado de forma armada. Cumpre ressaltar mais uma vez que, foi realizado o extermínio de grande parte dos militantes quando estes estavam sob a total custódia dos militares e a ordem do Presidente da República a época.
De forma acertada a Corte Interamericana de Direitos Humanos atuou no intuito de defender os direitos violados pelo Governo Brasileiro e que a sentença desta Corte foi de forma justa na pacificação que se espera desta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PEIXOTO, Rodrigo Corrêa Diniz. Memória social da Guerrilha do Araguaia e da guerra que veio depois. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum. Belém, v. 6, n. 3, p. 479-499, set.-dez. 2011.
JUNIOR, Demercio. A GUERRILHA DO ARAGUAIA. Disponível em: < http://guerras.brasilescola.uol.com.br/seculo-xx/a-guerrilha-araguaia.htm >. Acesso em: 10 nov 2017.
PINTO, Marcos José. O Caso Gomes Lund e outros versus Estado Brasileiro ("A Guerrilha do Araguaia"). Disponível em: < http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,o-caso-gomes-lund-e-outros-versus-estado-brasileiro-a-guerrilha-do-araguaia,45992.html >. Acesso em: 09 nov 2017.

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