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Aula 01 – Políticas de Ação Afirmativa
Introdução
Nesta aula, estudaremos a importância das políticas de ação afirmativa como medidas especiais que objetivam diminuir as desigualdades historicamente acumuladas por grupos sociais específicos.
Além disso, abordaremos as diferentes concepções de exclusão social e sua articulação com as políticas de ação afirmativas como desdobramentos das lutas dos movimentos sociais e indicaremos como sua implementação impõe limites e possibilidades ao exercício profissional dos assistentes sociais.
O conceito de exclusão social
De acordo com Barrígio apud Escorel (2010), a noção “exclusão social” teve origem e alcançou seu maior desenvolvimento em solo francês.
Na França, a partir dos anos 1980, frente a um panorama de desigualdades e de mudança do perfil de pobreza, a noção de exclusão social estabeleceu-se no debate público e acadêmico.
A categoria exclusão social é construída a partir de uma unidade de características negativas, definidas por oposição e os grupos sociais a que se fazem referência são nomeados como “os sem” (terra, trabalho, pão, normalidade, teto...). Sarah Escorel
Exclusão de grupos indesejáveis
Com relação a exclusão de grupos indesejáveis, a autora Barrígio apud Goffman (2010) traz uma discussão importante sobre estigma em que menciona três tipos diferentes:
1 – Em primeiro lugar, há as várias deformidades físicas;
2 – Em segundo, as culpas de caráter individual, percebidas como vontade fraca, paixões tirânicas ou não naturais, crenças falsas e rígidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir de relatos conhecidos, por exemplo, de distúrbio mental, prisão, vício, alcoolismo, homossexualidade, desemprego, tentativas de suicídio e comportamento político radical.
3 – Finalmente, há os estigmas tribais de raça, nação e religião, que podem ser transmitidos através de linhagem e contaminar por igual todos os membros de uma família.
Exclusão social e cidadania
Faleiros (2006), ao refletir sobre a relação entre exclusão social e cidadania, ressalta que a exclusão é um impedimento, uma barreira, uma fronteira elaborada socialmente em relações de poder, que dividem os grupos, de forma a estabelecer hiatos e acrescenta:
“A exclusão é definida como negação da cidadania, da garantia e efetividade de direitos civis, políticos e sociais, ambientais e da equidade de gênero, raça, etnia e território. A exclusão é um processo dialético e histórico, decorrente da exploração e da dominação, com vantagens para uns e desvantagens para outros, estruturantes da vida das pessoas e coletividades, diversificada, relacional, multidimensional e com impactos de disparidade, desigualdade, distanciamento, inferiorização, perda de laços sociais, políticos e familiares, com desqualificação, sofrimento, inacessibilidade a serviços, insustentabilidade e insegurança quanto ao futuro, carência quanto às necessidades, com invisibilidade social, configurando um distanciamento da vida digna, da identidade desejada e da justiça” (p. 112).
Conceito baseado nas ideias marxistas
Oliveira (2013) apresenta outra vertente da discussão – assentada na tradição marxista – do conceito de exclusão. Segundo ele:
 “Parece recomendável, assim, por razões teóricas, mas também práticas, que se reserve o conceito de excluídos para aqueles grupos que primeiro foram assim chamados. Em termos bem empíricos, no Brasil eles são os moradores e meninos de rua, os desempregados das favelas e periferias, muitos convertidos em ‘flanelinhas’ e mesmo em delinquentes, os catadores de lixo etc. Mais do que simplesmente pobres, eles estão mais próximos do que normalmente designamos miseráveis.
Em termos mais analíticos, qual seria a sua especificidade? Como vimos, o primeiro elemento que desponta na sua constituição é o fato de serem pessoas sem inserção no mundo normal do trabalho (...). Em outros termos, a perspectiva da produção do que hoje chamamos excluídos, em decorrência do próprio crescimento econômico, já está presente em Marx. Só que, na sequência do seu argumento, essa população excedente, ao contrário do que pareceria à primeira vista, se torna, por um efeito de retorno, funcional à acumulação capitalista, na medida em que “constitui um exército industrial de reserva disponível”. (p. 3).
Dessa forma, o autor realiza uma reflexão do processo de exclusão, a partir das desigualdades originadas no modo de produção capitalista. Ao contrário de outros autores nessa vertente os chamados “excluídos” são funcionais ao desenvolvimento do capitalismo. 
“ (...)esse lumpenproletariat, além de gerado pelo processo de acumulação, é funcional ao sistema, não apenas enquanto exército industrial de reserva, como queria Marx, mas também, nas condições brasileiras, enquanto fator que vai permitir que os segmentos integrados ao setor dinâmico da economia — dos quais convém não esquecer as classes médias — se beneficiem da existência de uma mão de obra super explorada, que vai lhes prestar serviços a custos baixíssimos, liberando, assim, mais recursos que serão realocados (na compra de bens de consumo duráveis, por exemplo) no setor dinâmico. (p. 4).
Nessa perspectiva, esses segmentos não poderiam ser chamados de excluídos uma vez que sua existência está atrelada ao modo de produção capitalista.
(...) como será possível falar em excluídos, ‘apartados’, pessoas que estão ‘fora’ etc., se elas estão, por vias transversas, ‘integradas’ ao sistema econômico? Dito de outra forma: qual o sentido de falar em duas ordens de realidade, dos ‘incluídos’ e dos ‘excluídos’, se ambas são produzidas por um mesmo processo econômico, que de um lado produz riqueza e, do outro, miséria? E, mais que isso, se a miséria assim produzida se torna, ao que tudo indica, funcional para a acumulação de riquezas no polo oposto? (p. 3).
Aspecto fundamental
O mais importante dentro do que já vimos até aqui, é entendermos que:
Em nossa sociedade há grupos que não participam das “conquistas” sociais.
Ou seja, que se encontram excluídos da riqueza socialmente produzida e que esses grupos são conceituados de maneiras distintas de acordo com a perspectiva teórica dos autores.
Excluídos ou não, em geral esses grupos devem ser alvo de ações por parte do Estado, a fim de que sua inserção, na sociedade, ocorra de maneira mais igual.
A diminuição dessas desigualdades é compatível com alguns dos princípios do código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais, tais como:
- Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda a sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras;
- Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida.
O que são ações afirmativas?
Podemos dizer que a ação afirmativa se constitui uma série de políticas públicas desenvolvidas com o objetivo de contribuir para a ascensão de grupos socialmente minoritários, sejam grupos sexuais, étnicos, culturais, portadores de deficiências, ou seja, grupos que são excluídos socialmente.
Logo, percebemos que as políticas de ação afirmativa têm o objetivo de amenizar as desigualdades sociais resultantes dos processos de exclusão social.
Sistema de cotas
O primeiro sistema de cotas foi implementado na Índia, na década de 1940, em benefício das pessoas oriundas das castas inferiores.  
Contudo, é possível compreender que as ações afirmativas, como política pública têm sua origem nos Estados Unidos, a partir da década de 1960, com a extensão dos Direitos Civis.
Foi a resposta à pressão dos grupos organizados da sociedade civil norte-americana, especialmente dos “movimentos negros”. Entre os países que adotaram a política de cotas, além do Brasil e da pioneira Índia, encontram-se: Peru, Argentina, África do Sul, Nigéria, Israel, Malásia e diversos países da Comunidade Europeia.
As políticas de ação afirmativa visam oferecer aos grupos discriminados e excluídos da sociedade um tratamento diferenciado com o objetivode compensar algumas desvantagens que alguns grupos enfrentam no cotidiano.
Mas, afinal como surgiram as políticas de ação afirmativa no Brasil?
A partir dos anos 1980, visando amenizar as expressões da questão social e responder as lutas dos grupos organizados por meio da promoção social dos cidadãos, o país iniciou a implementação de alguns programas e políticas de ação afirmativa com o propósito de reconhecer as situações de direitos negados que perpassaram a história brasileira.
Foi a partir dos anos 1990, com a luta e intensa pressão do movimento social negro, que o governo brasileiro (na gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso) determinou o reconhecimento da existência do racismo e seus inúmeros desdobramentos no Brasil, inserindo esse tema na agenda política do país.
O que significa ação afirmativa como política pública?
Os debates contemporâneos em torno das políticas de ações afirmativas articulam-se com a noção de políticas compensatórias, específicas, focalizadas e, dessa forma, opõe-se ao ideário de universalização e igualdade de direitos.
Conforme Nascimento (2013),
“Mesmo caracterizando-se como tratamento específico para determinados grupos sociais em situação social-histórica de desvantagem, tais políticas podem fazer parte de uma estratégia de promoção de igualdade entre os diversos grupos de uma dada sociedade. Ou seja, no processo de democratização que desejamos ver instaurado no Brasil, o conceito de ação afirmativa e as políticas concretas que surgem a partir dele são instrumentos fundamentais, que nasceram nas lutas de afirmação de identidade, de cidadania e de direitos dos movimentos sociais.”
Ao se constituir essa opção, que é uma opção ética, afirma-se a defesa do direito de viver com dignidade, com liberdade e com iguais possibilidades de participação (e de acesso aos bens materiais e imateriais). Podemos afirmar que uma política de democratização consiste na criação daquilo a que, necessariamente, todos devem ter acesso, criando os meios que assegurem esse acesso. É nesse ponto que o conceito de ação afirmativa é importante”. (p. 03).
Vale ressaltar que a ação afirmativa é entendida como uma política que visa combater desigualdades e garantir o acesso a direitos, bens e serviços. Ou seja, as ações afirmativas têm possibilitado que as “minorias sociais” alcancem a igualdade de oportunidades que se materializam, sob a ótica de políticas públicas desenvolvidas e implementadas pelo governo brasileiro. 
 Contudo, não devemos perder de vista a luta pela ampliação e consolidação das políticas de caráter universal.
Como o Estado se posiciona frente às lutas sociais?
Até aos anos 1990, é possível identificar tímidas tentativas de corrigir a desigualdade social no Brasil, ou seja, o direito e a diferença foram reconhecidos nas leis:
- Decreto-Lei 5.452/43 (CLT), que prevê, em seu art. 354, cota de dois terços de brasileiros para empregados de empresas individuais ou coletivas.
- Decreto-Lei 5.452/43 (CLT), que estabelece, em seu art. 373-A, a adoção de políticas destinadas a corrigir as distorções responsáveis pela desigualdade de direitos entre homens e mulheres.
- Lei 8.112/90, que prescreve, em art. 5º, § 2º, cotas de até 20% para os portadores de deficiências no serviço público civil da união.
- Lei 8.213/91, que fixou, em seu art. 93, cotas para os portadores de deficiência no setor privado.
- Lei 8.666/93, que preceitua, em art. 24, inc. XX, a inexigibilidade de licitação para contratação de associações filantrópicas de portadores de deficiência.
- Lei 9.504/97, que preconiza, em seu art. 10, § 2º, cotas para mulheres nas candidaturas partidárias.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5, institucionaliza a igualdade entre todos os brasileiros quando diz:
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. (Brasil, 2000, p. 2) 
Todavia, esse artigo, apesar de representar um avanço, não foi capaz de garantir o igual acesso a todos os brasileiros aos bens e serviços, fazendo-se necessária a implementação de medidas que visem diminuir estas disparidades.
Somente por meio da Lei nº 3708, de 09 de novembro de 2001 que:
“Institui cota de até 40% para as populações negra e parda no acesso à Universidade do Estado do Rio de Janeiro e à Universidade Estadual do Norte Fluminense, e dá outras providências”. (p. 2)
Pode-se falar em política de ação afirmativa no país. Na trilha do que foi realizado de forma pioneira pelo Rio de Janeiro, em agosto de 2012, é sancionada a Lei nº 12.711/2012 que implementa as cotas raciais e sociais.
É importante registrar que o atendimento às reivindicações desses grupos específicos não se manifestam somente no acesso ao ensino superior. Na política de saúde por meio de programas específicos é possível perceber as tentativas de atendimentos dessas necessidades:
- Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher;
- Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa;
- Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.
 Além da saúde, é possível identificarmos, em outras políticas, as tentativas de fortalecimento desses grupos:
- Política de Educação inclusiva;
- Política Nacional de Educação Especial.
 O mais importante é registrarmos que essas políticas e outras que abordaremos nesta disciplina, têm como objetivo fundamental diminuir as desigualdades sociais que são causadas ou agravadas pela organização capitalista da sociedade possibilitando que segmentos historicamente prejudicados tenham acesso aos benefícios da riqueza socialmente produzida.
Finalizando
Você sabia?
O Conselho Federal de Serviço Social CFESS tem um link chamado CFESS Manifesta, no qual o Conselho expõe os posicionamentos da categoria sobre os mais diversos assuntos, inclusive sobre as políticas de ação afirmativa.

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