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Resenha sobre História da Educação Piauiense

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MENDES, Francisco Iweltman Vasconcelos. História da educação piauiense. Sobral: EGUS, 2012. 31-173 p.
1 SOBRE O AUTOR
Possui graduação em Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (1988), Especialização em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Federal do Ceará (1989), Graduação em Licenciatura Plena em Estudos Sociais pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (1988), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Piauí (1999) e doutorado em Educação - Universidad de La Empresa (2011). Atualmente é estatutário da Universidade Federal do Piauí e Professor Substituto da Universidade Estadual do Piauí. Outras produções:
MENDES, F. I. V. . Porto de Luís Correia Histórico de um sonho. 2009. (Editoração/Livro). 
MENDES, F. I. V. . PARNAÍBA História & Geografia. 2006. (Editoração/Livro). 
2 RESUMO DA OBRA
O resumo da obra trata sobre a história da educação do Piauí nos períodos do Brasil colônia, Brasil império e Primeira República 
3 PERÍODO COLONIAL
 O período colonial educacional é marcado pela vinda dos jesuítas ao Brasil. Em relação ao Piauí, os jesuítas herdaram 39 fazendas, em 1711, do colonizador Domingos Afonso Mafrense. Depois do estabelecimento, os jesuítas se dividiram em dois grupos para ajudar na administração das fazendas, entretanto, as preocupações com as fazendas eram superiores as da educação, deixando de lado atitudes educacionais. Apenas havia a educação catequética, afim de facilitar a colonização do delta do Rio Parnaíba e um trabalho jesuítico na Vila da Mocha que preparava filhos de colonos e fazendeiros para a ocupação de funções públicas. O seminário do rio Parnaíba, localizado na Vila da Mocha, foi a única referência educacional criada pela companhia de jesus, no Piauí. O seminário acabou sendo transferido para a capitania do maranhão, fazendo com que as famílias com mais condição mandassem seus filhos para outras capitanias para que pudessem estudar, enquanto que as famílias mais podres tiveram que esperar para um novo colégio. Houve, então, a criação de duas escolas divididas por gênero, uma para meninos (que aprenderiam a contar, ler, escrever e a doutrina cristã) e outra para meninas (que aprenderiam o mesmo que os meninos, mas com o adicional de aprender também a cozer, fiar e rendar). O crescimento das finanças dos jesuítas no Brasil fez com que se tornassem ameaça para a coroa portuguesa, o que resultou na expulsão dos mesmos, interrompendo, assim, as mínimas iniciativas no campo educacional piauiense, que acabou ficando em esquecimento.
Deu-se então a reforma pombalina. Marquês de Pombal propõe um modelo educacional que visava uma nova escola voltada principalmente para interesses do Estado português, com novo currículo que abrangeria matérias como: latim, grego, retórica, aritmética, álgebra e geometria. E também um desvinculo com a igreja. A prática educativa do período pombalino não teve tanto sucesso, uma vez que havia vários problemas com o despreparo de professores para o ensino e uma má remuneração. Havia a proibição do emprego da língua indígena e era ensinado mais latim e grego do que o próprio português. Implantou-se, na capitania piauiense, o subsídio literário para o financiamento da educação, porém não houveram muitos avanços. A única atitude positiva, em relação a criação de escolas, deu-se com a criação de uma cadeira de latim na Vila da Parnaíba, em 1788. A situação da capitania fica ainda mais complicada quando a arrecadação do subsidio literário do Piauí é transferido para a fazenda Real do Maranhão, que dificulta ainda mais a manutenção do sistema educacional. O até então governador da capitania, Carlos César Bulamarque, reivindica o retorno do controle dos impostos para a capitania do Piauí para a implantação de cadeiras de latim. No entanto, o pedido só foi atendido em 1815, quando houve a criação de uma cadeira de primeiras letras na Vila da Parnaíba, que oferecia o salário baixo de sessenta mil réis anuais, e acabou não sendo preenchida. A cadeira de latim é, então, restaurada e com um aumento no salário dos professores. Contudo, as criações dessas cadeiras não garantiam o seu funcionamento, pois havia vários fatores que não permitiam o seu sucesso, um deles foi o baixo financiamento das aulas régias, que se teve um momento crítico entre o período de expulsão jesuítico e a criação do subsidio literário. Sem recursos para as atividades educacionais o governador da capitania, João Pereira, implanta o sistema de pagamento com peneiros de farinha aos professores. A criação do subsidio literário tinha o objetivo de cobrar impostos, afim de remunerar os professores e fazer manutenções em escolas, todavia, esse subsidio não era cobrado regularmente e obteve diversas fraudes fazendo com que os professores ficassem grandes períodos sem receber.
Com a feitura da primeira carta magna para Portugal e Seus domínios, houve a participação dos representantes do Piauí nas cortes de Lisboa. O principal representante da capitania piauiense, foi Pe. Domingos da Conceição que tentava de todo modo defender a educação e os mestres piauienses, denunciando tanto a falta de escolas como o mal salário pago aos professores. Outro representante importante foi o deputado Dr. Miguel Borges, que não escondia a realidade da educação piauiense. Porém, a constituinte estava mais preocupada com debates relacionados a política do que sobre a educação, não ouvindo as reivindicações dos representantes.
4 PERÍODO IMPERIAL 
O Período imperial começa com diversas conturbações logo após a independência do Brasil. Foi no Brasil Império que se estabeleceu a constituição de 1824, na qual solicitava a educação gratuita e para todos, e a criação de colégios e universidades. No Piauí não houveram muitas melhorias. O governador da capitania manteve as cadeiras de latim de Oeiras e de Parnaíba, e foram criadas outras escolas de primeiras letras em outras regiões, no entanto, o desempenho dessas escolas não obtiveram sucesso, uma vez que a população urbana e rural era pequena e dispersa. Houve a lei Imperial de 15 de outubro de 1827 deveria implantar escolas elementares em todas as cidades, com um novo currículo educacional dividido por gênero, na qual meninos aprenderiam a ler, escrever, as quatro operações da aritmética, decimais, noções gerais da gramática, entre outros, e as meninas aprenderiam o mesmo com acréscimo de aulas de prenda doméstica. O cargo de professor era sempre incerto, pois não havia pessoas qualificadas para o cargo e quando tinha acabavam abandonando a cátedra por falta de pagamento. Mesmo com leis que se destinavam a melhoria da educação, o processo de educação ainda permaneceu precário. 
Houve, ainda, no Brasil a tentativa de introdução do método Lancaster de ensino, que consistia em alunos mais avançadas ensinarem outros alunos a aprenderem. Este método não obteve sucesso no Piauí, uma vez que não havia mestres locais preparados para a aplicação do método. 
Houveram algumas iniciativas educacionais do poder público no Piauí com a criação de quatro importantes educandários. O quadro educacional do Piauí, até 1854, já havia se modificado bastante, ora aumentando, ora diminuindo o número de escolas primarias. Algumas dessas iniciativas foi a criação do Liceu Provincial que era um estabelecimento de educação secundaria que agregava sete cadeiras: latim, francês, inglês, geometria, aritmética, geografia, retorica e poética, e filosofia racional e moral. O curso deveria durar três anos. O Liceu não possuía um prédio próprio e as aulas eram ministradas nas casas dos mestres. Em 1852, o Liceu é transferido para Teresina com novas acomodações. Contudo, acabou sendo extinto em 1861 por não possuir uma grande frequência de alunos e em alguns anos, em 1867, é novamente restaurado pelo governador Luna Freire. O colégio de Educando Artífices também foi uma das iniciativas que teve um estabelecimento conturbado, o colégio tinha o objetivo de abrigar órfãos e meninos pobres
para instrui-los ao ensino elementar e profissional, com diversos cursos. Funcionava em regime de internato e garantia alimentação, vestimentas e saúde. O educando foi transferido para Teresina em 1852. Existiu, também, a escola normal do Piauí, que tinha como objetivo formar mestres para ensinar as primeiras letras nos colégios públicos que não tinha mão de obra especializada. Mas acabou sendo extinta e depois é reinstalada em 1882, com apenas dois anos de duração para ambos os sexos e um novo currículo. A primeira tentativa de implantação educacional agrícola no Piauí deu-se pelo estabelecimento Rural de São Pedro D’Alcântara, que tinha como objetivo acolher ingênuos e libertos menores, oferecendo-lhes educação física, moral, religiosa, entre outras. 
No que tange o ensino particular piauiense, também houveram iniciativas, com o péssimo desempenho do ensino público no Piauí, cabia as famílias mandar seus filhos para outras Províncias para que obtivessem educação apropriada ou coloca-los em colégios particulares. Uma dessas iniciativas foi a Escola Boa Esperança fundada pelo Pe. Marcos Araújo Costa, que era de ensino primário e secundário. Houveram outras iniciativas particulares estimuladas pelo governo da província e também organizadas pelo padre Francisco Domingos de Freitas, na Fazenda Peripery, que fundou uma escola primaria e um curso de Latim. 
5 PRIMEIRA REPUBLICA
 A Primeira República foi o momento em que a educação era considerada ferramenta modernizadora, foi um período marcado por diversas reformas no ensino. Nas primeiras décadas do século XX, o Piauí ficou marcado pela preocupação com a educação elitista, cívica e patriótica do indivíduo. Poucas foram as mudanças em relação a educação na passagem do império para a República. Ocorreram mudanças constituintes na qual asseguravam-se os princípios da liberdade e laicidade do ensino bem como a responsabilidade de manutenção da rede escolar e sua ampliação que ficariam a dever dos estados e municípios. As principais reformas da primeira republica aconteceram nos governos de Gregório Taumaturgo que tentou normatizar a educação proclamando a obrigatoriedade do ensino e delegando a responsabilidade aos municípios na condução da educação primaria; Dr. Joaquim Nogueira que estabeleceu um novo regulamento para a instrução publica que classificou as escolas em: elementares, complementares e superiores, elaborou currículos diferenciados para cada categoria de ensino, proibiu castigos físicos, assegurou liberdade ao ensino partícula entre outros; Anísio Auto de Abreu instituiu a obrigatoriedade da frequência escolar das crianças de 7 a 14 anos do sexo masculino e sem limite de idade às do sexo feminino, financiou as escolas particulares de ensino primário e secundários nos municípios onde não existiam escolas públicas; Antonio Freire passou a responsabilidade da inspeção do ensino para ser exercida pela Secretaria de Estado, estabeleceu os princípios gerais para o desempenho do ensino público no Estado como a liberdade, laicidade e gratuidade, valorizava a educação Moral e Cívica como conteúdo curricular.
O ensino Primário apresentava maior deficiência e precariedade uma vez que as escolas funcionavam nas residências dos professores e seus salários eram baixos. Mesmo com as reformas do governo de Antonio Freire que dividiu o ensino primário em foi níveis: elementar e complementar, e o aumento do currículo para as escolas primarias, não havia locações escolares e poucos professores tinham qualificação para um currículo tão vasto. O ensino primário piauiense era marcado pela figura feminina. As crianças de famílias com poucas condições viviam uma escola pública deficiente. O ensino secundário no Piauí era ministrado na capital e nas cidades de Parnaíba e Floriano, no período de 1889 a 1930, instruído apenas no Liceu Piauiense, colégio Diocesano (em Teresina); no Ginásio Parnaibano, no Instituto Coelho Rodrigues (Floriano) e no Ginásio Municipal de Floriano. Em relação a escola normal do Piauí, em 1910, o Dr. Antonio Freire criou a Escola Normal Oficial, levando a desativação da Escola normal livre, elevando para 4 anos o tempo de formação da professora normalista e criou a Escola modelo para pratica pedagógica das professorandas. Outra iniciativa no ensino secundário foi a reinstalação do Liceu Provincial que tinha um quadro de professores de prestigio, as contratações aconteciam por meio de concursos e tinham algumas regras que vão de ser brasileiro nato até não possuir defeitos físicos. A Escola de Aprendizes Artífices foi a primeira escola técnica do Piauí, direcionada aos filhos de camadas humildes que era oferecido instrução e oficio. 
As iniciativas particulares marcaram presença nas primeiras três décadas do século XX, que possibilitou o acesso de camadas sociais mais favorecidas ao conhecimento. As iniciativas particulares e públicas que marcaram a educação em Teresina podem ser destacadas pelo Instituto Karnak que era o colégio secundário e dispunha de internato e externato; Colégio São Vicente de Paulo; Colégio São José, entre outras.
 O colégio Coração Sagrado de Jesus e o Colégio e Seminário Diocesano foram escolas sólidas e que existem até os dias de hoje, a primeira era destinada a educação feminina dirigida pela congregação das Irmãs dos Pobres de Santa Catarina de Siena, possuía ensino secundário, a segunda era destinada para rapazes. No interior, as iniciativas educacionais eram limitadas e se mantiveram as escolas nas residências dos professores.
6 CRITICA DA RESENHISTA
A obra apresenta subsídios para o conhecimento da história educacional piauiense, o que é de extrema importância para o complemento da disciplina de História da Educação.
 O autor descreve de forma clara e esclarecedora sobre todas as feituras e iniciativas de implantação de uma educação no Piauí, apresentando detalhadamente e de forma concisa todos os desenrolares da história educacional no decorrer dos períodos colonial, império e república. O que mostra que a obra é de cunho científico, uma vez que apresenta todos os modelos educacionais impostos e seus dados, mas não há uma dificuldade em sua leitura e é de fácil compreensão.
 A obra pode auxiliar estudantes e pesquisadores da área, contribuindo para novas pesquisas em relação a educação piauiense e seus precedentes. 
Na presente obra o autor aponta as principais realizações educacionais que ocorreram desde a vinda dos jesuítas até a implantação da república, contribuindo para o entendimento da educação piauiense.
 Vê-se em todos os períodos citados pelo autor que a educação piauiense nunca obteve um real prestigio, uma vez que sempre que algo estava indo consideravelmente “bem” acontecia algo para que voltasse a precariedade. Entretanto, mesmo com os diversos descasos com o sistema educacional do Piauí, houveram melhorias consideráveis no decorrer dos anos.
Sabrina Maria Silva Oliveira graduanda em Letras Português-Francês e suas respectivas literaturas na Universidade Federal do Piauí.

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