Buscar

CCJ0040-WL-D-AMMA-11-Ação Penal Pública

Prévia do material em texto

AULA 11
PROCESSO PENAL I
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
 Ação penal (continuação). Classificação da
ação penal baseada na tutela jurisdicional e
classificação subjetiva.
 Ação penal pública. Denúncia: Titularidade,
prazo, requisitos, rejeição, aditamento. A
substituição processual do art. 29 do CPP
(legitimidade extraordinária).
 Princípios regentes da ação penal pública:
oficialidade, indisponibilidade, legalidade ou
obrigatoriedade, indivisibilidade e
intranscendência.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
 Ação penal pública na Lei nº 9.099/1995. A
representação do ofendido e a requisição do
Ministro da Justiça: Natureza jurídica. Prazo.
Retratação. Eficácia objetiva. A renúncia ao
direito de representação na Lei nº 9099/95:
efeitos. A renúncia na Lei nº 11.340/06, art.
16. Sucessão processual, art. 24, § 1º do CPP.
Curador especial (art. 33, CPP).
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Espécies de ação penal
As ações penais podem ser classificadas da seguinte forma.
(a) Ação penal pública incondicionada:
Trata-se da regra geral. Quando o legislador não dispõe em
sentido contrário, a ação penal é de iniciativa pública de
forma incondicionada. Neste caso, cabe ao MP examinar os
autos do inquérito policial ou as peças de informações e
formar a sua convicção. Será possível o oferecimento da
denúncia, ainda que a vítima não tenha qualquer interesse
em processar o autor do crime.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
(b) Ação penal pública condicionada à representação da 
vítima:
Caso concreto da semana 6:
João, dono de um hotel numa cidade do interior do Estado,
comparece à delegacia de polícia informando ao delegado
que, na noite anterior, José, morador da cidade, teria se
hospedado em seu estabelecimento, pernoitando e
realizando 2 refeições. Por fim, informou João que, pela
manhã, seus empregados, ao realizarem a vistoria nos
quartos, constataram que José, não tendo dinheiro para
pagar as despesas, abandonou o local normalmente sem nem
mesmo cumprimentar os porteiros.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Diante da expressa manifestação de João no sentido de ver os
fatos serem apurados, o delegado instaura inquérito e
descobre que, na verdade, havia mais 3 pessoas naquela noite
no quarto com José, sendo estas, Maria, Ana e Pedro. O
Promotor de Justiça da comarca denuncia os quatro como
incursos nas penas do art. 176 do CP. Os advogados de Maria,
Ana e Pedro impetram HC alegando ausência de justa causa,
já que tal crime é de ação penal pública condicionada à
representação e João só representou contra José. Procedem
as alegações dos advogados?
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Em se tratando de ação pena pública condicionada à
representação da vítima, o MP submete-se à vontade da
vítima. Sem representação, não será possível o oferecimento
da denúncia. A maioria da doutrina entende que a
representação não precisa ser formal, bastando que a vítima
manifeste de forma inequívoca a vontade de processar o
autor do fato. Entretanto, a minoria da doutrina entende que
a representação deve ser formal, ou seja, a vítima ou seu
representante legal deve comparecer à delegacia e assinar o
“termo de representação”.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Sem dúvida alguma, o legislador prestigiou a vontade da
vítima. Mas o Estado não pode ficar indefinidamente
aguardando a manifestação da vítima. Por isso, o art. 38 do
CPP fixou, em regra, o prazo de seis meses para a
representação. Se a vítima não se manifestar neste prazo,
ocorre a decadência, que é uma causa de extinção da
punibilidade, de acordo com o art. 107, IV, CP.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Retratação da representação
Convém lembrar que o art. 25 do CPP trata da retratação da 
representação. A retratação da representação é possível até 
o oferecimento da denúncia. Havendo a retratação será 
declarada extinta a punibilidade, com base no art. 107, VI, 
do CP.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
É possível a retratação da retratação?
Parte da doutrina entende que a retratação é irretratável. 
Por outro lado, parte da doutrina não vê qualquer problema 
no caso de a vítima retratar a retratação, para tentar 
processar o autor do crime, desde que, evidentemente, não 
tenha decorrido o prazo decadencial.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
E se, no caso de ação pública condicionada à representação,
dentro do prazo decadencial, a vítima morrer ou for
declarada ausente?
Nesse caso, o direito de representação é sucedido pelo
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão da vítima,
aplicando-se os artigos 24, §1º, CPP.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Se o ofendido for menor de 18 anos ou mentalmente enfermo 
e não tiver representante legal ou se seus interesses 
colidirem com os de seu representante legal, será nomeado 
um curador especial para proteger seus direitos, de acordo 
com o art. 33, CPP.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
(c) Ação penal pública condicionada à requisição do 
Ministro da Justiça:
Neste caso, o MP submete-se à vontade do Ministro da 
Justiça. A requisição é a manifestação do Ministro da Justiça 
no sentido de que o autor do crime seja processado. 
Existem dois casos previstos na lei: art. 7º, § 3º, do CP, e art. 
145 do CP.
A requisição do Ministro da Justiça não se submete a prazo 
decadencial. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Retratação da requisição
Existe divergência quanto à retratação da requisição. Parte 
da doutrina entende que a retratação da requisição é 
inadmissível porque o art. 25 do CPP apenas se refere à 
retratação da representação. Por outro lado, parte da 
doutrina entende que o art. 25 do CPP deve ser aplicado por 
analogia, com o objetivo de permitir a retratação da 
requisição.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Obs.: Tanto a representação da vítima quanto a requisição do
Ministro de Justiça têm natureza jurídica de condição
especial de procedibilidade, já que sem elas o Ministério
Público não pode oferecer denúncia.
A denúncia deve ser oferecida nos prazos previstos no art. 46 
do CPP, ou seja, 5 dias se o agente estiver preso e 15 dias se 
o agente estiver solto. 
O art. 41 do CPP prevê os requisitos da denúncia ou queixa 
que são os seguintes: exposição detalhada do fato criminoso, 
qualificação do réu, classificação do crime e rol de 
testemunhas.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
O fato criminoso imputado ao réu deve ser detalhado para
viabilizar a ampla defesa. Se forem vários os réus ou vários os
crimes, cada conduta deve ser especificada.
A qualificação do réu é imprescindível para que se possa
individualizá-lo, de modo a viabilizar a sua citação.
A classificação do crime é a tipificação da conduta imputada
ao réu. O ideal é que conste o artigo e a lei que o prevê.
O rol de testemunhas pode ser indicado na denúncia ou
queixa. Trata-se de uma faculdade.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Em síntese, é conveniente lembrar que existem os requisitos
essenciais ou principais (exposição detalhada e qualificação
do réu), cujo desrespeito acarreta a inépcia da denúncia ou
da queixa, e existem os requisitos acidentais ou secundários
(classificação do crime e rol de testemunhas), cujo
desrespeito não acarreta a inépcia da denúncia.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Princípios aplicáveis às ações de iniciativa pública
(1) Princípio da obrigatoriedade:
Havendo as condições para o regular exercício do direito de 
ação (legitimidade, interesse de agir, possibilidade jurídica 
do pedido e, principalmente, justa causa) o Ministério 
Público não pode deixar de oferecer a denúncia em juízo, por 
motivos políticos, religiosos, filosóficos etc. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Mas como será possível fiscalizar o MP? Como será possível
saber seo promotor de justiça requereu o arquivamento
porque concluiu que não há justa causa ou se ele requereu o
arquivamento por outro motivo, mesmo reconhecendo a
presença da justa causa?
Se o juiz entender que há justa causa, discordando do
Ministério Público, cabe-lhe aplicar o art. 28 do CPP,
encaminhando os autos ao Procurador-Geral de Justiça. A
doutrina afirma que, nesta hipótese, o juiz exercerá a
“função anômala de fiscal do princípio da obrigatoriedade”.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Existe uma questão interessante relativa ao princípio da
obrigatoriedade, que se refere à transação penal, prevista no
art. 76 da Lei 9099/95.
A transação penal constitui, para a maioria, uma mitigação
do princípio da obrigatoriedade. É que o MP conclui que
existe justa causa e, ao invés de oferecer a denúncia, propõe
a transação penal, cujo objetivo é justamente evitar o
oferecimento da denúncia.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
No entanto, Afrânio Silva Jardim entende que a transação
penal representa a própria materialização do princípio da
obrigatoriedade. É verdade que não se trata de uma
materialização do direito de ação tradicional porque não há
oferecimento de denúncia. Mas, diante do objetivo da
transação penal (solucionar o conflito), há, também, o
exercício do direito de ação neste caso.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
(b) Princípio da indisponibilidade:
Segundo o art. 42 do CPP, após o oferecimento da denúncia, o 
Ministério Público não pode desistir da ação. Isso significa 
que o MP deve praticar os atos processuais necessários até o 
momento da sentença, a fim de que o mérito do conflito seja 
examinado e julgado. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
A doutrina indica duas exceções ao princípio da
indisponibilidade.
A primeira exceção é prevista no art. 79 e 76 da Lei 9099/95.
Trata-se da transação penal oferecida após o oferecimento da
denúncia, quando se aplica o rito do juizado especial
criminal. Neste caso, o MP oferece a denúncia e não pratica
os atos processuais necessários até o momento da sentença.
Ele oferece a denúncia e propõe a transação penal. Se o réu
aceitá-la, o processo será extinto sem julgamento de mérito.
Dessa forma, há uma mitigação (atenuação) ao princípio da
indisponibilidade.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
A segunda exceção é prevista no art. 89 da Lei 9099/95.
Trata-se da suspensão condicional do processo ou do sursis
processual. Neste caso, o MP oferece a denúncia e não
pratica os atos processuais necessários até o momento da
sentença. Ele oferece a denúncia e propõe o sursis
processual. Se o réu aceitá-la e cumpri-la, o processo será
extinto sem julgamento de mérito. Dessa forma, há uma
mitigação (atenuação) ao princípio da indisponibilidade.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
(c) Princípio da divisibilidade: 
Segundo o entendimento majoritário, a ação penal de
iniciativa pública é divisível porque é possível que o
Ministério Público ofereça a denúncia em momentos distintos
com relação a indiciados distintos.
Há uma relação direta com a presença da justa causa. Assim,
alguns doutrinadores entendem que este princípio é o da
indivisibilidade, pois se houver justa causa com relação a
indiciados distintos, a denúncia com relação a todos tem que
ser oferecida no mesmo momento.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Exercício Suplementar
1. Observe as afirmações abaixo, com relação à denúncia e à
queixa.
I – A denúncia deverá ser rejeitada quando o fato não
constituir crime.
II – O ofendido decairá do direito de queixa se não o exercer
dentro do prazo de 6 (seis) meses, a contar da data em que
vier a saber quem é o autor do crime.
III – O ofendido poderá oferecer a denúncia, se houver inércia
do Ministério Público.
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 5
Está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões):
(A) III, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.

Continue navegando