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PECA ACUSATÓRIA - DENÚNCIA-QUEIXA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVERSO – GOIÂNIA
 PROF. SÍLVIO ARAÚJO DE OLIVEIRA 
 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL- I
 PEÇA ACUSATÓRIA 
1-DENÚNCIA OU QUEIXA:
 A peça acusatória em crimes de ação penal pública (incondicionada e condicionada) é denominada de denúncia, ao passo que, no caso de crimes de ação penal de iniciativa privada (exclusiva, personalíssima ou subsidiária da pública), esse ato vestibular recebe o nome de queixa-crime. Sabemos que, tecnicamente, denúncia e queixa-crime são os nomes das peças acusatórias do processo penal, não se confundindo, pois, com a notitia criminis encaminhada por qualquer do povo ou pelo ofendido à autoridade policial.
1.1-Requisitos da peça acusatória – artigo 41 do C.P.P
 De acordo com o artigo 41 do CPP, “a denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-los, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas”. 
A doutrina acrescenta outros, tais como o endereçamento da peça acusatória, sua redação em vernáculo, assim como a subscrição da peça pelo Ministério Público ou pelo advogado do querelante, sem olvidar da procuração com poderes especiais, e do recolhimento de custas, no caso de queixa-crime.
Alguns requisitos são de observância obrigatória. É o que ocorre, por exemplo, com a exposição do fato criminoso, a individualização do acusado e a redação da peça em português. Os outros não revestem de tamanha importância.
1.1.1-Exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias
 Deve a peça acusatória narrar o fato delituoso detalhadamente, fazendo menção às circunstâncias que o envolvam e que possam influir na sua caracterização, como, por, exemplo, aquelas que digam respeito a qualificadoras, causa de aumento ou diminuição de pena, agravantes, etc. Essa descrição deve ser feita com dados fáticos da realidade, não bastando a simples repetição da descrição típica. Há necessidade de que a conduta delituosa seja descrita com todas as suas circunstâncias, apontando-se, então, o que aconteceu, quando, onde (elementos acidentais ou acessórios), por quem, contra quem, de que forma, por que motivo, com qual finalidade, etc.
1.1.2-Qualificação do acusado
 A qualificação do acusado apresenta-se, portanto, como requisito essencial da peça acusatória, a fim de se saber contra quem será instaurado o processo. Individualiza-se o acusado por meio de seu prenome, nome, apelido, estado civil, filiação, etc. O artigo 41 do CPP deixa entrever que, não havendo a qualificação completa do acusado, e não sendo possível a sua identificação criminal, a parte acusadora pode apontar os esclarecimentos pelos quais seja possível identifica-lo. Assim, o fato de ser desconhecida a identificação completa do acusado não seria óbice ao oferecimento da peça acusatória, desde que se pudesse mencionar seus traços característicos, permitindo distingui-lo de outras pessoas – artigo 259 CPP.
1.1.3-Classificação do crime
 A classificação do crime é a indicação do dispositivo legal que descreve o fato criminoso praticado pelo imputado. Não basta a simples menção do nomem juris da figura delituosa (ex.homicídio simples), pois, sob a mesma denominação, podem aparecer crimes diferentes, como o homicídio previsto no Código Penal e o homicídio previsto no Código Penal Militar. Deve haver, portanto, a indicação do dispositivo legal em cuja pena se encontra incurso o acusado (ex. CP, artigo 121, caput).
 Não se trata, todavia, de um requisito obrigatório, pois prevalece o entendimento de que, no processo penal, o acusado defende-se dos fatos que lhe são imputados, pouco importando a classificação que lhes seja atribuída.
1.1.4-Rol de testemunhas
 Ainda segundo o artigo 41 do CPP, a peça acusatória deve conter o rol de testemunhas, quando necessário, valendo ressaltar que o rol deve vir ao final da peça, após o pedido de recebimento, porém antes da data e da assinatura da peça. Como fica evidente, a apresentação do rol de testemunhas não é um requisito essencial. Afinal, há situações em que a prova do fato delituoso é eminentemente documental, sendo desnecessária a oitiva de quaisquer testemunhas (ex. crimes contra a ordem tributária). Porém, como esse é o momento processual oportuno para a apresentação do rol de testemunhas pela parte acusadora, caso não o faça, haverá preclusão temporal.
OBS-1: De aplicação restrita à ação penal de iniciativa privada, o art. 44 do CPP estabelece que a queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante (leia-se querelado) e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser requeridas previamente no juízo criminal.
OBS-2: Quanto ao disposto do artigo 806, & 1. do CPP prevê que, ressalvada a hipótese da vítima pobre, nas ações intentadas mediante queixa, nenhum ato ou diligência se realizará, sem que haja depositado em cartório a importância das custas. 
2-DAS OMISSÕES DA DENÚNCIA OU QUEIXA – ART.569 CPP
 Podem ser supridas até a sentença. O artigo em tela confere ao Ministério Público, além da prerrogativa de retificar dados acidentais da denúncia, o direito de aditá-la a qualquer momento, até a sentença, para incluir no processo novos acusados, ou para imputar aos existentes novos delitos. Quanto a eventual inépcia da denúncia, tal vício deverá ser arguido até a sentença, sob pena de preclusão.
3-PRAZOS PARA A DENÚNCIA – ART. 46 CPP
 Em regra, quinze dias, se o indiciado estiver solto, e cinco dias, se estiver preso. O excesso de prazo não invalida a denúncia, só provocando o relaxamento da prisão, no caso do indiciado preso, bem como a imposição de sanção administrativa ao promotor desidioso, autorizando, ainda, o exercício da ação penal privada subsidiária da pública.
3.1-PRAZO PARA A QUEIXA – ART. 38 CPP
 Seis meses, contados do dia em que o ofendido vier a saber quem é o autor do crime. Trata-se de prazo de direito material (decadencial), computando-se o dia do começo, excluindo-se o dia do final, e não admite prorrogação.
 No caso de ação privada subsidiária da pública, o prazo será de seis meses, a contar do esgotamento do prazo para o oferecimento da denúncia (CPP, art.38 c/c o art. 29). Para os sucessores, e caso de morte ou de ausência do ofendido, o prazo é o mesmo, conforme o art. 38, parágrafo único, do CPP.
 Na ação penal privada personalíssima (artigo 236, parágrafo único do Código Penal), a titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo o seu exercício vedado até mesmo ao seu representante legal, inexistindo, ainda, sucessão por morte ou ausência. O prazo na referida ação será de seis meses contados do trânsito em julgado da sentença anulatória do casamento.
3.2-ADITAMENTO DA QUEIXA
 O Ministério Público pode aditar a queixa para nela incluir circunstâncias que possam que possam influir na caracterização do crime e na sua classificação, ou ainda na fixação da pena (dia, hora, local, meio, modos, motivos, dados pessoais do querelado etc.)(art.45 –CPP). Não poderá, entretanto, aditar a queixa para imputar aos querelados novos crimes, ou par nela incluir outros ofensores, além dos já existentes, pois desse modo estaria invadindo a legitimidade do ofendido, que optou por não processar os demais.. Nesse caso, opera-se a renúncia tácita do direito de queixa, com a extinção da punibilidade dos que não foram processados (art.107,V, primeira parte do Código Penal), que se estende a todos os querelados, por força do princípioda indivisibilidade da ação penal – artigo 49 do CPP.
3.2.1-PRAZO PARA O ADIMENTO DA QUEIXA PELO M.P
 O prazo para o aditamento da queixa pelo Ministério Público é de três dias, a contar do recebimento dos autos pelo órgão ministerial. Aditando ou não a queixa, o MP deverá intervir em todos os termos do processo, sob pena de nulidade (CPP, art. 46, & 2., e 564, III, d, segunda parte).
3.2.2-REJEIÇÃO DA DENÚNCIA
 A denúncia ou queixa deverá ser rejeitada quando: I – for manifestamente inepta; II – faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal: ou III – faltar justa causa para o exercício da ação penal – art.395 CPP.
a)-Inépcia da denúncia ou queixa:
 A inépcia da denúncia ou queixa caracteriza-se pela ausência do preenchimento dos requisitos da inicial (CPP artigo 41).
b)-Ausência de pressuposto processual
 São os requisitos para a constituição de uma relação processual válida que, ao lado das condições da ação, formam os requisitos de admissibilidade do julgamento do mérito. São eles:
-SUBJETIVOS (Relativos aos sujeitos principais da relação processual)
b.1 – quanto ao juiz:
 -investidura
 -competência (CPP, art. 95,II)
 -imparcialidade (CPP, art. 95,I, e 112)
b.2 -quanto às partes:
 -capacidade de ser parte - (todo aquele que tiver capacidade de direito – art. 1 e 2. do Código Civil)
 -capacidade processual – (é a aptidão para agir em juízo – art. 7. do Código Civil)
 -capacidade postulatória (CPP, art. 44)
-OBJETIVOS:
-extrínsecos: inexistência de fatos impeditivo- (ex. litispendência, coisa julgada) (CPP, art. 95, III e V ) etc.;
-intrínsecos: regularidade procedimental (CPP, art. 24)
c)-Ausência de condição para o exercício da ação penal
 São os requisitos que subordinam o exercício do direito de ação: a)-a possibilidade jurídica do pedido; b)-interesse de agir: c)-legitimidade para agir.
d)-Ausência de justa causa para o exercício da ação penal
 Consiste na ausência de qualquer elemento indiciário da existência do crime ou de sua autoria. É a justa causa, que a doutrina tem enquadrado como interesse de agir, significando que, para ser recebida, a inicial deve vir acompanhada de um suporte probatório que demonstre a idoneidade, a verossimilhança da acusação.
OBS: Ao lado das condições exigidas pela lei, sem as quais haverá a rejeição da denúncia ou queixa, existem as condições específicas ou de procedibilidade (ex. a representação do ofendido ou a requisição do ministro da justiça, nos crimes de ação penal pública condicionada).
3.2.3-RECURSO
 
 Da decisão que recebe a denúncia ou a queixa não cabe recurso,(pode ser impetrado habeas corpus, que não é recurso, mas ação de impugnação). Em crimes da competência originária dos tribunais superiores, no entanto, cabe agravo (Lei n. 8.038/90, art. 39)
 Da decisão que rejeita, em geral, cabe recurso em sentido estrito (art. 581, I, do CPP). De acordo com a Súmula 709 do STF, “Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo pelo recebimento dela”.
JURISPRUDÊNCIA:
-DECADÊNCIA. CONHECIMENTO DE OFÍCIO (TACrimSP): “A decadência, fator extintivo da punibilidade nos termos do art. 107, IV, do Código Penal deve ser decretada de ofício, consoante estabelece p art. 61 do estatuto processual penal” (RT, 493/345).
-QUEIXA EM JUÍZO INCOMPETENTE (STF): “A exceção declinatória de foro, quando julgada procedente, nulifica tão somente os atos decisórios, não os atos declinatórios, de instrução e seguimento. A queixa não é ato judicial. Exercido o seu direito de apresentação no prazo, não há que se falar em decadência” (RT, 608/416)
PERGUNTAS:
1-Qual a diferença entre denúncia e queixa-crime? Quais os seus prazos?
2-Quais os requisitos obrigatórios da denúncia ou queixa?
3-Da rejeição da denúncia ou queixa cabe recurso? Justifique!
4-Quais os prazos para o oferecimento da denúncia?
5-O que você entende por aditamento da queixa?
 
 
 CENTRO UNIVERSITÁRIO SALGADO DE OLIVEIRA – GOIÂNIA
 PROF. SÍLVIO ARAÚJO DE OLIVEIRA 
 CURSO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL- I
 AÇÃO PENAL
1-CONCEITO
 Ação penal é o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. É também o direito público subjetivo do Estado-Administração, único titular do poder-dever de punir, de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo, com a consequente satisfação da pretensão punitiva.
1.1-Características
A ação penal é:
a)-um direito autônomo, que não se confunde com o direito material que se pretende tutelar;
b)-um direito abstrato, que independe do resultado final do processo;
c)-um direito subjetivo, pois o titular pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional;
d)-um direito público, pois atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública.
2-ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL NO DIREITO BRASILEIRO
 No processo penal é corrente a divisão subjetiva das ações, isto é, em função da qualidade do sujeito que detém a sua titularidade.
 Segundo esse critério, as ações penais serão públicas ou privadas, conforme sejam promovidas pelo Ministério Público ou pela vítima e seu representante legal, respectivamente. É o que diz o art. 100, caput, do Código Penal: “A ação é pública, salvo quando a lei, expressamente, a declara privativa do ofendido”.
 Dentro dos casos de ação penal pública (exclusiva do Ministério Público), ainda há outra subdivisão, em ação penal pública incondicionada e condicionada. No primeiro caso, o Ministério Público promoverá a ação independentemente da vontade ou interferência de quem que seja, bastando, para tanto, que concorram as condições da ação e os pressupostos processuais. No segundo, a sua atividade fica condicionada também à manifestação de vontade do ofendido ou do seu representante legal.
 A ação penal pública é a regra geral, sendo a privada, a exceção (CP. Art.100,caput).
3-AS CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL
 São os requisitos que subordinam o exercício do direito de ação. Para se poder exigir, no caso concreto, a prestação jurisdicional, faz-se necessário, antes de tudo, o preenchimento das condições da ação. Ao lado das tradicionais condições que vinculam a ação civil, também aplicáveis ao processo penal (possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade para agir), a doutrina atribui a este algumas condições específicas de procedibilidade (ex.: representação do ofendido e requisição do Ministro da Justiça; trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento, no crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento).
 As condições da ação devem ser analisadas pelo juiz quando do recebimento da queixa ou da denúncia, de ofício. Faltando qualquer um delas, o magistrado deverá rejeitar a peça inicial, nos termos do artigo 395, II, do CPP, declarando o autor carecedor de ação. Se não o fizer nesse momento, nada impede, aliás, impõe-se, que ele o faça a qualquer instante, em qualquer instância, decretando, se for o caso, a nulidade absoluta do processo (CPP,art.564,II).
4-AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA: TITULARES E PRINCÍPIOS
4.1 – Titularidade
 A atual Constituição da República atribui ao Ministério Público, com exclusividade, a propositura da ação penal pública, seja ela incondicionada ou condicionada (artigo 129, inciso I, CF). A Constituição prevê, todavia, no seu artigo 5, LIX, uma única exceção: caso o Ministério Público não ofereça denúncia no prazo legal, é admita ação penal privadasubsidiária, proposta pelo ofendido ou seu representante legal. A ressalva está prevista, também, nos arts. 29 do CPP, e 100, & 3., do Código Penal.
4.2 – Princípios
4.2.1 – Princípio da obrigatoriedade
 Identificada a hipótese de atuação, não pode o Ministério Público recusar-se a dar início à ação penal. No Brasil, quanto à ação penal pública, vigora o princípio da legalidade, ou obrigatoriedade, imponto ao órgão do Ministério Público, dada a natureza indisponível do objeto da relação jurídica material, a sua propositura, sempre que a hipótese preencher os requisitos mínimos exigidos. Não cabe a ele adotar critérios de política ou de utilidade social.
4.2.2 – Princípio da indisponibilidade
 Oferecida a ação penal, o Ministério Público dela não pode desistir (CPP, art. 42). A referida proibição expressa no artigo em questão, chega a atingir, inclusive, a matéria recursal, pois o “Ministério Público não poderá desistir do recurso que haja interposto (artigo 576,CPP).
4.2.3- Princípio da oficialidade
 Os órgãos encarregados da persecução penal são oficiais, isto é, públicos. O Estado é o titular exclusivo do direito de punir, que só se efetiva mediante o devido processo legal, o qual tem o seu início com a propositura da ação penal. Segue-se que, em regra, cabe aos órgãos do próprio Estado a tarefa persecutória.
4.2.3 – Princípio da autoritariedade
 Corolário do princípio da oficialidade. São autoridades públicas os encarregados da persecução penal extra e in judicio (respectivamente, autoridade policial e membro do Ministério Público).
4.2.4 – Princípio da Oficiosidade
 Os encarregados da persecução penal devem agir de ofício, independentemente de provocação, salvo nas hipóteses em que a ação penal pública for condicionada à representação ou à requisição do Ministro da Justiça (CP, art. 100, & 1.; CPP, art. 24).
4.2.5 – Princípio da (in)divisibilidade 
 Também aplicável à ação penal privada (CPP,art. 48). A ação penal pública de abranger todos aqueles que cometeram a infração. A regra é desdobramento do princípio da legalidade: se o Ministério Público está obrigado a propor a ação penal pública, é óbvio que não pode escolhe, dentre os indiciados, quais serão processados, pois isso implicaria necessariamente a adoção do princípio da oportunidade em relação ao “perdoado”.
 Para alguns doutrinadores, porém, aplica-se à ação penal pública o princípio da divisibilidade, e não o da indivisibilidade, já que o Ministério Público pode processar apenas um dos ofensores, optando por coletar maiores evidências para processar posteriormente os demais (Julio Fabbrini Mirabete, Processo Penal, cit.,p.114).
 Nesse sentido também já se manifestou o STJ: “O fato de o Ministério Público deixar de oferecer a denúncia contra quem não reconheceu a existência de indícios de autoria na prática do delito não ofende o princípio da indivisibilidade da ação penal, pois o princípio do art. 48 do CPP não compreende a ação penal pública, que, não obstante, é inderrogável” (RSTJ, 23/145).
 A adoção do princípio da divisibilidade para a ação penal pública é a posição amplamente majoritária na jurisprudência, permitindo-se ao Ministério Público excluir algum dos coautores ou partícipes da denúncia, desde que mediante prévia justificação (STF, RTJ, 91/477, 94/137, 95/1389 e ainda acórdão da 1. Turma, rel. Min. Celso de Mello).
4.2.6 – Princípio da Intranscendência
 A ação penal só pode ser proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito. 
5 – AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONDA À REPRESENTAÇÃO 
 
5.1 – Conceito:
 É aquele cujo exercício se subordina a uma condição. Essa condição tanto pode ser a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal (representação) como também a requisição do Ministro da Justiça.
 Mesmo nesses casos a ação penal continua sendo pública, exclusiva do Ministério Público, cuja atividade fica apenas subordinada a uma daquelas condições.
 Por ser exceção à regra de que todo crime se processa mediante ação pública incondicionada, os casos sujeitos à representação ou requisição encontram-se explícitos em lei.
5.2 – Ação penal pública condicionada à representação
 O ministério Público, titular dessa ação, só pode a ela dar início se a vítima ou seu representante legal o autorizarem, por meio de uma manifestação de vontade. Mais ainda, sem a permissão da vítima, nem sequer poderá ser instaurado o inquérito policial (CPP, art. 5., & 4.). Todavia, uma vez iniciada a ação penal, o Ministério Público a assume incondicionalmente, a qual passa a ser informada pelo princípio da indisponibilidade do objeto do processo, sendo irrelevante qualquer tentativa de retratação.
O STF editou a Súmula 714, na qual firmou entendimento no sentido de que “É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções”.
5.3 – Natureza jurídica da representação
 A representação é a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal no sentido de autorizar o desencadeamento da persecução penal em juízo. Trata-se de condição objetiva de procedibilidade. Sem a representação do ofendido não se pode dar início à persecução penal.
 Apesar da sua natureza eminentemente processual (condição especial da ação), aplicam-se a ela as regras de direito material intertemporal, haja vista sua influência sobre o direito de punir do Estado, de natureza inegavelmente substancial, já que o não exercício do direito de representação no prazo legal acarreta a extinção da punibilidade do agente pela decadência (CP, art. 107, IV).
5.5 – Titular do direito de representação
 Se o ofendido contar menos de 18 anos de idade ou for mentalmente enfermo, o direito de representação cabe exclusivamente a quem tenha qualidade para representá-lo. Ao completar 18 nos, o ofendido adquire plena capacidade para ofertar a representação, deixando de existir a figura do representante legal, a não ser que, embora maior, seja doente mental. Neste caso de incapacidade por razões de idade ou enfermidade mental, e não possuir representante legal, o juiz, de ofício ou à requerimento do Ministério Público, nomeará um curador especial para analisar a conveniência de oferecer a representação.
 As pessoas jurídicas também poderão representar, desde que o faça por intermédio da pessoa indicada no respectivo contrato ou estatuto social, ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes (CPP,art.37).
 Pode também ser exercido por procurador com poderes especiais (CPP, art.39, caput). No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 24, & 1.). Acrescenta-se, ainda, os companheiros reunidos pelo laço da união estável entre homem e mulher como entidade familiar; a entidade familiar da união de pessoas do mesmo sexo.
5.6 – Prazo para representar
 Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime – (prazo decadencial).
 Cuidando-se de menor de dezoito anos ou, se maior, de possuidor de doença mental, o prazo não fluirá para ele enquanto não cessar a incapacidade (decorrente da idade ou da enfermidade), porquanto não se pode falar em decadência de um direito que não se pode exercer. O prazo flui, todavia, para o representante legal, desde que ele saiba quem é o autor do ilícito penal.
 No caso do menor de 18 anos, continuam a existir dois prazos decadenciais: o do representante legal, que se inicia a partir do respectivo conhecimento da autoria, e o do menor, que só começa a correr no dia em que completar 18 anos,sendo este o marco inicial para que o mesmo possa representar.
 Atualmente, para fins de oferecimento da representação, admite-se qualquer pessoa que detenha a guarda de fato do ofendido ou de quem dela dependa economicamente, pouco importando tratar-se de parente afastado, amigo da família ou até mesmo um vizinho.
5.7 – Forma
 A representação não tem forma especial. O CPP, todavia estabelece alguns preceitos a seu respeito (art.39, caput, e && 1. E 2.), mas a falta de um ou de outro não será, em geral, bastante para invalidá-la. Óbvio que a ausência de narração do fato a tornará inócua.
 Feita a representação contra apenas um suspeito, esta se estenderá aos demais, autorizando o Ministério Público a propor a ação em face de todos, em atenção ao princípio da indivisibilidade da ação penal, consectário do principio da obrigatoriedade. É o que se chama de eficácia objetiva da representação.
5.8 – Destinatários da representação
 A representação poderá der destinada à autoridade policial, ao Ministério Público e excepcionalmente ao juiz (art. 39, caput, do CPP).
5.8 – Da irretratabilidade da representação
 A representação é irretratável após o oferecimento da denúncia (CPP, art.25; CP, art. 102). A retratação só pode ser feita antes de oferecida a denúncia, pela mesma pessoa que representou.
5.9 – Não vinculação do Ministério Público
 A representação não obriga o Ministério Público a oferecer a denúncia, devendo este analisar se é ou não o caso de propor a ação penal, podendo concluir pela sua instauração, pelo arquivamento do inquérito, ou pelo retorno dos autos à delegacia de polícia para novas diligências. Não está, da mesma forma, vinculado à definição jurídica do fato constante da representação (RT, 650/275).
 
 AÇÃO PENAL PRIVADA: CONCEITO, FUNDAMENTO E PRINCÍPIOS
1 – Conceito
 É aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou a seu representante legal (querelante é o autor da queixa e querelado, réu).
2 – Fundamento
 Evitar que o streptus judicci (escândalo do processo) provoque no ofendido um mal maior do que a impunidade do criminoso, decorrente da não propositura da ação penal.
3 – Titular
 O ofendido ou seu representante legal (CP, art. 100, & 2.; CPP, art. 30). Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental e não tiver representante legal, ou seus interesses colidirem com os deste último, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado para o ato (art.33 do CPP). A partir dos 18 anos , a queixa somente poderá ser exercida pelo ofendido; se maior de 18 anos, mas doente mental, somente por meio do seu representante legal.
 Quanto a ordem de preferência, segue o mesmo para a representação visto no tópico anterior, (CPP. Art. 31), inclui-se a união estável e pessoas do mesmo sexo.
 Exercida a queixa pela primeira das pessoas constantes do rol do art. 32, as demais se acham impedidas de fazê-lo, só podendo assumir a ação no caso de abandono pelo querelante, desde que o façam no prazo de sessenta dias, observada a preferência do art. 36 do CPP, sob pena de perempção (CPP, art. 60,II).
4-PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA
4.1 – Princípio da oportunidade ou conveniência
 O ofendido tem a faculdade de propor ou não a ação de acordo com a sua conveniência, ao contrário da ação penal pública, informada que é pelo princípio da legalidade, segundo o qual não é dado ao seu titular, quando da sua propositura, ponderar qualquer critério de oportunidade e conveniência. Diante disto, a autoridade policial se deparar com uma situação de flagrante delito de ação privada, ela só poderá prender o agende se houver expressa autorização do particular (CPP,art. 5., & 5.).
4.2 - Princípio da disponibilidade
 Na ação privada, a decisão de prosseguir ou não até o final é do ofendido. É uma decorrência do princípio da oportunidade. Mesmo o fazendo, ainda lhe é possível dispor do conteúdo do processo (a relação jurídico material) até o trânsito em julgado da sentença condenatória, por meio do perdão ou da perempção (CPP, arts. 51 e 60, respectivamente).
 Antes da propositura da queixa é possível RENUNCIAR ao exercício do referido direito. Lembrando que a renúncia a favor de um dos autores da infração se estenderá a todos (CPP, art.49).
 O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar (CPP, art. 51).
4.3 - Princípio da indivisibilidade
 Previsto no artigo 48 do CPP. O ofendido pode escolher entre propor ou não a ação. Não pode, porém, optar dentre os ofensores qual irá processar. Ou processa todos, ou não processa nenhum. O Ministério Público não poderá aditar a queixa para nela incluir os outros ofensores, porque estaria invadindo a legitimação do ofendido.
 No caso a queixa deve ser rejeitada em face da ocorrência da renúncia tácita no tocante aos não incluídos, pois esta causa extintiva da punibilidade se comunica aos querelados (CPP, art. 49). Convém notar que, na hipótese de não ser conhecida a identidade do coautor ou partícipe do crime de ação penal privada, não será possível, evidentemente, a sua inclusão na queixa.
4.4 – Princípio da intranscendência
 A ação penal só pode ser proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito. 
5 - AÇÃO PENAL PRIVADA: ESPÉCIES
5.1 – Exclusivamente privada, ou propriamente dita
 Pode ser proposta pelo ofendido, se maior de 18 anos e capaz; por seu representante legal, se o ofendido menor de 18 anos; ou, no caso, de morte do ofendido ou declaração de ausência, pelo seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31).
PRAZO: Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá do direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime.
5.2 – Ação privada personalíssima
 Sua titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo o seu exercício vedado até mesmo ao seu representante legal, inexistindo, ainda, sucessor por morte ou ausência. Assim falecendo o ofendido, nada há que se fazer a não ser aguardar a extinção da punibilidade do agente. É um direito personalíssimo e intransmissível!
 No caso de ofendido incapaz, seja em virtude de pouca idade (menor de 18 anos), seja em razão de enfermidade mental, a queixa não poderá ser exercida, haja vista a incapacidade processual do ofendido (incapacidade de estar em juízo) e a impossibilidade de o direito ser manejado por representante legal ou por procurador espacial nomeado pelo juiz. Resta ao ofendido apenas aguardar a cessação da sua incapacidade. Anote-se que a decadência não corre contra ele simplesmente porque está impedido de exercer o direito de que é titular.
PRAZO: 6 meses contados do trânsito em julgado da sentença anulatória do casamento (Cód.Penal, art. 236, p.único)
5.3 – Ação privada subsidiária da pública
 Proposta nos crimes de ação pública, condicionada ou incondicionada, quando o Ministério Público deixar de oferecer a denúncia no prazo legal previsto no artigo 46 do CPP. Só tem lugar no caso de inércia no Ministério Público, jamais na hipótese de arquivamento, conforme entendimento pacífico do STF. A Constituição Federal diz que “será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal”.
OBS: Não cabe os institutos do perdão ou da perempção, (utilizados na ação penal privada exclusiva), na ação penal privada subsidiária da pública, pois, na negligência do querelante, o Ministério Público reassume a titularidade da ação penal (CPP art. 29).
PRAZO : 6 meses contados da inércia do Ministério Público quanto aos prazos para o oferecimento da denúncia.
OUTRAS AÇÕES QUE NÃO SERÃO OBJETO DE AVALIAÇÃO:
1-Ação penal secundária
É aquela emque a lei estabelece um titular ou uma modalidade de ação penal para determinado crime, mas, mediante o surgimento de circunstâncias especiais, prevê, uma nova espécie de ação para aquela mesma infração. Por exemplo, nos crimes contra a dignidade sexual, se a vítima for vulnerável, a ação passará, secundariamente, de pública condicionada para pública incondicionada (CP, aart. 225, parágrafo único).
2-Ação penal adesiva
Quanto ao ordenamento pátrio, Tourinho observa que o artigo 268 do CPP permite ao ofendido o direito de ingressar no processo penal, ao lado do M.P, como assistente. Para ele, trata-se de evidente intervenção adesiva facultativa. Não há pois ação penal autônoma.
QUESTÕES ACERCA DO TEMA ESTUDADO:
1-Quais os princípios da ação penal pública incondicionada?
2-O querelante uma vez exercendo o seu direito de queixa pode dela desistir?
3-Comente acerca do princípio da (in)divisibilidade da ação penal pública incondicionada.
4-É possível ingressar com queixa-crime em crimes de ação penal publica? Justifique!
5-Cabe perdão ou perempção na ação penal subsidiária da pública?

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