CONCURSO DE CRIMES

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CONCURSO DE CRIMES
Rogério Sanches, Direito Penal 
CONCEITO: Quando o agente, mediante uma ou mais conduta, pratica dois ou mais crimes. É válido ressaltar, ainda que o crime pode ser tentado, consumado, doloso, culposo. 
O concurso de crimes foi criado especialmente para solucionar o problema das penas, pois um sujeito que pratica uma pluralidade de crimes deverá receber uma pena maior. 
DO DIREITO: Está prevista nos Art 69,70,71 do CP
ESPÉCIES: Concurso Material, Formal e Continuado.
MÉTODOS DE APLICAÇÃO DA PENA:
1- Sistema de Cúmulo Material:
O juiz irá individualizar a pena para cada crime e, no final, irá realizar uma soma aritmética. 
Adotado no COncurso Material, Concurso Formal Impróprio e Concurso das penas de multa
2- Sistema de Exasperação
O juiz irá pegar a mais grave e irá aplicá-la, porém com um aumento por um quantum anunciado por lei
Adotado no Concurso Formal Próprio e Continuidade Delitiva
Nota: É necessário ver o sistema de exasperação como um benefício que o CP dá para o agente. 
3- Sistema de Absorção 
A pena ao delito mais grave absorve os demais delitos, ou seja, só se aplica a pena do delito mais grave. 
É um sistema que não existe em lei, mas sim na jurisprudência. Surgiu através dos crimes falimentares praticados pelo falido e tem como fundamento o princípio da unidade ou unicidade. 
4- Cúmulo JUrídico
A pena aplicada as infrações em concurso não deve ser o seu somatório, e sim deve corresponder ao a gravidade dos delitos envolvidos, para atingir valores inferiores ao somatório de todas, porém, superior a de cada crime individualmente. Crítica esse sistema transformaria o concurso de crimes em causa de diminuição, o que estimularia a prática de de crimes em blocos.
CONCURSO MATERIAL (REAL)
 
Ação ou omissão. 
FUNDAMENTO: Previsto no Art 69, CP. 
CONCEITO: Se tem um concurso material quando, mediante mais de uma conduta o indivíduo pratica dois ou mais crimes, podendo ser idênticos ou não. 
REQUISITOS:
1- Pluralidade de conduta
2- Pluralidade de Crimes
SISTEMA DE APLICAÇÃO DE PENA:
Cumulativa Material, ou seja, o juiz irá individualizar as penas dos crimes e irá fazer uma soma aritmética. 
ESPÉCIES:
Homogêneos - Quando os crimes são idênticos em espécie
Heterogêneo- Quando os crimes são diferentes em espécie. 
OBS: Se, durante a cumulação material, tiver crimes diferentes e, na pena dos mesmos, haver uma aplicação de execucao diferente, como por exemplo reclusão e detenção, deverá a reclusão ser aplicada PRIMEIRAMENTE. 
OBS 2: Se houver duas penas que restringem direitos, é possível que o condenado, se possível, cumpra ambas no mesmo período. Se não for compatível, deverá cumprir sucessivamente. 
CONCURSO FORMAL
FUNDAMENTO: Previsto no Art 70, CP. 
CONCEITO: Terá concurso formal quando o sujeito, mediante APENAS UMA AÇÃO, pratica mais de 2 crimes
REQUISITOS:
1- Unicidade de Conduta
2- Pluralidade de Crimes
OBS: Como afirma Rogério Greco, o concurso formal foi criado para beneficiar o agente que, mediante apenas uma conduta, pratica mais de um crime. 
OBS 2: É importante ressaltar que existem alguns casos que, aparentemente, o sujeito pratica diversas condutas, mas a doutrina unifica no chamado AÇÃO ÚNICA DESDOBRADA 
Ex: Roubo de patrimônio em um ônibus lotado é vista como uma única ação, sendo configurada como Crime Formal. 
ESPÉCIES:
Homogêneo :Quando os crimes são de espécies iguais
Heterogêneo: Quando os crimes são de espécies diferentes
Próprio, Perfeito , normal: O agente não age com desígnios autônomos, ou seja, não tem intenção de cometer o crime
Impróprio, imperfeito, anormal: O agente age com desígnios autônomos. Só tem cabimento em crimes dolosos. 
APLICAÇÃO DA PENA:
CONCURSO FORMAL PRÓPRIO: Aplica-se a exasperação da pena, ou seja, o juiz aplica apenas 1 única pena, se igual, ou a mais grave, se diferentes. Aumenta-se de ⅙ até a metade. 
OBS: Quanto maior o número de infrações, maior deve ser o aumento. (De acordo com a jurisprudência do STJ
OBS 2: Se for prejudicial ao réu, o sistema não será aplicado, o famigerado concurso material benéfico, estabelecido no parágrafo Único do art 70, cp.
CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO: Por haver os desígnios autônomos, não há o benefício da exasperação, sendo aplicado o acúmulo material. 
CONTINUIDADE DELITIVA
FUNDAMENTO: Art 71, CP
CONCEITO: O sujeito, mediante pluralidade de condutas, realiza uma série de crimes da mesma espécie, possuindo entre si um elo de continuidade (em especial as mesmas condições de tempo, lugar, espaço)
"Ocorre crime continuado quando o sujeito realiza uma série de infrações penais homogêneas (homogeneidade objetiva), guiado pela mesma unidade de propósito (homogeneidade subjetiva)"”
O juiz, ao invés de aplicar a pena para os vários crimes cometidos, irá considerar todas as condutas típicas como uma única. 
ESPÉCIES:
1- Crime Continuado Genérico ou Comum
Ocorre quando o agente mediante mais de uma conduta irá praticar mais de um crime DE MESMA ESPÉCIE e, pelas condicoes de tempo/lugar/espaco, terem um elo de continuidade. 
no crime continuado comum, aplica-se a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços, considerado o número de infrações cometidas, incidindo a extinção da punibilidade sobre a pena de cada uma, isoladamente. ( art. 119 CP + SÚM.497 STF, em relacao a punibilidade)
REQUISITOS:
1- Pluralidade de condutas
2- Pluralidade de crimes de mesma espécie (Sendo espécie são aqueles crimes que estão previstos no mesmo tipo penal, protegendo igual bem jurídico)
OBS: Roubo e extorsao não são da mesma espécie
3- Elo de continuidade, que será revelado através das mesmas condicoes de TEMPO (não podendo haver um hiato maior de 30 dias), LUGAR (praticados na mesma comarca), EXECUCAO (que seja semelhante, não igual), CIRCUNSTANCIAS SEMELHANTES. 
No crime continuado é indispensável a homogeneidade subjetiva?
O STJ adota a ideia de que seja indispensável a união objetiva + subjetiva, ou seja, deve existir um um dolo unitário ou global, que torne coesas todas as infracoes cometidas. 
APLICACAO DA PENA:
O juiz irá aplicar o sistema da exasperacao da pena, aumentando a pena em ⅙ até ⅔ 
OBS: O Aumento levará em consideracao o número de infracoes cometidos. 
2- Crime Continuado Específico
FUNDAMENTO: Está previsto no art 71, Parágrafo Único, CP.
CONCEITO: Nos crimes continuados com dolo, com vítimas diferentes e cometidos com violencia e grave ameaca, o juiz poderá aumentar até o triplo da pena. 
Em derivação deste instituto, temos o crime continuado específico, que se dá nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa. Neste caso, poderá o juiz, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o TRIPLO (e não só de 1/3 a 2/3, como no crime continuado comum), levando em consideração, ao analisar o agente:
 
01) A culpabilidade; ✓
02) Os antecedentes; ✓
03) A conduta social; ✓
04) A personalidade; ✓
05) Os motivos e as circunstâncias. ✓ 
EM SUMA:
Crime continuado comum (art 71 caput) - pode ser a mesma vítima ou diferente
Crime continuado específico (art 71, §1º) - exige que sejam vítimas diferentes.
A diferença entre os dois é que este último pressupõe:
i) crimes dolosos
ii) com VITIMAS DIFERENTES
iii) cometidos com violencia ou grave ameaça
OBS: Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente., ou seja, as multas serão semple aplicadas integralmente e distintivamente para cada crime praticado, diferente das penas de privacao de liberdade, que podem sofrer abatimento com o método da exasperacao. 
EM RELAÇÃO AO LATROCÍNIO
Em suma:
• STJ: ocorrendo uma única subtração,porém com duas ou mais mortes, haverá concurso formal impróprio de latrocínios. concurso formal
• STF: sendo atingido um único patrimônio, haverá apenas um crime de latrocínio, independentemente do número de pessoas mortas. O número de vítimas deve ser levado em consideração na fixação da pena-base (art. 59 do CP). É a posição também da doutrina majoritária. concurso material
EM RELAÇÃO A ROUBO SEGUIDO DE EXTORSÃO:
E) HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO E EXTORSÃO. CONCURSO MATERIAL. EMPREGO DE ARMA. APREENSÃO E PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA. CARACTERIZAÇÃO. MAJORAÇÃO PELAS CAUSAS DE AUMENTO. AUSÊNCIA DE INSTRUÇÃO DO FEITO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. Configuram-se os crimes de roubo e extorsão, em concurso material, se o agente, após subtrair bens da vítima, mediante emprego de violência ou grave ameaça, a constrange a entregar o cartão bancário e a respectiva senha, para sacar dinheiro de sua conta corrente. HC 215717 / SP. DJe 02/03/2016.
 
EM RELACAO A ROUBO + CORRUPCAO DE MENOR
Ementa: PENAL. PROCESSO PENAL. ROUBO. CORRUPÇÃO DE MENORES. CRIME FORMAL. TIPIFICAÇÃO. SÚMULA 500, STJ. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. DOSIMETRIA. CONCURSO FORMAL. ADMISSIBILIDADE. CUSTAS PROCESSUAIS. RÉU POBRE. ISENÇÃO. 1. De acordo com a Súmula n. 500 do Superior Tribunal de Justiça, o delito de corrupção de menores é de natureza formal, caracterizando-se, ainda que o menor tenha anterior envolvimento em prática delitiva. 2. A materialidade e a autoria dos crimes de roubo qualificado e de corrupção de menores estão satisfatoriamente comprovadas pela prova documental e testemunhal. 3. Ressalvadas as hipóteses em que demonstrados desígnios autônomos, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido o concurso formal entre roubo e corrupção de menores. Precedentes. 4. Fixada a pena em 6 (seis) anos, 2 (dois) meses e 20 (vinte) dias de reclusão e 13 (treze) dias-multa, mantendo-se no mais a sentença. 5. Ainda que beneficiário da assistência judiciária gratuita, o réu deve ser condenado ao pagamento das custas processuais (CPP, art. 804), ficando, no entanto, sobrestado o pagamento, enquanto perdurar o estado de pobreza, pelo prazo de 5 (cinco) anos, ocorrendo, após, a prescrição da obrigação (Lei n. 1.060/50, art. 12). A isenção deverá ser apreciada na fase de execução da sentença, mais adequada para aferir a real situação financeira do condenado (STJ, REsp n. 842.393, Rel. Min. Arnaldo Esteves de Lima, j. 20.03.07; REsp n. 263.381, Rel. Min. Fernando Gonçalves, j. 06.02.03; TRF da 3ª Região, ACR n. 26.953, Rel. Des. Fed. André Nekatschalow, j. 09.02.09). 6. Apelação da defesa conhecida em parte e desprovida. Apelação da acusação provida.
OBS: Súmula 711, STF- a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Súmula 243 STJ:
"O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou
continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório,seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano"