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* Direito na Idade Média UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA CAMPUS GOIÂNIA CURSO DE DIREITO HISTORIA DOS SISTEMAS JURÍDICOS CONTEMPORÂNEOS * 1 - INTRODUÇÃO “DOIS FORAM OS INSTRUMENTOS MÁXIMOS LEGADOS PELA IGREJA CATÓLICA PARA A CONSTITUIÇÃO DO DIREITO OCIDENTAL MODERNO: A DOGMÁTICA E O INQUÉRITO” (WOLKMER, 2003: 217). * 2 – A IDADE MÉDIA A idade média foi fenômeno geograficamente localizado na Europa e caracterizado pela interpelação de três elementos que ajudariam a compor a história política de todo o período medieval: Roma, os Povos Germanos e a Igreja Católica. * 3 – O DIREITO CANÔNICO E A DOGMÁTICA A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA DOGMÁTICA: Elemento da construção, manutenção e manipulação da verdade, Fundamento de uma política autoritária imposta pela igreja católica durante o desenrolar da idade média; - A lógica do discurso irradia até os dias atuais: discurso jurídico dogmático; - O poder e a verdade foram normatizados socialmente através da estruturação política da igreja católica com origem nos vínculos de autoridade política. * 4 – VÍNCULO FEUDAL COMO INSTRUTOR DE DOMINAÇÃO ATRAVÉS DA AUTORIDADE DERROCADA DO IMPÉRIO ROMANO => IDADE MÉDIA Fundamentação para justificar socialmente o discurso de poder; - SUSTENTAÇÃO POLÍTICA INTERCONTINENTAL EM ROMA CRISE DOS TRÊS PILARES BÁSICOS: 1º) proteção militar da população; 2º) incentivo ao comércio; 3º) facilidade de comunicação com todos os lugares; DOIS FENÔMENOS ABALARAM A HARMONIA: 1º) o modo de produção escravocrata; 2º) e o cristianismo como religião oficial (300 a.c.). * 5 – MOTIVAÇÕES BÁRBARAS PARA A INVASÃO DE ROMA O OCASO DO IMPÉRIO ROMANO: Invasão dos nórdicos à Europa central. Motivada pelas riquezas e pelas terras férteis dos arredores da roma antiga; Alianças militares dos germânicos a fim de invadir roma; INVASÃO DE ROMA PELOS “BÁRBAROS” DO NORTE: Eclosão do etnocentrismo, uma percepção equivocada das características da etnia; * A PALAVRA GREGA “BÁRBAROS” SIGNIFICA “AQUELE QUE ROSNA” OU QUE FALA UMA “LÍNGUA INCOMPREENSÍVEL”, ISTO É, UM “ESTRANGEIROS”. * 5 – MOTIVAÇÕES BÁRBARAS PARA A INVASÃO DE ROMA * 6 – A IGREJA CATÓLICA E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO FEUDALISMO ESCOMBROS DO IMPÉRIO ROMANO: Junção de características do REGIME ESCRAVOCRATA com o REGIME COMUNITÁRIO primitivo das tribos nórdicas; Fomento do regime feudal; Responsável político pela junção desses dois modos de vida diferenciados => Igreja Católica Romana. * 7 – A RAZÃO CATÓLICA: INSTRUMENTO DE CONTROLE DO PODER VERDADE DIVINA => REVELAÇÃO: Todavia, a dominação e a imposição de um modelo de pensamento se dará pela teologia. A RAZÃO SERÁ O INSTRUMENTO TOTAL: Permitirá à prática jurídica subjulgar os direitos paralelos, e qualquer tipo de contestação ou interpretações “incompetentes”; INVASÕES GERMÂNICAS: Origem de numerosos sistemas de governo menores e autônomos, o que causou uma confusão entre propriedade e autoridade. * 8 – A IGREJA CATÓLICA E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO FEUDALISMO NOVO QUADRO: Fim das relações públicas entre indivíduo e Estado; Origem de relações de produção diferenciadas, organizadas através dos vínculos de subordinação pessoal; Concentração progressiva da propriedade; As relações daí advindas caracterizarão o feudalismo e serão fixadas e estereotipadas na relação senhor / vassalo; * 9 – DINASTIA CAROLÍNGIA E FEUDALISMO SÉCULO VIII Reconstrução de uma estrutura transnacional de governo a partir da ascensão de Carlos Magno e da Dinastia Carolíngia; Possibilitou a existência dos feudos como estrutura econômica, jurídica, social, cultural, moral e política da idade média. * CAROLÍNGIOS OU CARLOVÍNGIOS É O NOME DA DINASTIA FRANCA QUE RESTABELECEU O IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE DE 800 A 887 (PRINCIPALMENTE SOB CARLOS MAGNO). Estátua de Carlos Magno em Frankfurt * 9 – DINASTIA CAROLÍNGIA E FEUDALISMO * 10 – VÍNCULO DE VASSALAGEM ESTÁ ATRELADO AO FEUDO PODER SENHORIAL: Depende de um vínculo privado contratual; Depende da vontade de obediência e a fidelidade do vassalos; Revogada está a fidelidade sempre que há abandono do feudo pelo vassalo; O DIREITO GERMÂNICO: Foi utilizado na resolução de conflitos; Caracteriza-se pela ausência de um poder judicial organizado; Adotava uma sistemática da prova. * 11 – O PROCESSO PENAL GERMÂNICO O PROCESSO PENAL GERMÂNICO: Era uma espécie de continuação da luta entre o ofendido e o acusado; “Forma ritual de guerra”, método de produção e legitimação da verdade; O objetivo não era provar a verdade, e sim a influência social de quem participava da prova, geralmente o vencedor era o mais forte. MODELO DE DIREITO GERMÂNICO: Vínculo de autoridade baseado no carisma de um líder guerreiro. * 11 – O PROCESSO PENAL GERMÂNICO O SISTEMA DE PROVAS: A) Provas Sociais => a importância política do acusado tinha de ser demonstrada, por exemplo, pelo número de testemunhas vinculadas por sangue; B) Provas de tipo verbal => a resposta à acusação se dava em forma de enunciados concatenados que poderiam levar ao erro ou ao sucesso; C) Provas físicas ou corporais => as conhecidas ordálias e os duelos; D) Juramentos => válidos somente para os mais abastados. * A prova de fogo, de Dierec Bouts, o Velho (1415-1475) Ordálio ou ordália é um tipo de prova judiciária usado para determinar a culpa ou a inocência do acusado por meio da participação de elementos da natureza e cujo resultado é interpretado como um juízo divino. * 12 – O CARISMA E O PODER O FUNDAMENTO DA DOMINAÇÃO, E DA OBEDIÊNCIA: Crença no prestígio daqueles que mandam; Dará origem, no fim da idade média, à utilização do contrato como fundamento político da existência do Estado; A forma como o papa representará a materialização do carisma de cristo e da igreja católica, vincula-o simbolicamente à figura paterna: ente que protege e anima os fiéis na sua crença; Tipo ideal de dominação carismática que funda um modo diferenciado de controle e resolução de litígios. * 13 – A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO COMO PRÁTICA REPRESSIVA DESENVOLVIMENTO DA IGREJA COMO AUTORIDADE: A religião floresce dos escombros de roma como consequência do aumento de exigências morais, quando a palavra passa a ter um aumento de significação social e econômica; Cresce a importância da vinculação ética do indivíduo em um cosmo de “deveres” que permitem prever sua conduta; O estabelecimento de relações sociais e econômicas de caráter feudal; Legalização do catolicismo pelo Imperador Constantino – no Edito de Tolerância de Milão, de 313 d.C. * 14 – A LEGALIZAÇÃO DO CATOLICISMO E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO - A igreja foi uma força onipresente no desenvolvimento financeiro e jurídico da europa; - Como maior latifúndio, estava comprometida com a defesa do feudalismo, e com toda a sua autoridade auxiliou na repressão das revoltas de camponeses que varreram o continente; - Denunciava como hereges ou trancafiava em mosteiros todos aqueles que desejavam restabelecer a imagem de uma igreja comunal, apostólica; * 14 – A LEGALIZAÇÃO DO CATOLICISMO E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO Surgimento do Tribunal do santo ofício: - 1232 -> Frederico II, Imperador do Sacro Império Romano-germânico lança editos de perseguição ao hereges; O Papa Gregório IX, temendo as ambições do imperador, reivindica para si essa tarefa. Institui inquisidores papais recrutados entre os dominicanos. * 14 – A LEGALIZAÇÃO DO CATOLICISMO E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO De acordo com o Manual dos Inquisidores, eram considerados hereges (EYMERICH, 1993: 36): os excomungados; os simoníacos (que comercializavam a fé); quem se opuser à Igreja de Roma e contestar a autoridade que ele recebeu de Deus; quem cometer erros na interpretação das Sagradas Escrituras; quem criar uma nova seita ou aderir a uma seita já existente; quem não aceitar a doutrina romana no que se refere aos sacramentos; quem tiver opinião diferente da Igreja de Roma sobre um ou vários artigos de fé; quem duvidar da fé cristã. * 14 – A LEGALIZAÇÃO DO CATOLICISMO E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO TRIBUNAL DA SANTA INQUISIÇÃO - Criado em 1230 pelo Papa Gregório IX Os heréticos não podiam ser enterrados em terra consagrada; caso a culpa fosse comprovada somente após a morte, os ossos do herético deveriam ser desenterrados, atirados fora do cemitério ou queimados. As propriedades de heréticos ou simpatizantes deveriam ser confiscadas. Qualquer casa frequentada por heréticos deveria ser destruída e o seu sítio transformado em depósito de lixo. Filhos de heréticos, mesmo inocentes, não poderiam herdar os bens paternos, nem ocupar cargos na Igreja ou manter qualquer benefício eclesiástico até a segunda geração. * 14 – A LEGALIZAÇÃO DO CATOLICISMO E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO TRIBUNAL DA SANTA INQUISIÇÃO - Criado em 1230 pelo Papa Gregório IX Os heréticos arrependidos por medo mereciam prisão perpétua. Os arrependidos sinceros ficavam sujeitos a penas de prisão menores, desde que denunciassem outras pessoas. Podiam também ser condenados a peregrinar a lugares santos, ou uso de cruzes enormes costuradas sobre as roupas, a açoitamentos e multas. Todos aqueles que entrassem em contato com heréticos deveriam ser punidos. Quem não jurasse ser um bom católico, não denunciasse heréticos a cada dois anos ou não fosse comungar ou confessar-se pelo menos três vezes ao ano, era suspeito de heresia. Não era permitida defesa legal e o apelo à sentença era proibido. * 15 – AS CIDADES EPISCOPAIS E ARCEBISPAIS E O EXERCÍCIO DO PODER NA EUROPA - Durante a idade média a igreja foi a única instituição sólida existente; - As poucas cidades que sobreviveram à desintegração do império romano eram cidades episcopais e arcebispais; - A partir do século V a igreja católica procurou unificar na fé cristã todos os recantos da europa, dominada pelos povos do oriente; * 16 – CONVIVÊNCIA DE DIREITOS NO SÉC. V Implantação de mosteiros para propagação da fé e de controle econômico – social; Os mosteiros eram centros de educação e evangelização; Desde o século V o direito romano convive paralelamente com o direito germânico ; Até o século VIII, observa-se a progressiva condensação desses vários direitos; A resolução das contendas particulares era feita pelos senhores feudais, investidos de jurisdição; * 17 – LEIS PESSOAIS E A PRÁTICA DO DIREITO Nas leis de aplicação pessoal o indivíduo só poderia responder pelas acusações que violassem as leis do seu próprio grupo, isto é, cada um vivia sobre seu próprio direito; Os diferenciados modos de resolução de litígios que envolviam a aplicação de leis pessoais deram sobrevida ao direito romano no ocidente; Forma o gérmen de alguns princípios do direito internacional privado moderno; O poder era exercido através de uma jurisdição política; * 18 – JURISDIÇÃO PELA POSSE DE TERRAS Toda a concessão de terras trazia autoridade para o concedente em relação ao concessionário; - Com isso, os tribunais seculares passaram a ser pressionados para julgar seus litígios a partir do direito canônico e para transmitir seu poder de decisão aos tribunais canônicos; - A jurisdição eclesiástica passou a ser competente para julgar todos os casos relativos ao casamento e à maioria dos litígios envolvendo o direito de família; - As leis são consideradas verdades reveladas por um ser superior e a desobediência é um pecado; * 19 – CERCO DOGMÁTICO DO DIREITO Os cânones são os desígnios de Deus, transformados em regras a serem seguidas sem questionamento pelos homens; - O “cerco” dogmático começava a se formar. A partir daqui, inicia-se a história da sacralização do direito na idade média; - A igreja passou a considerar o antigo direito romano como legislação viva que deveria ser interpretada por doutores abalizados pelo clero nas universidades, como de Bolonha, responsáveis pelo sentido oficial dos textos romanos; - A igreja passou a monopolizar a produção intelectual jurídica na idade feudal; * 20 – CONTROLE PAPAL NO DIREITO O locus menos “jurídico” e mais “real” era o local onde se materializava a violência imediata e explicita daquele saber, ou seja, a universidade; - Com a publicação da “concordância dos cânones discordantes” em 1140, Graciano – um monge professor de Bolonha – tenta normatizar os procedimentos através da instituição/institucionalização da verdade; - A partir de 1528, com base no “corpus juris canonici”, o direito canônico desenvolveu-se por decreto papal, interpretação oficial e julgamento de litígio nas cortes eclesiásticas; * 21 – A INQUISIÇÃO E O CONTROLE SOCIAL Os cânones deveriam ser considerados como a palavra de deus legislada pela boca do papa, verdade absoluta e incontestável; - Isso aconteceu exatamente porque se multiplicavam interpretações dos advogados à administração eclesiástica, principalmente quando utilizavam o direito civil dos romanos; - A crítica à igreja passa a equivaler ao crime de lesa-majestade; - Não admitindo questionamentos, a igreja tem de mobilizar toda uma tecnologia repressiva para controlar os possíveis revoltosos, e essa tecnologia é materializada na inquisição; * 22 – O CONTROLE DO CONHECIMENTO JURÍDICO MEDIEVAL E O PODER Em 1180 houve a proibição do estudo do direito romano aos monges; - O fechamento das escolas de direito civil foi ordenado por Henrique III em 1234; - O direito canônico servirá como modelador e “censor” da realidade que incomodava a instituição eclesial, como estrutura dogmática e como instituição de repressão / formação de condutas na sociedade; * CONSIDERAÇÕES FINAIS O discurso dogmático busca a construção do mito da verdade instaurando-se como censura da realidade; O direito canônico aparece como saber sagrado, privilegiado e separado dos outros, ou seja, onde a verdade pode ser encontrada; Para além da legitimidade, o direito canônico se arvora em objeto de amor daqueles a quem subordina com seus comandos; A obediência inquestionada, alçada ao grau de verdadeira adoração, define o amor dos dominados; * CONSIDERAÇÕES FINAIS O amor incondicional, cujo vacilar impõe a culpa, caracterizará: A) a genialidade do exercício do poder da igreja medieval; B) sua fundação no processo de veneração absoluta do papel de autoridade; C) como instrumento de reprodução das instâncias de dominação; * CONSIDERAÇÕES FINAIS O direito canônico se apresenta assim como o discurso transcultural (e profundamente negador) da era científica; O direito canônico nasce como discurso que exclui a cultura e o diferente quando se autodenomina único e natural através do processo de “canonização” das interpretações e, principalmente, quando especifica as práticas de excomunhão e penitência; O desenvolvimento futuro do direito, a partir desse momento, esteve absolutamente comprometido com essa economia da verdade (economia antes de tudo racional) que é a construção dogmática do saber. Frederico II, Sacro Imperador Romano-Germânico Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Ir para: navegação, pesquisa Frederico II da Germânia. Frederico II da Germânia (Jesi, Província de Ancona, 26 de dezembro de 1194 — Castel Fiorentino, Apúlia, 13 de dezembro de 1250) teve os títulos de Rei da Sicília (1197-1250), Rei de Tessalónica, Rei de Chipre e de Jerusalém, Rei dos Romanos, Rei da Germânia e imperador do Sacro Império Romano-Germânico (1220-1250). Filho de Henrique VI, que morreu em 1197, tendo Frederico apenas três anos, e de Constança da Sicília, marcou a restauração da dinastia dos Hohenstaufen. Esteve em luta quase constante com os Estados Pontifícios e, apesar de excomungado duas vezes, tomou parte na VI Cruzada (1229), que conduziu como diplomata e não como guerreiro. Inocêncio IV destituiu-o no concílio de Lyon (1245). Gregório IX chegou a chamá-lo de Anti-Cristo e, provavelmente por isto, quando ele morreu, surgiu a ideia de que ele voltaria a reinar de novo em 1000 anos. *
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