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! I I 6.ESPÉCIES EECOSSISTEMAS: RECURSOS PARA O DESENVOLVIMENTO A conservaçãodos recursosnaturaisvivos - vegetais,animaise microorganismos,e dos elementosnão-vivospresentesno meio ambientedo qual dependem- é fundamentalparao desenvolvi- mento.Atualmente,a conservaçãodos recursosvivos selvagens constados planosde governos:quase4% da superfícieterrestre do planetaé gerida explicitamentepara conservarespéciese ecossistemas,e s6 muitopoucospaísesnãopossuemparquesna- cionais.O desafioquese impõehoje àsnaçõesjá nãoémaisde- cidir se a conservaçãoé umaboaidéia,massimcomoimplemen- tá-la no interessenacionale comos meios,disponíveisemcada país.. 6.1 O PROBLEMA: CARACTERÍSTICAS E ABRANGÊNCIA As espéciese seuselementosgenéticosprometemdesempenhar umpapelcadavez maisimportanteno desenvolvimento,ejá se faz presenteuma vigorosaargumentaçãoeconômicaem defesa dos motivoséticos,estéticosc científicosparapreservá-Ios.As contribuiçõesda variabilidadegenéticae do elementoplasma gerrninativodasespéciesà agricultura,àmedicinae à indústriajá montama muitosbilhõesded6laresanuais. No entanto,os cientistass6 pesquisaramexaustivamenteuma emcada 100espéciesvegetaisda Terra,e umaproporçãomuito menorde espéciesanimais.Se as naçõesassegurarema sobrevi- vênciadasespécies,o mundopoderácontarcomalimentosnovos, e melhores,novasdrogase medicamentos,e novasmatérias-pri- masparaa indústria.Esta- a possibilidadedeasespéciescontri- buíremsempremaise de umainfinidadede formasparao bcm- estarda humanidade- é a principaljustificativaparaos esforços cadavez maioresno sentidode salvaguardaros milhõesdeespé- ciesdaTerra. Igualmenteimportantessãoos processosvitaisefdlladospela natureza,entreeles a estabilizaçãodo clima,a prote(;f,odasba- cias fluviais e do solo, a preservaçãode viveirosc ;Í1'L~asde re- produçãoetc.A conservaçãodesses'processosllftoI)()(IL~se des- 162 " .- vinculardaconservaçãode cadaespéciedentrodosecossistemas naturais.Administrarao mesmotempoespéciese ecossistemasé evidentementeo modomaisracionaldelidarcomo problema.Há inúmerosexemplosdesoluçõesaplicáveisaproblemaslàcais.1 As espéciese osecossistemasnaturaiscontribuembastantepa- ra o bem-estarhumano.Mas essesrecursostãoimportantesrara- mentesão utilizadosde modo a poderenfrentaras crescentes pressõesda futurademandadebense deserviçosquedependem dessesrecursosnaturais. Cresceo consensono meiocientíficodequeasespéciesestão desaparecendoa um ritmonuncaantespresenciadono planeta. Mas tambémhácontrovérsiasquantoa esseritmoe aosriscosque acarreta.O mundoestáperdendoprecisamenteaquelasespécies sobreas quaistempoucoou nenhumconhecimento;elasestão desaparecendonoshabitatsmaisremotos.Essecrescenteinteres- se científicoé relativamenterecentee os dadosemquesebaseia nãosãomuitos6lidos.Mas seconsolidaacadaano,àmedidaque surgemnovaspesquisasdecampoe novosestudosJ>orsatélite. Muitos ecossistemasbiologicamentericos.e promissoresem benefícioslUateriaisencontram-seseriamenteameaçados.Inúme- ras variedadesbiol6gicascorremo risco de desaparecerjusta- mentequandoa ciênciacomeçaa aprendera explorara variabili- dadegenéticadevidoaosavançosdaengenhariagenética.Vários estudosdocUIÍ1entamessacrisecomexemplostiradosdeflorestas tropicais,florestastemperadas,manguezais,recifesde coral,sa- vanas,pradose zonasáridas.2Emboraa maioriadessesestudos apresentedocumentaçãodecarátergerale'poucoslistemasespé- ciesemriscoou recentementeextintas,algunsexpõempormeno- rizadamenteespécieporespéci~.(Verbox6.1.) A alteraçãodoshabitatse á extinçãodasespéciesnão,sãoas únicasameaças.O planetatambéinvemsendoempobrecidopela perdade raçase variedadesdentrode'espécies.A variedadedas riquezasgenéticasexistentesem umaúnica espécieé atestada pela variabilidadeevidentenas muitasraças caninas,ou nos muitostiposdemilhoobtidospeloscultivadores.3 . Muitasespéciesestãoperdendopopulaçõesinteirasaumritmo quereduzrapidamentesuavariabilidadegenéticae,portanto,sua capacidadede adaptaçãoàs mudançasclimáticase a outrasfor- masdeadversidadeambiental.Os fundosdegenesremanescentes dasprincipaisespéciesvegetaiscultivadascomoo milhoe o ar- roz, por exemplo,representamapenasumafraçãodadive,rsidade genéticaqueabrigavamháapenasalgunsdecênios,mesmoqueas própriasespéciesnãoestejamameaçadas.Assim,podehaveruma grandediferençaentreperda,de espéciese perdade reservasde genes. 163 ·.0 .~~~~- :;:~;-::~:<:~.L~:Ei.~='L=··,2.j,:=}~I:~..~::~;';::;~i.:,.",,7, .:;. 0,.7·'.:~=::.i~L:::;-=,.:,·-,jJ:>"=-:~=-"·;::' :"::":::" ~::~.:..:,,-;.,:.: ..... :,_..-.:.,:::;, ..::;;:~::~~.:..: ':'::'~':·'::L...:~;'-:;'::~:·::":;"--'-:":':::~'.2.r~:'~" ._::.:-:,,~ .. :II: ,:':-.;~. : ..~ .. :.~, ~~~~~!'!III,.Ill ...II,"'""III,!I!~-_!III,.•••••• , _•••• , ••• IIl•• I!I/ll'0.:~·'!:'r0?:c.,-'""7:.:":~.~.~_.-.t. Box 6.1 AHgulillS exemplosdeextinçãode espécies o Em Madagascar,atémeadosdo século,havia12mil espé-, cies vegetaise provavelmentecercade 190 mil espécies animais;pelo menos60% dessetotal eramendêmicasna faixa florestalexistentena parteorientalda ilha (ou seja, nãoexistiamemnenhumoutrolugardo mundo).Pelomenos 93% daflorestaprimitivadesapareceram.Com basenestes números,os cienti-stascalculamquepelomenosmetadedas .espéciesoriginaisjá desapareceuouestáemviasdedesapa- recer. $ b lagoMalavi,naÁfrica Central,possuimaisde500es- péciesde peixes,dasquais99% endênúcas.O tamanhodo lagoé apenasumoitavodo dosGrandesLagosdaAmérica do Norte- quepossuemapenas173espécies,dasquaisme- nos de 10%sãonativas- e seencontraameaçadopelapo- luição causadapor instalaçõesindustriaise pela possível introduçãodeespéciesalienígenas. c Supõe-sequeo Equadorocidentaljá tenhapossuídoentre 8 mil e 10mil espéciesvegetais,sendode40 a 60%endê- micas.Considerando-seque em áreassemelhantesexistem de 10 a 30 espéciesanimaisparacadaespécievegetal,o Equadorocidentaldeveterpossuídocercade200milespé- cies.Desde1960,quasetodasas florestasda regiãoforam destruídasparacederlugara plantações,de banana,poços de petróleoe assentamentoshumanos.E difícil avaliaro númerodeespéciesquedesapareceramporcausadisso,mas poderiamtersido50mil oumais- e emapenas25anos. ~ Na regiãodo Pantanal,no Brasil, há cercade 110.000 Km2 de terrasúmidas,talvezas maisextensase ricas do mundo,quesãoo habitatdasmaisnumerosase variadases- péciesdeaves'aquáticasdaAméricado Sul. A Unescocon- sideroua região"de importânciainternacional",masela vemsofrendocadavezmaisdevidoà expansãodaagricultu- ra, à construçãoderepresase outrasformasdedesenvolvi- mentoquerompemo equilíbrioecológico. Fontes:Rauh,W.Prablemsaf biolagiealeonservationinMadagas- caroIn: Bramwell,D., ed.Plants and islands.London,Aeaclemie Press,1979;Barel,D.C.N.etalü.Destruetionaf fishcriesin i\fri- ea'slakes.Nature,315:19-20,1985;Gentry,A.H. Faltemsof neo- tropicalplantspeciesdiversity.EvolutionaryBiology,15:I-R4,1982; Seott,D.A. & Carbonell,M. A direetoryaf ncotropicalwethmcls. Gland,SwitzerIand,IUCN, 1985. 164 "Nossamataatlântica,essamassadeflorestatropical.quese estendenlanafaixaestreitadenortea.sul,foi drasticamentere- duzida. A florestacaracteriza-sepor grandenúmerodeespéciesen- dêmicas,espéciesques6existemnessaáreae apenasndBrasil. Por isso, competea nós, brasileiros,a respo17.sabilidadede mantervivasessasespécies." IbsendeGusmãoCâmara PresidentedaFundaçãoBrasileiraparaa ConservaçãodaNatureza AudiêneiapúblieadaCMMAD,SãoPaulo,28-29deoutubrode1985 É inevitávelquesepercaparteda variabilidadegenética,mas todasas espéciesdeveriamserprotegidasna medidaemqueisso fosse técnica,econômicae politicamentepossível. O panorama genéticoestáemconstantemudançaatravésdeprocessosevoluti- vos, e há maisvariedadesdo queo esperadoparaseremprotegi- das por programasgovernamentaisbemqefinidos.Por isso, no quediz respeitoà conservaçãogenética,é'precisoqueos gover- nossejamseletivose investiguemquereservasdegenesmerecem serobjetodemedidasdeproteção.Cont~do.comopropostank1.is ampla,os governosdeveriamsancionarleise implementarpolíti- caspúblicasqueestimulassema responsabilidadedosindivíduos, dascomunidadese dasempresasparaco~aproteçãodasreservas degenes. ; " Mas antes.quea ciênciapossase.concentraremndvasmanei- rasde conservarasespécies,osplanejadore!ie o públicoemgeral _ para o qual as políticassão feitas-' devemcompreendero quantoé gravee prementea ameaça.As espéciesimportantespa- ra o bem-estarhumanonãosãoapenasos vegetaissilvestresapa- rentadosàs culturasagrícolas,ou os animaiscriadosparaconsu- mo. As minhocas,as abelhase os cupinspodemser muitomais importantesdevidoao papelquedesempenhampumecossistema saudávele produtivo.Seriabastanteirônico que, justo no mo- mentoemqueasnovastécnicasdaengenhariagenéticacomeçam a permitirqueconheçamosmelhora diversidadedavidae usemos os genescom maiseficáciaparamelhorara condiçãohumana, achemosessete~ourolamentavelmentedesgastado. 6.2EXTINÇÃO: FORMAS E TENDÊNCIAS A extinçãoé umfatotãoantigoquantoavida.Os poucos~lhões deespéciesquesobrevivematéhoje sãoos q1J.erestaramdo meio 165 1 I I I bilhãoque se calculajá haverexistido.No passado,quasetodas asextinçõesocorreramporprocessosnaturais,mashojesedevem predominantementeà açãohumana. A duraçãomédiade umaespécieé de·cercade 5 milhõesde anos.As estimativasatuaismaisotimistassãodeque,nosúltimos 200milhõesde anos,900mil espécies,emmédia,setenhamex- tinguidoa cada1milhãode'anos,o quedariaumataxamédiade quaseumaextinçãoa cada13mesese meio;aproximadamente.4 A. taxaatual,provocadapela açãohumana"é centenasde vezes maisaltae podefacilmentechegara sermilharesdevezesmais alta.5Não sabemos.Não dispomosde dad4snuméricosprecisos sobreas taxasatuaisdeextinção,pois asespéciesqueestãodesa- parecendosão, em suamaioria,aquelasmenosestudadas,como os insetosdasflorestastropicais. Emboraas florestastropicaisúmidassejamsemdúvidaasuni- dadesbiológicasmaisricasem termosde diversidadegenéticae as maisameaçadaspela açãohumana,outrasimportanteszonas ecológicastambémsofrempressões.As terrasáridase semi-ãridas abrigamapenasumnúmeromuitopequenodeespécies,emcom- paraçãocomasflorestastropicais.Contudo,devidoaofatodees- sasespéciesse adaptarema condiçõesde vida muitoduras,en- tramna composiçãode muitosprodutosbioquímicasde grande potencial,comoa ceralíquidada jojoba e a borrachanaturaldo guaiúle. Muitas dessasespéciesestão ameaçadas,entreoutras causas,pelaexpansãodosrebanhos. Os recifesde coral,comcercade meiomilhãodeespéciesem 400.000Km2, estãosendodevastadosa tal pontoqueprovavel- mente,no início do próximoséculo,só existirãoalgunsremanes- centesdeteriorados.Isto representariaumagrandeperda,poisos organismosdos recifesde coral, graçasà "guerrabiol6gica"em que se empenhampara garantiremseu espaçovital emhabitats superpovoados,geramum númeroe umavariedadeexcepcionais detoxinasinestimáveisparaa medicinamoderna.6 As florestastropicaisúmidascobremapenas6% da superfície terrestredo planeta,masabrigampelomenosmetadedasespécies daterra(quetotalizamno mínimo5 milhões,maspodemchegara 30 milhões).Nelas vivem90% ou maisde todasasespécies.As florestastropicaismadurasaindaexistentescobremapenas900 milhõesde hectares,dos 1,5-1,6bilhãode hectaresquejá chega- rama cobrir. De 7,6 milhõesa 10milhõesde hectaressãocom- pletamentedevastadosa cadaanoe pelomenosoutros10milhões sofremsériosdanosanualmente.7Mas essesnúlIlt:fosprovê:mde levantamentosfeitosemfins dosanos70;desdecn1iío,é provável queo ritmodo desflorestamentotenhaseacelerado. 166 "( .,- ...• "Há 20 anos, quandodecidimosexplorarmais intensivamente nossasflorestas,pensamosapenasna disponibilidadede recur- sos e simplesmenteos usamos.Na época,achávamõstambém queofato deasárvoresseremderrubadasnão impediriaa rege- neraçãodafloresta,porquenemtodasasárvoresestavamsendo cortadas.Mas esquecemo:;de queaindanãosabíamoscomore- cuperarflorestastropicais. Uma espécienativacujo nomes6 sei emminhalíngua, me- ranti,é nossamadeiramaisnobre,e éumaárvorequenãodá sombraduranteseuperíododecrescimentO.E nãopodesobrevi- versemsombra.E nósnemlevamosissoemconta,simplesmente aceitamosa tecnologiaocidentalquediz queéprecisoderrubar eexplorarnossasflorestas." Emmy H.Dharsono RededeOrganizaçõesNão-governamentaispara a ConservaçãodeFlorestas AudiênciapúblicadaCMMAD,Jacarta,26demarçoele1985 Por volta do Írm do.século,ou poucodepois,talvezrestem muitopoucasflorestastropicaisúmidasvirgens,a nãosernaba- cia do Zaire~na porçãoocidentaldaArllazôniabrasileira,e em algumasoutrasáreas,comoa faixaflorestar"da Guiana,no norte daAméricado Sul, epartesdailhadeNov~Guiné.É improvável que as florestasdessaszonassobrevivampor muitosdecênios mais,já que'a demandamundialde seusprodutoscontinuaa au- ~entar,assimcomoo númerodeagricultores;queexploram.essas terras. Se o desflorestamentona Amazôniaprossegqisseao ritmo . atualatéo ano2000e entãocessassepor completé;(o queé im- provável),ter-se-iamperdidocercade15%dasespéciesvegetais. Se a florestaamazônicaacaba:;sese restringindoàs áreashoje consideradasparquese reservasflorestais,66%dasespéciesve- getaisdesapareceriam,alémdequase69%dasespéciesdepássa- roseproporçõessemelhantesdetodasasoutrasprincipaiscatego- rias de espécies.Quase20%dasespéciesdaTerraencontram-se em florestasda América Latina, excluídaa Amazônia;outros 20% estiíoemflorestasda Ásia ~daÁfrica, excluídaa baciado Zaire.8Todas essasflorestasestãoameaçadase, se des'aparece- rem,asespéciesperdidaspodemchegara centenasdemilhares. A menosque setomemmedidasadministrativasadequadasde longoprazo,pode-seperderpelom~nosumquarto,talvezumter- ço e possi-Y:t(lmenteatéumaproporÇãoaindamaiordasespécies !.,"..,,-,. 167 I j' i hoje existentes.Muitos especialistassugeremque se protejam pelomenos20%dasflorestastropicais,masatéagorabemmenos de5% recebemalgumtipodeproteção- e muitosdosparquesde florestastropicaisexistemapenasnopapel. É improvávelquemesmoos parquese áreasprotegidasmais bemadministradosconstituamumasoluçãoadequadaparao pro- blema.Na Amazônia,semetadeda florestafossede algumafor- mapreservada,masa outrametadedesaparecesseou sofressesé- rios danos,talveznãohouvesseumidadesuficienteno ecossiste- maamazônicoparamanterúmidoo restanteda floresta.9Ela po- deriair secandoatésetornarpraticamenteumaflorestaaberta- o queprovocariaa perdadamaioriadasespéciesadaptadasàscon- diçõesdeumaflorestatropicalúmida. É provávelquenumfuturonãomuitodistantevenhama ocor- rer variaçõesclimáticasmaisgeneralizadas,umavez queo acú- mulade "gasesdeestufa"naatmosferaacarretaráo aquecimento do planetajá no início do próximoséculo.(Ver capítulo7.) Tal variaçãoafetarábastantetodosos ecossistemas;tomandoparti- cularmenteimportantemantera diversidadenaturalcomomeiode adaptação. 6.3 ALGUMAS CAUSAS DA EXTINÇÃO Os trópicos,queabrigamo maiornúmeroe diversidadedeespé- cies,tambémabrigama maioriadospaíses'emdesenvolvimento, ondeo aU,mentopopulacionalé maisaceleradoe apobrezaémais difundida.'St; os agricultoresdessespaísesse viremforçadosa persistirnaagriculturaextensiva- queé intrinsecamenteinstável e obrigaá,deslocamentosconstantes-, entãoa agriculturatenderá a seestenderpor todoo meioambienteselvagemaindaexisterite. Mas se forem.ajudadose incentivadosa praticarumaagricultura mais intensiva,poderãofazeruso produtivode áreasrelativa- mentelimitadase afetarmuitomenosasterrasselvagens. Os agricultoresnecessitarãode ajuda:treinamento,apoio à comercialização,fertilizantes,pesticidase implementosa preços acessíveis.Isso exigiráo apoiointegraldosgovernos,inclusivea garantiade queaspolíticasde conservaçãoserãoelaboradasde modo a beneficiarsobretudoa agricultura.Talvez seja conve- :ç.ienteressaltarqueessesprogramassãomaisimportantesparaos agricultoresdo queparaa vida selvagem,emboraos destinosde ambosestejaminterligados.A conservaçãodascsp6cicsvincu'a- seao desenvolvimento,e os problemasde ambossflo maispolíti- cosquetécnicos. 168 f " Em muitospaísesemdesenvolvimento,oaumentopopulacio- nal é umadasmaioresameaçasaosesforçosde conservação.O Quêniadestinou6% de seuterritórioa'parquese reservas,a fim de protegersuavida selvageme ganhardivisascom o turismo. Mas os atuais20 milhõesde habitantesdo paísjá estãopressio- nandotantoos parquesqueasterrassobproteçãovêmsendogra- dativamenteperdidasdevidoà invasãodeagricultores.E 'segundo as proje)oos,a populaçãoquenianaquadruplicarános próximos40 anos.O Pressõespopulacionaissemelhantesameaçamos parquesda Etiópia,Uganda,Zimbábuee de outrospaíses,ondeum número cadavez maior,porémmaispobre,decamponesessevê forçado a dependerdeumabasederecursosnaturaiscadavezmaisredu- zida. São sombriasasperspectivasparaos parquesquenão.con- tribuemdemodomarcantee comprovadoparaos objetivosdo de- senvolvimentonacional. Brasil, Colômbia,Costado Marfim,FiUpinas,Indonésia,Ma- dagascar,Peru, Quênia,Tailândiae outrasnaçõescom grande abundânciade espéciesjá estãoenfrentandofluxos maciçosdc agricultoresdasterrastradicionaisparaterritóriosvirgens.Esses territóriosquasesemprecontêmflorestastropicais,que os mi- graptesestimuladosparaa atividadeagrícolaconsideramterras "livres", ondepodemseestabelecersemempecilhos.As pyssoas quejá vivemnessasterras- embaixasdensidadespopulacionais e possuindoapenasos direitostradicionaisà terra- são muitas vezesbanidasdesseslocais,no afãdecultivarterrasquebempo- deriafucontinuarcomoflorestasdeusoextensivo; . ' Muitospaísestropicaisricosemrecursosflorestaisprovocaram "bOór/iSdemadeira"devastadoresaoconcederemdireitosde ex- ,_, • ,. ,...J r" ~ - piornçãoemtrocadepagamentosde royalties,aluguéiseimpos- tos.qU"e representamapenasumapequenafraçãodo valdr comer- dal líquido.daextraçãodamadeira.O danocausadopor essesin- f~ntivosfoi aindaagravadopelofatodesóseremoferecidascon- cessõesa curtoprazo- o quelevaosconcessionáriosa iniciarem imediatamenteo cortedamadeira-, e deseremadotadossistemas deroyaltiesqueinduzemos madeireirosa sóextraíremasmelho- resárvores,danificandodemaisasrestantes.Em conseqüência,os empresáriosmadeireirosdeváriospaísesarrendarampraticamente todaa áreaflorestalprodutivaempoucosanose exploraramabu- sivamenteos recursos,semsepreocuparemmuitocomaproduti- vidadefutura(enquanto,imprudentemente,permitiamna áreala- vradoresquealimpavampormeiodequeimadas).11 . I . Nas AméricasCentnlle do Sul, muitosgovernosincentivaram a conversãoemlargaescaladeflorestastropicaisemfazendasde criaçãode gado.Muitas dessasfazendasse revelaraminviáveis 169 , .•:.•.•..•.~~~ ••.•"".•..;.:;.;-"-"'*--..:...._.......i-.; "Todosn6s,na África, estanioslentamentedespertandopara o fato de quea criseafricanaé emessênciawnproblemade meioambienteque,trouxeconseqüênciasnegativascomoseca, fome,desertificação,superpopulação,refugiados,instabilidade polftica,pobrezageneralizadaetc. , Estamosdespertandopara o fato de quea Africaestámor- rendoporqueseurneioambientefoi pilhado,superexplo'radoe negligenciado.' , Muitosden6s,naÁfrica,estamostambémcomeçandoaper- ceberqúenenhuinpomsanÍaritanoirá cruzarosmaresparavir salvaro meioambienteafricano.S6 mesmonós,africanos,po- demosedeveremossersuficientementesensfveisaobem-estarde nossomeioambiente." Srà. Rahab W. Nwatha TlzeGreenbeltMovement AudiênciapúblicadaCMMAD,Nairóbi,23desetembrode1986 do pontode vistaecológicoe econômico,pois o solo logoperde seusnutrientes;as espécies'daninhastomamo lugardagranúnea plantadae a produtividadedas pastagensdeclinaabruptamente. No entanto,dezenasde milhõesde hectaresdeflorestastropicais se perderamparadar lugara essasfazendas,principalmentepor- que os governqsgarantiramas conversõespor meiode conces- sõesde terras,créditose isençõesfiscais,empréstimossubsidia- dose outrosincentivos.12 . A promoçãodas importaçõesde madeirastropicaisemcertos paísesindustrializados- quefixamtarifasbaixase concedemin- ,centivoscomerciaisbastantefavoráveis-, somadaàsfrágeispo- líticas florestaisdos paísestropicaise aos altoscustose desin- .centivosà exploraçãomadeireiravigentesnospaísesindustriali- zados,tambémlevaao desflorestamento.Algunspaísesindustria- lizadosatéimportamtorosnão-beneficiadossempagarimpostos ou a taxastarifáriasmínimas.Isso estimulaasindústriasdospaí- sesdesenvolvidosausarema madeiradasflorestastropicaise não a própria,fatoqueé reforçadopor restriçõesinternasàquantida- dedeárvoresquepodemsercortadasnasflorestasdessespaíses. 6.4VALORES ECONÔMICOS EM JOGO A conservaçãodas espéciesnão se justifica apellasem termos econômicos.Tambémé motivada,e muito,por cOllsideraç{)cscs- 170 " '1 \.. L -;> i téticas,éticas,culturaise científicas.Mas paraaquelesqueexi- gem prestaçõesde conta,os valoreseconômicosinerentesàs substânciasgenéticasdasespéciesjá bastamparajQstifi"ara sua preservação. Hoje, asnaçõesindustrializadasregistrambenefíciosfinancei- ros muitomaioresdecorrentesdasespéciesselvagenspo queos paísesemdesenvolvimento,emboraos benefíciosnãoregistrados paraos habitantesinterioranosdasregiões'tropicaispossamser consideráveis.Os paísesindustrializadosdispõemda capacidade científicae industrialparaaproveitarsubstânciasselvagensnain- dústriae na medicina.E tambémcomercializamumaproporção muitomaiorde suaproduçãoagrícolado queas naçõesemde- senvolvimento.Os cultivadoresdo Norte dependemcada vez maisdassubstânciasgenéticasprovenientesdevariedadesselva- gensde milhoe trigo,duasculturasquedesempenhampapelde destaqueno comérciointernacionalde grãos.O Departamentode AgriculturadosEUA estimaqueascontribuiçõesdomaterialge- néticovegetalgeramaumentosde produtividadeque,emmédia, se situamemtornode 1% ao ano,comumvalorparao produtor bemsuperioraUS$1 bilhão(dólaresde 1980).13 ,A safrano'iie-americanade milho !,>ofreuum graverevésem 1970,quaridoumfungode folha atacouas terrasdecultivo,fa- zendoosagricultoresperderemmaisdeUS$2bilhões.Descobriu- se,então,umasubstânciagenéticaresistentea fungosemreservas genéticasprovenientesdo México.14Mais recentemente,umaes- pécieprimitivademilhofoi descobertanumaflorestaalpestredo Centro-Sulmexicano.15Estaplantasilvestreé aespéciemaisan- tigaqueseconheceaparentadaaomilhomodernoe sobreviviaem apenastrêsestreitasfaixasde terrenoquese estendiampor uns parcosquatrohectaresde umaáreaameaçada,de destruiçãopor agricultorese madeireiros.A espécieselV'agemé perene;todasas demaisformasdemilhosãoanuais.Suahibridaçãocomvarieda- des comerciaisde milho abreaos agricultoresa perspectivade poderemvir a pouparos gastosanuaiscoma aradae a semeadu- ra,poisaplantacrescepor si mesmatodososanos.Osbenefícios genéticosdessaespéciesilvestre,descobertosquandos6restavam algunsmilharesde talos,podemtotalizarváriosbilhõesdedóla- resaoano.16 As espéciesselvagenstambémcontribuempara a medicina. Metadede todasas receitasaviadasoriginam-sede organismos selvagens)7O valorcomercialdessesmedicamentosedrogasnos EUA chegahoje a cercade US$14bilhõesanuais.18Em termos mundiais,incluindosubstânciasquenãoentramnacomposiçãode receitase produtosfarmacêuticos,o valor comercialestimado excedeaUS$40bilhõesaoano.19 171 '-'"T,-,""";"';-:,":: "';~~: I A indústriatambémsebeneficiada vida selvagem.20Com as substânciasdela'extraídasproduzem-segomas,óleos, resinas, tinturas,tanino,gordurase cerasvegetais,inseticidase muitos outroscompostos.Muitasespéciesvegetaissilvestrestêmsemen- tesricasemóleoquepodemserutilizadasnafabricaçãodefibras, detergentes,colase comestíveisemgeral.Por exemplo,asvidei- ras de florestapluvialdo gêneroF evillea, encontradasna Ama- zôniaocidental,contêmsementestãoricasemóleoqueumhecta- .redessasvideirasnaflorestaoriginalpoderiaproduzirmaisóleo do queúmhectaredeumaplantaçãocomercialdepalmeirasolea- ginosas.21 '.Poucas'es~cies vegetaiscontêmhidrocarbonetosem vez decarboidratos2e algumaspodemgerminaremáreasquesetorna- raminúteisdevidoaatividadescomoa mineraçãodecorteaberto. Assim, as terrasdeterioradaspela extraçãode hidrocarbonetos comoo carvãopoderiamser recuperadasmedianteo cultivodehidrocarbonetosna superfície.Além disso, ao contráriode um poço petrolífero,uma"plantaçãode petróleo"nuncachegane- cessariamentea secar. a novocampodaengenhariagenética,através'do qualaciên- cia projetanovasvariaçõesdeformasdevida,nãoinutilizagenes selvagens.Na verdade,estanovaciênciadevesebasearnomate- rial genéticoexistente,tomando-o,assim,aindamaisútil e valio- so. A extinção,segundoo Prof. Tom Eisner,daComeUUniver- sity, "já nãosignificamaisa simplesperdadeumvolumenabi- bliotecadanatureza.Significaa perdadeumlivro defolhassol- tas,emcadapágina- paraqueasespéciessobrevivam- perma- neceriaperpetuamentedisponível.à transferênciaseletivae ao aperfeiçoamentodeoutrasespécies".23a Prof. WinstonBrill, da Universidadede Wisconsin,assinalou:"Estan1osentrandonuma eraemquea riquezagenética,sobretudoa de áreastropicaisco- mo as florestaspluviais,atéagoraum fundofiduciáriorelativa- menteinacessível,estásetomandoumamoedadealtovalorime- diato."24 Graçasà engenhariagenética,podeserqueaRevoluçãoVerde da agriculturaseja suplantadapor uma"RevoluçãoGenética". Essa tecnologiacria a esperançade que algumdia se venhaa plantarnosdesertos,nomare emoutrosambientesqueantesnão podiamsercultivados.No campoda medicina,os pesquisadores antevêemque suaprópriaRevoluçãoGenéticaobterámaispro- gressosnos últimos20 anosdesteséculodo q\le nos 200anos anteriores. Muitasdasnaçõesmenoscapacitadasa administrarsellsrecur- sosvivos sãoas maisricasemespécies;os trópicos,ondeestão pelomenosdoisterçosdetodasasespéciese umaproporçãoain- 172 Il I ~ i I II \' t' I i da maiorde espéciesameaçadas,coincideaproximadamentecom a áreaquese convencionouchamarde TerceiroMundo. Muitas naçõesemdesenvolvimentoreconhecema necessidadede prote- ger as espéciesameaçadas,mas não dispõemdo instrumental científico,~acapacidadeinstitucionalnemdos recursosfinancei- ro·snecessáriosa essaconservação.As naçõesindustrializadas queprOCUf<Ullcolheralgunsdosbenefícioseconômicosdosrecur- sos genétic;os.deveriamajudar'asnaçõesdo TerceiroMundo em seusesforços,conservacionistas;tambémdeveriamprocurarmeios de ajudaros paísestropicais- sobretudoa populaçãorural,que estámaisdiretamenteligadaa essasespécies- aobteralgunsdos benefícioseconômic;os,propiciadosporessesrecur.sos.~ .' ., • >'., .•.••• '. 6.5 UMA NOVA ABORDAGEM: PREVER E EVITAR a métodohistóricode criar parquesnacionaisatécertoponto isoladosda .sociedadefoi superadopor umanova.abordagemde conservaçãodasespéciese ecossistemasquesepodedefinir co- mo "prevere evitar" . Isso implicaacrescentaruma...novadinicn- sãoaométodojá tradicional,sebemqueviávele necessário,das áreasprotegidas.Os modelosde desenvolvimentoprecisamser alteradosparasetomaremmaiscompatíveis\coma preservaçãoda valiosíssimadiversidadebiológicado planeta.Alteraras estrutu- ras econômiease de usoda terraparecesera melhorabordagem de longoprazoparagarantira sobrevivênciadasespéciesselva- gense deseusecossistemas. Essaabordagemmaisestratégicatratados problemasdadizi- maçãodasespéciesem sua origemnaspolíticasde desenvolvi- mento,prevêos resultadosóbviosdaspolíticasmaisdestrutivase evita danosdesdeagora.Uma boa maneirade promoveressa abordagemé a elaboraçãode EstratégiasNacionaisde Conserva- ção (ENC), quereúnemos processosdeconservaçãoe desenvol- vimento.Na elaboraçãode umaENC participamagênciasgover- :1 namentais,organizaçõesnão-governamentais,interessesprivados e a comunidadeemgeral,a fim de analisarquestõesrelativasa recursosnaturaise estabelecerprioridades.Espera-seque, desta forma,os interessessetoriaistenhamumamelhorcompreensãode suasinter-relaçõescom outrossetorese que se possachegara novaspossibilidadesdeconservaçãoe desenvolvimento. a vínculoentreconservaçãoe desenvolvimentoe a: nécessida- dedeatacaro problemanaorigemsãovisíveisno casodasflores- tastropicais.Às vezes,nãoé a necessidadeeconômic'aquelevaà exploraçãoabusivae à destruiçãodos recursos,mas a'política governamental.Os custoseconômicose fiscaisdiretosdessaex- 173 -.. ~,.,••••.•,l" •.l,i.j,~"·~'+~·~.,,.,.,",.' .':.:.._.~:'~'~~ '-'-'-'< ,.,.'._._. _~. __ ..••.••..••~.•' . .' ••:.o,_,-_~~_. ' ..'...-•......" "Nãoéposs{ve!fazercomqueas oomurasaki- nossaborboleta imperialpúrpura- voltema existiremquantidade,comonopas- sado.A florestaidealparaas oomurasakiexigea extirpaçãode ervasdaninhas,oplantiodeárvores,cuidadosemanutenção.A florestaserápassadaàsfuturasgerações.Não é maravilhoso pensarqueseestáligadoàsgeraçõesfuturaspelofatodelhes deixarwnaflorestaondevoamtantasoomurasakie aspessoas desfrutamdemomentosdealegria? Seria muitobomse pudéssemosinstalar.no coraçãodas criançaso amorpelanatureza.Esperamosdardepresenteaflo- restaqueestamosplantandoàscriançasqueviverãonoséculo XXI." MikaSakakibara AlunadaUniversidadedeAgriculturaeTecnologiadeT6quio AudiênciapúblicadaCMMAD, Tóquio,27defevereirode1987 ploraçãoabusiva- somadosaos da extinçãode espécies- são enormes.O resultadotemsido a exploraçãoruinosadasflorestas tropicais,o sacrifíciodamaioriadesuasriquezasemmadeirae de outrostipos,perdasenormesdereceitapotencialparao governoe a destruiçãoderecursosbiplógicosdegrandevalor. Os governosdo Terceiro Mundo podemcontera destruição dasflorestastropicaise deoutrasreservasdediversidadebiológi- ca semcomprometersuas meurseconômicas.,Podemconservar espéciese habitatsvaliososenquantoreduzemseusônuseconô- micose fiscais.A reformados sistemasdereceitaflorestale dos termosde concessãopoderiagerarbilhõesde dólaresde receita adicional,promovero uso maiseficientee maisprolongadodos' recursosflorestaise reduziro desflorestamento.Os governospo- deriamevitar enormeSdespesase perdasde receita,promover usosmaissustentáveisda terrae refreara destruiçãodasflorestas tropicais,seeliminassemos incentivosà atividadepecuária. O vínculoentreconservaçãoe desenvolvimentotambémexige certasalteraçõesnasestruturasdo comércio.Isso foi reconhecido quandosecriou,em1986,a OrganizaçãoInternacionaldc Madei- rasTropicais, sediadaem Iocoama,Japão, como objctivodera- cionalizaros fluxoscomerciais.Suacriaçãovisava;\implementa- ção do primeiroacordosobreprodutosbásicosa incorporarum componenteespecíficorelativoà conservação. Podem-seencontrarinúmerasoutrasoportunidades(k l~lIcora- jar tantoa conservaçãodasespéciesquantoa produtividadccco- 174 \ ,) :1 :~ " '" I", " ~~ '~~ '~ Ir] ;. .l, ~ ~! fi ~; ,0 l'l...• ]~.:..~ ., ., ~ :1 " "i l~~ IJ.···•..~ i,' ., I]: V• nômica.Muitosgovernosmantêmimpostosirrealisticamentebai- xos sobreterrasrurais,enquantopennitemquecolonosseapro- priemdeterras"virgens"pelofatodecultivá-Ias.Assim,osricos donosde terraspodemficar compropriedadesiménsàse pouco exploradasa umcusto baixo ou nulo, enquantooScamponeses carentesdeterrasãoincentivadosa derrubarflorestase seinstalar emassentamentosmarginais.,A reformadossistemastributárioe de ocupaçãoda terrapoderiaaumentara produtividadenaspro- priedadesexistentese reduziraspressõesparaexpandiro cultivo emflorestasebaciasdeplanaltos. Umaconservaçãobemplanejadadosecossistemascontribuide muitasformasparaa consecuçãodasmetasprincipaisdo desen- volvimentosustentável.A proteçãode faixasvitaisdeterrassel- vagensajudatambém,por exemplo,a protegerterrasagricultá- veis.Issoseaplicademodoespecialàsflorestasdeplanaltosdos trópicos,queprotegemos valesdasinundaçõese daerosãoe os cursosd'águaeos sistemasdeirrigaçãodoassoreamento. Um bomexemploé aReservadeDumoga-Bone,emSulawcsi, nortedaIndonésia,queabrangecercade3.000Km2 deflorcst:lS de planalto.Ela·protegegrandespopulaçõesda mai'oriacIosma- míferosendêmicosdeSulawesie muitasdas80 espéciesendêmi- casdepássarosda ilha. Tambémprotegeo Sistemade Irrigação do Vale de Dumoga,financiadopeloBancoMundiale instalado nasplaníciespróximasa fim detripIicar,~produçãode arrozem maisde 13mil hectaresde terrasagrícolasde primeiraqualida- de.25Outroexemploé o ParqueNacionaldeCanaima,naVene-zuela,queprotegeo abastecimentode águaresidenciale indus- trial paraumagrandehidrelétricaque,por ~uavez,geraeletrici- dadeparao principalcentroindustrialdopaíse suacapital. Daí seconcluiqueos governospoderiamconsiderara criação de "parquesparao desenvolvimento",já que servemao duplo propósitodeproteger,simultaneamente,oshabitatsdasespéciese os processosdedesenvolvimento.Os esforçosnacionaisno senti- do deprevere evitarasconseqÜênciasnegativasdaspolíticasde desenvolvimentoem qualquer,dessasáreasseriamcertamente muitomaisúteisà conservaçãodasespéciesdo quetodasasme- didastomadasnosúltimos10anosa fim de promovera criação de parques,a guardade áreasflorestais,o combateà caçae à pescailícitase outrasformasconvencionaisdepreservaçãodavi- da selvagem.O TIl CongressoMundialsobreParquesNacionais, realizadoem Bali, Indonésia,em outubrode 1982,leyou esta mensagemdos administradoresde áreasprotegidas,a todosos planejadoresdomundo,demonstrandoas muitascontribuições queasáreàs"protegidasà maneiramodernaestãotrazendoparaa sociedadehumana. 175 ,_;'.;~:!~-:.,..,'.'t .:-:~;~:-.~~~~:'~'-;,";:cX::,::,·;;:';';:. ,,'::,.~'\:~!••'j,I~'..::.:i\..l..'•.•~••..;.,•••"_ ••••_,....:~t.i.::..·· .- ~ <.;.á ~ <,,,, ,~",,-. ().6A AÇÃO INTERNACIONAL EM RELAÇÃO ÀS ESPÉCIES NACIONAIS As espéciese seusrecursosgenéticos- quaisquerquesejamsuas 'origens- evidentementebeneficiamtodosos sereshumanos.Os recursosgenéticosselvagensdo México e da AméricaCentral atendemtotalmenteàsnecessidadesdosprodutorese eonsuniido- res de milho. As principaisnaçõesprodutorasde cacauencon- tram-sena África ocidental,enquantoos recursosgenéticosde que as modernascacauiculturasdependemparamantersuapro- dutividadesituam-senasflorestasdaAmazôniaocidental. Os produtorese consumidoresdecafé,a fim deobteremboas safras,dependemdo fornecimentoconstantede novasmatérias genéticasde espéciesselvagensda farmliado café, localizadas sobretudona Etiópia.O Brasil, queforneceplasmagei:minativo de borrachaselvagemparaos seringaisdo Sudesteasiático,de- pendetambémdo plasmagerrninativoprovenientede diversas partesdo mundo·paramantersuaslavourasde cana-de-açúcar, sojae outrasde igual importância.Se os paísesda Europae da Américado Norte não tivessemacessoa fontesestrangeirasde plasmagerminativoanoapósano,suaproduçãoagrícolalogode- clinaria. As espéciese os ecossistemasnaturaisdaTerradentroembre- ve serãoconsideradosativosaserempreservadose administrados parao 'benefíciode todaa humanidade.Por isso, será'absoluta- mentenecessárioincluir a conservaçãodasespéciesnas'agendas políticasinternacionais. ' : No âmagoda questãoestáo fatode quasesemprehaverum conflito entreos interesseseconômicosde curtoprazode cada naçãoemseparadoe os interessesdelongoprazododesenvolvi- mentosustentávele dosganhoseconômicospotenciaisdacomu- nidademundialcomoumtodo.As açõesquevisamaconServara diversidadegenéticadevem,portanto,procurartornara proteção dasespéciesselvagense de seusecossistemasmaisatraentesdo pontode vistaeconômicotantoa curtoquantoa longoprazos. Deve-seasseguràraos paísesemdesenvolvimentoumaparcela eqüitativado lucroeconômicoprovenientedo usode gcnespara finscomerciais., 6.6.1Algumasiniciativasemcurso Uma sériede medidasemnível internacionaljá estãosendotcn- tadas,masem âmbitolimitado,comêxito apenasrelativoc de naturezareativa.A OrganizaçãodasNaçõesUnidasparaa I(du- cação,Ciênciae Cultura(Unesco)mantémumcentrodc inrorllla~ 176 çõessobreáreasnaturais,erecursosgenéticos.SeuFundoparao PatrimônioMundial financiaa administraçãode algunsecossis- temasdecaracterísticasexcepcionaisemtodoo mundo,masessas atividadesdispõemde orçamentoslimitados.A Urtescoprocurou estabelecerumsistemaglobaldeReservasdaBiosfera,ondeesti- vessemrepresentadasas200"provínciasbióticas"daTerrae que abrigasseamostrasdecomunidadesdeespécies.Mas só umterço dasreservasnecessáriasfoi criado,apesardeo estabelecimentoe a manutençãodos dois terçosrestantesviessema custarapenas cercadeUS$150milhõesanuais.26' . OutrosórgãosdaONU, comoa Organ}zaçãoparaa Alimenta- çãoe a Agricultura(FAO) e o ProgramadasNaçõesUnidaspara o Meio Ambiente(PNUMA), mantêmprogramasrelacionados com espéciesameaçadas,recursosgenéticose ecossistemasim- portantes.Mas suas atividadesconjugadaspouco representam diantedo muitoqueé necessáriofazer.Dentreos orgãosnacio- nais,a AgênciaNorte-Americanaparao DesenvolvimentoInter- nacionalé a maisimportanteno quetangeao,reconhecimentoda necessidadede conservaras espécies.Por lei 'aprovadano Con~ gressodos EUA em 1986,serão',destinadosanualmentcUS$2,5 milhõesa esseobjetivo.27Mais umavez,estadeveriaserconsi- deradaumaatitudeimportantesecomparadacomo quetcmsido feito até agorapelasagênciasbilaterais,masinsignificanteem termosdenecessidadeseoportunidades. A União Internacionalparaa Conservaçãoda Naturezae dos RecursosNaturais(UlCN), trabalhando'em estreitacolaboração como PNUMA, o Fundo,Mundialparaa Vida'Selvagem,o Ban- co Mundiale váriasagênciasinternacionaisde assistênciatécni- ca, criouum','CentrodeMonitoraçãodaConservação",parafor- necerinfonriaçõessobreespéciese ecossistemasa qualquerparte do mundo,comrapideze facilidade.Esteserviço,abertoa todos, ajudaa gafantiiqueos'Projetosde desenvolvimentosejamelabo- rados contandocom todasas informaçõesdisponíveissobreas espécieseos ecossistemasquepossamvir a afetar.,prestatambém assistênciatécnicaa nações,setorese organizaçõesinteressados emcriarbancosdedadoslocaisparausopróprio. Os problemasatinentesàs espéciestendem,de modogeral, a ser consideradosmaisemtermoscientítlcose conservacionistas do queumaimportantequestãoeconômicae de recursos.Sendo assim,a questãocarecede suportepolítico.O Plano de Ação so- bre SilviculturaTropical é umaimportanteiniciativanQsentido de dar maiorênfaseà conservaçãono debatedasquestõesrelati- vasao desenvolvimentointernacional.Esseesforçoconjunto,co- ordenadopelaFAO, envolveo BancoMundial,a UICN, o Insti- tutodeRecursosMundiaise o ProgramadasNaçõesUnidaspara 177 "..~,, ----"'-~- ---;-c~-----::~=~.=c=,,,=======S~s::::~,,P...~=','-""_:-:'C_""7_L7.-,C-..:.~,7,:7:::.~::....~.•. :".'!:.,~.:!'__ "'__."'".,.._!'II!!I"."'""'"II"._II,•. ."_.__._.,,•.,~•..•,,II, ..1i1l.·.1':'~_"".~"":'7~ê~"..~"~~.,;-".. ~~.---~~~~--;. "A medidaqueo desflorestamentoprogride, cai a qualidadede vidade milhõesdepessoasnospaíses emdesenvolvimento;sua sobrevivênciaestáameaçadapela perda de vegetaçãoda qual dependemcpmofonte de energia domésticae de muitosoutros bÓwfícios.Se asflorestas tropicaiscontinuarema ser derruba- dasno ritmodeagora,pelo menos225milhõesdehectaresterão sido destruídospor volta do ano 2000; se a destruiçãodasflo- restaspluviaistropicaiscontinuar,estima-sequede10a 20%da vidavegetale animal'daTerra terãodesaparecidono([no2000.~ , Contero de.yflorestamentodependede liderançapolíticae de mudançasadequadasdepolfticapor partedosgovernosdospa{- ses emdesenvolvimento,em apoio a iniciativasno n[velda co- munidade.O principal ingredienteéa participClÇãoativademi- lhõesdepequenosagricultorese sem4erras,que, todosos dias, llsamflorestase árvorespara atenderemàs suasnecessidades." .;;. J. GustaveSpeth PresidentedoInstitutodeRecursosMundiais AudiênciapublicadaCMMAD, SãoPaulo,28-29deoutubrode1985 o Desenvolvimento,aIémde váriasoutrasinstituiç,ões.Essa ini- ciativa,muitoampla,propõeque se procedaà revisãoda silvi- culturanacional,queseformulemplanosnacionaisde silvicu:Itu- ra, quese adotemnovosprojetos,quese aumentea cooperação entreas agênciasdeassistênciaaodesenvolvimentoqueatuamno setorflorestale quehajaum maiorfluxo de recursostécnicose financeirospara a silviculturae camposcorrelatos,comoo da agriculturaempequenaescala. Estabelecernormase procedimentosparaquestõesrelativasa recursosé pelo menostão importantequantoaumentarrecursos financeiros.Exemplosde tais normassão, entreoutros,a Con- venção sobre Terras Úmidas de ImportânciaInternacional,a Convençãosobrea Conservaçãode Ilhas paraaCiência(ambas visandoà salvaguardade habitatsoriginaise suasespécies)e a Convençãosobreo ComércioInternacionalde EspéciesAmeaça- das.As trêsConvençõessão úteis,emboraas duasprimeirasse- jambasicamentetentativasdecriar "refúgiosde espécies". 6.6.2Estabelecendoprioridades Umaprioridadebásicaé fazer comqueo problemadasespécies emextinçãoe dosecossistemasameaçadosconstedasagendasde políticascomoumaimportantequestãorelativaa recursos.() Ma- 178 paMundialdaNatureza,adotadopelaONU emoutubrode 1982, foi umpassoimportantenessesentido. Os governosdeveriamestudara possibí1idadeqe firmaruma "ConvençãosobreasEspécies",semelhanteemespíritoe emal- canceà Lei do Tratado.do Mar e a outrasconvençõesinternacio- nais que exprimemprincípiosde '''recursosuniversais".Uma ConvençãosobreasEspécies,nosmoldesdeumdocumentoela- boradopelaUICN, deveriaenunciaro conceitodeespéciese de variabilidadegenéticacomoumpatrimôniocomum. Responsabilidadecoletivapelopatrimôniocomumnãosignifi- cariadireitosinternacionaiscoletivosaosrecursosde umanação. Não haveriainterferêncianos conceitosde soberanianacional. Significariaapenasqueasnaçõesjá nãoteriamdecontarsomente comseusesforçosisoladosparaprotegerespéciesameaçadasem seuterrit6rio. Tal Convençãoprecisariaapoiar-senumacordofinanceiroque contassecop1o ativopatrocíniodacomunidadede mrçõe~.Qmu- querajuste'destetipo - e sãoinúmerasaspossibilidades- não deveapenastentarassegurara conservaçãodos recursosgenéti- ,cosparatodos,mastambémgarantirqueasnaçõesdetentorasde grandepartedessesrecursostenhamumaparticipaçãoeqüitativa nosbenefíciose ganhosadvindosdeseuaproveitamento.Issose- ria um grandeestímuloà conservaçãodasespécies.Tal acordo poderiaser um FundoFiduciáriopara'o qual todasas nações contribuíssem,cabendoumaparticipaçãomaioràs quemaisse beneficiassemcomo uso dos recursos'.Os governosdospaíses quepossuemflorestastropicaispoderiamserpagosparaconser~ var determinadasáreasflorestais,e taispagamentosaumentariam ou diminuiriamdependendodo nível demanutençãoe proteção dasflorestas.28 Para umaconservaçãoeficientesãonecessáriassomaseleva- das.S6 aconservaçãodeflorestastropicaispormeiostradicionais exigeumdispêndiodeUS$170milhõesporanodurantepelome- noscincoanos.29Contudo,narededeáreasprotegidasdequeo mundonecessitaráporvoltade2050,têmdeestarincluídasáreas muitomaisvastas,queprecisamde diferentesníveisdeproteção e detécnicasdeadministraçãobastanteflexíveis.30 TambémsãonecessáriosIpaisrecursosfinanceirosparaasati- vidadesde conservaçãofora'·dasáreasprotegidas:administração da vida,selvagem,áreasdeecodesenvolvimento,campa~asedu- cativasetc.Entreoutrasmedidasmenosdispendiosas.estáa con- servaçãodebancosde genesselvagensde importânciae,speciaI, por meiodacriàçãode "áreasdeconservaçãogenética"nospaí- sesde granderiquezabiol6gica.A maioriadessetrabalhopode 179 ~"' ,,;~...~~:~~'-:::·>'--~L,c' ";"..-., ::~~{~;·':;'-"'(l~'._--:,':-;r"':'>"~,~&b~~{:;:~o;-,.:l~~~!(-i·~:~~"~:j:--:-·,-~~.+~:~:.:3·.'-·:';~_:~~:~';'~~~_~.~. ~-'":~.,~_.... I••,.," ~" ~.~_.-~- ser levadaa efeitopor gruposde cidadãose por outrosmeios não-govern~entais. As agênciasinternacionaisde desenvolvimento- o Banco Mundiale outrosgrandesbancosdecrédito,asagênciasdaONU e asagênciasbilaterais- deveriamatentar,demododetidoe sis- temático,paraos problemase as oportunidadesde conservação dasespécies.Emborajá existaumgrandecomérciointernacional de espéciese produtosda vida selvagem,atéhoje nãose deua devidaimportânciaao valoreconômicoinerenteà variabilidade genéticae aosprocessosecológicos,Entreaspossíveismedidasa seremtomadasestãoa análisedosefeitosde projetosde desen- volvimentosobreo meioambiente,dando-seespecialatençãoa habitatsdeespéciese sistemasdemanutençãodavida;a identifi- caçãodos locaisondeexistemconcentraçõesexcepcionaisde es- péciescom níveismuitoelevadosde endemismoe de perigode extinção;e asoportunidadesdevinculara conservaçãodasespé- ciesà assistênciaaodesenvolvimento. 6.7A AÇÃO NACIONAL Comojá sedisse,os governostêmdepartirparaumanovaabor- dagemnessecampo- prevero impactodesuaspolíticassobrevá- rios setorese agirno sentidode evitarconseqüênciasindesejá- veis.Deveriamreverseusprogramasemsetorescomoagricultura, silviculturae assentamentos,quedegradame destroemhabitatsde espécies.Os governosdeveriamtambémdeterminarquantasáreas protegidasaindasãonecessárias,tendoem mentesobretudode queformataisáreaspodemcontribuirparaosobjetivosdodesen- ,volvimentonacional,e redobrarasprovidênciasparaa proteção de bancosde genes(como,por exemplo,variedadesoriginais cultivadas)quetalveznãopossamserpreservadospor meiodas áreasprotegidasconvencionais. Além disso,é precisoqueos governosreforceme ampliemas estratégiasjá existentes.Entreas necessidadesmaisurgenteses- tãoumaadministraçãomelhordavidaselvageme das~reaspro- tegidas,um maiornúmerode áreasprotegidasdo tipo não-con- vencional(comoasestaçõesecológicasqueestãotendorelativo sucessono Brasil),maisprojetosligadosà pecuáriac a rcservas de caça(comoos esquemasreferentesa crocodilosna fndia,Pa- puaNova Guiné,TailândiaeZimbábue),umaprolllt)(Jiomaisin- tensado turismoemregiõesde vida selvagem,c medidasmais severasparaimpedira caçailícita (emboraasespéciesatllcaçatlas pelacaçailícita sejamrelativamentepoucasemCOlllp:II;H;:tO com o elevadonúmerode espéciesameaçadaspelapcrdade S(~lISha- 180 "Infelizmenteo mundonão é o quegostar{amosquc.I"."'" r'.1 problemassãOmuitose graves,Na verdade,s6podems,'I ,,'.\/" vidoscomcooperaçãoe talento. ' . ~ RepresentownaorganizaçãochamadaNaturezae J{(I"'I/rll"" Sei quecontocomo totalapoiodenossosmembrosqW{l/d, I díg, , que estanwspreocupadoscomo futuro caso não OCOf1l1f1( 1///1 dançasdrásticasemrelaçãoao modocomoo mundoVOI/ ri 11ri 111 dodenossacondiçãoessencial,a natureza. N6s quetrabalhamoscoma juventude,equesomosjO\'('l/s /111 Noruegade hoje, sabemosmuitobemquea destruiçãorllI 1/11(11 reza'provocanosjovensummedoapáticocomrelaçãofl ,\'('11/11 turo,e comafeiçãoqueeletomará_ E muitoimportantequeas pessoascomunstenhama d/tll/'(' de participar nas decisõesquantoao modode tratara TltI!lIll' za." FredcricIlall)','- Naturezae J/I 1't'I111/1Ir' AudiênciapúblicadaCMMAD, Oslo,24-25dejunhode I'IE', bitats).As EstratégiasNacionais de Conservação,como :IS j{1 existentesemmaisde25 países,podemsermuitoúteisparaa co ordenaçãodosprogramasdeconservaçãoe desenvolvimento. Reconhecendoque o desaparecimentode espéciesreprescnta umsériodesafioaosrecursose ao desenvolvimento,os governos poderiamtomaraindaoutrasmedidasparaenfrentarestacrise-- entreas quaisconsideraras necessidadese as oportunidadesda conservaçãodasespéciesno planejamentodo uso da terrae in- corporar·explicitamentesuasreservasde recursosgenéticosaos sistemasde contasnacionais.Daí poderiaadvir a criaçãode um sistemade contasde recursosnaturaisque dedicasseespecial- atençãoàsespécies,considerando-asrecursodegrandevalorem- bora aindapouco reconhecido.Por fim, os governosdeveriam apoiare expandirprogramasde educaçãopúblicaparaassegurar queasquestõesatinentesàsespéciesmerecessema atençãodevi- daporpartedapopulação. Todanaçãodispõeapenasderecursoslimitadosparalidar com as prioridadesde conservação.O dilemaconsisteemcomousar esserecursoscom o máximode eficiência.A cooperas;ãocom paíseslinútrofesquepartilhamdos mesmosecossistemase espé- ciespodeajudarno tocanteà elaboraçãodeprogramase.também àdivisãodasdespesascominiciativasregionais.Só serápossível tomarmedidasprecisasparasalvarumnúmerorelativamentepe- 181 -"::ú\,,:~_:';"-~";'::.--i-'~:"C I I' quenodasespéciesmaisimportantes.Como essaescolhaé dificí- lima,os planejadoresprecisamtornarasestratégiasdeconserva- çãoo maisseletivaspossível.Ninguémsealegracomaperspecti- va derelegarespéciesameaçadasao esquecimento.Masnamçdi- da em que as escolhasjá estãoinconscientementesendofeitas, elas deveriamter por baseum critério seletivoque levasseem contao impactoda extjpçãode umaespéciesobreabiosferaou paraa integridadededeterminadoecossistema. Mas mesmoqueos esforçospúblicosse concentrememumas poucasespécies,todas;Sãoimportantese merecemalgumtipo de atenção,quepoderiase traduziremcréditosfiscaisparaos agri- cultoresquedesejassemmantercultivaresprimitivos,no llill dos incentivosà derrubadade florestasvirgens,no incentivodasuni- versidadeslocais à pesquisa,e na elaboraçãode inventáriosda florae dafaunanativaspelasinstituiçõesnacionais. 6.8A NECESSIDADE DE AÇÃO Há inúmerosindíciosde quea perdade espéciese de seusecos- sistemasestásendoencaradaseriamentecomoumfenômenocom conseqüênciaspráticasparatodosos povosdo mundo,tantohoje quantoparaasgeraçõesvindouras. O aumentorecentedessapreocupaçãopopularmanifesta-seem fatoscomoos Clubesde Vida Selvagemdo Quênia,quehojejá chegama maisde 1.500clubesescolarescom cercade 100mil membros.31Algo semelhanteno tocanteà educaçãoparaa con- servaçãoocorreuemZfímbia,.Na lndonésia,cercade400grupos conservacionistasse reunirainsob a égide do Forumlndonésio para o Meio Ambientee já exercemforte influênciapolítica.32 Nos EUA, o númerode membrosda AudubonSocietychegoua 385mil em 1985.33Na URSS, os clubesda naturezacontamcom maisde 35 milhõesde sócios.34Tudo isso indicaqueo público atribuià naturezaum valor queultrapassaos imperativoseconô- micosnormais. Em respostaa essapreocupaçãopopular, os governosestão tomandoprovidênciasparaassistiràsespéciesameaçac1asemseus territórios,principalmentepor meioda instituiçãode maisáreas protegidas.Hoje, a redemundialde áreasprotegidastotalizamais de 4.000.000Km2, o queequivaleaproximadamenteaotamanho da maioriadospaísesda Europaocidentalcombinados,ou a duas vezeso tamanhodalndonésia.No quetangeacadacontinente,as áreasprotegidasna Europa(excluídaa URSS) corrcspolldiamem 1985a 3,9% do território;na URSS, a 2,5°1<,; na J\1I1L-ricado 182' Norte,a 8;1%; naAméricado Sul, a 6,1%;na África, a 6,5%;e naÁsia (excluídaaURSS) e naAustrália,a 4,3%cada.35 A partirde 1970,essasredescresceramemextensãoemmais de 80%,cercade.doisterçosdessetotalnoTerceiroMundo.Mas aindahámuitoa serfeito.Há entreosprofissionaisumconsenso de quea extensãototaldasáreasprotegidasprecisaserno míni- motriplicadaparaconstituirumaamostrarepresentativadosecos- sistemasdaTerra.36 Ainda estáemtempodesalvarasespéciese seusecossistemas. Este é um pré-requisitoindispensávelao desenvolvimentosus- tentável.Se falharmos,não seremosperdoadospelas gerações futuras. Notas I McNeely,J. & Miller,K., ed.Nationalpa'r-ksconservationanddevelop- ment;theroleof protectedareasin sustainingsociety.Proceedingsof the WorldCongressonNationalParks.Washington,D.e.,Smithsonianlnsti- tutionPress,1984.· . 2Banage,W.B.Policiesforthemaintenanceof biologicaldiversity1986. (Preparadoparaa CMMAD.);Ehrlich,P.R.& Ehrlich,A.H. ExtinctiulI. NewYork, RandomHouse,1981;Western,D., ed.Conservation2100. Proceedingsof WildlifeConservationlnternationalandNewYorkZoolo- gicalSocietyConference,21-24Oct. 1986.NewYork,ZoologicalSo- ciety(noprelo);Myres,N. Tropicaldeforestationandspeciesextinction, thelatestnews.Futures,Oct.1985;Lewin,R. 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