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GE703 – Geofísica Módulo 3 Gamaespectrometria Prof. Emilson Pereira Leite DGRN/IG/UNICAMP 2011 Objetivos principais • Mudanças nas concentrações dos radioelementos U, Th e K acompanham as mudanças mais significativas na litologia; • Variações nas concentrações desses elementos podem indicar a ocorrência de processos geológicos primários tais como a ação de soluções mineralizadas ou processos metamórficos; • Podem caracterizar também processos geológicos secundários, tais como alteração supergênica e lixiviação; • Podem ajudar na localização de rochas intrusivas relacionadas a alguns depósitos minerais. Captura K • É um terceiro tipo de transmutação nuclear. • Ocorre quando um elétron da camada orbital mais interna (K) entra no núcleo. • Como resultado, o número atômico decresce de uma unidade (forma-se um novo elemento). • Este processo ocorre no decaimento do 40K para o 40Ar. Espectro Eletromagnético Mostrar no quadro equações e premissas do decaimento radioativo. Meia Vida N um b e r of p a re nt a to m s Representação gráfica da série do 238U Representação gráfica da série do 232Th Medida da radiação gama • A contagem total de radiação é obtida pela medida de todos os raios gama dentro da janela energética de 0,41 - 2,81 MeV, estabelecida para a contagem total. • Porém, cada elemento possui uma janela onde as suas energias estão centradas – O potássio é monitorado pelos raios gama emitidos pelo 40K, com valor de pico energia de 1,46 MeV. – Os isótopos 238U e 232Th não emitem radiação gama, porém os isótopos 214Bi e 208Tl decorrentes do decaimento radioativo emitem raios gama com janelas de energias centradas em 1,76 e 2,61 MeV, respectivamente. Interação dos raios gama com a matéria Absorção fotoelétrica – o raio gama sofre interação com um átomo e é completamente absorvido. Em seu lugar é ejetado um fotoelétron de uma camada do átomo. É um processo característico de baixa energia. Espalhamento Compton – o raio gama incide em um elétron em repouso e deflete de um certo ângulo de sua direção original, transferindo parte de sua energia para o elétron. É um processo de média energia. Produção de par – só começa a ocorrer se a energia do raio gama for duas vezes a energia de repouso do elétron ( 1,02 MeV). Na interação, o raio gama é substituído por um par elétron-pósitron. É um processo predominante em altas energias. A radiação emitida por rochas é influenciada basicamente pelo espalhamento Compton, visto que as energias emitidas pelos elementos K, U e Th situam-se entre 0,41 MeV – 2,81 MeV. Interação dos raios gama com a matéria Interação dos raios gama com a matéria Interação dos raios gama com a matéria Gamaespectrômetros -256 ou 512 canais. -As contagens acumuladas em um intervalo de tempo (~2 minutos) são convertidas em concentrações usando um conjunto de constantes de calibração que são características de cada sensor gamespectrométrico. Calibração • Utiliza-se tanques de calibração transportáveis, constituídos por blocos de concreto (calibration pads) com resposta radiométrica conhecida para os elementos potássio (40K), urânio (238U), tório (232Th) e do background, com a finalidade de determinar as constantes de calibração do sistema detector. • De posse desses coeficientes, é possível transformar as contagens em concentrações. Fontes de raios gama (rocha sã vs. regolito) • 90% do raios gama emanam dos primeiros 30-45 cm de rocha ou solo; • A intensidade emitida da superfície está relacionada com a mineralogia e a geoquímica da rocha sã e da natureza do intemperismo. Fontes de raios gama (rocha sã vs. regolito) • K tem abundância média de 2,5% na crosta. • Ocorre principalmente como elemento primário nos minerais formadores de rocha, como K-feldspato e micas. Fontes de raios gama (rocha sã vs. regolito) • U e Th são relativamente raros com abundância média de 3 ppm e 12 ppm na crosta. • Traços de U e Th são encontrados em minerais formadores de rocha (ex: feldspatos), mas são mais comuns em minerais acessórios (ex: zircão, monazita, etc.). Fontes de raios gama (rocha sã vs. regolito) • A concentração de U e Th em rochas ígneas geralmente aumenta com a acidez da rocha (i.e. rochas com alto teor de sílica). • Durante intemperismo químico e físico, os radioelementos dentro das rochas são liberados, redistribuídos e incorporados no regolito. Fontes de raios gama (rocha sã vs. regolito) • As características dos materiais do regolito podem diferir bastante das rochas fontes, devido à reorganização textural e geoquímica dentro da zona intemperizada. • Por exemplo, pode ocorrer depleção de K devido a lixiviação desse elemento, e elevados teores de U e Th associados com minerais de argila e/ou óxidos de ferro na parte superior da zona intemperizada. Rochas magmáticas Rochas SiO2 % % K U ppm Th ppm Th/U Ácidas 60 a 75 3,34 3,5 18,0 5,1 Intermediárias 52 a 60 2,31 1,8 7,0 4,0 Básicas 40 a 52 0,83 0,5 3,0 6,0 Ultrabásicas <40 0,03 0,00 0,005 1,7 Dados provenientes de amostras de rochas da Bacia do Paraná. Rochas sedimentares Rochas % K U ppm Th ppm Th/U Folhelho, argila 2,7 4,0 11,0 2,8 Arenito 1,2 3,0 10,0 3,3 Calcário 0,3 1,4 1,8 1,3 Arcósio 5,0 Grauvaca 7,0 Rochas metamórficas Rochas % K U ppm Th ppm Th/U Gnaisse 2,0 1,6 8,0 5,0 Anfibolito 0,7 1,0 4,0 4,0 Mármores 0,4 1,1 1,8 1,6 Efeitos ambientais • Densa cobertura vegetal blinda a radiação; • Mudanças de temperatura e pressão podem mudar a densidade do ar em até 30% e reduzir a propagação da radiação gama; • Camadas de inversões de temperatura podem aprisionar o gás radônio, implicando que os vôos só podem ser iniciados após a mistura deste gás na atmosfera. Por quê? Veja o slide seguinte • Aumento de 10 % na umidade do solo implica em decréscimo equivalente no fluxo de radiação a partir da superfície. O gás radônio • O radônio está presente nas séries do U e do Th. • É o único elemento radioativo gasoso. • Portanto ele se move livremente pelos poros, juntas e falhas dos materiais terrestres, tanto como gás quanto dissolvido em água. • Assim, eventualmente ele pode escapar do material e penetrar na atmosfera. O gás radônio • Em condições normais ele se espalha uniformemente pela atmosfera, formando uma “radiação de fundo”. • Em condições de inversão de temperatura, ele pode ficar aprisionado próximo da superfície terrestre. • Como ele decai para o 214Bi na série do 238U, a contagem de 214Bi ficará superestimada nessas condições. Aplicações (exemplos) Contagem Total (CT) K (%) Gradiente da CT eU (pmm) eTh (ppm) Mapa Ternário Exploração mineral Mapeamento Geológico Sul do Cráton São Francisco Mapeamento Geológico Mapeamento Geológico Mapeamento Geológico O’Brien et al. (1986) e Van Berke et al. (1986, 1987) Levantamento aerogeofísico de alta resolução feito pelo Serviço Geológico do Canadá em 1994 delineou um grande sistema hidrotermal na área do Lago Lou, nordeste do Canadá (Shives et al., 1997). Análise conjunta de perfis e mapas Exemplo do depósito “Casino” de Cu-Au-Mo pórfiro no Canadá. Motivo : a interpolação dos dados faz com que haja suavização dos perfis ao longo das linhas devoo. Para avaliar a correlação com a topografia, sobremos os mapas gamaespectrométricos a modelos digitais de elevação (MDEs) Distribuição de alguns dados aerogeofísicos disponibilizados pela CPRM no Brasil (Série 1000). Outras áreas cobertas podem ser vistas no site: http://www.cprm.gov.br/aero/aero.htm Normalmente a CPRM disponibiliza esses dados gratuitamente para fins de pesquisa acadêmica.
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