Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Breve resumo sobre CPIs Conforme ensinamento de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, “as comissões parlamentares de inquérito (CPI’s) são comissões temporárias, criadas pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal ou pelo Congresso Nacional, com o fim de investigar fato determinado de interesse público” (PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo; Direito Constitucional Descomplicado. 3ª Ed. São Paulo: Método. 2008, p. 404). A partir do conceito supracitado, devemos concluir que a comissão tem prazo certo, sendo criada para um fim específico, pois visa investigar fato determinado. Requisitos da CPI/ CPMI 1. Quorum: a. 1/3 de Senadores; b. 1/3 dos Deputados; c. 1/3 dos membros do Congresso Nacional Note: no caso do item (c) teremos a denominada CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) 2. Investigar fato determinado; 3. Instauração por Prazo certo. STF: entende que a CPI é um direito público subjetivo das minorias (vide ADI 3919 SP). Ademais, fatos conexos com o principal poderão ser investigados, desde que haja o aditamento do objeto inicial da CPI (Inquérito nº 2245). Por fim, segundo o STF, bem como Regimento das Casas, pode o prazo ser prorrogado, contudo, não poderá ultrapassar a legislatura (período de 4 anos). Poderes de investigação As CPI’s terão poderes regimentais, bem como poderes de investigação próprios de autoridade judicial. Contudo, segundo o STF, serão os poderes próprios de autoridade judicial em fase de instrução processual. Isso porque, no Brasil, não há juiz inquisitor – que investiga durante o inquérito – portanto, deve ser atrelado apenas à instrução do processo. Há poderes resguardados pela reserva de jurisdição que não se estendem à CPI. Tratam-se de poderes que poderão ser exercido, única e exclusivamente, por órgãos investidos de jurisdição. Os poderes resguardados pela reserva de jurisdição são os seguintes: Interceptação telefônica (art. 5º, inciso XII, CF/88): A comissão parlamentar de inquérito poderá decretar a quebra do sigilo bancário, fiscal, de dados e, inclusive, a quebra do sigilo telefônico, mas, em hipótese alguma, poderão ter acesso, sem decisão judicial, ao conteúdo da conversa. Significa dizer que a CPI saberá para quem o investigado ligou, mas não poderá saber o que foi falado durante a conversa. Economize memória: a interceptação telefônica é medida extrema autorizada apenas para investigação criminal ou instrução em processo penal, respeitado os requisitos disciplinados pela lei 9296. Aliás, o legislador, reconhecendo a gravidade da medida, disciplinou, no art. 10 da Lei 9296, o crime consagrado pela interceptação telefônica infundada (sem motivo expresso na lei). 2. Busca e apreensão domiciliar (art. 5º, inciso XI, CF/88): 3. Prisão, salvo prisão em flagrante; Note: inclusive o cidadão poderá realizar a prisão em flagrante (art. 301 do CPP). Trata-se, neste caso, de prisão facultativa, uma vez que o cidadão, ante a infração penal, não tem o dever legal de realizar a prisão. Do mesmo modo, não faria sentido impedir a CPI de prender alguém ante o flagrante. 4. Medidas cautelares: o poder geral de cautela pertence, apenas, ao juiz (art. 798 do Código de Processo Civil). A medida cautelar visa evitar a sentença inócua (sem efeito). Neste cenário, como não cabe à Comissão Parlamentar de Inquérito proferir decisão final (sentença) sobre o investigado, também não poderá ela conceder medida cautelar. A CPI não poderá também: a. Anular ato do executivo ou convocar magistrado para prestar depoimento sobre tema relacionado, exclusivamente, a atividade jurisdicional, sob pena de, em ambos os casos, violar à separação dos poderes; b. Investigar contas e contratos próprios de ente federativo diverso daquela comissão (e.g. CPI convocada pelo Senado Federal não pode inestigar licitação do Município do São Bernardo do Campo, pois cabe à Assembleia este papel). Com isso preserva-se o Pacto Federativo; c. Quebrar o sigilo profissional, violar sigilo judicial, impedir a assistência de advogado, ou ainda, violar o direito ao silêncio. Em todos os casos, protegem-se Direitos Fundamentais. d. Impedir a saída do investigado da comarca ou do país. Importante Todas as decisões da CPI são fundamentadas (art. 93, inciso IX, CF/88); Todas as decisões da CPI são tomadas pela maioria absoluta (Princípio da Colegialidade)
Compartilhar