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ESCOLA MUNICIPAL PROFESSOR RAIMEUNDO MATA ALUNO(A): ______________________________________________ TURMA: _______ PROFESSOR: ______________________ DATA: ___⁄___⁄____ DISCIPLINA: CIÊNCIAS “Se matarem macacos, mosquitos vão atrás de sangue humano” Como massacre de primatas é tiro no pé contra febre amarela. Animais têm sido mortos apedrejados, a pauladas e envenenados por pessoas que os culpam pelo surto de febre amarela; a eliminação deles pode, porém, expor ainda mais os seres humanos aos mosquitos transmissores da doença. Fotos de corpos de macacos têm se espalhado pela internet desde o aumento, nos últimos meses, dos casos de febre amarela em regiões dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. E muitos desses animais não morreram por causa do vírus: foram executados com pedras, pauladas ou envenenamento. Além de cruel, a medida tem efeito contrário ao imaginado por muitas pessoas: prejudica o combate à doença. “O macaco é quase um mártir (...) Eles nos indicam onde há infecção”, diz pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz. Classificados por pesquisadores ouvidos pela BBC Brasil como "sentinelas" e "mártires", os macacos são o alvo preferido dos mosquitos silvestres que transmitem a febre amarela, que costumam voar na altura da copa das árvores. Muitos primatas acabam desenvolvendo a doença e morrem. Ao verificar um volume expressivo de corpos deles em determinada região, autoridades sanitárias e pesquisadores conseguem identificar a presença da febre amarela, traçar o possível trajeto do vírus - conforme os corredores da floresta existente - e planejar ações de imunização das pessoas. A doença tem tido um impacto tão expressivo na população de macacos da Mata Atlântica que existe o temor, por exemplo, de que todos os bugios desapareçam das florestas do Rio de Janeiro. Para piorar, os poucos macacos que sobreviveram à febre amarela ou escaparam do vírus estão sendo vítimas da desinformação. Muitas pessoas matam esses animais por acharem que eles são responsáveis pela propagação da doença. Ao contrário de evitar a propagação da febre amarela, matar macacos pode expor mais os seres humanos à doença | Foto: Vigilância Sanitária do RJ Só este ano, dos 144 macacos mortos recolhidos pela Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses do Rio de Janeiro para testes de febre amarela, 69% foram executados - apresentavam várias fraturas ou veneno no organismo. Em todo o ano passado, dos 602 animais mortos, 42% foram assassinados, segundo dados do órgão. Nem o mico-leão-dourado escapou. Corpos de animais dessa espécie, ameaçada de extinção, também foram localizados com sinais de execução. Morte de macacos traz risco para humanos Mas o que os "caçadores" de macacos não sabem é que, ao contrário de evitar a propagação da febre amarela, matar os bichos expõe os seres humanos a riscos maiores de contrair esse mal grave, que pode matar. A febre amarela é uma doença infecciosa que é transmitida, no Brasil, principalmente por mosquitos silvestres dos gêneros Haemagogus e Sabethes , que moram na copa das árvores e têm predileção pelo sangue de primatas. O Aedes aegypti , que vive em áreas urbanas, também é capaz de transmitir febre amarela, mas até agora não houve contaminação e transmissão por essa espécie de mosquito - desde 1942 que não há epidemia urbana de febre amarela. As pessoas infectadas até o momento teriam contraído a doença em alguma região com mata. Febre amarela é transmitida no Brasil principalmente por mosquitos silvestres dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Segundo o pesquisador Ricardo Lourenço, do Instituto Oswaldo Cruz, tanto o homem quanto o macaco, quando picados, só carregam o vírus da febre amarela em quantidades suficientes para infectar outros mosquitos por cerca de três dias. Depois disso, o organismo passa a produzir anticorpos e a concentração do vírus diminui. Em cerca de dez dias, macacos e seres humanos terão morrido ou se curado da doença, ficando imunes a ela. Já o mosquito permanece com as moléculas da febre amarela para sempre. Eles podem até passar o vírus para os ovos e, consequentemente, para os filhotes que nascerem. Até mico-leão-dourado, espécie ameaçada de extinção no Brasil, tem sido alvo de violência por causa do pânico e desinformação sobre a febre amarela Se muitos macacos começarem a morrer, a tendência é aumentar a chance de contaminação de humanos. Sem ter primatas para picar na copa das árvores, os mosquitos buscarão alimento em outras localidades - e o homem vira a próxima opção como fonte de sangue. "Mesmo que acabem todos os macacos de uma aérea, durante algumas gerações o vírus vai ficar ali. E o mosquito vai procurar o ser humano para se alimentar", diz Lourenço, autor de pesquisas sobre mosquitos transmissores. O médico epidemiologista Eduardo Massad, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da britânica London School of Tropical Diseases, reforça esse argumento. "Suponha que desaparecessem todos os macacos da serra da Cantareira. O mosquito picaria pessoas. Se você diminui a população de macacos, mais gente será picada", disse à BBC Brasil. “Sentinelas” da doença Além de servirem de isca para mosquitos, evitando com isso que mais humanos sejam picados, os macacos alertam para o "trajeto" do vírus pelo país. Após campanhas de erradicação do Aedes aegypti , o Brasil se livrou da febre amarela urbana na década de 1942 - a doença acabou se concentrando na região amazônica. Nos anos 2000, porém, o vírus começou a "descer" para o leste, alcançado regiões de mata de Minas Gerais, Espírito Santo e, mais recentemente, São Paulo e Rio de Janeiro. O pesquisador Aloisio Falqueto, professor do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) acredita que o vírus migrou para a Mata Atlântica por meio do ser humano. "A minha teoria é o elemento urbano. Muitas pessoas migram para a Amazônia sem tomar vacina. Uma pessoa pegou o vírus na Amazônia e entrou na Mata Atlântica depois, na altura de Montes Claros (MG), e aqui é um barril de pólvora, pela presença de macacos sem anticorpos e seres humanos. A força de transmissão é muito maior", diz. Já Ricardo Lourenço acredita que os mosquitos acabaram migrando naturalmente para o Sudeste, por corredores de mata e rios. Conforme foram picando macacos e esses animais morreram, teriam descido cada vez mais para o sul do país em busca de alimento. "Mosquitos se dispersam por dois motivos: para achar lugar para colocar ovo e para achar fonte de alimentação sanguínea. Se começa a morrer macaco, ele começa a buscar sangue em outro lugar", diz o pesquisador, que explica que o mosquito pode voar 3 km por dia. A única forma de perceber a chegada de mosquitos infectados é pela morte dos macacos. Desde o início dos anos 2000 que pesquisadores alertam o governo federal e governos estaduais para a necessidade de ampliar ações de imunização em cidades com mata onde foram localizados animais mortos. "Os macacos nos avisam da iminência do vírus. Quando começam a morrer, sabemos da existência e intensidade do vírus naquela região. Podemos calcular por onde ele vai se alastrar e quem devemos imunizar", afirma Aloísio Falqueto. "A morte do macaco é um aviso de que devemos imunizar as populações nas áreas de risco", explica. Ricardo Lourenço compara o animal a um "soldado" que atua como vigia da chegada da febre amarela. "O macaco é quase um mártir. É uma vítima e um instrumento de vigilância e de alerta. É uma sentinela do quartel. Eles nos indicam onde há infecção." QUESTÕES SOBRE O TEXTO 1 – Todas as doenças infectocontagiosas possuem um agente causador e uma forma de transmissão.Essa forma de transmissão pode ser de indivíduo para indivíduo ou através de uma outra espécie que nesse caso é chamada de VETOR. Com relação a febre amarela, qual o causador da doença e o seu vetor? 2 – De acordo com o texto, qual o papel do macaco no estudo da doença e nas estratégias de imunização das populações? 3 – A morte de macacos pode trazer sérias consequências para as populações de humanos. Explique essa afirmação. 4 – No Brasil existe uma área onde os casos de febre amarela são constantes (região ENDÊMICA). De acordo com o texto, qual é a região endêmica para a febre amarela no Brasil? 5 – No texto há uma teoria de como a febre amarela saiu da região endêmica para o resto do país. Faça um resumo dessa teoria. 6 – Além do homem poder espalhar a doença por conta de seus constantes deslocamentos, o mosquito também pode migrar. Quais os motivos que levam o mosquito da migrar de um lugar para outro? 7 – Você acha que há alguma relação entre o desmatamento e a febre amarela? Explique. 8 – Fale o que você sabe sobre vacinas, em particular a vacina da febre amarela.
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