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resumo BRAGA, Ruy A política do Precariado do populismo à hegemonia

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Precariado brasileiro: trabalhadores jovens, não qualificados ou semiqualificados, precarizados, sub-remunerados (recebendo em média 1,5 salário mínimo) e inserido em relações trabalhistas que bloqueiam sua organização coletiva.
A despeito do predomínio da terceirização empresarial, vale lembrar que praticamente a totalidade dessas vagas é composta por empregos formais, isto é, regidos pela legislação trabalhista. A conhecida tendência a informalização do trabalho verificada na região nordeste faz com que essa ocupação se torne uma experiência ainda mais sedutora para o trabalhador jovem e sem experiência anterior.
Uma característica da indústria de call center é ser oligopolista. A soma dos empregados das duas maiores empresas, corresponde a 47% do total dos trabalhadores do setor.
A Pesquisa de Campo.
Integrando essa realidade, a indústria de call center mostrou-se um terreno privilegiado para a observação das atuais transformações do precariado brasileiro. Daí nosso interesse em acompanhar a trajetória dos teleoperadores, destacando cinco variáveis-chave: modelo de organização do trabalho, padrão de proletarização, nível de qualificação, relação salarial e mobilização coletiva.
Condições Trabalhistas no call center: de acordo com o Ministério Público do Trabalho, essa precarização decorre de diversos fatores, dentre os quais se destacam: treinamento inadequado, estresse decorrente das metas, negligência com a ergonomia e temperatura no ambiente de trabalho, exíguos intervalos durante a jornada, folgas insuficientes, forte taxa de enquadramento do teleoperador e intensificação dos ritmos de trabalhos proporcionados pelo processo de renovação tecnológica.
Os teleoperadores não têm uma profissão no sentido de possuírem uma cultura, linguagem, modos de transmissão de conhecimento dos mais antigos para os mais novos, ligação com a hierarquia da empresa. Por outro lado, os teleoperadores têm um emprego, dado que são contratados (geralmente) para uma única e exclusiva função. Essa característica atrapalha a organização coletiva. As principais reclamações dos sindicados diziam respeito a "despolitização" dos teleoperadores, por se tratarem de pessoas muito jovens. A situação mudou com a crescente privatização: antes, as demandas giravam entorno de reajuste salarial e gratificações. Entretanto, com a privatização, cresceu a terceirização e a detestabilidade dos empregos, fazendo com que os benefícios fossem radicalmente diminuídos até, apenas, o que está previsto em lei. Outro problema para a coletividade é a disputa dos sindicatos pela representação dos teleoperadores.

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