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REÚSO DE RESÍDUOS DE GESSO NA CONSTRUÇÃO CIVIL REUSE OF PLASTER RESIDUES IN CIVIL CONSTRUCTION Wagner Rodrigues de Souza, Engenheiro civil (UNISUL), acadêmica do MBA em Gestão de Obras e Projetos (UNISUL) PALAVRAS CHAVE Resíduos de Gesso; Produção com sustentabilidade dos resíduos KEY WORDS Plaster waste; Production with waste sustainability RESUMO O uso do gesso na construção civil brasileira vem crescendo sucessivamente e com maior magnitude desde quando o sistema Drywall passou a ser utilizado nas vedações internas (paredes, forros e revestimentos) de todos os tipos de edificações. Com o aumento do uso de gesso, aumentou-se o número de resíduos, onde houve uma atenção cada vez maior das construtoras, devido a legislação ambiental brasileira. O gesso se descartado em aterros, pode apresentar diversos problemas ambientais, portanto um bom gerenciamento destes resíduos é de fundamental importância, assim como tantos outros resíduos da construção civil. A armazenagem destes resíduos deve ser sempre em baias ou caçambas de entulho e locais fechados, protegidos de água de chuva e após armazenados corretamente, serão destianos as ATTs, onde distribuem para três principais fontes de reaproveitamento de gesso que são indústrias cimenteiras, setor agrícola e indústria de transformação do gesso. ABSTRACT The use of gypsum in Brazilian civil construction has been increasing successively and with greater magnitude since the Drywall system was used in the internal fences (walls, linings and coverings) of all types of buildings. With the increase of the use of gypsum, the number of residues was increased, where there was an increasing attention of the constructors, due to Brazilian environmental legislation. The gypsum if discarded in landfills, can present several environmental problems, therefore a good management of this waste is of fundamental importance, as well as many other residues of the civil construction. The storage of this waste must always be in stalls or dumpsters and enclosed places, protected from rainwater and stored correctly, ATTs will be destianos, where they distribute to three main sources of reuse of gypsum that are cement industries, agricultural sector and Gypsum transformation industry. 1. INTRODUÇÃO Com o passar dos anos, o gesso seja, comum ou Drywall, está tomando cada vez mais importância na construção civil, por se tratar de um material com fácil acabamento, simples e rápido de ser instalado. Além disto por ser um material mais leve que a alvenaria convencional, está se tornando cada vez mais frequentes na construção civil, seja em obras ou reformas. Somando com o uso do gesso em forros, sancas, revestimento e peças decorativas, é esperada a preocupação com o que fazer com o gesso oriundo de demolições ou sobras. Ajuizando nisto foram criados formas de armazenamento, destinação e reaproveitamento destes resíduos. 2. LEGISLAÇÃO Em vigor desde janeiro de 2003, o destaque entre os elementos legislativos se dá à Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que estabelece diretrizes para a gestão dos resíduos gerados pela construção civil, com o objetivo de disciplinar as ações necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais. É dever dos geradores de resíduos, gerenciarem de maneira dinâmica indicando procedimentos para seleção, transporte e destinação dos materiais. A resolução também classifica estes resíduos, dividindo-os em quatro classes de A, B, C e D cujo critério é a disposição final do material. A resolução CONAMA Alterada pela Resolução no 348/04 (alterado o inciso IV do art. 3o) também alterou a classificação do gesso de Classe C para a Classe B. Na classe A temos resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e edificações e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos derivados de terraplanagem e de processo de fabricação ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios- fios entre outros) produzidas no canteiro de obras. Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura. A Classe B destinasse á resíduos recicláveis para outras destinações, tais como gesso, madeiras, plástico, papel, papelão, metais, vidros e outros. Todos eles são passíveis de reaproveitamento no ciclo da construção civil, seja por forma de reaproveitamento como fonte energia (no caso da madeira), ou por meio da reciclagem, tendo em vista os procedimentos específicos de tratamento de cada material. Dos resíduos que compõe a classe C, temos os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem, recuperação. Necessitarão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas. Classe D são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. Estes deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas. 3. ARMAZENAGEM E DESTINAÇÃO DOS RESÍDUSO DE GESSO O gesso, quando descartado de forma inadequada em aterros, pode acarretar sérios problemas ambientais devido as suas características físicas e químicas que em contato com ambiente pode se tornar tóxico, pois o resíduo de gesso é constituído de sulfato de cálcio bi- hidratado e liberando íons Ca2+ e SO42 alteram a alcalinidade do solo e contaminam os lençóis freáticos. Esses impactos, no entanto, podem ser evitados encaminhando o gesso para a reciclagem. As empresas que adotam este procedimento, além de contribuírem para a preservação do meio ambiente, se tornam mais economicamente viáveis do que com o descarte em aterros privados. Os resíduos de gesso não devem ser misturados a outros materiais considerados como entulho (metais, madeiras, papéis, plástico, restos de alvenaria e lixo orgânico). O mesmo deve ser separado e armazenado em local seco e coberto, protegido das chuvas e possíveis contatos com água. A armazenagem deve ser feita em baias com piso de concreto ou caçambas de entulho. KBTUDORESÍDUOS,2016. A destinação para estes resíduos se dá as ATTs (Área de Transbordo e Triagem), licenciadas pelas respectivas prefeituras para receber os resíduos de gesso, entre outros. Estas ATTs já existem em diversas cidades brasileiras e a relação atualizada de ATTs capacitadas pode ser acompanhada no site da Associação Drywall. Figura 02 - ATTs (Áreas de Transbordo e Triagem). DRYWALL, 2017. Existem empresas que respondem pela coleta dos resíduos nas obras, mediante o pagamento de uma determinada taxa por metro cúbico, e depois de triá-los e homogeneizá-los, os vendem para os setores que farão a sua reciclagem. 4. PRODUÇÃO COM SUSTENTABILIDADE Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall (2009), o uso de gesso na construção civil brasileira vem crescendo gradativamente ao longo dos últimos anos. Ganhando estremeção a partir de 1990, com a introduçãode tecnologia Drywall nas vedações internas de todos os tipos de edificações no país. Após sua separação de outros resíduos da construção, os resíduos de gesso recuperam as características químicas da gipsita, minério do qual se extrai o gesso, portanto o material uma vez limpo, pode ser utilizado novamente na cadeia produtiva. Existem nos dias de hoje, pelo menos três fontes de reaproveitamento de gesso, sendo eles: indústrias cimenteiras, setor agrícola e indústria de transformação do gesso. São várias as possibilidades: o distribuidor pode receber da construtora os restos de gesso da obra e encaminhá-los à ATT, da mesma forma, o montador pode receber da construtora os Figura 01 – Armazenagem de resíduos de gesso. KBTUDORESÍDUOS, 2017 resíduos da obra e encaminhá-los à ATT, eventualmente, a própria construtora pode encaminhar os resíduos da obra para a ATT. Figura 13 – Fluxograma da Reciclagem do Gesso. CRT, 2017. Nas indústrias cimenteiras o gesso (CaSO4• 2 H2O) é adicionado em quantidades geralmente inferiores a 3% da massa de clínquer e tem função de estender o tempo de pega do cimento Sem esta adição, o tempo de pega do cimento seria de poucos minutos, inviabilizando o uso. Devido a isso, o gesso é uma adição obrigatória, presente desde os primeiros tipos de cimento Portland. (PANZERZA, 2010). No setor agrícola, o uso do gesso reciclado é tradicional. Tem efeito fertilizante, pois é rico em enxofre e cálcio. O gesso também é condicionador de subsuperfície dos solos tropicais, especificamente em regiões de cerrado, onde o cálcio é geralmente deficiente e o alumínio é excedente. Nesta situação o gesso compensa esses elementos, além disto o esterco também fica mais eficiente como fertilizante. O resíduo de gesso pode também voltar para a cadeia produtiva de chapas de Drywall, placas para forro e etc., através da sua reincorporação no processo de fabricação desses materiais. Essas três formas de reaproveitamento já foram amplamente testadas, sendo não só tecnicamente possíveis, como economicamente viáveis. Portanto, representam importantes contribuições à sustentabilidade da construção civil brasileira. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base na pesquisa realizada, com objetivo principal de caracterizar o funcionamento de reaproveitamento dos resíduos de gesso, primeiramente faz-se necessário a correta separação dos demais resíduos e armazenagem do material, sendo após encaminhados aos centros de armazenagem ATTs (Área de Transbordo e Triagem). Levados as ATTs serão então destinados indústrias de cimento, setores agrícola e indústria de transformação do gesso, que pode reincorporar seus resíduos. REFERÊNCIAS 1. CARELI, Elcio. Resíduos da Construção Civil devem ter destinação e gestão adequada. Disponível em: <http://www.obralimpa.com.br/index.php/residu os-da-construcao-civil-devem-ter-destinacao- e-gestao-adequada>. Acesso em: 23 de abril de 2017. 2. NASCIMENTO, Felipe José de Farias. Reaproveitamento de Resíduos de Gesso, 2010. Disponível em: <http://www.infohab.org.br/entac2014/2010/arq uivos/287>.pdf. Acesso em: 25 de abril de 2017. 3. FERREIRA, Evaldo de Melo e CRUVINEL, Karla Alcione da Silva. Utilização de gesso de Entulho na Produção de Cimento, 2014. Disponível em: <http://www.conhecer.org.br/enciclop/2014a/E NGENHARIAS/UTILIZACAO.pdf>. Acesso: em 25 de abril de 2017. 4. CARVALHO, José Carlos – Presidente do Conselho. RESOLUÇÃO CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002, Publicada no DOU no 136, de 17 de julho de 2002, Seção 1, páginas 95- 96. Alterada pela Resolução no 348/04 (alterado o inciso IV do art. 3º). GESTÃO DE RESÍDUOS E PRODUTOS PERIGOSOS. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arqui vos/36_09102008030504.pdf> Acesso em: 28 de abril de 2017. 5. DRYWALL, Associação brasileira dos fabricantes de chapas para Drywall. Resíduos de gesso na Construção Civil. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/processos /18018FE8/Cartilha_Residuosgesso.pdf. Acesso em: 28 de abril de 2017. 6. PINHEIRO, Sayonara M. de Moraes. Tese de Doutorado – Gesso reciclado: avaliação de propriedades para uso em Componentes - UNICAMP – 2011. Disponível em: <http://pct.capes.gov.br/teses/2011/330030170 41P4/TES.PDF>. Acesso em: 03 de Maio de 2017. 6. SOUZA, Romildo José, OLIVEIRA, Alexandre Henrique da Rocha, MOURA, Marcelo Silva. Tese de Doutorado - Tratamento dos Resíduos de Gesso da construção civil: o caso das construtoras na cidade de Maceió. Disponível em: http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii /paper/viewFile/412/2102, 2012. Acesso em: 05 de Maio de 2017. 7. SINDUSCON-SP. Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo. Obra Limpa Comércio e Serviços Ltda., I&T – Informações e Técnicas em Construção: Gestão Ambiental de Resíduos da Construção Civil a experiência do Sinduscon-SP. Acesso em: 28 de abril de 2017.
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