Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO COLETADO DO BAIRRO CANHANDUBA, ITAJAÍ, SC Lidiane Nakashima; Déborah Kenig;Yana Wruck Harnisck; Bruno Fole Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI Rua Uruguai, 458 – CEP 88302-202 – Itajaí/SC lnlidiane@hotmail.com ; deborahkenig@hotmail.com ; yana.wruck@hotmail.com ; brunofole@hotmail.com RESUMO Temos como objetivo principal deste artigo, conhecer a totalidade das propriedades físicas e químicas dos solos. O estudo de Mecânica dos Solos é indispensável para um estudante de Engenharia Civil, que deve conhecer os tipos, saber caracterizar os solos, e realizar ensaios. A modo de garantir a estabilidade e segurança de obras. Os ensaios realizados foram: Preparação de amostras, peneiramento (NBR 7181), ensaio de LL (NBR 6459) e LP (NBR 7180), cálculos e classificações (segundo a tabela SUCS), ensaio de compactação (NBR 7182), cálculos e desenhos da curva de compactação e ensaio de carga variável (NBR 14 545). Os resultados obtidos foram coerentes com os parâmetros estipulados pelo professor, sendo assim, aprovados para o uso na construção civil. Palavras-chave: Engenharia, Mecânica dos Solos e Ensaios. 1. INTRODUÇÃO Os homens, ao longo da história da humanidade, têm utilizado o material solo com finalidades variadas, portanto não é fácil definir solo porque, além de ser um material complexo, a definição necessariamente precisa levar em conta sua utilização. Para o geólogo, por exemplo, o solo é o produto de alteração das rochas; para um arqueólogo, é o meio em que ficam preservados registros de civilizações passadas; para o agrônomo ou agricultor, é o meio onde crescem as plantas; para um hidrólogo, é um meio em que se armazena água subterrânea e para um engenheiro, é o material em que serão fixadas as fundações de uma construção; É sobre a superfície da crosta terrestre que a atividade humana revela sua ação em maior intensidade. Para o estudioso das ciências da Terra, pode-se definir solo como o “produto do intemperismo, do remanejamento e da reorganização das camadas superiores da crosta terrestre, sob ação da atmosfera, da hidrosfera, da biosfera e das trocas de energia envolvidas”(Toledo et al.). Dependendo dos fatores que afetam o intemperismo, os solos terão características e propriedades físicas, químicas e físico- químicas diferenciadas. Para a Engenharia Civil é importante o conhecimento sobre os solos e suas características, este produto apresenta-se como um material heterogêneo em relação à sua composição (textura) e possui propriedades de engenharia e comportamento mecânico bastante complexo, comparativamente ao comportamento de outros materiais utilizados nas obras de engenharia civil. Todas estruturas apoiam-se direta ou indiretamente em solos ou rochas, podendo até ser exclusivamente constituídas por estes materiais. Também é utilizado como material de matéria prima para materiais como por exemplo alvenaria. Grandes obras como barragens e taludes dependem extremamente de um estudo aprofundado sobre características do solo. Para cada tipo de obra é necessária a classificação dos solos. Para isso é feito o estudo da física dos solos. Que é a caracterização do solo de acordo com algumas propriedades físicas. São elas : Granulometria; Teor de umidade; Limite de consistência; Limite de plasticidade; Limite de Liquidez; Índice de plasticidade; Índice de consistência; índice de grupo, com isso podemos conhecer a permeabilidade e resistência do solo. Com esses estudos podemos verificar também o peso específico, porosidade, índice de vazios, e grau de compactação do solo. Para este trabalho foram coletadas amostras de solos de uma obra localizada no bairro Canhanduba em Itajaí, para realização dos ensaios. 2. COLETA DA AMOSTRA O solo coletado para realização dos Experimentos pertence ao aterro executado na obra da Concessionária DAF, localizada na BR 101, no bairro Canhanduba, Itajaí-SC. Durante a visita realizada o clima estava estável com predominância de sol com poucas nuvens, porem nos dias anteriores houve a ocorrência de chuvas na região. Algo que afetou o solo que estava superficialmente pastoso. O solo no local de coleta é argiloso, e não comportaria uma obra grande como a que está sendo realizada, se não fossem tomadas medidas de engenharia para melhorar a estabilidade do solo. Foi comunicado que era necessário compactar o solo para diminuir a permeabilidade e aumentar a resistência, diminuindo a ocorrência de recalques. Entretanto esta não foi a única medida tomada. Foram instalados drenos para diminuir o tempo da ocorrência de recalques, para não prejudicar a obra. Figura 1- Vista frontal do local de coleta do solo. 3. ESTUDOS EXPERIMENTAIS 3.1 Granulometria Um solo pode ser considerado como um conjunto formado por partículas de diversos tamanhos. A medida do tamanho das partículas constituintes de um solo é feita por meio da granulometria e, para representação dessa medida, costuma-se utilizar uma curva de distribuição granulométrica. de acordo com seu tamanho. As partículas de um solo podem ser classificadas como: Pedregulho → 4,8 mm ≥ Ø > 72 mm Areia → 0,05 mm ≥ Ø > 4,8 mm Silte → 0,005 mm ≥ Ø > 0,05 mm Argila → Ø < 0,005 mm Informações sobre a curva de distribuição granulométrica: Coeficiente de não uniformidade CNU: Coeficiente de curvatura Cc : Onde: D10 = diâmetro correspondente a 10% do material que passa, tomado na curva granulométrica. D30 = diâmetro correspondente a 30% do material que passa, tomado na curva granulométrica. D60 = diâmetro correspondente a 60% do material que passa, tomado na curva granulométrica. Solos e materiais granulares bem graduado: Cu > 3 e 1 < Cc < 3. Neste ensaio, iniciamos com 1200g de solo úmido, após os processos de peneiramento, lavagem e secagem, chegamos a 1029,6g de solo seco. Sendo assim, feito os cálculos adequados, demonstrados na folha de anexo 01, obtivemos os seguintes percentuais do solo estudado: 1% de Pedregulho 7,6% de Areia Grossa 52,7% de Areia Média e Fina 38,7% de Material Fino 3.2 Teor de umidade Definimos teor de umidade (h) de uma amostra de solo como a razão entre o peso da água (Pa) contida em certo volume de solo e o peso da parte sólida (Ps) existente nesse mesmo volume, expressa em porcentagem. A nomenclatura internacional utiliza o símbolo w. Segue em anexo a tabela do respectivo ensaio (tab. 02). 3.3 Limites de Atterberg: LL e LP • Limites de Consistência - Foram definidos pelo Eng. Atterberg, em 1908, para caracterizar as mudanças entre os estados de consistência. Posteriormente, Casagrande apresentou uma padronização da forma de se proceder nos ensaio para a determinação desses limites: § Limite de Liquidez (LL) - é o teor de umidade que indica a passagem do estado plástico para o estado líquido. Está relacionado com a capacidade do solo em absorver água. É realizado no aparelho de Casagrande. § Limite de Plasticidade (LP) - é o teor de umidade que indica a passagem do estado semissólido para o estado plástico. Equipamento: placa de vidro com uma face esmerilhada e cilindro padrão com 3mm de diâmetro. § Índice de Plasticidade (IP) - É calculado pela diferença entre LL e LP IP = LL – LP Mede a plasticidade dos solos e fisicamente representa a quantidade de água necessária para que um solo passe do estado plástico ao líquido. Medea tendência à expansão do solo. Como resultado deste ensaio, obtivemos: • Limite de Liquidez (LL) = 31,0 • Limite de Plasticidade (LP) = 12,5 • Teor de Umidade (w%) = 18,1 • Índice de Plasticidade (IP) = 18,5 1< IP ≤ 7 = Fracamente Plástico 7 < IP ≤ 15 = Mediamente Plástico IP > 15 = Altamente Plástico • Índice de Consistência (IC) = 0,7 IC < 0 = Muito Mole 0 < IC < 0,50 = Mole 0,50 < IC < 0,75 = Consist. Média 0,75 < IC < 1,00 = Rija IC > 1,00 = Dura • Índice de Grupo (IG) = 2,75 • Classificação SUCS = SC Areias argilosas e misturas de areias e argilas mal graduadas. Os demais detalhes, cálculos específicos para obtenção de cada resultado, gráfico explicativo da Curva de Limite de Liquidez (LL), estão no Anexo 02. 3.4 Compactação A compactação é um método de estabilização de solos que se dá por aplicação de alguma forma de energia (impacto, vibração, compressão estática ou dinâmica). Seu efeito confere ao solo um aumento de seu peso específico e resistência ao cisalhamento, e uma diminuição do índice de vazios, permeabilidade e compressibilidade. Através do ensaio de compactação, é possível obter a correlação entre o teor de umidade e o peso específico seco de um solo quando compactado com determinada energia. O ensaio mais comum é o de Proctor (Normal, Intermediário ou Modificado), que é realizado através de sucessivos impactos de um soquete padronizado na amostra. Como resultado do ensaio, obtivemos: γs máximo = 1,79 g / cm³ w ótimo = 18,9 % Os demais dados do ensaio estão disponíveis no Anexo 03. 3.5 Permeabilidade A permeabilidade é a propriedade que o solo apresenta de permitir o escoamento de água através dele. Todos os solos são mais ou menos permeáveis. Esse estudo é de grande utilidade à construção civil, viabilizando cálculos das vazões nos solos (Ex.: estimativa de quantidade que se infiltra numa escavação), na análise de recalques (Ex.: diminuição dos índices de vazios) e também no estudo de estabilidade. Após este ensaio, por orientação do Professor, se caso fossemos usar este solo, utilizaríamos o último valor: K = 2,438 x 10-3 cm/s Para melhor entendimento, observar o Anexo 04 que contém todos os dados e resultados do ensaio. Os ensaios foram realizados de acordo com as seguintes Normas Técnicas: • NBR 7181 – Análise Granulométrica; • NBR 6459 – Determinação do Limite de Liquidez; • NBR 7180 – Determinação do Limite de Plasticidade; • NBR7182- Ensaio de Compactação • NBR 14545 – Determinação do Coeficiente de Permeabilidade de Solos Argilosos a Carga Variável As classificações foram feitas pelos métodos: • HBR (Highway Research Bord) - Classificação de solos que data da década de 1920 e que após a 2a. Guerra Mundial sofreu alterações quando foi normalizada pela AASHTO – American Association of State Highway Officials, que perduram até nossos dias. É um sistema de classificação de solos de aplicação rodoviária baseado nos limites de Atterberg e na granulometria. • SUCS (Sistema Unificado de Classificação dos Solos) – Essa classificação se utiliza de propriedades/índice LL, LP e granulometria, foi desenvolvida por Arthur Casagrande, e apresentada num Simpósio (Casagrande, 1948) tendo sofrido várias revisões, sendo que a última ocorreu em 1983 (Horward, 1984). Tabela 1: Caracterização física dos materiais. Parâmetros Valores % Pass. # 10 68,18 % % Pass. # 200 43,13 % LL 34 % LP NP IP NP γs max 1795 g/cm3 wotima 13,0 % k (cm/s) 3,12 x 10-2 4. CLASSIFICAÇÃO DO SOLO E USO NA ENGENHARIA CIVIL Segundo H.R.B, o solo é classificado como granulação fina A6, e segundo SUCS a amostra é “SC” (Areia argilosa e misturas de areias e argilas mal graduadas). Podendo ser utilizados em barragens, ou subleitos e, se bem adensado, razoável para aterros. 5. APLICAÇÃO NA PRÁTICA DE ENGENHARIA De acordo com as classificações encontradas através do H.R.B e SUCS definimos que o solo em questão apresenta bom a regular grau de compactação, pequena a média compressibilidade e expansão, sendo ruim para drenagem e impermeabilização. Qualidade como aterro é razoavelmente estável, pode-se utilizar como subleito ou em barragens pois apresenta qualidade boa porém qualidade como base é ruim. 6. CONCLUSÕES É de suma importância que o engenheiro civil em seu canteiro de obras seja capacitado para fazer uma análise qualitativa do solo no local em que irá executar suas obras. Este solo, será apoio para todas as solicitações de cargas da sua estrutura, sendo inevitável o estudo científico do comportamento físico do mesmo, métodos utilizados em execução de projetos de terraplenagem, noções básicas de composição, formação, hidrologia dos solos, ensaios laboratoriais e manipulação destes dados são alguns dos requisitos técnicos que o profissional deve possuir. A interpretação matemática de modelos, gráficos e dados referentes à amostra de solo coletada em campo, sejam estes dados colhidos e apresentados prontos (empresas terceirizadas) ou os que requerem do profissional conhecimento do trabalho em campo e laboratório, serão sempre integrais ao currículo do engenheiro civil, tendo estas ferramentas como base para sua decisão final. 7. REFERÊNCIAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, Mecânica dos solos II. Disponível em <http://www.dec.ufv.br/modules/mastop_publ ish/?tac=CIV333> Acesso em 4 de julho de 2014. SERCVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL, os solos. Disponível em <http://www.cprm.gov.br/publique/cgi/cgilua. exe/sys/start.htm?infoid=2620&sid=129> Acesso em 4 de julho de 2014. FACULDADE DE TECNOLOGIA, ensaio de compactação de solos. Disponível em<http://www.ceset.unicamp.br/~mantelli/S T636A/Relat%F3rios%20CBR.pdf> Acesso em 4 de julho de 2014. ENGENHARIA CIVIL, Comportamento e Colapso de Solos. Disponível em <http://www.engenhariacivil.com/comportam ento-colapso-solos> Acesso em 4 de julho de 2014. GRECO J. A. S. Apostila materiais para pavimentação. Disponível em <http://etg.ufmg.br/~jisela/pagina/Notas%20d e%20aula%20solos.pdf> Acesso em 5 de julho de 2014 SALES, L. F. P. “Apostila de Aula da disciplina de Mecânica dos Solos”. Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Itajaí, SC, 2014.
Compartilhar