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Hesíodo Teogonia

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Hesíodo - O trabalho e os dias 
 
Hesíodo foi um dos maiores poetas gregos da Idade Arcaica . 
Em Os Trabalhos e Dias o poeta relata seus problemas com o irmão Perses, 
dá informações detalhadas sobre a agricultura, e reflete sobre a importância da justiça e 
do trabalho. Nela encontramos como temas os deuses, que são os regentes do destino do 
homem, e o próprio ser humano, com suas fadigas e misérias. Para ele, a felicidade 
consistia no trabalho e no exercício das virtudes morais. 
Mesmo tendo sido escrito no século XVIII a.C., uma de suas frases parece ter uma 
incrível atualidade: "Não vejo esperança para o nosso povo, se ele depender da frívola 
mediocridade de hoje, pois todos os jovens são indizivelmente frívolos...quando eu era 
menino, ensinavam-nos a ser discretos e a respeitar os mais velhos, mas os moços de hoje 
são excessivamente sabidos e não toleram restrições." 
 No primeiro, o leitor fica sabendo que o pai de Hesíodo era originário de Cime, 
na Eólia, litoral da Ásia Menor, ao sul da ilha de Lesbos, e atravessou o mar para fixar-se 
num vilarejo, nas proximidades de Téspias, na Beócia, chamada Ascra, "uma aldeia 
amaldiçoada, cruel no inverno, penosa no verão, jamais agradável" (Trabalhos, l. 640). O 
patrimônio de Hesíodo no local, um pequeno pedaço de terra no sopé do Monte Hélicon, 
foi responsável por processos judiciais com seu irmão, Perses, que parece ter inicialmente 
se apossado indevidamente da parte devida a Hesíodo graças a autoridades (ou "reis") 
corruptos, porém mais tarde acabou ficando pobre e sobrevivendo às custas do poeta, 
mais precavido (Trabalhos l. 35, 396). Ao contrário de seu pai, Hesíodo evitava viagens 
marítimas, embora tenha cruzado certa vez o estreito que separa a Grécia continental da 
ilha de Eubeia para participar nos ritos fúnebres de um certo Átamas de Cálcis, onde 
conquistou um tripé após participar de uma competição de canto. 
Também descreveu um encontro entre ele próprio e as Musas, no Monte Hélicon, 
onde ele havia levado suas ovelhas para pastar, quando as deusas lhe presentearam com 
um ramo de louros, símbolo de autoridade poética (Teogonia, ll. 22–35). Por mais 
fantasioso que isto pareça, o relato levou estudiosos antigos e modernos a deduzir a partir 
dele que Hesíodo não era capaz de tocar a lira, ou não havia sido treinado 
profissionalmente para tocá-la, do contrário ele teria recebido um instrumento de presente 
no lugar do cajado. 
Apesar das reclamações de Hesíodo a respeito de sua pobreza, a vida na fazenda 
de seu pai não pode ter sido excessivamente desconfortável a se julgar pela sua obra, 
especialmente Trabalhos e Dias, já que ele descreve as rotinas de proprietários de 
terra prósperos, e não de camponeses. Seu fazendeiro emprega um amigo bem como 
servos, um arador enérgico e responsável já de idade avançada, um escravo jovem para 
cobrir as sementes, uma criada para cuidar da casa e grupos de bois e mulas. 
Hesíodo via o mundo de fora do círculo encantado dos governantes aristocráticos, 
protestando contra suas injustiças num tom de voz que foi descrito como tendo uma 
"qualidade ranzinza redimida por uma dignidade lúgubre", porém ele também se 
mostrava capaz de alterar esse tom para se adequar ao público. Esta ambivalência parece 
permear sua apresentação da história humana nos Trabalhos e Dias, onde ele descreve um 
período de ouro no qual a vida era fácil e boa, seguida por um declínio constante no 
comportamento e felicidade do homem ao longo das idades de Prata, Bronze e Ferro - 
porém ele insere entre estes dois últimos períodos uma era histórica, representando assim 
estes homens belicosos sob uma luz mais favorável que seus antecessores, da Idade do 
Bronze. Ele parece estar, neste caso, querendo satisfazer duas visões de mundo distintas, 
a épica e a aristocrática, com aquela apresentando pouca simpatia pelas tradições heróicas 
da aristocracia. 
Os Trabalhos e os Dias aborda duas verdades gerais: o trabalho é a sina universal 
do Homem, porém aquele que estiver disposto a trabalhar sobreviverá. Estudiosos 
interpretaram esta obra, ao longo do tempo, diante de um cenário de uma crise agrária 
na Grécia continental, que teria inspirado uma onda documentada de colonizações, em 
busca de novas terras. Este poema é uma das primeiras meditações sobre o pensamento 
econômico. 
A obra apresenta as cinco Eras do homem, além de conter conselhos e 
recomendações, prescrevendo uma vida de trabalho honesto, atacando a ociosidade 
e juízes injustos (como aqueles que decidiram a favor de Perses), bem como a prática 
da usura. Descreve seres imortais que vagariam pela terra, cuidando da justiça e da 
injustiça. O poema fala do trabalho como fonte de todo o bem, na medida que tanto os 
deuses quanto os homens desprezam os ociosos, que seriam como zangões numa colmeia. 
O fulcro do poema são os trabalhos agrícolas, seus calendários, as estações do ano que se 
prestam aos diferentes cultivos, a labuta do camponês, seus problemas com os vizinhos e 
com os desastres naturais. Nem por isso deixa de dedicar-se a reflexões sobre a justiça 
que deve reinar entre os homens e sobre as graves consequências de infringir seus 
ditames. 
Esta é uma obra de Hesíodo, em que o autor fala das razões pelas quais os homens 
têm de trabalhar, além de fazer referências aos dias e alturas do ano que são, por variadas 
razões, especiais ou notáveis, como as quatro estações, ou as épocas mais indicadas para 
colheitas, ou viagens. 
 As razões para os homens terem de trabalhar são explicadas, de forma geral, 
através do mito das idades, o qual já por cá foi explicado anteriormente. Em termos gerais, 
e para quem não quer mesmo ler a obra, posso referir que a ausência de trabalho, de 
esforço físico, era um privilégio dos homens da idade de ouro, e que isso seria um dos 
encantos a que os homens perderiam o acesso, através das acções de Pandora, um outro 
mito também já por cá referido. 
Fica, então, por cá uma passagem da obra que considero interessante (toda a obra 
pode ser lida, em inglês e de forma gratuita, na fonte referida abaixo): 
 
Zeus will destroy this race of mortal men also when they come to have grey hair 
on the temples at their birth. The father will not agree with his children, nor the children 
with their father, nor guest with his host, nor comrade with comrade; nor will brother be 
dear to brother as aforetime. Men will dishonour their parents as they grow quickly old, 
and will carp at them, chiding them with bitter words, hard-hearted they, not knowing the 
fear of the gods. They will not repay their aged parents the cost their nurture, for might 
shall be their right: and one man will sack another's city. There will be no favour for the 
man who keeps his oath or for the just or for the good; but rather men will praise the evil-
doer and his violent dealing. Strength will be right and reverence will cease to be; and the 
wicked will hurt the worthy man, speaking false words against him, and will swear an 
oath upon them. Envy, foul-mouthed, delighting in evil, with scowling face, will go along 
with wretched men one and all. 
Deixando de parte as interpretações apocalípticas, esta passagem tem óbvias 
semelhanças com algumas das crises sociais que têm lugar nos dias de hoje, e deixa 
antever um novo futuro, mais negro e cruel, para toda a humanidade. Quanto a mais 
comentários, prefiro deixá-los para possíveis leitores. 
Nela o autor, de forma didática, trata do mundo dos mortais e de sua organização, 
centrado no temas do trabalho e da justiça, com algum enfoque na história da civilização 
durante o período clássico da Grécia Antiga. Nestas se incluem a célebrehistória de 
Prometeu, que tirou o fogo do concílio dos deuses e o mito de Pandora. 
O poema conta com 828 versos e é dirigido ao irmão de Hesíodo, Perses, devido 
a uma querela relativa à repartição desigual da herança paterna, na qual este levara 
vantagem indevidamente. 
Na primeira parte , após a invocação às Musas, o poeta desenvolve 
narrativas míticas ("As duas lutas", "Prometeu & Pandora", "Eras do homem" e 
a fábula o "Gavião e o Rouxinol") como apoio tanto de seus preceitos como da segunda 
parte do poema, na qual há conselhos práticos e calendários sobre a agricultura , 
navegação, além de conselhos morais. 
Os trabalhos e os dias trata de temas mais terrenos. A primeira parte é dedicada a 
mitos que ressaltam a necessidade do trabalho duro e honesto. Exalta a Justiça, filha 
predileta de Zeus e única esperança dos homens. A segunda parte do poema tem 
propósitos didáticos: estabelece normas para a agricultura e para a educação dos filhos, 
além de mencionar superstições do dia-a-dia. Diferentemente de Homero, Hesíodo não 
se ocupou das esplêndidas façanhas dos heróis gregos. Seus temas são os deuses, regentes 
do destino do homem, e o próprio ser humano, com suas fadigas e misérias. Dividiu a 
história da humanidade em cinco períodos, da idade do ouro à do ferro, das quais o último 
correspondia ao difícil período histórico em que ele próprio viveu. Para Hesíodo, só o 
trabalho e o exercício das virtudes morais permitem aos seres humanos chegar a uma 
existência discretamente feliz na infausta idade do ferro. Hesíodo morreu, ao que tudo 
indica, em Ascra.

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