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Keynes cap 2 blog

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Keynes, Teoria Geral, Cap. 2
 [capítulozinho difícil, que, tenho a impressão, coloca todos os problemas; deve ter coisa errada nisso que eu estou dizendo; a sensação é a de ler um livro de filosofia]
Vamo pro pau: a teoria dos crássicos sobre emprego é o seguinte:
1 – A utilidade do trabalho é determinada pelo tanto que a sociedade perderia se a porra do peão parasse de trabalhar e fosse pra Fazendinha assistir ao treino do curíntia. Certo, tudo isso sem levar em conta uma pá de coisas que interferem com a competição de mercado.
2 – A desutilidade do trabalho (o tanto que seu saco enche por você ter trabalhado) é igual ao tanto que seu chefe tem que te pagar pra te convencer a ir trabalhar de manhã ao invés de ir pra Fazendinha ir ver o treino do curíntia. Certo, tudo isso sem levar em conta uma pá de coisas que interferem com a competição de mercado.
3 – Todo o desempregado é, portanto, igual a um dos seguintes personagens: (a) seu cunhado, que não trabalha porque não quer, ou (b) o Rocky, o lutador, que, no segundo episódio da série, é demitido do frigorífico, diz que aceitaria trabalhar por um salário menor, mas ouve a resposta “os sindicatos não deixam fazer isso”. Há outra possibilidade, o desemprego friccional, que é o cara que acaba de sair de um emprego e ainda não chegou no outro porque o sinal da Paulista está fechado.
Se isso for verdade, só tem os seguintes jeitos de aumentar o nível de emprego:
1 – Uma melhoria organizacional que diminua o desemprego friccional, por exemplo, melhorando a circulação de informação sobre novas vagas de emprego para os caras que acabaram de sair de um.
2 - Uma queda na desutilidade marginal do trabalho, isto é, subitamente o salário real sobe e seu cunhado resolve que já tá bom pra ele.
3 - Um aumento de produtividade no setor que produz coisa que peão compra, o que, suponho eu, NPTO, faz as coisas que peão compra ficarem mais baratas, e aumenta o salário real, e aí é igual ao item 2.
4 -Não tenho a menor idéia do que quer dizer isso: “an increase in the price of non-wage-goods compared with the price of wage-goods, associated with a shift in the expenditure of non-wage-earners from wage-goods to non-wage-goods.”
E é isso, mais ou menos, o que diz o nosso chapa Pigou. Mas não é assim, não, Pigou.
Em primeiro lugar, porque, embora os trabalhadores não aceitem redução de salário, vivem tendo que aceitar na marra reduções de salário real; se não me falha a memória, o próprio Tyler Cowen já disse que um pouco de inflação (bem pouco, não o entendam mal) tem a vantagem de permitir reduções de salário real que seriam exigidas pelo mercado.
Mas, digamos que a peãozada resolvesse reduzir seu próprio salário real em massa; bom, nesse caso, não daria certo, porque, assumindo que o mercado funciona direito, o preço das coisas que peão compra cairia na mesma proporção (a boa e velha redução da demanda agregada), e o salário real aumentaria de novo. Isto é: os sindicatos podem encher o saco em muita coisa, mas, do ponto de vista da economia como um todo, não são eles que determinam o salário real.
Ora, isto quer dizer que uma redução de salários generalizada não aumentaria o nível de emprego; logo, a existência de pessoas que aceitariam trabalhar pelo salário atualmente pago não pode ser explicada pela rigidez causada pelos sindicatos; logo, há desemprego involuntário.
Agora, porque tem desemprego involuntário é o que teremos que ver daqui em diante.
No final, um rápido toco na Lei de Say, que, segundo o Keynes, veio bater (em versão mais elaborada) no Pigou, gerando a idéia de que a oferta gera a demanda, o que não é gasto de algum jeito é gasto de outro, e o dinheiro não é um negócio tão importante, assim. Qual a relação disso com o desemprego involuntário, pergunto eu?   Ainda estou pensando.

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